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Colégio Pedro II - Unidade São Cristóvão III

Coordenação de História

DANIEL DE MORAES LOBO


DIOGO GONÇALVES DIAS
GABRIEL MATOS
GABRIELLA ROCHA
TURMA 2302

A PRIVATIZAÇÃO DAS ESTATAIS


NO BRASIL NOS ANOS 90

RIO DE JANEIRO
2010
DANIEL DE MORAES LOBO
DIOGO GONÇALVES DIAS
GABRIEL MATOS
GABRIELLA ROCHA

A PRIVATIZAÇÃO DAS ESTATAIS


NO BRASIL NOS ANOS 90

Projeto desenvolvido como exigência


parcial para a conclusão do Ensino
Médio, sob a orientação da professora
Cláudia Afonso.

RIO DE JANEIRO
2010

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3
2.ASPECTOS GERAIS..............................................................................................................4
3.HISTÓRICO............................................................................................................................5
4.PROPOSTAS DE PRIVATIZAÇÃO NO ANOS 90............................................................10
4.1.GOVERNO FERNANDO COLLOR DE MELLO (1990-1992).....................................10
4.2.GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1995)................................................................10
4.3.GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002).................................11
5.PRIVATIZAÇÕES E AS PROPOSTAS NEOLIBERAIS....................................................12
6.PRIVATIZAÇÕES E O POVO.............................................................................................13
6.1.OPNIÃO DA POPULAÇÃO ACERCA DAS PRIVATIZAÇÕES.................................13
6.2 REAÇÕES DA POPULAÇÃO........................................................................................14
7.ENTREVISTA COM A PROFESSORA MARGARIDA.....................................................15
8.CONCLUSÃO.......................................................................................................................20
9.BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................21

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1. INTRODUÇÃO

Abordaremos nesse trabalho uma questão muito importante para a compreensão da


evolução de nossa economia e política através da exploração do tema da privatização de
empresas estatais no Brasil nos anos 90, principalmente. As ferramentas para possibilitar o
estudo desse tema foram entrevista e pesquisas em jornais, revista, internet e etc.
Compreenderemos melhor sobre o que é privatização, como ela se deu e algumas outras
curiosidades interessantes sobre esse tema.
Houve várias políticas de privatização no Brasil durante o período de tempo estudado e
todas elas foram analisadas e estudadas, desde o governo Collor (1990-1992) até o governo
FHC (1995-2002). Essas políticas sofreram grande influência das idéias neoliberais e através
do capítulo 5 poderemos perceber como isto se deu.
As privatizações geraram diversas reações e opiniões do povo, algumas de aspecto positivo
e outras de aspecto negativo e procuramos demonstrar os dois aspectos relacionados com seus
devidos tempos históricos.
A entrevista encontrada no capítulo 7 e realizada com a coordenadora de geografia do
Colégio Pedro II SC III foi muito esclarecedora sobre alguns aspectos das privatizações e
muito produtiva para a construção deste trabalho.

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2. ASPECTOS GERAIS

Privatização ou desestatização é o processo de venda de uma empresa ou instituição


do setor público - que integra o patrimônio do Estado - para o setor privado (investidores e
corporações privadas, nacionais ou multinacionais), geralmente por meio de leilões públicos e
normalmente elas se processam quando estas empresas não estão mais proporcionando
os lucros exigidos para se enfrentar um mercado competitivo ou quando elas atravessam
crises financeiras sérias. No Brasil, o processo de desestatização consistiu principalmente em
tornar o Estado um sócio minoritário, pois grande parte das empresas já eram de capital aberto
e negociadas em bolsa de valores e o Estado Brasileiro, através do BNDES, continuou como
sócio minoritário. Esse processo ocorreu em vários governos desde o século XIX até hoje.
O processo de privatização no Brasil representou uma mudança radical do papel, até então
preponderante, reservado ao Estado na atividade econômica. O regime militar foi o período
onde a estatização de empresas teve seu ápice, incumbindo, assim, o papel de regulador da
economia ao Estado, porém, com as privatizações, o Estado perdeu essa função.
O fim do regime militar nos anos 80, a crise econômica iniciada naquela década, a falta de
recursos e a falência do modelo estatal na gestão de empresas de serviço público
desencadearam o início das privatizações no Brasil. Ao longo dos anos, o governo deixou de
ser o dono de minerador, siderúrgicas, empresas de telefonia e informática, portos, ferrovias,
montadoras de aviões, distribuidoras e geradoras de energia, abrindo caminho para a
modernização da infraestrutura.
As privatizações se instalaram definitivamente na América Latina nos anos 90, estimuladas
pela ação do Banco Mundial e do FMI – Fundo Monetário Internacional -, que seguiram a
orientação direta do conhecido Consenso de Washington, com a justificativa de que elas
incrementariam o crescimento econômico destes países.
No Brasil, a privatização tornou-se uma política governamental, porém não foi um
processo pacífico. Nos dois primeiros anos, foram arrecadados US$ 4 bilhões. Depois veio a
CSN (1993) e a Embraer (1994). Com Fernando Henrique, o programa foi ampliado e o
grande marco foi a privatização do Sistema Telebrás (1998).

