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Temas em Psicologia

ISSN: 1413-389X
comissaoeditorial@sbponline.org.br
Sociedade Brasileira de Psicologia
Brasil

Barros, Luísa
A dor pediátrica associada a procedimentos médicos: contributos da psicologia pediátrica
Temas em Psicologia, vol. 18, núm. 2, diciembre-, 2010, pp. 295-306
Sociedade Brasileira de Psicologia
Ribeirão Preto, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513751436005

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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2010, Vol. 18, no 2, 295 – 306

A dor pediátrica associada a procedimentos médicos:


contributos da psicologia pediátrica

Luísa Barros
Universidade de Lisboa

Resumo
A dor associada a procedimentos é uma experiência de sofrimento frequente na infância, mas tem sido
tradicionalmente subavaliada e subtratada. A não utilização de estratégias eficazes para controle da
dor durante os procedimentos invasivos, mesmo os mais simples como as vacinas, expõe a criança a
sofrimento desnecessário e consequências significativas. Neste artigo, pretendemos apresentar e
sistematizar os avanços mais significativos do campo da psicologia pediátrica que contribuem para
uma melhor avaliação e controle da dor pediátrica associada a procedimentos. Partindo da
apresentação do Modelo Bio-Comportamental de Varni (1995) e do Modelo Interactivo para o
Distress Agudo de Blount (Blount et al., 1989), são apresentadas as principais estratégias de avaliação
e de intervenção para controle da dor associada a procedimentos. Termina-se com uma reflexão sobre
a necessidade de preparar os profissionais e os familiares acompanhantes e de seleccionar as
metodologias mais adequadas a cada situação.
Palavras-chave: Dor associada a procedimentos, Crianças, Avaliação, Estratégias.

Procedural Pediatric Pain: Contributions from Pediatric Psychology

Abstract
Procedural pain is a distressful frequent experience during childhood, but has traditionally been sub
evaluated and sub treated . The non-utilization of effective strategies to control pain during invasive
procedures, even very simple procedures like immunizations, exposes children to unnecessary
suffering and important consequences. In this article, we aim to present and systematize the most
relevant advances in pediatric psychology, which may contribute to a better assessment and control of
pediatric procedural pain. Parting from the Bio-Behavioral Model of Pain from Varni (1995) and the
Interactive Model for Acute Distress from Blount (Blount e cols. 1989), we go on presenting the main
assessment and intervention strategies to control procedural pain. We finish with a reflexion about the
need of preparing professionals and accompanying family, and to choose the most adequate strategies
to each situation.
Keywords: Procedural pain, Children assessment, Intervention.

Na última década, tem crescido um complexos, prolongados ou repetidos, é uma


importante movimento profissional e político experiência frequente na infância (Cohen,
de atenção à problemática da dor. Inserida MacLaren, & Lim, 2008). A partir dos anos
nesse movimento, a Associação Americana da setenta, a constatação de que as crianças
Dor tomou a decisão de definir a dor como o 5º apresentavam problemas comportamentais
sinal vital, com a intenção clara de aumentar a durante e após a hospitalização levou ao
consciência dos profissionais de saúde em desenvolvimento de programas de preparação
relação à importância da identificação, da hospitalização ou de tratamentos específicos
avaliação e gestão da dor (American Pain (Harbeck-Weber & McKee, 1995). Estes
Society, 1999). programas consistiam essencialmente numa
Um pouco mais tarde, este movimento combinação de informação sobre o que se
generalizou-se também à Pediatria. De fato, a podia esperar durante os procedimentos de
dor associada a procedimentos de rotina ou diagnóstico e tratamento e a própria
como consequência de tratamentos mais hospitalização, a que se acrescentaram
_____________________________________
Endereço para correspondência: Luísa Barros - Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa. Alameda da
Universidade, 1649-013, Lisboa, Portugal. Fone: 351217943655. Fax: 351217933408. E-mail: lbarros@fp.ul.pt.
296 Barros, L.

