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DE MOBILIÁRIO
PROFESSORES
Esp. Ivã Vinagre de Lima
Esp. Thiara L. S. Stivari Socolovithc
DESIGN DE MOBILIÁRIO
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de
Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção
de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de
Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida
Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo
Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Arthur Cantareli Silva, Designer
Educacional Agnaldo Ventura, Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti e Cíntia Prezoto Ferreira,
Ilustração Marta Kakitani, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos
com princípios éticos e profissionalismo, não somente entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
de tudo, para gerar uma conversão integral das soluções inteligentes para as necessidades de todos.
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: Para continuar relevante, a instituição de educação
intelectual, profissional, emocional e espiritual. precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de coragem e compromisso com a qualidade. Por
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e do ensino presencial e a distância.
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e do conhecimento, formando profissionais cidadãos
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros que contribuam para o desenvolvimento de uma
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. sociedade justa e solidária.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
DESIGN DE MOBILIÁRIO
Ivã Vinagre de Lima e Thiara L. S. Stivari Socolovithc.
Ótimos estudos!
sum ário
UNIDADE IV
COMPOSIÇÃO DO MOBILIÁRIO
122 Componentes de Base
133 Componentes de Montagem
UNIDADE I
142 Componentes de Acessórios
CLASSIFICAÇÕES DO MOBILIÁRIO
153 Referências
14 Classificações do Mobiliário
153 Gabarito
16 Classificação do Mobiliário Quanto aos
Modelos de Configurações.
UNIDADE V
22 Classificações do Mobiliário Quanto aos
Sistemas de Produção MODELOS DE REPRESENTAÇÃO EM PROJETOS
DE MOBILIÁRIO
35 Classificações do Mobiliário Quanto aos
Sistemas de Montagens 158 Modelos de Representações em Projetos de
Mobiliários
47 Referências
161 Representações Gráficas em Projetos de
48 Gabarito Mobiliários
169 Representações Físicas em Projetos de Mo-
UNIDADE II biliários
ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E DO MOBILIÁRIO
176 Gerações de Alternativas em Projetos de
54 O Designer e a Indústria Mobiliários
56 Função, Técnica e Sentido 185 Referências
60 Fabricação Artesanal, Fabricação Sob Medida 186 Gabarito
e Fabricação Seriada
63 Estrutura e Gestão Industrial UNIDADE VI
MATERIAL EXTRA
67 Composição Geral do Mobiliário
192 Uma Demanda Inicial
81 Referências
195 Fase de Preparação: Análise do Problema
82 Gabarito
204 Fase de Geração de Ideias: Alternativas do
Problema
UNIDADE III
207 Fase de Seleção de Ideias: Avaliação das
PROCESSOS PRODUTIVOS
Alternativas de Design
88 Produzindo com Madeira Natural
212 Fase de Realização: Proposta Definida da
98 Produzindo com Painéis de Madeira Solução de Design
103 Produzindo com Metal na Movelaria 223 Documentação do Projeto de Design
106 Produzindo com Materiais Sintéticos 231 Referências
116 Referências 232 Gabarito
116 Gabarito 234 Conclusão Geral
CLASSIFICAÇÕES DO
MOBILIÁRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Classificações do mobiliário
• Classificações do mobiliário quanto aos modelos de
configurações
• Classificações do mobiliário quanto aos sistemas de
produção
• Classificações do mobiliário quanto aos sistemas de
montagens
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as diferenças entre os tipos de mobiliários.
• Entender as características do mobiliário.
• Classificação do mobiliário quanto aos modelos de
sistemas de produção.
• Apresentar a relação do mobiliário com projetos de
interiores e projeto de produto.
unidade
I
INTRODUÇÃO
O
lá caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira Unidade
do nosso livro Design de Mobiliário. Após você ter estudado
os componentes das disciplinas dos módulos um, dois, três e
quatro, os conhecimentos desses componentes curriculares
ajudarão no decorrer do processo de desenvolvimento das criações e do
planejamento em relação à concepção dos projetos de mobiliários.
Estudaremos, nesta unidade, as classificações do mobiliário e as suas
respectivas diferenças, apresentando conceitos e modelos ilustrados para
a melhor compreensão dos elementos que serão importantes para os pro-
jetos de mobiliário, abordados em uma sequência de quatro tópicos.
No primeiro tópico, conheceremos as classificações dos modelos de
configurações do mobiliário, em que veremos informações importantes
sobre mobiliários unitários, mobiliários de conjuntos, mobiliários com-
poníveis, mobiliários modulados e conceituais, encontrados comercial-
mente no segmento do mercado moveleiro.
Serão apresentados conceitos básicos, citações e algumas curiosida-
des que servirão como apoio para as próximas unidades desse livro. No
segundo tópico, estudaremos a classificação dos modelos de sistemas de
produção moveleira. Serão apresentados mobiliários de produção sob
medida, mobiliários de produção artesanal, mobiliários de produção se-
riada, mobiliários de produção de desvio de função e os de produção di-
gital, apresentando alguns exemplos de modelos de representação gráfica
que são utilizados por alguns profissionais da área de design de produto.
No terceiro tópico, veremos a classificação dos modelos de sistemas
de montagens de mobiliários, que serão: mobiliário montado e mobili-
ário desmontável. Assim, apresentando algumas dicas relacionadas ao
volume do mobiliário e que devem ser levadas em consideração na hora
de projetá-lo.
DESIGN DE MOBILIÁRIO
Classificações
do Mobiliário
O mobiliário é um artefato muito importante em vando em consideração os diferenciados estilos de
projetos de interiores e exteriores, especialmente no vida de diversos públicos que esses produtos po-
planejamento preliminar da distribuição e da circu- derão atender, atingir e atuar dentro dos diversos
lação do espaço residencial, comercial, institucional segmentos econômicos e mercadológicos.
ou urbano, e após a definição do layout no ambiente. No design de mobiliário, as pesquisas de mercado
Para Gomes (2015, p. 120), móveis ou mobiliá- e de comportamento dos públicos que serão atendi-
rio são definidos como um conjunto de objetos que dos ajudam no conhecimento e no entendimento dos
servem para facilitar os usos e as atividades em uma desejos dos usuários e, com isto, é possível transfor-
casa, em um escritório ou em outros ambientes. mar as necessidades observadas em uma nova opor-
Um dos atributos principais do design de mo- tunidade para o desenvolvimento de novos produtos.
biliário é atender às necessidades do espaço e dos Para Gurgel (2004), a importância do design na
variados usuários que terão acesso aos produtos, atualidade torna-se evidente quando percebemos que
aliando a estética com a função do produto, le- o design aplicado a qualquer elemento afeta não so-
14
DESIGN
mente os objetos que interagem com ele e as pessoas isto, o espaço residencial precisa readequar-se a
que o utilizam, mas afeta também o meio ambiente. essa nova realidade.
As exigências em relação a produtos de quali- Dentro deste contexto, inovar é um dos quesitos
dade, com um bom design e custo merecido, são mais importantes no segmento de produção move-
desejos não apenas do consumidor final, e sim de leira, destacando-se a necessidade de voltar todos os
empresas fornecedoras, do comércio varejista e, até processos de desenvolvimento e de produção para
mesmo, de empresas do exterior que desejam ad- a sustentabilidade, preocupando-se com a vida útil
quirir os nossos produtos. Porém, muitas vezes, há do produto e com o planejamento do pós-consumo,
diversas empresas concorrentes que estão preocupa- pois esse entendimento poderá agregar resultados
das apenas em produzir mais, esquecendo a quali- positivos para o usuário.
dade final do produto, e também não se preocupan- Nesta unidade, vamos apresentar as classifica-
do com os consumidores finais. ções do mobiliário com os seus modelos, as suas
O entendimento dos possíveis espaços que os mo- respectivas definições, características e exemplos
biliários serão organizados, juntamente com a ergono- por meio de imagens e conceitos para melhor en-
mia e as suas respectivas especificidades, são critérios tendimento e compreensão. A classificação pode ser
importantes para o desenvolvimento de projetos de dividida da seguinte forma.
mobiliários, pois não há como projetar um espaço sem • Modelos de configurações.
conhecer o mobiliário, e nem projetar um mobiliário • Modelos de sistemas de produção.
sem conhecer as reais necessidades do espaço, pois • Modelos de sistemas de montagens.
ambos (espaço x mobiliário) dependem um do outro.
Neste sentido, Rangel (2007, p. 5) afirma: “as
cidades se agigantam, os preços dos terrenos tam-
bém e, como consequência, os imó-
veis diminuem”. Com
15
DESIGN DE MOBILIÁRIO
16
DESIGN
consumidores dos mobiliários que poderão, de peças de mobiliários. Por exemplo, para determina-
maneiras satisfatórias, serem atendidos dentro do das mesas de centro, cadeiras de escritório, roupei-
segmento destinado ao setor moveleiro e, assim, os ros, poltronas e sofás-camas, não é possível o usu-
produtos podem ser projetados com design atraen- ário comprar mais de uma peça e colocá-las lado
te, inovador, de forte apelo estético e funcionalidade, a lado ou uma sobre a outra, e configurar em uma
e que atendam aos requisitos específicos para as suas composição com aparência de um único móvel.
destinações de diferentes formas de usos. Geralmente, o mobiliário unitário não possui mais
Os modelos de configurações para o mobiliário de uma opção em catálogos, como acontece na confi-
podem ser divididos da seguinte maneira: guração de mobiliário de conjunto, e sim, apenas a peça
• mobiliário unitário; unitária faz parte dessa configuração de mobiliário, po-
• mobiliário de conjunto; dendo atender aos diferentes estilos e necessidades.
• mobiliário componível;
• mobiliário modulado;
• mobiliário conceitual.
REFLITA
MOBILIÁRIO UNITÁRIO
Figura 1 - Mon Chaise
Também conhecido como mobiliário avulso, é um mo- Fonte: acervo pessoal - Sérgio Gomes (2015).
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
Popularmente, em folhetos e propagandas co- coleção com variados tipos de produtos e com uma
merciais, são chamados de “móveis de jogo” ou “mo- determinada quantidade de peças que podem ser ad-
biliário de linha”, por exemplo: jogo de sala, jogo ou quiridas separadamente (avulsas), conforme a neces-
conjunto de sofá, jogo de cozinha, jogo de jantar, sidade do cliente e com possibilidades de usos que
jogo ou conjunto de quarto etc. podem ser variadas para diferentes tipos de espaços.
É também comum a possibilidade de modelos de No caso do mobiliário de conjunto para uso resi-
móveis nessa configuração, para dormitórios ou dencial, é comum ter opções, no mercado movelei-
para outros ambientes, unirem-se com peças avul- ro, de uma coleção de móveis com o mesmo concei-
sas e, assim, remeterem à aparência de mobiliário to estético e formal, com opções para salas, copas,
componível (tema do tópico a seguir). Por exemplo: quartos etc., seguindo a mesma identidade na apa-
comprar um roupeiro de duas portas, e outro de três rência dos desenhos de seus produtos.
portas, e que, juntos, compõem um roupeiro com
aparência de cinco portas, conferindo breve seme-
REFLITA
lhança com um mobiliário de sistema componível.
Outra opção para esse modelo de configuração,
muito comum no ramo moveleiro de mobiliários O mobiliário para interiores residenciais deve
servir para um ampla variedade de atividades:
residenciais, urbanos, corporativos (escritórios) e desde as interações sociais dos hóspedes,
institucionais (mobiliários escolares e médico-hos- mais exuberantes, até a inércia de um indiví-
pitalares etc.) são os mobiliários com maior opção duo que está dormindo, sempre respeitando
as preferências de cada cliente.
de produtos na mesma linha ou coleção.