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3. HISTÓRICO

 1990 / 1992
 Criação do PND (Lei 8.031/90);
 Inclusão de 68 empresas no Programa;
 Empresas Privatizadas: 18 nos setores de siderurgia, fertilizante e petroquímica.
 Arrecadados: US$ 4 bilhões.
 Meio de Pagamento: Títulos da dívida pública .
 Em 1990, com a criação do Programa Nacional de Desestatização - PND, a
privatização tornou-se parte integrante das reformas econômicas iniciadas pelo Governo. A
magnitude e escopo da privatização foram significativamente ampliados.
 A venda da Usiminas, por exemplo, em outubro de 1991, permitiu a arrecadação de
mais do dobro do obtido na década de 80. O PND concentrou esforços na venda de estatais
produtivas, com a inclusão de empresas siderúrgicas, petroquímicas e de fertilizantes no
Programa.
 Neste período, a prioridade para o ajuste fiscal traduziu-se na maciça utilização das
chamadas "moedas de privatização" - títulos representativos da dívida pública federal - na
compra das estatais.

 1993 / 1994
 Conclusão da desestatização do setor siderúrgico;
 Ênfase no uso de moeda corrente;
 Empresas privatizadas: 15.
 Arrecadados: US$ 4,5 bilhões.
 Alienação de participações minoritárias.
 Intensifica-se o processo de transferência de empresas produtivas ao setor privado
observando-se o término da privatização das empresas do setor siderúrgico. A utilização de
maiores percentuais de recursos em moeda corrente em cada operação de privatização não
diminuiu a importância das chamadas "moedas de privatização" no PND.
 De fato, no intuito de ampliar e democratizar o Programa foram introduzidas
mudanças na legislação para permitir a ampliação do uso de créditos contra o Tesouro
Nacional como meios de pagamento, a venda de participações minoritárias, detidas direta ou

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indiretamente pelo Estado, e a eliminação da discriminação contra investidores estrangeiros,
permitindo sua participação em até 100% do capital votante das empresas a serem alienadas.
 1995 / 1996
 Criação do Conselho Nacional de Desestatização - CND
 Ampliação do PND
 Concessões de serviços públicos à iniciativa privada Inclusão da Cia. Vale do Rio
Doce – CVRD.
 Apoio às privatizações estaduais
 Empresas Privatizadas: 19.
 Arrecadados: US$ 5,1 bilhões
 A partir de 1995, com o início do novo Governo, maior prioridade é conferida à
privatização. O PND é apontado como um dos principais instrumentos de reforma do Estado,
sendo parte integrante do programa de Governo. Foi criado o Conselho Nacional de
Desestatização - CND, em substituição à Comissão Diretora, e praticamente concluída a
privatização das estatais que atuam no segmento industrial.
 Inicia-se uma nova fase do PND, em que os serviços públicos são transferidos ao setor
privado. A agenda inclui os setores de eletricidade e concessões na área de transporte e
telecomunicações, o que acrescenta aos objetivos do PND a melhoria da qualidade dos
serviços públicos prestados à sociedade brasileira, através do aumento dos investimentos a
serem realizados pelos novos controladores.
 Esta nova fase também é caracterizada pelo início do processo de desestatização de
empresas estaduais, a cargo dos respectivos estados, ao qual o Governo Federal dá suporte.