progressivamente estratégias de demonstração, Neste artigo, pretendemos apresentar e


modelagem e treino de estratégias de coping. sistematizar os avanços mais significativos do
No geral, os resultados demonstraram uma campo da psicologia pediátrica que podem
redução da ansiedade nas crianças previamente contribuir para um melhor atendimento da
preparadas, de tal forma que em alguns países criança em todas as situações em que esta tem
estes programas passaram a ser considerados de ser submetida a procedimentos de
como uma prática indispensável em serviços de diagnóstico e de tratamento potencialmente
qualidade (Powers, 1999). dolorosos ou ansiogênicos.
A dor é uma experiência individual e
Os procedimentos médicos invasivos,
subjetiva, simultaneamente sensorial e
desde os mais simples, como as vacinas ou
emocional (Cohen et al., 2007). A dor aguda
tratamentos dentários, até aos mais exigentes e
associada a procedimentos é tipicamente breve,
complexos, como a aspiração de medula ou o
porque termina quando acaba o procedimento
desbridamento no tratamento queimaduras, são
que implica o estiramento, contração ou
situações que têm sido alvo de numerosos
invasão em alguma parte do corpo (Cohen,
ensaios e estudos de estratégias para controle
McLaren, & Lim, 2007b).
da dor e da ansiedade (Cummings, Reid,
Alguns profissionais tendem a valorizar a
Finley, McGrath, & Ritchie, 1996; Kazak &
administração de analgésicos ou anestésicos
Kunin-Batson, 2001). No entanto, a dor
como solução única para o controle da dor
pediátrica tem sido tradicionalmente
pediátrica associada a procedimentos, desde a
subvalorizada e pouco considerada (Atkinson,
aplicação de analgésicos tópicos até a técnicas
1996; Schechter, Berde, & Yaster, 2003).
de anestesia para tratamentos mais invasivos e
Nomeadamente, a dor associada a
prolongados. Com efeito, verificou-se que o
procedimentos e tratamentos continua a não ter
uso dos anestésicos tópicos pode reduzir entre
sempre o atendimento necessário. A não
20 a 50% a dor pediátrica associada a
utilização de estratégias para controle da dor
procedimentos, pelo que o seu uso adequado
durante os procedimentos invasivos, expõe a
deve, certamente, ser promovido (Shah,
criança a sofrimento desnecessário (Taddio et
Taddio, & Rieder, 2009). No entanto, o recurso
al., 2009; Young, 2005). Existe evidência de
a estes produtos nem sempre é possível,
sequelas da dor associada a procedimentos
adequado ou totalmente eficaz. A dor associada
pediátricos e não tratada, tais como ansiedade
a procedimentos está intimamente associada à
antecipatória em futuros procedimentos
ansiedade antecipatória, a qual não pode ser
(Taddio, 1999) sensibilização à dor devido a
controlada por analgésicos e anestésicos, pelo
mudanças no modo como o sistema nervoso
que é necessária a abordagem comportamental,
processa a dor e eficácia reduzida de
de forma isolada ou complementar ao uso de
analgésicos (Taddio & Katz, 2005),
analgesia ou anestesia. A decisão sobre a
dificuldades em realizar procedimentos
aplicação desses produtos escapa
médicos (Weisman, Bernstein, & Schechter,
completamente ao foco deste artigo ou à
1998) e fobia a agulhas (Hamilton, 1995).
competência da sua autora. O que nos interessa
As razões para desvalorizar a necessidade aqui é compreender melhor o fenômeno da dor
de tratamento são múltiplas, das quais se relacionada com os procedimentos pediátricos e
destacam a falta de conhecimentos sobre os quais os procedimentos psicológicos e
processos fisiológicos e psicológicos comportamentais que podem contribuir para
associados à dor e ansiedade, a não controlar o sofrimento da criança.
generalização da formação profissional nesta Dor e perturbação emocional estão
área e a prevalência de ideias erradas sobre a associadas, embora sejam construtos distintos.
prevenção da dor e ansiedade, quer dos pais A dor é definida pela Associação Internacional
quer dos profissionais (Taddio et al., 2009). para o Estudo da Dor como uma experiência
Apesar da grande evolução do conhecimento e emocional e sensorial desagradável, associada a
da produção de pesquisa nesta área, continuam lesão de tecidos real ou potencial, ou descrita
a manter-se e reproduzir-se algumas ideias em termos desse tipo de lesão (IASP, 2004). A
erradas sobre a dor pediátrica, a sua prevenção perturbação emocional é descrita como
e controle, que em muito contribuem para um qualquer tipo de afeto negativo associado com
atendimento inadequado à criança (Barros, o procedimento (ansiedade, medo, stress)
2003; Taddio et al., 2009). (Uman, Chambers, McGrath, & Kisely, 2008).
Dor pediátrica associada a procedimentos 297

