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Estudo comparativo entre os métodos de dimensionamento de


estacas escavadas Aoki & Velloso e Décourt & Quaresma

Camila Mendes Vieira – camilaudia@hotmail.com


MBA em Projeto, Execução e Desempenho de Estruturas e Fundações
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Uberlândia, MG, 22, janeiro de 2020

Resumo
As fundações dentro do conjunto de estruturas que compõem uma edificação,
podem ser consideradas matrizes tamanha sua importância. Este trabalho trata-se
de um descritivo do estado atual da ciência na área de fundações em estacas, bem
como um comparativo entre métodos de dimensionamento bastante difundidos na
construção civil. A revisão bibliográfica, apresentada no segundo capítulo, reflete
acerca da história, definições, normatização e conceitos básicos para início dos
estudos sobre as fundações. O terceiro capítulo foi destinado ao estudo dos
métodos de dimensionamento semi-empíricos de estacas, Aoki e Velloso (1975) e
Décourt e Quaresma (1978), que serão os principais objetos do comparativo de
resultados apontados na memória de cálculos. O capítulo quatro apresenta os dados
utilizados para o desenvolvimento do trabalho, captados do solo de um terreno rural
de Uberlândia-MG, através de sondagem a percussão Standard Penetration Test
(SPT), bem como a descrição dos conceitos, técnicas, procedimentos e
equipamentos utilizados nesse teste. Na sequência, no capítulo cinco, foram
expostos os resultados obtidos para dimensionamento de estacas escavadas,
apontando as principais diferenças nos métodos, finalmente, mostrando o
conservadorismo a favor da segurança no Método de Aoki e Velloso.

Palavras-chave: Fundações. Estacas escavadas. Standard Penetration Test. SPT.

1. Introdução
A fundação de uma edificação, independentemente da sua tipologia, rasa ou
profunda, exerce uma das funções mais importantes dentro do conjunto estrutural
por transmitir as cargas recebidas da superestrutura (lajes, vigas e pilares) para o
solo ou rocha. Dentre os tipos de fundações usualmente utilizadas no Brasil, estão
destacadas as fundações superficiais, sendo elas os blocos e as sapatas, e as
profundas, representadas pelas estacas, tubulões e caixões. O segundo modelo
geralmente é utilizado em obras em que as fundações rasas não são uma opção
viável, ou seja, possuem cargas solicitantes elevadas e/ou solos superficiais de
baixa resistência, número de golpes SPT maior ou igual a 8 em profundidades
superiores a 2 metros (CAMARGO, J.V; NAPOLE, M.; FONSECA, F. B. 2005).
O foco do presente trabalho são as fundações profundas, em especial as estacas
escavadas. As fundações profundas ou indiretas são aquelas em que todas as
ações de cargas da superestrutura são transmitidas ao solo por meio da resistência
de ponta, resistência lateral, ou ambas (REBELLO, Y. C. P 2008). Além da
capacidade de carga deve ser observado o recalque nas fundações, pois o mesmo
determina a deformação do solo quando solicitado por cargas elevadas. Essas
mudanças geométricas provocam alterações no solo que permitem seu
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deslocamento vertical, movimentando as fundações que, juntamente com outros


fatores, podem ocasionar sérios prejuízos a superestrutura (VELLOSO; LOPES,
2010).
Visto a importância das fundações dentro do estudo das estruturas, este trabalho
visou o estudo da arte no tema e se desenvolveu nas seguintes etapas: Ampla
revisão bibliográfica, análise de solo através de sondagem, dimensionamento de
estacas, apresentação dos resultados e avaliação do método mais vantajoso para
cada edifício. Esta pesquisa teve por objetivo geral apresentar e definir os conceitos
que formam a base para o estudo das fundações, com foco para as fundações
profundas. Também é realizada a análise de dois métodos de dimensionamento,
Aoki-Velloso e Décourt e Quaresma, através da capacidade de carga de uma estaca
escavada.
De acordo com Triviños (1987) este trabalho se classifica como “pesquisa aplicada”,
ou seja, é geradora de conhecimentos e auxilia na solução de problemas específicos
de forma prática e simples. Quanto a abordagem do problema, este estudo mescla a
pesquisa qualitativa com a quantitativa, pois se busca quantificar dados específicos
através dos números (aqui tratados como dimensionamento de estacas escavadas)
e caracteriza-se uma população ou indivíduo e analisar graficamente as informações
obtidas.
Primeiramente foi realizada, no capítulo dois, uma ampla revisão bibliográfica para
embasamento teórico de todo o trabalho, que apresenta a normatização e os
conceitos gerais dos sistemas de fundação. Posteriormente, no capítulo três, foram
explanados os métodos de dimensionamento Aoki e Velloso e Décourt Quaresma
para estacas, bem como, analisadas as interferências do recalque e transmissão de
cargas para o solo. Já para o desenvolvimento do capítulo quatro, foi obtido laudo de
sondagem do solo de um terreno em Uberlândia -MG, zona rural, e realizada a
análise dos dados geotécnicos o para dimensionamento. Com os dados em mãos,
no capítulo cinco, foi desenvolvida a memória de cálculo através da aplicação do
formulário referente à cada um dos métodos expostos no capítulo anterior. Para o
dimensionamento adotou-se a norma ABNT NBR 6122:1996 - Projeto e execução de
fundações, ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estrutura de concreto, bem como
bibliografias que tratam especificamente dos métodos e processos. Para simplificar
o processo de dimensionamento, e criar um material que possa ser utilizado com
agilidade para atuação profissional, utilizou-se de tabelas formuladas no Software
Microsoft Office Excel 2015. Por fim, no capítulo seis, são apresentadas as
considerações finais acerca do assunto discorrido neste trabalho.