 1997
 Venda da Cia. Vale do Rio Doce
 Término da desestatização da RFFSA com a venda da Malha Nordeste
 Realização de três leilões no âmbito do Dec. nº 1.068/94
 Arrendamento do terminal de contâiners-1 do ponto de Santos
 Aceleração do processo de desestatização de empresas estaduais a cargo dos
respectivos Estados
 Leilão de sobras das ações ordinárias da Escelsa, representativas de 14,65% do seu
capital social

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 Primeira venda do PND no setor financeiro, com a privatização do Banco Meridional
do Brasil S/A
 Arrecadados: US$ 4.265 milhões até 31.12.97
 Antes restrita, quase que exclusivamente, à venda de empresas e participações
incluídas no PND, a partir de 1997 a privatização no Brasil ganha nova dimensão.
Intensificam-se as privatizações de âmbito estadual as quais contaram com o apoio do
BNDES.
 Considerando-se também a venda de participações minoritárias dos Estados em
empresas tais como a CRT-Cia Riograndense de Telecomunicações e a Cemig-Cia de
Eletricidade de Minas Gerais, principalmente, o resultado das privatizações estaduais atinge,
até 31.12.97, cerca de US$ 14,9 bilhões.
 Muito importante também, foi o início, em 1997, do processo de privatização do setor
de telecomunicações. Foram licitadas concessões de telefonia móvel celular para três áreas do
território nacional, no valor de US$ 4 bilhões. A venda das empresas de telecomunicações de
propriedade do governo tornou-se possível com a aprovação, em 16.07.97, da Lei Geral de
Telecomunicações.

 1998
 Em julho de 1998, o governo federal vendeu as 12 holdings criadas a partir da cisão do
Sistema Telebrás, representando a transferência à iniciativa privada das Empresas de
Telefonia Fixa e de Longa Distância, bem como das empresas de Telefonia Celular-Banda A.
A arrecadação com a venda dessas 12 empresas somou R$ 22.057 milhões e o ágio médio foi
de 53,74% sobre o preço mínimo.
 Foram transferidas para a iniciativa privada a exploração do Terminal de Contêineres
do Porto de Sepetiba (Tecon 1) da Cia. Docas do Rio de Janeiro, do Cais de Paul e do Cais de
Capuaba (Cia. Docas do Espírito Santo-CODESA), Terminal roll-on roll-off (CDRJ) e Porto
de Angra dos Reis (CDRJ).
 No setor elétrico foi realizada a venda das Centrais Elétricas Geradoras do Sul S/A -
GERASUL, após a cisão efetiva em 29 de abril de 1998. A arrecadação foi de US$ 800,4
milhões, pagos totalmente em moeda corrente.
 Foram também realizados quatro leilões, em abril e maio de 1998, no âmbito do
Decreto 1.068, perfazendo um total de US$ 420 milhões.

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 Com a privatização da Malha Paulista encerrou-se uma fase importante da
transferência dos serviços públicos à iniciativa privada. Foi arrecadada com a venda da última
ferrovia federal a importância de US$ 205,73 milhões.

 1999
 Âmbito Federal
 Em 1999 o governo arrecadou US$ 128 milhões com a venda das concessões para
exploração de quatro áreas de telefonia fixa das empresas espelho que farão concorrência às
atuais companhias de Telecomunicações.
 Em 23 de junho foi realizada a venda da Datamec S.A - Sistemas e Processamento de
Dados, empresa do setor de Informática que foi adquirida pela Unisys Brasil S.A pelo preço
mínimo de US$ 47,29 milhões.
 O Porto de Salvador (CODEBA) foi adquirido em 21 de dezembro pela Wilport
Operadores Portuários pelo preço mínimo de US$ 21 milhões.