A investigação psicológica da dor pediátrica determinantes próximos e distantes, e vai, ela


contribuiu de forma decisiva para a própria, constituir-se em determinante de
compreensão da importância das emoções na futuras experiências do mesmo tipo, ou
percepção e modulação da dor. A dor aguda consideradas pela criança como semelhantes.
está muito fortemente associada ao medo e à Segundo Varni (1995), a compreensão do
ansiedade. Ao nível fisiológico, a dor pode fenômeno de dor aguda infantil só pode ser
causar elevação da frequência cardíaca e da verdadeiramente compreendido se atendermos
pressão arterial, e a libertação de adrenalina a:
(Yaster & Deshpande, 1998). O componente a) Antecedentes da dor, que têm um papel
afetivo mais frequentemente associado à dor na causal no início do episódio doloroso, ou na
criança é a ansiedade (Katz, Kellerman, & exacerbação da intensidade da dor.
Siegel, 1980) de tal modo que as crianças b) Concomitantes da dor, que ocorrem só
tendem a viver as experiências de forma global, durante o episódio doloroso, tais como o medo
tendo dificuldade em distinguir entre o estar ou a ansiedade.
“assustado” e o estar “magoado” ou “dorido”. c) Consequências da dor, que persistem
Medo e ansiedade aumentam os sentimentos de após o alívio da dor e incluem a perturbação
sofrimento físico e reduzem a tolerância à dor. comportamental, cognitiva e emocional.
Podemos portanto dizer que a ansiedade d) Mediadores da percepção e do
potencializa a dor, e a dor promove a comportamento de dor, que incluem
ansiedade, num ciclo progressivamente mais predisposições biológicas, (tais como
difícil de quebrar. Por esta relação ser tão elementos genéticos, idade, sexo),
importante, e por estes dois componentes serem características individuais (tais como o
difíceis de distinguir, alguns autores (Katz et temperamento e o desenvolvimento cognitivo),
al., 1980) preferem referir-se a sofrimento ou ambiente familiar (funcionamento, modelos de
perturbação comportamental (behavioral dor, estilo educacional), avaliação cognitiva
distress) para denominar as manifestações (significações sobre dor).
associadas a tratamentos ou lesões, e que
e) Estratégias de coping ou processos no
envolvem os três componentes referidos.
qual a criança se envolve e que incluem
estratégias cognitivas e/ou comportamentais
Dor pediátrica – modelos para enfrentar e lidar com o episódio doloroso
explicativos ou com o medo e ansiedade associados. Estas
Ao longo dos tempos, têm sido propostos estratégias podem ser mais ou menos eficazes
diversos modelos explicativos para a ou adaptativas, em função das suas
experiência da dor pediátrica. Em seguida, consequências no alívio da dor e da perturbação
referimos dois modelos que nos parecem emocional.
essenciais para uma compreensão adequada da Trata-se portanto de um modelo
dor associada a procedimentos pediátricos e integrativo que pretende explicar a experiência
para uma melhor integração dos instrumentos subjetiva de dor e perturbação, atendendo a
de avaliação e das estratégias de intervenção determinantes próximos e distantes, e
mais eficazes. considerando o efeito de mediadores ou
moderadores desta experiência
Modelo Bio-comportamental de Varni
O modelo bio-comportamental proposto Modelo Interactivo para o Distress
por Varni em 1989 (Varni 1995), que visa a Agudo de Blount
explicar tanto a dor aguda como a dor crónica, O modelo Interactivo para o Distress
continua a ser o mais estudado e aplicado, e é Agudo proposto Blount e colaboradores
também o mais completo pois contempla (Blount et al., 1989) contribui para a explicação
determinantes e consequências imediatas e a da perturbação associada aos procedimentos
médio prazo, e também as estratégias de invasivos pediátricos com base na influência
confronto que a criança utiliza mútua entre a criança, os pais e os profissionais
espontaneamente ou por aprendizagem. Mesmo durante o procedimento doloroso. Trata-se de
os procedimentos mais simples podem implicar um modelo transacional que chama a atenção
uma experiência dolorosa e de sofrimento. Esta para as interações que se passam imediatamente
experiência vai ser influenciada por múltiplos antes, durante e após o procedimento, entre a
298 Barros, L.

criança, o profissional e os familiares ansiedade) e cognitivos (avaliação subjetiva da


