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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Letras
LICENCIATURA EM

LITERATURA ESPANHOLA 2 Melissa Andres Freitas


Valeska Gracioso Carlos

PONTA GROSSA - PARANÁ


2012
CRÉDITOS
João Carlos Gomes
Reitor

Carlos Luciano Sant’ana Vargas


Vice-Reitor

Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Projeto Gráfico


Ariangelo Hauer Dias – Pró-Reitor Anselmo Rodrigues de Andrade Junior

Pró-Reitoria de Graduação Colaboradores em EAD


Graciete Tozetto Góes – Pró-Reitor Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância
Leide Mara Schmidt – Coordenadora Geral Colaboradores em Informática
Cleide Aparecida Faria Rodrigues – Coordenadora Pedagógica Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Sistema Universidade Aberta do Brasil Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
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Cleide Aparecida Faria Rodrigues – Coordenadora Adjunta Colaboradores de Publicação
Silvana Oliveira – Coordenadora de Curso Márcia Monteiro Zan – Revisão
Marly Catarina Soares – Coordenadora de Tutoria Glaucia Marilia Hass – Revisão
Fernando Lopes – Diagramação
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiack Colaboradores Operacionais
Edson Luis Marchinski
Colaboradora de Planejamento Rafael Fernandes Siqueira
Silviane Buss Tupich Samuel Clemente de Souza
Thiago Barboza Taques

Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação


Sistema Universidade Aberta do Brasil

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG.

Freitas, Melissa Andres


F866l Literatura Espanhola 2 / Melissa Andres Freitas, Valeska Gracioso
Carlos. Ponta Grossa : UEPG/ NUTEAD, 2012.
123 p. : il.

Licenciatura em Letras Português/ Espanhol - Educação a Distância.

1. Literatura espanhola. I. Carlos, Valeska Gracioso. II. T.

CDD : 860

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA


Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.org
2012
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma instituição de
ensino superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por
missão responder aos desafios contemporâneos, articulando o global
com o local, a qualidade científica e tecnológica com a qualidade so-
cial e cumprindo, assim, o seu compromisso com a produção e difusão
do conhecimento, com a educação dos cidadãos e com o progresso da
coletividade.
No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca
tanto nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus
cursos de graduação presenciais primam pela qualidade, como com-
provam os resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desem-
penho dos acadêmicos e a situa entre as melhores instituições do país.
A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu
que a UEPG se aventurasse também na educação a distância, mo-
dalidade implantada na instituição no ano de 2000 e que, crescendo
rapidamente, vem conquistando uma posição de destaque no cenário
nacional.
Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na exe-
cução do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade
Aberta do Brasil e atua em 40 polos de apoio presencial, ofertando,
diversos cursos de graduação, extensão e pós-graduação a distância
nos estados do Paraná, Santa Cantarina e São Paulo.
Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, as-
sumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamen-
te diferenciada e se afirmando definitivamente no domínio e dissemi-
nação das tecnologias da informação e da comunicação.
Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma
carga horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se uti-
lizam de metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além
de serem mais flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem cons-
tante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos
para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no cur-
so que está realizando.

A Coordenação
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DAS PROFESSORAS 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA9

E SPAÑA: EL FIN DE UN SIGLO 11

■■ APARTADO 1 - El periodo de transición 13


■■ APARTADO 2 - La Generación del 98 22

A NTONIO MACHADO Y JUAN RAMÓN JIMÉNEZ 33

■■ APARTADO 1 - Antonio Machado: Entre el Modernismo


y el Noventayochismo 34
■■ APARTADO 2 - El Modernismo Español y Juan Ramón Jiménez 41

EL GRUPO DEL 27 Y FEDERICO GARCÍA LORCA



55

■■ APARTADO 1 - El Grupo del 27 56


■■ APARTADO 2 - Federico García Lorca 60

L A LITERATURA DE POS GUERRA 75

■■ APARTADO 1 - La Cultura de la Posguerra  76


■■ APARTADO 2 - La Literatura de Posguerra de los años 40 a 70 82
■■ APARTADO 3 - Camilo José Cela y la crudeza del realismo social 84
L A LITERATURA EN LA ACTUALIDAD 97

■■ APARTADO 1 - La Restauración Democrática 98


■■ APARTADO 2 - Escritores Contemporáneos 104

■■ PALAVRAS FINAIS 120


■■ REFERÊNCIAS121
■■ NOTA SOBRE AS AUTORAS 123
PALAVRAS DAS PROFESSORAS
  
Caro estudante! Bem-vindo a parte final de nossa viagem pelo mundo da
Literatura de Língua Espanhola.
Durante nossos dois últimos anos estivemos percorrendo a América com
seus primeiros escritos, passado pelos cronistas, por pela forte imagem de Sor
Juana, por um Romantismo de denuncia em Argentina, pelo modernismo de
Rubén Darío que atravessou o continente. Em um segundo momento, estudamos
os premiados Gabriela Mistral e Pablo Neruda, passamos pela grandiosidade de
Borges, e chegamos ao Boom Latino Americano e ao reconhecimento mundial da
literatura hispano-americana.
No último semestre nos dedicamos a conhecer a Literatura e
consequentemente a cultura da Península Ibérica. Analisamos as primeiras
manifestações literárias e a consolidação da Língua Espanhola, vimos a literatura
evoluir da Idade Média ao Renascimento e florescer com Gongora e Quevedo.
Estudamos a solidificação de um teatro nacional, o surgimento da obra mestra
Don Quixote da Mancha e finalizamos com o Romantismo.
Com esse fascículo, continuaremos a oferecer a você uma visão histórico-
literária com a apresentação da produção de autores de grande expressão do
mundo hispânico. Propomos por meio dos fascículos um trabalho de compreensão
leitora de algumas das obras e fragmentos mais relevantes de tal literatura.
Partiremos de um período de transição que se instaurou do Romantismo
para o Realismo com a apreciação de obras dos grupos literários formados no
século XIX, como a Geração de 68 e a formação da Geração de 98, período de
mudança para o século XX e grupo que dá início ao chamado Século de Prata
Literatura Espanhola.
Para a segunda unidade apresentamos dois movimentos literários que se
inter-relacionados: o Modernismo e o Noventayochismo.
Na terceira, estudaremos uma geração de escritores que movidos por
revoluções de ideias, da arte, da história, mudaram o cenário literário espanhol:
a Geração de 27.
A quarta unidade traz os resquícios deixados pela Guerra Civil Espanhola
e pelo sistema ditatorial implantado pelo ditador Francisco Franco através dos
estudos da obra de Camilo José Cela.
A quinta e última unidade, apresentamos alguns autores contemporâneos,
comprometidos com o jornalismo, seus temas e sua relação com a atualidade.
Desejamos que seus estudos sejam enriquecedores e que você faça uma
excelente viagem pelo mundo literário!

Melissa Andres Freitas


Valeska Gracioso Carlos
OBJETIVOS E EMENTA

Objetivo Geral

■■ Dar subsídios para a análise de obras literárias da Literatura Espanhola.

Objetivos Específicos
■■ Conhecer os principais autores e obras abrangendo o período de transição
entre o Romantismo e o Realismo até a Literatura Espanhola Contemporânea.
■■ Contribuir para o aprimoramento da competência linguística e literária dos
estudantes.
■■ Analisar criticamente os períodos literários propostos, bem como suas obras.
■■ Fomentar a aplicação de conhecimentos de Teoria Literária e Língua Espanhola
na análise do texto literário.

Ementa

Panorama sócio-histórico cultural da literatura espanhola desde a sua origem até
os dias atuais.
España: El fin de un siglo

UNIDAD I
OBJETIVOS DEL APRENDIZAJE
■■ Comprender las principales características del periodo de transición del
Romanticismo al Realismo.
■■ Conocer las manifestaciones literarias de la Generación del 98
■■ Relacionar las principales obras y autores con el contexto histórico en que
fueron producidas.

GUIÓN DE ESTUDIOS
■■ APARTADO 1 - El periodo de transición

■■ APARTADO 2 - La Generación de 98
Universidade Aberta do Brasil

PARA INICIAR LA CHARLA



¡Estimado estudiante! Todavía estamos en la Península Ibérica, sin
embargo, en el fin del siglo XIX. Estudiaste en la Literatura Española I
desde el periodo de la consolidación de la Lengua Española, sus primeras
manifestaciones literarias hasta el Romanticismo. Nuestro viaje empieza
ahí, en un período de transición entre el Romanticismo y el Realismo.
A partir de 1860 se impone el Realismo, aunque en ese periodo
estudiaste a Bécquer, considerado el romántico tardío, con todo,
presentando rasgos bastante realistas. En esa época la poesía y la prosa
dan espacio a la novela que se desarrolla de forma vigorosa. La creciente
urbanización y el desarrollo del poder de la burguesía contribuyen al
éxito de la narrativa.
La observación de la realidad, principalmente de los hechos
cotidianos, la influencia de la novela francesa, y el deseo de retratar la
sociedad favorecen el desarrollo de las formas narrativas como la novela
y el cuento. Cansado de mundos imposibles, el escritor pasa a analizar la
realidad.
Tras ese periodo literario vas a conocer el comienzo del siglo XX
en España y a una generación de escritores interesados por algunos
temas comunes: el paisaje castellano, la angustia existencial y la crítica
antiburguesa. Inicia el período literario del Modernismo, que a los pocos
empieza a consolidarse en España.
¿Entusiasmado con el desafío? ¡Vamos al trabajo!

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UNIDAD 1
Literatura Española II
APARTADO 1
EL PERIODO DE TRANSICIÓN


La Generación de Novelistas

Son tres los novelistas que dominan el periodo: Juan Valera, Leopoldo
Alas y Benito Pérez Galdós. Conocidos también por la Generación del 68,
cada uno presenta un estilo individual y propio.
Leopoldo Alas (Zamorra, 1952 – Olviedo, 1901), conocido también
por el seudónimo de Clarín, es considerado más naturalista que realista, La Revolución de 1868
sin embargo sus novelas presentan críticas implacables a la sociedad de o La Gloriosa, tambi-
én conocida como La
la época, mientras sus cuentos son más idealistas y sentimentales. Está Septembrina, fue un le-
considerado uno de los escritores más cultos de la época. Catedrático vantamiento revolucio-
nario español que tuvo
de derecho, periodista, crítico, poeta, dramaturgo, novelista y ensayista,
lugar en septiembre de
vivió la mayor parte de su vida en Olviedo. Su principal obra, La Regenta 1868 y supuso el des-
(1884-1885) retrata el modo la vida provinciana de esa ciudad. Nada tronamiento de la reina
Isabel II y el inicio del
huye a los ojos del crítico mordaz: los ambientes religiosos, el casino,
período denominado
las tertulias de sociedad, y el fluir de la consciencia, presentada en Sexenio Democrático.
abundantes monólogos interiores son las principales características de la
obra. Sus cuentos tienen un contenido más idealista y sentimental, tiene
predilección por el mundo de los niños, los personajes pintorescos y la
gente humilde.
Veamos un pequeño trozo del cuento ¡Adiós Cordera! (1893), su
cuento universal.

Eran tres: ¡siempre los tres! Rosa, Pinín y la Cordera.


El prao Somonte era un recorte triangular de terciopelo verde
tendido, como una colgadura, cuesta abajo por la loma. Uno de sus
ángulos, el inferior, lo despuntaba el camino de hierro de Oviedo a
Gijón. Un palo del telégrafo, plantado allí como pendón de conquista,
con sus jícaras blancas y sus alambres paralelos, a derecha e izquierda,
representaba para Rosa y Pinín el ancho mundo desconocido,
misterioso, temible, eternamente ignorado. Pinín, después de
pensarlo mucho, cuando a fuerza de ver días y días el poste tranquilo,

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UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

inofensivo, campechano, con ganas, sin duda, de aclimatarse en la


aldea y parecerse todo lo posible a un árbol seco, fue atreviéndose con
él, llevó la confianza al extremo de abrazarse al leño y trepar hasta
cerca de los alambres. Pero nunca llegaba a tocar la porcelana de
arriba, que le recordaba las jícaras que había visto en la rectoral de
Puao. Al verse tan cerca del misterio sagrado, le acometía un pánico
de respeto, y se dejaba resbalar de prisa hasta tropezar con los pies en
el césped.
Rosa, menos audaz, pero más enamorada de lo desconocido, se
contentaba con arrimar el oído al palo del telégrafo, y minutos, y hasta
cuartos de hora, pasaba escuchando los formidables rumores metálicos
que el viento arrancaba a las fibras del pino seco en contacto con el
alambre. Aquellas vibraciones, a veces intensas como las del diapasón,
que, aplicado al oído, parece que quema con su vertiginoso latir, eran
para Rosa los papeles que pasaban, las cartas que se escribían por
los hilos, el lenguaje incomprensible que lo ignorado hablaba con lo
ignorado; ella no tenía curiosidad por entender lo que los de allá, tan
lejos, decían a los del otro extremo del mundo. ¿Qué le importaba?
Su interés estaba en el ruido por el ruido mismo, por su timbre y su
misterio.
La Cordera, mucho más formal que sus compañeros, verdad es
que, relativamente, de edad también mucho más madura, se abstenía
de toda comunicación con el mundo civilizado, y miraba de lejos el
palo del telégrafo como lo que era para ella, efectivamente, como cosa
muerta, inútil, que no le servía siquiera para rascarse. Era una vaca
que había vivido mucho. Sentada horas y horas, pues, experta en
pastos, sabía aprovechar el tiempo, meditaba más que comía, gozaba
del placer de vivir en paz, bajo el cielo gris y tranquilo de su tierra,
como quien alimenta el alma, que también tienen los brutos; y si no
fuera profanación, podría decirse que los pensamientos de la vaca
matrona, llena de experiencia, debían de parecerse todo lo posible a
las más sosegadas y doctrinales odas de Horacio.
Asistía a los juegos de los pastorcicos encargados de llindarla,
como una abuela. Si pudiera, se sonreiría al pensar que Rosa y Pinín
tenían por misión en el prado cuidar de que ella, la Cordera, no se

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UNIDAD 1
Literatura Española II
extralimitase, no se metiese por la vía del ferrocarril ni saltara a la
heredad vecina. ¡Qué había de saltar! ¡Qué se había de meter!
Pastar de cuando en cuando, no mucho, cada día menos, pero
con atención, sin perder el tiempo en levantar la cabeza por curiosidad
necia, escogiendo sin vacilar los mejores bocados, y, después, sentarse
sobre el cuarto trasero con delicia, a rumiar la vida, a gozar el deleite
del no padecer, del dejarse existir: esto era lo que ella tenía que hacer,
y todo lo demás aventuras peligrosas. Ya no recordaba cuándo le había
picado la mosca.
“El xatu (el toro), los saltos locos por las praderas adelante...
¡todo eso estaba tan lejos!”

El cuento completo está en: http://www.ciudadseva.com/textos/


cuentos/esp/alas/adios.htm
¡Descárgalo y léelo!

Juan Valera (Cabra, 1824 – Madrid, 1905) perteneció a una


familia noble por su tradición y cultura, está considerado como el
escritor aristócrata del siglo. Fue un aficionado por la filosofía, dominaba
las lenguas clásicas y muchas de las modernas. Por su condición de
diplomático viajó por toda Europa y América. Empezó a escribir en su
edad madura, con todo, su obra muy pronto creció de modo asombroso.
Su más famosa novela, Pepita Jiménez (1874), cuenta la historia del amor
de una viuda joven, Pepita Jiménez, y un seminarista, Luis de Vargas,
pasada en un pueblo andaluz. La novela traduce el conflicto psicológico
sufrido por el protagonista dividido entre el amor divino y el humano. La
novela se desarrolla en parte a base de cartas cruzadas entre el seminarista
y su director. La obra está dividida en tres partes: la primera dice: Cartas
de mi Sobrino; la segunda, Paralipómenos; y la tercera, Epílogo: Cartas
de mi hermano. Su obsesión por la belleza de las cosas y de la vida está
reflejada en sus personajes femeninos, en los cuales expone su visión de
amor, demasiado idealizante para los gustos de la época.
Veamos una parte de la novela Pepita Jiménez. Este es un extracto
de la carta escrita en el 14 de abril, en la sección Cartas de mi sobrino.

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UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

El padre Vicario dice que Pepita adora al niño Jesús como a su


Dios, pero que le ama con las entrañas maternales con que amaría a
un hijo, si le tuviese, y si en su concepción no hubiera habido cosa de
que tuviera ella que avergonzarse. El padre Vicario nota que Pepita
sueña con la madre ideal y con el hijo ideal, inmaculados ambos, al
rezar a la Virgen Santísima, y al cuidar a su lindo niño Jesús de talla.
Aseguro a usted que no sé qué pensar de todas estas extrañezas.
¡Conozco tan poco lo que son las mujeres! Lo que de Pepita me cuenta
el padre Vicario me sorprende; y si bien más a menudo entiendo que
Pepita es buena, y no mala, a veces me infunde cierto terror por mi padre.
Con los cincuenta y cinco años que tiene, creo que está enamorado,
y Pepita, aunque buena por reflexión, puede sin premeditarlo ni
calcularlo, ser un instrumento del espíritu del mal; puede tener una
coquetería irreflexiva e instintiva, más invencible, eficaz y funesta aún
que la que procede de premeditación, cálculo y discurso.
¿Quién sabe, me digo yo a veces, si a pesar de las buenas obras
de Pepita, de sus rezos, de su vida devota y recogida, de sus limosnas
y de sus donativos para las iglesias, en todo lo cual se puede fundar
el afecto que el padre Vicario la profesa, no hay también un hechizo
mundano, no hay algo de magia diabólica en este prestigio de que se
rodea y con el cual emboba a este cándido padre Vicario, y le lleva y le
trae y le hace que no piense ni hable sino de ella a todo momento?
El mismo imperio que ejerce Pepita sobre un hombre tan
descreído como mi padre, sobre una naturaleza tan varonil y poco
sentimental, tiene en verdad mucho de raro.
No explican tampoco las buenas obras de Pepita el respeto
y afecto que infunde, por lo general, en estos rústicos. Los niños
pequeñuelos acuden a verla las pocas veces que sale a la calle y quieren
besarla la mano; las mozuelas le sonríen y la saludan con amor, los
hombres todos se quitan el sombrero a su paso y se inclinan con la más
espontánea reverencia y con la más sencilla y natural simpatía.
Pepita Jiménez, a quien muchos han visto nacer; a quien
vieron todos en la miseria, viviendo con su madre; a quien han visto
después casada con el decrépito y avaro don Gumersindo, hace olvidar
todo esto, y aparece como un ser peregrino, venido de alguna tierra

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UNIDAD 1
Literatura Española II
lejana, de alguna esfera superior, pura y radiante, y obliga y mueve al
acatamiento afectuoso, a algo como admiración amantísima a todos
sus compatricios.
Veo que distraídamente voy cayendo en el mismo defecto que
en el padre Vicario censuro, y que no hablo a usted sino de Pepita
Jiménez. Pero esto es natural. Aquí no se habla de otra cosa. Se
diría que todo el lugar está lleno del espíritu, del pensamiento, de la
imagen de esta singular mujer, que yo no acierto aún a determinar si
es un ángel o una refinada coqueta llena de astucia instintiva, aunque
los términos parezcan contradictorios. Porque lo que es con plena
conciencia estoy convencido de que esta mujer no es coqueta ni suena
en ganarse voluntades para satisfacer su vanagloria.
Hay sinceridad y candor en Pepita Jiménez. No hay más que
verla para creerlo así. Su andar airoso y reposado, su esbelta estatura,
lo terso y despejado de su frente, la suave y pura luz de sus miradas,
todo se concierta en un ritmo adecuado, todo se une en perfecta
armonía, donde no se descubre nota que disuene.
¡Cuánto me pesa de haber venido por aquí y de permanecer
aquí tan largo tiempo! Había pasado la vida en su casa de usted y en
el Seminario; no había visto ni tratado más que a mis compañeros y
maestros; nada conocía del mundo sino por especulación y teoría; y de
pronto, aunque sea en un lugar, me veo lanzado en medio del mundo,
y distraído de mis estudios, meditaciones y oraciones, por mil objetos
profanos.

Encontrarás el texto completo en la biblioteca de la asignatura en


la Plataforma. ¡Léelo!

Benito Pérez Galdós (Las Palmas de Gran Canaria, 1843 – Madrid,
1920) pasó toda su vida en Madrid donde estudió leyes y fue periodista.
Es el escritor más fecundo del siglo XIX. Su extensa obra comprende
más de 100 volúmenes de novela, teatro, crítica y viajes, agrupadas en
su mayoría en cuatro series de los Episodios Nacionales, constituyendo
un conjunto de 46 tomos, o sea, la obra más extensa de la Literatura
Española. Su estilo es sencillo, su habla es directa, expresiva, extraída del
pueblo que la habla. Su pasión fue España y con ella vino la preocupación

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UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

nacional. Sus ideas vienen de la política liberal, antitradicional, moderna


y republicana. Nada escapó de sus ojos de profundo observador. En
sus novelas retrata fielmente la sociedad madrileña, en las cuales hace
críticas mordaces a esa sociedad, sus ambiciones y miserias, además de
su mediocridad y pobreza intelectual, aunque algunas novelas traten de
ambientes pueblerinos y provincianos, donde las luchas intelectuales son
más visibles. Realismo y Naturalismo siguen en equilibrio, si bien haya el
predominio del primero. Algunas novelas de Galdós se convierten en obras
teatrales debido a su interés por el drama. Cultivó el teatro con éxito, pero
como dramaturgo no le interesaba ni la alta comedia ni el drama retórico,
sino el análisis del alma humana, sus problemas y el enfrentamiento con
las convenciones sociales. Para que comprendas mejor la grandeza del
escritor, te presentamos un fragmento de la novela Marianela (1878),
en la cual Galdós retrata la historia de una mujer miserable y fea que
logra enamorar, por la bondad de su alma, a un joven ciego. Lo que te
presentamos es el Capítulo III - Un diálogo que servirá de exposición.