2. Referencial Teórico
Segundo Azeredo (1977), as fundações são os elementos estruturais destinados a
transmitir ao terreno as cargas de uma estrutura e são constituídas pelos elementos
estruturais do edifício que se localizam abaixo do solo. Ou seja, são elementos cuja
função é suportar com segurança as cargas provenientes do edifício.
Dada a interação entre solo e estrutura, convém afirmar que os principais itens a
serem considerados para que se tenha uma fundação segura e que exerça sua
função conforme projeto, são: capacidade de resistência para suporte das tensões
geradas pelos esforços solicitantes, bem como, rigidez do solo para sustentação
sem deformações e recalques excessivos (REBELLO, Y. C. P. 2008).
A fundação de uma edificação não é o item mais oneroso de uma obra podendo o
seu custo variar entre 3% e 7% do custo total do empreendimento. Apesar disso,
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erros de projeto e vícios executivos podem acarretar custos elevados, desde


reforços e recuperação estrutural até ações jurídicas.
Tendo em vista a importância do tema, muitos pesquisadores e acadêmicos se
dedicam ao estudo dessa etapa construtiva, que ainda são determinadas por
relações e métodos semi-empíricos, dado que o total conhecimento das
acomodações e particularidades do solo para a tecnologia atual ainda é impossível.
Para que um sistema de fundação seja considerado adequado o mesmo deve estar
de acordo com os seguintes requisitos: devem possuir capacidade de resistir às
cargas do edifício, estarem assentados em profundidade adequada para que sua
estrutura não seja interferida por escavações e instalações adjacentes, devem
resistir às rupturas dos solos e os recalques sofridos devem conforme a capacidade
de adaptação das estruturas (BEILFUS, T. 2012).
Para Azeredo (1977) a classificação das fundações está ligada diretamente com a
profundidade do solo resistente, ou seja, onde a base da mesma se apoiará.
Portanto um dos critérios adotados para classificação das fundações é dividi-las em
dois grandes grupos:

 Fundações diretas ou rasas;


 Fundações indiretas ou profundas.

2.1 Fundações diretas ou rasas


As fundações diretas são os blocos e as sapatas, que em geral, são construídos em
pequenas profundidades (daí os nomes fundações rasas ou superficiais). A norma
ABNT NBR 6122:2010 define as fundações rasas como aquelas em que a carga é
transmitida ao terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base e
que a profundidade de assentamento da mesma esteja em uma medida inferior ao
dobro da menor dimensão adotada.
São utilizadas quando o solo ou rocha portantes, capazes de prover a sustentação
da estrutura, são encontrados a pequenas profundidades. As fundações diretas são
comumente feitas em concreto armado, podendo os blocos também ser feitos em
alvenaria de pedras (PFEIL, W. 1983).
Os blocos são construídos com altura suficiente para dispensar a necessidade de
uma armadura de cálculo, embora, na maioria das vezes, se coloque uma armadura
construtiva horizontal, junto à face inferior. As faces laterais dos blocos podem ser
verticais, inclinadas ou em degraus, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Tipos de blocos de fundação


Fonte: PFEIL, W. (1983)

Já as sapatas são projetadas com menores alturas, o que faz com que haja
necessidade de uma armadura de cálculo. Elas podem ter altura constante ou
variável de acordo com a Figura 2.
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Figura 2 – Tipos de sapatas de fundação


Fonte: PFEIL, (W. 1983)

Para Alonso (1983), esse tipo de fundação é vantajoso quando a área ocupada pela
fundação abranger, no máximo, de 50% a 70% da área disponível, ressaltando que
não se deve executar tal tipo de fundação para solos provenientes de aterros que
não receberam a devida compactação, argilas moles, areias fofas e onde haja
existência de água.

2.2 Fundações profundas


Conforme a ABNT NBR 6122 (2010), fundações profundas são aquelas que
recebem a carga proveniente da superestrutura e descarregam no solo pela sua
base (ponta), pelas suas paredes laterais (fuste) ou por uma combinação das duas.
Para que sejam consideradas fundações profundas, as mesmas devem possuir no
mínimo 3 metros de profundidade.
As fundações profundas transmitem a carga da superestrutura através do seu corpo,
usando o atrito entre ela e o solo e a resistência de sua ponta. Portanto, as cargas
admissíveis das estacas se dão em função do seu diâmetro e profundidade.
As fundações profundas são utilizadas quando a camada portante do solo ou rocha
se encontra em médias ou grandes profundidades, quando as camadas subjacentes
à fundação estão sujeitas à recalques incompatíveis para estabilidade da estrutura
ou quando o custo para implantação de fundação direta é inviável. Segundo Alves
(2012), as fundações profundas podem ser estacas, tubulões ou caixões.
Segundo Pfeil (1983), as estacas podem ser de concreto pré-moldado ou moldado in
loco, aço ou madeira, e são cravadas ou perfuradas por equipamentos apropriados.
As estacas de aço são formadas por perfis laminados, simples ou compostos, e
quando possuem área desenterrada é necessário protege-la com encamisamento de
concreto. As estacas de madeira são formadas por peças roliças, sendo geralmente
de eucalipto, aroeira, ipê ou guarantã.
Segundo Vitório (2002), os tubulões são fundações profundas, moldadas in loco,
executadas por escavação a céu aberto ou com a utilização de ar comprimido no
interior de camisas metálicas ou de concreto armado. Atualmente esse modelo de
fundação tem caído em desuso devido à necessidade de trabalhadores terem que
fazer a escavação manualmente no fundo das valas, gerando risco de graves
acidentes de trabalho. Na Figura 3 podem ser vistos alguns tipos de fundações
profundas.
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Figura 3 – Tipos de fundações profundas


Fonte: Adaptado de PFEIL, W. (1983)

2.3 Estacas
As estacas, conforme mencionado no item anterior, são fundações profundas e se
caracterizam como elementos estruturais esbeltos, que são implantados no solo por
meio de cravação (concreto, metálica ou madeira) ou perfuração do solo com
concretagem posteriormente. Desta forma, são classificadas como estacas cravadas
ou escavadas.
Atualmente, no cenário brasileiro, as estacas são as fundações mais utilizadas tendo
em vista a eficiência, custo e que nesse tipo de fundação não há descida do operário
em nenhuma etapa construtiva.

