FICÇÃO
A Literatura tem várias conceituações, ou seja, sua
mente não pode ficar presa a um conceito apenas.
A espera do entendimento do conceito de
Literatura!!!
INTERPRETAÇÃO Considerando-se a formação da palavra
interpretação, que contem o prefixo latino inter-, que signica posição
intermediária, reciprocidade, e o elemento de composição preter- (do latim
praeter), conclui-se que interpretar signica “ir além de, transcender”.
Portanto, análise e interpretação são procedimentos consecutivos na
análise do texto literário, mas não são sinônimos. Por quê? Analisar é o
primeiro passo para interpretar, uma vez que só podemos interpretar
depois de conhecer as partes constituintes de nosso objeto, o que é
realizado pela análise.
A Literatura pode representar uma ideologia?
Conceito de ideologia
“sistema de ideias sustentadas por um grupo social, as quais refletem,
racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos
institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos”.
“conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas etc. de um indivíduo
ou grupo de indivíduos”
Vamos ler um texto da professora Regina
Zilberman
A partir de exemplos de textos literários, um poema e uma prosa,
observamos que a organização interna desses textos remete a sociedade
em que ocorre a produção literária, com valores verossímeis histórica e
socialmente tratados.
A obra literária simula lidar com coisas e pessoas conhecidas, porém deixa
claro que aquelas nunca tiveram existência concreta, tangível ou
mensurável. Reais são apenas as palavras que as enunciam e que, mediante
um arranjo sintático, constroem uma pararealidade que imita o nosso
mundo cotidiano.
Sentido de conotativo e sentido de denotativo
Conotativo não real Sentido literal, real.
“Maria estava parada há mais de meia hora no ponto do ônibus. Estava
cansada de esperar. Se a distância fosse menor, teria ido a pé. Era preciso
mesmo ir se acostumando com a caminhada. O preço da passagem estava
aumentando tanto! Além do cansaço, a sacola estava pesada. No dia
anterior, no domingo, havia tido festa na casa da patroa. Ela levava para
casa os restos. O osso do pernil e as frutas que tinham enfeitado a mesa.
Ganhara as frutas e uma gorjeta. O osso, a patroa ia jogar fora. Estava
feliz, apesar do cansaço. A gorjeta chegara numa hora boa. Os dois filhos
menores estavam muito gripados. Precisava comprar xarope e aquele
remedinho de desentupir nariz. Daria para comprar também uma lata de
Toddy. As frutas estavam ótimas e havia melão. As crianças nunca tinham
comido melão. Serás que os meninos iriam gostar de melão?”
“Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe,
longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d'Água e de outras
veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutúm.
No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho de matas, terra
preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia
saído dali, pela primeira vez: o Tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela,
para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que
durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua
cabecinha. De uma, nunca pôde se esquecer: alguém, que já estivera no
Mutúm, tinha dito: ― “É um lugar bonito, entre morro e morro, com
muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove
sempre...””.
A obra literária não ocorre no vazio, uma vez que sempre existe um pano
de fundo, um cenário, um espaço, em que as ações das personagens de
uma narrativa ocorrem. Portanto, há sempre uma referência de
verossimilhança na obra literária. Como vimos, no caso dos fragmentos do
conto “O inferno” e do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, este
cenário (onde se desenvolve a cena, a ação) é a região Nordeste do Brasil.
Como identicar a presença desse espaço nos textos?
Há marcas textuais que dão indícios que é um texto literário?
Por que a obra literária não é uma cópia da realidade e sim uma realidade possível de
acontecer (verossimilhança)?