Neste último caso, em seus catálogos de produtos, (Sam Booth e Drew Plunkett).
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
Classificações do Mobiliário
Quanto aos Sistemas de Produção
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DESIGN
em todas as etapas de produção, entrega e monta- dida, inicia-se com todas as informações levantadas
gem do mobiliário no espaço do cliente atendido. junto ao cliente em forma de entrevista, incluindo as
As marcenarias que fazem esse tipo de mobili- suas exigências, para, assim, estabelecer-se as necessi-
ário produzem, na maioria das vezes, móveis retilí- dades dos usuários e do espaço que será ocupado pelo
neos (lisos e com linhas retas), sendo a matéria-pri- mobiliário. Lembrando que o resultado do produto
ma principal as chapas de MDF (Medium Density final a ser desenvolvido deverá atender a todas as ne-
Fiberboard), MDP (Medium Density Particleboard) cessidades específicas de uso e estilo de um cliente.
e o compensado. Dal Piva (2006, p. 15) apresenta a Para dar início ao projeto de mobiliário sob me-
seguinte definição para mobiliário sob medida: dida, é necessário o primeiro contato com o cliente
(entrevista) e uma visita no espaço onde será exe-
[...] produto projetado e fabricado para um cliente cutado o mobiliário para ser realizado o levanta-
específico, pois esse tipo de fabricação exige mui-
mento de todos os dados e, desta forma, ter como
ta atenção do projetista ou marceneiro durante a
tomada de medidas na casa do cliente, pois qual- base principal as medidas exatas dos ambientes no
quer erro de dimensões compromete a margem imóvel que será ocupado pelos mobiliários e os seus
de lucro prevista agregada ao produto executado. respectivos artefatos.
Depois de todas as informações, inicia-se as ano-
tações de todas as medidas da planta baixa observadas
no espaço, como: altura do pé direito, distância entre
as paredes e a posição de elementos que estão fixos
(portas, janelas, ventilação, pontos elétricos e hidráuli-
cos, ponto de gás, ângulos especiais e outros elementos
importantes para não atrapalhar o projeto das peças).
Assim, dá-se início aos primeiros croquis como
forma de geração de alternativas que mais se encai-
xam e enquadram-se para uma boa organização es-
pacial no ambiente que será utilizado pelo cliente.
Nessa etapa de geração de ideias, a aplicação dos
conhecimentos de ergonomia é um elemento de ex-
trema importância para um bom resultado do projeto.
Muitas marcenarias também investem em pro-
A metodologia para o desenvolvimento do mobili- fissionais projetistas, encarregados de fazer os proje-
ário sob medida muito se assemelha ao processo de tos com softwares específicos de desenhos 2D e 3D.
ferramentas e de ações adotado para a elaboração de O objetivo é vender o projeto aos clientes e apresen-
projeto de interiores, diferenciando-se um pouco do tar as primeiras gerações de alternativas para obter
processo realizado em um projeto de produto seriado. a aprovação e, em seguida, fazer as negociações para
No caso do desenvolvimento do mobiliário sob me- as vendas dos projetos.
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
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DESIGN
Figura 5 - Ambientação em 3D com as cotas das medidas que serão utilizadas para a produção na marcenaria
Fonte: Acervo Pessoal - Clélio Zeithammer (2016).
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
Os desenhos do mobiliário sob medida geral- Para o projeto de mobiliário sob medida, a unidade
mente são apresentados depois da aprovação do métrica utilizada comercialmente nos desenhos é cen-
cliente e mostram as vistas do mobiliário, com ele- tímetro (cm) ou metros (m), diferente do mobiliário
vação, cotas necessárias para um bom entendimento seriado, cuja unidade utilizada é o milímetro (mm).
do marceneiro, especificação dos materiais, ferra- As unidades de medida centímetro (cm) ou me-
gens e componentes necessários para a produção, tro (m) são muito utilizadas para melhor entendi-
desenho da projeção do móvel em planta baixa, de- mento dos marceneiros e vendedores. Entretanto, a
senhos com detalhes de construção em corte parcial, unidade indicada é o milímetro (mm), pois as cha-
Figura 6 - Gerações de alternativas com três opções de uma cozinha para apresentação ao cliente
Fonte: Acervo Pessoal - Arno Hoffmann Junior (2017).
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
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DESIGN
Alguns desses mobiliários de produção artesanal são O artesanato apresenta-se como um valioso pro-
desenvolvidos propositalmente com uma aparência cesso de produção de móveis com fibras naturais e
rústica, e outros são produzidos com a característica sintéticas, uma opção a mais para o mobiliário de
de um mobiliário de bom acabamento, sendo diferen- produção artesanal, oferecendo, em seus processos,
tes daqueles de produção em série. Alguns deles são variadas padronagens de trançados e amarrações,
produzidos em uma determinada quantidade para que são produzidos por meio de vários tipos de fi-
as vendas em lojas nas próprias marcenarias e, em bras, exigindo habilidades com um bom resultado
outras vezes, são produzidos sob encomenda, como nos acabamentos, sendo estes os que revestem os
acontece com mobiliários de madeira de demolição. mobiliários para áreas internas e externas, destina-
Existem produtos que são de produção exclusi- dos para diversos tipos de ambientes.
va, com entalhes e torneamento de peças em madei- É importante destacar que, neste processo, ocor-
ra que exigem a atenção e a presença de um marce- rem situações em que determinada linha de um pro-
neiro com perfil de artesão, cuja maior preocupação duto de produção em série possui uma parte de sua
seja os detalhes exclusivos para cada peça. fabricação em um setor de produção industrial da
Na produção artesanal, há marcenarias ou ateliês fábrica, e outra parte, que envolve acabamentos arte-
que atuam exclusivamente com trabalhos que envol- sanais, é desenvolvida em um setor anexo à fábrica.
vem a restauração de mobiliários. Neste contexto, os Nesta mesma empresa, são contratados profissio-
trabalhos de restauração de mobiliário também são nais artesãos para a realização de outra etapa de pro-
uma das alternativas dentro do segmento movelei- dução artesanal, seguindo um padrão de produção e
ro e que, por sua vez, exigem uma atenção especial de qualidade na finalização. Tendo, com isto, um pro-
dentro da produção artesanal, pois, em algumas si- duto de produção mista, em que uma parte é seriada,
tuações, é necessária a confecção de uma nova peça e a outra com um detalhe ou acabamento artesanais.
ou de componentes para a substituição de outras Alguns mobiliários exigem detalhes em seus
peças danificadas ou deterioradas por insetos (peças processos de acabamentos, como no caso do revesti-
perfuradas por cupins). mento de um móvel fabricado em série, com estru-
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
MOBILIÁRIO DE PRODUÇÃO DE DESVIO Existem situações em que esses produtos são con-
DE FUNÇÃO cebidos simplesmente como um improviso devido
a uma necessidade emergencial ou, então, são pro-
Consiste na produção e criação de artefatos com foco jetados e produzidos intencionalmente como um
na ressignificação dos objetos, podendo ser de produ- produto alternativo.
ção simplesmente artesanal. Geralmente, consiste em A concepção do mobiliário de desvio de função
agregar funções secundárias aos artefatos que pos- pode dar-se pelo simples fato de misturar materiais
suem empregos primários preestabelecidos, não se e por um improviso da junção deles para materia-
limitando apenas ao desenvolvimento de mobiliário, lizar o produto, ou pela idealização de um projeto
mas sim expandindo para as outras ideias de produtos. detalhado, seguindo uma metodologia com uma se-
quência de processos criativos que, por sua vez, são
utilizados no design de produtos.
De acordo com Burdek (2006), os objetos e produtos Figura 9 - Poltrona com pallet descartado
são utilizados em novas situações de vida com novos Fonte: o autor.
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
Os projetos de diversos produtos apresentam arqui- O movimento maker é uma extensão tecnoló-
gica da cultura do “Faça você” (Do It Yourself
vos disponíveis para download gratuito e que podem
- DIY, no original em inglês), que estimula as
ser baixados livremente pelo sistema opensource ou pessoas comuns a construírem, a modificarem
pelo acesso ao site Britânico OpenDesk. Esses arqui- os próprios objetos com as próprias mãos. Isso
vos, muitas vezes, podem ser baixados, acessados e gera uma mudança na forma de pensar de mui-
replicados por vários países. ta gente, trazendo os processos industriais para
bem próximo de meros mortais como você e
eu. Práticas de impressão 3D e 4D, cortadores
a laser, robótica, arduino (prototipagem ele-
trônica livre), entre outras, incentivam uma
SAIBA MAIS
abordagem criativa, interativa e proativa de
aprendizagem em jovens e crianças, gerando
um modelo mental de resolução de problemas
Visualize o projeto e os detalhes da montagem
do cotidiano. É o famoso “pôr a mão na mas-
da cadeira Valoví (STUDIO DLUX, [2018], on-li-
ne)2, composta por 20 peças de madeira que se sa”. Algumas escolas particulares de São Paulo
encaixam sem nenhum tipo de prego, parafuso já estão montando laboratórios equipados com
ou cola. Para saber mais, acesse: <http://www. essa tecnologia, e a prefeitura da cidade tam-
studiodlux.com.br/portfolio/valovi/>. bém disponibiliza, de forma gratuita, o acesso a
FabLabs espalhados pela cidade para que qual-
Fonte: o autor.
quer pessoa possa prototipar seu projeto e sair
de lá com a peça na mão.
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DESIGN
Classificações do Mobiliário
Quanto aos Sistemas de Montagens
Neste tópico, estudaremos os padrões de modelos de MOBILIÁRIO MONTADO
montagens de mobiliário mais usuais no mercado
moveleiro e veremos os seguintes modelos de mon- Mobiliário de pequena ou média dimensão, que é
tagem de mobiliário: montado nas próprias indústrias. É entregue mon-
• mobiliário montado; tado para o consumidor ou para os locais de comer-
• mobiliário desmontável. cialização. Na maioria das vezes, não necessita de
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
um manual de montagem, e sim de um manual de muito comum em mobiliários estofados (sofás) que
instruções de usos e advertências. apresentam dimensões incompatíveis com as aber-
No momento de incluir esses mobiliários no pro- turas de portas e janelas, dificultando a entrada do
jeto, é muito importante avaliar e prever o volume e produto no ambiente que, em algumas situações, é
a massa para não haver dificuldades na logística do situado em prédios. Uma das alternativas que gera
produto e na entrada e saída em aberturas (portas transtornos e custos é o içamento do mobiliário por
e janelas) em situações de entregas do produto na meio de cordas e cabos.
residência e, também, no caso de mudanças. A maioria dos móveis estofados de dois, três ou
Há produtos montados que apresentam dificul- mais lugares, e que são muito encontrados no mer-
dades no transporte e na entrega do produto em cado, possuem muitas dificuldades de entrada nas
determinados ambientes. Este tipo de transtorno é residências, principalmente em apartamentos. A difi-
culdade já começa nas entradas das escadas ou eleva-
dores. O mesmo caso ocorre com algumas camas box.
REFLITA
(Rafael Vesterlon)
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DESIGN
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DESIGN DE MOBILIÁRIO
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DESIGN
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considerações finais
40
atividades de estudo
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atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
uma Kuka pra chamar de sua, mas havia um detalhe: ela estava em Barcelona, na Espa-
nha, onde cursava uma especialização. Foi neste momento que Denis teve um insight:
por que não (re)produzir a cadeira em outros lugares do mundo? Tratou de encontrar
um produtor local que tivesse uma CNC, e o pedido da amiga tornou-se realidade.