-Aguarda, hija, no vayas tan a prisa -dijo Golfín deteniéndose-


déjame encender un cigarro.
Estaba tan serena la noche, que no necesitó emplear las
precauciones que generalmente adoptan contra el viento los fumadores.
Encendido el cigarro, acercó la cerilla al rostro de la Nela, diciendo
con bondad:
-A ver, enséñame tu cara.
Mirábale la muchacha con asombro, y sus negros ojuelos brillaron
con un punto rojizo, como chispa, en el breve instante que duró la luz
del fósforo. Era como una niña, pues su estatura debía contarse entre
las más pequeñas, correspondiendo a su talle delgadísimo y a su busto
mezquinamente constituido. Era como una jovenzuela, pues sus ojos
no tenían el mirar propio de la infancia, y su cara revelaba la madurez
de un organismo en que ha entrado o debido entrar el juicio. A pesar
de esta desconformidad, era admirablemente proporcionada, y su
pequeña cabeza remataba con cierta gallardía el miserable cuerpecillo.
Alguien decía que era una mujer mirada con vidrio de disminución;
alguno que era una niña con ojos y expresión de adolescente. No
conociéndola, se dudaba si era un asombroso progreso o un deplorable

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UNIDAD 1
Literatura Española II
atraso.
-¿Qué edad tienes tú? -preguntole Golfín sacudiendo los dedos
para arrojar el fósforo, que empezaba a quemarle.
-Dicen que tengo diez y seis años -replicó la Nela, examinando a
su vez al doctor.
-¡Diez y seis años! Atrasadilla estás, hija. Tu cuerpo es de doce,
a lo sumo.
-¡Madre de Dios! Si dicen que yo soy como un fenómeno
-manifestó ella en tono de lástima de sí misma.
-¡Un fenómeno! -repitió Golfín poniendo su mano sobre los
cabellos de la chica-. Podrá ser. Vamos, guíame.
La Nela comenzó a andar resueltamente sin adelantarse mucho,
antes bien, cuidando de ir siempre al lado del viajero, como si apreciara
en todo su valor la honra de tan noble compañía. Iba descalza: sus
pies, ágiles y pequeños denotaban familiaridad consuetudinaria con
el suelo, con las piedras, con los charcos, con los abrojos. Vestía una
falda sencilla y no muy larga, denotando en su rudimentario atavío,
así como en la libertad de sus cabellos sueltos y cortos, rizados con
nativa elegancia, cierta independencia más propia del salvaje que
del mendigo. Sus palabras, al contrario, sorprendieron a Golfín por lo
recatadas y humildes, dando indicios de un carácter formal y reflexivo.
Resonaba su voz con simpático acento de cortesía, que no podía ser
hijo de la educación, y sus miradas eran fugaces y momentáneas, como
no fueran dirigidas al suelo o al cielo.
-Dime -le preguntó Golfín- ¿tú vives en las minas? ¿Eres hija de
algún empleado de esta posesión?
-Dicen que no tengo madre ni padre.
-¡Pobrecita! Tú trabajarás en las minas...
-No, señor. Yo no sirvo para nada -replicó sin alzar del suelo los ojos.
-Pues a fe que tienes modestia.
Teodoro se inclinó para mirarle el rostro. Este era delgado, muy
pecoso, todo salpicado de menudas manchitas parduzcas. Tenía pequeña
la frente, picudilla y no falta de gracia la nariz, negros y vividores los
ojos; pero comúnmente brillaba en ellos una luz de tristeza. Su cabello
dorado-oscuro había perdido el hermoso color nativo por la incuria y su
continua exposición al aire, al sol y al polvo. Sus labios apenas se veían

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UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

de puro chicos, y siempre estaban sonriendo; pero aquella sonrisa era


semejante a la imperceptible de algunos muertos cuando han dejado
de vivir pensando en el cielo.
La boca de la Nela, estéticamente hablando, era desabrida, fea;
pero quizás podía merecer elogios, aplicándole el verso de Polo de
Medina: «es tan linda su boca que no pide». En efecto; ni hablando, ni
mirando, ni sonriendo revelaba aquella miserable el hábito degradante
de la mendicidad callejera. Golfín le acarició el rostro con su mano,
tomándolo por la barba y abarcándolo casi todo entre sus gruesos
dedos.
-¡Pobrecita! -exclamó-. Dios no ha sido generoso contigo. ¿Con
quién vives?
-Con el señor Centeno, capataz de ganado en las minas.
-Me parece que tú no habrás nacido en la abundancia. ¿De quién
eres hija?
-Dicen que mi madre vendía pimientos en el mercado de
Villamojada. Era soltera.
Me tuvo un día de Difuntos, y después se fue a criar a Madrid.
-¡Vaya con la buena señora! -murmuró Teodoro con malicia-.
Quizás no tenga nadie noticia de quién fue tu papá.
-Sí, señor -replicó la Nela con cierto orgullo-. Mi padre fue el
primero que encendió las luces en Villamojada.
-¡Cáspita!
-Quiero decir que cuando el Ayuntamiento puso por primera vez
faroles en las calles -dijo la muchacha, dando a su relato la gravedad
de la historia-, mi padre era el encargado de encenderlos y limpiarlos.
Yo estaba ya criada por una hermana de mi madre, que era también
soltera, según dicen. Mi padre había reñido con ella... Dicen que vivían
juntos... todos vivían juntos... y cuando iba a farolear me llevaba en el
cesto, junto con los tubos de vidrio, las mechas, la aceitera... Un día
dicen que subió a limpiar el farol que hay en el puente; puso el cesto
sobre el antepecho, yo me salí fuera y caíme al río.
-¡Y te ahogaste!
-No, señor; porque caí sobre piedras. ¡Divina Madre de Dios!
Dicen que antes de eso era yo muy bonita.
-Sí; indudablemente eras muy bonita -afirmó el forastero con el

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UNIDAD 1
Literatura Española II
alma inundada de bondad-. Y todavía lo eres... Pero dime otra cosa.
¿Hace mucho tiempo que vives en las minas?
-Dicen que hace tres años. Dicen que mi madre me recogió
después de la caída. Mi padre cayó enfermo, y como mi madre no le
quiso asistir, porque era malo, él fue al hospital donde dicen que se
murió. Entonces vino mi madre a trabajar a las minas.
Dicen que un día la despidió el jefe porque había bebido mucho
aguardiente...
-Y tu madre se fue... Vamos, ya me interesa esa señora. Se fue...
-Se fue a un agujero muy grande que hay allá arriba -dijo Nela,
deteniéndose ante el doctor y dando a su voz el tono más patético- y
se metió dentro.
-¡Canario! ¡Vaya un fin lamentable! Supongo que no habrá vuelto
a salir.
-No, señor -replicó la Nela con naturalidad-. Allí dentro está.
-Después de esa catástrofe, pobre criatura -dijo Golfín con
cariño-, has quedado trabajando aquí. Es un trabajo muy penoso
el de la minería. Tú estás teñida del color del mineral; estás raquítica
y mal alimentada. Esta vida destruye las naturalezas más robustas.
-No, señor, yo no trabajo. Dicen que yo no sirvo ni puedo servir
para nada.
-Quita allá, tonta, tú eres una alhaja.
-Que no señor -dijo Nela insistiendo con energía-. Si no puedo
trabajar. En cuanto cargo un peso pequeño, me caigo al suelo. Si me
pongo a hacer alguna cosa difícil en seguida me desmayo.
-Todo sea por Dios... Vamos, que si cayeras tú en manos de
personas que te supieran manejar, ya trabajarías bien.
-No, señor -repitió la Nela con tanto énfasis como si se elogiara-;
si yo no sirvo más que de estorbo.
-¿De modo que eres una vagabunda?
-No, señor, porque acompaño a Pablo.
-¿Y quién es Pablo?
-Ese señorito ciego, a quien usted encontró en la Terrible. Yo soy
su lazarillo desde hace año y medio. Le llevo a todas partes; nos vamos
por esos campos paseando.
-Parece buen muchacho ese Pablo.

21
UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

La Nela se detuvo otra vez mirando al doctor. Con el rostro


resplandeciente de entusiasmo, exclamó:
-¡Madre de Dios! Es lo mejor que hay en el mundo. ¡Pobre amito
mío! Sin vista tiene él más talento que todos los que ven.
-Me gusta tu amo. ¿Es de este país?
-Sí, señor, es hijo único de D. Francisco Penáguilas, un caballero
muy bueno y muy rico que vive en las casas de Aldeacorba.
-Dime ¿y a ti por qué te llaman la Nela? ¿Qué quiere decir eso?
La muchacha alzó los hombros. Después de una pausa, repuso:
-Mi madre se llamaba la señá María Canela; pero le decían Nela.
Dicen que este es nombre de perra. Yo me llamo María.
-Mariquita.
-María Nela me llaman y también La Hija de la Canela. Unos me
dicen Marianela, y otros nada más que la Nela.
-¿Y tu amo, te quiere mucho?
-Sí, señor, es muy bueno. Él dice que ve con mis ojos, porque
como le llevo a todas partes y le digo cómo son todas las cosas...
-Todas las cosas que no puede ver.
El forastero parecía muy gustoso de aquel coloquio. (…)

Encontrarás el texto completo en la biblioteca de la asignatura en


la Plataforma. ¡A la lectura!

APARTADO 2
LA GENERACIÓN DEL 98


La Guerra Hispano-Estadounidense, también conocida por El
Desastre del 98, fue un conflicto militar entre España y Estados Unidos,
en lo cual los resultados fueron la independencia de Cuba y la pérdida,
por parte de España, del resto de sus colonias en América y Asia, cedidas
a Estados Unidos, que se convertiría en potencia colonial.
Profundamente afectados por la crisis moral, política y social
acarreada debido a esa pérdida, surge, en el comienzo del siglo XX, un
grupo de escritores que aprovecharon esa conmoción espiritual para

22
UNIDAD 1
Literatura Española II
cambiar el carácter y el estilo de la Literatura Española de la época.
La preocupación por España y sus problemas es fundamental
en casi todos los escritores de la Generación del 98. Llevan a la prensa,
a la tribuna y al libro sus ideas y doctrinas. Intentan esforzadamente
encontrarles solución a los problemas de su país.
De acuerdo con P. Correa (1988, p. 70) los rasgos que caracterizan
la Generación del 98 son:

1. Un nuevo concepto de España. Para unos es problema de


europeización, de ponerse culturalmente a la altura de las naciones
occidentales. Para otros, como M. Unamuno, consiste en una renovación
de lo tradicional hispano.
2. Profundo amor y comprensión de Castilla como alma y ser
de España. Hombres y paisajes castellanos serán motivos de excelente
novelas y agudos ensayos. Ninguno de los hombres importantes del 98 es
castellano. Dos son vascos, un levantino1 , otro andaluz y otro gallego.
3. Acusado individualismo, a pesar de las coincidencias temáticas
e individuales.
4. Aficionados a la reflexión y buenos lectores de nuestra cultura El autor se refiere a Mi-
pasada tuvieron como guía al pesimista F. Nietzsche. En líneas generales guel de Unamuno, naci-
do en Bilbao, País Vas-
tuvieron pasión por la filosofía, crítica literaria y la historia.
co; Pío Baroja, nacido
5. Reaccionan contra el positivismo del siglo anterior y tratan de en San Sebastián, País
profundizar en el ser de España. Vasco; José Martínez
Ruíz (Azorín), nacido
6. Crean un estilo sencillo y sobrio, no exento de elegancia y fuerza en Monóvar, Alicante;
expresiva. Antonio Machado, na-
cido en Sevilla, Anda-
7. Su ideología más próxima fue la liberal de tono socializante.
lucía; y a Ramón Ma.
En su juventud cayeron en el anarquismo, pero fueron evolucionando del Valle-Inclán, nacido
hacia actitudes más conservadoras. Su sistema ideal de gobierno fue el en Villanueva de Arosa,
Galicia.
republicano.
8. Indiferentes o apasionados por los problemas religiosos,
pasaron del anticlericalismo (Azorín, Baroja) a una concepción cristiano-
existencial de la vida al margen de la religión oficial (Unamuno y
Machado). Para otros (Valle-Inclán y el Azorín de la madurez), la religión
fue fuente de placer estético.
9. Apasionados Cervantistas hicieron de Don Quijote un símbolo.
Respetaron y admiraron a los escritores medievales, aciertos clásicos

1 Referente al Mar Mediterráneo.


23
UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

(Quevedo, Gracián) y a figuras aisladas (Caldaso y Larra).


Debemos recordar que cada autor tuvo su propio estilo y marca.
Unamuno fue un pensador y filósofo, mientras Azorín fue un ensayista
y Baroja, un novelista. Ya Machado fue un poeta y Valle-Inclán transitó
entre los diferentes géneros literarios.
Son muchos los buenos escritores del periodo, sin embargo, para
este apartado focalizamos nuestros estudios en Miguel de Unamuno.

Nació en Bilbao en 1864 y murió en 1937, en Salamanca, de cuya


Universidad fue Catedrático de Griego, hasta convertirse en Rector de
esta institución. Su obra sobrepasa la vulgaridad social que le rodea, así
que tiende al misticismo religioso, en lo cual exalta el amor divino (El
Cristo de Velázquez, 1920), al misticismo sentimental, cuya exaltación es
hecha al amor humano (Rosario de sonetos líricos, 1911) y al misticismo
patriótico (Vida de Don Quijote y Sancho, 1905). La dolorosa preocupación
por España y la angustia existencial son los temas obsesivos del autor.
Unamuno fue un eximio conocedor de su idioma y uno de los
escritores españoles más seriamente preocupados por el lenguaje.
Creía en la evolución del lenguaje, defendía los americanismos, los
neologismos y galicismos. Guillermo Díaz-Plaja (1958, p. 420) divide las

24
UNIDAD 1
Literatura Española II
ideas lingüísticas de Unamuno en:

a) Necesidad de flexibilizar el idioma. - Frente al “viejo castellano,
acompasado y enfático”, debe crearse un idioma de “más ligereza y más
precisión a la vez, algo de desarticulación, puesto que hoy tiende a la
anquilosis”.
La gramática no debe obstaculizar la expresión; debe el escritor
producirse “según la gramática natural, en el lenguaje que más a boca le
venga”, ya que las formas inútiles serán eliminadas naturalmente por el
mismo idioma. (Ensayos, III)

b) El español debe incorporar las formas americanas.
“Me parece ridículo el monopolio que los castellanos de Castilla
y países asimilados quieren ejercer sobre la lengua literaria, como si
fuera un feudo de heredad”; “tiene la lengua castellana que modificarse
hondamente, haciéndose de veras española o hispanoamericana”. (id.,
id., 90, 97)

c) Neologismos y galicismos. – Se comprende, por ello, que
Unamuno, para quien la lengua es la vida misma, no se oponga a la
renovación del léxico. El neologismo enriquece la lengua y no es nunca
inútil:
“jamás dos vocablos hacen doble empleo, sino que, producida una
dualidad de forma, luego viene la diferenciación del sentido”.

Los géneros y formas literarias son, de cierto modo, una cuestión
menor. Sus ensayos, novelas, lírica y teatro presentan las mismas
inquietudes del autor y expresan sus obsesiones.
Para que mejor comprendas la grandiosidad de ese escritor te
traemos parte del poema metafísico, El Cristo de Velázquez (1920), que
nació de la contemplación del cuadro del pintor español Diego Velázquez.
El cuadro hoy se encuentra en el Museo del Prado. El poema El Cristo de
Velázquez es una obra en cuatro partes, divididas cada una en capítulos
de diferentes extensiones. En total, constituye un texto de 2.538 versos
endecasílabos. En el poema Unamuno analiza la figura de Cristo bajo
diferentes perspectivas: como símbolo del sacrificio y la redención,

25
UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

reflexión sobre los nombres y sobre textos bíblicos. Aunque su estructura


sea casi que descuidada, pues es un poema en versos blancos, ese poema
alcanza una profunda religiosidad lírica, exaltando el amor divino.
Lo que traemos es un extracto de la cuarta y última parte del
poema, la más breve, la cual contiene una oración final.

El Cristo de Velázquez

IV
¿En qué piensas Tú, muerto, Cristo mío?
¿Por qué ese velo de cerrada noche
de tu abundosa cabellera negra
de nazareno cae sobre tu frente?
Miras dentro de Ti, donde está el reino
de Dios; dentro de Ti, donde alborea
el sol eterno de las almas vivas.
Blanco tu cuerpo está como el espejo
del padre de la luz, del sol vivífico;
blanco tu cuerpo al modo de la luna
que muerta ronda en torno de su madre
nuestra cansada vagabunda tierra;
blanco tu cuerpo está como la hostia
del cielo de la noche soberana,
de ese cielo tan negro como el velo
Cristo Crucificado (1631-1632), Diego Velázquez
de tu abundosa cabellera negra Disponible en:
pt.wikipedia.org/wiki/Diego_Vel%C3%A1zquez
de nazareno.

Que eres, Cristo, el único


hombre que sucumbió de pleno grado,
triunfador de la muerte, que a la vida
por Ti quedó encumbrada. Desde entonces
por Ti nos vivifica esa tu muerte,
por Ti la muerte se ha hecho nuestra madre,
por Ti la muerte es el amparo dulce
que azucara amargores de la vida;
por Ti, el Hombre muerto que no muere

26
UNIDAD 1
Literatura Española II
blanco cual luna de la noche. Es sueño,
Cristo, la vida y es la muerte vela.
Mientras la tierra sueña solitaria,
vela la blanca luna; vela el Hombre
desde su cruz, mientras los hombres sueñan;
vela el Hombre sin sangre, el Hombre blanco
como la luna de la noche negra;
vela el Hombre que dió toda su sangre
por que las gentes sepan que son hombres.
Tú salvaste a la muerte. Abres tus brazos
a la noche, que es negra y muy hermosa,
porque el sol de la vida la ha mirado
con sus ojos de fuego: que a la noche
morena la hizo el sol y tan hermosa.
Y es hermosa la luna solitaria,
la blanca luna en la estrellada noche
negra cual la abundosa cabellera
negra del nazareno. Blanca luna
como el cuerpo del Hombre en cruz, espejo
del sol de vida, del que nunca muere.

Los rayos, Maestro, de tu suave lumbre


nos guían en la noche de este mundo
ungiéndonos con la esperanza recia
de un día eterno. Noche cariñosa,
¡oh noche, madre de los blandos sueños,
madre de la esperanza, dulce Noche,
noche oscura del alma, eres nodriza
de la esperanza en Cristo salvador!

27
UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

Ve este video sobre la Generación del 98 y el Modernismo:


http://www.youtube.com/watch?v=v5NZmNy7HRE&feature=channel_video_title

Busca por poemas de Unamuno, te ofremos uno más para ti:

Muerte

Eres sueño de un dios; cuando despierte


¿al seno tornarás de que surgiste?
Serás al cabo lo que un día fuiste?
¿Parto de desnacer será tu muerte?

¿El sueño yace en la vigilia inerte?


Por dicha aquí el misterio nos asiste;
para remedio de la vida triste,
secreto inquebrantable es nuestra suerte.

Deja en la niebla hundido tu futuro


ve tranquilo a dar tu último paso,
que cuanto menos luz, vas más seguro.

¿Aurora de otro mundo es nuestro ocaso?


Sueña, alma mía, en tu sendero oscuro:
“¡Morir... dormir... dormir... soñar acaso!”


Para que puedas reflexionar acerca del Realismo Español, sobre todo de
la novela, te traemos un texto de María Zambrano (Vélez, 1904 – Madrid, 1991).
Filósofa y ensayista, fue discípula del famoso filósofo José Ortega y Gasset.

28
UNIDAD 1
Literatura Española II
[…] El realismo español no es otra cosa como conocimiento que un estar
enamorado del mundo, prendido de él, sin poderse desligar, por tanto. Y eso
explica que un ser que tanto anhela la independencia tan poco se afane y se
plantee la libertad. Porque la libertad jamás ha sido planteada por ningún amante
con respecto al objeto de su amor; el amante solo piensa en la libertad y se afana
por ella cuando algún obstáculo se interpone entre el objeto que le enamora y él.
No es el problema intrínseco del amor, la libertad, porque enamorarse es forjar
unas cadenas, es estar y vivir encadenado sin dolor, con gozo y plenitud en este
encadenamiento. Quien mira al mundo como enamorado, jamás querrá separarse
de él, ni cultivar las barreras que le separan ni las distinciones que le distinguen.
Solo buscará embeberse más y más. Primeramente, en su actitud más ingenua,
no se hará problema de su relación con la realidad que le enamora; después que
el inevitable fracaso de toda vida haya surgido cuando haya aparecido, aunque
sea no más que la conciencia de la imposibilidad de vivir embebido en su puro
arrobamiento, aparecerá entonces el problema de su relación con esa realidad.
Mas entonces no pide liberarse de ella, sino tenerla de alguna otra manera. Tal
vez no sea esta la raíz de la mística española tan diferente de la mística alemana,
a la que hay que considerar como prototipo de la mística europea.
La mística alemana predecesora de la Reforma protestante parte de la
soledad absoluta del hombre frente a la voluntad divina, es mística asentada en
el esfuerzo angustioso para consolidar la existencia, es mística de náufragos
agonizantes que se agarran a la indescifrable potencia de Dios; en esa mística no
aparece la presencia maravillosa del mundo y sus criaturas, como en San Juan de
la Cruz. Ni la carne, con su palpitar, la«materia» misma de las cosas consideradas
maternalmente, como en Santa Teresa. El místico norteño es un hombre solo, que
en su absoluta soledad no se siente como padre ni hijo, ni tal vez hermano, cerca
de la angustiosa filosofía idealista que tiene con ellos, con toda seguridad, su
raíz; lucha con su ángel, con el Ángel. Si hemos nombrado al místico tratándose
de «realismo español» como forma de conocimiento, es para que veamos cómo
hasta allí donde se parece estar más lejos de él aparece su fondo. En España, ni el
místico quiere desprenderse por entero de la realidad, de la idolatrada realidad de
este mundo. La realidad que es la naturaleza, la naturaleza que son las criaturas
humanas y también las cosas. Esa consagración que diríamos de las cosas en la
cultura viva, popular y creadora de España.
Este apego a la realidad tiene sus consecuencias: imposible viene a ser
el sistema, imposible casi la abstracción, imposible casi la objetividad. ¿Cómo
entonces ha funcionado la vida española? La condición del género del saber
predominante en una época o en un pueblo no es ajena a la función social de
ese saber. No cumple socialmente la misma función la religión o la poesía que la
ciencia ni la filosofía. Este realismo español, al no querer contradecir la realidad,
ha sido un saber popular. Las raíces con el saber popular no han sido cortadas
en España; en ninguna otra cultura la conexión íntima entre el más alto saber y
el saber popular ha sido más estrecha y, sobre todo, más coherente. Las formas
mismas en que el saber se vaciaba han tenido que ser, y lo han sido sin esfuerzo,
formas populares, asequibles al entendimiento despierto, sin supuestos científicos.
Nada menos escolástico ni académico que este nuestro realismo que parece ser
la forma de conocimiento en que el hombre ingenuo, plantado entre la realidad, sin
volverse un solo instante de espaldas a ella, adopta. Es así su creación.
Y tan fuerte es su profundo arraigo en la mente del español, que puede

29
UNIDAD 1
Universidade Aberta do Brasil

comprobarse fácilmente en todos los intentos de «teorizar» que han existido. Un


cuento popular con visos de apólogo narra el caso ejemplar de un buen hombre,
de un pueblo de Extremadura, que acosado por la pobreza lanzose al camino,
junto con su hijo, para convertirse en salteador de caminos. A los primeros
convecinos que pasaron corrieron a detenerles diciéndoles que iban a robarles,
y como los transeúntes tomaran a broma el suceso, aseguraron muy seriamente:
«Ya no somos Fulano y Mengano, vecinos de nuestro pueblo, sino bandidos
que os venimos a robar». No se amedrentaron los así interpelados, sino que,
viendo sin duda brillar el fondo de intacta honradez de los ojos de aquellas buenas
gentes, les dijeron: «Será así como decís», y les dieron un cigarrillo que juntos
encendieron, poniéndose a continuación a hablar de algunos temas propios de
sus preocupaciones: del tiempo, de la cosecha... y así anduvieron el camino
y llegaron al pueblo, donde cada uno quedó en su casa, separándose con un
honrado «Buenas noches, que queden con Dios». Y así terminaron sus hazañas
los improvisados bandidos.
[…] A lo largo de los tiempos se ha verificado este suceso, pero de modo más
claro por tener casi ante los ojos su resultado en el siglo XIX. «Somos krausistas»,
dijeron un día las buenas gentes, unas magníficas gentes lanzadas al empeño de
reformar en algunos de sus aspectos la vida española. Y cumplieron en parte su
reforma, y atravesaron toda la Península vientos que traían nuevas maneras y
hábitos de vida, y se levantaron algunas fundaciones que modificaron, en buena
parte, la mísera estructura de nuestra pobre vida intelectual de entonces, y una
más afinada sensibilidad pulió la vida social. Sí, pero ¿y el krausismo?, ¿qué
se hizo de la teoría? Había quedado olvidada, como el propósito de los buenos
vecinos de nuestro cuento extremeño, de atentar a lo ajeno.

Pensamiento y poesía en la vida española (1939)

Estimado estudiante, llegamos al fin de una unidad más, con eso esperamos
que hayas comprendido sobre los cambios significativos que ocurrieron en España y
que consecuentemente afectan la literatura.
Estudiaste el Realismo y Naturalismo español, cuyo objetivo era el de retratar
la realidad por medio de la observación de la sociedad y sus costumbres para llegar
a la crítica. Vistes a tres de los principales autores del periodo y sus obras.
Además conociste a la Generación del 98, que trajo con ella la preocupación
por lo nacional, la exaltación por lo castellano, y guía toda la vida intelectual del siglo
XX, con orientaciones ya modernistas.
Por fin, te introdujimos sobre hechos de la historia y la cultura española, que
van a acompañarte por las Unidades que vendrán a seguir.
Esperamos que estés animado a continuar nuestro trayecto.

30
UNIDAD 1
Literatura Española II
1. Otro gran escritor de la Generación del 98 es el escritor Ramón del Valle-
Inclán. Busca algo sobre él. Recuerda de hacer tu búsqueda en sitios fiables.

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2. La Generación del 98 es considerada por algunos autores como una


generación modernista. ¿Cuáles son las características de esa generación que se
puede atribuir al Modernismo? Envía tu respuesta a tu tutor.

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UNIDAD 1
32
Universidade Aberta do Brasil

UNIDAD 1
UNIDAD II
Antonio Machado y Juan
Ramón Jiménez

OBJETIVOS DEL APRENDIZAJE


■■ Conocer algunas obras y las características del autor Antonio Machado.
■■ Conocer las características del Modernismo Español
■■ Conocer las características y algunas obras de Juan Ramón Jiménez

GUIÓN DE ESTUDIOS
■■ APARTADO 1 - Antonio Machado: Entre el Modernismo y el Noventayochismo

■■ APARTADO 2 - El Modernismo y Juan Ramón Jiménez


Universidade Aberta do Brasil

PARA INICIAR LA CHARLA



Como ya habíamos mencionado, en los estudios literarios, es
muy difícil delinear el momento exacto en que un autor se convierte en
seguidor de un nuevo movimiento o mismo cuándo, exactamente, una
nueva escuela literaria se instala. El Modernismo ya aparece en España
en 1900, sin embargo hay muchos momentos de transición. Además hay
muchos autores que pertenecen a más de un movimiento literario.
En esta unidad estudiaremos a más dos autores importantes, que
pasan por diferentes periodos literarios: a Antonio Machado, el más
hondo de los líricos modernistas españoles que por fin se entrega a la
Generación del 98 y a Juan Ramón Jiménez, el “andaluz universal”, que
con su simplicidad y su perfección literaria fue agraciado con el Premio
Nobel de Literatura en 1956.