acompanhantes. Valoriza, pois, os experiência). Medidas dirigidas a diferentes
determinantes próximos e contextuais da indicadores têm apresentado resultados
situação, oferecendo importantes pistas para a diferentes e com baixas correlações entre si,
alteração da experiência infantil através da sugerindo que podem estar a medir construtos
mudança dos comportamentos concretos dos diferentes e alertando para a relevância de usar
adultos envolvidos. Estes autores consideram mais do que um tipo de medida, sobretudo
que alguns comportamentos dos adultos, tais quando se pretende validar a eficácia de
como os comentários securizantes, de empatia e estratégias interventivas (Cohen et al., 2007).
de crítica, tendem a preceder os indicadores de No entanto, sempre que possível devem
perturbação da criança, enquanto outros privilegiar-se medidas de autoavaliação, visto
comportamentos tais como as instruções para que a dor é sobretudo uma experiência
utilizar a respiração profunda ou a distração subjetiva. Existe evidência suficiente da
podem estar associados ao coping da criança. E possibilidade de se usarem medidas de
enfatizam o impacto que o comportamento da autorrelato com crianças a partir dos 4 anos de
criança tem no próprio comportamento dos idade (Stinson et al., 2006). No entanto, dada a
adultos responsáveis. Diversos estudos complexidade destas medidas e as dificuldades
demonstraram que uma percentagem na sua aplicação, a combinação com medidas
importante da variância no confronto e na observacionais ou fisiológicas pode ser
perturbação comportamental da criança podem particularmente interessante (Nilsson , Finnstro,
ser explicados pelos comportamentos dos pais e & Kokinsky, 2008; von Baeyer & Spagrud,
dos profissionais de saúde durante o 2007).
procedimento (Blount, Bunke, Cohen, & Dispomos hoje de um conjunto de
Forbes, 2001; Cohen, Bernard, Greco, & medidas observacionais e de autoavaliação com
McClellan, 2002). validade adequada (Tsao & Zeltzer, 2008).
Destas, destacarei as que mais se adequam à
dor associada a procedimentos.
Instrumentos de avaliação
A nossa capacidade de reconhecer e Escalas de Observação
avaliar a dor pediátrica e o sofrimento Comportamentais
associado a episódios dolorosos afeta As Escalas de Observação comportamental
necessariamente a nossa capacidade de agir são instrumentos de observação e registo de
para controlar esse sofrimento. As crianças, indicadores de sinais de dor e de perturbação
sobretudo as mais pequenas, são antes, durante e após o procedimento. São
particularmente difíceis de avaliar, pois não instrumentos que monitorizam comportamentos
possuem ainda uma elevada competência para observáveis e operacionalmente definidos.
identificar e diferenciar sensações, ou a Estas medidas observacionais são
sofisticação de vocabulário para expressar particularmente importantes quando a criança
diferentes níveis de perturbação (Cohen et al., tem menos de 4 anos ou dificuldade cognitiva
2007). No entanto, esta avaliação é uma ou verbal para exprimir-se; está demasiado
condição necessária para definir quais os perturbada ou muito restringida devido a
procedimentos mais eficazes e para ligaduras, ventilação mecânica ou drogas; cujos
implementar uma gestão eficaz da dor autorrelatos foram anteriormente considerados
pediátrica. Nas duas últimas décadas, tem exagerados, irrealistas ou desvalorizados por
havido um grande desenvolvimento dos estudos motivos cognitivos ou emocionais (von Baeyer
sobre métodos e instrumentos para avaliar a dor & Spagrud, 2007). E ainda quando se pretende
aguda e associada a procedimentos (Finley & captar a interação entre os diferentes
McGrath, 1996; O’Rourke, 2004; Stinson, intervenientes no processo (Blount et al., 1989).
Kavanagh, Yamada, Gill, & Stevens, 2006; von Estas escalas consistem em checklists
Baeyer & Spagrud, 2007). comportamentais que identificam a presença ou
Na identificação da experiência de dor e frequência de determinados comportamentos,
perturbação, importa ter em conta indicadores ou escalas que combinam o registo de presença
fisiológicos (frequência respiratória, pressão com um registo de intensidade ou frequência,
arterial), comportamentais (choro, agitação, normalmente sobre a forma de escalas de
contração muscular), emocionais (medo, Lickert.
Dor pediátrica associada a procedimentos 299