Este episódio foi o divisor de águas para Denis, que decidiu enviar o arquivo do seu pro-
jeto para a FabLabs (laboratórios de inovação para a criação de protótipos) do mundo
todo. Sua cadeira, a primeira de uma série que viria posteriormente, chamou a aten-
ção de Nikolas Ierodiaconou, ganhador do Ted City Prize pelo projeto WikiHouse, de
fabricação open source. Nick é também um dos fundadores da OpenDesk, hoje a maior
plataforma de mobiliários para produção local open source.
Denis conta que apostou nesse caminho para divulgar o trabalho, um caminho que não
requer investimento em marketing, mas que pressupõe uma visão avançada do que é
propriedade. Nem todo mundo entendeu.
“Meus amigos e minha família acharam que eu estava louco. Eles não conseguiam en-
tender os motivos pelos quais eu liberaria gratuitamente um projeto ao qual me dedi-
quei três meses para realizar”, declara Denis.
Naquele momento, em outubro de 2013, a OpenDesk estava ainda em fase de incu-
bação e Denis foi convidado a participar da elaboração da plataforma. A missão dele
era encontrar uma forma de minimizar erros na hora de montar os móveis projetados
pelos designers. Isto porque a espessura dos materiais pode variar de país para país, o
que pode comprometer a entrega final. “Hoje, a plataforma oferece um descritivo para
os makers (produtores locais) para que eles saibam como proceder caso a espessura da
chapa seja diferente daquela descrita no projeto original”, diz ele.
Em dois meses na plataforma, as duas cadeiras de sua autoria, Kuka e Valoví, tiveram
5 mil downloads e foram produzidas em mais de 100 países. Há seis meses, Denis tor-
nou-se representante da OpenDesk no Brasil. Ele, afinal, estava certo: em pouco tempo,
viu seu trabalho ganhar escala mundial.
44
LEITURA
COMPLEMENTAR
Uma dessas cadeiras, a Valoví, foi exposta no Salão de Milão de Móveis em maio deste
ano. Ela é composta por 20 peças de madeira que se encaixam na montagem, feita sem
nenhum tipo de prego, parafuso ou cola. No Salão, foi a única peça assinada por um
designer estrangeiro a ser produzida localmente. “A nossa profissão ainda está muito
atrasada no que se refere à cadeia de produção”, afirma Denis. Ele fala mais sobre a
filosofia que abraçou.
“Design aberto é transferência de conhecimento. É empoderar o outro ao liberar seu
potencial criativo, permitindo que as pessoas possam usar e adaptar esse conhecimen-
to da melhor forma às suas necessidades”.
O arquiteto é um entusiasta do conceito e fez dele o seu modelo de negócio a partir da
oportunidade que se abriu com a OpenDesk. Com o propósito de conectar designers,
produtores locais e clientes, a plataforma elimina intermediários e os custos de expor-
tação e importação, minimizando também os custos de logística e de distribuição, o
que é bom para o bolso de todos os envolvidos e para o meio ambiente.
Eis a equação: os arquivos da cadeira Valoví, por exemplo, estão disponíveis para
download gratuito sob a licença Creative Commons. Mas ela é vendida no site e
pode ser adquirida, montada ou desmontada por R$ 379,00. Do preço final, 12% vai
para a OpenDesk, 8% para o designer, e o restante vai para o maker, um produtor
selecionado pela plataforma.
45
material complementar
Objectified
2009
Sinopse: neste documentário, um grupo de designers industriais reflete sobre a
relação entre a criatividade e os objetos ostensivamente comerciais que produ-
zem. Gary Hustwit (Helvetica) dirige esta exploração fascinante da encruzilhada
entre o design funcional e a arte.
A cooperativa Revale produz mobiliários sustentáveis com pallets, que, geralmente, são descartados, mas
que ganham outros significados após serem transformados em variados tipos de mobiliários. Este vídeo
contextualiza com exemplos o mobiliário de produção de desvio de função, assunto abordado nesta Uni-
dade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kWH7tS65C1Q>. Acesso em: 8 mar. 2018.
46
referências
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Gustavo Gili, 2015.
BOUFLEUR, R. N. A Questão da Gambiarra: formas alternativas de desenvolver artefatos e suas relações
com o design de produtos. 2006. 153 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de
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BURDEK, B. E. História, Teoria e Prática do Design de Produtos. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.
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FRANZATTO, C. O Processo de criação no design conceitual. Explorando o potencial reflexivo e dialético do
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Em: <http://www.studiodlux.com.br/portfolio/valovi/>. Acesso em: 8 mar. 2018.
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Em: <https://www.portalclicknegocios.com.br/empresa/transvandinho>. Acesso em: 8 mar. 2018.
4
Em: <www.monodesign.com.br>. Acesso em: 8 mar. 2018.
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Em: <http://projetodraft.com/ja-ouviu-falar-de-design-aberto-studio-dlux-da-garagem-de-casa-para-o-mun-
do/>. Acesso em: 8 mar. 2018.
47
gabarito
1. E.
2. Mobiliário produzido em série com produção em volume industrial, normal-
mente, não é concedido ou produzido para um cliente específico, como acon-
tece no mobiliário sob medida.
Por isto, em projetos de mobiliários seriados, aconselha-se a utilização de um
bom processo metodológico e uma boa pesquisa de mercado, sendo que esse
tipo de produção deve atingir a uma grande quantidade de usuários, diferen-
temente do mobiliário sob medida, que atinge apenas um cliente específico.
A produção é realizada em peças isoladas, com a preocupação da racionali-
zação das peças, para se ter o melhor aproveitamento dos materiais na fabri-
cação. Geralmente, a produção é realizada em fábricas de pequeno, médio e
grande porte.
A escolha e a configuração da embalagem têm muita importância na qualidade
e na valorização do produto, pois ela o protege de avarias e facilita o armaze-
namento, o transporte e o recebimento do produto na residência do cliente.
Nos desenhos técnicos, a unidade de medida usual é o milímetro (mm). É feito
o desenho do conjunto, como acontece nos projetos de móveis sob medida e,
no detalhamento técnico, é feito o desenho peça por peça, com todas as cotas
das furações e marcações. Este detalhamento serve como uma documentação
técnica do produto e facilita bastante na fabricação e em possíveis regulagens
de maquinários, assim como no fluxo de produção do “chão de fábrica”.
3. Para dar início ao projeto de mobiliário sob medida, é necessário o primeiro con-
tato com o cliente e com o espaço para ser realizado o levantamento de todos os
dados e, desta forma, ter como base principal as medidas exatas dos ambientes
no imóvel que será ocupado pelos mobiliários e os seus respectivos artefatos.
Depois de todas as informações, inicia-se as anotações de todas as medidas
da planta baixa observadas no espaço, como: altura do pé direito, distância
entre as paredes e a posição de elementos que estão fixos (portas, janelas,
ventilação, pontos elétricos e hidráulicos, ponto de gás, ângulos especiais e
outros elementos importantes para não atrapalhar o projeto das peças).
4. E.
5. A.
48
UNIDADE
II
ESTRUTURA DA INDÚSTRIA
E DO MOBILIÁRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O designer e a indústria
• Função, técnica e sentido
• Fabricação artesanal, fabricação sob medida e fabricação seriada
• Estrutura e gestão industrial
• Composição geral do mobiliário
Objetivos de Aprendizagem
• Observar a ligação entre o designer e a indústria.
• Analisar as diferenças entre função, técnica e sentidos do design.
• Conhecer as diferenças entre os tipos de empresa de móveis.
• Compreender a estrutura e as ferramentas de gestão de uma
indústria.
• Conhecer o modelo construtivo base dos mobiliários.
INTRODUÇÃO
N
este capítulo, conheceremos as rotinas dentro de uma in-
dústria de móveis, a sua organização e característica estru-
tural. Bem como lembraremos da importância de um tra-
balho em conjunto que una a técnica, a forma estética e as
funções que o design projeta-se a desempenhar.
Primeiramente, vamos estudar de que maneira o design estabelece-
-se como profissão em vista da demanda industrial causada pela evolu-
ção e pela autonomia dos processos da produção seriada.
Compreenderemos a importância do designer como participante dos
processos produtivos, atuando como um link entre a empresa e o seu
cliente, por meio da criação de produtos que possam ser comercializados.
Traremos uma nova ótica sobre a forma e a função dos objetos, des-
tacando os valores da forma, além de focar na fabricabilidade, ou seja,
na capacidade de fabricação como um dos preceitos a serem seguidos
pelo designer.
Conheceremos, então, as rotinas e a organização de uma empresa, as
características de fabricação de cada tipo de empresa de móveis atual, e
também aprender como elas estruturam-se.
Observaremos as novas formas de gestão industrial, citando o mo-
delo lean de produção enxuta, analisando as suas ferramentas e a sua
metodologia como bons exemplos a serem aplicados.
Ao final, para compreendermos qual é a característica básica dos pro-
dutos que estamos desenvolvendo, faremos a introdução aos elementos
constitutivos dos mobiliários em geral, em uma abordagem detalhada
das estruturas, nomenclaturas e particularidades das peças de movelaria.
Nos capítulos seguintes, conheceremos em detalhes os processos
produtivos dos móveis, os seus materiais e componentes de montagem,
finalizando com o estudo das representações gráficas e físicas que o de-
signer deve dominar.
O Designer e
a Indústria
54
DESIGN
55
Função, Técnica
e Sentido
Bürdek (2010), ao analisar a produção industrial, forma torna-se o resultado ou a resolução de concei-
propõe uma reformulação da ideia de “a forma se- tos, custo e processos de fabricação.
gue a função”, muito defendida pela Bauhaus. Para Não podemos, contudo, esquecer que o design é
ele, esse conceito poderia ser reformulado como “a uma excelente estratégia mercadológica para a em-
forma é a resolução da função”. O autor observa que presa, e o projeto deve ser uma síntese da função
a função tem dois componentes principais: (1) de- (demanda inicial), da fabricabilidade (técnica) e da
mandas de especificação e desempenho, incluindo a estética (significados).
usabilidade (exemplo: uma cadeira tem a função de Primeiramente, por que chamamos, aqui, a fun-
promover assento para as pessoas, com alto desem- ção de demanda inicial? Porque ela surge do estudo
penho de conforto, ergonomia e durabilidade, sendo de mercado, observando as necessidades e os desa-
de fácil utilização), e (2) custos e “fabricabilidade” fios que o ser humano, ou um nicho da população,
(capacidade ou método de ser fabricado). Isto é, a desejam superar. Nesse estudo, surgem demandas de
56
DESIGN
produtos, ou melhor, de soluções que ajudem a sanar objeto. Por exemplo: uma cadeira foi pensada, pro-
estes problemas, aí temos um escopo de projeto. Isto jetada e executada com a função de assento, mas, na
é, como designers de objetos ou soluções, chegamos prática, ela pode tornar-se apenas um cabide.
a uma gama de funções que queremos oferecer ao Rafael Cardoso (2012) também salienta este as-
mercado. O designer estruturará, então, de que ma- pecto: se a função determinasse a forma, teríamos um
neira ele atingirá este objetivo. A função será o foco, modelo único e ótimo de objetos (a cadeira ideal teria
mas nunca o resultado único do produto em si. um único design), contudo, na prática, não é assim.