APARTADO 1
ANTONIO MACHADO: ENTRE EL MODERNISMO Y
EL NOVENTAYOCHISMO

“Caminante, son tus huellas


el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar”

Proverbios y cantares XXIX


(Campos de Castilla)

34
UNIDAD 2
Literatura Española II
El destacado autor Antonio Machado y Ruiz, nació en Sevilla, el 26
de julio de 1875, en una familia muy unida, muy ligada a la cultura y de
ideales liberales. Aún niño, se traslada con la familia en 1883 a Madrid,
cuando estudia en la Institución Libre de Enseñanza. En 1889 empieza
el Bachillerato en los Institutos de San Isidro y después en Cardenal
Cisneros, pero la dificultad financiera de la familia le hace parar los
estudios varias veces, conquistando el título de bachiller sólo diez años
más tarde.
Mantiene una relación muy estrecha con su hermano Manuel
Machado, también poeta y destacado modernista. Al ir a vivir con
el hermano en París, conoce al irlandés Oscar Wilde y al poeta
noventayochista español Pío Baroja. Su amistad con el nicaragüense
Rubén Darío y el español Juan Ramón Jiménez tienen reflejo en sus
primeras obras: Soledades (1903) y Soledades, Galerías y Otros poemas
(1907), una versión ampliada de Soledades.
También en el año de 1907 conoce a Leonor Izquierdo, con quien
se casa dos años después. La joven, que al se casar tenía tan solo 15 años
(él tenía 34 años), se muere tres años después de la boda, sumergiendo al
autor en una profunda depresión. Tras la muerte de la esposa, Machado
vuelve a vivir con su madre en Baeza (Jaén, España), para donde se
traslada y se dedica a la enseñanza en su puesto de catedrático en francés.
En 1912 publica Campos de Castilla, obra que va desprendiéndose
de los rasgos modernistas empleados en los dos primeros libros y que va
acercando al autor cada vez más a la Generación del 98, incluso mantiene
una larga correspondencia con Miguel de Unamuno. En 1917 entabla
una gran amistad con Federico García Lorca. Durante toda su trayectoria
de estudiante, poeta y profesor, mantiene amistades dentro del campo
cultural, participando de tertulias y encuentros culturales.
En 1927 es elegido miembro de la Real Academia Española y en
1931 obtiene una cátedra en el Instituto Calderón, de Madrid. En 1936,
por cuenta de la Guerra Civil Española, se traslada a Valencia, pasando
por otras ciudades y exiliándose por fin en Francia, donde llega el día 28
de enero de 1939, para luego morirse, en 22 de febrero de este mismo año.
Su madre se muere tres días después. Sus últimos versos, encontrados en
el bolsillo de su abrigo fueron: “Estos días azules y este sol de la infância”.

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

La obra del grande poeta

En el café de Las Salesas, Madrid, 1933.


Foto-montaje sobre foto de Alfonso. Casa-Museo Machado Segovia. (Foto: V S-Z)

Su primera publicación, Soledades (1903), escrita entre 1899 y 1902,


trae un poeta modernista aunque con personalidad propia. Así sigue en
Soledades, Galerías y otros poemas (1907), donde el autor expone su
tono melancólico, nostálgico, doliente. Utiliza elementos comunes de
la temática modernista como las fuentes antiguas, los parques viejos,
los jardines abandonados. La atmósfera de ensueño o de recuerdo es
ampliamente explotada, así como el tema de la infancia perdida, la
efimeridad del tiempo, la soledad. Para la máxima expresión de esos
temas se utiliza de muchos símbolos, como el água (río, mar, fuente, água
parada), el camino (simbolizando el trascurrir de la vida), los espejos, el
jardín, las estaciones del año, los períodos del día, entre otros. Observa
algunos de esos elementos en el poema que sigue:

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UNIDAD 2
Literatura Española II
Coplas Elegíacas (Canciones, 1907)

¡Ay del que llega sediento ¡Ay de nuestro ruiseñor,


a ver el agua correr, si en una noche serena
y dice: la sed que siento se cura del mal de amor
no me la calma el beber! que llora y canta sin pena!

¡Ay de quien bebe y, saciada ¡De los jardines secretos,


la sed, desprecia la vida: de los pensiles soñados,
moneda al tahúr prestada, y de los sueños poblados
que sea al azar rendida! de propósitos discretos!

Del iluso que suspira ¡Ay del galán sin fortuna


bajo el orden soberano, que ronda a la luna bella;
y del que sueña la lira de cuantos caen de la luna,
pitagórica en su mano. de cuantos se marchan a ella!

¡Ay del noble peregrino ¡De quien el fruto prendido


que se para a meditar, en la rama no alcanzó,
después de largo camino de quien el fruto ha mordido
en el horror de llegar! y el gusto amargo probó!

¡Ay de la melancolía ¡Y de nuestro amor primero


que llorando se consuela, y de su fe mal pagada,
y de la melomanía y, también, del verdadero
de un corazón de zarzuela! amante de nuestra amada!

Además de la temática, el poeta sigue la forma modernista, con


estrofas en cuartetas, o sea, cuatro versos en arte menor, octasílabos con
rima abab. Esta forma es conocida por ser más próxima al lenguaje, de
manera que trae la musicalidad deseada por los modernistas, aunque el
verso alejandrino es el preferido por ellos.
Ya en su tercer libro, Campos de Castilla, 1912, el tono modernista va
siendo abandonado, a los pocos el poeta va asumiendo una posición más
direccionada al estilo de los poetas de la Generación del 98. Veamos el poema:

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

Retrato (Campos de Castilla, 1912)

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla,


y un huerto claro donde madura el limonero;
mi juventud, veinte años en tierras de Castilla;
mi historia, algunos casos que recordar no quiero.

Ni un seductor Mañara, ni un Bradomín he sido


—ya conocéis mi torpe aliño indumentario—,
mas recibí la flecha que me asignó Cupido,
y amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario.

Hay en mis venas gotas de sangre jacobina,


pero mi verso brota de manantial sereno;
y más que un hombre al uso que sabe su doctrina
soy, en el buen sentido de la palabra, bueno.

Adoro la hermosura y en la moderna estética


corté las viejas rosas del huerto de Ronsard;
mas no amo los afeites de la actual cosmética,
ni soy un ave de esas del nuevo gay-trinar.

Desdeño las romanzas de los tenores huecos


y el coro de los grillos que cantan a la luna.
A distinguir me paro las voces de los ecos,
y escucho solamente, entre las voces, una.

¿Soy clásico o romántico? No sé. Dejar quisiera


mi verso, como deja el capitán su espada:
famosa por la mano viril que la blandiera,
no por el docto oficio del forjador preciada.

Converso con el hombre que siempre va conmigo


—quien habla solo espera hablar a Dios un día—;
mi soliloquio es plática con este buen amigo
que me enseñó el secreto de la filantropía.

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UNIDAD 2
Literatura Española II
Y al cabo, nada os debo; debéisme cuanto he escrito.
A mi trabajo acudo, con mi dinero pago
el traje que me cubre y la mansión que habito,
el pan que me alimenta y el lecho donde yago.

Y cuando llegue el día del último viaje,


y está al partir la nave que nunca ha de tornar
me encontraréis a bordo, ligero de equipaje,
casi desnudo, como los hijos de la mar.

Mañara: Miguel de Mañara, personalidad por cuya obra social


pasó por proceso de beatificación a comienzos del siglo XIX,
motivo por el cual sufrió una campaña difamatoria, en la que se
lo nombraba seductor.

Bradomín: Marqués de Bradomín, personaje galante de la pro-


sa modernista, creado por Valle-Inclán, que cuenta sus histo-
rias de amor y seducción.

Jacobino, a: adj.-s. POLÍT. Partidario del partido del mismo


nombre durante la Revolución Francesa. Los jacobinos eran de-
mócratas radicales que controlaron el poder entre 1793 y 1794.
Sus jefes más importantes fueron Robespierre y Saint-Just.

Ronsard: Pierre de Ronsard, fue un escritor y poeta francés del


siglo XVI. Conocido como el príncipe de los poetas y poeta de
los príncipes, lideró el grupo poético del Renacimiento francés
conocido como La Pléyade.

Gay-Trinar: neologismo acuñado por Antonio Machado, aúna


gay- del inglés, significa alegre; trinar: gorjear de los pájaros.
Se refiere al cantar de los modernistas.

Este poema es considerado el último poema de características


modernistas del autor. Es compuesto por nueve estrofas de cuatro versos
alejandrinos (de catorce sílabas), o sea, de arte mayor. Las rimas son
ABAB.
Observa cómo el autor va describiendo a sí mismo en el poema.
En la primera estrofa cuenta sobre sus andanzas por Sevilla y Castilla,
pasando para una descripción personal en la segunda estrofa. A partir de

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

entonces el yo lírico pasa a entrar en el mundo de la escritura literaria,


trayendo la referencia de poetas y comparando estilos de escritura, ora
alabándolas “Adoro la hermosura y en la moderna estética/ corté las viejas
rosas del huerto de Ronsard”, ora rechazándolas: “mas no amo los afeites
de la actual cosmética,/ ni soy un ave de esas del nuevo gay-trinar”. Con
este verso, el autor determina su rompimiento con el modernismo, una
vez que ya no le agradan esos “afeites de la actual cosmética”.
El propio autor, no se pára a definirse, dejando de lado una
nomenclatura, optando por marcar su escritura por la calidad de trabajo:
“Dejar quisiera/ mi verso, como deja el capitán su espada:/ famosa por la
mano viril que la blandiera,/ no por el docto oficio del forjador preciada”
– la espada gana fama por quien la empuñó y cómo la empuñó, y no por
quien la forjó. Así desea el yo lírico dejar su poema - por ser suyo y nada
más, no por ser forjado a la manera de este o aquel movimiento (“¿Soy
clásico o romántico? No sé.”).
Después de todo, el yo lírico declara la inexistencia de una deuda,
ya que que escribe y vive de su escritura, paga sus cuentas y todo lo que
le sostiene materialmente: la ropa, la casa y la comida, y así seguirá hasta
que la muerte le encuentre.
Pasado el periodo modernista del autor, tocado por todos los
acontecimientos históricos por los que España pasa, el autor empieza a
escribir de una manera más crítica, volviendo su mirada a los problemas
de España.
Disfruta algunos poemas de Proverbios y Cantares:

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UNIDAD 2
Literatura Española II
Proverbios y Cantares

I XXI

Nunca perseguí la gloria, Ayer soñé que veía


ni dejar en la memoria a Dios y que a Dios hablaba;
de los hombres mi canción; y soñé que Dios me oía...
yo amo los mundos sutiles, Después soñé que soñaba.
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón. XXIII

Me gusta verlos pintarse No extrañéis, dulces amigos,


de sol y grana, volar que esté mi frente arrugada:
bajo el cielo azul, temblar yo vivo en paz con los hombres
súbitamente y quebrarse... y en guerra con mis entrañas.

APARTADO 2
EL MODERNISMO ESPAÑOL Y JUAN RAMÓN
JIMÉNEZ

Personajes y el perro ante el sol (1949), Joan Miró


Disponible en: artequinvina.cl/prontus_artequin/site/artic/20080718/pags/20080718153110.php

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

Novecentismo y Vanguardia

En 1900 el Modernismo ya se había extendido en España,
sin embargo es una cuestión difícil definirlo y precisar su alcance. Lo
que podemos afirmar es que surge paralelamente a la gran revolución
ideológica y lingüística de la Generación del 98 y lo que debemos tener
en cuenta es que las tendencias que representaban la nueva literatura de
América iban infiltrándose en España.
Como ya estudiado en la Literatura Hispanoamericana, el
Modernismo fue un movimiento que tuvo su origen en América y fue
traído a España por el poeta nicaragüense Rubén Darío (1867-1916). La
intención de los modernistas españoles fue la de renovar la poesía.
A partir de 1910, la vida literaria se complica. Se ha creado el
término Novecentista para nombrar una serie de escritores de transición
difícilmente clasificables. Por lo tanto, este no es un movimiento
uniforme, sino una promoción que sirve de puente entre el fin de siglo y la
Generación del 27. Los novecentistas promovían un arte conceptual, muy
intelectualizado, enteramente opuesto al irracionalismo neorromántico
de simbolistas y decadentes.
Además, en los años que precedieron la Guerra Civil Española
y la Segunda Guerra Mundial, florece lo que llamamos de Literatura
Social. Fomentada por el crecimiento de las luchas sociales y el ascenso
del fascismo por toda Europa, sirvió para que muchos escritores pusiesen
sus escritos a servicio de una ideología. Esa volta a lo humano no cerró el
ciclo de las vanguardias.
Surgen las influencias de las vanguardias: el surrealismo, el
creacionismo, el ultraísmo, el cubismo, poesía pura etc... Son movimientos
de libertad, buscan originalidad y sobre todo exigen la liberación de
cualquier traba, incluida la lógica. Sin embargo, esa libertad trae a la
superficie el hombre oculto de la lógica y de la razón, pues se descubre
artísticamente al subconsciente. Este universo interior es manifestado
por medio de imágenes oníricas, deformes y deshumanizadas del ser
humano.
En la década de los veinte aparece la Generación del 27,
exponente de la Vanguardia Literaria en España. Conocida también
por la Generación de la República, trae una renovación al teatro y

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UNIDAD 2
Literatura Española II
llevan a la cumbre la poesía lirica. En 1936 se instaura La Guerra Civil
Española haciendo con que los escritores de esa generación se dispersen
y sus mejores representantes van al exilio (Francia, Inglaterra, México,
Argentina), donde darán a conocer la mayor parte de sus creaciones.
No podemos olvidar que las corrientes del Modernismo
ultrapasaron varios campos artísticos. En esta época aparecen muchos de
los artistas españoles de más proyección internacional de todos los tiempos.
Para ilustrar citamos algunos de los pintores españoles representantes
del periodo: Sorolla y Rusiñol impresionistas, Dalí y Miró, surrealistas;
Picasso, cubista. Por lo tanto, podemos afirmar que el Novecentismo y
la Vanguardia constituyen una de las épocas más gloriosas de la cultura
española.
En la próxima unidad estudiarás la Generación del 27, por ahora
daremos énfasis a Juan Ramón Jiménez, el representante máximo del
Novecentismo.

Nacido en Moguer, Huelva, en 1881 es la figura central de este


periodo, representando la transición entre el modernismo y las escuelas
posteriores. Estudió en la Universidad de Sevilla, siendo influenciado
desde muy joven por la poesía de Rubén Darío. Además, tuvo contacto
con los simbolistas franceses, que acentuaron su inclinación hacia la
melancolía.
Atento a todas las innovaciones del momento, pasó por el

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

Modernismo, Simbolismo, Impresionismo, poesía pura, aceptando


los rasgos de las vanguardias. Sin embargo, a medida que avanza su
grandiosa obra poética tiende a depurarla. Trabó una gran lucha con la
palabra hasta dar con el nombre exacto de las cosas. Juan Ramón Jiménez
fue el poeta de la perfección y de la belleza absoluta.
La obra del autor es esencialmente lírica, tanto cuando escribe en
verso o mismo cuando escribe en prosa. En 1900 publicó sus dos primeros
libros de textos. Poco después deja Andalucía y se instala en Madrid,
haciendo varios viajes a Francia. En los Estados Unidos, se casó con la
que ya sería su compañera de toda la vida, Zenobia Camprubí. En 1936,
con el estallar de la Guerra Civil, la capital de España no es un lugar
tranquilo para el poeta, que se vio obligado a dejar el país y vivir años en
exilio.
Ya con la salud afectada, en el 25 de octubre de 1956 la Academia
Sueca le concedía el Premio Nobel de Literatura. El 28 muere Zenobia
de cáncer. Tras la muerte de la amada, Juan2 Ramón se encerró en una
habitación de su casa para vivir en la oscuridad con su dolor y su tristeza.
Se negó a comer, descuidó su higiene personal, se aisló de todo el mundo.
En los últimos días de mayo de 1957, Juan Ramón cayó enfermo de
bronconeumonía, con síntomas alarmantes. El 29 de mayo muere Juan
Ramón en San Juan, Puerto Rico.
Para que comprendas mejor la grandiosidad de ese autor,
presentamos a seguir algunos datos que le hicieron uno de los hispanos
ganadores del premio máximo de la literatura: el Nobel.

El 23 de Enero de 1.956, La UNIVERSITY OF MARYLAND, a


través de su Director Zucker y los otros 33 profesores del Departamento
de Lenguas y Literaturas Extranjeras, firmaban la propuesta de Premio
Nobel para Juan Ramón Jiménez, preparada por la Dra. Palau de Ne-
mes, de la que entresacamos los siguientes párrafos:
“Sus contribuciones a la Literatura Moderna Española han si-
tuado a Juan Ramón Jiménez como el preeminente de los poetas vivos
españoles y ha influenciado a toda una generación de poetas en Es-
paña y la América Latina. Su interés y devoción hacia los poetas más
jóvenes de los países de habla española, ha originado un renacimiento
poético a través de sus visitas a los países hispánicos, tales como Cuba,

44 1 Conforme el sitio web del autor, disponible en: juanramonjimenez.com/principal_frame_JR.htm


UNIDAD 2
Literatura Española II
Puerto Rico y Argentina.”
“Durante 50 años ha sido incorruptiblemente un exponente y
defensor de los más elevados principios y tendencias literarias idealis-
tas, no plegándose nunca a presiones externas o intereses personales.”
“Recomendamos a Jiménez para su consideración en este mo-
mento particular por su libro PLATERO Y YO, una obra cuyo verdadero
significado no ha sido apreciado hasta fecha muy reciente. Hoy, más
de cuarenta años después de su publicación, dicha obra se considera
el mejor poema en prosa escrito jamás en lengua española y está con-
siderada como una obra clásica por los críticos literarios de muchas
naciones.”
“PLATERO Y YO no es una obra extraordinaria solo por su per-
fección literaria, sino también por la aproximación idealista del poeta
en la concepción de su obra, en la que se muestra la comprensión y ter-
nura más humana hacia los menos capaces y menos afortunados miem-
bros de la creación, sean un hombre o un animal, un insecto o una hoja
de hierba.”

Disponible en: http://www.juanramonjimenez.com/principal_frame_JR.htm

Como pudimos atestar, durante el recibimiento del premio, Juan


Ramón Jiménez nos brindó, en prosa, una obra universal, Platero y yo
(1914) que veremos a seguir.

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

Platero y yo es una obra de difícil clasificación, podemos decir que


está escrita en pequeños poemas en prosa. Compuesta por un prologuillo
y 138 capítulos cortos, escrita en primera persona, cuenta la historia del
narrador y su mejor amigo, un burrito llamado Platero. A los ojos de un
descuidado lector la obra puede parecer que un libro para niños, con
todo, su profundidad y su complejidad, así como su finura de su prosa
hacen con que sea una de las novelas más importantes de la Literatura
Española. Juan Ramón a través de la novela no quiso solamente relatar
los problemas existenciales del personaje, sino describir Andalucía y su
pueblecito Moguer, en la provincia de Huelva. Así describe las casas
blancas, las viñas y los naranjos, los huertos, la luna, la noche, la vida y
la gente andaluza, cuestiones esas retomadas con perfección en la obra
poética de García Lorca. El tiempo cronológico es marcado por medio de
las estaciones del año y durante la novela transcurren 355 días, lo que
hace con que la obra sea cíclica. Platero y yo es un libro sobre amistad,
confianza, bondad y generosidad.
Te traemos a seguir el Prologuillo, en el cual Juan Ramón Jiménez
nos explica que aunque parezca, ese no es un libro para niños.

Prologuillo

Suele creerse que yo escribí “Platero y yo” para los niños,


que es un libro para niños.
No. En, “La Lectura”, que sabía que yo estaba con ese libro, me
pidió que adelantase un conjunto de sus páginas más idílicas para
su “Biblioteca Juventud”. Entonces, alterando la idea
momentánea, escribí este prologo:
“Advertencia a los hombres que lean este libro para
niños: Este breve libro, en donde la alegría y la pena son
gemelas, cual las orejas de Platero, estaba escrito para... ¡qué
sé yo para quién!... para quien escribimos los poetas líricos...
Ahora que va a los niños, no le quito ni le pongo una coma. ¡Qué
bien! “Dondequiera que haya niños—dice Novalis—existe una
edad de oro.” Pues por esa edad de oro, que es como una isla
espiritual caída del cielo, anda el corazón del poeta, y se
encuentra allí tan a gusto, que su mejor deseo sería no tener

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UNIDAD 2
Literatura Española II
que abandonarlo nunca.
¡Isla de gracia, de frescura y de dicha, edad de oro de los
niños; siempre te hallé yo en mi vida, mar de duelo; y que tu
brisa me dé su lira, alta y, a veces, sin sentido, igual que el trino
de la alondra en el sol blanco del amanecer!
Yo nunca he escrito ni escribiré nada para niños, porque
creo que el niño puede leer los libros que lee el hombre, con
determinadas excepciones que a todos se le ocurren. También
habrá excepciones para hombres y para mujeres, etc.

Ahora veamos el primero capítulo, en el que Juan Ramón Jiménez


describe Platero.

Capítulo primero
Platero

Platero es pequeño, peludo, suave; tan blando por fuera,


que se diría todo de algodón, que no lleva huesos. Sólo los
espejos de azabache de sus ojos son duros cual dos
escarabajos de cristal negro.
Lo dejo suelto, y se va al prado, y acaricia tibiamente con
su hocico, rozándolas apenas, las florecillas rosas, celestes y
gualdas... Lo llamo dulcemente: ¿Platero? y viene a mí con un
trotecillo alegre que parece que se ríe en no sé qué cascabeleo
ideal...
Come cuanto le doy. Le gustan las naranjas mandarinas,
las uvas moscateles, todas de ámbar; los higos morados, con
su cristalina gotita de miel...
Es tierno y mimoso igual que un niño, que una niña...;
pero fuerte y seco por dentro como de piedra. Cuando paso
sobre él, los domingos, por las últimas callejas del pueblo, los
hombres del campo, vestidos de limpio y despaciosos, se quedan
mirándolo: —Tien’ asero...
Tiene acero. Acero y plata de luna, al mismo tiempo.

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

¿Qué te pareció la novela? Te traemos la versión completa en la


biblioteca de la asignatura para que disfrutes de la lectura.
Se puede escuchar, en la voz de Rafael Penagos, algunos capítulos de
la novela en: http://www.juanramonjimenez.com/principal_frame_JR.htm
Para que conozcas su poesía, te ofrecemos la que sigue:

EL VIAJE DEFINITIVO

...Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros cantando;


y se quedarán mi huerto, con su verde árbol,
y con su pozo blanco.

Todas las tardes, el cielo será azul y plácido:


y tocarán, como está tarde están tocando,
las campanas del campanario. El escritor defendía que
la lengua española tambi-
én debería “purificarse”,
Se morirán aquellos que me amaron; de manera que escribía
las palabras de acuerdo
y el pueblo se hará nuevo cada año;
con su sonido. Así, la pa-
y en el rincón aquel de mi huerto florido y encalado, labra NOSTÁLGICO, por
mi espíritu errará, nostáljico… su pronuncia, la escribe
con J, así como hará mu-
chas otras.
Y yo me iré; y estaré solo, sin hogar, sin árbol
verde, sin pozo blanco,
sin cielo azul y plácido…
Y se quedarán los pájaros cantando.

Veamos otro poema del autor, de Jardines Lejanos (1904). Notamos


en el poema una estructura formal muy bien hecha, además de un tono
melancólico, emotivo y sentimental en las descripciones del poeta.

VI

No hay sol; el cielo de invierno


es de bruma y nubes blancas;
sólo hay un raso celeste
sobre las araucarias.

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UNIDAD 2
Literatura Española II
La avenida abre su sueño
llena de mujeres pálidas ...
los vientos están jugando
con las sedas perfumadas.

Hay caricias como rosas


en la lívida mañana;
la carne en flor da el perfume
que han perdido las acacias.