2.3.1 Estacas cravadas


As estacas cravadas são caracterizadas pelo método construtivo que consiste no
batimento de elementos pré-moldados no solo. O processo de escolha desse tipo de
fundação se dá através do reconhecimento do solo do local e pela disponibilidade
dos equipamentos, visto que é necessário técnica especializada para não haja erros
comuns como: desaprumos, quebras ou mesmo o desconhecimento das cargas a
que deverão ser submetidas (BEILFUS, T. 2012). Podem ser compostas por
materiais como madeira, concreto ou aço.
As estacas de concreto, atualmente, são as mais utilizadas, podendo ser
construídas em concreto protendido ou armado. A grande vantagem das estacas de
concreto é que essas podem ser emendadas umas às outras proporcionando
alcance da profundidade necessária. Outro ponto de grande valia é a facilidade do
controle da qualidade da produção da mesma e também quando inserida no solo.
No mercado, encontram-se estacas de concreto de seções redondas, quadradas e
no caso das estacas armadas, é possível a fabricação de elementos vazados, que
passam por um processo de centrifugação ou extrusão para tomar este formato. Os
principais inconvenientes das estacas de concreto estão ligados ao ruído e a
vibrações em sua execução, as perdas com quebras ou sobras das mesmas e
também com pouca produção diária (BEILFUS, T. 2012). Os três tipos de estacas
cravadas discorridas anteriormente podem ser observados na Figura 4 a baixo.
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Figura 4 – Estacas cravas de madeira, aço e concreto


Fonte: BEIFFUS, T. (2012)

2.3.2 Estacas escavadas


As estacas escavadas são caracterizadas pela execução in loco, ou seja, sua
construção é realizada no local onde ela será instalada, mediante a retirada do
material para que se possa executar a concretagem.
As mesmas são adotadas em solos como argilas ou areias e tem como limitação o
nível do lençol freático para que se torne viável economicamente. Uma característica
importante desse sistema e que motivou este trabalho, é o fato de precisarem de
dimensionamento prévio por possuírem comprimentos pré-estabelecidos, baseados
em dados fornecidos pelas sondagens. Sua capacidade de carga é estimada
somente por fórmulas estáticas, semi-empíricas, baseadas nas características do
solo. Fazem parte das estacas escavadas:
a) Estacas Strauss:
A perfuração dessas estacas é feita através de sonda de percussão, provida de uma
válvula na parte inferior que exerce retirada do solo, conforme a Figura 5. As
mesmas utilizam revestimento, ou encamisamento, dependendo do caso,
recuperável ou não.

Figura 5 – Balde Strauss para percussão


Fonte: REBELLO, Y. C. P. (2008)

Sua execução é vantajosa, pois seus equipamentos são leves e de fácil manuseio,
podendo ser usado em locais de difícil alcance de outros equipamentos tais como:
espaços confinados, topografia desfavorável e em edificações já existentes.
Também tem a seu favor o fato de não produzir vibrações elevadas, podendo ser
utilizada quando as edificações vizinhas são precárias e possuir baixo custo para
implantação (REBELLO, Y. C. P. 2008).
As estacas tipo Strauss não são recomendadas para aplicação abaixo do nível da
água e em solos saturados, devido a inviabilidade da secagem da mesma para se
execução da concretagem. Alguns problemas executivos comuns nesse tipo de
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estaca são: Desvio da tubulação durante a perfuração, solos de difícil escavação


(inviabilizando seu uso), deslocamento de estacas do mesmo bloco, fluxo de água,
vazios na parte superior da estaca, provoca sujeira no canteiro de obras podendo
formar grande lamaçais em época chuvosa (REBELLO, Y. C. P. 2008).
b) Estacas Franki:
Segundo Rebello (2008), este tipo de estaca é executado mecanicamente, utilizando
um bate-estaca, equipamento composto por uma torre que faz a cravação do
revestimento metálico. Para que o tubo seja cravado, é colocado na sua ponta um
maciço de concreto seco (denominado bucha), que gera atrito com a parede do
tubo. Com isso, o sistema produz alto nível de vibrações e para tanto, não é
recomendado em obras em que os edifícios vizinhos estejam em condições
precárias.
Com os golpes de um pilão em queda livre na bucha, o conjunto vai sendo cravado,
expulsando o solo ao longo da estaca e não permitindo a entrada de água em seu
interior. Quando atingido o solo resistente, o tubo é preso ao equipamento de bate
estaca com cabos de aço, e com novos golpes expulsará a bucha formando a base
da estaca. Assim, a estaca é armada e a concretagem é feita por camadas que ao
serem introduzidas, expulsam o revestimento do fuste. Esta sequência de processos
pode ser observada na Figura 6 (BEILFUS, T. 2012).

