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Metafísica I • 1

Aula 01 – 08/02/2012

Definição de Metafísica a partir de seu objeto, segundo Aristóteles (Met., passim)


1. etiologia – estudo das causas – (αἰτία);
2. usiologia – estudo das substâncias – (οὐσία);
3. ontologia – estudo do ente – (ὄν);
4. teologia – estudo de Deus – (θεός).
A metafísica é o estudo do ente enquanto ente.
Ente é aquilo que é. Onde:
ENTE = ens
AQUILO = essentia
É = ser “esse”
Logo, ENTE = ESSÊNCIA + SER

Aula 02 – 09/02/2012

Programa
1 O ser do ente
1.1 Os princípios primeiros do ente
1.2 A estrutura metafísica do ente
1.2.1 Potência e ato
1.2.2 Os predicamentos ou categorias
1.2.3 Essência
1.2.4 Ser
1.2.5 Indivíduo
1.3 Os transcendentais
2 O agir do ente
2.1 Causalidade em geral
2.2 Os tipos de causa

Lema do nosso curso: Parmênides – DK Fr. 5 ou (KIRK et al., 2010, p. 254) fragmento 289
… ξυνὸν δέ μοί ἐστιν ὅπποθεν ἄρξωμαι· τόθι γὰρ πάλιν ἵξομαι αὖθις.
Comum é para mim o ponto por onde começo; pois aí hei de voltar novamente depois. (ou com a tradução do
professor: não importa por onde eu comece, pois para lá voltarei sempre)

KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os Filósofos Pré-Socráticos. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2010.

LER: Metafísica – Livro Γ – que trata dos princípios primeiros, especialmente o de não contradição.
2 • Metafísica I
Os princípios primeiros do ente
Entende-se por primeiros princípios os axiomas fundamentais que constituem o ente e, por
conseguinte, são o ponto de partida (implícito e explicito) de todo conhecimento. Estes primeiros princípios são
sempre evidentes. São eles:
1. princípio de identidade: toda coisa é igual a si mesma;
2. princípio do terceiro excluído: entre o ser e o não-ser não há meio termo;
3. princípio de não contradição: nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista.

Considerações sobre a leitura do livro Γ:


1. O que salta aos olhos no primeiro momento é a tradução das palavras usadas por Aristóteles que são:
ὄν ᾗ ὄν – traduzidas por ‘ser enquanto ser’, quando na verdade o verbo na terceira pessoa do presente do
subjuntivo da voz ativa tem sua tradução mais apropriada em ‘que seja’; assim a frase ficaria assim
construída: ‘Existe uma ciência que considera o ser que seja ser...’;
2. Com os avanços da física subatômica temos como verdades demonstráveis matematicamente que nesta
ótica não há determinação dos corpos materiais o que equivale a dizer que em um certo sentido as coisas
são, ou ainda, numa determinada forma de observar as coisas são, e em outro não são. Sendo assim,
quando em Γ 4, 1008b 1-7 Aristóteles diz: “Ademais, estará errado quem considerar que a coisa ou é ou
não é de certo modo, e estará na verdade que disser que a coisa, ao mesmo tempo, é e não é de certo
modo? (a) Se este último está na verdade, que sentido terá falar da natureza das coisas?” temos como
exercício de reflexão obrigatório que de fato pode não haver sentido algum em falar da natureza das
coisas?;
3. Quando em Γ 4, 1008b 29-32 Aristóteles afirma que: “(...) de fato, quem possui apenas opinião,
comparado a quem possui ciência, certamente não está em condições de saúde relativamente à verdade”
poder-se-ia inferir daí que relativamente ao conhecimento científico hodierno a metafísica proposta na
obra se converteu em um tratado fundado em opinião perdendo completamente sua relevância científica
e filosófica e mantendo apenas interesse histórico? Com o que, possivelmente, concordaria o estagirita?;
4. Ainda na argumentação anterior temos em Γ 7, 1012a 25 ss. a afirmação de Aristóteles: “De fato, quando
tudo está misturado, a mistura não é nem boa nem não-boa e, consequentemente, dela não se pode dizer
nada de verdadeiro.

Aula 03 – 15-02-2012

Os primeiros princípios (continuação)


Como os primeiros princípios são conhecidos?
Sobre os modos humanos de conhecimento intelectual
• Abstração
• Negação
• Intuição
NOTAS SOBRE A INTUIÇÃO:
TIPOS:
• Intuição sensível (existe para os seres humanos);
• Intuição intelectual
◦ Relativa (composta)
Sem raciocínio (existe para os seres humanos);
Metafísica I • 3
◦ Absoluta
Sem conceito (não existe para os seres humanos).