Es un pecado discreto,
es una carne cristiana
que va a misa, con un lirio
entre rosas deshojadas;

carne que nunca podrá


sobre la dulce frescura
de las espaldas románticas ...

en la mañana galante
rezan a Dios las campanas;
desde dentro están llamando
los corazones en gracia.

¡Fondos de oro, con albores


floreados, con fragancia
de purezas sin latido,
con dulzura de gargantas!

Pero el cielo gris ha puesto


muy rosas todas las almas
y tiende rasos celestes
sobre las araucarias ...

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

Sobre Antonio Machado:

http://www.youtube.com/watch?v=HVr_-UEXfIE&lr=1&feature=mhsn
http://www.youtube.com/watch?v=thpzexWah-U&feature=related

Para escuchar el poema “Retrato” de Antonio Machado:



http://www.palabravirtual.com/index.php?ir=ver_voz1.php&wid=1136&p=
Antonio%20Machado&t=Retrato

Para escuchar el mismo poema, pero musicado y con datos biográficos del autor:

http://www.youtube.com/watch?v=ViwRfBPnjTI&feature=related

¿Cómo las diversas artes se relacionan con la Literatura? Accede a los


siguientes sitios para verificar las interrelaciones:

http://hispanoteca.eu/Literatura%20espa%C3%B1ola/Modernismo/El%2
Modernismo.htm
http://www.youtube.com/watch?v=gUGXB0GgvSU

Estimado estudiante, en esta unidad has leído sobre la grandiosidad de dos


autores de la Edad de Plata: Antonio Machado y su pasaje por el Modernismo y la
Generación del 98 y Juan Ramón Jiménez y sus aportes al Modernismo español.
Con tus estudios, debes haber conocido más sobre los dos movimientos
literarios y sobre la obra de dichos autores, además de conocer más sobre la historia
de España. Es importante que sigas leyendo y que busques otros poemas para
conocer más de los autores y ampliar tus conocimientos sobre la literatura.

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UNIDAD 2
Literatura Española II
1. Lee el poema que sigue y describe a las personas con las cuales el yo
lírico cruza en los caminos. ¿Cuáles son los adjetivos utilizados para describir a
estas personas?

HE ANDADO MUCHOS CAMINOS


(Soledades, 1899-1907)

He andado muchos caminos, Y en todas partes he visto


he abierto muchas veredas, gentes que danzan o juegan
he navegado en cien mares cuando pueden, y laboran
y atracado en cien riberas. sus cuatro palmos de tierra.

En todas partes he visto Nunca, si llegan a un sitio,


caravanas de tristeza, preguntan adónde llegan.
soberbios y melancólicos Cuando caminan, cabalgan
borrachos de sombra negra, a lomos de mula vieja,

y pedantones al paño y no conocen la prisa


que miran, callan y piensan ni aun en los días de fiesta.
que saben, porque no beben Donde hay vino, beben vino;
el vino de las tabernas. donde no hay vino, agua fresca

Mala gente que camina Son buenas gentes que viven,


y va apestando la tierra... laboran, pasan y sueñan,
y en un día como tantos
descansan bajo la tierra.

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2. Estudiamos sobre el tránsito de la obra de Machado ora entre los


Noventayochistas, ora entre los Modernistas. La manera como es conducido el
poema anterior hace con que a ti te parezca más con la Generación del 98 ¿o más
con el Modernismo?

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UNIDAD 2
Universidade Aberta do Brasil

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3. “El Modernismo, ha dicho Juan Ramón Jiménez, no fue solamente una


tendencia literaria, el Modernismo fue una tendencia general. Era el encuentro de
nuevo con la belleza, sepultada durante el siglo XIX por un tono general de la poesía
burguesa. Eso es el Modernismo: un gran movimiento de entusiasmo y libertad hacia
la belleza.” (Díaz-Plaja, 1958, p.428)
Escribe, pautado en la citación arriba, sobre la corriente modernista que vino
de América hacia España y Europa, relacionando sus características en el ámbito de
las artes en general.

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UNIDAD 2
Literatura Española II

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UNIDAD 2
UNIDAD III
El Grupo del 27 y Federico
García Lorca

OBJETIVOS DEL APRENDIZAJE


■■ Comprender las principales características del movimiento literario del Grupo
del 27
■■ Conocer las manifestaciones literarias del Grupo del 27
■■ Relacionar las principales obras y autores con el contexto histórico en que
fueron producidas.

GUIÓN DE ESTUDIOS
■■ APARTADO 1 - El Grupo del 27

■■ APARTADO 2 - Federico García Lorca


Universidade Aberta do Brasil

PARA INICIAR LA CHARLA



El Siglo de Plata de la Literatura Española sigue con sus
grandes aportes literarios y culturales. En esta unidad estudiaremos el
movimiento que busca unir lo tradicional a las novedades vanguardistas:
La Generación del 27 o El Grupo del 27.
Verás que el grupo, dentro de un mismo propósito que es
traer la belleza de la poesía a tona, consigue mantener y destacar las
características propias de cada autor, de manera que el grupo presenta
una gran diversidad en sus producciones. Nos detendremos en el más
conocido internacionalmente, el poeta y dramaturgo Federico García
Lorca.
Con esta unidad verás también que son muchos los autores y la
producción es extensa, de manera que tendrás muchas opciones de
pesquisa para seguir estudiando fuera de las páginas de nuestro libro. ¡A
ver con cuál te identificas más!

APARTADO 1
EL GRUPO DEL 27

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UNIDAD 3
Literatura Española II
El Grupo del 27 o la Generación del 27 recibe este nombre por
cuenta de la conmemoración del tercer centenario de la muerte de
Góngora, celebrado en 1927, en que ensayistas, dramaturgos y poetas,
se encuentran para alabar al que querían dar el debido valor y creían
que no se le daba, creían que ya se lo había olvidado. El lenguaje poético
utilizado por Luis de Góngora, poeta español considerado padre del
culteranismo, es una de las inspiraciones de los poetas del nuevo grupo.
Demuestran admiración por los autores clásicos y por las formas
populares, aunando lo tradicional a las corrientes de vanguardia, sobre
todo el surrealismo, y mezclando formas clásicas como el romance y las
canciones populares. A pesar de que casi se sobreponen al Modernismo
y al Noventayochismo, mantienen el debido respeto y cierta admiración
por la obra de Juan Ramón Jiménez, de Antonio Machado y de Miguel
de Unamuno, manteniendo incluso cierta relación con los autores, hasta
mismo con el nicaragüense Rubén Darío.
Para Jorge Guillén, los que pertenecen a la Generación del 27
tienen como características comunes no solo edades próximas, o mismo la
formación académica semejante de la mayoría, sino el ideal de la búsqueda
del arte de la poesía. Están sintonizados tanto con lo que pasa en Europa
como con la tradición española y representan la realidad a través de una
recreación libre, partiendo de la realidad interior del hombre, así como
el sentimiento desprendido del sentimentalismo. Es importante destacar
que son sus propios críticos de lo que producen, siendo Dámaso Alonso
el que más se dedica a la crítica literaria.
Además de las preferencias estético literarias, la unión del grupo
se debe a una relación de amistad entre sí, de manera que Jorge Guillén
(1893-1984), la llamaba “la Generación de la Amistad”. Eso se debe en
parte a que muchos vivieron juntos en la Residencia de Estudiantes, en
Madrid, sus formaciones intelectuales son semejantes, incluso muchos
llegaron a ser profesores. Otros nombres fueron mencionados para el grupo,
tales como Generación del 25, Generación de la República, Generación de
la Dictadura, Generación Vanguardista. Mismo la discusión sobre si es
Grupo del 27 o Generación del 27 es todavía larga y contradictoria, de
manera que trataremos al periodo y a los autores como pertenecientes a
un grupo generacional.
El más destacado escritor del grupo es Federico García Lorca (1898-

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

1936), quien junto con Guillén, Pedro Salinas (1891-1951), Gerardo


Diego (1896-1987), Vicente Aleixandre (1898-1984), Dámaso Alonso
(1898-1990), Emilio Prados (1899-1962), Rafael Alberti (1902-1999), Luis
Cernuda (1902-1963) y Manuel Altolaguirre (1905-1959) formó el grupo
que logró hacer la unión entre las últimas aportaciones de las vanguardias
y la revalorización de la poesía hispánica más tradicional, desde la lírica
popular hasta la poesía barroca, de manera que Alberti definió al grupo
como “vanguardistas de la tradición”.
A pesar de que el grupo tuvo grande impacto sobre la literatura
española, el estallido de la Guerra Civil Española, que ya inicia sus
terribles achaques con el asesinato de Lorca en 1936, obliga a muchos
del grupo a que se exilien y que pierdan el contacto entre sí, de manera
que la fecha de 36 pasa a ser el inicio del fin del grupo como tal. A partir
de entonces cada autor sigue a su manera, dejando las características
generacionales y adoptando características más personales.
Traemos para ti una pequeña muestra del trabajo de algunos autores,
¡disfruta lo máximo que puedas!


La paloma (Rafael Alberti) Adolescencia (Vicente Aleixandre)

Se equivocó la paloma Vinieras y te fueras dulcemente,


se equivocaba. de otro camino
Por ir al norte, fue al sur; a otro camino. Verte,
creyó que el trigo era agua. y ya otra vez no verte.
Se equivocaba. Pasar por un puente a otro puente.
Creyó que el mar era el cielo; -El pie breve,
que la noche la mañana. la luz vencida alegre-.
Se equivocaba.
Que las estrellas rocío; Muchacho que sería yo mirando
que la calor, la nevada. aguas abajo la corriente,
Se equivocaba. y en el espejo tu pasaje
Que tu falda era su blusa; fluir, desvanecerse.
que tu corazón su casa.
Se equivocaba.
(Ella se durmió en la orilla.
Tú, en la cumbre de una rama.)

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UNIDAD 3
Literatura Española II
Mis manos y mis labios y mis ojos... (Jorge Guillén)

Mis manos y mis labios y mis ojos


rehacen
con creciente embeleso
próximo al éxtasis,
activo sin embargo,
un incesante viaje
de reconocimiento que a la vez descubre
tanta comarca donde nunca es tarde:
Aurora permanente
sobre cimas y valles.

Entre las combas y las sombras


de tu hermosura no me pierdo,
y tu nombre claro proyecta
luz muy personal sobre tu cuerpo,
que está en mi amor y fuera de
su mágico radio secreto.
Y a esa tu vida, más allá,
bajo sol y luna me entrego,
toda tú estás conmigo,
nuestro doble futuro yo lo quiero.

Amor (Gerardo Diego)

Dentro, en tus ojos, donde calla y duerme


un palpitar de acuario submarino,
quisiera - licor tenue al difumino -
hundirme, decantarme, adormecerme.

Y a través de tu espalda, pura, inerme,


que me trasluce el ritmo de andantino
de tu anhelar, si en ella me reclino,
quisiera trasvasarme y extenderme.

Multiplicar mi nido en tus regazos


innumerables, que al cerrar los brazos
no encontrases mi carne, en ti disuelta.

Y que mi alma, en bulto y tacto vuelta,


te resbalase en torno, transparente
como tu frente, amor, como tu frente.

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

APARTADO 2
FEDERICO GARCÍA LORCA

Fuentevaqueros (Granada) es la cuna de Federico García Lorca,


nacido el 5 de junio de 1898. Ya de niño se interesa por la literatura y
también se interesaba por la pintura y el dibujo además de la música.
Empieza sus estudios en Filosofía y Letras y Derecho en la Universidad
de Granada, donde estudiará música también. Esta formación intelectual
reflejará en sus obras, pues en ellas rescata las canciones populares, utiliza
sus conocimientos culturales y actúa en defensa a grupos minoritarios
(los gitanos, las mujeres, los negros). En las palabras del autor “Yo
creo que el ser de Granada me inclina a la comprensión simpática de
los perseguidos. Del gitano, del negro, del judío… que todos llevamos
dentro”. Esa posición incomoda desde muy temprano a los que no están
de acuerdo con esa visión, sin embargo, eso no intimida al autor.
Lee lo que el autor escribe sobre la poesía:

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UNIDAD 3
Literatura Española II
Este es el prólogo (Poemas Sueltos)

Dejaría en este libro y a cosas que se odian,


toda mi alma. él, amigas las llama.
Este libro que ha visto Sabe que los senderos
conmigo los paisajes son todos imposibles,
y vivido horas santas. y por eso de noche
¡Qué pena de los libros va por ellos en calma.
que nos llenan las manos En los libros de versos,
de rosas y de estrellas entre rosas de sangre,
y lentamente pasan! van pasando las tristes
¡Qué tristeza tan honda y eternas caravanas
es mirar los retablos que hicieron al poeta
de dolores y penas cuando llora en las tardes,
que un corazón levanta! rodeado y ceñido
Ver pasar los espectros por sus propios fantasmas.
de vidas que se borran, Poesía es amargura,
ver al hombre desnudo miel celeste que mana
en Pegaso sin alas, de un panal invisible
ver la vida y la muerte, que fabrican las almas.
la síntesis del mundo, Poesía es lo imposible
que en espacios profundos hecho posible. Arpa
se miran y se abrazan. que tiene en vez de cuerdas
Un libro de poesías corazones y llamas.
es el otoño muerto: Poesía es la vida
los versos son las hojas que cruzamos con ansia
negras en tierras blancas, esperando al que lleva
y la voz que los lee sin rumbo nuestra barca.
es el soplo del viento Libros dulces de versos
que les hunde en los pechos, son los astros que pasan
entrañables distancias. por el silencio mudo
El poeta es un árbol al reino de la Nada,
con frutos de tristeza escribiendo en el cielo
y con hojas marchitas sus estrofas de plata.
de llorar lo que ama. ¡Oh, qué penas tan hondas
El poeta es el médium y nunca remediadas,
de la Naturaleza las voces dolorosas
que explica su grandeza que los poetas cantan!
por medio de palabras. Dejaría en el libro
El poeta comprende este toda mi alma...
todo lo incomprensible,
7 de agosto de 1918.

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

Al trasladarse para estudios a Madrid, en 1919, pasa a vivir en la


Residencia de Estudiantes, donde conoce a los que serán grandes amigos y
compañeros de arte, como Salvador Dalí (pintura) y Luis Buñuel (cinema),
además de los literatos con quien formará el Grupo del 27. Demuestra ser
una persona bastante alegre en la convivencia, pero retrata un yo lírico
bastante melancólico, introspectivo, lleno de inseguridad:

ALBA

Mi corazón oprimido
Siente junto a la alborada
El dolor de sus amores
Y el sueño de las distancias.
La luz de la aurora lleva
Semilleros de nostalgias
Y la tristeza sin ojos
De la médula del alma.
La gran tumba de la noche
Su negro velo levanta
Para ocultar con el día
La inmensa cumbre estrellada.

¡Qué haré yo sobre estos campos


Cogiendo nidos y ramas
Rodeado de la aurora
Y llena de noche el alma!
¡Qué haré si tienes tus ojos
Muertos a las luces claras
Y no ha de sentir mi carne
El calor de tus miradas!
¿Por qué te perdí por siempre
En aquella tarde clara?
Hoy mi pecho está reseco
Como una estrella apagada.

Granada, abril de 1919 - Libro de Poemas (1918-1920)

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UNIDAD 3
Literatura Española II
Vive en la Residencia de Estudiantes hasta 1928, cuando consigue
una beca y se va a Nueva York, periodo en que su escrita sufre intensa
transformación. El carácter inhumano de la ciudad, especialmente por el
trato que recibía la población afroamericana, le causó un gran impacto y
angustia, de ahí que nació el libro Poeta en Nueva York, una de las obras
fundamentales del surrealismo europeo. Escribe el autor: “Wall Street.
Impresionante por frío y por cruel. Llega el oro en ríos de todas las partes
de la tierra, y la muerte llega con él. En ninguna parte del mundo como
allí se puede sentir la ausencia total del espíritu”. Puedes observar este
desengaño en el poema que sigue:

LA AURORA

La aurora de Nueva York tiene


cuatro columnas de cieno
y un huracán de negras palomas
que chapotean en las aguas podridas.

La aurora de Nueva York gime


por las inmensas escaleras
buscando entre las aristas
nardos de angustia dibujada.

La aurora llega y nadie la recibe en su boca


porque allí no hay mañana ni esperanza posible.
A veces las monedas en enjambres furiosos
taladran y devoran abandonados niños.

Los primeros que salen comprenden con sus huesos


que no habrá paraísos ni amores deshojados;
saben que van al cieno de números y leyes,
a los juegos sin arte, a sudores sin fruto.

La luz es sepultada por cadenas y ruidos


en impúdico reto de ciencia sin raíces.
Por los barrios hay gentes que vacilan insomnes
como recién salidas de un naufragio de sangre.

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

Cuando de la implantación de la República en España en el año


1931, la democracia en el país y el impulso que gana la cultura estimulan
al autor a difundir la cultura entre las gentes más pobres, y en 1932,
fundó el Grupo de Teatro Universitario “La Barraca”. Con él recorrió
los pueblos de España representando obras de teatro clásico. Sobre eso
dice: “Al público que también me gusta a mí: obreros, gente sencilla de
los pueblos, hasta los más chicos, y estudiantes y gentes que trabajan y
estudian. A los señoritos y a los elegantes, a esos no les gusta mucho”.
A partir de entonces se dedica más al teatro, estrenó Bodas de
sangre en 1933, con gran éxito, Yerma y Doña Rosita la soltera (ambas en
1935). La versión inglesa de Bodas de sangre se estrenó en Nueva York
ese mismo año de 1935. También en Buenos Aires sus piezas tienen gran
éxito. Ese mismo año le rinde homenaje a un torero muerto en la arena a
través del poema Llanto por la muerte de Ignacio Sánchez Mejías, torero
este que prestó un gran apoyo a los artistas. Lee una de las partes del
poema:

ALMA AUSENTE
(Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, 1935)

No te conoce el toro ni la higuera,


ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.

No te conoce el lomo de la piedra,


ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.

El otoño vendrá con caracolas,


uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.

Porque te has muerto para siempre,


como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.

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UNIDAD 3
Literatura Española II
No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.

La tristeza que tuvo tu valiente alegría.


Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.

Sus principales obras líricas fueron el Poema del Cante Jondo


(escrito de 1921-24; publicado en 1931); Romancero Gitano (1924-
27; publicado en 1928), en que el autor se preocupa por los hombres
marginados y sus tragedias además de las obras ya citadas anteriormente.
Su última obra es publicada poco antes de su muerte y es
considerada su obra maestra, se intitula La Casa de Bernarda Alba. En
1936 debido a sus opiniones políticas y fuerte influencia con el público,
es fusilado tras el golpe de Franco, pasando a ser una de las primeras
víctimas de la Guerra Civil Española.
A la secuencia te ofrecemos una parte del primero acto de La
Casa de Bernarda Alba, pieza teatral que tú debes leer por completo para
seguir con otros trabajos propuestos.

(…) La Poncia: No tendrás queja ninguna. Ha venido todo el pueblo.

Bernarda: Sí, para llenar mi casa con el sudor de sus refajos y el veneno
de sus lenguas.

Amelia: ¡Madre, no hable usted así!

Bernarda: Es así como se tiene que hablar en este maldito pueblo sin
río, pueblo de pozos, donde siempre se bebe el agua con el miedo de
que esté envenenada.

La Poncia: ¡Cómo han puesto la solería!

Bernarda: Igual que si hubiera pasado por ella una manada de cabras.
(La Poncia limpia el suelo) Niña, dame un abanico.

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

Amelia: Tome usted. (Le da un abanico redondo con flores rojas y verdes.)

Bernarda: (Arrojando el abanico al suelo) ¿Es éste el abanico que se da


a una viuda? Dame uno negro y aprende a respetar el luto de tu padre.

Martirio: Tome usted el mío.

Bernarda: ¿Y tú?

Martirio: Yo no tengo calor.

Bernarda: Pues busca otro, que te hará falta. En ocho años que dure el
luto no ha de entrar en esta casa el viento de la calle. Haceros cuenta
que hemos tapiado con ladrillos puertas y ventanas. Así pasó en casa de
mi padre y en casa de mi abuelo. Mientras, podéis empezar a bordaros
Las observaciones hechas
entre paréntesis y en itá-
el ajuar. En el arca tengo veinte piezas de hilo con el que podréis cortar
lica, son llamadas “acota- sábanas y embozos. Magdalena puede bordarlas.
ción”, y aparecen ahí para
indicar al director de la Magdalena: Lo mismo me da.
pieza cuáles son las ins-
trucciones para los actores
Adela: (Agria) Si no queréis bordarlas irán sin bordados. Así las tuyas
o la composición de la es-
lucirán más.
cena. En las acotaciones
aparecen, por ejemplo,
datos sobre la escenogra- Magdalena: Ni las mías ni las vuestras. Sé que yo no me voy a casar.
fía o figurino; el estado de Prefiero llevar sacos al molino. Todo menos estar sentada días y días
ánimo del personaje, el dentro de esta sala oscura.
tono de voz deseado por el
dramaturgo, etc.
Bernarda: Eso tiene ser mujer

Magdalena: Malditas sean las mujeres.

Bernarda: Aquí se hace lo que yo mando. Ya no puedes ir con el cuento


a tu padre. Hilo y aguja para las hembras. Látigo y mula para el varón.
Eso tiene la gente que nace con posibles.

(Sale Adela.)

Voz: ¡Bernarda!, ¡déjame salir!

Bernarda: (En voz alta) ¡Dejadla ya! (Sale la Criada.)

Criada: Me ha costado mucho trabajo sujetarla. A pesar de sus ochenta


años tu madre es fuerte como un roble.

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UNIDAD 3
Literatura Española II
Bernarda: Tiene a quien parecérsele. Mi abuelo fue igual.

Criada: Tuve durante el duelo que taparle varias veces la boca con un
costal vacío porque quería llamarte para que le dieras agua de fregar
siquiera, para beber, y carne de perro, que es lo que ella dice que tú le
das.

Martirio: ¡Tiene mala intención!

Bernarda: (A la Criada.) Déjala que se desahogue en el patio.

Criada: Ha sacado del cofre sus anillos y los pendientes de amatistas,


se los ha puesto y me ha dicho que se quiere casar.

(Las hijas ríen.)

Bernarda: Ve con ella y ten cuidado que no se acerque al pozo.

Criada: No tengas miedo que se tire.

Bernarda: No es por eso... Pero desde aquel sitio las vecinas pueden
verla desde su ventana.

(Sale la Criada.)

Martirio: Nos vamos a cambiar la ropa.

Bernarda: Sí, pero no el pañuelo de la cabeza. (Entra Adela.) ¿Y


Angustias?

Adela: (Con retintín.) La he visto asomada a la rendija del portón. Los


hombres se acababan de ir.

Bernarda: ¿Y tú a qué fuiste también al portón?

Adela: Me llegué a ver si habían puesto las gallinas.

Bernarda: ¡Pero el duelo de los hombres habría salido ya!

Adela: (Con intención) Todavía estaba un grupo parado por fuera.

Bernarda: (Furiosa) ¡Angustias! ¡Angustias!

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

Angustias: (Entrando.) ¿Qué manda usted?

Bernarda: ¿Qué mirabas y a quién?

Angustias: A nadie.

Bernarda: ¿Es decente que una mujer de tu clase vaya con el anzuelo
detrás de un hombre el día de la misa de su padre? ¡Contesta! ¿A quién
mirabas?

(Pausa.)

Angustias: Yo...

Bernarda: ¡Tú!

Angustias: ¡A nadie!

Bernarda: (Avanzando con el bastón) ¡Suave! ¡dulzarrona! (Le da)

La Poncia: (Corriendo) ¡Bernarda, cálmate! (La sujeta) (Angustias


llora.)

Bernarda: ¡Fuera de aquí todas! (Salen)

La Poncia: Ella lo ha hecho sin dar alcance a lo que hacía, que está
francamente mal. ¡Ya me chocó a mí verla escabullirse hacia el patio!
Luego estuvo detrás de una ventana oyendo la conversación que traían
los hombres, que, como siempre, no se puede oír.

Bernarda: ¡A eso vienen a los duelos! (Con curiosidad) ¿De qué


hablaban?

La Poncia: Hablaban de Paca la Roseta. Anoche ataron a su marido a


un pesebre y a ella se la llevaron a la grupa del caballo hasta lo alto
del olivar.

Bernarda: ¿Y ella?

La Poncia: Ella, tan conforme. Dicen que iba con los pechos fuera y
Maximiliano la llevaba cogida como si tocara la guitarra. ¡Un horror!
Bernarda: ¿Y qué pasó?