Uma das mais utilizadas é o Observational criança, permitindo assim comparar a avaliação
Scale of Behavioral Distress-Revised (OSBD- do observador e da própria criança. No entanto,
R, Elliott, Jay, & Woody, 1987), que contém 8 existe alguma dúvida sobre a validade destas
comportamentos (procura de informação, medidas quando utilizadas por observadores,
choro, grito, necessidade de restrição física) visto que os resultados são contraditórios e
indicadores de distress e avaliados numa alguns estudos mostraram baixa
escala que mede a intensidade da perturbação correspondência entre as medidas subjetivas da
com 4 pontos. O observador regista se cada um criança e as avaliações de pais ou de
dos comportamentos está a ocorrer ou não em profissionais (Singer, Gulla, & Thode Jr, 2002;
cada intervalo de 15 segundos. O CAMPIS- Kelly, Powell, & Williams, 2002). Num estudo
Revised (Blount et al., 1997) inclui uma escala que realizamos com crianças de idade pré-
de distress da criança na qual se registam os escolar durante a vacinação, verificamos que a
comportamentos com base na frequência, e avaliação de pais e enfermeiros era
ainda códigos adicionais para monitorizar os ligeiramente mais elevada do que a das
comportamentos indicadores de coping na crianças, mas enquanto a dos pais estava
criança, os comportamentos neutros da criança, correlacionada com a das crianças, a dos
os comportamentos dos adultos que facilitam o enfermeiros não estava (Pedro, Barros, &
distress, os comportamentos dos adultos que Moleiro, 2009). Noutro estudo com crianças
promovem o coping e ainda os comportamentos entre os 3 e os 13 anos, verificamos que a
neutros dos adultos. Ambas estas escalas ansiedade relacionada com a consulta de
alcançaram a categoria de validade “bem odontologia autoavaliada pelas crianças era
estabelecida”, isto é, um instrumento sobre o ligeiramente mais baixa do que a ansiedade
qual pelo menos duas equipas publicaram avaliada pelos odontologistas, e que havia
estudos com evidência empírica atestando boas igualmente pouca concordância entre estas duas
propriedades psicométricas (Cohen et al., avaliações (Barros & Buchanan, no prelo)
2007).

Escalas de Auto-Avaliação da Dor e/ou Estratégias de Controle da Dor e/ou


Ansiedade Ansiedade
As escalas de autoavaliação da dor e/ou As estratégias mais estudadas e validadas
ansiedade incluem medidas globais e subjetivas para controle da dor associada a procedimentos
que registam uma impressão global sobre a são as de orientação cognitivo-comportamental,
experiência subjetiva de dor ou de que foram consideradas como um tratamento
ansiedade/medo, podendo recorrer a escalas bem estabelecido segundo os exigentes critérios
numéricas ou análogos visuais. Uma das mais Chambless (Chambless et al., 1998) e
conhecidas é a Escala de Faces Revista (FPS-R; consistem geralmente num “pacote
Hicks, von Baeyer, Spafford, van Korlaar, & interventivo” com vários componentes (Uman
Goodenough, 2001) em que a criança escolhe et al., 2008; Powers, 1999). Combinam pelo
entre 6 caras, do “neutro” ao “dor elevada”, menos uma estratégia comportamental, baseada
aquela que melhor representa a sua experiência. nos princípios comportamentais e da teoria da
De igual modo, a Escala de Análogo Visual aprendizagem e dirigida à modificação de
(VAS) consiste numa linha de 10 cm com comportamentos específicos, com pelo menos
pontos-âncora desde “sem dor” até “a pior dor uma estratégia cognitiva visando alterar estilos
possível”, na qual a criança, a partir dos 3 anos, de pensamento negativo relacionado com a
marca o ponto que representa a intensidade da ansiedade e substituir pensamentos
dor que sente, ou ainda as Fichas de Poker inadaptativos por atitudes ou crenças positivas
(Hester, 1979) em que a criança, a partir dos 4 e que podem conduzir a copings positivos.
anos, escolhe o número de fichas (de 1 a 4) Algumas implicam o uso de estratégias
representando o número de “pedaços de dor” controladas pelo adulto, pais e/ou profissionais
que sente, demonstraram ser instrumentos com (o adulto distrai a criança), outras de estratégias
eficácia e validade “bem estabelecida”, controladas apenas pela criança (a criança usa
segundo os critérios já referidos antes. uma autoinstrução positiva) e ainda noutros
Estas escalas também podem ser utilizadas casos o adulto intervém como
por familiares ou profissionais para caracterizar orientador/treinador da criança (o adulto dá
a sua avaliação sobre a experiência global da instruções à criança para respirar fundo). No
300 Barros, L.