O conhecimento dos primeiros princípios se dá por intuição


(sentido lato) a partir de uma abstração.

Aula 04 – 16/02/2012

Os primeiros princípios (continuação)


São indemonstráveis porque são evidentes.
As consequências da negação do princípio de não contradição são:
1. fim da linguagem;
2. vira-se planta;
3. é reafirmá-lo,

Aula 05 – 29/02/2012

A estrutura metafísica do ente


Potência e ato
Potência (δύναμις, dýnamis)
Ato (ἐντελέχεια, entelécheia ou ἐνέργεια, enérgeia)

Potência Ato
Matéria Prima + Forma Substancial → Essência
Essência + Substância → Ente
Substância + Acidentes → Indivíduo
Indivíduo = ente corpóreo completo

Potência: capacidade de perfeição (realização)


Ato: perfeição, realização

Prioridade do ato sobre a potência – livro Θ


Prioridades
1. Temporal: só apresento a potência de aprender árabe porque em ato a língua árabe existe – o ato
precede a potência também no tempo;
2. Causal: algo só é causa na medida que está em ato.
4 • Metafísica I
Aula 06 – 01/03/2012

Prioridades (continuação) – ler texto entregue na aula (livro Θ – capítulo 8)


3. Conceitual
4. Substancial

Tipos de potência e ato

Potência
• Passiva: capacidade receptiva
• Ativa: capacidade de agir

Ato
• Primeiro: ἐντελέχεια – ato entitativo – atualiza a potência passiva
• Segundo: ἐνέργεια – ação – atualiza a potência ativa

Aula 07 – 07/03/2012

Potência e Ato (continuação)


Relações de potência e ato
1) a potência é sujeito do ato – o ato é recebido em alguma coisa.

Nota sobre a análise aristotélica do movimento (mudança)


Elementos que tornam possível a mudança:
1. Sujeito: o que está no começo, no meio e no fim do movimento
2. Forma: (no caso corpóreo – acidental)
3. Privação: as coisas só mudam se não têm o que vão adquirir; pode ser:
3.1. potência;
3.2. negação.

O Movimento pode ser:

1. Acidental
• Qualitativo
• Quantitativo
• Local

2. Substancial
Metafísica I • 5
Aula 08 – 08/03/2012

Potência e ato (continuação)

Movimento é o ato do que está em potência enquanto está em potência.

Relações entre ato e potência (continuação)


1) A potência é o sujeito do ato;
2) A potência limita o ato;
3) A potência multiplica o ato;
4) A potência relaciona-se com o ato como o participante e o participado;
5) A união de potência e ato não destrói a unidade da coisa.

Aula 09 – 14/03/2012

Os predicamentos ou categorias:
Como se sabe, Aristóteles admite que “o ente se diz de muitas maneiras” (τὸ ὄν λέγεται πολλαχῶς).
Entre os sentidos indicados encontramos: potência e ato; substância e acidentes: “tudo aquilo que é (ente) ou é
em si ou é em outro” O ente em si é a (1) Substância. O ente em outro divide-se em outras nove categorias: (2)
Qualidade; (3) Quantidade; (4) Relação; (5) Ação; (6) Paixão; (7) Onde; (8) Quando; (9) Situação; (10) Posse.
Para a metafísica só interessam substância, qualidade e relação.
A substância no livro Ζ
Como se verá, para Aristóteles, o ente em sentido principal é substância (ente em si).
A grande questão a ser investigada no livro versa sobre a substancialidade da substância, ou seja,
importa saber o que dá subsistência (o em si) à substância.

Aula 10 – 15/03/2012

Leitura e Interpretação: Livro Ζ – Metafísica de Aristóteles


Rele o capítulo 3 na tradução de Giovanni Reale juntamente com as notas.
A substância pode ser entendida inicialmente sob quatro hipóteses:

Reale UNICAMP
Essência Aquilo que é
Universal Universal
Gênero Gênero
Substrato Subjacente
A matéria-prima não é nem essência, nem qualidade, nem quantidade.

Aula 11 – 21/03/2012
6 • Metafísica I

Substrato: o que dá substancialidade


• Não pode ser só matéria;
• A hipótese do sínodo;

Leitura até o meio do capítulo 5 do livro ζ.

Essência é aquilo que faz o ser ser por si mesmo.

Aula 12 – 22/03/2012

Leitura: Livro ζ – 1031a 28 até 1034a 9

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