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UNIDAD 3
Literatura Española II
La Poncia: Lo que tenía que pasar. Volvieron casi de día. Paca la Roseta
traía el pelo suelto y una corona de flores en la cabeza.

Bernarda: Es la única mujer mala que tenemos en el pueblo.

La Poncia: Porque no es de aquí. Es de muy lejos. Y los que fueron


con ella son también hijos de forasteros. Los hombres de aquí no son
capaces de eso.

Bernarda: No, pero les gusta verlo y comentarlo, y se chupan los dedos
de que esto ocurra.

La Poncia: Contaban muchas cosas más.

Bernarda: (Mirando a un lado y a otro con cierto temor) ¿Cuáles?

La Poncia: Me da vergüenza referirlas.

Bernarda: Y mi hija las oyó.

La Poncia: ¡Claro!

Bernarda: Ésa sale a sus tías; blancas y untosas que ponían ojos de
carnero al piropo de cualquier barberillo. ¡Cuánto hay que sufrir y
luchar para hacer que las personas sean decentes y no tiren al monte
demasiado!

La Poncia: ¡Es que tus hijas están ya en edad de merecer! Demasiada


poca guerra te dan. Angustias ya debe tener mucho más de los treinta.

Bernarda: Treinta y nueve justos.

La Poncia: Figúrate. Y no ha tenido nunca novio...

Bernarda: (Furiosa) ¡No, no ha tenido novio ninguna, ni les hace falta!


Pueden pasarse muy bien.

La Poncia: No he querido ofenderte.

Bernarda: No hay en cien leguas a la redonda quien se pueda acercar


a ellas. Los hombres de aquí no son de su clase. ¿Es que quieres que las
entregue a cualquier gañán?

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

La Poncia: Debías haberte ido a otro pueblo.

Bernarda: Eso, ¡a venderlas!

La Poncia: No, Bernarda, a cambiar... ¡Claro que en otros sitios ellas


resultan las pobres!

Bernarda: ¡Calla esa lengua atormentadora!

La Poncia: Contigo no se puede hablar. ¿Tenemos o no tenemos


confianza?

Bernarda: No tenemos. Me sirves y te pago. ¡Nada más!

Criada: (Entrando.) Ahí está don Arturo, que viene a arreglar las
particiones.

Bernarda: Vamos. (A la Criada.) Tú empieza a blanquear el patio. (A la


Poncia.) Y tú ve guardando en el arca grande toda la ropa del muerto.

La Poncia: Algunas cosas las podríamos dar...

Bernarda: Nada. ¡Ni un botón! ¡Ni el pañuelo con que le hemos tapado
la cara! (Sale lentamente apoyada en el bastón y al salir vuelve la cabeza
y mira a sus criadas. Las criadas salen después.) (…)

Sigue leyendo el texto y observa cómo es la relación entre los


personajes. Observa cómo la madre se impone delante de las hijas y
después contesta los ejercicios propuestos.

Ve la película “Sin límites” (en inglés Little Ashes, literalmente “pequeñas


cenizas”), que relata la amistad entre los artistas Federico García Lorca, Salvador
Dalí y Luis Buñuel. Dirección Paul Morrison, 2008. La película narra las experiencias
de los tres jóvenes creadores cuando estuvieron en la Residencia de Estudiantes de
Madrid, desde 1922 y hasta semanas antes del estallido de la Guerra Civil española.
Protagonizada por Javier Beltrán, Robert Pattinson, Matthew McNulty, Marina Gatell,
Arly Jover.

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UNIDAD 3
Literatura Española II


Con la lectura de La Casa de Bernarda Alba, debes reflexionar sobre el papel
de la mujer en la sociedad de fines del siglo XIX y principios del XX. Para tanto, te
ofrecemos el texto de Amelia Villanueva Ramirez, disponible en http://radio.rpp.com.
pe/minovelafavorita/situacion-de-la-mujer-en-la-literatura-y-la-sociedad-espanola-
del-siglo-xix/

Situación de la mujer en la literatura y la sociedad española del Siglo XIX

En el siglo XIX no era admisible que una mujer pudiera valerse por sí
misma y fuera independiente del hombre. La sociedad española no les daba a las
mujeres las mismas oportunidades que recibían los varones. Tanto las mujeres
de las clases nobles o altas, como las de clase media y baja, no recibían una
educación que las prepara para la vida y la libertad.
Las mujeres de clase alta y media eran educadas en una “cultura del adorno”
para que supieran entretener a sus familias pudientes. Recibían clases de pintura,
música y francés. Las mujeres de clase baja ni siquiera tenían acceso a este tipo
de educación: su campo de acción estaba limitado a las labores domésticas o de
servicio y muy pocas de ellas eran instruidas. Lamentablemente, en ningún caso
las mujeres podían autosostenerse mediante su propio trabajo, porque no estaban
socialmente preparadas para ello.
La legislación española de finales del siglo XIX señalaba que la mujer
casada no podía disponer de autonomía personal o laboral, menos aún de
independencia económica; sus bienes debían ser administrados por el esposo.
Toda trasgresión a esta ley era penada con cárcel. En el caso de los hombres
se les permitía las relaciones extramatrimoniales y un asesinato en “defensa de
su honor”, era sancionado con el destierro por un breve periodo de tiempo. No
así para las mujeres. Si cometían un crimen pasional, la cadena perpetua era el
máximo castigo.
Aunque las leyes permitían a las mujeres estudiar una carrera o profesión,
paradójicamente la sociedad era estrictamente patriarcal, y solo bajo la autorización
paterna o del marido podía lograrse este derecho que, en esa época era muy difícil
de ejercer. Además había muy pocas profesiones a las que una mujer podía ingresar.
Es en este siglo que la literatura española juega un papel preponderante al
reflejar en sus obras la diferencia de género que marcaban las leyes y costumbres
sociales. Benito Pérez Galdós, en “Tristana”, retrata a una mujer de clase media
que pasa del yugo paterno a la de un protector-amante. Ella desea tener una vida
propia, sin depender de un hombre, pero sabe que no está lo suficientemente
preparada ni tiene las aptitudes para lograr este sueño.
Es a través de este tipo de literatura como, poco a poco, la sociedad en
general empezó a tomar conciencia. Aparecieron los movimientos feministas en
Europa, algo tardíamente en España, pero sirvieron para que las mujeres lucharan
por sus derechos y cambiaran su situación.

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UNIDAD 3
Universidade Aberta do Brasil

Estimado estudiante, en esta unidad has conocido a muchos autores de la


Generación del 27. ¿Ya consigues apuntar cuál más te agradó?
Con el final de esta unidad debes comprender qué fue la Generación del 27 y
reconocer algunos de los nombres principales del grupo. También estudiaste al autor
Federico García Lorca, sus poemas y su teatro. ¿Te animas a producir una pieza
teatral de él?

1. Tras leer la pieza La Casa de Bernarda Alba por primera vez, léela
nuevamente y observa:

a) ¿Cómo es la relación entre Bernarda y la Poncia?


b) ¿Cómo son establecidas las relaciones sociales? ¿A través de qué
personajes son establecidas cuáles relaciones?
c) ¿Cómo la mujer es representada y cuál es su situación dentro de esta
sociedad retratada?
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UNIDAD 3
Literatura Española II

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UNIDAD 3
UNIDAD IV
La literatura de
pos guerra

OBJETIVOS DEL APRENDIZAJE


■■ Conocer la situación histórica de la Pos Guerra en España
■■ Conocer las manifestaciones literarias de la Pos Guerra
■■ Relacionar las principales obras y autores con el contexto histórico en que
fueron producidas.

GUIÓN DE ESTUDIOS
■■ APARTADO 1 - La Cultura de la Posguerra

■■ APARTADO 2 - La Literatura de Posguerra de los años 40 a 70

■■ APARTADO 3 - Camilo José Cela y la crudeza del realismo social


Universidade Aberta do Brasil

PARA INICIAR LA CHARLA



Estudiante: debes imaginarte cómo un país es asolado delante de
una guerra, ¿no es mismo? Los problemas generados durante y después
de Guerra Civil Española tendrán reflejo directo en la producción literaria
de autores de varias nacionalidades y, por supuesto, de muchos autores
españoles.
En esta unidad seguiremos estudiando los efectos de la guerra
y cómo los literatos se expresaron en el periodo de Pos Guerra y de la
dictadura de Franco. Estudiaremos en especial la obra de Camilo José
Cela .

APARTADO 1
LA CULTURA DE LA POSGUERRA


A partir de lo que has estudiado en la Literatura Española hasta el
momento te invitamos a conocer un poquito sobre la historia de España
y la cultura española de este momento, en lo cual España pasa por
transformaciones muy significativas. España pierde sus últimas colonias
en 1898; empieza la Guerra Civil en 1936 y luego la dictadura franquista
(1939), siendo así muchos de estos escritores que estudiamos, traspasan
por todas estas etapas. Por eso te invitamos a leer el texto del mexicano
Carlos Fuentes. Lo que te presentamos es parte del capítulo diecisiete del
libro El espejo enterrado (1992), intitulado La España Democrática. En
este capítulo Fuentes aborda todas las intemperies por las cuales pasó el
país, su gente y sobre todo, los escritores y la literatura.

(…) Nada quedaba del imperio de Carlos V y Felipe II, donde el


sol jamás de ponía. Ahora, el sol se había puesto y el hecho provocó
una reacción asombrada en España. El sueño de la grandeza había
concluido. España se había engañado a sí misma. “En los nidos
se antaño, no hay aves hogaño”, había dicho con melancolía Don

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UNIDAD 4
Literatura Española II
Quijote cuando regresó a morir en su vieja aldea. Ahora, parecía que
fin del imperio había sido predicho de una vez por todas en esos dos
espectros literarios que erraron a lo largo de una España cerrada y
absorta en sí misma: Don Quijote y Sancho Panza. Pero si ésta era la
ilusión, ¿cuál era la realidad del país? ¿Podía España verse ahora a la
cara y descubrir lo que estaba enterrado en su espejo histórico? Una
debilidad política que había permitido a España perder su oportunidad
democrática y modernizante, en España y en las Américas. Pero la
Constitución de Cádiz, como tantas otras leyes en nuestra historia,
había sido abandonada, asaltada por las realidades de intereses
y prácticas patrimonialistas, provincianas, a menudo indecentes,
en tanto que la monarquía, desacreditada desde el momento de la
invasión napoleónica, no poseía la antigua energía de los autoritarios
Habsburgo ni de los paternalistas Borbones. Esta política sin timón
a menudo se tradujo en guerras fratricidas, permitiendo al periodista
Mariano José de Larra exclamar con tono fúnebre: “Aquí yace media
España; murió de la otra media”. Pero ni Larra, ni publicistas como
Blanco White, ni novelistas como Benito Pérez Galdós, quien escribió
la comedia humana española en una vasta saga abarcando todos los
niveles de la sociedad, o el autor espléndidamente irónico, contenido y
dulciamargo de La regenta, Leopoldo Alas, “Clarín”, podían rescatar a
España de la debilidad intelectual que la dejó fuera de corriente central
del pensamiento, la política, la ciencia y la economía occidentales.
“¡España miserable!”, exclamó el poeta Antonio Machado.
“España miserable, ayer dominadora, envuelta en sus harapos,
desprecia cuanto ignora.” Éste es un amargo epitafio, pero no es el
único. La voz de Machado fue una en el coro de una generación,
llamada la Generación de 1898, el año de la pérdida del imperio, que
le gritaba a España: refórmate, conócete, modernízate… Pero primero
mírate, dijo el dramaturgo Ramón del Valle Inclán, quien en obras como
Divinas palabras, presentó a España como parte de un esperpento, una
realidad grotesca, un callejón de espejos deformes, donde incluso las
imágenes más bellas podían volverse absurdas: “El sentido trágico de la
vida española”, escribió Valle Inclán, “solo puede darse con una estética
sistemáticamente deformada…”. El improbable, hirsuto, descos, sus
ojos de lechuza y su mano herida, perdida en un pleito callejero cuando

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UNIDAD 4
Universidade Aberta do Brasil

un rival le pegó con su bastón y hundió los gemelos de la camisa de


don Ramón en su piel, produciendo la infección y la amputación de la
mano. Este bandido manco contrastaba con la nobleza magisterial del
filósofo de Salamanca, Miguel de Unamuno, con su barba blanca, su
pelo recortado y su mirada de lince que parecía parte del paisaje.
No, contestó Unamuno: España poseía, en realidad, un sentido
trágico de la vida porque tenía la mirada fija en las penas y glorias del
pasado. Ahora, le correspondía usar este pasado revelar su presente. El
propósito único de la tradición es iluminar el presente. El pasado como
tal no existe. Toda la historia de España sólo puede ser entendida como
una intrahistoria, una serie simultánea de momentos que se hacen
presentes mediante la imaginación, la emoción y la vida.
Sí, exclamó un tercer escritor, el filosofo José Ortega y Gasset,
cuadrado, fumador, calvo, con una cara tan marcada por el tiempo como la
de un picador. Pero el precio consiste en unirse a la humanidad, creando
una nación moderna. Y España no era sino una nación invertebrada,
un vegetal en un falso paraíso. Despertemos, gritó Ortega, o seremos
sacudidos y arrastrados hacia la modernidad. Y entonces ocurrió algo
que no pudo haber sido previsto en las derrotas de las Bahías de Manila
y de Santiago. Mientras que Ortega y un regimiento de científicos,
educadores y artistas arrastraron a España hacia Europa y el siglo XX,
Europa y el siglo XX se arrojaron a sí mismos a una catástrofe mayor que
la pérdida del imperio español. La Gran Guerra de 1914-1918 destruyó
las ilusiones que Europa abrigaba acerca de la perfectibilidad humana,
la inevitabilidad del progreso y el idilio de la estabilidad europea basada
en el colonialismo afuera y el liberalismo adentro. La carnicería de la
guerra de trincheras, la pérdida de una generación entera de jóvenes
europeos (sólo en batalla del Somme que duró cuatro meses perecieron
420.000 ingleses, 194.000 franceses y 440.000 alemanes) hizo que los
males de la España neutral y aislada parecieran bastante pequeños.
Pero, evitando inmiscuirse en la primera Guerra Mundial, España
no pudo evitar que la afectasen dos eventos derivados de la misma.
Primero que nada, todos los contrastes y peligros de la Europa de la
posguerra, corrupta, fatigada, desilusionada, entraron en España. Y, en
segundo lugar, España se dio cuenta de que el mundo fuera de España
se encontraba tan trágicamente deformado con España misma pensaba

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UNIDAD 4
Literatura Española II
serlo, tan deformado como un reloj derritiéndose en un paisaje pintado
por Salvador Dalí, o escandalosa – tan escandalosa como la imagen de
un ojo cortado por una navaja en la escena inicial de la película de Luis
Buñuel, Un perro andaluz. Y aun el poeta de la lánguida belleza de
Andalucía, Federico García Lorca, en cuanto se sintió fuera de España,
vio el mundo como un infierno estéril e insomne. “No duerme nadie
por el mundo. Nadie, nadie./No duerme nadie”, escribe en su libro
Poeta en Nueva York. Y añade, como si le contestara a Calderón de
la Barca sobre el abismo de los siglos: “No es sueño la vida. ¡Alerta!
¡Alerta! ¡Alerta!”
Pero dentro de España, más valía precaver. Los poemas y las
obras de teatro de García Lorca están permeadas de fatalidad; la
sombra de la muerte se proyecta sobre ellas. En el magnífico lamento
por el torero Ignacio Sánchez Mejías, escrito un año antes de su propia
muerte, García Lorca ruega que la cara del matador no se cubierta, a fin
de que pueda acostumbrarse a la muerte que siempre llevó dentro de
sí mismo. Y antes, en la Muerte de Antoñito el Camborio, García Lorca
no sólo había escuchado las voces de muerte cerca del Guadalquivir,
sino que se había introducido a sí mismo como tercera persona en el
poema, invocando a sus probables asesinos. “¡Ay Federico García,
llama a la Guardia Civil!” El poeta fue asesinado a la edad de 38
años. Y como predijo su propia muerte, predijo también el sufrimiento
inmenso de España. Pues España pudo darle respuesta a sus preguntas
en términos intelectuales y aun líricos, no fue capaz de hacerlo en
términos políticos. La cabeza de la monarquía, el rey, no inspiraba
respeto. En su base, los caciques locales gobernaban a la España
rural en medio del analfabetismo, el latifundismo y la abyecta pobreza
campesina, En Madrid, los conservadores y los liberales tomaron turno
de gobierno retórico, en tanto que las postreras incursiones coloniales
de España en Marruecos acumularon el desastre encima de la derrota.
La “dictablanda” de Primo Rivera en los años veinte parecía tan dulce
como la hermosa música de la zarzuela flotando por la Gran Vía. Pero
cuando el rey Alfonso XIII despidió a Primo de Rivera en 1929, en
medio de la Gran Depresión, sólo demostró su propia incompetencia y
se vio obligado a renunciar en 1931. La débil monarquía fue seguida
por una república igualmente débil. Sin embargo, esta “república niña”

79
UNIDAD 4
Universidade Aberta do Brasil

logró llevar el alfabeto y la dignidad a millones de aldeanos, El propio


Lorca llevó su grupo teatral, La Barraca, a visitar por primera vez los
campos olvidados. Pero la terrible mirada arrojada por Luis Buñuel
sobre los horrores de la vida rural, ignorante, incestuosa y brutal, en
Las Hurdes, fue prohibida por el gobierno republicano.
La República le dio a España una legislación Moderna. Separó
a la Iglesia del Estado, promulgó leyes para el divorcio, instaló la
educación secular y le dio a los obreros la libertad para organizarse.
España fue el escenario de gigantescas huelgas y rebeliones proletarias,
especialmente en Asturias. La república galvanizó toda la cultura de
España y también cometió muchos excesos, sobre todo anticlericales,
que enfrentaron a los grupos tradicionalistas con el gobierno reformista.
Éste, en ausencia de un ejecutivo fuerte, sufrió las tenciones abiertas,
liberadas de cadenas autoritarias, de la masa de problemas irresueltos
y facciones opuestas de la historia española. Los latifundios feudales en
el sur, gravando a las prósperas y modernas tierras agrícolas del norte;
un proletariado en rápida expansión y hambriento de tierras en el sur,
en el norte, la industrialización y la inteligencia financiera. Pero las
industrias se encontraban extremadamente subsidiadas y resultaban
ineficientes y costosas. Y a medida que una parte de España arrastraba
hacia abajo a la otra, e incluso la parte más sofisticada se dañaba a
sí misma, las ideologías facciosas lo complicaron todo enormemente:
las tendencias ilustradas y preeuropeas chocaron con las tradiciones
regionales y aislacionistas; el liberalismo secular se enfrentó a un
catolicismo revivido y agresivo; y sólo una sociedad tan autoritaria
como la española lo había sido, podía alimentar formas tan radicales de
anarquismo. Las dos filosofías totalitarias, el fascismo y el comunismo,
parecían esperar entre bambalinas a fin de afirmar su propio sentido
del poder por encima de la debilidad de la política republicana y sus
estadistas decentes, bien intencionados e intelectualmente brillantes,
como el propio presidente de la República, Manuel Azaña.
Invertebrada en verdad, esta España de la república,
contradictoria, prometedora, efervescente, fue finalmente subvertida
desde adentro por una rebelión de las fuerzas armadas: Francisco Franco
y sus generales, quienes se levantaron en armas el 17 de julio de 1936.
A la tierra tiene democracia parlamentaría española, Unamuno le había

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UNIDAD 4
Literatura Española II
pedido, “resaltar la fuerza de los extremos…para que el medio tome en
ello vida, que es resultante de lucha”. No fue así. La clase de Unamuno
en Salamanca fue invadida por el brutal general fascista Millán Astray,
quien gritó “¡Muerte a la inteligencia!”, mientras Unamuno respondía
con dignidad: “Venceréis mas no convenceréis”. Pocos meses más
tarde, el filósofo estaba muerto, su corazón roto por la calamidad de la
guerra civil. Muerto también estaba Federico García Lorca, una de las
primeras víctimas de la represión fascista, fríamente asesinado en su
Granada nativa por, como él mismo lo previó, la Guardia Civil.
Muy pronto, la guerra civil española se convirtió en un conflicto
internacional. Ambas partes (Franco y la República) obtuvieron apoyo
extranjero. Los republicanos recibieron algunas armas soviéticas y
solidaridad de parte del gobierno de Cárdenas en México, así como
la simpatía de la inteligencia internacional. Varios escritores incluso
fueron a pelear a España: Orwell, Malraux, Hemingway. Las brigadas
internacionales lucharon con altivez, dando una de las más emotivas
pruebas de solidaridad internacional en el siglo XX. Entre ellas,
destacaba la brigada Lincoln norteamericana.
Todos estos hombres eran conscientes de que, en España, algo
ominoso estaba ocurriendo: una nueva guerra mundial estaba siendo
ensayada en los llanos y ríos de Castilla. La Alemania nazi y la Italia
fascista le prestaron respaldo total, militar y político al levantamiento
franquista. El 26 de abril de 1937, los aviones stukkas de Hitler
bombardearon la ciudad vasca de Guernica fue una premonición de
Coventry. De ahora en adelante, los inocentes se contarían entre las
primeras víctimas de la guerra. Pero de la muerte de Guernica vendría
el Renacimiento de Guernica, la pintura emblemática del siglo XX
por el mayor artista moderno de España, Pablo Picasso. El artista
nos pide que miremos la cara del sufrimiento y la muerte a través de
los intemporales símbolos españoles de la arena: el toro y el caballo,
despedazados y descoyuntados.
La dolorosa habilidad española para transformar los desastres
de la historia en triunfos del arte es evidente en esta pintura. Pero esta
vez, nada nos puede proteger. Estamos fuera de la cueva de Altamira.
Estamos lejos de la recámara de Las Meninas. Estamos en una calle
citadina. Las bombas caen desde los cielos, todo e devastación y

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UNIDAD 4
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miseria. Una vez más, como en el principio, estamos a la intemperie.


Las ruinas de la historia, ruinas del hombre, son iluminadas
por un solo artefacto técnico: la lámpara de luz eléctrica. Una lámpara
callejera intenta transformar la noche en día, de la misma manera que
las bombas cambian la vida en muerte. ¿Podemos reconstruir un mundo
con los pedazos del arte? (…)

Vale la pena leer el capítulo todo, que te disponemos en la


Plataforma. Es un texto poético, profundo y con una belleza inconfundible
que encontramos en Carlos Fuentes. Te recomendamos que busques las
referencias hechas por el autor para que puedas comprender el texto en
su totalidad. No te olvides, además, de siempre buscar las palabras que
no conoces en la página virtual de la Real Academia Española, por medio
del sitio www.rae.es.

APARTADO 2
LA LITERATURA DE POSGUERRA DE LOS AÑOS 40 A 70

Los años que duraron la Guerra Civil hicieron con que el país
cayera en una grave depresión económica, política y cultural, de la que se
fue recuperando con dificultad. La literatura sufre cierta vacilación entre
el esteticismo y la denuncia social en el período que comprende el final
de da guerra (1939) y la muerte de Franco (1975), hecho que determina
el fin de la Dictadura de Franco.
En los años cuarenta, luego de la Segunda Guerra Mundial, España
se ve aislada después que los aliados Alemania e Italia son vencidos. La
literatura tiene poca producción y en los primeros años se ve dividida entre
alejarse de la realidad circundante a través del esteticismo o expresar la
angustia y el desarraigo que la guerra proporcionó. La narrativa social de
los años 30 está prohibida por el franquismo, de manera que la narrativa
se volverá hacia lo tradicional, sea a través de la narrativa ideológica,
realista o humorística, sin grandes indicios de renovación.
Con todo, hay algunos pocos autores que obtienen gran destaque:
Camilo José Cela (con La familia de Pascual Duarte, de 1942), Carmen

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UNIDAD 4
Literatura Española II
Laforet (con Nada, de 1944) y Miguel Delibes (con La sombra del ciprés
es alargada, de 1948). Estos autores retratan el desolado mundo de la
pos guerra, dando un tono sombrío y existencial a sus obras desde una
perspectiva pesimista.
En los años cincuenta, con la Guerra Fría y con el desarrollo
económico que la industria y el turismo ayudan a traer, Franco logra
la consolidación de su gobierno, a la vez, sus opositores se hacen más
sistemáticos en sus ataques al régimen franquista, ya que ahora los niños y
adolescentes del periodo de la guerra son los adultos que tienen otra visión
sobre la guerra y el propio país, lo que lleva a actitudes críticas respecto
al poder, principalmente entre obreros y universitarios. El realismo social
se refuerza con la producción de varias obras significativas, tales como:

• 1951: La Colmena, de Camilo José Cela.