Figura 6 – Procedimento de execução estaca Franki


Fonte: REBELLO, Y. C. P. (2008)

A grande vantagem das estacas Franki é a possibilidade de execução abaixo do


nível da água.
c) Estacas Hélice-contínua:
A utilização deste tipo de fundação é recente no Brasil, tendo sido utilizado pela
primeira vez em 1987, porém desde então vem ganhando espaço no mercado dado
a velocidade da concretagem e alto grau de qualidade visto que a execução é
monitorada eletronicamente, podendo ser obtidas informações do prumo,
profundidade, torque, pressão de bombeamento, sobre consumo de concreto e etc.
(REBELLO, Y. C. P. 2008). A estaca em hélice continua é perfurada com
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equipamentos que possuam trado helicoidal metálico acoplado, ou seja, as


perfuratrizes. Comumente os equipamentos são dotados de trados de Ø30cm a
Ø100cm e altura de 15m até 30m (BEILFUS, T. 2012).
Pode-se resumir que as estacas de hélice contínua são feitas através da perfuração
do solo, através de caminhões perfuratriz, até a profundidade desejada e em
seguida a concretagem através de um tubo localizado no centro do trado onde o
concreto é bombeado do caminhão até a extremidade superior deste tubo. A
concretagem é iniciada simultaneamente a retirada da hélice girando-o em sentido
contrário. A armação desta estaca deve ser feita após a concretagem, introduzindo-
as manualmente pelos operários com auxílio de pilão ou pesos, conforme a Figura 7
(BEILFUS, T. 2012).

Figura 7 – Procedimento de execução de estacas hélice continua.


Fonte: SINDCONSTRUÇÃO (2019)

d) Escavadas com lama betonítica:


Segundo Rebello (2008), as escavações para esta tipologia de estacas podem ser
realizadas por equipamentos rotativos acoplados em guindaste ou pelo sistema
“Claim Shell”. Para o primeiro caso, as estacas executadas são circulares e
denominadas estacões, já no segundo caso, as estacas são retangulares,
denominadas barretes. Obviamente, esse sistema de fundações é mais complexo e
oneroso, sendo utilizado apenas em obras com cargas elevadas e que demandam
estacas com diâmetros grandes e então havendo a necessidade de se utilizar a
lama betonítica, que estabiliza a escavação.
A execução é feita através da escavação da estaca e posteriormente com o
preenchimento completo com a lama betonítica, que tem propriedades expansivas
com a presença de água e propriedade gelificante e tem a função de estabilizar as
paredes laterais da escavação. Em seguida coloca-se a armadura conforme
projetado e então se inicia a concretagem (BEILFUS, T. 2012).
Segundo Rebello (20008), a concretagem é realizada través de um equipamento
denominado tremonha, que consiste em um tubo formado por elementos
emendados por roscas, com um funil na extremidade superior. O concreto deve
possuir características de fluidez e de densidade de modo a expulsar a lama e
removê-la. Durante a concretagem o tubo deve estar sempre a baixo da superfície
de concreto. Esse procedimento faz com que ocorra perdas excessivas de concreto,
que é uma desvantagem do método.
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e) Escavadas sem lama betonítica:


Tal tipo de estaca é também conhecida como estacas escavadas mecanicamente e
essas são o foco do processo comparativo entre dimensionamentos exposto neste
trabalho. A principal vantagem deste sistema está na simplicidade de execução e de
seus equipamentos. São executadas com caminhões perfuratriz, equipados com
mesa rotatória composta de haste metálica que em sua ponta, possui um trado
helicoidal de aproximadamente 1,00m. Usualmente os trados são de Ø30cm e
podem chegar até Ø160cm e suas profundidades variam de 10 a 20 metros,
podendo chegar até 30m (BEILFUS, T. 2012). São limitadas pelo nível do lenço
freático pois não utilizam a técnica do revestimento. Assim, promove-se a escavação
da estaca com a broca até a cota projetada, em seguida retira-se a broca e faz-se a
limpeza de suas hélices, tomando cuidado para que o solo não retorne para dentro
da escavação. A base da estaca deve então receber tratamento de compactação ou
apiloamento, geralmente promovido por um pilão, vinculado a uma corda. Após a
certificação de que a base esteja totalmente socada, inicia-se a etapa de
concretagem, até o nível em que se deva colocar a armação projetada para estaca.
Coloca-se a gaiola e em seguida finaliza-se a etapa de concretagem (BEILFUS, T.
2012).

2.4 Normatização
O projeto, construção, inspeção e manutenção em todos os tipos de sistemas de
fundações devem seguir normas desenvolvidas por órgãos nacionais e
internacionais. Essas normas visam à durabilidade das obras, segurança dos
usuários e trabalhadores, sustentabilidade e economia de recursos.
A principal norma brasileira que visa regulamentar os projetos de estruturas de
concreto em geral é a ABNT NBR 6118:2014. Outras normas regulamentadoras que
devem ser consideradas nos projetos são: ABNT NBR 6122:2010, esta especifica
para fundações, ABNT NBR 8681:2003 e ABNT NBR 6123:1988.
Para normatização das sondagens e estudos de solos são utilizadas as normas
ABNT NBR 8036:1979, ABNT NBR 6484:2001 e ABNT NBR 6502:1995.
Como pode ser observado, existe uma gama de normas e fatores que devem ser
levados em consideração no desenvolvimento de projetos e execução de fundações.
Essa normatização é de extrema importância por se tratar de elementos estruturais
que oferecem riscos para segurança das pessoas, sendo assim, é responsabilidade
do projetista e de todos os envolvidos conhecer todos esses fatores implicantes e
seguir paulatinamente todas as especificações e recomendações.

3. Dimensionamento de estacas escavadas


Para Schnaid (2000), a carga que levará o elemento de fundação a ruptura, pode ser
encontrado através de teoria bastante comum de capacidade de suporte, no qual se
determina a pressão última utilizando-se de parâmetros do solo de resistência ao
cisalhamento. Essa prática é utilizada a priori em fundações diretas onde se
relacionam o ângulo de atrito interno (ϕ) com os coeficientes de ruptura. Porém a
teoria de suporte de carga para o dimensionamento de fundações profundas é
deixada de lado nas técnicas brasileiras. O motivo do desuso pode ser justificado
pela dificuldade na estimativa do ângulo de atrito interno causado pelos efeitos de
instalação das estacas.
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Desta forma, surge no Brasil, a técnica de relacionar diretamente as medidas de


NSPT, obtido via sondagem, com a capacidade de carga das estacas, como é o
caso do método de Aoki e Velloso (1975) e também Décourt e Quaresma, 1978).
Mas vale ressaltar que esses métodos semi-empíricos são limitados às condições
regionais e históricas de cada local a ser implantada a fundação (SCHNAID, F.
2000).

