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SÉRIE TÊXTIL

TECELAGEM
VOLUME 2
SÉRIE TÊXTIL

TECELAGEM
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Robson Braga de Andrade


SÉRIE TÊXTIL
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional TECELAGEM


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti VOLUME 2
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
© 2016. SENAI – Departamento Nacional
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Fluxo de preparação à tecelagem ........................................................................................................ 164
© 2016. SENAI – SENAI CETIQT - Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil
Figura 2 - Tipos de embalagens no enrolamento ............................................................................................... 165
Figura 3 - Sistema de enrolamento de embalagens .......................................................................................... 166
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
Figura 4 - Exemplos de formação de embalagens ............................................................................................. 167
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI. Figura 5 - Cones com diferentes números de espiras ....................................................................................... 167
Figura 6 - Urdideira sendo alimentada a partir das gaiolas............................................................................. 168
Figura 7 - Rolo de urdume e suas partes................................................................................................................. 172
Esta publicação foi elaborada pela equipe do SENAI CETIQT, com a coordenação do SENAI
Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI Figura 8 - Urdideira contínua (ou direta) ............................................................................................................... 173
nos cursos presenciais e a distância. Figura 9 - Pente extensível........................................................................................................................................... 174
Figura 10 - Urdideira em produção de rolos de urdume.................................................................................. 175
SENAI Departamento Nacional Figura 11 - Urdideira em produção de rolos intermediários (ou parciais).................................................. 175
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP Figura 12 - Urdideira seccional (ou indireta)......................................................................................................... 177
Figura 13 - Gaiola da urdideira seccional................................................................................................................ 178
SENAI CETIQT – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil Figura 14 - Pente encruz............................................................................................................................................... 178
Coordenação de Educação a Distância – CEaD Figura 15 - Pente condensador.................................................................................................................................. 179
Figura 16 - Tambor cônico............................................................................................................................................ 179
Figura 17 - Portadas com a mesma largura........................................................................................................... 180
Figura 18 - Passo a passo do enrolamento dos fios de urdume sobre um tambor................................. 180
FICHA CATALOGRÁFICA
_____________________________________________________________________________
Figura 19 - Urdideira seccional................................................................................................................................... 182
Figura 20 - Urdideira para confecção de rolos de urdume em teares para a fabricação de
S491t amostras............................................................................................................................................................................. 182
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Figura 21 - Urdideira para um tear de fita com desenrolamento positivo ................................................ 183
Tecelagem volume 2 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Figura 22 - Componentes principais de uma urdideira seccional................................................................. 184
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Centro de
Tecnologia da Indústria Química e Têxtil. Brasília : SENAI/DN, 2016. Figura 23 - Gaiola............................................................................................................................................................. 184
v.2 : il. (Série Têxtil). Figura 24 - Tipos de gaiola........................................................................................................................................... 185
Figura 25 - Gaiola única normal................................................................................................................................. 186
ISBN 9 788550 501758
Figura 26 - Gaiola única com carrinho..................................................................................................................... 187
Figura 27 - Gaiola dupla com cabeça fixa............................................................................................................... 187
1. Tecelagem. 2. Tecelagem – Controle da Qualidade. 3. Indústria têxtil. I. Figura 28 - Gaiola dupla com cabeça móvel......................................................................................................... 188
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Centro de Tecnologia da Indústria
Química e Têxtil. II. Título. III. Série. Figura 29 - Gaiola magazine........................................................................................................................................ 189
Figura 30 - Sistema de desenrolamento contínuo.............................................................................................. 189
CDU: 677.024 Figura 31 - Gaiola viajante............................................................................................................................................ 190
_____________________________________________________________________________ Figura 32 - Processo de substituição das bobinas da gaiola viajante.......................................................... 190
Figura 33 - Gaiola rotativa............................................................................................................................................ 191
Figura 34 - Processo de substituição de uma gaiola rotativa.......................................................................... 191
SENAI Sede
Figura 35 - Gaiola especial........................................................................................................................................... 192
Figura 36 - Pinos sustentadores................................................................................................................................. 193
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- Figura 37 - Mecanismos tensionadores................................................................................................................... 193
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br Figura 38 - Guias-fios...................................................................................................................................................... 194
Figura 39 - Mecanismos de parada........................................................................................................................... 195
Figura 40 - Travessas guia-fios intermediárias...................................................................................................... 195 Figura 82 - Desenrolador negativo........................................................................................................................... 239
Figura 41 - Mecanismos antiestáticos ..................................................................................................................... 196 Figura 83 - Desenrolador positivo............................................................................................................................. 240
Figura 42 - Pente encruz............................................................................................................................................... 197 Figura 84 - Abertura da cala........................................................................................................................................ 241
Figura 43 - Pente condensador.................................................................................................................................. 197 Figura 85 - Separação dos fios de urdume pelos quadros de liços............................................................... 241
Figura 44 - Pente fixo..................................................................................................................................................... 198 Figura 86 - Excêntricos................................................................................................................................................... 242
Figura 45 - Pente trapezoidal...................................................................................................................................... 198 Figura 87 - Maquinetas de excêntricos.................................................................................................................... 243
Figura 46 - Pente flexível em V.................................................................................................................................... 199 Figura 88 - Maquinetas de excêntricos negativos............................................................................................... 243
Figura 47 - Pente extensível......................................................................................................................................... 199 Figura 89 - Maquinetas de excêntricos positivos................................................................................................. 244
Figura 48 - Engomadeira e fios sendo engomados............................................................................................ 201 Figura 90 - Maquinetas de excêntricos positivos de ranhura.......................................................................... 244
Figura 49 - Adesão das fibras...................................................................................................................................... 202 Figura 91 - Maquinetas de excêntricos positivos de levas conjugadas....................................................... 245
Figura 50 - Alisamento da superfície do fio........................................................................................................... 202 Figura 92 - Maquineta de quadros............................................................................................................................ 245
Figura 51 - Lubrificação dos fios................................................................................................................................ 203 Figura 93 - Maquineta de quadro negativa........................................................................................................... 246
Figura 52 - Engomadeira e suas respectivas seções........................................................................................... 204 Figura 94 - Maquineta de quadro positiva rotativa............................................................................................ 246
Figura 53 - Gaiolas (ou zona de desenrolamento)............................................................................................... 205 Figura 95 - Maquineta de quadro positiva alternativa....................................................................................... 247
Figura 54 - Gaiola da engomadeira........................................................................................................................... 205 Figura 96 - Leitura mecânica....................................................................................................................................... 247
Figura 55 - Gaiola horizontal....................................................................................................................................... 206 Figura 97 - Leitura por papel....................................................................................................................................... 248
Figura 56 - Gaiola inclinada......................................................................................................................................... 206 Figura 98 - Leitura eletrônica...................................................................................................................................... 248
Figura 57 - Gaiola vertical............................................................................................................................................. 207 Figura 99 - Maquineta jacquard................................................................................................................................249
Figura 58 - Desenrolamento conjunto..................................................................................................................... 208 Figura 100 - Princípios componentes de uma maquineta jacquard........................................................... 250
Figura 59 - Desenrolamento individual................................................................................................................... 208 Figura 101 - Passos (1) e (2) de movimentação da maquineta jacquard.................................................... 251
Figura 60 - Desenrolamento individual com rolos-guia.................................................................................... 209 Figura 102 - Passos (3) e (4) de movimentação da maquineta jacquard.................................................... 252
Figura 61 - Caixa de goma............................................................................................................................................ 210 Figura 103 - Passo (5) de movimentação da maquineta jacquard............................................................... 252
Figura 62 - Sistema de aquecimento direto........................................................................................................... 210 Figura 104 - Inserção da trama................................................................................................................................... 254
Figura 63 - Sistema de aquecimento indireto....................................................................................................... 211 Figura 105 - Princípios básicos dos teares.............................................................................................................. 255
Figura 64 - Sistema de aquecimento combinado................................................................................................ 212 Figura 106 - Tear de lançadeira................................................................................................................................... 256
Figura 65 - Rolo imersor/mergulhador.................................................................................................................... 212 Figura 107 - Inserção da trama na cala através de um projétil....................................................................... 257
Figura 66 - Rolo impregnador/espremedor........................................................................................................... 213 Figura 108 - Sequência do processo de inserção da trama por projétil (inserir em A)........................... 258
Figura 67 - Cozinha de goma...................................................................................................................................... 214 Figura 109 - Tipos de projéteis.................................................................................................................................... 258
Figura 68 - Panela aberta.............................................................................................................................................. 214 Figura 110 - Superfícies das pinças........................................................................................................................... 259
Figura 69 - Panela fechada........................................................................................................................................... 215 Figura 111 - Mecanismo de projeção/inserção do projétil na cala............................................................... 259
Figura 70 - Zona de secagem...................................................................................................................................... 216 Figura 112 - Guias metálicos....................................................................................................................................... 260
Figura 71 - Zona de secagem a úmido.................................................................................................................... 216 Figura 113 - Tear de pinça............................................................................................................................................ 261
Figura 72 - Cilindros aquecidos.................................................................................................................................. 217 Figura 114 - Tear de pinça unilateral......................................................................................................................... 261
Figura 73 - Estufas (ar quente).................................................................................................................................... 218 Figura 115 - Esquema de transferência do fio em tear de pinça bilateral................................................... 262
Figura 74 - Zona de separação e seção transversal dos fios de urdume engomados............................ 219 Figura 116 - Pinçagem negativa................................................................................................................................ 263
Figura 75 - Rolo puxador.............................................................................................................................................. 220 Figura 117 - Pinçagem positiva.................................................................................................................................. 263
Figura 76 - Pente extensível......................................................................................................................................... 220 Figura 118 - Modelos jatos de ar................................................................................................................................ 265
Figura 77 - Tipos de engomantes e fibras/filamentos têxteis......................................................................... 223 Figura 119 - Batida do pente (ou remate)............................................................................................................... 266
Figura 78 - Elementos de remeteção....................................................................................................................... 230 Figura 120 - Biela-manivela......................................................................................................................................... 267
Figura 79 - Lamelas......................................................................................................................................................... 231 Figura 121 - Camos......................................................................................................................................................... 268
Figura 80 - Quadros de liços........................................................................................................................................ 231 Figura 122 - Formação da felpa.................................................................................................................................. 269
Figura 81 - Marcos importantes no desenvolvimento do processo de tecelagem................................. 238 Figura 123 - Enrolador direto...................................................................................................................................... 270
Figura 124 - Enrolador indireto.................................................................................................................................. 271
Figura 125 - Carretel de urdume................................................................................................................................ 272
Figura 126 - Regulador de densidade de urdume............................................................................................... 273
Figura 127 - Pré-alimentador de trama................................................................................................................... 274
Figura 128 - Tempereiro................................................................................................................................................ 275
Figura 129 - Tipos de agulhas do tempereiro....................................................................................................... 275
Figura 130 - Guarda-urdume....................................................................................................................................... 276
Figura 131 - Lamelas...................................................................................................................................................... 277
Figura 132 - Garfo para-tramas mecânicos............................................................................................................ 278
Figura 133 - Detector de ruptura de trama............................................................................................................ 278
Figura 134 - Máquina de revisão................................................................................................................................ 280
Figura 135 - Ficha de revisão....................................................................................................................................... 281