Vamos compreender melhor esta questão am-
pliando a atuação do designer, expressa por David O estatuto de um artefato não pode ser consi-
derado algo rígido, fixo. Potencialidades de re-
Pye em seu livro The Nature and Aesthetics of Design
presentação latejam em qualquer manifestação
(1968). O autor questiona o lema difundido pelo formal que, invariavelmente sujeita a inúmeros
modernismo, “a forma segue a função”, pois, para tipos de leitura e significação, perspectiva-se e
ele, aquilo que o designer pode determinar tem me- subjetiva-se ao projetar-se no contínuo movi-
nos a ver em como a peça será utilizada (sua fun- mento histórico e social. Ao existirem em con-
textos humanos, artefato e forma revelam, no
ção), mas o profissional pode determinar como ela
contato com o olhar, uma dinamicidade intrín-
será apresentada e qual o seu conteúdo formal (defi- seca. Abordar as nuanças e variações empíricas
nição de formas, texturas), pois “a ‘finalidade’ do ob- da formação do signo é ir além dos silogismos
jeto é concebida pela mente humana, os ‘resultados’ “forma-função”, é raciocinar acerca do pensa-
mento criativo (CESTARI, 2013, p. 223).
existem nas coisas” (DORMER, 1990, p. 143).
57
O que isto quer dizer? Que o designer precisa Quais as condições de trabalho em que os insu-
pensar na função, mas é muito importante pensar mos são produzidos? Quais produtos químicos
em como ou de qual maneira ele apresentará esta serão envolvidos no processo produtivo? Qual
solução, e nisto são incluídas as escolhas estéticas de será a quantidade de resíduos gerada? Qual será
forma, cor e textura, e também quais sentimentos a destinação desses resíduos e como é feito o seu
podem ser provocados por esse produto. A maneira descarte ou reuso? O produto, uma vez “obsoleto”
de chegar a essa solução está na escolha dos mate- (destituído de sua função), tem qual descarte? É
riais e dos processos produtivos necessários para re- um produto reciclável ou perecível? Pode causar
velar a estética desejada. danos ao meio ambiente?
Essas perguntas devem ser pensadas pelo de-
UM PROCESSO SUSTENTÁVEL signer porque, além de ser uma questão ética, cada
vez mais o mercado tem preocupado-se com a des-
O que podemos concluir é que um projeto de de- tinação desses resíduos, e novas leis são implemen-
sign consiste em um pensamento complexo, desde tadas para diminuírem os impactos ambientais cau-
a escolha de materiais que tenham características sados pela ação humana.
físico/químicas e acabamentos estéticos, até a for- Enfim, um mobiliário com bom design contem-
ma de fabricação que auxilie a atingir as especifica- pla uma necessidade real que deseja solucionar (fun-
ções do projeto e os seus significados semânticos. ção/funções), um processo de produção otimizado
Vamos ressaltar que, como o designer está inse- (fabricabilidade) e uma forma estética com impacto
rido em uma cadeia mercadológica, as suas escolhas sensorial (identidade) que faz esse mobiliário desta-
podem auxiliar a reduzir os custos e a otimizar re- car-se dos demais artefatos do mercado. Todas essas
sultados, sem esquecer de sua responsabilidade eco- características devem visar à lucratividade do negó-
lógico-social. cio e à sustentabilidade ambiental.
Cardoso (2012) deixa claro que o ciclo de vida
de um produto não consiste somente em: concepção
→ planejamento → projeto → manufatura → dis- REFLITA
tribuição → venda → uso → descarte. Isto é, cabe
ao designer pensar nos processos de pré-fabricação
Qual é o ciclo de vida do mobiliário que você
e nos possíveis impactos da pós-vida dos produtos está projetando? Ele cria soluções para me-
que perderam a sua função primária. lhorar a vida do ser humano atualmente? Ele
O designer deve fazer perguntas, como: de é sustentável?
58
DESIGN
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DESIGN
61
terminação de um nicho que se deseja atingir, pelas duzida pela empresa Republic of Fritz Hansen. Ela é,
linhas de produtos que serão oferecidas, os materiais, até hoje, apreciada e vista como fonte de inspiração
os melhores fornecedores, as ferragens, quantas pe- para muitos designers.
ças serão produzidas, estocagem, distribuição, estra- Como observamos, o design pode transmitir
tégias de comunicação e tudo que possa ser pensado estética e funcionalidade diferenciadas que, por sua
com antecedência e influenciar na produção. vez, podem ditar uma nova moda ou até transfor-
Uma empresa de móveis seriados possui menor mar o próprio mercado. A fabricação seriada, aliada
capacidade de inovação, mas, em uma pesquisa mais a isto, pode oferecer produtos mais competitivos,
criteriosa, quando se pensa em criar uma nova linha com maiores velocidade de entrega e distribuição.
de produtos, muitos aspectos são considerados, in-
clusive controles de qualidade claros, pois passam
SAIBA MAIS
por testes e avaliações de desempenho.
Os produtos são pensados de maneira seriada, ou
seja, grupos de peças que podem ser utilizadas em mais A cadeira Egg (1958) foi desenhada por Arne
de um tipo de móvel, medidas de corte que diminuam Jacobsen para o Hotel Radisson SAS de Cope-
nhagen, Dinamarca, e produzida pela Republic
o desperdício de material, fornecedores que tenham of Fritz Hansen. O que chama a atenção nes-
capacidade produtiva e qualidade para entregar dentro sa cadeira é que desenharam, na época, um
das necessidades da indústria, entre outros aspectos. sofá Egg, porém, a produção desse sofá foi
cancelada pouco depois por motivos de falhas
Como podemos observar, o tempo de fabricação é mui- projetuais. Ele não era feito com uma única
to valioso neste modelo, pois o foco é a produtividade. peça de couro e as costuras nas emendas
Este processo parece limitador, contudo, um bom ficavam visíveis, quebrando a estética que
caracteriza a peça.
design pode tornar-se ícone de uma cultura ou ser o
registro de um período. Um exemplo é a cadeira Egg, Fonte: adaptado de Radisson Blu ([2018], on-line)2.
62
DESIGN
Estrutura e
Gestão Industrial
Existem diversas possibilidades de gestão e de or- visualização do todo. Dois modelos muito comuns
ganização de uma empresa, e compreender como são o organograma e o fluxograma.
se estrutura uma indústria para a qual prestamos o
nosso trabalho é de extrema valia, pois proporciona ORGANOGRAMA
identificar quais as possibilidades e limitações, pre-
ver possíveis gargalos de produção, além de contri- O organograma é um gráfico da estrutura hierárqui-
buir com soluções para diminuí-los. ca de uma organização, ele aponta quais são os co-
Para compreender como se organiza e como laboradores e como se relacionam. O modelo tradi-
funcionam os processos numa empresa, normal- cional, como veremos a seguir, tende a uma divisão
mente utiliza-se esquemas gráficos que auxiliam na por complexidade e por nível de responsabilidade
63
do colaborador. Existem vários outros modelos de ma vai passar até transformar-se em um produto
organogramas (circulares, por funções etc.), no en- final. Cada departamento pode criar o seu próprio
tanto, cabe aqui compreender simplesmente como fluxograma de ação. No exemplo a seguir, conside-
uma indústria subdivide-se e algumas possibilida- ramos um modelo simples de fluxograma de uma
des de organização da empresa. empresa de móveis.
Na maioria das pequenas e médias empresas, Observe, na Figura 3, a divisão dos setores da
essa subdivisão é reduzida, sendo os profissionais re- produção: os losangos em amarelo identificam roti-
sponsáveis por mais de uma função. Observe que no nas de decisão, no caso do acabamento, fica claro
Organograma industrial
Administração
Presidente
departamento de pesquisa e desenvolvimento é que que as peças podem seguir destinos diferentes na
se encontra o designer. O produto será criado neste produção, no caso das peças que estão prontas no
ambiente de conceito, de projeto técnico, de prototi- acabamento (como caixotes simples), elas podem ir
pagem e de teste de controle de qualidade. direto para a pré-montagem, enquanto outras (ca-
deira, porta pintada) ainda passarão por sub-rotinas
FLUXOGRAMA no setor de pintura ou estofamento.
O gráfico serve, então, de referencial para o ger-
O fluxograma é uma representação gráfica dos pro- ente de produção controlar a ordem dessa produção, o
cessos de uma empresa, ele auxilia na visualização disparo de peças e em qual estágio estão os produtos,
das rotinas e dos caminhos por onde a matéria-pri- para não perder produtividade e prazos de entrega.
64
DESIGN
Estocagem
Usinagem Acabamento Pré-montagem Embalagem
Entrega
Componentes
Pintura Estofamento
Extras
65
Produção just-in-time
O modelo jidoka (autonomação) São processos, assim como uma filosofia de melho-
rias contínuas e, por isto, estão na base do edifício
O modelo jidoka busca eliminar fontes de erros e do TPS. As atividades procuram gerar envolvimento
defeitos nos produtos ou na produção. É um pro- de todos na empresa, com discussões e trabalhos em
cesso que fornece condições para os operadores equipe e implementação do programa 5s, além de
de máquinas interromperem o fluxo caso haja treinamentos e da conscientização do pessoal quan-
uma anormalidade e eliminarem a fonte de erro to à filosofia da qualidade (MOURA et al., 2012).
de maneira mais autônoma.
É a criação de dispositivos à prova de erro, o SAIBA MAIS
66
DESIGN
Composição Geral
do Mobiliário
Para compreender o funcionamento de uma empre- conhecidas, ou inovando a partir do questionamen-
sa de móveis, precisamos, além de compreender a es- to daquilo que se tem atualmente, propondo materi-
trutura administrativa, entender a composição geral ais, usos e processos produtivos na criação de novos
do mobiliário. Este conhecimento ajudará a assimilar produtos ou tecnologias.
os processos produtivos dessas peças e a identificar Um exemplo interessante é o casal Charles e Ray
as oportunidades de inovação no design de móveis. Eames, que continuamente inovou nas formas de
Vamos conhecer os componentes gerais dos uso do compensado e trabalhou junto à indústria
móveis e entender como eles relacionam-se. Esta abor- para o desenvolvimento de novas metodologias e
dagem tem em vista as questões especificamente técni- técnicas para, desta forma, alcançar o desempenho
cas que fazem parte de qualquer projeto de design. e a estética almejada em seus projetos.
A partir desse conhecimento, o pensamento cri- Para Löbach (2000), o processo de design consiste
ativo e a inovação podem desenvolver-se, seja sob em um processo criativo, como também um processo
a forma de escolhas e de configurações novas para de solução de problemas. Para o autor, no desenvolvi-
os componentes existentes, criando peças que são mento do produto, existe uma série de análises que
diferenciadas, sem descartar as técnicas produtivas devem ser feitas (LÖBACH, 2000, p. 142):
67
68
DESIGN
Figura 6 - Balcão
Fonte: a autora.
• Laterais: função de estrutura e fechamento qualquer peça que se deseje fechar todo o
lateral, determina a altura e a profundidade topo do nicho.
da peça. Por ser um material estrutural, a sua • Sarrafos: peças de travamento superior e tra-
espessura precisa suportar o peso a que se seiro do nicho, usados no topo de balcão, na
destina. No caso de móveis residenciais, é co- horizontal ou na vertical, para o travamento
mum o uso para todo o módulo de painéis de da frente e parada das portas e, no fundo, para
15-25 mm de espessura, entretanto, móveis a estabilidade do nicho, podendo ser instalado
populares podem ser feitos com materiais por trás do painel de fundo. É utilizado quan-
mais finos (12 mm). do se coloca um tampo externo (do mesmo
• Base: função de estrutura dos nichos respon- material ou não), como tampo de pia de grani-
sáveis pelo fechamento da base, determina a to, ou tampo de mesa que passe dos módulos.
largura e a profundidade da peça. • Fundo: painel de cobrimento do fundo do
• Topo: é uma peça na mesma medida que a nicho, pode ser encaixado por meio de canal
base, tem a função de fechamento total do rebaixado, pregado ou parafusado ao nicho.
topo do nicho, usado em armários altos, ar- Normalmente, em material mais fino, pois
mários superiores/aéreos, guarda-roupas e não tem função de estrutura.