• 1954: Pequeño teatro, de Ana María Matute; Los bravos, de Jesús
Fernández Santos; El fulgor y la sangre, de Ignacio Aldecoa; Juegos de
manos, de Juan Goytisolo.
• 1955: El Jarama, de Rafael Sánchez Ferlosio.
• 1957: Entre visillos, de Carmen Martín Gaite.
• 1958: Central eléctrica, de Jesús López Pacheco.
• 1959: Nuevas amistades, de Juan García Hortelano.
• 1960: La mina, de Armando López Salinas.
• 1961: La zanja, de Alfonso Grosso.
• 1962: Dos días de septiembre, de José Manuel Caballero Bonald.
• 1962: Las ratas, de Miguel Delibes.

Luego la literatura vuelve al experimentalismo tras agotar el


realismo social. Ya en los años setenta, la apertura al exterior sitúa España
entre los países más industrializados por cuenta de las inversiones
extranjeras y también por el turismo. La apertura de la censura permite la
llegada de materiales extranjeros antes no permitidos. Es un período en
que la Literatura Española vuelve a lo clásico.

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APARTADO 3
CAMILO JOSÉ CELA Y LA CRUDEZA DEL REALISMO SOCIAL

El escritor que más tarde será conocido simplemente como Cela,


nació el 11 de mayo de 1916, en Iria Flavia (La Coruña, España), con el
nombre de Camilo José Manuel Juan Ramón Francisco de Jerónimo Cela
Trulock. Vivió en el pueblo hasta los nueve años, cuando la familia se
trasladó a Madrid, en 1925.
Su vida de lector se intensifica por una tuberculosis y consecuente
internamiento en un sanatorio para tuberculosos (1931 y 1932), lo que
le interrumpe sus estudios de bachillerato. Ingresa en la Facultad de
Medicina de la Universidad Complutense de Madrid en1934, sin embargo
luego la abandona para ingresar como oyente en la Facultad de Filosofía
y Letras por las clases del profesor y poeta Pedro Salinas (Generación del
27), de quien recibe consejos y estímulos literarios. Su amistad con los
escritores Alonso Zamora Vicente, María Zambrano y Miguel Hernández
le permitieron conocer a otros intelectuales de la época.
Su experiencia en la Guerra Civil española vino desde el punto de
vista de quien hizo parte del bando nacional, lo que hace con que muchos
critiquen a su postura personal. Sin embargo, eso no saca la grandiosidad
de su obra.
En 1940 empieza a estudiar Derecho, año en que también
aparecen sus primeras publicaciones. Su primera grande obra, La Familia
de Pascual Duarte, es publicada en 1942, pero su segunda edición es

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UNIDAD 4
Literatura Española II
prohibida por la Iglesia debido a su fuerte abordaje, siendo publicada
entonces en Buenos Aires. También ahí se publica La Colmena (1951),
que luego es igualmente prohibida en España.
Publica en revistas y periódicos, pasa a hacer parte de la Real
Academia Española y 1977 y 1979 ocupó por designación real un escaño
en el Senado de las primeras Cortes democráticas. Recibe muchos premios
y homenajes, entre ellos, el Príncipe de Asturias de las Letras (1987); el
Nobel de Literatura (1989), y el Miguel de Cervantes (1995).
Cuando cumple 80 años, en 1996, el Rey don Juan Carlos I le
concedió el título de Marqués de Iria Flavia. Falleció en Madrid el 17 de
enero de 2002, dejando una bibliografía muy vasta y rica.
Lee a la secuencia la visión de un catedrático sobre el escritor Cela:

Perfiles de Camilo José Cela escritor

Por Adolfo Sotelo Vázquez


(Catedrático de Historia de la Literatura Española, Universidad de Barcelona.)

La vocación literaria de Camilo José Cela se inicia en 1931, y


lo hace como lector (un lector ordenado y consciente: los clásicos,
los modernos del 98, Ortega y Gasset), que unos pocos años después
asistiría con fervor a las clases de literatura de los siglos de oro de
Fernández Montesinos y de literatura contemporánea de Pedro Salinas.
Su primer perfil como escritor es el de poeta: Pisando la dudosa luz del
día (1945) fue escrito en los primeros meses de la Guerra Civil e inicia
una voz, algo timbrada en las vanguardias, que ha anidado en toda su
obra hasta la compilación Poesía Completa (1996).
El segundo perfil se configura en 1942 con La familia de Pascual
Duarte. C. J. C. es novelista que, con Unamuno, Baroja y Valle-Inclán
en su equipaje, abre los caminos de la novela de posguerra. Pascual,
novela lineal y drama rural con acentos lorquianos, es la acción
desde la confesión; Pabellón de reposo (1943) es la inacción desde
la confesión; Nuevas andanzas y desventuras de Lazarillo de Tormes
(1944) es el palimpsesto desde la confesión; La colmena (1951) es la
mediocridad de una sociedad y de una ciudad desde la crónica untada
de confesión; la crónica es el modelo narrativo de La catira (1955) y

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UNIDAD 4
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de Tobogán de hambrientos (1962), mientras Mrs. Caldwell habla con


su hijo (1953) es un doloroso esfuerzo poético desde la confesión.
Siguiendo la pauta de «coger la vida y estrujarla contra su corazón»,
C. J. C. continuó edificando su perfil seguro de novelista. La memoria
enfurecida alimenta San Camilo, 1936 (1969); la memoria, esa fuente
del dolor, nutre las mónadas de Oficio de tinieblas, 5 (1973); «elegía
memorial» es Mazurca para dos muertos (1983); Cristo versus Arizona
(1988) discurre por una letanía de un solo aliento; y Madera de boj
(1999) es crónica y letanía que postulan una novela como «reflejo de la
vida y la vida no tiene más desenlace que la muerte». (…)

Texto completo disponible en:


cvc.cervantes.es/literatura/escritores/cela/acerca/acerca_02.htm

Como ya sabes, La Familia de Pascual Duarte es considerada una


de las mayores obras de Cela, junto a La Colmena. El libro es lleno de
cartas y escritos que suponen el pasaje del manuscrito por varias manos,
hasta que llega a manos del transcriptor que decide dar a la luz los escritos
porque éste es “es un modelo de conductas; un modelo no para imitarlo,
sino para huirlo; un modelo ante el cual toda actitud de duda sobra”.
Todos los trámites por los cuáles el libro pasa dan una cierta veracidad a
los hechos, lo que supone la maestría de la obra.
La manera como es contada la historia, con bases en la violencia
gratuita, los sucesos trágicos y todo el entorno pesimista, ambientado en
un mundo rural atrasado, hacen con que el autor cree una polémica en
torno al tremendismo – género literario inaugurado por La Familia de
Pascual Duarte¸ que supone la descripción de la realidad bajo la óptica
de la exageración, con especial crudeza de la realidad, presentando
personajes marginados, que viven en situación de extremada violencia,
en un mundo desgarrado y duro.
Te ofrecemos el capítulo I de la obra, que aparece tras las cartas
de recomendaciones y todo lo más. Fíjate que Pascual Duarte, el escritor
ficticio, cuenta su historia a través de personajes, dedicando un capítulo a
cada uno de ellos, por eso algunas cosas se repiten. Lee el texto que sigue
observando cómo Pascual Duarte describe a sí mismo y cómo se juzga y
se dispone a ser juzgado.

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UNIDAD 4
Literatura Española II
(Montaje con varias tapas de La Familia de Pascual Duarte)

Yo, señor, no soy malo, aunque no me faltarían motivos para serlo.


Los mismos cueros tenemos todos los mortales al nacer y sin embargo,
cuando vamos creciendo, el destino se complace en variarnos como
si fuésemos de cera y en destinarnos por sendas diferentes al mismo
fin: la muerte. Hay hombres a quienes se les ordena marchar por el
camino de las flores, y hombres a quienes se les manda tirar por el
camino de los cardos y de las chumberas. Aquellos gozan de un mirar
sereno y al aroma de su felicidad sonríen con la cara del inocente; estos
otros sufren del sol violento de la llanura y arrugan el ceño como las
alimañas por defenderse. Hay mucha diferencia entre adornarse las
carnes con arrebol y colonia, y hacerlo con tatuajes que después nadie
ha de borrar ya.
Nací hace ya muchos años -lo menos cincuenta y cinco- en un
pueblo perdido por la provincia de Badajoz; el pueblo estaba a unas dos
leguas de Almendralejo, agachado sobre una carretera lisa y larga como
un día sin pan, lisa y larga como los días -de una lisura y una largura
como usted para su bien, no puede ni figurarse- de un condenado a
muerte.
Era un pueblo caliente y soleado, bastante rico en olivos y guarros
(con perdón), con las casas pintadas tan blancas, que aún me duele
la vista al recordarlas, con una plaza toda de losas, con una hermosa
fuente de tres caños en medio de la plaza. Hacía ya varios años, cuando

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UNIDAD 4
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del pueblo salí, que no manaba el agua de las bocas y sin embargo,
¡qué airosa!, ¡qué elegante!, nos parecía a todos la fuente con su remate
figurado un niño desnudo, con su bañera toda rizada al borde como las
conchas de los romeros. En la plaza estaba el ayuntamiento que era
grande y cuadrado como un cajón de tabaco, con una torre en medio, y
en la torre un reloj, blanco como una hostia, parado siempre en las nueve
como si el pueblo no necesitase de su servicio, sino sólo de su adorno.
En el pueblo, como es natural, había casas buenas y casas malas, que
son, como pasa con todo, las que más abundan; había una de dos pisos,
la de don Jesús, que daba gozo de verla con su recibidor todo lleno de
azulejos y macetas. Don Jesús había sido siempre muy partidario de
las plantas, y para mí que tenía ordenado al ama vigilase los geranios,
y los heliotropos, y las palmas, y la yerbabuena, con el mismo cariño
que si fuesen hijos, porque la vieja andaba siempre correteando con
un cazo en la mano, regando los tiestos con un mimo que a no dudar
agradecían los tallos, tales eran su lozanía y su verdor. La casa de don
Jesús estaba también en la plaza y, cosa rara para el capital del dueño
que no reparaba en gastar, se diferenciaba de las demás, además de en
todo lo bueno que llevo dicho, en una cosa en la que todos le ganaban:
en la fachada, que aparecía del color natural de la piedra, que tan
ordinario hace, y no enjalbegada como hasta la del más pobre estaba;
sus motivos tendría. Sobre el portal había unas piedras de escudo, de
mucho valer, según dicen, terminadas en unas cabezas de guerreros
de la antigüedad, con su cabezal y sus plumas, que miraban, una para
el levante y otra para el poniente, como si quisieran representar que
estaban vigilando lo que de un lado o de otro podríales venir. Detrás de
la plaza, y por la parte de la casa de don Jesús, estaba la parroquial con
su campanario de piedra y su esquilón que sonaba de una manera que
no podría contar, pero que se me viene a la memoria como si estuviese
sonando por estas esquinas. La torre del campanario era del mismo alto
que la del reló y en verano, cuando venían las cigüeñas, ya sabían en
qué torre habían estado el verano anterior; la cigüeña cojita, que aún
aguantó dos inviernos, era del nido de la parroquial, de donde hubo de
caerse, aún muy tierna, asustada por el gavilán.
Mi casa estaba fuera del pueblo, a unos doscientos pasos largos de
las últimas de la piña. Era estrecha y de un solo piso, como correspondía

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UNIDAD 4
Literatura Española II
a mi posición, pero como llegué a tomarle cariño, temporadas hubo en
que hasta me sentía orgulloso de ella. En realidad lo único de la casa
que se podía ver era la cocina, lo primero que se encontraba al entrar,
siempre limpia y blanqueada con primor; cierto es que el suelo era
de tierra, pero tan bien pisada la tenía, con sus guijarrillos haciendo
dibujos, que en nada desmerecía de otras muchas en las que el dueño
había echado porlan por sentirse más moderno. El hogar era amplio
y despejado y alrededor de la campana teníamos un vasar con lozas
de adorno, con jarras con recuerdos, pintados en azul, con platos con
dibujos azules o naranja; algunos platos tenían una cara pintada, otros
una flor, otros un nombre, otros un pescado. En las paredes teníamos
varias cosas; un calendario muy bonito que representaba una joven
abanicándose sobre una barca y debajo de la cual se leía en letras que
parecían de polvillo de plata, «Modesto Rodríguez. Ultramarinos finos.
Mérida (Badajoz)», un retrato del Espartero con el traje de luces dado
de color y tres o cuatro fotografías -unas pequeñas y otras regular- de
no sé quién, porque siempre las vi en el mismo sitio y no se me ocurrió
nunca preguntar. Teníamos también un reló despertador colgado de la
pared, que no es por nada, pero siempre funcionó como Dios manda, y
un acerico de peluche colorado, del que estaban clavados unos bonitos
alfileres con sus cabecitas de vidrio de color. El mobiliario de la cocina
era tan escaso como sencillo: tres sillas -una de ellas muy fina, con su
respaldo y sus patas de madera curvada, y su culera de rejilla -y una
mesa de pino, con su cajón correspondiente, que resultaba algo baja para
las sillas, pero hacía su avío. En la cocina se estaba bien: era cómoda y
en el verano, como no la encendíamos, se estaba fresco sentado sobre
la piedra del hogar cuando, a la caída de la tarde, abríamos las puertas
de par en par; en el invierno se estaba caliente con las brasas que,
a veces, cuidándolas un poco, guardaban el rescoldo toda la noche.
¡Era gracioso mirar las sombras de nosotros por la pared, cuando había
unas llamitas! Iban y venían, unas veces lentamente, otras a saltitos
como jugando. Me acuerdo que de pequeño, me daba miedo, y aún
ahora, de mayor, me corre un estremecimiento cuando traigo memoria
de aquellos miedos.
El resto de la casa no merece la pena ni describirlo, tal era su
vulgaridad. Teníamos otras dos habitaciones, si habitaciones hemos de

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UNIDAD 4
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llamarlas por eso de que estaban habitadas, ya que no por otra cosa
alguna, y la cuadra, que en muchas ocasiones pienso ahora que no sé
por qué la llamábamos así, de vacía y desamparada como la teníamos.
En una de las habitaciones dormíamos yo y mi mujer, y en la otra mis
padres hasta que Dios, o quién sabe si el diablo, quiso llevárselos;
después quedó vacía casi siempre, al principio porque no había quien
la ocupase, y más tarde, cuando podía haber habido alguien; porque
este alguien prefirió siempre la cocina, que además de ser más clara
no tenía soplos. Mi hermana, cuando venía, dormía siempre en ella, y
los chiquillos, cuando los tuve, también tiraban para allí en cuanto se
despegaban de la madre. La verdad es que las habitaciones no estaban
muy limpias ni muy construidas, pero en realidad tampoco había para
quejarse; se podía vivir, que es lo principal, a resguardo de las nubes
de la navidad, y a buen recaudo -para lo que uno se merecía- de las
asfixias de la Virgen de agosto. La cuadra era lo peor; era lóbrega
y oscura, y en sus paredes estaba empapado el mismo olor a bestia
muerta que desprendía el despeñadero cuando allá por el mes de mayo
comenzaban los animales a criar la carroña que los cuervos habíanse
de comer.
Es extraño pero, de mozo, si me privaban de aquel olor me
entraban unas angustias como de muerte; me acuerdo de aquel viaje
que hice a la capital por mor de las quintas; anduve todo el día de
Dios desazonado, venteando los aires como un perro de caza. Cuando
me fui a acostar, en la posada, olí mi pantalón de pana. La sangre
me calentaba todo el cuerpo. Quité a un lado la almohada y apoyé
la cabeza para dormir sobre mi pantalón, doblado. Dormí como una
piedra aquella noche.
En la cuadra teníamos un burrillo matalón y escurrido de carnes
que nos ayudaba en la faena y, cuando las cosas venían bien dadas,
que dicho sea pensando en la verdad no siempre ocurría, teníamos
también un par de guarros (con perdón) o tres. En la parte de atrás de
la casa teníamos un corral o saledizo, no muy grande, pero que nos
hacía su servicio, y en él un pozo que andando el tiempo hube de cegar
porque dejaba manar un agua muy enfermiza.
Por detrás del corral pasaba un regato, a veces medio seco y nunca
demasiado lleno, cochino y maloliente como tropa de gitanos, y en el

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UNIDAD 4
Literatura Española II
que podían cogerse unas anguilas hermosas, como yo algunas tardes y
por matar el tiempo me entretenía en hacer. Mi mujer, que en medio de
todo tenía gracia, decía que las anguilas estaban rollizas porque comían
lo mismo que don Jesús, sólo que un día más tarde. Cuando me daba
por pescar se me pasaban las horas tan sin sentirlas, que cuando tocaba
a recoger los bártulos casi siempre era de noche; allá, a lo lejos, como
una tortuga baja y gorda, como una culebra enroscada que temiese
despegarse del suelo, Almendralejo comenzaba a encender sus luces
eléctricas. Sus habitantes a buen seguro que ignoraban que yo había
estado pescando, que estaba en aquel momento mismo mirando cómo
se encendían las luces de sus casas, imaginando incluso cómo muchos
de ellos decían cosas que a mí se me figuraban o hablaban de cosas
que a mí me ocurrían. ¡Los habitantes de las ciudades viven vueltos de
espaldas a la verdad y muchas veces ni se dan cuenta siquiera de que
a dos leguas, en medio de la llanura, un hombre del campo se distrae
pensando en ellos mientras dobla la caña de pescar, mientras recoge
del suelo el cestillo de mimbre con seis o siete anguilas dentro!
Sin embargo, la pesca siempre me pareció pasatiempo poco de
hombres, y las más de las veces dedicaba mis ocios a la caza; en el
pueblo me dieron fama de no hacerlo mal del todo y, modestia aparte,
he de decir con sinceridad que no iba descaminado quien me la dio.
Tenía una perrilla perdiguera -la Chispa-, medio ruin, medio bravía,
pero que se entendía muy bien conmigo; con ella me iba muchas
mañanas hasta la Charca, a legua y media del pueblo hacia la raya de
Portugal, y nunca nos volvíamos de vacío para casa. Al volver, la perra
se me adelantaba y me esperaba siempre junto al cruce; había allí una
piedra redonda y achatada como una silla baja, de la que guardo tan
grato recuerdo como de cualquier persona; mejor, seguramente, que
el que guardo de muchas de ellas. Era ancha y algo hundida y cuando
me sentaba se me escurría un poco el trasero (con perdón) y quedaba
tan acomodado que sentía tener que dejarla; me pasaba largos ratos
sentado sobre la piedra del cruce, silbando, con la escopeta entre las
piernas, mirando lo que había de verse, fumando pitillos. La perrilla,
se sentaba enfrente de mí, sobre sus dos patas de atrás, y me miraba,
con la cabeza ladeada, con sus dos ojillos castaños muy despiertos; yo
le hablaba y ella, como si quisiese entenderme mejor, levantaba un

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UNIDAD 4
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poco las orejas; cuando me callaba aprovechaba para dar unas carreras
detrás de los saltamontes, o simplemente para cambiar de postura:
Cuando me marchaba, siempre, sin saber por qué, había de volver la
cabeza hacia la piedra, como para despedirme, y hubo un día que debió
parecerme tan triste por mi marcha, que no tuve más suerte que volver
sobre mis pasos a sentarme de nuevo. La perra volvió a echarse frente a
mí y volvió a mirarme; ahora me doy cuenta de que tenía la mirada de
los confesores, escrutadora y fría, como dicen que es la de los linces...
un temblor recorrió todo mi cuerpo; parecía como una corriente que
forzaba por salirme por los brazos, el pitillo se me había apagado; la
escopeta, de un solo caño, se dejaba acariciar, lentamente, entre mis
piernas. La perra seguía mirándome fija, como si no me hubiera visto
nunca, como si fuese a culparme de algo de un momento a otro, y su
mirada me calentaba la sangre de las venas de tal manera que se veía
llegar el momento en que tuviese que entregarme; hacía calor, un calor
espantoso, y mis ojos se entornaban dominados por el mirar, como un
clavo, del animal.
Cogí la escopeta y disparé; volví a cargar y volví a disparar. La
perra tenía una sangre oscura y pegajosa que se extendía poco a poco
por la tierra.

No solo las cartas anteriores al texto propiamente dicho son


importantes para dar veracidad a lo narrado, sino la propia construcción
de un personaje narrador, semianalfabeto, que tiene un lenguaje bastante
popular y una ortografía basada en el habla. También el uso de expresiones
idiomáticas y de la sabiduría popular es bastante frecuente en toda la
obra.
Ahora sigue leyendo todos los capítulos, manteniendo la atención
en las características más marcadas: el tono utilizado, la manera como
Pascual encara sus problemas y los resuelve, los acontecimientos y la
sucesión de hechos que transforman la vida del protagonista. ¡Buena
lectura!

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UNIDAD 4
Literatura Española II
-Para saber más sobre Carlos Fuentes, visita su sitio oficial en: http://www.
clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/carlosfuentes/index.htm

-Fundación Camilo José Cela:


http://www.fundacioncela.com/asp/home/home.asp

-Ve la película basada en la obra La Colmena (Camilo José Cela) y observa


el tono dado a la historia:

LA COLMENA (1982) de Mario Camus. El Madrid de la posguerra analizado


por la pluma de Camilo José Cela. Protagonizan Ana Belén, Victoria Abril, Charo
López, José Luis López Vázquez, Francisco Algora, José Sacristán, Concha Velasco
y Francisco Rabal, entre muchos otros rostros conocidos.

Lee los discursos proferidos por el autor y reflexiona sobre los temas:

-Discurso pronunciado en la inauguración del II Congreso Internacional de


la Lengua Española: Aviso de la defensa del español. Valladolid, 16 de octubre de
2001. Disponible en:

http://cvc.cervantes.es/literatura/escritores/cela/discursos/default.htm

-Discurso de recepción del Premio Cervantes: Amo la palabra. 23 de abril de


1995. Disponible en:

http://cvc.cervantes.es/literatura/escritores/cela/discursos/discurso_01.htm

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UNIDAD 4
Universidade Aberta do Brasil

Con el término de esta unidad tuviste la oportunidad de acercarte al realismo


social de la Pos Guerra española, así como pudiste saber más sobre este marco tan
importante para la historia.
También conociste más de cerca al autor Camilo José Cela y su obra La
Familia de Pascual Duarte, a través de la cual, pudiste observar las características
de la narrativa del realismo social de la pos guerra española. Te sugerimos que sigas
leyendo otros títulos del periodo para ampliar sus conocimientos. ¡Qué aproveches
mucho!

1. Tras leer el libro La familia de Pascual Duarte, contesta a las siguientes


preguntas:

a) Pascual Duarte empieza su historia diciendo “Yo, señor, no soy malo,


aunque no me faltarían motivos para serlo.” ¿Cuáles serían los motivos para que
Pascual Duarte fuera malo?
b) ¿Cuáles son las justificativas que Pascual Duarte da para cada uno de
sus crímenes?
c) ¿Sería Pascual culpable o víctima? Defiende tu opinión con situaciones
extraídas del libro y envíale a tu tutor.

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Literatura Española II

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UNIDAD 4
UNIDAD V
La literatura en la
actualidad

OBJETIVOS DEL APRENDIZAJE


■■ Comprender las cuestiones políticas y sociales que fomentan la Literatura
Española en la actualidad
■■ Conocer a algunos autores representativos de ese periodo y sus obras

GUIÓN DE ESTUDIOS
■■ APARTADO 1 - La Restauración Democrática

■■ APARTADO 2 - Escritores Contemporáneos


Universidade Aberta do Brasil

PARA INICIAR LA CHARLA



Tras haber estudiado mucho la Literatura Española y consecuentemente
la historia de España llegamos más cerca de los días actuales en los cuales
vivimos. Empezaremos en un año que fue crucial para el destino de España,
el año de la muerte del dictador Francisco Franco: 1975.
En esta unidad conocerás a algunos de muchos buenos escritores
actuales de España. Pasaremos por el polifacético Manuel Vázquez
Montalbán (Barcelona, 1939 – Bangkok, 2003) y sus novelas policíacas,
por el escritor y periodista Juan José Millás (Valencia, 1946), y finalmente,
por el traductor y escritor Eduardo Mendoza (Barcelona, 1943).
Resaltamos que muy difícil es elegir nombres entre tantos buenos
escritores que nos brinda la España democrática, en la cual la prensa tiene
papel fundamental. Esperamos que el viaje por España de la actualidad
sea placentero. ¡Deseamos a ti un óptimo trabajo!