geral, os pacotes estudados implicam uma iniciar o tratamento odontológico a uma criança
combinação de mais do que uma estratégia. que anteriormente foi tratada sem recurso a
Estas serão em seguida abordadas anestesia.
separadamente: e) Reforço/Incentivo: envolve atribuir à
criança um prêmio ou diploma se a criança se
Estratégias Comportamentais mantiver quieta e colaborante e utilizar as
a) Exercícios respiratórios: são estratégias respiratórias ou outras previamente
metodologias que visam simultaneamente combinadas (Jay, Elliott, Fitzgibbons, Woody,
alguma forma de diversão da atenção e algum & Siegel, 1995; Manne, Redd, Jocobsen,
estado de relaxamento global. O objectivo é Schorr, & Rapkin,1990; Powers, 1999). O
ajudar a criança a manter-se ativa durante o objetivo é manter a criança quieta e
procedimento, em vez de se manter passiva e colaborante, o que permite ao profissional
submissa, e aprender a controlar a dor e a realizar o procedimento da forma mais rápida e
ansiedade Envolve normalmente uma eficaz, ou que a criança realize exercícios
respiração profunda e diafragmática que pode respiratórios que permitem manter a criança
ser concretizada com o auxílio de balões, distraída e evitar a perturbação emocional mais
apitos, ou bolas de sabão, sendo facilmente severa.
usada com crianças a partir dos 3 anos
(Chambers , Taddio, Uman, McMurtry, 2009). Estratégias Cognitivas
b) Distracção comportamental: para além a) Informação: envolve formas de explicar
dos exercícios respiratórios, outro tipo de os diferentes passos do procedimento,
estratégias comportamentais podem ser usadas disponibilizando informação sensorial
para dirigir a atenção da criança para estímulos associada com o procedimento (Powers, 1999;
diferentes do procedimento, tais como ver um Uman et al., 2008). Pode estar associada a
pequeno filme ou jogo de vídeo simples sugestões sensoriais que visam modificar a
(Cohen, Blount, & Panopoulos, 1997). Existe experiência durante o procedimento (“vais
alguma evidência de que a distração passiva em sentir umas cócegas”).
que a criança vê um vídeo é mais eficaz que b) Distracção Cognitiva: envolve
uma actividade em que a criança tem que tomar qualquer estratégia cognitiva que dirija a
a iniciativa, como um brinquedo ou jogo atenção da criança para estímulos diferentes do
(MacLaren & Cohen, 2005). De igual modo, a procedimento, tais como a conversa não
distração controlada pelo enfermeiro parece ser relacionada com o procedimento, contar até 10
mais eficaz do que a controlada pelos pais ou de 10 para 1, descrever ou identificar
(Chambers et al., 2009). elementos numa imagem, fazer jogos de
c) Relaxamento muscular: são estratégias números ou de palavras. As estratégias que
que visam ajudar a criança a relaxar a parte do exigem uma participação cognitiva mais ativa
corpo envolvida no procedimento (braço, da parte da criança implicam um maior grau de
perna) ou um “reflexo geral de acalmia" envolvimento atencional e podem ser mais úteis
(Stroebel,1982). O mais comum envolve para situações prolongadas como uma consulta
solicitar a tensão e relaxamento dum membro, de odontologia. Estas metodologias são mais
alternadamente. Outro tipo de técnica adequada eficazes na fase antecipatória e inicial do
para as crianças mais novas envolve pedir à procedimento, enquanto a respiração controlada
criança que bata palmas com muita força, e é mais eficaz na parte final. As estratégias de
depois sinta os braços cansados e a ficarem distração, comportamental e cognitiva, têm sido
“muito leves como algodão” (Humphrey & das mais estudadas e validadas empiricamente
Humphrey, 1981). (Uman et al., 2008).
d) Dessensibilização sistemática: envolve c) Imagética: a imaginação emotiva foi
a exposição gradual e progressiva a uma inicialmente descrita por Lazarus e Abramovitz
hierarquia de estímulos que provocam medo ou (1962) para o tratamento de fobias infantis.
ansiedade associados ao procedimento Pergunta-se à criança qual o seu herói ou
invasivo, tais como as injecções ou tratamentos personagem de ficção favorito. Depois
dentários, ao mesmo tempo que se ajuda a constrói-se uma história que inclui este
criança a relaxar (Jay, 1988). Adequa-se a personagem favorito a ajudar a criança a
situações em que existem experiências confrontar o procedimento. Pode referir os
negativas anteriores, como por exemplo para poderes especiais do herói que ajuda a criança a
Dor pediátrica associada a procedimentos 301

manter-se quieta e a usar estratégias um comportamento ou competência novos, tais