69
70
DESIGN
71
Desta maneira, as portas ficam aparentemente sustentação e pela estabilidade, pois são a es-
embutidas, oferecendo um acabamento plano trutura primordial do móvel. Para estofados,
e refinado. O tamponamento é uma solução é o mesmo princípio.
que otimizou a produção, pois toda a mo- • Coluna: é um mecanismo composto por um
dulação é feita de um único tipo de madeira pistão a gás ou mecânico, que é responsável
(nichos internos todos brancos), e somente a pela altura do assento. Esta coluna é encapa-
aparência é diferenciada, como: portas, frentes da por um kit telescópico em polipropileno.
e tamponamentos. Podem ser aplicados so- • Flange: é o mecanismo feito em aço que une
mente nas laterais ou envelopar o móvel como o pistão ao assento. Esse mecanismo varia
um todo, dependendo do projeto. conforme o movimento desejado e possui,
• Rodapé: tem a função de sustentação ou de no mínimo, a regulagem de altura do assento,
acabamento linear abaixo da base do móvel. O porém, pode ter múltiplas regulagens.
rodapé facilita a abertura de portas e gavetas • Sefir e canopla: é o conjunto de ligação entre as-
para que não risquem ou não tenham dificul- sento e encosto que une a flange ao encosto da
dade para abrir por causa de algum desnível do cadeira. É formado por um tubo de aço em for-
piso, dos tapetes ou de outros objetos. O roda- mato L e, por meio da canopla, ajusta-se a altura
pé protege o móvel de danos, como: batida de da cadeira. A união do assento com o encosto
vassoura, umidade, entrada de sujeira, entre também pode ser feita por peça fixa, com uma
outros. Para armários com portas de correr sus- chapa grossa de aço em formato L, de maneira
pensas, a altura do rodapé é determinada pelo que a altura do encosto não seja mais regulável.
espaço mínimo exigido pelo kit de portas.
• Assento: é o conjunto de peças que com-
• Roda teto: é um acabamento estético para ar- preende uma chapa de base (geralmente de
mários embutidos e que fecha o vão entre os compensado moldado ao desenho do assen-
módulos e o teto. É utilizado porque, como a to), podendo conter molas ou percintas (fitas
maioria dos ambientes apresenta algum desní- elásticas de sustentação do assento), sobre-
vel, a estrutura do armário não deve ser feita na postas por um estofamento com espumas e
medida final do pé-direito. tecido. O assento tem a função de promover
conforto para a pessoa na posição sentada e
deve ser pensado de modo que seja voltado
COMPONENTES DE CADEIRAS
à ergonomia, ao tempo do uso e ao nível de
• Bases: são os elementos de estrutura e fi- conforto que deve promover. A escolha da
xação do assento e do encosto de cadeiras, forma e das camadas de material varia con-
poltronas e estofados. Podem ser fixas (bases forme a necessidade específica.
em aço tubular ou madeira); móveis, em for- • Encosto: é formado pelo conjunto de peças com
mato de estrela (com rodízios de silicone ou a função de apoiar as costas do usuário na posi-
polipropileno); componíveis, tipo longarina ção sentada. Pode ser fabricado da mesma ma-
(uma base de aço fixa para vários assentos); neira que o assento, mas, por não ser uma peça
empilháveis (com pés que se encaixam com de sustentação, a espuma pode ser mais macia
facilidade), entre outros aspectos. De mate- (densidade menor). Para escritórios, é interes-
riais variados, devem ser analisados princi- sante notar as cadeiras com apoio lombar, que
palmente pela resistência à deformação, pela ajudam a diminuir o esforço da coluna nesta re-
gião, oferecendo mais descanso ao usuário.
72
DESIGN
Encosto
União em L
ou Sefir c/
Canopla
Braço Assento
Flange
Coluna a gás
Base Estrela
73
considerações finais
74
atividades de estudo
2. Nesta unidade, conhecemos uma nova perspectiva a respeito das relações en-
tre forma e função no design, incluindo um terceiro ponto, a fabricabilidade. A
respeito desses três aspectos, que devem ser cuidadosamente observados
pelo designer, é correto afirmar que:
a. O processo produtivo não interfere na estética da peça, pois ela é resultado
do projeto de design.
b. A função determina a forma das peças, por isto, o designer deve projetar con-
forme o modelo ideal de produto para aquela função.
c. Um bom design é aquele que atende a uma demanda real, com estética e
identidade, que seja passível de fabricação, sendo lucrativo e sustentável.
d. O designer deve concentrar-se na especificação dos projetos, cabendo à in-
dústria preocupar-se com a origem dos materiais e o destino dos produtos.
e. O designer consegue determinar todos os usos de seu produto, pois define
claramente, por meio da forma, qual a sua função e o que ele deve desempe-
nhar.
75
atividades de estudo
4. Löbach (2000) propõe que, na busca pela solução dos problemas de design,
uma das etapas consiste, entre outros aspectos, na análise das funções, das
estruturas e das configurações dos produtos. Com base no que estudamos,
relacione essas análises à importância de se entender os componentes do
mobiliário.
5. Das estruturas de um mobiliário, a caixa é o modelo mais simples, resistente e
versátil. A respeito desta estrutura, comente sobre os seus elementos cons-
trutivos: lateral, base, topo, sarrafos e fundo, destacando as suas funções.
76
LEITURA
COMPLEMENTAR
CONCEITOS DO 5S
77
LEITURA
COMPLEMENTAR
rança a qualquer momento. Significa estabelecer um padrão ou arranjo das partes, seguindo
algum princípio ou método racional. Popularmente, seria “cada coisa no seu devido lugar”.
c) Senso de Limpeza (Seiso): significa muito mais do que melhorar o aspecto visual de um
equipamento ou ambiente. Significa preservar as funções do equipamento e eliminar riscos
de acidente ou de perda da qualidade. Eliminação das fontes de contaminação, utilização
de cores claras e harmoniosas e o revezamento nas tarefas de limpeza, contribuem para
a motivação e a manutenção deste senso. Segundo Osadaet al (1998), a sistematização da
limpeza pode se dividir em três partes: 1. Nível macro, que é a limpeza de todas as áreas; 2.
Nível individual, que seria a limpeza de áreas específicas; e 3. Nível micro, limpar as partes
dos equipamentos específicos.
d) Senso de Saúde e de Higiene (Seiketsu): segundo Badke (2004), o Senso de Saúde signi-
fica criar condições favoráveis à saúde física e mental, garantir um ambiente não agressivo
e livre de agentes poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (banhei-
ros, cozinha, restaurante etc.), zelar pela higiene pessoal e cuidar para que as informações
e comunicados sejam claros, de fácil leitura e compreensão. Além da ênfase ao cuidado
e ao asseio com uniformes, com ferramentas e com os objetos e utensílios utilizados no
setor de trabalho ser o ponto marcante desse senso. Temos como exemplos: uso de EPI -
Equipamento de Proteção Individual; sinalização de lugares perigosos com placas; ter bom
relacionamento dentro da equipe; ler e respeitar as recomendações de segurança para uso
dos equipamentos; adotar e facilitar as práticas de higiene pessoal.
e) Senso de Autodisciplina (Shitsuke): esse conceito prega a educação e a obediência às
regras de trabalho, principalmente no que se refere à organização e segurança. É uma mu-
dança de conduta que assegura a manutenção dos demais sensos, já implantados.
78
LEITURA
COMPLEMENTAR
Benefícios do programa
Uma das metas do programa é mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um
melhor comportamento, de comprometimento não somente com o seu trabalho, mas ado-
tar mudanças para a vida. Não deve ser um acontecimento episódico, deve se tornar uma
nova maneira para a contribuição de benefícios para a organização, como maior produtivi-
dade devido à redução de tempo despendido na busca por objetos, redução de despesas,
sendo que os materiais serão melhor aproveitados, diminuição de acidentes de trabalho e
colaboradores mais satisfeitos também são propósitos essenciais do programa 5S.
Segundo Martins et al. (2007), dos benefícios alcançados com o programa 5S, em geral,
destacam-se:
• minimização de quantidade de materiais, mobiliário e equipamentos em desuso
nas áreas de trabalho;
• maior disponibilidade de espaço e melhor distribuição ambiental;
• redução de desperdício;
• economia de tempo;
• redução de acidentes;
• reaproveitamento de materiais;
• incentivo ao trabalho em equipe;
• melhoria da qualidade do ambiente de trabalho;
• melhoria da organização e da limpeza do ambiente de trabalho.
79
material complementar
80
referências
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Em:<https://www.historycrunch.com/working-conditions-in-the-industrial-revo-
lution.html>. Acesso em: 9 mar. 2018.
2
Em: <http://blog.radissonblu.com/the-birth-of-the-egg/>. Acesso em: 9 mar. 2018.
Em: <http://www.crwconsultoria.com.br/sistema-toyota-producao>. Acesso em: 9
3
mar. 2018.
81
gabarito
1. D.
2. C.
3. D.
4. Os componentes dos mobiliários permitem uma gama incrível de configura-
ções estéticas e estruturais que podem ser combinadas para satisfazer os ob-
jetivos, sejam visuais (semântico-estéticos) ou funcionais (pragmáticos), por
isto, é fundamental que conheçamos as qualidades físicas e as funções que
cada peça pode desempenhar para que, em um conjunto estrutural comple-
xo, possam dar forma ao design.
5. Laterais: função de estrutura e fechamento lateral, determina a altura e a pro-
fundidade da peça. Por ser um material estrutural, a sua espessura precisa
suportar o peso a que se destina. No caso de móveis residenciais, é comum
o uso para todo o módulo de painéis de 15-25 mm de espessura, entretanto,
móveis populares podem ser feitos com materiais mais finos (12 mm). Topo: é
uma peça na mesma medida que a base, tem a função de fechamento total do
topo do nicho, usado em armários altos, armários superiores/aéreos, guarda-
-roupas e qualquer peça que se deseje fechar todo o topo do nicho. Sarrafos:
peças de travamento superior e traseiro do nicho, usados no topo de balcão,
na horizontal ou na vertical, para o travamento da frente e parada das portas
e, no fundo, para a estabilidade do nicho, podendo ser instalado por trás do
painel de fundo. É utilizado quando se coloca um tampo externo (do mesmo
material ou não), como tampo de pia de granito, ou tampo de mesa que passe
dos módulos.
82
UNIDADE
III
PROCESSOS PRODUTIVOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Produzindo com madeira natural
• Produzindo com painéis de madeira
• Produzindo com metal na movelaria
• Produzindo com materiais sintéticos
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender processos produtivos de móveis de madeira natural.
• Compreender técnicas de produção e processos produtivos de
móveis de painéis de madeira pré-composta.
• Compreender processos produtivos de peças de aço para
movelaria.
• Compreender processos produtivos para materiais sintéticos.
unidade
III
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a)! Começamos a terceira Unidade do livro da dis-
ciplina de design de produtos. Nesta unidade, temos como objetivo
principal compreender a complexidade e a importância dos proces-
sos produtivos nas soluções de design para um novo produto.