APARTADO 1
LA RESTAURACIÓN DEMOCRÁTICA


Una España libre

Tras la muerte del General Francisco Franco en 1975, España pasó
por cambios bastante drásticos. Las primeras elecciones democráticas,
desde la Guerra Civil, ocurrieron en 1977. A partir de ese momento
comenzó el proceso de construcción de la Democracia en España y de la
redacción de una nueva constitución.
Dejando atrás el régimen dictatorial, España pasa a regirse por una
constitución que consagra un Estado social y democrático de Derecho.
Con la nueva monarquía, del rey D. Juan I, llega al país la democracia
y un bien estar económico. Ese proceso de renovación culminó con el
ingreso de España en la Comunidad Económica Europea en 1986.
Una nueva generación de escritores que empezaron a escribir en
los últimos días del franquismo floreció en los años posteriores. Estos,

98
UNIDAD 5
Literatura Española II
en su gran mayoría muestran una sólida formación cultural, con clara
tendencia hacia las humanidades.
Conscientes con la aparición de la nueva Ley de Prensa surge
una variedad de periodistas, pues España vive en continuo estado de
agitación laboral y universitaria.
La nueva realidad social fue dando espacio no solo a la libertad de
expresión, sino también al reencuentro de la literatura con su público.
Con todo sabemos que hoy España sufre con su economía, y
consecuentemente con el desempleo. Por eso traemos a ti dos reportajes,
ambas de noviembre de 2010 que tratan de la situación actual de España
después de 35 años sin el “Generalísimo”.
La primera que verás es del periódico El País, escrita un día
antes del aniversario de la muerte de Franco, por Julián Casanova
(Valdealgorfa, Teruel, 1956) que es un historiador y catedrático de
Historia Contemporánea en la Universidad de Zaragoza. Engajado con
.las cuestiones de la Guerra Civil y con las atrocidades cometidas durante
el periodo, se dedica a la crítica. Escribe a muchas revistas y colabora
con las páginas de opinión de El País. El artículo que te presentamos está
intitulado: Treinta y cinco años sin Franco.

A las diez de la mañana del 20 de noviembre de 1975, unas horas


después de que se anunciara oficialmente su muerte, Carlos Arias
Navarro leyó en público el testamento político de Francisco Franco, un
“hijo fiel de la Iglesia” que solo había tenido por enemigos a “aquellos
que lo fueron de España”.
El domingo 23, en el funeral de Estado, Marcelo González Martín,
cardenal primado de España y arzobispo de Toledo, recordó el deber de
conservar “la civilización cristiana, a la que quiso servir Franco, y sin la
cual la libertad es una quimera”. Esa misma tarde, una losa de granito
de 1.500 kilos cubrió la fosa abierta para el caudillo en la basílica de la
Santa Cruz del Valle de los Caídos, junto a la tumba de José Antonio
Primo de Rivera. Bendecido por la Iglesia católica, sacralizado, rodeado
de una aureola heroico-mesiánica que le equiparaba a los santos más
grandes de la historia. Así murió Franco.

99
UNIDAD 5
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El franquismo está aún en nuestras vidas. Véanse el peso de la


Iglesia, las fosas y la débil sociedad civil

Su legado y el de la larga dictadura que presidió no es fácil


resumirlo y es objeto de debate entre historiadores y de encontradas
opiniones entre la ciudadanía.
Franco buscó y consiguió la aniquilación de sus enemigos que,
si eran solo los de España, fueron en verdad muchos. Gobernó con el
terror y la represión, pero también tuvo un importante apoyo social,
muy activo por parte de las numerosas personas que se beneficiaron
de su victoria en la Guerra Civil y más pasivo de quienes cayeron en la
apatía por el miedo o de quienes le agradecieron la mejora del nivel de
vida durante sus últimos 15 años en el poder.
Cuando murió, su dictadura se desmoronaba. La desbandada
de los llamados reformistas o “aperturistas” en busca de una nueva
identidad política era ya general. Muchos franquistas de siempre,
poderosos o no, se convirtieron de la noche a la mañana en demócratas
de toda la vida.
La mayoría de las encuestas realizadas en los últimos años de
la dictadura mostraban un creciente apoyo a la democracia, aunque
nada iba a ser fácil después de la dosis de autoritarismo que había
impregnado la sociedad española durante tanto tiempo.
Tras una compleja Transición, sembrada de conflictos y de
obstáculos, la democracia cambió el lugar de España en Europa, con
su total integración en ella, uno de los sueños de las élites intelectuales
españolas desde finales del siglo XIX.
El reto de los españoles del siglo XXI ya no consiste en crear una
democracia plena con igualdad de derechos y libertades, caballo de
batalla, a veces sangriento, de algunas de las generaciones que nos
precedieron, sino en seguir cambiando para mejorarla y reforzar la
sociedad civil y la participación ciudadana.
Treinta y cinco años después de la muerte del último dictador de
nuestra historia, la sociedad española ha podido dejar atrás algunos
de los problemas fundamentales que más le habían preocupado en el
pasado. Pero desde su tumba, Franco parece mostrar todavía el camino
a seguir en otros no menos importantes.

100
UNIDAD 5
Literatura Española II
El Valle de los Caídos fue suyo en vida y continúa siéndolo tras
su muerte, incapaces los Gobiernos democráticos de establecer una
política coherente de gestión pública de esa historia. Las miradas libres
a ese pasado traumático y la reparación política, jurídica y moral de las
víctimas de la violencia franquista generan el rechazo y el bloqueo de
poderosos grupos bien afincados en la judicatura, en la política y en los
medios de comunicación.
Y la jerarquía de la Iglesia católica, que ha logrado preservar con
creces en la democracia la privilegiada situación que el franquismo
le donó, protege con uñas y dientes sus finanzas y sus derechos
adquiridos en la educación y discute, con el apoyo enérgico del
Vaticano, cada palmo de territorio que el Estado quiere conquistar en
el orden moral. Treinta y cinco años sin Franco y no tenemos una ley
de libertad religiosa adaptada a la actual sociedad democrática plural
y culturalmente diversa.
Asentada la democracia, debemos recordar el pasado para
aprender. Miles de familias están esperando que el Estado ponga los
medios para recuperar a sus seres queridos, asesinados, escondidos
debajo de la tierra, sin juicios ni pruebas, para que no quedara ni
rastro de ellos. Es necesario dar a conocer la relación de víctimas de
la violencia franquista durante la guerra y la posguerra, ofrecer la
información sobre el lugar en el que fueron ejecutadas y las fosas en
las que fueron enterradas.
Y frente a esas historias todavía por descubrir, no puede dejarse de
lado, abandonar o destruir, la memoria de los vencedores. Sus lugares
de memoria son la mejor prueba del peso real que la unión entre la
religión y el patriotismo tuvo en la dictadura.
No es posible renunciar al objetivo de saber, a que coexistan
memorias y tradiciones diferentes. Pero para eso, antes, hay que
remover los obstáculos que impiden rescatar de las cunetas y de las
fosas perdidas a las víctimas de tanta tortura y asesinato. Treinta y
cinco años después de la muerte de su principal responsable.

Se puede acceder al periódico y al artículo en:


http://elpais.com/diario/2010/11/19/opinion/1290121205_850215.html

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El segundo artículo que vas a leer es de Francisco Rubiales


(Villamartín, Cádiz, 1948) que es un periodista y escritor español. Dirige
revistas y foros especializados en debate cívico. Analista político y social
defiende la tesis de que la democracia está degradada tanto en España
como en otros países occidentales. Además, escribe ensayos y artículos
en su blog Voto en blanco, de lo cual extrajimos el artículo a seguir.

Franco sigue muy vivo en España, 35 años después de su muerte


(20/11/2010)

Hoy se cumple el 35 aniversario de la muerte de Francisco Franco,


un personaje que debería haber caído en el olvido pero al que la
deficiente y fracasada democracia española está resucitando, cada día
con más vigor, dotando a su figura de un prestigio que ni siquiera tuvo
cuando estaba vivo. Aunque no lo haya pretendido, nadie ha hecho más
por la memoria de Franco que José Luis Rodríguez Zapatero, artífice de
la ruina actual de España.

El diario prosocialista “El País” decía con razón, en su edición del


19 de noviembre, que Franco sigue vivo en España, 35 años después de
su muerte. Para demostrarlo, cita tres argumentos: el peso de la Iglesia,
las fosas y la débil sociedad civil. Lo que ese diario ocultaba es que la
verdadera razón de que el dictador siga vivo y presente en la sociedad
española es el fracaso de la democracia en su tarea de construir una
sociedad mejor.
Aunque todos los gobiernos han contribuido, de alguna manera,
al fracaso de la democracia, ha sido el último, el que preside Zapatero,
el que más daño ha causado al sistema, hoy desprestigiado ante los ojos
de los ciudadanos, que están descubriendo con sorpresa que fueron
engañados tras la muerte del dictador, cuando los políticos, en lugar
de construir, como dijeron, una democracia, pusieron las bases de una
sucia partitocracia donde los ciudadanos han sido marginados y son
los partidos y los políticos los que han acaparado todo el poder, las
ventajas y los privilegios.
Si al menos la democracia hubiera alcanzado logros en la
convivencia, incrementado la cohesión, la justicia y los valores, logrado
estrechar el foso que separa a ricos y pobres, creado un Estado racional

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UNIDAD 5
Literatura Española II
y eficiente y garantizado la seguridad y la limpieza en los asuntos
públicos, la aventura habría merecido la pena y no habría provocado la
profunda decepción que atraviesa hoy a España, de parte a parte. Pero el
balance de la mal llamada “democracia” es sobrecogedor, acumulando
fracasos en educación, cohesión, unidad, seguridad, justicia, igualdad
y en otros muchos capítulos.
La imagen dominante de España, 35 años después de la muerte
de Franco, es la de un país con casi 5 millones de desempleados, donde
avanza cada día más la pobreza, que ha perdido la confianza en sus
gobernantes y que se asoma al futuro con miedo. Si a esa imagen
lamentable se agregan el desprestigio de la casta política, la existencia
de un Estado enfermo de obesidad mórbida y el preocupante avance
de la corrupción, con cientos de miles de enchufados y amigos del
poder, que parasitan al Estado sin aportar nada a cambio, y el lugar
destacado que España ocupa en el ranking mundial del desempleo,
la desconfianza ciudadana, el abandono de los jóvenes, la destrucción
del tejido productivo, la prostitución, el tráfico y consumo de drogas, el
blanqueo de dinero sucio, los abusos y privilegios de la casta política
y otras lacras, puede afirmarse que la falsa democracia española, 35
años después de la desaparición del caudillo, lo ha resucitado y ha
convertido la nostalgia en algo posible y creciente en algunos sectores
del país que se sienten maltratados.
La inexistencia de una sociedad civil no es un fenómeno
exclusivo del Franquismo. Hoy, en plena “democracia”, la sociedad
civil española está estrangulada y casi en estado de coma, tras haber
sido ocupada sin misericordia por unos partidos políticos que carecen
de control y que han entrado en todos los rincones y santuarios que
les están vedados en democracia: religiones, medios de comunicación,
universidades, sindicatos, cajas de ahorro, colegios profesionales,
asociaciones, fundaciones, instituciones, empresas, cofradías y cientos
de espacios que deberían ser independientes y servir de fermento a la
sociedad civil.
Los logros más destacados de la democracia española son la
ampliación de determinados derechos, la libertad de expresión,
parcialmente neutralizada por el férreo control que el poder político
ejerce sobre la opinión pública a través de sus aparatos de propaganda

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UNIDAD 5
Universidade Aberta do Brasil

y del antidemocrático uso de los medios de comunicación, y la


prosperidad, un fenómeno que fascinó a los españoles y al mundo
entero durante las décadas de los 80 y los 90, pero que hoy, después de
la desastrosa gestión de la crisis por parte de Zapatero y su gobierno,
se está esfumando con una velocidad de vértigo.
A 35 años de distancia de la muerte de Franco, el verdadero debate
en España debería ser el de la refundación de una democracia que ha
resultado frustrante y fracasada y la firme voluntad de crear ahora una
nueva, esta vez auténtica, en la que los políticos y sus partidos estén
controlados por los ciudadanos, que son los soberanos del sistema, y
en la que la corrupción, el abuso y la iniquidad estén castigados por
las leyes, dictadas con consenso ciudadano y aplicadas por jueces
independientes, ecuánimes y libres de politización.

El blog del escritor está disponible en: http://www.votoenblanco.


com/Franco -sigue-muy-vivo -en-Espana-35-anos-despues-de-su-
muerte_a3930.html
Vale la pena acceder al blog de Francisco Rubiales, pues allá se
encuentra un foro con divergentes opiniones sobre el artículo. ¡Echa un
vistazo!
Lo que queremos, es que puedas reflexionar a cerca de una España
sin trabas, pero con dificultades económicas y resquicios de una Guerra
Civil y una dictadura que duró 36 años.

APARTADO 2
ESCRITORES CONTEMPORÁNEOS

Los escritores de los días actuales



Como ya dijimos anteriormente, es una tarea bastante difícil
elegir entre tantos buenos escritores que nos ofrece España. De esta
manera, intentamos buscar escritores que actuaron y todavía actúan en
áreas diferentes. Los organizamos por la fecha de sus nacimientos. Todos
tienen páginas oficiales en internet, de donde sacamos la mayoría de las

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UNIDAD 5
Literatura Española II
informaciones a sus respectos.
Manuel Vázquez Montalbán (Barcelona, 1939 – Bangkok, 2003)
fue escritor, periodista, poeta y novelista español.
“Mi vida no tiene mucho interés, ha sido más historia que vida
hasta los años 70 y, desde entonces, es más literatura que vida. Desde
hace tiempo esa curiosidad biográfica del público y del especialista me
parece casi una servidumbre de la edad; o sea, un privilegio”
Hijo único de una modista y de un militante del PSUC (Partit
Socialista Unificat de Catalunya), conoció a su padre a los cinco años de
edad, dado que se encontraba en la cárcel tras ser apresado en la frontera.
Estudió Filosofía y Letras en la Universidad de Barcelona y Periodismo en
la Escuela de Periodismo de Barcelona.
Ingresó en el PSUC en 1961, llegando a formar parte de su comité
central. Un año después, sus actividades en la resistencia antifranquista
lo llevaron ante un consejo de guerra que lo condenó a tres años de
prisión. Durante su estancia en la prisión de Lérida escribe su primer
libro, el ensayo Informe sobre la información.
Tras su estancia en la cárcel, Vázquez Montalbán empezó su
carrera periodística, colaborando en editoriales de diversas revistas.
Su inagotable actividad en el área se completaría años más tarde con
habituales colaboraciones en El País e Interviú, medios en los que
escribiría hasta su muerte.
En 1972 publica la novela policíaca Yo maté a Kennedy, donde
por primera vez aparece el investigador privado Pepe Carvalho, que
aparecerá más tarde en Tatuaje (1974) y en Los mares del sur (1979).
Carvalho se convirtió como personaje central de la obra narrativa de
Vázquez Montalbán, le dio fama internacional. Murió en 2003, víctima de
un paro cardíaco en el aeropuerto de la ciudad de Bangkok, Tailandia de
donde volvía de una gira de conferencias por Australia y Nueva Zelandia.
Manuel Vázquez Montalbán fue un escritor comprometido con la
sociedad en la cual vivía, fue crítico y un hombre de izquierdas. Como
antifranquista nos deja un mensaje. “Nunca podré agradecer lo suficiente
a Franco que me cerrara las puertas de los diarios, lo que me permitió
tener todo el tiempo para mí y escribir tantos libros.”
Para que conozcas más sobre el autor y sus obras te presentamos
una conferencia mantenida el 28/11/1991 en el centro cultural Bancaixa
de Valencia.

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UNIDAD 5
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La literatura en la construcción de la ciudad democrática

El título de la conferencia es “La literatura en la construcción


de la ciudad democrática”. Lo digo porque tendría que aclarar, para
iniciar, el concepto de ciudad que voy a utilizar. No me refiero al
papel o la influencia de la literatura en la construcción de una ciudad
material con sus calles, sus semáforos, sus plazas, su urbanismo,
sino de una ciudad moral, de una ciudad como punto de referencia,
que se convierte en símbolo de un sistema de convivencia y de una
determinada organización de la convivencia.
La ciudad se representa inmediatamente a través del skyline,
la línea del cielo, del dibujo que la ciudad traza en el cielo y, de ese
dibujo, deja como una rúbrica de toda su existencia. En una ciudad
pueden verse y pueden encontrarse toda clase de arqueologías a través
de los edificios que representan su historia pasada, incluso los edificios
del presente. En una ciudad está depositada la vida de generaciones, la
formalización de esa vida, y ha dejado además un sustrato de carácter
cultural que va desde el comportamiento al lenguaje. Evidentemente
una ciudad puede leerse y la lectura más alejada, y quizá más poética
y más definitiva de una ciudad, es su skyline, la línea que dibuja en el
cielo.
La ciudad se ha descubierto, desde la baja Edad Media, como
el mejor escenario posible para la sociedad civil. Los que sepan algo
de historia, y todos sabemos algo porque la hemos estudiado en el
bachillerato, saben que la ciudad estaba mitificada en la Edad Media
porque era el lugar de los hombres libres, el lugar donde se podía
establecer la comunicación, donde no se establecía el dominio de la
sociedad feudal y, por tanto, significa uno de los escenarios donde
empieza a fraguarse el nuevo orden, la nueva correlación de fuerzas
históricas, políticas, la nueva dinámica social que va a llevar al triunfo
de la burguesía años después.
Cuando hablamos de la ciudad medieval, que significa ese
embrión de nuevo escenario de la tragedia de la historia, tenemos una
visión de lo que esa ciudad ha representado, a la vez, como un centro
de comunicación y de ensimismamiento. La ciudad medieval es una
ciudad en la que se encuentran los comerciantes, intercambian sus

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UNIDAD 5
Literatura Española II
productos, en la que los artesanos ejercen más o menos libremente,
según las categorías jerárquicas, su oficio y por lo tanto es, al mismo
tiempo, un lugar abierto de encuentro, de comunicación. Sin las
ciudades no hubiera sido ni siquiera comprensible la existencia de
la comunicación, el sistema de comunicación, de las maquinarias de
comunicación, desde la etapa más primitiva a la más modernizada,
y, al mismo tiempo, como centros ensimismados, porque las ciudades
eran entes aislados que tenían que defenderse y practicaban una cierta
cultura del ensimismamiento.
Se puede hablar de la ciudad socialista.
La ciudad socialista no es una ciudad concreta, aunque yo muchas
veces, cuando he tenido que referirme a una ciudad símbolo de lo que
pudo haber sido la ciudad socialista y no fue, me he referido a Moscú y
a la propia historia urbanística de Moscú.
Pero, ¿qué hubiera sido para nosotros, como un referente de
carácter cultural, una ciudad socialista? Pues una ciudad en la que
privaran las reglas del juego y de la comunicación, de la participación,
de la soberanía popular y de la vanguardia. Es decir, una ciudad
libre en la que, exenta de las leyes del mercado y de la ley del más
fuerte, la posibilidad de inventar, de imaginar, de cambiar, fuera una
posibilidad sin fin, una posibilidad sin límites. La propia historia de
la ciudad socialista nos tenía que haber advertido, hace cincuenta
años, o sesenta, que era una ciudad difícil de construir todavía en las
condiciones del siglo XX.
Les voy a explicar muy brevemente la historia de Moscú.
Brevísimamente. Es una ciudad que se elige corno capital de la
Revolución Soviética, por lo tanto se va a convertir en cl escenario de
la nueva propuesta universal, mundial. Hay que cuidar pues todos los
detalles de esa escenografía. Ahí se va a desarrollar el nuevo ejercicio
y la nueva propuesta de un modelo de conducta social que se va a
presentar ante todo el mundo corno una pauta.
Es una ciudad que hay que inventarse, porque prácticamente
sólo existe un núcleo urbano histórico, que está en torno al Kremlin,
y luego una ciudad feísima que se ha ido construyendo a impulsos
de una burguesía, que sobre todo ha hecho una ciudad bella y
desarrollada en Leningrado, y de una aristocracia, nunca en Moscú,

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UNIDAD 5
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ciudad que, por otra parte, carece, como toda la Unión Soviética, de
una burguesía equivalente a la que puede haber jugado un papel en
la Europa desarrollada que ha hecho la Revolución Industrial en su
momento adecuado.
Entonces los revolucionarios de los años veinte se plantean la
fisonomía de la ciudad, el aspecto de la ciudad como reflejo de ese
nuevo poder, de esa nueva propuesta de conducta universal. Y en un
primer momento, corno son vanguardistas y creen que la revolución
es una vanguardia, convocan a los vanguardistas del mundo entero,
y Moscú se convierte en una especie de Lourdes de la época, de
Lourdes estético o de Fátima, porque allí va Le Corhusier, va toda la
gente, Bauhaus, los nacionalistas, los pintores de vanguardia, toda la
vanguardia soñando con que, a través de Moscú, van a encontrar un
nuevo cliente, un cliente libre, ese nuevo destinatario social que va a
propiciar el experimento, la vanguardia, el cambio.
Y llegan allí y hacen propuestas que van desde el extremismo
de Le Corbusier, que plantea destruir toda la ciudad y sólo conservar
el Kremlin para que lo vean los turistas —él ni siquiera podía pensar
que quizá serían en el futuro turistas exclusivamente japoneses— y el
resto de la ciudad reconstruible según un plan y una idea de ciudad
socialista que tenía y que llevaba en su cabeza y que luego soñó incluso
en poderla aplicar en Barcelona, en la Barcelona de la República; hasta
los de la Bauhaus. Todos fueron allí atraídos por esa convocatoria de
la ciudad socialista nueva, del nuevo skyline, y se encontraron con
que en todos los concursos a los que se presentaban los innovadores
soviéticos y extranjeros iban siempre ganando los conservadores, iba
ganando el clasicismo socialista, porque la que estaba controlando los
jurados y concedía los permisos para la construcción de la ciudad era
la burocracia. Y fue la burocracia la que evitó el gusto, la que construyó
esas catedrales góticas que son las universidades, esa fisonomía de
la seguridad, del nuevo poder, que en realidad imitaba la seguridad
del antiguo poder y ni siquiera invertía el sentido de la forma y del
volumen.
Quizá, fijándonos en el fracaso de la aventura estética de la
ciudad socialista en los años veinte, hubiéramos podido darnos cuenta
hace muchísimo tiempo de qué fracasos llevaba dentro de sí un fracaso

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UNIDAD 5
Literatura Española II
meramente estético.
Podemos hablar de la ciudad franquista.
Si nos fijáramos en lo que había sido el skyline, la silueta de
la ciudad franquista, veríamos que era una extraña combinación de
destrucción, colosalismo y fealdad. La destrucción aportada por la
Guerra Civil, por un ejercicio sistemático de destrucción del antagonista
histórico y, sobre todo, del movimiento obrero, que había costado cien
años de formación hasta adquirir lenguaje propio, conocimiento propio,
vanguardia propia, significa un ejercicio sabio de destruir el meollo
del antagonista. Es un espectáculo de destrucción que se puede ver
—los que tengan memoria y edad para recordar— en las mellas de las
ciudades, las mellas que habían dejado los bombardeos y que luego
causaron las dinamitaciones y las destrucciones.
El colosalismo al servicio del nuevo régimen, esa estética
neoescurialense, que trataba de crear una referencia simbólica del
pasado imperial convertido en una nueva propuesta en la arquitectura
y en la fisonomía de las ciudades.
Y luego esa tremenda fealdad de la corrupción que, a partir del
final de la miseria y del hambre, cuando hay dinero para corromper y
para construir, ha dejado esas ciudades feísimas que, desde un criterio
puramente estético, la única solución posible para ellas, maximalista,
sería destruirlas, pero como estamos en plena época de minimalismo,
las propuestas de destrucción de lo feo tienen que contenerse ante la
evidencia de que a veces lo feo es imprescindible.
Y finalmente quisiera utilizar como metáfora la ciudad democrática.
¿Cómo habíamos soñado durante treinta años de larga marcha
hacia la ciudad democrática ese nuevo ámbito? La habíamos soñado
como una ciudad basada en la participación, como una ciudad abierta,
como una ciudad plural y como una ciudad donde la libertad de la
estética repercutiría en la libertad del comportamiento, de la forma,
de la innovación. La larga marcha de la cultura española desde el año
39 hasta el año 78 es, de hecho, la larga marcha de la reconstrucción
de la razón y del forjar esa ciudad democrática utilizada en un sentido
metafórico. En cierto sentido, el franquismo empezó a autodestruirse,
como las grabaciones del telefilrn “Misión Imposible”, en el año 45, en
el momento en que, perdido el impulso inicial imperial y arropado y