Quadro 1 - Diferenças entre o urdimento contínuo e seccional.................................................................... 169


Quadro 2 - Utilização da urdideira contínua ........................................................................................................ 175
Quadro 3 - Principais diferenças entre urdição contínua e seccional.......................................................... 183
Quadro 4 - Engomagem em fios fiados e de filamentos contínuos ............................................................. 203
Quadro 5 - Principais produtos auxiliares para engomagem.......................................................................... 224
Quadro 6 - Tabela de pontos de atenção no processo de engomagem..................................................... 225
Quadro 7 - Descrição dos elementos do cavalete de engrupagem.............................................................. 233
Quadro 8 - Maquinetas de excêntricos positivos ............................................................................................... 244
Quadro 9 - Maquinetas de quadros.......................................................................................................................... 246
Quadro 10 - Partes componentes da maquineta jacquard............................................................................ 250
Quadro 11 - Classificação das maquinetas jacquard........................................................................................ 253
Quadro 12 - Tipos de pinças ....................................................................................................................................... 261
Quadro 13 - Sincronismo de abertura da cala e arremate do pente............................................................ 269
Quadro 14 - Pontuação de penalidade dos defeitos.......................................................................................... 280
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................15

2 Estudos Básicos sobre Tecelagem Plana.................................................................................................................19


2.1 Conceitos fundamentais da tecelagem...............................................................................................20
2.2 Tecido Plano...................................................................................................................................................21
2.3 Processo de formação do tecido plano................................................................................................21
2.3.1 O tear..............................................................................................................................................22
2.4 Aplicações dos tecidos planos.................................................................................................................23
2.5 Principais características dos tecidos planos.....................................................................................24
2.6 Análise comercial dos tecidos planos...................................................................................................28
2.7 Identificação dos tecidos na indústria..................................................................................................28
2.8 Ligamentos dos tecidos planos e sua representação gráfica.......................................................29

3 Ligamentos Fundamentais e Derivados.................................................................................................................41


3.1 Tafetá (ou tela)...............................................................................................................................................42
3.2 Sarja...................................................................................................................................................................42
3.3 Cetim (ou raso)..............................................................................................................................................45
3.4 Derivados do tafetá.....................................................................................................................................48
3.4.1 Gorgurão.......................................................................................................................................48
3.4.2 Naté.................................................................................................................................................51

VOLUME 1
3.4.3 Reps................................................................................................................................................52
3.5 Derivados de Sarja.......................................................................................................................................54
3.5.1 Sarja quebrada............................................................................................................................56
3.5.2 Sarja entrelaçada........................................................................................................................56
3.5.3 Sarja interrompida.....................................................................................................................56
3.5.4 Batávia............................................................................................................................................58
3.5.5 Sarja diagonal..............................................................................................................................59
3.5.6 Reps diagonal..............................................................................................................................62
3.6 Derivados do Cetim.....................................................................................................................................63
3.6.1 Cetinado simples (ou granité)...............................................................................................64
3.6.2 Cetinado sobre fundo ampliado sem ligamento...........................................................65
3.6.3 Cetinado sobre fundo ampliado com ligamento...........................................................66
3.6.4 Adamascado................................................................................................................................67
3.7 Derivados diversos.......................................................................................................................................68
3.7.1 Gaufré ou ninho de abelha.....................................................................................................68
3.7.2 Mock-leno ou falso leno..........................................................................................................69
3.8 Jacquard...........................................................................................................................................................70
3.9 Padrão de cores em tecidos planos.......................................................................................................70
3.10 Softwares específicos...............................................................................................................................72

4 Ficha Técnica do Produto.............................................................................................................................................75


4.1 Peça-piloto......................................................................................................................................................76
4.2 Análise da amostra de tecido...................................................................................................................77 5.5.2 Desenrolamento...................................................................................................................... 207
4.3 Preenchimento de uma ficha técnica...................................................................................................77 5.5.3 Caixa de goma......................................................................................................................... 209
4.3.1 Comprimento do tecido acabado........................................................................................77 5.5.4 Zona de cozinhamento e estocagem de goma........................................................... 213
4.3.2 Largura do tecido acabado....................................................................................................78 5.5.5 Zona de secagem.................................................................................................................... 215
4.3.3 Tipo de entrelaçamento da amostra...................................................................................81 5.5.6 Métodos de secagem de fios engomados..................................................................... 217
4.3.4 Porcentagem de contração do urdume e da trama......................................................81 5.5.7 Zona de separação................................................................................................................. 218
4.3.5 Densidade dos fios no tecido................................................................................................83 5.5.8 Cabeceira (ou zona de enrolamento).............................................................................. 219
4.3.6 Título do urdume e da trama.................................................................................................91 5.5.9 Capacidade de produção..................................................................................................... 221
4.3.7 Peso por metro linear do urdume e da trama.................................................................94 5.5.10 Solução engomante............................................................................................................ 221
4.3.8 Gramatura do tecido.................................................................................................................94 5.6 Remeteção................................................................................................................................................... 229
4.3.9 Torção.............................................................................................................................................95 5.6.1 Lamelas....................................................................................................................................... 231
4.4 Desenho representativo............................................................................................................................96 5.6.2 Quadros de liços...................................................................................................................... 231
VOLUME 1

4.4.1 Desenho........................................................................................................................................96 5.6.3 Pente............................................................................................................................................ 232


4.4.2 Plano de remeteção............................................................................................................... 102 5.7 Engrupagem............................................................................................................................................... 232
4.4.3 Tipo de remeteção.................................................................................................................. 111 5.7.1 Cavalete de engrupagem.................................................................................................... 232
4.4.4 Passamento por pua no pente........................................................................................... 116 5.7.2 Carro transportador............................................................................................................... 233
4.4.5 Plano de movimentação dos quadros............................................................................ 118 5.7.3 Enodeira..................................................................................................................................... 233
4.4.6 Ficha com dados para remeteção..................................................................................... 122
4.4.7 Orientações na etapa de tecimento................................................................................. 124 6 Tecelagem...................................................................................................................................................................... 237
4.4.8 Orientações na etapa de determinação dos custos do tecido e controle 6.1 Breve histórico da tecelagem................................................................................................................ 238
do processo......................................................................................................................................... 126 6.2 Mecanismos de desenrolamento........................................................................................................ 238

VOLUME 2
6.2.1 Desenroladores negativos................................................................................................... 239
Referências......................................................................................................................................................................... 131 6.2.2 Desenroladores positivos..................................................................................................... 239
6.2.3 Desenroladores mecânicos e eletrônicos...................................................................... 240
Minicurrículo da Autora................................................................................................................................................ 141 6.3 Abertura da cala......................................................................................................................................... 240
6.3.1 Mecanismos formadores de cala....................................................................................... 241
Índice................................................................................................................................................................................... 143
6.4 Inserção da trama...................................................................................................................................... 253
5 Preparação à Tecelagem............................................................................................................................................ 163 6.5 Classificação dos teares........................................................................................................................... 254
5.1 Iniciando a produção na tecelagem................................................................................................... 164 6.5.1 Tear de lançadeira................................................................................................................... 256
5.1.1 Enrolamento............................................................................................................................. 165 6.5.2 Tear de projétil......................................................................................................................... 257
5.2 Urdimento.................................................................................................................................................... 168 6.5.3 Tear de pinças........................................................................................................................... 260
5.2.1 Urdimento contínuo (ou direto)........................................................................................ 172 6.5.4 Tear jato de ar........................................................................................................................... 264
5.2.2 Urdimento seccional (ou indireto).................................................................................... 176 6.5.5 Tear jato de água..................................................................................................................... 265
5.2.3 Comparação entre urdimento contínuo e seccional................................................. 183 6.5.6 Teares de múltiplas calas...................................................................................................... 266
6.6 Batida do pente (ou remate)................................................................................................................. 266
VOLUME 2