Desde os anos 90 que as empresas brasileiras têm percebido a importân-
cia de aliar o design à engenharia de produtos. Estes dois componentes são
fundamentais para criar um diferencial competitivo. As empresas têm, então,
investido não somente apoiadas no custo, mas também na qualidade, na ma-
nufaturabilidade e na atratividade ao consumidor
O designer deve considerar que as principais ligações entre materiais e
forma surgem a partir de limitações que as matérias-primas possam suportar
(ASHBY; JOHNSON, 2011). Respeitando essas características, cada material
exige uma forma de manipulação específica para ser transformado em uma
peça de design. Por isto, é tão importante compreender as técnicas preexisten-
tes e os processos de produção que foram desenvolvidos para a marcenaria e
que podem, de uma forma ou de outra, determinar o design de um mobiliário.
Primeiramente, vamos conhecer o processo produtivo da madeira. Visar
a cada parte da transformação desta matéria-prima, desde a extração na na-
tureza, o processo de corte e secagem das toras, assim como os processos dos
mobiliários que utilizam a madeira natural para confecção das peças. Na se-
quência, veremos os produtos compostos, como painéis de MDF, MDP e com-
pensado. Acompanharemos o processamento desses materiais na fábrica, al-
guns sistemas de cortes e especificidades que otimizam a produção moveleira.
Por fim, vamos explorar diversos processos produtivos de mate-
riais, como o aço, a fibra de vidro e o plástico para o ramo moveleiro.
Estas abordagens são feitas para que o projeto de design possa ser o
mais assertivo e inovador possível.
Produzindo com
Madeira Natural
A madeira natural já foi a base primordial do mobi- A indústria moveleira depende do corte de árvores
liário em geral. Esta produção dependia de uma ex- de médio porte para a obtenção de tábuas com lar-
ploração da floresta nativa ou plantada. Entretanto, guras maiores, com estabilidade vertical e a mínima
com o avanço das lâminas de compensado e do aço quantidade de nós e de manchas nos veios da peça.
no início do século XX, vimos uma transformação Existem vários tipos de madeiras para funções
da indústria moveleira e, por fim, as chapas de MDP distintas na movelaria. Uma das mais comuns é a
e de MDF sedimentaram a forma como utilizamos a madeira pinus. Segundo Moura et al. (2012), o Pinus
madeira na maioria dos móveis atualmente. Taeda (Pinus Elliotti) vem sendo plantado há mais de
88
DESIGN
um século no Brasil, e seu principal uso é como fon- CLASSIFICAÇÃO DAS TORAS
te para as indústrias de madeira serrada e laminada,
chapas e resina. Mesmo para o seu uso contempo- A classificação das toras é feita conforme o diâmetro
râneo, ainda é necessário um cuidadoso estudo no médio da peça. A árvore é dividida em três partes: o
corte da tora para se obter pranchas mais largas ou diâmetro da ponta fina (mais próximo aos galhos), o
maiores, conforme a possibilidade do material. diâmetro médio (a média entre o diâmetro da ponta
grossa e da ponta fina) e o diâmetro da ponta grossa
SAIBA MAIS (mais próximo da base da tora). A tabela a seguir
demonstra a classificação e os destinos para as dife-
Você conhece o Selo FSC? rentes dimensões de toras.
O FSC, Forest Stewardship Council (Conselho
de Manejo Florestal), é uma certificação de um
órgão independente que fiscaliza as condições
de plantio e de manejo das florestas, além CORTE
da sua cadeia de custódia, como serrarias,
fabricantes ou designers (MOURA et al., 2012). Ao chegar à indústria, os caminhões com a madeira
Isto é, este selo garante que o manejo da flo-
resta está sendo feito de maneira sustentável, são pesados (na entrada e na saída) para o controle
com trabalhadores em ambientes seguros e da matéria-prima. Na sequência, as toras são empi-
dignos. Exigem um alto controle e rastreabi- lhadas e aguardam o desdobro.
lidade das peças, garantindo a manutenção
da floresta e a origem dos materiais. O desdobro consiste na retirada das camadas
externas da tora em madeira serrada, com o proces-
Fonte: adaptado de Moura et al. (2012).
samento de toras elípticas ou circulares para peça
retangular. As peças passam por um conjunto de
CLASSIFICAÇÃO DE TORAS
CLASSE DIAMÉTRICA (cm) DESTINAÇÃO
8 a 18 Celulose/Particulados (MDF/MDP).
89
máquinas que farão o corte da madeira em tábuas e, normalmente, não ser aparente, ele é indicado para
e pranchas com bitolas (espessuras) diferentes con- interior de estofados, para embalagens, entre outros.
forme a necessidade. A madeira serrada é distribu-
ída em grades e pronta para a secagem. Os resíduos SECAGEM
gerados são picados em cavacos para o abastecimen-
to de caldeiras ou separadas para a venda em outro Após o corte das peças, a madeira “verde” é submeti-
segmento industrial. da à secagem para a redução de seiva e água no mio-
lo das chapas. A secagem é um dos processos mais
TIPOS DE CORTE importantes do tratamento da madeira natural e as
suas principais vantagens são:
O corte radial é mais indicado para o uso em que a es-
tética, a resistência e a largura da madeira são impor- [...] redução da alteração das dimensões das
peças serradas; redução da umidade inicial da
tantes, como peças de madeira aparente com design de
madeira; redução dos custos de transporte; re-
alto padrão etc. O corte tangencial é mais indicado para dução do ataque de fungos manchadores e apo-
economia de custo e agilidade. Por ser mais em conta drecedores; melhoria na eficiência de tratamen-
90
DESIGN
tos com produtos de proteção ou acabamento • Classe nº 2: para o uso de aplicações em edi-
superficial, melhoria na aderência em produtos ficações em geral e que requer valores mode-
colados; melhoria na fixação em juntas prega- rados de resistência e rigidez.
das ou parafusadas; melhoria nas propriedades
• Classe nº 3: recomendada para edificações
de isolamento térmico acústico e de eletricida-
que permitem valores baixos para proprieda-
de (MOURA et al., 2012, p. 37).
des de resistência e rigidez, e cuja aparência
não é um fator importante (o caso de emba-
Esse processo pode ser feito ao ar livre, o que deman- lagens e de camas de pallets).
da mais mão de obra, espaço físico e tempo, ou em A seguir, trazemos uma lista desenvolvida por Mou-
estufas com o controle exato de umidade e de tem- ra et al. (2012) sobre os aspectos que são considera-
peratura para cada tipo de madeira, o que exige uma dos para a classificação do pinus e que podem servir
estrutura industrial mais avançada, porém, a veloci- de exemplo para outros tipos de madeira, ou defei-
dade e o volume de produção são muito maiores. tos ou condições limites admissíveis.
É no processo de secagem que aparecem os prin- • Encurvamento: curvatura da peça ao longo
cipais defeitos das peças de madeira, podendo ser do comprimento, com curvatura no plano
provocados pela qualidade do material, assim como maior da face.
pelo próprio processo de secagem. Segundo Burger • Encurvamento complexo: encurvamento da
peça com curvaturas para lados contrários.
e Ritcher (1991), dentre esses defeitos, um muito co-
• Torcimento: uma extremidade da peça gira
mum é o empeno, que se caracteriza pelas curvatu-
para o lado contrário ao da outra extremidade.
ras da madeira em relação ao seu plano original.
• Arqueamento: curvatura da peça ao longo do
comprimento, com a curvatura no plano me-
Classificação da madeira nor da face.
• Encanoamento: curvatura da peça ao longo
Uma vez secas, as peças são selecionadas individu- da largura.
almente e analisadas pela classificação visual e não • Esmoado: quina da peça de madeira danifica-
destrutiva da madeira. Essa classificação divide a da por qualquer motivo.
peça em quatro grupos de qualidade, separando • Rachaduras: aberturas lineares na peça. Po-
pela quantidade aceitável de defeitos na peça. Estas dem ser somente superficiais ou podem atra-
características, além de alterarem a estética da peça, vessar a espessura da peça.
vão exigir tratamentos diferentes dentro da produ- • Bolsa de resina: buracos na madeira preen-
chidos por resina.
ção para o seu aproveitamento. Dependendo do ní-
• Furos de insetos: furos na madeira causados
vel de defeitos, a peça é classificada como apresenta-
por insetos. Podem ser ativos, ou seja, ainda
do a seguir.
estão ocorrendo atividades desses insetos no
• Classe Estrutural Especial EE (classe estru- buraco; ou inativos, ou seja, inseto abando-
tural especial) e Classe nº 1: para o uso que nado ou morto.
requer resistência e rigidez, assim como boa
• Galeria: escavação (caminhos/túneis na ma-
aparência.
deira) feita por insetos.
91
REFLITA
Tupia Manual
Peças do mesmo tipo podem ter grandes va-
riações físicas e mecânicas. É necessário fazer
a classificação visual das madeiras, separando
as peças por grupos de qualidades distintas,
facilitando o destino para usos específicos.
Uma vez selecionada, a madeira fica estocada na in- A prancha passa por máquinas de desempeno e de-
dústria, pronta para a sua utilização. A sua transfor- sengrosso, que consistem em procedimentos para
mação dentro da produção exige uma mão de obra estabilizar a espessura da madeira e aplainar a peça,
92
DESIGN
93
94
DESIGN
Pintura
Pré-acabamento
SAIBA MAIS
Faz-se o desbaste, eliminando marcas deixadas
Conheça o processo de fabricação de uma pelas máquinas de corte ou os pequenos nós e de-
cadeira Thonet. No link do vídeo a seguir há feitos na madeira, desníveis, farpas, ondulações
vários processos que apresentamos nesta etc. Neste ponto, são passadas massas (coloridas
unidade. Observe o processo de dobra da ma-
deira que passou pelos fornos de autoclave, ou com tom acinzentado) para cobrir as imperfei-
pelos moldes e pelas prensas, a extrusão da ções e, depois, a peça é inteiramente lixada para
madeira, a pintura, entre outros processos. deixar a superfície lisa e homogênea.
Disponível em: < https://www.youtube.com/
watch?v= QovhXq9-MDU>.
Fonte: a autora.
95
96
DESIGN
Pré-montagem e embalagem
97
Produzindo com
Painéis de Madeira
Os painéis de madeira facilitaram o processo produ- bilidade, podendo ser cortadas ou usinadas para dar
tivo para a indústria moveleira. Diferentemente das estrutura ao mobiliário em geral.
peculiaridades individuais das peças de madeira na- As características das chapas, como: acabamen-
tural, eles garantem a padronização das chapas, a le- to, composição, espessura, largura e comprimento
veza e a estabilidade das peças produzidas em série. seguem padrões convencionados e variam conforme
Os painéis mais comuns hoje são: compensado, seu uso ou função.
MDF (Painel de Fibra de Média Densidade), MDP A transformação das chapas no processo pro-
(Painel de Partícula de Média Densidade) e OSB dutivo consiste, de forma geral, em corte, lamina-
(Painel de Tiras de Madeira Orientadas) que, por ção, bordeamento, usinagem, pintura (conforme o
sua vez, são chapas planas de média à excelente esta- caso), limpeza, pré-montagem e embalagem. Muitas
98
DESIGN
chapas, como MDF e MDP, vêm de fábrica com o O maquinário utilizado para o corte são as serras
acabamento final na superfície do painel, sem a ne- (de bancada ou de mão), seccionadoras semiauto-
cessidade de ser laminadas com melamina ou com máticas, ou de pinça, e centros de usinagem (CNC).
lâmina de madeira, saindo diretamente do corte As seccionadoras são as máquinas mais comuns na
para o bordeamento ou a usinagem. produção de móveis, realizam cortes lineares (retos)
e precisos com excelente acabamento. Serras manu-
O CORTE ais, tupias e CNCs permitem cortes mais orgânicos
ou angulares. No caso de corte em meia-esquadrias,
O corte consiste na secção dos painéis em peças em 45º graus. Algumas seccionadoras também têm
menores, seguindo as especificações do projeto de esta função, entretanto, não é o padrão.
design, que são, por sua vez, detalhadas em milíme- Vamos a um exemplo prático. Observe esta cozi-
tros. A maioria das máquinas cortam em uma linha nha modular apresentada na Figura 2.
reta que cruzam todo o painel.