respiratórias. Também se usa a imaginação para como a modelagem, para ajudar a criança a
centrar a atenção da criança em imagens realizar um comportamento complexo, como o
incompatíveis com a experiência de dor e ensaio comportamental, e para garantir a sua
ansiedade (andar numa praia ou ir a um parque aplicação correta durante o procedimento, tais
de diversões ou floresta encantada). Neste caso, como a instrução e orientação por um adulto,
o recurso à imagética tem objetivos de que pode ser o profissional ou um familiar
distração cognitiva ou mesmo de previamente treinado para tal (coaching)
dessensibilização. A imagética é desenvolvida e (Kleiber, Craft-Rosenberg, & Harper, 2001).
ensaiada antes do procedimento, e orientada Estas metodologias facilitam a correta
pelos pais ou profissional/psicólogo durante o aplicação das estratégias anteriormente
procedimento. referidas e são muitas vezes necessárias para
d) Hipnose: a indução hipnótica é utilizada assegurar a sua eficiência.
para promover a dissociação da experiência
dolorosa, fornecendo sugestões de imagens e
fantasias, semelhante às usadas na imagética, Atitudes dos adultos durante o
mas exigindo um grau de envolvimento da procedimento
atenção da criança muito mais intenso. Tal Para além das estratégias específicas
envolvimento é obtido através da mobilização escolhidas para ajudar a controlar a ansiedade e
das várias dimensões sensoriais (visão, audição, a dor da criança, alguns estudos baseados no
olfato, paladar) e de uma narrativa bastante paradigma transaccional (Blount et al., 1989;
ativa e dinâmica. Mostrou consistentemente ser Cohen et al., 1997) demonstraram o impacto
mais eficaz do que o controle e pelo menos tão potencial das atitudes dos adultos durante os
eficaz como a distração, em procedimentos procedimentos na perturbação ou no recurso a
envolvendo agulhas (Accardi & Millings, 2009; estratégias de coping por parte da criança.
Liossi, White, & Hatira, 2006). Envolve um Como é evidente, um adulto calmo e seguro
trabalho preparatório relativamente prolongado ajuda a criança a organizar-se e confiar.
e a participação dum profissional treinado, pelo Constatou-se que as crianças em idade escolar
que se considera mais adequado para são bastante sensíveis ao nível de
procedimentos mais invasivos e/ou profissionalismo e segurança que atribuem ao
prolongados. profissional (Barros & Goes, no prelo).
e) Autoinstrução positiva: a criança é Atitudes de calma, a conversa não relacionada
instruída para repetir frases curtas e positivas com o procedimento, o modo como o adulto
de autoincentivo e reforço durante o posiciona a criança, podem ter impacto positivo
procedimento, que funcionam simultaneamente na reação da criança. Infelizmente, também se
como estímulo distrativo e como verifica o contrário. Pais tensos e ansiosos e
reforço/incentivo ao comportamento profissionais pouco preparados e igualmente
colaborante (Powers, 1999). ansiosos, que gritam, admoestam ou ameaçam a
f) Modificação de memórias sobre criança, contribuem para aumentar a ansiedade
procedimentos já ocorridos: visa ajudar a da criança. De forma aparentemente paradoxal,
criança que teve episódios dolorosos e verificou-se igualmente que algumas atitudes
ansiogênicos anteriores a modificar essas bem-intencionadas e eventualmente adequadas
memórias (Chen, Zeltzer, Craske, & Katz, a outras situações de interacção profissional-
1999), recontextualizando-as, ou ajudando-a a criança, como a racionalização (“tens de levar a
reconhecer a próxima situação como vacina para não teres doenças”), a atribuição
claramente diferente e mais controlável do que de controle à criança (“diz-me quando queres
a experiência negativa passada. Não existe que comece”) ou a empatia (“pois é, tens razão,
suficiente evidência da eficácia deste isto é muito aborrecido”) podiam ter um
procedimento (Uman et al., 2008). impacto negativo contribuindo par aumentar a
ansiedade e a perturbação da criança (Pedro et
Estratégias complementares al., 2009). Estes resultados, embora parciais e
Na maioria dos casos, utilizam-se carecendo de maior comprovação, são um
complementarmente, como parte do “pacote contributo importante para enfatizar a
interventivo”, algumas metodologias necessidade de uma sólida formação dos
comportamentais para facilitar a aquisição de profissionais para este procedimentos.
302 Barros, L.