5.3 Urdideira....................................................................................................................................................... 184


5.3.1 Gaiola.......................................................................................................................................... 184 6.6.1 Dispositivos da mesa batente............................................................................................ 267
5.3.2 Componentes de uma gaiola............................................................................................. 192 6.6.2 Sincronismo na mesa batente............................................................................................ 268
5.3.3 Pente encruz............................................................................................................................. 196 6.7 Mecanismos de enrolamento............................................................................................................... 269
5.3.4 Pente condensador (ou de distribuição)........................................................................ 197 6.7.1 Enrolador direto...................................................................................................................... 270
5.4 Engomagem................................................................................................................................................ 200 6.7.2 Enrolador indireto................................................................................................................... 270
5.4.1 Principais características da engomagem..................................................................... 201 6.8 Elementos de máquina do tear............................................................................................................ 271
5.4.2 Características e tipos de fios na engomagem............................................................ 203 6.8.1 Carretel de urdume................................................................................................................ 271
5.5 Engomadeira............................................................................................................................................... 204 6.8.2 Regulador de densidade de urdume (pente)............................................................... 272
5.5.1 Gaiola (ou zona de desenrolamento).............................................................................. 205 6.8.3 Sistema pré-alimentador de trama.................................................................................. 273
6.8.4 Apresentador de trama......................................................................................................... 274 7.7.4 Inspeção e classificação dos defeitos.............................................................................. 352
6.8.5 Tempereiro................................................................................................................................ 274 7.7.5 Testes laboratoriais de controle da qualidade física................................................... 354
6.8.6 Sistema de parada do urdume (ou guarda-urdume)................................................. 276
6.8.7 Sistema de parada da trama (ou garfo para-tramas)................................................. 277 8 Gestão de Resíduos Sólidos na Tecelagem......................................................................................................... 361
6.9Classificação de qualidade ..................................................................................................................... 279 8.1 A questão dos resíduos .......................................................................................................................... 362
6.10 Principais defeitos em tecelagem..................................................................................................... 281 8.2 O que são estes resíduos?...................................................................................................................... 362
6.10.1 Esgarçamento........................................................................................................................ 281 8.3 Como estes resíduos são classificados?............................................................................................ 363
6.10.2 Quebra no padrão de cor.................................................................................................. 282 8.4 Destinação dos resíduos......................................................................................................................... 367
6.10.3 Fio partido (ou arrebentado)............................................................................................ 282 8.5 Logística reversa dos resíduos.............................................................................................................. 369
VOLUME 2

6.10.4 Pontas de fio........................................................................................................................... 282


9 Higiene e Segurança do Trabalho na Tecelagem............................................................................................. 373
6.10.5 Ourela defeituosa................................................................................................................. 282

VOLUME 3
9.1 Conceitos básicos...................................................................................................................................... 374
6.10.6 Furos.......................................................................................................................................... 282
9.2 Ambiente fabril.......................................................................................................................................... 375
6.10.7 Tecido sujo.............................................................................................................................. 282
9.3 Segurança do trabalho em máquina e equipamentos (NR12)................................................. 381
6.11 Cálculos de produção de tecelagem............................................................................................... 283
9.3.1 Fases de risco............................................................................................................................ 382
6.11.1 Consumo de trama.............................................................................................................. 284
9.3.2 Organização do espaço........................................................................................................ 383
Referências......................................................................................................................................................................... 287 9.3.3 Limpeza...................................................................................................................................... 383
9.4 Segurança do trabalho na tecelagem................................................................................................ 384
Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 297 9.5 Equipamentos de proteção individual (EPI) e proteção coletiva (EPC)................................. 386

Índice................................................................................................................................................................................... 299 Referências......................................................................................................................................................................... 389

7 Testes para Tecelagem Plana................................................................................................................................... 317 Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 399


7.1 Controle e testes realizados no recebimento da matéria-prima.............................................. 318
7.1.1 Testes de tonalidade.............................................................................................................. 321 Índice................................................................................................................................................................................... 401
7.2 Testes para controle da qualidade física dos fios........................................................................... 322
7.2.1 Teste de aparência do fio...................................................................................................... 323
7.2.2 Regularimetria......................................................................................................................... 324
7.3 Teste de pilosidade................................................................................................................................... 325
7.4 Teste de torção........................................................................................................................................... 326
7.4.1 Resistência e alongamento do fio..................................................................................... 327
7.5 Controle e testes realizados no setor de urdição........................................................................... 329
VOLUME 3

7.5.1 Controle ambiental................................................................................................................ 330


7.5.2 Controle de desperdício....................................................................................................... 331
7.5.3 Controle de variação de cor................................................................................................ 331
7.5.4 Controle da contagem dos fios.......................................................................................... 332
7.5.5 Controle da tensão e dureza............................................................................................... 332
7.5.6 Desempenho dos fios nas urdideiras.............................................................................. 333
7.6 Controle e testes realizados no setor de engomagem................................................................ 335
7.6.1 Controle e teste de roturas ................................................................................................. 337
7.6.2 Procedimentos para testes laboratoriais........................................................................ 337
7.7 Controle e testes realizados no setor de tecelagem..................................................................... 349
7.7.1 Controle da condição atmosférica ambiental.............................................................. 350
7.7.2 Controle das velocidades dos órgãos dos teares........................................................ 351
7.7.3 Controle de desperdícios..................................................................................................... 351
Preparação à Tecelagem

Neste capítulo será detalhado o funcionamento de todos os equipamentos utilizados para a


preparação de uma tecelagem plana. Esse processo possui duas grandes etapas: a preparação,
que é constituída pelos processos de enrolamento, urdimento, engomagem, remeteção ou en-
grupagem, e o tecimento propriamente dito, constituído pelos processos de desenrolamento
dos fios de urdume, abertura da cala, inserção da trama, batida do pente e enrolamento do
tecido acabado.
A primeira etapa da preparação à tecelagem é a preparação das embalagens para alimentar
as urdideiras. Esse processo consiste em transferir os fios das embalagens da fiação para outra
que seja adequada para usar na gaiola de uma urdideira, por meio do enrolamento de fios em
embalagens com maior capacidade de armazenamento de fios.
A segunda etapa de preparação à tecelagem é o urdimento, que consiste na passagem dos
fios vindos do enrolamento para o rolo de urdume, que possui maior capacidade de armazena-
gem, onde os fios são acondicionados de forma paralela.
A terceira etapa consiste em revestir cada fio urdido com uma camada de goma que agluti-
na as fibras/filamentos têxteis, protegendo-os dos esforços dos componentes do tear, pois isso
pode levar ao rompimento dos fios, causando uma degradação da qualidade do tecido e uma
redução da eficiência dos teares. Portanto, engomar os fios de urdume consiste em aplicar sobre
eles uma película de goma que dará aos fios melhores condições para o processo de tecimento.
A quarta etapa consiste na remeteção, que é um processo no qual cada fio de urdume é
passado por vários elementos da máquina de tecer, como as lamelas, os liços e as puas do pen-
te e a engrupagem. Isto é, é a operação que tem por finalidade dispor os fios de urdume nos
componentes do tear para a fabricação dos tecidos.
Por fim, tem-se a engrupagem, que consiste na emenda dos fios de um novo rolo aos fios
de urdume que chegaram ao final e que pode ser efetuada na própria máquina de tecer ou em
uma seção apropriada. Ela tem como objetivo substituir a remeteção toda vez que um novo
artigo entra em produção e possui as mesmas características técnicas do artigo acabado, pou-
pando-se assim tempo de preparação da máquina.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
164 165

5.1 INICIANDO A PRODUÇÃO NA TECELAGEM


A preparação dos fios de urdume requer uma atenção em cada processo descrito,
FIQUE pois é fundamental que cada fase da preparação cumpra com o seu papel para que o
Pensando em qualquer processo produtivo, listou-se os recursos necessários para uma transformação fio suporte as condições de tecimento, sem causar parada de máquinas, defeitos nos
de matéria-prima em produto finalizado. Na tecelagem, entende-se que o fio é a matéria-prima para a
ALERTA tecidos, desperdício, entre outros, impactando diretamente nos índices de produção,
qualidade e custo.
construção dos tecidos e, portanto, elemento fundamental do conhecimento do técnico têxtil, pois ele
influenciará todo o processo produtivo. Sabendo disso, após a fiação, o fio deve ser preparado para ser
submetido aos diversos processos que compõem a tecelagem.
5.1.1 ENROLAMENTO
As características físicas dos fios (resistência a tração, regularidade de massa, pilling, defeitos periódicos,
etc.), o peso e o formato das embalagens, entre outros fatores, devem ser avaliados para que o processo O processo de enrolamento visa adequar os fios em embalagens específicas para alimentação das má-
de formação do tecido seja concluído com sucesso. Para isso, é promovida uma fase de adequação dos fios quinas de preparação e tecelagem propriamente dita. Esse processo inicia-se na passagem dos fios dos
adquiridos para o processo de tecimento, conhecida como preparação à tecelagem. filatórios ou das retorcedeiras para embalagens apropriadas para alimentar a trama no tear ou nas gaiolas
Nessa fase, os fios são tratados a fim de evitar impactos negativos na produção do tecido. Os fios de do urdimento. Deve-se considerar nesse processo o número de espiras, comprimento do fio, forma e peso
trama e de urdume passam por condições diferentes no processo de tecimento. das embalagens.