Compreender isto é importan-
te, tendo em vista que, no pla-
nejamento, procura-se obter a
maior quantidade de peças com
o mínimo de desperdício possí-
vel. Este processo é conhecido
como otimização da chapa.
No departamento de P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento),
desenvolve-se um desenho de
como a chapa deverá ser cor-
tada, além de uma listagem das
peças que sairão daquele plano
de corte. Em pequenas empre- Figura 2 - Projeto de cozinha modular
sas, este projeto pode ser feito manualmente, mas ele Fonte: a autora.
99
o corte e envia as fichas técnicas para fabricação e Neste caso, o primeiro corte separou a chapa
almoxarifado (separação dos materiais). em três grandes blocos. Após este passo, o operador
O programa distribui cada peça nas chapas de pega somente o bloco número 1, vira a chapa a 90º
2,75 x 1,83m conforme a espessura, calculando o graus na bandeja da máquina para começar o cor-
mínimo de desperdício possível. A sobra de material te número 2 e 3 na sequência. Essas peças do bloco
será aproveitada em outros projetos ou separada para número 1 estão prontas, são etiquetadas e separadas
reciclagem. Deste corte é gerado uma listagem e eti- para a fase seguinte da produção. O mesmo acontece
quetas para identificação peça a peça, além de uma com os demais blocos.
lista de compras/separação de material. Vamos ver de Note que o plano teve um aproveitamento ex-
perto a sequência de corte do MDF branco de 15 mm. celente da chapa com uso de 92% do material. No
Observe que os cortes longitudinais ou trans- entanto, o número de cortes foi de 45. Quanto mais
versais são sempre contínuos. A peça é cortada de peças iguais, menor será a quantidade de processos
ponta a ponta, pois a serra corre por toda a exten- de corte, por isso, é comum otimizar vários projetos
são da chapa. Por isto, a sequência de processos é de uma única vez, assim, o tempo de produção e o
importante. desperdício serão menores.
100
DESIGN
Vale destacar que, em painéis madeirados, o sentido bordas. Este processo pode ser feito manualmente
do veio determina as linhas de corte para manter o ou com máquinas de bordeamento automático.
desenho no mesmo alinhamento do padrão de aca- Uma coladeira de borda traciona a peça presa a
bamento na hora da montagem. Acarretando, assim, roletes e, em seguida, cola, refila e limpa um lado
maior desperdício na chapa, porém, ganha-se na por vez. Essa coladeira é um maquinário que econo-
apresentação final do produto. miza muito tempo e mão de obra numa produção.
Manualmente, é necessário passar a cola de contato
SAIBA MAIS na fita e no painel, esperar secar, unir os dois, refilar
e limpar lado a lado.
A otimização de chapa é o estudo do corte
dos painéis por meio de softwares ou ma- USINAGEM
nualmente, para melhor aproveitamento do
material, reduzindo o desperdício e a quan-
tidade de processos de corte. O processo de usinagem consiste em fazer as fura-
ções para encaixe das cavilhas, minifix, rebaixos para
Fonte: a autora.
dobradiças, canais para encaixe de fundo, rebaixo de
puxadores e demais usinagens que sejam necessá-
rias. Os maquinários para este processo são tupias
LAMINAÇÃO manuais ou de bancada (uso de fresas e brocas), fu-
radeiras manuais, furadeiras múltiplas e CNCs.
Após o primeiro corte, se um painel não possui aca- As furadeiras múltiplas possuem cabeçotes com
bamento em melamina, nos casos do MDF cru, da vários mandris em que se encaixam brocas e fresas
chapa de compensado etc., é feita a prensagem, por conforme a necessidade. A sua configuração é base-
meio de cola à base d’água ou cola de contato, das ada no Sistema 32 mm, que permite séries de fura-
lâminas de madeira natural, das madeiras pré-com- ção de maneira padronizada.
postas ou das melaminas de alta pressão. Esse sistema é um padrão de furação desenvol-
Uma vez seca, a peça volta para um segundo cor- vido na Europa que estabelece uma distância de 32
te (ou refilamento) para retirar os excessos de lâmi- mm entre o centro de um furo e o próximo, ou seja,
na ou de melamina. os furos serão calculados em múltiplos de 32 mm
no eixo vertical ou horizontal da máquina. Assim,
BORDEAMENTO é possível colocar várias brocas ao mesmo tempo e
manter um padrão de furação da peça.
Os painéis de madeira recomposta ou de compensa- A maioria dos componentes de móveis seguem
do não possuem acabamento nas laterais da chapa; esse sistema. Os pontos de fixação de uma dobra-
uma vez cortada, ela mostra o miolo do material. diça estão a 32 mm um do outro, o mesmo ocorre
Para proteger a peça contra a água e dar o acaba- em corrediças. Em armários em série, é comum ob-
mento fino, é colada uma fita em PVC ou ABS nas servar esse padrão na lateral das peças, para que o
101
cliente possa alterar a altura das prateleiras como for sim como Thonet, eles desafiaram os limites do
conveniente a ele. Para isto, é feito uma sequência de material e aprimoraram a técnica de moldagem
furos longitudinalmente, e com suportes encaixados com chapas de compensado.
nos furos, é fácil fazer a alteração da altura da peça. Em seu trabalho para as cadeiras DCW e LCW,
Este sistema aumenta as possibilidades de con- eles conseguiram fazer assentos e encostos curvos,
figuração das peças, diminui os processos de fabri- assim como peças componíveis por meio da nova
cação e facilita a montagem, padronizando os ga- técnica. Esta consiste em lâminas de compensado
baritos e diminuindo a necessidade de mão de obra que são colocadas entrecruzadas com cola, sendo
especializada (VALE, 2011, on-line)1. a última camada revestida com uma lâmina de ma-
deira natural decorativa. O conjunto é prensado em
uma fôrma matriz de aço que sela as camadas em
uma unidade firme e estável no formato escolhido.
Após este passo, a peça é cortada automaticamente
em uma máquina CNC, recebendo o seu desenho
final. São feitos também os rebaixos para os amor-
tecedores de borracha e o engate dos parafusos, se-
guindo para a pintura e o estofamento posterior.
A técnica da moldagem do compensado permitiu
uma incrível variedade de modelos de cadeiras com as-
sentos mais anatômicos e confortáveis que mantinham
a estética da madeira sem perder a qualidade estru-
tural. Observe, a seguir, a beleza da poltrona CH101,
criada pelo designer dinamarquês Hans Wegner.
MOLDAGEM DO COMPENSADO
102
DESIGN
Produzindo com
Metal na Movelaria
O metal ganhou espaço na movelaria a partir do fi- da forma limpa do aço tubular cromado para criar
nal do século XIX, como pudemos observar no es- desenhos minimalistas e funcionais, combinando as
tilo Art Nouveau, com o uso do ferro fundido em suas peças com vidro, couro e madeira.
cadeiras, mesas e na arquitetura em geral. Mas é na
escola da Bauhaus que vamos ver o aço tubular ga- CORTE
nhar destaque e ser a base do mobiliário moderno.
O aço tubular promovia mais leveza do que o O metal permite uma série de metodologias para a
aço fundido, além da estabilidade e da facilidade na obtenção de peças de movelaria, por ser resistente e,
produção em série. Gênios do design, como Marcel ao mesmo tempo, moldável, alterável em sua com-
Breuer, Mies Van der Rohe e Eileen Gray abusavam posição primária (combinação de ligas metálicas) e
103
CONFORMAÇÃO MECÂNICA
104
DESIGN
105
Produzindo com
Materiais Sintéticos
Os materiais sintéticos correspondem aos mate- leno, espuma de estofados, tecidos com fibra sinté-
riais desenvolvidos artificialmente pelo ser humano tica, além de mecanismos de estrutura, de fixação e
ou que não são extraídos diretamente da natureza. muito outros que contribuíram para a variedade de
Dentre eles, encontramos os plásticos, o vidro, o formas, cores e usos, entre outras vantagens.
nylon e muitos outros que são produzidos a partir
de materiais diversos, sejam eles naturais ou previa- FIBRA DE VIDRO
mente transformados pelo ser humano.
Para a indústria moveleira, os materiais sintéti- A fibra de vidro é um material resistente e altamente
cos ampliaram toda uma gama de produtos, como moldável, sendo base para as primeiras cadeiras-con-
assentos de cadeiras em fibra de vidro e polipropi- cha, entre outros modelos, antes da descoberta do
106
DESIGN
OUTROS MATERIAIS
107
considerações finais
108
atividades de estudo
109
atividades de estudo
3. Os painéis de madeira MDF, MDP ou compensado são uns dos materiais mais
utilizados na fabricação de móveis em série hoje. As suas características con-
quistaram o interesse dos fabricantes que, pouco a pouco, deixaram de utilizar a
madeira natural como componente principal do móvel. Comente sobre as van-
tagens do uso de painéis de madeira em relação à madeira natural.
4. Ao utilizarmos os painéis de madeira, o plano de corte é uma das principais eta-
pas do processo de fabricação. O correto planejamento economiza matéria-pri-
ma e mão de obra. Em relação às vantagens da otimização do corte dos painéis
de madeira, é correto afirmar que:
I. Garante maior aproveitamento da chapa, diminuindo desperdícios.
II. Permite o controle de qualidade em relação a fungos e cupins na peça.
III. O plano de corte otimizado promove listagem das peças, etiquetas de identifi-
cação, lista de compras e controle das sobras.
IV. A otimização visa a alterar o tamanho dos cortes para fazer com que todas as
peças caibam em uma única chapa.
110
LEITURA
COMPLEMENTAR
111
LEITURA
COMPLEMENTAR
mente uma substância natural primária, densa e dotada de calor, mas antes um
simples signo cultural deste calor, e reintegrado na qualidade de signo, como tantas
outras “matérias” nobres, no sistema do interior moderno. Não mais madeira-ma-
téria, madeira-elemento. Não mais qualidade de presença, mas valor de ambiência
(BAUDRILLARD,1973, p. 46).
Para Manzini (1993), a madeira é como um material familiar, provido de uma identi-
dade reconhecível. Historicamente, a madeira faz parte da identidade do mobiliário e
são seus elementos visuais que compõem a aparência da superfície do móvel. O au-
tor reflete a respeito das superfícies aplicadas sobre substratos, como os tecidos para
estofados, os papéis de parede e as lâminas de madeira para móveis, que são algu-
mas das estratégias históricas de utilização de um material existente, para se tornar
a pele de um objeto, camuflando materiais menos nobres e atribuindo a eles as suas
próprias qualidades. As possibilidades evoluíram para soluções de alta complexida-
de funcional e esse enobrecimento também pode ser feito com papéis decorativos,
criando superfícies coloridas, lisas ou texturizadas, ou por laminados plásticos cujas
superfícies têm grande resistência mecânica, em qualquer padrão e cor
[...].