3.1 Método Aoki e Velloso (1975)


O método de Aoki e Velloso foi desenvolvido em 1975 e é resultado de relações
entre ensaios de cone ou CPT, com penetração estática e ensaios SPT, dinâmicos.
Em teoria, baseia-se nos ensaios estáticos a estimativa de capacidade de carga de
fundações. Porém, segundo Schnaid (2000), com o uso do Coeficiente de conversão
da resistência da ponta do cone para NSPT (K), é possível utilizar os resultados dos
ensaios de SPT, que será o caso desenvolvido neste trabalho devido a facilidade de
se obterem laudos de sondagem SPT e a dificuldade de ensaios de cone (CTP) por
penetração continua (BEILFUS, T. 2012).
Esse método utiliza-se de equações semi-empíricas para a determinação da
capacidade total de carga na ruptura de uma estaca. De acordo com a ABNT NBR
6122:2010, são considerados métodos semi-empíricos aqueles em que as
propriedades dos materiais, estimados com base em correlações, são usadas em
teorias adaptadas da Mecânica dos Solos.
Ele define que a capacidade ( P R) é composta pelo somatório da resistência de ponta
( P p) e a resistência lateral ( Pl), conforme a Equação 1, principio também adotado no
método Décourt e Quaresma anunciado no próximo capítulo.

P R=P p + Pl ( Equação 1)

Em que:
Pr: É a capacidade total de carga da estaca (kN ou tf);
P p: Resistência da ponta (kN ou tf);
Pl:Resistência lateral devido ao atrito (kN ou tf);

A resistência total da ponta é calculada através da Equação 2, descrita a baixo:

P p=r p × A p ( Equação 2)

Em que:
P p: Resistência da ponta (kN);
r p : Capacidade de carga do solo na ponta (kN/m²);
A p : É a área da seção transversal da ponta da estaca (m²);

A Equação 3, utiliza-se de ensaios de CPT para que seja possível seu cálculo,
portanto fazer o cálculo através da sondagem é necessário fazer uma correlação
para encontrar o valor de r p através da Equação 3:

K ×NP
r p= ( Equação3)
F1
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Em que:
K: É o a correlação entre resistência e o tipo de solo, que pode ser observada na
Tabela 1 e é dado em MN/m²;
N P: É o SPT na ponta da estaca, valor adimensional que pode ser observado na
Tabela 2;
F1: É o coeficiente do tipo da estaca, valor adimensional que pode ser observado na
Tabela 2;

K α (%)
Tipo de solo
(MN/m²)
1 areia 1,00 1,40
2 areia siltosa 0,80 2,00
3 areia silto-argilosa 0,70 2,40
4 areia argilosa 0,60 3,00
5 areia arilo-siltosa 0,50 2,80
6 silte 0,40 3,00
7 silte arenoso 0,55 2,60
8 silte areno-argiloso 0,45 2,80
9 silte argiloso 0,23 3,40
10 silte argilo-arenoso 0,25 3,00
11 argila 0,20 6,00
12 argila arenosa 0,35 3,20
13 argila areno-siltosa 0,30 3,70
14 argila siltosa 0,22 4,80
15 argila silto-arenosa 0,33 4,00

Tabela 1 – Valores de K (MN/m²) e α (%).


Fonte: CONSTANCIO. D.; CONSTANCIO, L. A. (2004)

Coeficientes F1 e F2
Tipo de estaca F1 F2
1 Franki 2,50 5,00
2 Metálica 1,75 3,50
3 Pré-moldada 1,38 2,76
4 Escavada 3,00 6,00
5 Hélice continua 2,00 4,00

Tabela 2 – Valores de F1 e F2.


Fonte: CONSTANCIO. D.; CONSTANCIO, L. A. (2004)

Para cálculo da resistência lateral é utilizada a Equação 4, descrita a baixo:


Pl=∑ U × Δl ×r l (Equação 4)

Em que:
U: É o perímetro da estaca (m);
Δ l: É a área lateral da estaca (m²);
r l : Capacidade de carga lateral da estaca para o valor de Δ l (kN/m²);

A capacidade de carga lateral r l é calculada através da Equação 5, a baixo:


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α × K × Nl
rl = ( Equação5)
F2

α: É coeficiente relacionado ao tipo de solo, dado em % e já apresentado na Tabela


1;
N l : É o SPT da camada em questão;
K: É o a correlação entre resistência e o tipo de solo, que pode ser observada na
Tabela 1 e é dado em MN/m²;
F2: É o coeficiente do tipo da estaca, valor adimensional e já apresentado na Tabela
2;

Reunindo todas as equações em uma única tem-se a Equação 6 para determinar a


capacidade de carga das estacas:
Ca
K ×N α×K ×N
P R= A p × +∑ U × Al × (Equação 6)
F1 C p
F2

Em que:
Ca: É a cota de arrasamento da estaca;
Cp: É a cota da ponta da estaca;

Para dimensionamento tem-se apresentado pela ABNT NBR 6122:2010 que a carga
de ruptura mínima corresponde à metade do valor da capacidade de resistência
encontrada nos cálculos, ou seja, adota-se o valor 2 para coeficiente de segurança,
conforme a Equação 7, a baixo:

RU ≥2 × P p ( Equação7)

Considera-se como verificadas as estacas em que a carga de ruptura mínima supera


as ações solicitantes, ou seja, RU > P .