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respaldado por la prepotencia de las potencias fascistas, el franquismo


tiene que resituarse en un mundo normal, de situaciones políticas,
sociales y económicas normales, tiene que empezar a resituar todo su
sueño fascista de orden nuevo y de orden milenario y, paralelamente,
empieza a fraguar lo que yo llamaría la reconstrucción de la sociedad
civil, de una historia civil crítica. (…)

Accede a http://www.vespito.net/mvm/conf3.html y leer la


conferencia completa. Además puedes ver otras curiosidades, obras de
Manuel Vázquez Montalbán en su sitio oficial en: http://www.clubcultura.
com/clubliteratura/clubescritores/vazquez_montalban/home.htm

Juan José Millás (Valencia, 1946) es una de las referencias de


periodismo literario más importantes, además de un gran novelista.
Tras vivir en Valencia los primeros años de su vida, se trasladó
a Madrid, donde empezó la carrera de Filosofía en la Universidad
Complutense de Madrid. Sin embargo, dejó la universidad como un acto
de rebeldía: “Una universidad franquista, vieja...”.
Escribió su primera novela bajo el peso del experimentalismo,
influenciado por Rayuela de Julio Cortázar. Durante los años que se
suceden escribe varias novelas hasta llegar a Papel mojado (1983),
dedicada al público juvenil, su novela más popular y la que le rindió más
éxito. Concomitante a eso, comienza a dedicarse a la prensa, escribiendo
columnas para El País y otras cadenas de periódicos, donde demuestra
insobornable compromiso con los desfavorecidos. Desde este momento
compatibiliza el periodismo con la literatura.
Para que te enteres mejor sobre el autor, te traemos un artículo
publicado por la revista española Interviú, en la cual habla de las trampas
de internet y de los sitios no fiables. Veamos:

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Literatura Española II
Venenos de efecto retardado (03/11/2008)

Una amiga me hace llegar el texto que, acerca de mi biografía,


aparece en Wikipedia, y en el que se dice: “Divorciado de su primera
mujer, Carmen Laforet (de la cual se divorció debido a que le confesó
su homosexualidad en su noche de bodas), se casó con Sándor Márai
en una boda sin muchos lujos en una playa en las Islas Canarias”.
Inmediatamente, busco en la misma enciclopedia la biografía de
Carmen Laforet y, ¡maldita sea!, no aparezco como su esposo. Tampoco
se me cita en la de Sándor Márai, pese a la intimidad que mantuve
con él. Estos fallos no se daban en las enciclopedias analógicas, donde
se cuidaban más las relaciones causa-efecto, se respetaba el orden
cronológico y se evitaban los disparates de bulto. Como contrapartida,
no se podían actualizar. Hay autores completamente muertos que aún
figuran como vivos en las enciclopedias de papel.
Ingenuo de mí, consulto la Wikipedia con cierta frecuencia.
Está al alcance de una tecla y te saca del apuro a cien por hora. No
sé cuántas mentiras o inexactitudes habré perpetrado por culpa de
ella, pero me temo que vivimos en un mundo donde las mentiras y
las inexactitudes carecen de importancia. Casualmente, entro en
el artículo de la Wikipedia sobre Gonzalo Suárez, donde aparece la
siguiente información: “En todas las películas que ha interpretado ha
sido (sic) dirigidas y escritas por él, excepto 2 que son las siguientes:
–¿Qué he hecho yo para merecer esto? de Pedro Almodóvar.
–El elefante del rey de Victor García León”.
Tras meditar un rato, deduzco que el texto quería decir que
ha dirigido todas las películas que ha interpretado, excepto las dos
señaladas. Pero la frase no tiene desperdicio. Saboréenla de nuevo: “En
todas las películas que ha interpretado ha sido dirigidas y escritas por
él, excepto 2 que son las siguientes”. Si es cierto, como decía Valéry,
que la sintaxis es una facultad del alma, el autor de este texto es un
desalmado. No sabemos qué otros crímenes puede estar cometiendo
por la llamada enciclopedia libre de internet, pero nos lo imaginamos
entrando a saco en todos los artículos utilizando el bolígrafo al modo
de un cuchillo.
Internet es un territorio fabuloso porque nada se respeta en él.

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Carece de normas de educación, de reglas gramaticales, de límites


morales. Los artículos científicos están a la misma altura que los
paracientíficos y lo normal al mismo nivel que lo paranormal. A menos
que seas un experto en el tema, te puedes tragar el mayor disparate del
mundo y digerirlo como una verdad fundamental. En los comentarios a
los artículos periodísticos, la gente se caga en la madre del autor como
el que enciende un cigarrillo. Los psicópatas corren como ratas por los
callejones de ese territorio extendiendo la peste por doquier. Lo curioso
es que es una peste que no se nota, que no hace daño, que no duele, al
menos de momento. Algunos venenos tardan mucho tiempo en hacer
efecto: son los más peligrosos, pues cuando dan síntomas ya tiene uno
el hígado hecho polvo.
Me cuentan que internet es también el territorio de la venganza.
Si alguien te ha hecho algo, puedes lincharlo y colgarlo de una cuerda
en la red sin que te ocurra nada. Por lo visto, muchos escolares acosan a
sus compañeros en los chats en los que entran después de la merienda.
Internet tiene algo de puerta de retrete público. Hay en esa selva un 80
por ciento de escatología y el resto es materia oscura.
Aun así, es fabuloso. Ya no podríamos imaginar la vida sin ese
continente que nos abre a horizontes nuevos cada día. De repente,
yo, un tipo simple, de vida cotidiana aburrida, resulta que he sido
marido, sucesivamente, de Carmen Laforet y de Sándor Márai. ¿Qué
me quedará por ver aún? ¿Qué otras hazañas realizaré a lo largo de mi
vida? Cualquier día de estos, entro yo mismo en el artículo de Wikipedia
donde se da cuenta de mi biografía y pongo que me he retirado a una
isla griega para quitarme de en medio. Y sin dejar de estar aquí, en
alguna dimensión de la realidad me encontraré frente al mar, retirado
del tabaco, de la bebida, del deseo, retirado de mí.
Las enciclopedias analógicas tenían el problema de la esclerosis.
Quedabas retratado de un modo inamovible. Tenías, por decirlo así,
una identidad de piedra. En las enciclopedias digitales puedes disfrutar
de una identidad de plastilina, lo que resulta mucho más entretenido.
Después de todo, haber sido el marido de Carmen Laforet y de Sándor
Márai justifica una biografía. Tal vez mi vida no haya sido tan absurda
como creía.
Disponible en:
http://www.interviu.es/opinion/papel-mojado/venenos-de-efecto-retardado/

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UNIDAD 5
Literatura Española II
¿Qué te parece, ya pasaste por alguna situación similar? Para que
reflexionemos. No te olvides de acceder al sitio oficial del autor, en lo
cual encontrarás muchas otras informaciones relevantes. En: http://www.
clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/millas/cronologia.htm

Eduardo Mendoza (Barcelona, 1943) erradica su fuerza en la fábula


y en la capacidad de recrear cualquier tipo de ambiente. Tuvo contacto con
la literatura desde muy pronta infancia. Concluyó la carrera de Derecho
en la Universidad de Barcelona en 1965, año que viaja por Europa. En
1973 abandona Barcelona y se va a Nueva York como traductor de la
Organización de Naciones Unidas (ONU).
En 1975 aparece en España su primera novela, La verdad sobre el
caso Savolta, intitulada originalmente, Los soldados de Cataluña, evoca
la censura franquista. Unos meses después de la muerte de Franco el
libro se convierte en la primera novela de la transición democrática. En
los EE.UU, publica El misterio de la cripta embrujada (1978), una de sus
obras más reconocidas mundialmente. Regresa a Barcelona en 1982,
sigue dedicándose a la traducción simultánea en distintos organismos
internacionales y a la vida literaria.
Para ilustrar tan prestigiado autor te brindamos con un artículo,
publicado por primera vez en el periódico El País, en el 23 de septiembre
de 2000, intitulado ¡Basta ya!, en lo cual hace una crítica al terrorismo de
la Organización Terrorista ETA.

¡Basta ya!

Por principio me niego a firmar manifiestos en los que mi firma


resulte obvia. Por ejemplo, manifiestos “a favor de la cultura” o “contra
el hambre en el mundo”. Creo que uno sólo debe expresar públicamente
su postura cuando esta postura sea fruto de la reflexión e incluso de la
resolución de un dilema. Y como he firmado el manifiesto “¡Basta ya!”,
me gustaría exponer las razones que me han impulsado a ello.
Como no soy pacifista, no creo que todas las guerras sean iguales.
Lo mismo me ocurre con el terrorismo. Deploro todas las muertes, pero
no condenaría a rajatabla algunos actos desesperados de los que la
Historia nos ha dejado constancia. Esta me parece una actitud ética en
la medida en que me obliga a resolver en cada caso un dilema, con el

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UNIDAD 5
Universidade Aberta do Brasil

consiguiente riesgo de error. Si ahora expreso mi rechazo a la violencia


de ETA, no lo hago, pues, por una actitud apriorística. Tampoco lo hago
desde ninguna posición política. Aquí no se trata de juzgar las razones
que puedan motivar las acciones de ETA, sino los métodos. Otro día
hablaremos de las virtudes y defectos del nacionalismo. Ahora estamos
hablando de tiros. Por lo demás, estoy de acuerdo en que el llamado
problema vasco es complejo y requiere una solución política, pero no
creo que esta solución corresponda exclusivamente a los políticos.
Ante todo, creo importante que una cosa quede clara: los
asesinatos de ETA no son admisibles desde ningún punto de vista.
Primero porque violan el derecho de todo ser humano a la vida, y esto
es algo muy serio, que a menudo olvidamos cuando nos ponemos a
especular. Paradójicamente, los que hemos tenido la fortuna, casi
milagrosa, de haber nacido y vivido en paz, consideramos este derecho
como algo abstracto: nada ni nadie nos privará de seguir viviendo salvo
una enfermedad o un accidente. El que existan muchas personas como
nosotros que viven en continua zozobra es algo que sabemos, pero
que adjudicamos a otros países, o a otras épocas, y, en todo caso, a la
sección de noticias. Pero no es lo mismo matar que no matar. Segundo,
porque ETA mata fríamente, como parte de un plan a medio o largo
plazo. Las víctimas, elegidas por razones de comodidad o en función de
una vaga representatividad, sólo son medios para mejorar la posición
negociadora de quienes planifican y ordenan esas muertes. Esto es
particularmente repugnante.
También me parece reprobable la utilización de los jóvenes con la
misma finalidad. Por definición, los jóvenes son idealistas, propensos a
las acciones emocionales, inclinados a la acción y al riesgo. Manipular
estas tendencias con fines políticos es una grave irresponsabilidad.
También es reprobable utilizar su capacidad de ilusión y entrega con
fines comerciales. En ambos casos se aplica la expresión “venderles
una moto”.
Estas reflexiones no van dirigidas a ETA ni a sus partidarios.
Bien sé que no las tomarán en consideración. En realidad me dirijo
a quienes, como yo, no tenemos nada o casi nada que ver con este
asunto. Uno de los peligros de la democracia es que nos puede llevar
a pensar que los problemas colectivos los han de resolver los políticos
y la opinión pública formularla los periodistas. En términos generales,
así es. Para los que no aspiramos al poder ni a la gloria y lo que más nos

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UNIDAD 5
Literatura Española II
gusta es que nos dejen hacer nuestra santa voluntad, la democracia
es un sistema idóneo, porque sólo nos obliga a votar de cuando en
cuando y, si nos da la gana, ni siquiera eso. Esta actitud puede resultar
menos simpática cuando subimos el volumen del televisor para no oír
los gritos de auxilio del vecino.
Ya sé que hay quien dice que el problema vasco sólo incumbe a los
vascos. Tal vez sería así si la magnitud de los hechos no transcendiera
esos límites geográficos. Es cierto que un crimen es un crimen allí
donde se cometa, pero mi experiencia vital hace que a mí no me
afecte igual un crimen cometido en Cachemira que en Bilbao. No es
ilógico y contradictorio, sino humano. Además, vivimos en un mundo
de principios genéricos, y algunos hechos revisten un valor simbólico
que compromete a quién los contempla más que otros de sus mismas
características. Hace unas décadas la guerra de Vietnam trastornó la
conciencia de la gente en los países occidentales como no lo había
hecho la guerra de Corea o la de Argelia. Lo mismo había sucedido
antes con la Guerra Civil española. Tengo la impresión de que en estos
momentos la situación en el País Vasco está desbordando sus márgenes
para convertirse en un problema de conciencia para quienes lo vivimos
como espectadores de primera fila. En definitiva, nos importan poco
las modalidades del proceso de solución y los nombres y las siglas de
quienes lo llevan a delante. Esto es algo que habrá que dilucidar en su
día. Pero, por ahora, basta ya.
Y una última consideración. El uso de las palabras nos hace
olvidar su significado. Así está ocurriendo o ha ocurrido ya con las
palabras terrorismo y terrorista. Un terrorista no es un individuo que
ha obtenido ese título en un examen, y el terrorismo no es una escuela
de pensamiento. El terrorista incide decisivamente en la realidad
e infunde terror, y para que exista terrorismo tiene que haber una
colectividad aterrorizada. En este sentido, una visita superficial al País
Vasco en estos momentos produce desconcierto. Pocos parajes hay más
placenteros en Europa. Reina la calma y la gente se comporta con la
cordialidad que siempre la ha caracterizado. Y no hay zona del mundo
donde se coma mejor. La muerte, la amenaza y la extorsión existen,
pero la vida no sólo sigue, sino que florece. Por supuesto, hay mucha
gente que hace oir su voz o trata de hacerlo, con el consiguiente riesgo,
pero el ambiente general parece ir en otra dirección. Lo mismo nos
ocurre a los que vemos la situación desde fuera. Todos lamentamos

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los incidentes cuando se producen y luego seguimos viviendo como


buenamente podemos. Esta actitud es admirable cuando se adopta
frente a una calamidad inevitable. Pero yo creo que ahora es todo lo
contrario.
Nada más fácil que decir estas cosas cuando se ven los toros
desde la barrera. Yo no sé lo que haría si fuera vasco, nativo o de
adopción, para el caso es lo mismo; si mi vida afectiva, profesional
y social dependiera de mi posición respecto a este asunto. No soy
especialmente valiente, y comprendo bien a los que quieren vivir
en paz con su entorno inmediato mientras las circunstancias se lo
permitan. Pocas situaciones hay que no se puedan sobrellevar de día
en día, pensando que ya llegará el momento de reaccionar, pero no hoy,
no ahora. La literatura al uso presenta una imagen agresiva y virulenta
de los regímenes opresivos, pero la realidad no siempre es así. Una vez
se imponen por la violencia, los regímenes opresivos, institucionales
o de hecho, suelen crear condiciones de vida confortables e incluso
gratas para quien no se mete en camisa de once varas. Los que
conocimos el largo crepúsculo que fue el franquismo sabemos que la
mayoría de la gente llevaba una vida pasablemente buena y muchos
vivían francamente bien. A los que no conocieron esa etapa o ya la han
olvidado, conviene recordarles que ese bienestar implicaba vender el
alma al diablo, y que el diablo siempre se cobra sus deudas. Y los que
sí lo recordamos hemos de tomar partido.

Vale la pena visitar el sitio oficial del autor, donde encontrarás todas
esas y más informaciones a su respecto.
En: clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/mendoza/textos.htm

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UNIDAD 5
Literatura Española II
Para saber más sobre la Guerra Civil Española, la Dictadura Franquista y
la España Democrática, además de toda la historia de España, visite al sitio: http://
www.historiasiglo20.org/HE/index.htm

Durante los años de Dictadura en España la mujer tuvo un difícil papel.


Dejó de tener los derechos de la constricción de 1931, la cual le daba derechos de
igualdad con respecto al hombre y el derecho al voto. Las casadas deberían cumplir
su papel de ama de casa, madre y esposa dedicada. Muchas fueron perseguidas y
muertas porque eran republicanas, unas por ejercer la militancia o la práctica política
y otras por ser parientes de hombres de izquierdas. Las mujeres casadas no podían
trabajar, mientras las solteras y viudas eran obligadas a trabajar gratuitamente. En
la familia la mujer era sumisa al marido, debía estar guapa para él, teniendo la tarea
de satisfacerlo, y por supuesto, el adulterio era castigado por el Código Penal. En las
revistas había una sección especial para enseñar a las mujeres como comportarse.
Veamos algunos extractos de “Sección Femenina” de la Falange Española y de las
JONS -partido único del Movimiento Nacional-, editado en 1958.

Ten preparada una comida deliciosa para cuando él regrese del trabajo.
Especialmente su plato favorito. Ofrécete a quitarle los zapatos. Habla en tono
bajo, relajado y placentero.
Prepárate: retoca tu maquillaje, coloca una cinta en tu cabello. Hazte un
poco más interesante para él. Su duro día de trabajo quizá necesite de un poco de
ánimo, y uno de tus deberes es proporcionárselo.
Minimiza cualquier ruido. En el momento de su llegada, elimina zumbidos
de lavadora o aspirador. Salúdale con una cálida sonrisa y demuéstrale tu deseo
por complacerle. Escúchale, déjale hablar primero; recuerda que sus temas
de conversación son más importantes que los tuyos. Nunca te quejes si llega
tarde, o si sale a cenar o a otros lugares de diversión sin ti. Intenta, en cambio,
comprender su mundo de tensión y estrés, y sus necesidades reales. (…) No le
pidas explicaciones acerca de sus acciones o cuestiones su juicio o integridad.
Recuerda que es el amo de la casa.
(…) Si tú tienes alguna afición, intenta no aburrirle hablándole de ésta, ya
que los intereses de las mujeres son triviales comparados con los de los hombres.
Al final de la tarde, limpia la casa para que esté limpia de nuevo en la mañana.
Prevé las necesidades que tendrá a la hora del desayuno. El desayuno es vital

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Universidade Aberta do Brasil

para tu marido si debe enfrentarse al mundo interior con talante positivo.


Una vez que ambos os hayáis retirado a la habitación, prepárate para la
cama lo antes posible, teniendo en cuenta que, aunque la higiene femenina es de
máxima importancia, tu marido no permitirá tener lista una taza de té para cuando
despierte.

Extraído de: http://lacomunidad.elpais.com/jordigrau/2007/8/12/la-mujer-y-


dictadura-franquista-
Vete al sito, es muy interesante lo que encontrarás sobre la mujer durante la
dictadura.

Estimado estudiante, en esta unidad tuviste la oportunidad de echar un vistazo


por la literatura de la actualidad en España. Empezamos por el fin de una dictadura
que dejó muchas marcas en todos los sectores del país.
Llegamos a una España democrática, cuya libertad de expresión en
la literatura, en un suelo fértil, nos brindó fructíferos escritores que continúan su
labor hasta los días de hoy. Vimos una literatura comprometida con lo social y que
representa España y sus días de gloria, sin embargo, hoy, con un porvenir de un
futuro incierto, de un país que sufre con las dificultades económicas.
Esperamos que hayas disfrutado de las lecturas y que puedas reflexionar
sobre los temas propuestos. Así, que haya sido satisfactorio el conocimiento adquirido
y que este sirva para tus clases y sobre todo, para tu vida.

1. En esta unidad has leído tres artículos sobre la democracia y el franquismo.


Compara los tres y da tu opinión.

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Literatura Española II

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Universidade Aberta do Brasil

PALAVRAS FINAIS

Prezado estudante: depois de passarmos pelos estudos da literatura
de língua espanhola produzida tanto na Espanha quanto em países de fala
espanhola, chegamos ao final de nossos estudos dirigidos. No entanto,
acreditamos que este percurso não deve ser interrompido com o fim das
disciplinas, pois os estudos literários podem e devem colaborar com seu
enriquecimento cultural como professor de língua espanhola.
Com esta pequena amostra da grandiosidade das literaturas
de língua espanhola desejamos que você como futuro professor esteja
habilitado a ensinar a língua, a cultura, a história e a literatura de maneira
integrada, pois como vimos, estas questões caminham interligadas, assim
como oportunizam a formação do indivíduo como cidadão do mundo,
preparado assim para lidar com as diferentes culturas, crenças, etnias e
povos que fazem parte do mundo hispânico.
É sempre importante lembrar que você como professor em formação
contínua de Língua e Literatura Hispânicas deve sempre se manter
informado, lendo, estudando e sempre buscando se aprofundar tanto na
literatura quanto na língua que vai ensinar. Desejamos sucesso em sua
profissão e parabéns por chegar até aqui.

Melissa Andres Freitas


Valeska Gracioso Carlos

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PALAVRAS FINAIS
Literatura Española II
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORREA, P. Historia de la Literatura Española. Colección Temas de
Literatura Española Madrid, Edelsa. 3ª edición 1991.

DÍAZ-PLAJA, G. Historia de las Literaturas Española, a través de la


crítica y de los textos ilustrada con gráficos y mapas, Buenos Aires,
Editorial Ciordia S.R.L., 1958.

Diccionario Enciclopédico Vox 1. 2009 Larousse Editorial, S.L.

FUENTES, C. El espejo enterrado. Fondo de Cultura Económica, México, 1992.

GARCÍA LÓPEZ, J. Historia de la Literatura Española. Barcelona.


Ediciones Vicens Vives 11ª edición 2004.

HERNRIQUE UREÑA, M. Breve historia del Modernismo. México,


Fondo de Cultura Económica, 2ª edición 1962.

LOPRETE, C. A. Literatura española, hispanoamericana e argentina.


14ª ed. Buenos Aires: Editorial Plus Ultra, 1985.

PEDRAZA JIMÉNEZ, F. B., RODRÍGUES CÁCERES, M. La Literatura


Española en los textos: siglo XX. Vol 2. São Paulo: Nerman. Consejería
de Educación de la Embajada de España, 1999.

PÉREZ, R. D. Historia de la Literatura Española e Hispanoamericana.


Barcelona, Editorial Ramón Sopena, 1957.

TUSÓN, V. LÁZARO, F. Literatura siglo XX. Madrid: Grupo Anaya, 1989.

VILAR, P. Historia de España. Barcelona. Biblioteca de Bolsillo. 1999.

ZAMBRANO, M. Pensamiento y poesía en la vida española. La Casa de


España, México, 1939.

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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil

Sites consultados

http://www.votoenblanco.com/Franco-sigue-muy-vivo-en-Espana-35-
anos-despues-de-su-muerte_a3930.html
http://elpais.com/diario/2010/11/19/opinion/1290121205_850215.html
http://www.vespito.net/mvm/conf3.html
http://www.clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/mendoza/index.htm
http://www.clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/millas/home.htm
http://www.clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/vazquez_
montalban/home.htm
www.perezreverte.com
http://www.juanramonjimenez.com/principal_frame_JR.htm
http://hablasonialuz.wordpress.com/2007/04/01/el-cristo-de-velasquez-
en-la-poesia-de-miguel-de-unamuno/
http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/esp/alas/adios.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diego_Vel%C3%A1zquez
http://www.artequinvina.cl/prontus_artequin/site/artic/20080718/
pags/20080718153110.php
http://www.interviu.es/opinion/papel-mojado/venenos-de-efecto-retardado/
http://www.historiasiglo20.org/HE/index.htm

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REFERÊNCIAS
Literatura Española II
NOTA SOBRE AS AUTORAS

Melissa Andres FREITAS


Graduada em Letras Português/Espanhol pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG) – Ponta Grossa – PR, especialista em
Ensino-Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela mesma instituição
de ensino, mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Atualmente é professora assistente lotada no Departamento
de Línguas Estrangeiras da Universidade Estadual de Ponta Grossa, na
qual leciona desde 2002 as disciplinas de Língua e Literaturas de Língua
Espanhola e suas metodologias. Desenvolve pesquisa na área de leitura
de literatura tanto em língua materna quanto em língua estrangeira, além
de projetos extensionistas de ensino de línguas estrangeiras.
melissafreitas@gmail.com

Valeska Gracioso CARLOS


Possui graduação em Licenciatura em Letras Português/Espanhol/
Inglês pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de
Assis – SP (Faculdade de Ciências e Letras). Mestre em Estudos da
Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutoranda
pela mesma universidade. Atualmente é professora assistente da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Tem experiência como
docente e pesquisadora na área de Linguística, com ênfase em Ensino
de Língua Espanhola. Desenvolve pesquisa na área da Sociolinguística
e Dialetologia, descrevendo a língua falada nas fronteiras do Brasil com
países de fala hispânica e investigando as atitudes linguísticas na região
fronteiriça.
ID Skype: valeska.gracioso
vgracioso@uol.com.br

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AUTORES

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