 Âmbito Estadual
 Em fevereiro foi realizada a oferta pública de ações da Elektro Eletricidade e Serviços
S.A. A Eron International, controladora da Elektro, adquiriu as ações objeto da oferta pelo
valor de US$ 215,86 milhões, com um ágio de 98,9%.
 Foi vendido o controle das empresas geradoras de energia elétrica constituídas a partir
da cisão da Cesp - Companhia Energética de São Paulo:
 Em 28 de julho ocorreu na BOVESPA o leilão da Cia. de Geração de Energia Elétrica
Paranapanema e foi adquirida pela empresa americana Duke Energy Corp. pelo valor de R$
1,239 bilhão, com ágio de 90,2% sobre o preço mínimo estipulado.
 O leilão da Cia. de Geração de Energia Elétrica Tietê foi realizado na BOVESPA, em
27 de outubro. A empresa adquirente foi a americana AES que pagou um ágio de 30% sobre o
preço mínimo estipulado representando a importância de R$ 938,6 milhões.
 O leilão de concessão para distribuição de gás natural da Área Noroeste do Estado de
São Paulo ocorreu em 09 de novembro de 1999.

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4. PROPOSTAS DE PRIVATIZAÇÃO NOS ANOS 90

4.1. GOVERNO FERNANDO COLLOR DE MELLO (1990-1992)


Fernando Collor de Mello (1990-1992) foi o primeiro presidente brasileiro a adotar as
privatizações como parte de seu programa econômico. No dia da posse, é lançado um pacote
neoliberal, composto por 20 Medidas Provisórias, e promulgada a MP Nº 155/90
(BRASIL,1990c), depois transformada na Lei Nº 8.031/90 (BRASIL,1990a) instituindo o
Programa Nacional de Desestatização.
Das 68 empresas incluídas no programa, apenas 18 foram efetivamente privatizadas, pois
Collor foi interrompido com os problemas surgidos na privatização da Viação Aérea São
Paulo – VASP.
O Plano Collor foi elaborado pela ministra Zélia Cardoso de Mello. A política econômica
implementada pela ministra desencadeou um dos maiores programas de privatização do
mundo.

4.2. GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1995)


O governo Itamar Franco mostrou conflitos na política de privatização, então chamada
desestatização. Em seu governo, concluiu-se a privatização de empresas do setor siderúrgico,
iniciada por Collor e foi leiloada a Embraer, que estava à beira da falência. Foram realizados
esforços no sentido de controlá-la, em função de interesses éticos e morais que garantissem,
de forma mais ampla, o interesse nacional. Prontamente, o governo Itamar suspendeu os
leilões de privatização previstos, entre os quais o da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN
e o da ULTRAFERTIL. Com o Decreto Federal Nº 724, de 19 de janeiro de 1993, foram
definidas novas diretrizes para a privatização no Brasil, abaixo sintetizadas, visando:
a) obrigar uma presença maior de pagamento em moeda corrente;
b) direcionar os recursos das privatizações para investimentos em áreas sociais e em
ciência e tecnologia;
c) instigar os compradores a investirem em meio ambiente;
d) proporcionar ao Presidente poderes para tomar as decisões mais delicadas.
(BRASIL,1993a).

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4.3. GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002)
Com o governo de Fernando Henrique Cardoso (1994) inicia-se a etapa maior e mais
abrangente. Desse modo, o governo promoveu a quebra do monopólio estatal do petróleo e
das telecomunicações e a liberação da pesquisa e lavra do subsolo do país a empresas de
qualquer nacionalidade, entre outras mudanças constitucionais.
Criou um novo conselho, quase com a mesma denominação, mas com maiores poderes, o
Conselho Nacional de Desestatização – CND. Sancionou a Lei das Concessões, alargando o
alcance do Plano Nacional de Desestatização – PND, que assim poderia não só vender
estatais, mas fazer licitações para exploração de serviços públicos. O disposto em outra lei, a
Lei Nº 9.074/95 (BRASIL,1995e), permitiu ainda a transferência ao setor privado de
concessões para exploração de serviços públicos munido desses dispositivos legais. O
Governo intensifica a política de privatização, através de um novo conjunto de empresas, para
leiloar novas linhas de atividade. O Decreto Nº 1.481, de maio de 1995 (BRASIL,1995a),
inclui no PND as empresas Eletronorte, Eletrosul, Furnas, Chesf e a própria Eletrobrás.
Remarcou todos os leilões suspensos no governo de Itamar Franco, inclusive os de oito
petroquímicas.
No governo FHC confirmaram-se os leilões da Light, RFFSA, Escelsa e Meridional.
Incluiu-se 31 portos brasileiros na lista da CND e sancionou-se a Lei Nº 9.295
(BRASIL,1996a). Esta última abriu ao capital privado a telefonia celular, o transporte de
sinais por satélite e outros segmentos de telecomunicações. E, finalmente, em maio de 1997,
este governo, desconsiderando movimentação nacional de protesto, levou a cabo a entrega da
Companhia Vale do Rio Doce, vigésima privatização feita neste período e a maior estatal já
vendida no Brasil (talvez no mundo).