Geralmente, os fios de urdume são submetidos a uma forte tensão ao longo de todo o processo de Na figura a seguir, pode-se ver algumas formas de embalagem utilizadas para alimentar os processos
tecimento e, dependendo do tipo de fiação em foi produzido (fiação open end, fiação-anel, entre outros), a da tecelagem.
preparação desse fio pode requerer maior atenção.
Já o fio de trama não necessita ter uma preparação, ou seja, pode ser inserido diretamente no processo.
Contudo, a forma de fiação deve ser observada: se o fio for feito pela fiação-anel, as espulas passarão por
uma conicaleira ou bobinadeira, com o intuito de aumentar a metragem do fio na embalagem, identificar
e eliminar possíveis defeitos no fio.
Quanto ao fio de urdume, inicia-se sua preparação desde o processo de enrolamento feito geralmente Queijo Queijo Embalagem Cone 4° 20´
por bobinadeiras ou conicaleiras, a seleção do formato e peso das embalagens de fios, a formação do rolo cônico cilindrica
de urdume, a engomagem e a remeteção.

Cone 5° 57´ Embalagem Emb. cilindrica


cilindrica (núcleo grande
diâmetro)

Davi Leon
Cone 4° 20´ Cone 5° 57´ Cone 9° 15´
Figura 2 - Tipos de embalagens no enrolamento
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Tatiana Daou

Geralmente, o processo de enrolamento é feito em máquinas denominadas de conicaleiras ou bobina-


Figura 1 - Fluxo de preparação à tecelagem
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) deiras. Com a evolução tecnológica, as máquinas de enrolamento acompanham sistemas e programas de
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
166 167

autorregulagem, de emendas automáticas para casa de rupturas e troca de espulas, controle automático A imagem abaixo é um exemplo dos tipos de alimentação para os sistemas de enrolamento, no qual
de pesagem, cálculo de espiras, cruzamento dos fios, tensão e dureza dos fios nas embalagens, sendo pos- diversas espulas ou cones são utilizados para formar outra embalagem.
sível a mesma máquina fazer diversos tipos diferentes de cones ou bobinas. Como exemplo, pode-se citar
a automatic winder da Murata, autoconer da Saurer Schlafhorst, entre outras. A imagem abaixo representa
de uma forma geral o sistema de enrolamento utilizado na preparação a tecelagem.

100g

Cotton

Tatiana Daou
400g
Figura 4 - Exemplos de formação de embalagens
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

A densidade das embalagens depende do número de espiras por curso, tensão de enrolamento, pres-
são de encostamento e umidade residual do fio. As embalagens devem ser contraídas de forma a apoiar
os processos subsequentes, pois a falta de tensão pode provocar o deslizamento das espiras, impossibili-
tando a alimentação na urdideira ou na trama, e o excesso de tensão pode deixar o cone ou bobina muito
duro e dificultar o desenrolamento do fio, provocando rupturas ou pontos grossos e finos, alterando a
Davi Leon

resistência do fio.

Figura 3 - Sistema de enrolamento de embalagens


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Ao transferir os fios, as máquinas de enrolamento preparam os fios para os demais processos, além de
avaliar e verificar os defeitos (periódicos, raros defeitos e os neps), retirando-os sempre que necessário.
Com o advento da tecnologia, as máquinas de enrolamento possuem sensores eletrônicos e automáti-
cos que acionam o sistema de corte e emendas de fios, incluindo sistemas de controle on-line e off-line. Ou
seja, o controle das condições físicas de cada embalagem é registrado em relatórios físicos e eletrônicos 3/4 espira 1 1/4 espiras
que podem ser consultados instantaneamente nas cabeceiras de cada máquina ou nos escritórios em de-
terminados locais da fábrica.
Quanto às dimensões das embalagens, o corpo técnico da tecelagem deve definir quais são e as formas
que melhor atenderão a linha de produção. Para isso, considerará a velocidade de desenrolamento, metra-
gem necessária no desenrolamento, a torção do fio, a tensão do fio, densidade e dureza das embalagens e
distância entre cada embalagem nas gaiolas, visando anular a interferência dos “balões1”.

Davi Leon
1 1/2 espiras 2 espiras
Figura 5 - Cones com diferentes números de espiras
1 Os balões estão relacionados diretamente com a forma do desenrolamento do fio. Dependendo da tensão e dureza do cone, Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
os balões podem ser grandes ou pequenos, influenciando diretamente na alimentação dos rolos de urdideira.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
168 169

A formação correta das embalagens que irão alimentar a trama ou a urdideira impacta diretamente nos Atualmente, as urdideiras podem processar diversos tipos de materiais têxteis, como fibras/filamentos
índices de produção, qualidade e custo da tecelagem. Uma embalagem defeituosa ou em não conformida- têxteis naturais ou sintéticos, além de fios texturizados.
de poderá trazer em cada processo o rompimento do fio por excesso ou falta de tensão, embaraçar os fios
Diversos fatores podem influenciar na quantidade de fios urdidos, entre eles: a largura final do tecido, a
no desenrolamento e aumentar ou reduzir o balão no desenrolamento, impactando na variação de tensão
densidade de fios de urdume que será produzido e o título do fio utilizado.
do fio, causando defeitos visuais nos cones (fitas), entre outros fatores.
Dependendo das características do tecido e da padronagem, o tipo e forma de enrolar os fios de urdi-
As não conformidades nas embalagens que alimentam os processos da preparação à tecelagem e da
mento podem ser diferentes. Existem dois tipos de máquinas de urdição: a urdideira contínua e a urdideira
tecelagem podem influenciar diretamente nos índices de eficiência de cada máquina por provocar para-
seccional. Abaixo pode-se observar as características de cada uma.
das de máquina e acúmulo de resíduos e desperdícios, além de impactar nas características físicas dos fios,
influenciando na resistência e aparência visual, dado o número de rupturas, excesso ou falta de tensão,
acúmulo de pontos grossos e finos, etc. URDIDEIRA CONTÍNUA (OU DIRETA) URDIDEIRA SECCIONAL (OU INDIRETA)
Reúne os fios sobre vários rolos de diâmetro relativa- Reúne todos os fios em um só rolo, dispensando máqui-
mente grande. nas auxiliares.
5.2 URDIMENTO Utilizada quando deseja-se confeccionar rolos de
Utilizada quando deseja-se confeccionar rolos mais com-
urdume com rapport mais simples, conhecidos como
Após a preparação das embalagens dos fios realizada pela conicaleira ou bobinadeira, os cones ou bo- plexos, como tecidos listrados ou xadrezes.
rolos lisos.
binas seguem para a próxima etapa: a preparação dos rolos de urdume. Quando se trabalha com fios retorcidos ou entrelaçados
Quando se trabalha com fios singelos é necessário reali-
As urdideiras, como são denominadas as máquinas desse processo, são responsáveis por agrupar um por urdume, não se faz necessário o processo de engoma-
zar o processo de engomagem dos fios.
grande número de fios em um carretel. Contudo, o número de fios para o rolo de urdume ou o carretel é limi- gem dos fios.
São voltadas para tecelagens que produzem artigos São voltadas para tecelagens que produzem uma diversi-
tada pelo comprimento entre os flanges do carretel2 e o número de embalagens de fios que a gaiola3 suporta.
simples e de alta produção. dade de artigos.
Quadro 1 - Diferenças entre o urdimento contínuo e seccional
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Ainda que os processos citados resultem em um mesmo produto final, que é o rolo de urdume, existem
diferenças de processamento que implicam em certas vantagens e desvantagens de utilização. Logo, é o ar-
tigo produzido que determinará qual técnica de urdimento irá apresentar melhor rendimento operacional.
Para a identificação correta do processo de urdição e configuração das máquinas, calculam-se os fios:
de fundo, de ourela e totais e também o número de rolos parciais. (SENAI, 2015). Veja abaixo os cálculos
usados na urdideira:
Fios de fundo (FF):

fios de fundo = fios / cm no fundo ´  largura do fundo em cm


Fagner Mariano

Tatiana
Daou
Figura 6 - Urdideira sendo alimentada a partir das gaiolas
Fios de ourela (FO):
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

fios de ourela = fios / cm na ourela ´  largura da ourela em cm

Tatiana
Daou
2 Anteparos localizados nas extremidades do carretel que limitam seu comprimento e dimensão circular.
3 São estruturas que apoiam os cones que alimentaram os rolos de urdume. Geralmente são compostos por tensores e podem
possuir tamanhos diferentes.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
170 171

Fios totais (FT):


Como não existe metade de um fio (0,5 excedente do cálculo anterior), devem ser considerados 582
fios. Finalmente, calcular-se-á a quantidade exata de fios por rolo:
fios totais = fios de fundo + fios de ourela

Tatiana
Daou

Tatiana
582 ´ 6 = 3.492

Daou
Número de rolos parciais (NRP):
Logo:

Tatiana
3.495 – 3.492 = 3 fios

Daou
fios totais

Tatiana Daou
número de rolos parciais =
capacidade da gaiola

Para que esses fios não faltem, deve-se urdir os rolos da seguinte forma:

Para facilitar seu entendimento, simulou-se alguns estudos de caso que apresentam situações nas quais

Tatiana
(Três rolos parciais ´ 583 fios) + (Três rolos parciais ´ 582 fios) = 3.495

Daou
você aplicará os conhecimentos apresentados aqui, a fim de obter uma boa produção na indústria têxtil.