3.2 Método Décourt e Quaresma (1978)


O método de Décourt e Quaresma foi desenvolvido em 1978 e é resultado de um
processo expedito para a estimativa da capacidade de carga para fundações
profundas. Esse método se baseia fundamentalmente nos resultados de ensaios
SPT. Foi desenvolvido inicialmente para estacas pré-moldadas de concreto, e
posteriormente estendido para outros tipos de estacas tais como, escavadas em
geral, hélice continua e injetadas (BEILFUS, T. 2012).
Décourt e Quaresma (1978) apresentam os valores de K como um diferencial,
referentes ao coeficiente característico do solo, determinado experimentalmente,
considerando os resultados de 41 provas de carga em estacas pré-moldadas de
concreto. O valor K relaciona a resistência de ponta com o valor SPT médio P em
função do tipo de solo (BEILFUS, T. 2012).
O desenvolvimento do método apresentado no próximo item foi embasado pelo
“Guia prático de projeto, execução e dimensionamento de fundações”, do
pesquisador Yopanan C. P. Rebello.
Para calcular a capacidade de estacas pelo método Décourt e Quaresma que,
conforme mencionado anteriormente, se baseia no conhecimento do SPT (N) do
13

solo apresentado na sondagem à percussão, é utilizada a Equação 8, que leva em


consideração a resistência lateral e a resistência de ponta.

Q C =β ×q S × A e ×l+α × q P × A P ( Equação 8)

Em que:
q S : Resistência ao atrito (tf/m²);
q P : Resistência da ponta (tf/m²);
l: Comprimento da estaca (m);
Ae : Área lateral da estaca (m²);
A p : É a área da ponta da estaca (m²);
β e α: São coeficientes que dependem do tipo de estaca e do solo (Tabelas 3 e 4).

Coeficiente α em função do tipo de estaca e do tipo de solo


Escavada em Escavada Hélice Pré-
Tipo de solo Raiz
geral (betoníta) contínua moldada
argilas 0,85 0,85 0,3 0,85 1
solos inter-mediários 0,6 0,6 0,3 0,6 1
areia 0,5 0,5 0,3 0,5 1

Tabela 3 - Coeficiente α
Fonte: AOKI N.; CINTRA J.C. (2010)

Coeficiente β em função do tipo de estaca e do tipo de solo


Escavada em Escavada Hélice Pré-
Tipo de solo Raiz
geral (betoníta) contínua moldada
argilas 0,8 0,9 1 1,5 1
solos inter-mediários 0,65 0,75 1 1,5 1
areia 0,5 0,6 1 1,5 1

Tabela 4 - Coeficiente β
Fonte: AOKI N.; CINTRA J.C. (2010)

A resistência lateral é calculada através da equação 9 a seguir:

Nm
qS= +1( Equação 9)
3

Em que:
N m: É a média dos pontos SPT ao longo do comprimento l considerado para a
estaca, conforme a equação 10.
i

∑N
l
Nm= (tf /m²)(Equação 1 0)
l

A resistência da ponta é dada pela equação 11:


q P =K × N (tf /m²)( Equação 11)
14

Em que:
K :É um coeficiente que depende das características do solo e N é o SPT na ponta
da estaca. Na tabela 5 podem ser observados os valores para K.

Coeficiente característico do solo


Tipo de solo K (tf/m²)
argila 12
silte argiloso 20
silte arenoso 25
areia 40

Tabela 5 - Coeficiente caraterístico do solo


Fonte: AOKI N., CINTRA J.C. (2010)

Com a atualização da norma ABNT NBR 6122 a resistência de ponta passou a ser
minorada pelo coeficiente de redução igual a 12, portanto, é determinada por:

qp
q p 6122= (tf /m²)(Equação 1 2)
4

Considera-se como verificadas as estacas em que a capacidade de carga supera as


ações solicitantes, ou seja, Q C > P.

4. Análise de dados geotécnicos


Para que seja possível fazer o dimensionamento das fundações é indispensável o
reconhecimento do solo em que o projeto será construído. O custo de uma
investigação do solo corresponde a 0,2 a 0,5% do custo total da obra, que
representa um valor insignificante comparado com os problemas enfrentados na
execução de uma fundação sem a breve investigação geotécnica (BEILFUS, T.
2012).
No Brasil, os métodos disponíveis para uso comercial são: SPT, CPT, pressiômetro,
palheta e dilatômetro. Dentre todos esses o SPT é o mais executado e foi método
utilizado neste trabalho, portanto este foi o escolhido para breve explanação no item
seguinte.
O laudo utilizado para o dimensionamento pode ser observado na Figura 8. A
sondagem aqui utilizada, foi feita em terreno da área rural de Uberlândia para uma
multinacional e cedida apenas para objetivos acadêmicos, motivo pelo qual os dados
da mesma são mantidos confidenciais e a logo da instituição foi adicionada no local
pertinente.
15

Figura 8 – Laudo de sondagem geotécnica utilizado como referência para aplicação dos cálculos
Fonte: MASTERSOLO (2019)

4.2 Análise da tensão admissível do solo


Segundo Schnaid (2000), para alguns projetos de fundação é necessário a
estimativa da tensão admissível que pode ser aplicada no terreno, como os
tubulões, em que essa verificação é indispensável, pois, sua base recebe todo o
carregamento proveniente da estrutura e deve estar apoiada em solo adequado para
que não haja recalques ou rupturas.
No caso deste trabalho utilizou-se a análise proposta por Rebello (2008), que
relaciona os dados obtidos no laudo de sondagem a percussão com a resistência do
solo. São utilizadas as Equações 13, 14 e 15 para cálculo da taxa do solo.