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5. PRIVATIZAÇÕES E AS PROPOSTAS NEOLIBERAIS
A princípio é necessário compreender o que foram as propostas neoliberais, para depois
entender como elas influenciaram nesse processo de privatização.
As propostas neoliberais derivaram do liberalismo clássico e pregam a não intervenção do
Estado na economia. Esse ideal teve vários seguidores e entre os mais importantes está Adam
Smith que elaborou a teoria da mão invisível, representada pelo Estado, e que se consistia no
fato de o Estado ser um simples zelador da ordem, segurança e liberdade. Segundo seus
teóricos a economia seria regulada pela lei da oferta e procura e que a intervenção estatal era
um “câncer” na economia, que impedia o seu crescimento.
O consenso de Washington foi um conjunto de medidas formuladas em novembro
de 1989 por economistas de instituições financeiras baseadas em Washington D.C., como
o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas
num texto do economista John Williamson. O entusiasmo despertado pelas reformas
preconizadas pelo Consenso de Washigton foi tal em muitos países, inclusive no Brasil, que a
lista de 10 recomendações do Williamson tornou-se humilde e inócua por comparação. A
liberalização e abertura para os fluxos de capitais internacionais foi muito além daquilo que o
próprio Williamson julgava adequado (e prudente) de seu ponto de vista dos anos 80, em
muitos países subdesenvolvidos. Apesar dos protestos de Williamson, sua agenda de reformas
passou a ser percebida, ao menos por seus críticos, como um esforço ideológico destinado a
impor o neoliberalismo, e o fundamentalismo de livre mercado, aos países emergentes.
Em alguns países da América Latina, principalmente no Brasil, isto acarretou um amplo
programa de privatizações e desestatização da economia. Ocorreu uma disseminação do
neoliberalismo por todo o nosso território, porém de uma forma exagerada e que mais tarde se
mostrou imprudente.
As idéias neoliberalistas de não-intervenção ou a menor possível intervenção do Estado na
economia do país, afetaram o Brasil a partir do governo de Fernando Collor em 1990, pois
durante a Era Vargas, foi predominado o nacionalismo, criando empresas, bancos e dando
subsídios a criação de empresas privadas, como por exemplo a CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (mais tarde conhecido como
BNDES),que financiou investimentos privados durante o governo JK.