Considerações Finais
O apelo estético do design de superfície faz com que esta seja uma área de desenvolvi-
mento atraente e motivadora para a maioria dos designers de móveis que, porém, não
têm sido preparados e convocados para participar desse processo. O designer é atraído
com facilidade pela hibridação cultural, em um setor produtivo que, em um período re-
cente da história, passou a ser direcionado pela globalização, que é impulsionada pelas
grandes feiras internacionais de móveis e matérias-primas.
112
LEITURA
COMPLEMENTAR
Ainda que existam estudos sobre o segmento moveleiro que discutam a importação de
tendências e os efeitos da hibridação cultural, percebe-se uma falta de interação sobre
os processos e as interfaces que levam ao surgimento das matérias-primas utilizadas
pelas indústrias de móveis. A atuação dos designers no campo da superfície tende a ser
considerada somente a partir da procura e da especificação de materiais já existentes,
que são fornecidos para o mercado por empresas multinacionais lançadoras de ten-
dências, sem analisar as etapas que antecedem o seu desenvolvimento.
Atualmente existem diferenças tanto no desenvolvimento quanto na qualidade final do
design de superfície, que é produzido para atender às demandas do setor moveleiro.
De um lado estão empresas globais, que lançam novas tendências de mercado e forne-
cem o papel decorativo para acabamento dos PMR, do outro, as empresas de pequeno
e médio porte, que acompanham as tendências e complementam o desenvolvimento
dos móveis com componentes e outras partes que denotam carência de desenvolvi-
mento especializado no acabamento superficial.
Um mesmo conceito de desenho ou estilo de desenho é reproduzido por diversos for-
necedores em materiais e tecnologias diferentes, utilizando uma variedade muito gran-
de de resinas e pigmentos que resultam em propriedades como, por exemplo, brilho,
textura, resistência e temperatura que também são diferentes. Cabe aos designers das
indústrias de móveis planejados a configuração de seus produtos com a combinação
desses materiais, de acordo com seus interesses, fornecedores estratégicos, processos
e tecnologias disponíveis.
113
material complementar
114
DESIGN
115
referências
gabarito
1. B.
2. B.
3. Os painéis de madeira facilitaram o processo produtivo para a indústria mo-
veleira. Diferentemente das peculiaridades individuais das peças de madeira
natural, eles garantem padronização das chapas, leveza e estabilidade das
peças produzidas em série. As suas características, como acabamento, com-
posição, espessura, largura e comprimento seguem padrões convenciona-
dos e variam conforme o uso ou a função.
4. B.
5. D.
116
UNIDADE
IV
COMPOSIÇÃO DO MOBILIÁRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Componentes de base
• Componentes de montagem
• Componentes de acessórios
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender as características dos componentes de base da
movelaria.
• Aprender sobre os principais componentes de montagem.
• Assimilar os conhecimentos principais dos componentes de
acessórios.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), nesta unidade, daremos continuidade aos ele-
mentos constitutivos dos mobiliários em geral. Já conhecendo a
configuração geral de um móvel, separamos em três categorias
os principais componentes que constituem um mobiliário.
A primeira categoria chamaremos de componentes de base e cor-
respondem aos materiais para a formação do corpo ou da estrutura da
maioria dos móveis. Os componentes de base são painéis, bordas, lâmi-
nas, tubos de aço, esquadrias de alumínio e demais peças que são forma-
doras de caixas, prateleiras, pés de aço, entre outros.
Na segunda categoria, serão abordados os componentes de monta-
gem. Eles correspondem a toda gama de produtos que servem de cone-
xões entre as peças, firmamento das estruturas, fixação dos dispositivos
de abertura de portas, gavetas e basculantes, entre outros aspectos.
Em terceiro lugar, veremos os componentes acessórios que, por sua
vez, correspondem às peças avulsas, que não interferem nem diretamente
no corpo e nem na montagem do módulo, mas mudam relações de altu-
ra, de tipo de estrutura e furações que se façam necessárias.
Ao longo desta unidade, você observará uma série de exemplos de
como calcular os módulos ou as peças, dependendo do mecanismo. O
que queremos é que você tenha estes dados como guia para futuras apli-
cações. Na Unidade V, faremos passo a passo os exemplos práticos de
como eles são utilizados.
Convidamos você a, nesta leitura, desenvolver o olhar atento às com-
posições, encaixes, conexões, ferramentas e acessórios que fazem parte
dos móveis ao seu redor. Essa observação o(a) auxiliará a compreender
os assuntos desta unidade, assim como ela fará parte do seu dia a dia
como designer, por meio da descoberta de novas oportunidades de ino-
vação para os seus futuros projetos.
Componentes
de Base
Os componentes de base são os elementos primá- caixotes, portas e gavetas. Primeiramente, consi-
rios que definem a estrutura principal do móvel deremos as principais características do MDF, do
que desejamos projetar. Eles correspondem ao tipo MDP e do compensado. Todos eles são superfícies
de painel adequado para o corpo, as espessuras do retangulares, planas, lisas ou com microtexturas,
material, como será acabado etc. Esses componen- ou seja, é possível uma grande variedade de usos e
tes vão determinar toda a sequência de cálculos e a cortes desses materiais, desde que se respeite os seus
produção da peça. limites de comprimento, largura, espessura e resis-
tência. Vamos compreender alguns desses limites.
PAINÉIS • Em relação ao comprimento e à largura: se
projetarmos para além da medida do painel
A estrutura base de um móvel, atualmente, é defi- de MDF (exemplo: um balcão de 3 m; a cha-
pa tem 2,75 m de comprimento), teremos
nida pelos painéis utilizados para a composição de
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DESIGN
que pensar, então, em sistemas de união que utilizar um divisor ou uma escora por baixo,
travem as peças com firmeza, assim como na para que a peça não ceda. É de praxe dividir o
maneira de tornar a emenda menos evidente módulo em tamanhos menores por meio de
(um detalhe com friso, uma pintura, a cola- uma chapa mais espessa ou mais resistente,
gem de lâmina etc.) ou alterar o desenho para como o compensado.
o tamanho limite da chapa e evitar totalmen-
te a emenda. Painéis de compensado
• Em relação à espessura: se o projeto for de
uma espessura maior do que a do painel de
Os painéis de compensado mais comuns são os de ma-
madeira, é necessário que se faça um “sandu-
deira pinus ou virola prensados com cola branca, mais
íche” com outras chapas, ou seja, dois painéis
externos inteiros (serão a aparência da peça), simples e pouco resistentes, ou com resina fenólica
mais um quadro interno de ripas. Todos se- (compensado naval WBP, water and boil proof), muito
rão unidos por colagem e prensa, formando resistente a água e a vapor. Os painéis de compensado,
uma nova peça mais espessa. normalmente, não têm acabamento em melamina na
superfície, tendo que ser aplicado posteriormente.
SAIBA MAIS As lâminas de madeira são prensadas entrecru-
zadas, ou seja, uma camada de lâmina é colocada no
sentido contrário a outra, e esse cruzamento estabi-
O Tamburato é uma outra técnica para au-
mentar a espessura de um painel, com ma- liza as peças longitudinalmente e lateralmente, for-
terial mais leve e econômico. mando uma chapa muito resistente.
“Tamburato é um painel estrutural composto,
Segundo Cunha (2001), uma importante carac-
produzido com camadas externas de partí-
culas finas de madeira prensada e miolo em terística dos compensados é a sua boa resistência ao
colméia de papel reciclado. arranque de parafusos, que, sendo muito superior
O resultado é um painel para fabricação de
aos aglomerados (MDP), o torna adequado aos usos
móveis que exigem espessuras grossas, le-
veza no peso e bom desempenho [...]. Tem com maior solicitação de esforços por tração.
visual robusto mas é leve, por ser formado por O compensado não vem de fábrica laminado na
duas chapas finas de HPP prensadas com um
aparência, ele deve ser recoberto por uma melamina
‘recheio’ de colméia de favos de papel (honey-
comb). Com ótima estabilidade, é ideal para de alta pressão, lâmina de madeira ou pintura. Cunha
a fabricação de prateleiras, estantes, home (2001) alerta que, quando o tampo da peça for reves-
theaters, móveis modulares e divisórias”.
tido, é fundamental que a face oposta receba alguma
Fonte: adaptado de MP Móveis (2010, on-line)1. vedação ou revestimento para evitar a incidência de
umidade sobre essa face, o que faria a peça empenar.
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• Com espessuras:
As espessuras variam: 3; 5,5; 9; 12; 15; 18; 25
3; 4; 5; 6; 8; 10; 12; 15; 18; 20; 25 e 30 mm.
mm. Para aumentarmos a espessura de uma peça,
O compensado flexível é um outro tipo de painel que como um tampo de mesa, colamos sob o tampo ti-
tem a função contrária do regular. No momento da ras de chapa nas bordas do painel para que, visual-
prensa, as lâminas são colocadas na mesma direção, mente, ele pareça ser mais grosso, mas continua leve
assim, é possível curvar a peça no sentido do veio. Para como a chapa original. Outra maneira é a duplagem
fazer uma peça cilíndrica ou um balcão em curva, é de painel, em que colamos sob a peça uma chapa
necessário que a espessura e a flexibilidade do painel na mesma medida que o tampo. As bordas devem
sejam adequadas para não rachar. Neste caso, utiliza- seguir a espessura do tampo pronto.
mos compensado flexível de até 6 mm para ser enver-
gado com escoras por trás da peça e dar sustentação.
SAIBA MAIS
Fonte: a autora.
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Figura 1 - Material 1
Fonte: Shutterstock
BORDAS
Fitas de PVC
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nho espelhado, a textura almejada, o que determina Uma das desvantagens é que o LMAP pode apre-
se a chapa será brilhante, fosca ou uma textura espe- sentar um risco marrom na lateral do móvel, o que
cífica (CUNHA, 2001). ocorre devido à espessura da própria chapa de lami-
É um material extremamente resistente à abra- nado, e nem sempre essa borda consegue esconder.
são, à umidade e aos produtos de limpeza, além de O LMAP também demanda uma grande mão de
ter características higiênicas. O LMAP pode ser en- obra de fabricação, pois ele precisa ser cortado duas
contrado, também, no modelo post-forming, que, na vezes, colado, prensado e refilado, diferentemente de
composição das resinas, é modificado para aceitar a um painel com laminado BP, que somente é cortado
moldagem por calor em formas curvas. Muito utili- se passar aos demais processos produtivos.
zado para tampos e portas com as bordas arredon-
dadas, o que evita o desconforto dos cantos vivos. Melamina de baixa pressão
A medida convencional das chapas de lamina-
dos melamínicos de alta pressão é de 1,25 x 3,08m = O laminado melamínico de baixa pressão (BP) é
3,85 m2. A espessura das chapas standard são de 0,8 composto por uma ou mais folhas de papel de celu-
a 1,4 mm, entretanto é possível encontrar espessuras lose impregnadas com resina melamínica, e que são
especiais no mercado, com custo superior. prensadas ao painel de madeira (MDF ou MDP),
fundindo-se com o material. É um dos mais práti-
cos, baratos e comuns revestimentos de painel no
SAIBA MAIS
mercado atual. Ele possui uma grande variedade de
padronagens que simulam veios de madeira, pedras,
Observe que o tamanho da chapa de fórmica tecidos e cores sólidas, com texturas e acabamentos
(1,25 x 3,08 m) não acompanha o tamanho variados. Contudo, a sua resistência à abrasão é bem
dos painéis de MDF ou MDP (1,83 x 2,75 m),
o que diferencia no cálculo da otimização do inferior ao laminado de alta pressão.
corte. Isto é, não se pode utilizar o cálculo
da quantidade de MDF para determinar a Lâmina de madeira