Para argilas puras:


N
σ adm = (Equação 13)
4

Para argila siltosa:


N
σ adm = (Equação 1 4)
5

Para argila arenosa-siltosa:


N
σ adm = ( Equação 15)
7,5
16

Em que:
σ adm: É a tensão admissível do solo (kgf/cm²);
N: É o número de golpes de SPT.

Portanto para argila arenosa, dado obtido no laudo de sondagem, Figura 13, a
tensão admissível é dada pela equação 16. Na tabela 6 podem ser observados os
valores de tensão admissível para o solo em questão.
Tensão
admissivel
Prof. Tipo de SPT σadm
(m) solo N (kgf/cm²)
0 Argila arenosa 0 0,0
1 Argila arenosa 2 0,3
2 Argila arenosa 2 0,3
3 Argila arenosa 2 0,3
4 Argila arenosa 2 0,3
5 Argila arenosa 2 0,3
6 Argila arenosa 2 0,3
7 Argila arenosa 3 0,4
8 Argila arenosa 8 1,1
9 Argila arenosa 7 0,9
10 Argila arenosa 7 0,9
11 Argila arenosa 6 0,8
12 Argila arenosa 11 1,5
13 Argila arenosa 12 1,6
14 Argila arenosa 12 1,6
15 Argila arenosa 14 1,9
16 Argila arenosa 18 2,4
17 Argila arenosa 27 3,6
18 Argila arenosa 31 4,1
19 Argila arenosa 37 4,9
20 Argila arenosa 40 5,3
21 Argila arenosa 41 5,5
22 Argila arenosa 43 5,7

Tabela 6 – Tensão admissível nas camadas do solo


Fonte: Autora (2020)

5. Memória de cálculo e análise de resultados


Para simplificar a aplicação dos métodos de dimensionamento discorridos passo a
passo anteriormente e criar um material de fácil utilização durante a rotina
profissional, foram desenvolvidas planilhas no Software Microsoft Office Excel 2015.

5.1 Aplicação de formulário – Aoki e Velloso


A aplicação do método pode ser observada no Apêndice A, em anexo, e um resumo
dos resultados podem ser observados na Tabela 7.
17

Carga de ruptura método


Aoki-Velloso
Prof. SPT Volume N comp N Tração
(m) N (m³) (tf) (tf)
0 0 0,00 0,00 0,0
1 2 0,07 1,00 -0,2
2 2 0,14 1,18 -0,4
3 2 0,21 1,35 -0,6
4 2 0,28 1,53 -0,7
5 2 0,35 1,70 -0,9
6 2 0,42 1,88 -1,1
7 3 0,49 2,56 -1,4
8 8 0,57 5,32 -2,1
9 7 0,64 5,52 -2,8
10 7 0,71 6,14 -3,5
11 6 0,78 6,25 -4,0
12 11 0,85 9,28 -5,0
13 12 0,92 10,75 -6,2
14 12 0,99 11,80 -7,3
15 14 1,06 13,86 -8,6
16 18 1,13 17,09 -10,3
17 27 1,20 23,17 -12,8
18 31 1,27 27,55 -15,7

Tabela 7 – Resultados para o dimensionamento Método Aoki & Velloso


Fonte: Autora (2019)

5.2 Aplicação de formulário – Décourt-Quaresma


A aplicação do método pode ser observada no Apêndice B, em anexo, e um resumo
dos resultados podem ser observados na Tabela 8.

Carga de ruptura
método Decourt
Prof. SPT Volume N comp N Tração
(m) N (m³) (tf) (tf)
0 0 0,00 0,00 0,0
1 2 0,07 1,33 0,5
2 2 0,14 2,29 1,0
3 2 0,21 3,26 1,5
4 2 0,28 4,22 2,0
5 2 0,35 5,19 2,5
6 2 0,42 6,16 3,0
7 3 0,49 7,33 3,5
8 8 0,57 9,37 4,1
9 7 0,64 10,41 4,8
10 7 0,71 11,71 5,4
11 6 0,78 12,86 6,1
12 11 0,85 15,21 6,9
13 12 0,92 16,95 7,7
14 12 0,99 18,61 8,6
15 14 1,06 20,73 9,5
16 18 1,13 23,36 10,5
17 27 1,20 27,12 11,6
18 31 1,27 30,22 12,8

Tabela 8 – Resultados para o dimensionamento Método Décourt & Quaresma


Fonte: Autora (2019)
18

5.3 Análise comparativa entre os métodos


O método de Aoki e Velloso (1975) é considerado mais conservador do que o
método de Décourt e Quaresma, conforme foi concluído na pesquisa de Ramos
(2008) e neste trabalho. Ramos dimensionou pelos dois métodos empíricos (Aoki e
Velloso, Décourt e Quaresma) e executou 3 estacas para ensaio. Primeiramente
dimensionou as estacas pelos dois métodos empíricos (Aoki e Velloso, Décourt e
Quaresma) e após as estacas de ensaio serem executadas realizou-se a prova de
carga nas mesmas (BEILFUS, T. 2012). O resultado dessa pesquisa pode ser
observado na Figura 9.

Figura 9 – Comparação de resultados entre dimensionamento e teste de carga


Fonte: BEILFUS, T. (2012)

Na Tabela 9 foi realizado um comparativo numérico entre os resultados obtidos para


o dimensionamento das estacas escavadas.