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6. PRIVATIZAÇÕES E O POVO

6.1. OPNIÃO DA POPULAÇÃO ACERCA DAS PRIVATIZAÇÕES


Uma pesquisa Estado/Ipsos entrevistou 1.000 eleitores brasileiros, em 70 cidades e 9
regiões metropolitanas, entre os dias 24 e 31 de outubro, com uma margem de erro de 3
pontos porcentuais e apontou os seguintes aspectos:
A maioria do eleitorado brasileiro (62%) é contra a privatização de serviços públicos, feita
por quaisquer governos, apontou a pesquisa realizada pelo jornal O Estado de São Paulo em
parceria com o instituto Ipsos. Apenas 25% dos brasileiros a aprova.
A percepção é que as privatizações pioraram os serviços prestados à população nos setores
de telefonia, estradas, energia elétrica e água e esgoto. As mais altas taxas de rejeição (73%)
estão no segmento de nível superior e nas classes A e B. Esses números contrastam com o
momento das privatizações.
Há 22 anos, os monopólios estatais se mostravam incapazes de responder aos desafios da
globalização e da revolução tecnológica, em especial na telefonia. Em dezembro de 1994,
uma pesquisa Ibope sobre privatização de bancos estaduais mostrou que 57% eram a favor de
privatizá-los total ou parcialmente e só 31% eram contrários.
Em fins de março de 1995, outra pesquisa Ibope atestou que 43% dos brasileiros eram a
favor das privatizações e 34% eram contrários. Hoje, uma robusta maioria acha que a
qualidade dos serviços prestados por empresas privatizadas piorou.
Os mais criticados, segundo a pesquisa, são os serviços prestados pelas concessionárias de
energia elétrica (pioraram para 55% e melhoraram para 31%) e água e esgoto (54% e 29%,
respectivamente). As menos rejeitadas são as de telefonia (51% e 37%) e de estradas (47% e
36%).
Mas os brasileiros fazem uma ressalva em seu julgamento. Se, por um lado, acham que
cabe ao governo arranjar dinheiro para investir em tudo, como afirmam 74%, por outro,
sentenciam pragmaticamente que é melhor privatizar do que prestar um mau serviço, como
admitem 44%.
Uma parcela minoritária (20%) concorda com a frase “serviços privatizados funcionam
sempre mal”; e menos gente ainda (18%) concorda com a frase “serviços estatizados
funcionam sempre bem”.
A análise do Ipsos frisou que a população brasileira se posicionou contra as privatizações,
mas, se os serviços forem bons ou trouxerem benefícios, isto pode ser revertido.

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Segundo a análise, os brasileiros não comparam o serviço prestado atualmente com o
passado remoto - quando eles eram, em geral, de má qualidade -, mas com a expectativa que
acalentaram de que as privatizações melhorariam a vida das pessoas.

6.2. REAÇÕES DA POPULAÇÃO


Enquanto quase todos os defensores do keynesianismo apoiavam a concepção do projeto
de desestatização, vários economistas de outras escolas de pensamento econômico, vários
partidos de oposição, sindicatos trabalhistas e suas respectivas centrais sindicais, bem como
muitos juristas e outros setores representativos da sociedade civil manifestaram-se contrários
ao processo de privatização tal como fora anunciado; tentaram, sem sucesso, inviabilizá-lo
por meio de manifestações e medidas judiciais. Os leilões de privatização, que foram
públicos, se realizaram na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e foram objeto de violentos
protestos de militantes esquerdistas.
Críticas partiram também de vários economistas e do meio acadêmico que, embora
estivessem de acordo com a filosofia do programa, viam nele duas grandes falhas. A primeira
era a possibilidade de os eventuais compradores poderem efetuar parte do pagamento com as
chamadas "moedas podres", títulos da dívida pública emitida pelos sucessivos governos com
o objetivo de resolver crises financeiras e que, ao se tornarem inegociáveis, pressionavam o
déficit público. Criticava-se não só a possibilidade de esses títulos serem aceitos, mas que o
fossem pelo seu valor de face, quando seu valor de mercado era nulo ou quase nulo; isso deu
um ganho considerável a seus detentores.
A segunda falha, na visão dos críticos, era permitir, tal como no caso da Eletropaulo, que
o BNDES financiasse parte do preço de compra (no caso da Eletropaulo o aporte foi de 100%
e a compradora, a AES, não teria pago em dia nem a primeira prestação). Ou seja, recursos
públicos em tais casos seriam indevidamente utilizados na compra do patrimônio público por
empresas privadas, o que se configuraria em uma indevida "apropriação" do patrimônio da
nação por grupos privados privilegiados. O acesso ao crédito seria assegurado inclusive aos
compradores estrangeiros, teoricamente em desacordo com a tradição seguida, até então, pelo
banco nacional de fomento.
Algumas pessoas ainda acham que foi uma estratégia neoliberal, ou seja, primeiro cortaram
os recursos e investimentos das estatais a fim de provocar um mal funcionamento para em
seguida poderem argumentar que estavam falindo. O próximo passo foi sugerir sua