Nas indústrias têxteis, para ajuste de produção, um indicador importante é a eficiência da urdideira (ef),
que indica a produção em um determinado período de tempo. Para isso, utilizando o tempo de funcio-
Estudo de caso 1 namento e o tempo de paradas, conclui-se que:
Suponha que uma empresa têxtil localizada no Rio de Janeiro precise produzir um determinado artigo
têxtil que possua as seguintes características: densidade de 25 fios/cm e 135 cm de largura, e nas oure-
las (cada uma com 1,5 cm), 40 fios/cm. Sabendo que a capacidade da gaiola é de 600 cones, o técnico tempo de funcionamento

Tatiana Daou
têxtil deseja saber qual será o número de rolos parciais e o número de fios por rolo, pois não podem ef =
faltar fios. Calcule-os. tempo de funcionamento + tempo de paradas
Fios de fundo:

Além da eficiência, é necessário calcular a capacidade de produção por hora (kg/h) de uma máquina de
Tatiana Daou

FF = 25 fios/cm ´ 135 cm urdir. Nesse caso, considera-se o número de fios totais (FT), uma constante de titulação (k), a eficiência
FF = 3.375 fios da urdideira (ef ), a velocidade em metros por minuto e o título do fio. Assim, tem-se:

Fios de ourela:
n´ k´
   e f ´
   v  ´ 60

Tatiana Daou
Capacidade urdideira(kg / máq. / h) =
Tatiana Daou

FO=40 fios ⁄ cm × (1,5 × 2) título ´1 .000


FO=120 fios

Fios totais:
Tatiana Daou

FT=3375 + 120 FIQUE v é a velocidade em metros por minuto (m/min). Convertendo essa unidade para
FT=3.495 fios ALERTA hora, multiplica-se o valor original por 60.

Número de rolos parciais:

3.495
NRP =
600
Tatiana Daou

NRP @ 5, 83 rolos
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
172 173

Estudo de caso 2 SAIBA Pode-se citar como exemplo de fabricantes de urdideiras contínuas: Cci Tech, Chtc,
Ctmtc, Evilo, Korea Narrow Loom, Mageba, Karl Mayer, Müller Frick, Prashant Gamatex
Suponha que o mesmo técnico têxtil do caso anterior deseje agora saber qual é a capacidade de sua MAIS Pvt. Ltd., Ralallumin, Rius, Rostoni, Texma, Tmt Manenti, Trinca e Tsudakoma.
urdideira. Sabe-se que o título do fio é de 10Ne e que a máquina possui uma eficiência de 85%, e sua
velocidade é de 700m/min calcule a capacidade da urdideira CU (kg/máq. /h)

   0 ,59 ´  0 , 85 ´ 700´
3.495´    60 PARTES DA URDIDEIRA CONTÍNUA
CU =
 
10 ´1.000
Identificadas as partes do rolo e os fatores que impactam o processo, percebe-se que uma urdideira

Tatiana Daou
CU @  7362 kg / máq. / h contínua é formada basicamente por pente condensador, gaiolas, grande tambor e rolo de urdume. A
seguir serão detalhadas cada uma dessas partes.

5.2.1 URDIMENTO CONTÍNUO (OU DIRETO)


Gaiolas
Tratados os cálculos gerais no processo de urdimento, na forma contínua ou direta, os fios de urdume
são enrolados diretamente sobre os rolos, denominados de rolos primários (ou rolos parciais) e, posterior-
mente, reunidos na engomadeira. Rolo intermediário
ou primário
A urdição contínua é indicada para grandes metragens, seja de fios singelos (um fio torcido em torno de
seu próprio eixo) ou retorcidos (um ou mais fios singelos) e dependerá das relações entre as partes do rolo
de urdume e o processo de urdição. São elas: quantidade de fios, do título do fio, da largura do rolo de ur-
Veja no esquema como ocorre o processo na urdideira direta.
dume (h), do diâmetro do núcleo (d) e dos flanges4 (D) do rolo.
Vários rolos
Em seguida, eles são
intermediários
reunidos na engomadeira
Urdimento (conteúdo
para formar o rolo de
contínuo aproximadamente
urdume que será
entre 500 a 1000 fios)
utilizado no tear.

Davi Leon
são produzidos.

Figura 8 - Urdideira contínua (ou direta)


d Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

D Gaiola
Responsável por possibilitar três condições básicas que os fios de urdume necessitam ter: a) o parale-
h
lismo, b) as tensões equivalentes e c) o mesmo comprimento. Respeitadas essas condições em 90% dos
Davi Leon

casos, a qualidade do rolo de urdume estará garantida.


Figura 7 - Rolo de urdume e suas partes
Fonte: Adaptado de Tecelagem (2002)
Pente extensível
É responsável por reunir os fios oriundos das gaiolas, mantendo-os paralelos e direcionando-os ao rolo
primário (ou parcial), determinando assim sua densidade. Pode-se contraí-lo ou expandi-lo de acordo com
a largura de urdume desejada.
4 Elemento que une dois componentes em um sistema de tubulação.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
174 175

PRODUÇÃO DESCRIÇÃO APLICAÇÃO


Esse tipo de urdimento é utilizado para Quando se utilizam fios grossos, geralmente abaixo
Rolos de urdume produzir rolos de urdume com a quanti- de 10 Ne e com resistência elevada (que não neces-
dade total de fios do tecido, diretamente sitam de engomagem); caso contrário, a quantida-
em uma única operação. de de fios totais do tecido é relativamente baixa.
Esse tipo de urdimento é utilizado para Quando se utiliza fios finos, geralmente acima
produzir rolos intermediários, conhecidos de 10 Ne (titulação indireta) e com resistência de
Rolos intermediá-
como rolos primários, com a quantidade moderada a baixa, necessitam de engomagem;
rios (ou parciais)
parcial de fios de urdume para compor o caso contrário, a quantidade de fios totais do tecido
tecido em mais de uma operação. é relativamente alta.
Quadro 2 - Utilização da urdideira contínua
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

JJ Lima
Figura 9 - Pente extensível
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Davi Leon
Rolete de apoio Gaiola
Figura 10 - Urdideira em produção de rolos de urdume
Responsável por pressionar os fios do rolo primário durante sua confecção, determinando assim a ten- Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
são de enrolamento dos fios.

Rolo de urdume
Engomadeira
Similar a um carretel de linha de proporções bem maiores, é a embalagem onde os fios de urdimento
serão enrolados.
Gaiola Urdideira Rolos primários
contínua (ou parciais)

Davi Leon
Reunideira

FLUXO E UTILIZAÇÃO DE URDIÇÃO CONTÍNUA Figura 11 - Urdideira em produção de rolos intermediários (ou parciais)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Considerando o entendimento sobre as partes da urdideira, em síntese, o processo de urdição contínua


ocorre quando vários rolos parciais contendo aproximadamente entre 500 a 1.000 fios são produzidos. Em As principais melhorias nas urdideiras contínuas estão associadas ao aumento da quantidade de diferen-
seguida, esses fios são reunidos na engomadeira para formar o rolo de urdume, que será utilizado no tear. tes camadas urdidas para posterior tecimento de amostras (CASTILLO, 2011). De acordo com SENAI (2015),
na confecção de rolos de urdume, existem alguns dados que necessariamente devem ser conhecidos:
Além disso, a urdideira contínua pode ser utilizada para a) produzir rolos de urdume ou b) produzir
rolos intermediários, conforme o quadro: a) Número de fios totais do rolo de urdume;
b) Largura do rolo de urdume;
c) Comprimento do rolo de urdume.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
176 177

Esse tipo de urdimento é mais apropriado para produção de rolos de urdume com pequenas metragens
Estudo de caso 3 e para a produção de rolos de urdume com fios retorcidos ou grossos, que não necessitam de engomagem,
Suponha que um coordenador de operações de tecelagem necessite conhecer quantos fios serão ur- pois o rolo produzido sairá com todos os fios de urdume (SENAI, 2015).
didos para dimensionar se precisará solicitar horas extras ou não a seus funcionários. Se esse valor for
maior que 10, ele precisará solicitar a hora extra. As principais melhorias nesse tipo de equipamento estão associadas a maiores metragens e precisão da
Para isso, se faz necessário coletar as seguintes informações em seus sistemas de controle: o número camada urdida, maiores velocidades operacionais e produtivas e necessidade de mão de obra apenas para
de fios no rolo final (4.200 fios), o número de rolos parciais (10 rolos) e a capacidade máxima da gaiola carregar a gaiola e programar os parâmetros produtivos (CASTILLO, 2011).
(640).
O total de fios em cada rolo parcial é:

Pode-se citar como exemplo de fabricantes de urdideiras seccionais: Chtc, Comez,


Nº de fios no rolo final SAIBA Comsat, Ctmtc, Evilo, Giovanelli, Jäger/Schlatter, Mageba, Karl Mayer, Prashant Gama-
Total de fios por rolo=
Nº de rolos parciais MAIS tex Pvt. Ltd., R.T.S.-T.T.S., Rabatex Industries, Rius, Rostoni, Texma, Texo, Trinca e Ukil
Machinery.
4.200

Tatiana Daou
Total de fios por rolo = = 420 fios/rolo
10

PARTES DA URDIDEIRA SECCIONAL


Deve-se avaliar o número de fios em cada rolo parcial, pois este será subordinado à capacidade da Assim como foi feito com a urdideira direta, a seguir serão demonstradas algumas partes da urdideira
gaiola que a urdideira possuir. Assim, o número de rolos parciais em cada gaiola é dado por:
seccional:

Nº de rolos parciais 4.200
Tatiana Daou

=   @ 6, 6
gaiola 640 Gaiola

Sabendo que os cálculos de urdideira contínua para a determinação do número de rolos parciais, não
existem números fracionados (0,6). Considere sete rolos parciais para o cálculo. Assim:
Cilindro intermediário
seccional
Rolo de urdume
4.200
Tatiana Daou

Luiz Meneghel
Total de fios =   = 600 fios/rolo
7

Figura 12 - Urdideira seccional (ou indireta)


Como o número é inferior a 10, logo, o coordenador não precisará trazer ninguém para fazer hora extra. Fonte: Adaptado de Tecelagem (2002)

Gaiola
Essa parte tem a mesma função que a urdideira direta.
5.2.2 URDIMENTO SECCIONAL (OU INDIRETO)

No urdimento seccional, os fios de urdume são enrolados sobre um cilindro intermediário (ou tambor)
lado a lado em seções também conhecidas como fitas (ou portadas), que contêm aproximadamente entre
300 e 600 fios.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
178 179

à densidade e número de fios passados em cada pua5. Esse pente é responsável por agrupar o número de
fios necessários para formar uma seção de fios, sendo formadas quantas seções forem necessárias à forma-
ção do rolo de urdume.

JJ Lima
Figura 13 - Gaiola da urdideira seccional
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Pente encruz

Fagner Mariano
É responsável por separar os fios em duas camadas para serem utilizadas principalmente nas operações
de remeteção ou engrupagem e tecimento, com a seguinte finalidade: facilitar a localização de qualquer
fio rompido, separando-os, facilitando assim sua seleção. Figura 15 - Pente condensador
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Tambor
O tambor cônico é responsável por prender as fitas (ou portadas) que serão enroladas de acordo com a
metragem programada para o rolo de urdume.

c
f
Fagner Mariano

Figura 14 - Pente encruz


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Luiz Meneghel
Pente condensador
Ao passar pelo pente encruz, os fios seguem para o pente condensador (ou de distribuição) que, na Figura 16 - Tambor cônico
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
maioria das vezes, possui as mesmas características daquele que será utilizado no tear, no que diz respeito
5 Distância entre as lâminas do pente.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
180 181

Para orientar o enrolamento dos fios sobre o tambor cônico, as portadas são deslocadas, automatica- Facas
mente, em direção ao final do cone, à medida que os fios de urdume vão sendo enrolados. É importante
As facas localizadas ao lado esquerdo do tambor são responsáveis por sustentar as portadas para que
que cada seção seja enrolada com a mesma quantidade de fios e a mesma metragem para evitar proble-
não desmoronem. Nas urdideiras modernas, a própria construção cônica do tambor realiza essa função.
mas no rolo de urdume produzido, como rolos com fios frouxos ou demasiadamente esticados.

Mesa de descarregamento
α Essa mesa é responsável por sustentar o rolo de urdume no momento da transferência dos fios que
estão no tambor para o rolo de urdume, formando o rolo final.
Segundo SENAI (2015), antes da confecção do rolo de urdume, deve-se efetuar alguns cálculos básicos,
isto é, levar em consideração que o rolo produzido pela urdideira seccional é um rolo final, e que nesse tipo
de urdição tem-se duas operações distintas:
a) O enrolamento das portadas no tambor
1 2 3 4... A maioria dos rolos de urdume possui uma quantidade de fios superior à capacidade das gaiolas. Isso

Luiz Meneghel
Seções implica na necessidade em confeccionar o rolo em pequenas partes – as portadas. O número de portadas
está diretamente associado à capacidade da gaiola que a urdideira possuir e ao número total do rolo de
Figura 17 - Portadas com a mesma largura
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) urdume que se pretende produzir.
b) O descarregamento dos fios de urdume em um carretel
Com o deslocamento automático das portadas, um lado da camada de fios se acomoda sobre o cone do
Consiste em transferir os fios que estão enrolados no tambor para o carretel, constituindo o rolo de
tambor, e o outro lado irá formar um cone igual de mesmo ângulo ao do tambor.
urdume que irá, posteriormente, abastecer o tear.

Enrolamento dos fios

REGULAGEM DAS URDIDEIRAS SECCIONAIS


Enrolamento 2ª portada
As urdideiras seccionais mais antigas tinham a necessidade de ajuste do ângulo do cone em função
Cone Cone 1ª camada de fios da densidade do tecido e do título dos fios utilizados. Esse ajuste era realizado com a alteração, de forma
do tambor do tambor 1ª rotação
do tambor manual, da altura de facas posicionadas na lateral do tambor intermediário.
Enrolamento 1ª portada Enrolamento 2ª portada
Já as urdideiras seccionais mais modernas utilizam cones fixos, nos quais o ajuste do enrolamento é
realizado de forma automática pelo equipamento, em função das informações carregadas em sua progra-
Cone Cone 2ª camada de fios mação, como a densidade do tecido e do título dos fios utilizados. Trata-se de um sistema mais versátil que
1ª camada de fios 1ª rotação do tambor 2ª rotação
do tambor
do tambor do tambor possibilita obter a produção de diversos artigos.
Enrolamento 1ª portada Enrolamento 2ª portada

3ª camada de fios
Cone 2ª camada de fios Cone
do tambor 2ª rotação do tambor 3ª rotação
do tambor do tambor
Enrolamento 1ª portada

3ª camada de fios
Luiz Meneghel

Cone
do tambor 3ª rotação
do tambor
Figura 18 - Passo a passo do enrolamento dos fios de urdume sobre um tambor
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
182 183

Fagner Mariano

Davi Leon
Figura 19 - Urdideira seccional
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Figura 21 - Urdideira para um tear de fita com desenrolamento positivo
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Ainda existem urdideiras específicas, com dimensões reduzidas, para a fabricação de rolos que abas-
tecem teares com produção de tecidos de larguras reduzidas, como teares para a produção de amostras
ou de fitas que possuem gaiolas laterais com até 12 posições e o comprimento de fios urdidos podendo SAIBA O desenrolamento positivo é um tipo de desenrolamento utilizado quando se tem
alimentação com fios com elastano, em que estes são desenrolados sem que percam a
chegar a 300 m, com possibilidade de seleção de cores distintas. Elas possuem o mesmo princípio de fun- MAIS característica de alongamento da fibra.
cionamento das convencionais ou comuns.

5.2.3 COMPARAÇÃO ENTRE URDIMENTO CONTÍNUO E SECCIONAL

As principais diferenças entre a urdição contínua e a seccional são mostradas no quadro a seguir.

URDIDEIRA CONTÍNUA (OU DIRETA) URDIDEIRA SECCIONAL (OU INDIRETA)


Feita em duas etapas. A primeira, em que é feita a urdição de todas as seções uma
Feita em uma única etapa.
ao lado da outra, e a segunda, com a retirada desses fios para o rolo de urdume.
Apropriada para fios (singelos e finos) que neces-
Apropriada para fios (retorcidos e grossos) que não necessitam de engomagem.
sitam de engomagem.
Dificulta a produção de tecidos planos com
Facilita a produção de tecidos planos com padrões listrados ou xadrezes.
padrões listrados ou xadrezes.
Velocidade de produção, em média, considera-
Velocidade de produção, em média, consideravelmente inferior à direta.
Davi Leon

velmente superior à indireta.


As gaiolas geralmente possuem uma quantidade
Figura 20 - Urdideira para confecção de rolos de urdume em teares para a fabricação de amostras As gaiolas geralmente possuem uma quantidade menor de posições de 300 a 600
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) maior de posição de 500 a 1.000 e, portanto,
e, portanto, necessitam de menor espaço físico.
necessitam de um maior espaço físico.
Indicada para produção em massa, com poucas Indicada para pequenas produções, prototipagens e desenvolvimento de novos
alterações nas características dos tecidos planos. produtos.
Quadro 3 - Principais diferenças entre urdição contínua e seccional
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
184 185

5.3 URDIDEIRA As urdideiras são alimentadas a partir de embalagens (bobinas, cones, entre outros) dispostas em gaio-
las, podendo variar em média em 600 posições, quando se trata de urdideiras seccionais, e variam em até
Conforme explicado, o processo de urdimento necessita de alguns equipamentos necessários para sua 1.200 posições, quando se trata de urdideiras contínuas.
operação, que serão detalhados a seguir.
Existem vários tipos e tamanhos de gaiolas, porém, para que o processo de urdimento seja eficaz, dife-
Segundo SENAI (2015), o processo de urdimento é constituído por cinco componentes principais: gaio- rentes tipos de gaiola podem ser utilizados para atender aos diversos tipos de fios e aplicações.
la, pente condensador, cabeça de enrolamento, tambor de urdição e pente encruz.
O fluxograma abaixo mostra os principais tipos de gaiola encontrados atualmente no mercado e, con-
sequentemente, em uma tecelagem (ARAÚJO et al., 2008; BOARD, 2009).