Profissionais que conhecem e dominam colaboração ativa da criança durante os


estratégias simples e eficazes de controle da dor mesmos.
e ansiedade associada a procedimentos terão A partir dos 3 anos, a criança começa a
certamente menor probabilidade de recorrer a expressar a dor de forma menos intensa e,
atitudes pouco eficazes ou descontroladas, progressivamente, a ser capaz de exagerar ou
menos nas situações mais difíceis. Podendo, minimizar a expressão de dor, consoante as
assim, constituir se como bons modelos e expectativas que tem em relação ao efeito dessa
orientadores para os pais que acompanham as mesma expressão. É, pois, a partir desta idade
crianças durante os procedimentos (Kleiber et que as estratégias de distração e de reforço da
al., 2001; Melhuish & Payne 2006; Sweet & colaboração adquirem maior eficácia e
McGrath,1998). pertinência. No entanto, as estratégias
continuam a ter que ser controladas pelos
adultos, que devem transmitir a segurança de
Intervir com os profissionais, com que a criança necessita, controlar a atenção da
os familiares ou com a criança criança ou orientá-la para o uso de estratégias
Quando se fala em definir e implementar respiratórias ou de autoinstrução. O profissional
abordagens para reduzir a dor e a perturbação que executa o procedimento tem um papel
da criança durante os procedimentos invasivos, central no controle de toda a sequência de
podemos questionar-nos quais as estratégias acontecimentos, nas instruções que dá aos pais
mais eficazes e se o treino e formação se deve e à criança. A intervenção deve, igualmente,
dirigir sobretudo aos acompanhantes adultos, à dirigir-se aos pais, ajudando-os a estabelecer
criança ou aos profissionais. Atendendo ao um racional claro de quais as atitudes que
modelo transacional, sabemos que o melhor permitem à criança controlar-se e aos
comportamento de qualquer um dos profissionais (Melhuish & Payne 2006) que
participantes afeta o dos outros. Assim, importa podem facilmente incorporar estratégias
analisar qual o locus da intervenção mais eficaz simples nas rotinas de tratamento e evitar as
e também quais as intervenções que têm maior atitudes menos adequadas (Sweet &
eficiência e menor custo, para que a sua McGrath,1998). No caso de procedimentos
aplicação se possa generalizar mais facilmente. mais complexos e invasivos como o
Esta análise e a concomitante tomada de desbridamento de queimaduras, o recurso à
decisão têm, evidentemente, de ter em conta hipnose pode ser a opção mais adequada.
uma perspectiva desenvolvimentista que nos No caso das crianças mais velhas e
permite contextualizar as competências da adolescentes, cognitivamente mais sofisticados,
criança e do adolescente para compreender e é possível integrar estratégias mais complexas e
interpretar o fenômeno de dor e para dar que exigem uma participação mais ativa da
sentido ao procedimento médico, assim como parte da criança. No entanto, a escolha da
para aprender e utilizar estratégias de coping de estratégia deve igualmente ter em conta a
forma mais ou menos controlada e autônoma duração e exigência do tratamento. Quanto
(Barros, 2003; Uman et al., 2008). mais o procedimento é prolongado, exige
O desenvolvimento e aprendizagem da imobilização, e é potencialmente doloroso, ou
criança implicam mudanças na forma como a tem de ser repetido, ou quanto mais a criança
criança expressa a dor e ansiedade, como a está sensibilizada por experiências anteriores
compreende e interpreta e, também, nas negativas ou expectativas deturpadas sobre o
estratégias que é capaz de utilizar e que são procedimento, mais será necessário preparar a
potencialmente mais eficazes. criança e os familiares para usarem uma
A criança muito pequena expressa combinação de estratégias comportamentais e
geralmente a dor aguda e a ansiedade de forma cognitivas diversificadas, treinando e ensaiando
intensa e muito evidente, chorando, agitando-se antecipadamente (Barros, 2003).
descontroladamente. Nesta fase, todo o controle
da situação cabe aos adultos, que podem
recorrer a estratégias muito simples de consolo Conclusões
físico e de distração da criança, seguidas de Ao longo deste trabalho, pretendemos
consolo físico. Tratamentos mais prolongados evidenciar a necessidade de reconhecer,
ou aversivos implicam geralmente o recurso a valorizar e avaliar a dor e a perturbação
anestesia, pois não é possível obter a associada a procedimentos pediátricos e a
Dor pediátrica associada a procedimentos 303

premência de formar os profissionais para Blount, R. L., Bunke, V. L., Cohen, L. L., &
adotarem as estratégias mais eficazes para Forbes, C. J. (2001). The Child-Adult
controlarem esse sofrimento. Existe atualmente Medical Procedure Interaction Scale-Short
um conjunto de metodologias de avaliação e de Form (CAMPIS-SF): Validation of a rating
intervenção que foram consideradas como scale for children’s and adults’ behaviors
válidas e eficazes. O seu uso não representa um during painful medical procedures. Journal
acréscimo de trabalho ou de custos e pode of Pain and Symptom Management, 22, 591-
evitar sequelas graves e facilitar o trabalho dos 599.
profissionais.
Finalmente, importa desenvolver grelhas Blount, R. L., Cohen, L. L., Frank, N. C.,
de análise e de decisão para selecionar as Bachanas, P. J., Smith, A. J., et al. (1997).
estratégias mais adequadas. A decisão das The Child-Adult Medical Procedure
estratégias a usar deve ter em conta a evidência Interaction Scale-Revised: An assessment of
empírica da eficácia relativa, mas também o validity. Journal of Pediatric Psychology,
tipo de procedimento, a idade e maturidade da 22, 73–88
criança, a existência ou não de experiências
Blount, R. L., Corbin, S. M., Sturges, J. W.,
anteriores sensibilizadoras, de modo a
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