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privatização. Eles produziram em seus governos seus próprios argumentos para conseguir o
que queriam ao negar investimentos públicos a essas empresas.
Outro argumento contra a privatização é de que algumas empresas já são eficientes e
geram lucros. Para exemplificar cita-se o fato da Petrobras, a partir de 1 de dezembro de 2006,
ter passado a compor o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, um seleto grupo
que elenca as 34 mais bem administradas empresas brasileiras. É também notório o
pioneirismo e liderança mundial da Petrobras na pesquisa e exploração de petróleo em águas
profundas.
O resultado final das privatizações revelou um aspecto peculiar do programa brasileiro:
algumas aquisições somente foram feitas porque contaram com a participação financeira dos
fundos de pensão das próprias empresas estatais (como no caso da Vale) ou da participação de
empresas estatais de países europeus; o controle acionário da Light Rio, por exemplo, foi
adquirido pela empresa estatal de energia elétrica da França.

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7. ENTREVISTA COM A PROFESSORA MARGARIDA

Todo o conteúdo desse relatório reflete unicamente a opinião da entrevistada, a Sra.


Margarida Ambrogi, professora de Geografia do Colégio Pedro II – Unidade Escolar São
Cristóvão, com base nas seguintes questões:

• Como a senhora verificou a efetivação das políticas de privatização?


• Foram feitas de maneira efetiva?
• Resolveram o problema?
• Como a senhora relaciona essas políticas com as propostas neoliberais vigentes no
passado?
• Que empresas foram privatizadas a cada momento?
• Por que foram privatizadas?
• Qual foi o papel do BNDES nesse processo?

A década de 1990 foi marcada pelo processo de privatização das indústrias de base, do
setor de distribuição de energia dentre outros setores que eram controlados pelo Estado
brasileiro. O referido processo é defendido pela ideologia neoliberal. Essa ideologia considera
que a participação do Estado na economia é negativa e prejudicial ao desenvolvimento. O
governo de nosso país passou a estimular os investimentos externos no Brasil através da
privatização das empresas estatais.
O Brasil passou por um processo de abertura econômica e muitas indústrias nacionais não
conseguiram competir com os produtos importados. Então, era “melhor vender do que falir”.
Empresas nacionais foram adquiridas por multinacionais ou associaram-se a essas empresas.
Alguns países, como o Brasil, incorporaram as idéias neoliberais e ingressaram no
processo de globalização. Era, também, uma recomendação do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial como forma de garantir novos empréstimos junto a
tais instituições.
Em 1991 iniciou-se o Programa Nacional de Desestatização, com participação de capitais
originados dos EUA, Espanha e Portugal.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) consolidou-se um modelo
econômico assentado sobre as privatizações.

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Na 1ª etapa do programa de privatizações, entre 1991 e 1993 (governos de Collor de Melo
e Itamar Franco) foram vendidas as grandes siderúrgicas estatais como a Usiminas, a
Companhia Siderúrgica de Tubarão, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia
Siderúrgica Paulista (Cosipa) e a Açominas. Nessa etapa o Estado, também, vendeu algumas
empresas químicas, petroquímicas e de fertilizantes.
Num segundo momento, entre 1994 e 1998, foram privatizadas:
- As malhas ferroviárias regionais da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA)
- Alguns portos
- A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) – a maior empresa brasileira do setor
aeroespacial
- A Companhia Vale do Rio Doce – uma das maiores empresas do ramo da extração
mineral.
A privatização desta empresa se, por um lado, houve um aumento de empregos gerados,
por outro, os critérios de venda da companhia ainda são questionados. Muitos setores da
sociedade consideram que a venda foi prejudicial aos interesses nacionais.
No final da década de 1990, as privatizações atingiram o setor das telecomunicações. As
estatais da telefonia foram divididas em empresas regionais e vendidas em disputados leilões.
Entre 1991 e 2002 foram vendidas 133 empresas estatais.
O programa de desestatização foi acompanhado pela criação de agências de fiscalização
das empresas privadas que se tornaram concessionários de serviços públicos. Destacam.se as
que atuam nos setores de telecomunicações, de energia elétrica e petrolífero:
- Anatel
-Aneel
-ANP
O Estado deixou se ser o condutor do crescimento econômico, transformando-se em agente
regulados das atividades econômicas privadas. O processo de privatização repercutiu em um
aumento nas tarifas de serviços essenciais: em 1994, o gasto com as principais tarifas públicas
correspondia a cerca de 10% da renda dos trabalhadores brasileiros; em 2004 esse gasto
consumia 23% da renda média.
No que diz respeito a justificativa para o processo de privatizações podemos destacar:
- Alegação de que as empresas estatais eram improdutivas.
- As empresas estatais davam prejuízo.
- As empresas estatais estavam endividadas e sobreviviam a custa de subsídios do governo.