Gaiola

Única Múltiplas
posição posições Especial

Jorge Lima
Gaiola
Única Dupla magazine

Figura 22 - Componentes principais de uma urdideira seccional Com cabeça Gaiola


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Normal fixa viajante

Tatiana Daou
Com cabeça Gaiola
Com carrinho móvel rotativa
5.3.1 GAIOLA
Figura 24 - Tipos de gaiola
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
A gaiola é uma estrutura onde as embalagens (cones, bobinas ou espulas) são colocadas em suportes
que proporcionam um posicionamento adequado para o desenrolamento dos fios, permitindo uma regu-
laridade de tensionamento durante todo o processo de enrolamento dos fios no rolo de urdume. GAIOLA ÚNICA NORMAL

Os suportes das embalagens (cones, bobinas ou espulas) ficam dispostos em estruturas fixas, e os ope-
radores devem interromper o urdimento até que todas as embalagens de fios vazias sejam substituídas.
Essa gaiola é a mais simples e menos prática, pois possui um tempo considerável de preparação para iniciar
o processo de urdimento, isto é, seu tempo de setup6 é alto.
Sua principal desvantagem é não trabalhar com uma variedade de artigos e desenho distintos.
Fagner Mariano

Figura 23 - Gaiola
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) 6 É uma atividade de preparação da máquina antes de iniciar a produção de qualquer produto, porém enquanto esta não for
concluída, o processo se mantém parado e, logo, ineficiente.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
186 187

Davi Leon
Davi Leon
Figura 26 - Gaiola única com carrinho
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 25 - Gaiola única normal


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

GAIOLA DUPLA COM CABEÇA FIXA


GAIOLA ÚNICA COM CARRINHO É um sistema composto por duas gaiolas dispostas sobre trilhos que se deslocam em frente a um con-
junto de enrolamento fixo. Essa gaiola proporciona um menor tempo de preparação para iniciar o proces-
Os suportes das embalagens (cones, bobinas ou espulas) ficam dispostos em estruturas móveis, co-
so de urdimento, pois permite a preparação prévia das embalagens na gaiola reserva.
nhecidas como carrinhos, que se deslocam no centro da gaiola, possibilitando a preparação prévia das
embalagens por meio de um carrinho reserva. Essa gaiola é a mais utilizada, pois possui uma boa relação
custo-benefício, com um menor setup para iniciar o processo de urdimento.

SAIBA Gramatura é a densidade superficial do tecido, isto é, a quantidade de massa por uni-
dade de superfície (g/m²). É considerada leve quando for abaixo de 135, média entre
MAIS 135 a 270 e pesada acima de 270 (SENAI, 2015).
Espaço
para Gaiola Gaiola
Sua principal desvantagem é que não é recomendado para artigos muito finos (de gramatura baixa),
gaiola ativa reserva
pois durante seu processo de troca de carrinho, alguns nós (ou emendas) podem prejudicar o acabamento
vazia
do tecido.

Luiz Meneghel
Figura 27 - Gaiola dupla com cabeça fixa
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
188 189

GAIOLA DUPLA COM CABEÇA MÓVEL

É um sistema composto por duas gaiolas fixas, dispostas em frente a um conjunto de enrolamento mó-
vel que se desloca sobre um trilho, possibilitando a preparação prévia das embalagens na gaiola reserva.
Assim como na gaiola com cabeça fixa, esse sistema proporciona um menor tempo de preparação para Embalagem
iniciar o processo de urdimento, pois permite a preparação prévia das embalagens na gaiola reserva. reserva

Sua principal vantagem é a opção de ser feita com duas cargas diferentes ao mesmo tempo, facilitando Gaiola
a troca de artigos, porém é necessário que nessa troca todos os fios sejam cortados e emendados nova-

Davi Leon
mente (um a um).
Figura 29 - Gaiola magazine
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

O sistema de desenrolamento é dito contínuo, pois não há interrupções durante o processo de mon-
tagem das embalagens na gaiola. Isso faz com que os suportes das bobinas possuam um formato em que
cada suporte fique com duas bobinas que serão emendadas.

Gaiola Gaiola
ativa reserva
Luiz Meneghel

Davi Leon
Figura 30 - Sistema de desenrolamento contínuo
Figura 28 - Gaiola dupla com cabeça móvel Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

GAIOLA VIAJANTE
GAIOLA MAGAZINE
É um sistema com estrutura, geralmente em formato “V”, em que os suportes são móveis e se deslocam
A gaiola magazine possui dois suportes de embalagens (cones, bobinas ou espulas) convergindo para
ao longo da gaiola, com a utilização de correntes, permitindo que ocorra a substituição das embalagens no
um mesmo guia-fio de saída. As duas embalagens são emendadas de forma que o desenrolamento ocorra
seu interior. Quando as embalagens em utilização acabam, o lado com as novas embalagens é movimen-
sem interrupção.
tado para a área a ser urdida, para que dos novos fios sejam emendados. Ocupam um espaço físico de, em
média, 10 m de largura.
É uma gaiola utilizada somente quando se trabalha com algodão, não podendo ser utilizado para ou-
tros tipos de fibra.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
190 191

Davi Leon
Figura 31 - Gaiola viajante
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

O processo de substituição de bobinas é explicado no esquema a seguir:

1 - Quando as embalagens externas acabam,


os suportes são movidos para levar as

Davi Leon
embalagens cheias do interior da gaiola para
o lado de fora e continuar o processo de
urdimento. Figura 33 - Gaiola rotativa
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

2 - As embalagens vazias são substituídas por novas


embalagens, enquanto as embalagens externas são
As bobinas ficam dispostas em uma estrutura rotacional e, durante o processo de abastecimento, essa
desenroladas durante o processo de urdimento. estrutura gira para que as bobinas vazias fiquem expostas, em uma melhor posição para serem substituídas.
Davi Leon

Figura 32 - Processo de substituição das bobinas da gaiola viajante


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

GAIOLA ROTATIVA

É uma gaiola na qual os suportes das embalagens ficam dispostos que se rotacionam em 180 graus.
Enquanto as embalagens da parte externa estão em trabalho durante o urdimento, o operador carrega os
suportes da parte interna.

Davi Leon
Figura 34 - Processo de substituição de uma gaiola rotativa
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
192 193

GAIOLA ESPECIAL

Nesse tipo de gaiola ocorre o desenrolamento paralelo, que é utilizado para fios sem torção, isto é, mo-
nofilamentos em geral que necessitam de desenrolamento sem aplicação de torção. Portanto, as bobinas
ficam dispostas, desenrolando fios de forma paralela. Além disso, esse tipo de gaiola possui compensado-
res de tensão individuais.

Fagner Mariano
Figura 36 - Pinos sustentadores
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

MECANISMOS TENSIONADORES (OU TENSORES)

São dispositivos responsáveis em manter a tensão de enrolamento constante a um nível pré-deter-


minado. Os tensores mais comuns são do tipo combinado ou universal – eles possuem de 1 a 3 pares de
discos metálicos, por entre os quais o fio é passado, originando-se uma maior ou menor tensão, de acordo
com a quantidade de discos de carga utilizados.
Matheus Lucas

Figura 35 - Gaiola especial


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

5.3.2 COMPONENTES DE UMA GAIOLA

As gaiolas possuem componentes que permitem seu pleno funcionamento, e estes serão detalhada-
mente explicados a seguir.

PINOS SUSTENTADORES

São pinos (ou fusos) de ferro ou de aço que sustentam as embalagens de fios a serem urdidas, dispostas

Fagner Mariano
na estrutura da gaiola para mantê-las em posição de desenrolamento. Esses pinos são suportes que ficam
dispostos em distâncias regulares, posicionadas em distâncias iguais (equidistantes) em suas quatro direções.
Figura 37 - Mecanismos tensionadores
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
194 195

Os fatores que mais podem influenciar na tensão de enrolamento do fio são: o tipo de fibra, as caracte-
rísticas das embalagens, o tipo de gaiola, a velocidade de urdição, a distância entre a gaiola e a urdideira, a
temperatura e a umidade relativa do ambiente.

GUIAS-FIOS

Os guias-fios são responsáveis por manter o fio passando pelos mecanismos tensionadores e, geral-
mente, são constituídos de ações inoxidáveis, cerâmica ou porcelana. Existem dois tipos de guias-fios:
abertos e fechados.
Quanto maior for a capacidade da gaiola, maior será o número de guias-fios e, consequentemente,
maiores serão os atritos sobre os fios dispostos progressivamente mais distantes da gaiola, embora os atri-

Fagner Mariano
tos sejam maiores e, na proporção, suas tensões flutuem menos.