AOKI E DÉCOURT E
DIFERENÇA
VELLOSO QUARESMA
Prof. SPT N1 N2 Δ=N1-N2
(m) N (tf) (tf) (tf)
0 0 0,00 0,00 0,00
1 2 1,00 1,33 -0,33
2 2 1,18 2,29 -1,12
3 2 1,35 3,26 -1,91
4 2 1,53 4,22 -2,70
5 2 1,70 5,19 -3,49
6 2 1,88 6,16 -4,28
7 3 2,56 7,33 -4,78
8 8 5,32 9,37 -4,05
9 7 5,52 10,41 -4,89
10 7 6,14 11,71 -5,57
11 6 6,25 12,86 -6,61
12 11 9,28 15,21 -5,93
13 12 10,75 16,95 -6,20
14 12 11,80 18,61 -6,80
15 14 13,86 20,73 -6,87
16 18 17,09 23,36 -6,27
17 27 23,17 27,12 -3,95
18 31 27,55 30,22 -2,68

Tabela 9 – Comparativo numérico entre dimensionamento pelos Métodos Aoki & Velloso e Décourt &
Quaresma
Fonte: Autora (2019)
19

Na Figura 10 pode ser observado o gráfico comparativo dos resultados obtidos nos
cálculos, em que é mostrada a curva do método Décourt & Quaresma acima da
curva do método de Aoki & Velloso.

AOKI E VELLOSO
Estudo comparativo DECOURT E
QUARESMA
35.00
Capacidade estaca escavada (tf)

30.00

25.00

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Profundidade da estaca (m)
Figura 10 – Gráfico comparativo entre métodos
Fonte: Autora (2019)

Com esses dados em mãos pode-se concluir que o método de Aoki & e Velloso é
mais favorável a segurança, porém se afasta bastante dos resultados encontrados
em testes de ruptura de estacas, portanto cabe ao projetista analisar cada situação
conforme suas particularidades para escolher o melhor método para o
dimensionamento.

6. Conclusão
Ao concluir esse estudo comparativo, tem-se que os resultados encontrados se
mostraram coerentes com a literatura difundida no meio acadêmico e que são de
suma importância em sua área de aplicação, o que permite incluí-lo as práticas
rotineiras da engenharia de fundações. Também, constata-se que é preciso um
estudo aprimorado antes da implantação da fundação de um edifício, pois é
necessário avaliar a viabilidade, tanto no quesito técnico quanto econômico dos
mesmos.
Neste presente trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica para verificação do
estado da arte atual na área das fundações e, posteriormente, o estudo comparativo
entre os métodos Aoki & Velloso e Décourt & Quaresma, nas quais o trabalho se
fundamentou. Conforme o gráfico apresentado na Figura 15, pode ser observado o
conservadorismo a favor da segurança no método de Aoki & Velloso.
Foi observado que não existe um tipo de estaca ou fundação ideal em relação à
capacidade de carga, bem como não existe um método de dimensionamento ideal.
O estudo completo de cada caso deve ser realizado pelo projetista para escolha do
melhor sistema de fundações a ser implantando e como o mesmo deverá ser
dimensionado.
A realização do Trabalho de Conclusão de Curso teve um papel fundamental na
formação acadêmica da aluna do curso de pós-graduação em Engenharia Civil,
porque possibilitou a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de
20

aula na prática dos dimensionamentos e na criação de um material que poderá ser


utilizado na vida profissional da aluna, também, permitiu um maior acesso à área
das pesquisas acadêmicas. Considerando os resultados obtidos, como sugestão de
continuação deste estudo, indica-se proceder com o dimensionamento da seção
transversal das estacas para uma carga fictícia e analisada as diferenças entre área
de aço e estudo de viabilidade econômica dos métodos.

Referencial teórico

A bibliografia apresentada a seguir foi base para o desenvolvimento desta pesquisa


auxiliando no esclarecimento e definição do tema em estudo.

AOKI N., CINTRA J.C. (2010). Fundações por Estacas: Projeto Geotécnico. Editora
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ALONSO, U. R. Previsão e Controle das Fundações. São Paulo: Blucher, 2011.

ALVES, L. F. Trabalho de Conclusão de Curso. Obras de Arte Especiais BR - 267 -


MG: Patologias e Fatores. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2012.
86 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ações e segurança nas


estruturas -Procedimento. NBR 8681. Rio de Janeiro 2004,18p.
______. Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado -
Especificação. NBR 7480. Rio de Janeiro, 2007, 13p.
______. Forças devidas ao vento em edificações. NBR 6123. Rio de Janeiro, 1988,
66p.
______. Projeto de estrutura de concreto - Procedimento. NBR 6118. Rio de Janeiro,
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Rio de Janeiro, 2010, 91p.
______. Rochas e solos. NBR 6502. Rio de Janeiro, 1995, 18p.
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BEILFUS, T. Estudo comparativo da fundação de um edifício modelo: Estaca x


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CAMARGO, J.V; NAPOLE, M.; FONSECA, F. B. Analysis of load capacity and


repression of deep foundations, considering semi-empirical models. 20 p. Artigo
acadêmico - Curso de Engenharia Civil, Centro Universitário UNIFAFIBE de
Bebedouro. São Paulo, 2005.
21

CONSTANCIO. D.; CONSTANCIO, L. A. Fundações profundas - Estacas. Notas de


aula. Americana. 2004.

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PFEIL, W. Pontes em concreto armado. 3° ed. LTC - Livros Técnicos e Científicos.


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REBELLO, Y.C.P. Fundações: guia prático de projeto, execução e


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VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 2 v.

VELLOSO, D. A.; LOPES, F.R. Fundações Profundas. São Paulo: Oficina de Textos.
2Ed. 2002 COPPE/UFRJ.

APÊNDICES

APÊNDICE A – PLANILHA DE APLICAÇÃO DE FORMULÁRIO PARA METÓDO


AOKI VELLOSO

APÊNDICE B – PLANILHA DE APLICAÇÃO DE FORMULÁRIO PARA METÓDO


DECOURT QUARESMA
22

APÊNDICE A – PLANILHA DE APLICAÇÃO DE FORMULÁRIO PARA METÓDO AOKI VELLOSO


23

APÊNDICE B – PLANILHA DE APLICAÇÃO DE FORMULÁRIO PARA METÓDO DECOURT


QUARESMA
24

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