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- As empresas estatais eram pouco competitivas.
- A venda das empresas estatais diminuiria os gastos do governo e traria uma receita extra
que poderia ser aplicada na diminuição da dívida pública interna

Em muitos casos as alegações acima eram verdadeiras, mas as maiores privatizações não
se enquadravam no que foi mencionado. Por exemplo: A Companhia Vale do Rio Doce e a
Companhia Siderurgia Nacional apesar das dívidas elevadas eram empresas que davam lucros
e poderiam saldar seus compromissos financeiros.
Outra crítica à privatização é a de que vários setores privatizados eram estratégicos como
a siderurgia e a mineração. Pode-se, também, citar como crítica o seguinte:
- Antes de serem privatizadas, as empresas estatais que não se mostravam muito rentáveis
eram saneadas financeiramente.
- O governo através do BNDES (Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
assumia as dívidas das empresas estatais antes de vendê-las, fazia empréstimos à empresas
privadas (nacionais e multinacionais) para a compra das estatais.
Com a privatização de setores estratégicos (mineração, siderurgia, bancos estaduais,
telefonia, energia, transporte) o Brasil globalizado caracterizou-se por um processo de
desnacionalização da economia.
A ampliação da presença do capital estrangeiro, via multinacionais, não elevou as taxas de
crescimento econômico. O que ocorreu foi um processo de substituição da propriedade da
empresa nacional pelo capital estrangeiro. Houve um aumento do índice de desemprego, seja
devido a crise econômica, seja em virtude das transformações tecnológicas e de
gerenciamento das atividades (terceirização) introduzidas.
No início do século XXI, entre as 500 maiores empresas do mundo, mais ou menos 400
possuíam filiais no Brasil.

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8. CONCLUSÃO

A partir do apresentado neste trabalho, concluímos que a privatização foi um processo


constante nos anos 90, tendo uma esfriada durante o governo de Itamar Franco, entre 1992 e
1995. A partir desta análise, possibilitou-se um melhor entendimento da mudança do papel
que tinha o Estado e como a economia do país se modificou durante este período histórico.
As idéias neoliberais foram muito influentes na realização das propostas de privatização e
dessa mudança de papel que o Estado fora submetido. A privatização foi uma manifestação
dessa ideologia e dessa mudança radical, esta associação nos permite compreender da onde
surgiram essas propostas e porque delas serem colocadas em prática.
Foi procurado explicitar tanto os aspectos negativos quanto positivos dessa política e
através da análise dessa pesquisa, concluímos que apesar de possuírem muitos aspectos
negativos e muitas críticas, as privatizações foram muito importantes para o
desenvolvimentos dessas empresas e crescimento do país principalmente do ramo
tecnológico, gerou empregos e melhorou a qualidade dos serviçoe prestados.

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BIBLIOGRAFIA

• Site Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Privatização) consultado em


15/07/2010;
• Site Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Privatização_no_Brasil) consultado
em 15/07/2010;
• Jornal O Estado de São Paulo, 13/11/2007;
• Site midiaindependente (http://www.midiaindependente.org/pt/red/2007/11/
402283.shtml) acessado em 15/07/2010 ;
• Site do jornal “O Globo” (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/
08/18/privatizacoes-se-aceleraram-nos-anos-90-757468842.asp) acessado em
16/07/2010;
• Site infoescola (http://www.infoescola.com/economia/privatizacoes/) acessado em
17/07/2010;
• Site da revista “Veja” http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo
/privatizacoes/02.html) acessado em 20/07/2010;
• Entrevista com a Professora Margarida, de Geografia, do Colégio Pedro II SC III
realizada em 15/08/2010.

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