Figura 39 - Mecanismos de parada


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

TRAVESSAS GUIAS-FIOS INTERMEDIÁRIAS

São dispositivos que funcionam como amortecedores, absorvendo as variações de tensão devido à dis-
tância entre a saída do fio da embalagem e o final da gaiola. É indicado o uso de tensiômetros para medir
Fagner Mariano a tensão dos fios entre as travessas intermediárias, a fim de padronizá-las.

Figura 38 - Guias-fios
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

MECANISMOS DE PARADAS (OU SISTEMAS DE PARADAS)

Consiste em um conjunto de sensores de rupturas de fios utilizados para sinalizar a existência de fios
rompidos no rolo de urdume e que pode comprometer a qualidade do tecido. Os sensores ficam dispostos

Fagner Mariano
na parte frontal da gaiola e, ao detectarem a ruptura de um fio, acionam o freio da urdideira para impedir
que sua extremidade seja recoberta no rolo de urdume pelos próximos fios.

Figura 40 - Travessas guia-fios intermediárias


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
196 197

MECANISMOS ANTIESTÁTICOS

São dispositivos responsáveis por eliminar a eletricidade estática gerada pelo atrito do fio contra as
partes da gaiola. O sistema mais comum é a utilização de barras antiestáticas, com pinos emissores confec-
cionados de titânio, entre a saída da gaiola e o tambor enrolador.

Fagner Mariano
Figura 42 - Pente encruz
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Ao passar pelo pente encruz, os fios devem seguir para o pente condensador (ou de distribuição).

Fagner Mariano
Figura 41 - Mecanismos antiestáticos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
5.3.4 PENTE CONDENSADOR (OU DE DISTRIBUIÇÃO)

A finalidade do pente condensador (ou de distribuição) é distribuir os fios em uma determinada densi-
dade (fios/cm) e largura. Deve-se ressaltar que a densidade estará de acordo com o pente utilizado em um
5.3.3 PENTE ENCRUZ
tear e que o número de fios na portada estará de acordo com a capacidade da gaiola (SENAI, 2015).
Seu principal objetivo é separar a sequência de fios em camadas, evitando que fiquem embaraçados. O
pente encruz é completado por um jogo de barras, permitindo a separação ou a condensação das camadas
provenientes dos diferentes estágios da gaiola. Além de facilitar a identificação de rupturas e diminuir o
atrito entre os fios no processo de urdimento (SENAI, 2015).

Fagner Mariano
Figura 43 - Pente condensador
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
198 199

Ainda de acordo com o manual do Senai, o pente é formado por várias lâminas, e o espaço existente en- PENTE FLEXÍVEL “V”
tre elas é denominado de puas, onde os fios de urdume são passados de acordo com a densidade desejada
do tecido. Por exemplo, caso exista um pente com doze puas em um centímetro e dois fios forem passados No pente flexível em formato “V”, a densidade de puas é fixa e determinada pelo ângulo formado entre
em cada pua, a densidade final será de 24 fios/cm. as duas metades do pente. Pode-se utilizar o mesmo pente para confecção de diversos artigos.

Segundo Board (2009), é necessário verificar também o ajuste da largura do pente, pois sua soma não
pode ultrapassar a largura prevista entre os flanges do rolo de urdume. E assim como as gaiolas, os pentes
também podem ser divididos de acordo com seu formato, podendo ter formato em “V” ou em paralelo e,
também, diferentes aplicações, conforme detalhado a seguir:

PENTE FIXO

Tatiana Daou
Esse tipo de pente possui uma densidade de puas igual ou próxima à do pente a ser utilizado no tear.
Nesse caso, é necessário um pente para cada artigo a ser produzido. Figura 46 - Pente flexível em V
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

PENTE EXTENSÍVEL

No pente extensível, as puas apoiam-se numa base extensível, em um formato tipo sanfona, que per-
mite o ajuste da densidade desejada. Pode-se utilizar o mesmo pente para confecção de diversos artigos.
Tatiana Daou

Figura 44 - Pente fixo


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Tatiana Daou
PENTE TRAPEIZODAL Figura 47 - Pente extensível
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Nesse tipo de pente, a densidade é determinada pela altura em que se posiciona o conjunto de fios.
Pode-se utilizar o mesmo pente para a confecção de diversos artigos.
CABEÇA DE ENROLAMENTO

Segundo Senai (2015), a cabeça de enrolamento é um dispositivo equipado com mancais que susten-
tam o rolo de urdume e um motor para fazê-lo enrolar os fios da gaiola na urdideira direta ou seccional.
O funcionamento da cabeça de enrolamento dependerá dos seguintes fatores:
Tatiana Daou

Figura 45 - Pente trapezoidal


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Velocidade de enrolamento
A velocidade deve ser mantida sempre constante. Nas urdideiras contínuas, devido ao maior aumento
do diâmetro do rolo de urdume produzido, utilizam-se mecanismos de controle da velocidade.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
200 201

Dispositivo de frenagem automática


Esses dispositivos proporcionam uma distância de parada constante dos fios entre o tambor enrolador
e a cabeça de enrolamento, independente da velocidade ou do diâmetro do rolo. Também proporcionam
uma rápida parada do rolo de urdume, garantindo que não se perca o fio no enrolamento se este se romper.

Densidade dos fios no enrolamento


A densidade pode ser controlada por tensão ou pressão. Para isso, são utilizados cilindros de fricção e
pressão.
Ao estudar o processo de urdimento dos fios, pode-se perceber que em cada fase da construção do
rolo de urdume é possível ter pontos de controles entre o desenrolamento das embalagens de fios e o
enrolamento do urdume.

JJ Lima
Assim como no processo da conicaleira e bobinadeira, é necessário estar atento às tensões de cada fio
Figura 48 - Engomadeira e fios sendo engomados
por meio das medições de um tensiômetro e com o apoio dos dispositivos de tensão, dispositivos anties- Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
táticos e mecanismos de identificação de rupturas para que não seja produzido um rolo de fios que não
atenderá à tecelagem, seja por defeito visual, seja por não ter características adequadas, como números de
Os rolos primários da urdideira contínua (ou direta) são reunidos na engomadeira para formar o rolo de
fios, metragem e resistência para alimentar um tear.
urdume que abastecerá o tear, com todos os fios necessários para a fabricação de um tecido.
Além disso, a velocidade de enrolamento deve ser controlada de forma a submeter todos os fios à
Vale ressaltar que defeitos de fiação, por exemplo, o barramento7, mesmo com a melhor engomagem,
mesma tensão. Os fios sintéticos podem ter formação de energia estática, provocando emaranhamentos
não poderão ser eliminados ou corrigidos por completo (SENAI, 2015).
e, consequentemente, rupturas no fio.
Para apoiar o planejamento da equipe técnica sobre os processos que compõe a linha de produção de
uma tecelagem, é importante estar atento aos registros (relatórios) de produção intra e entre máquinas,
5.4.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ENGOMAGEM
alinhando com as equipes os procedimentos e acompanhar cada anomalia que a produção apresentar.
Recomenda-se também consultar os catálogos das máquinas e orientações técnicas de seus fabricantes Segundo Pessanha (1986) e Costa (2010), quando os fios de urdume são engomados, eles ficam encap-
para que haja um direcionamento técnico no aprimoramento e desenvolvimento do planejamento e ges- sulados por uma película elástica que proporcionará a eles as seguintes características:
tão da tecelagem.

Adesão das fibras

5.4 ENGOMAGEM Quanto maior for adesão das fibras, menor será o deslizamento entre elas e, consequentemente, dimi-
nui-se o coeficiente de fricção, aumentando-se a resistência à tração durante o processo de tecimento. Na
Um dos processos mais críticos, em termos de controle, em uma tecelagem plana é a engomagem, pois prática, a resistência do fio engomado aumenta de 10 a 15% em relação aos fios não engomados.
os fios de urdume são revestidos por uma camada de uma substância natural ou sintética que reúne as
fibras/filamentos têxteis, permitindo que resistam aos atritos e as fortes tensões a que serão expostos du-
rante o processo de tecimento, fazendo com que os teares consigam atingir um alto grau de eficiência. Essa
etapa pode ocorrer ou não em função do tipo de fio de urdume que está sendo utilizado (PESSANHA, 1986).

7 São irregularidades periódicas de pequeno ou médio comprimento, isto é, são zonas grossas dos fios, que geram aspecto de
barras, normalmente no sentido da trama (tecidos planos) ou no sentido dos cursos (tecidos de malha). Normalmente, são oca-
sionados por excessiva variação do título, engrenagens gastas, sujas, quebradas, etc.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
202 203

Fibras Película de goma

Fibras

JJ Lima
Davi Leon
Fio Fio engomado Figura 51 - Lubrificação dos fios
Figura 49 - Adesão das fibras Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Alisamento da superfície do fio 5.4.2 CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE FIOS NA ENGOMAGEM


O alisamento da superfície do fio tende a reduzir sua pilosidade (fibras salientes) e, consequentemente, De acordo com Pessanha (1986), como a engomagem é um processo a mais no fluxograma de pre-
evita o emaranhamento de fios adjacentes durante o processo de tecimento. paração à tecelagem, consequentemente agregará um custo, logo, vários fatores devem ser levados em
consideração para determinar a necessidade em se realizar ou não esse processo, tais como: o tipo de fio
e de fibra, o tipo de torção, o título, a relação custo-benefício e o ligamento que serão utilizados durante o
tecimento do material.
A fiação é o setor que transforma os diversos tipos de fibras/filamentos têxteis em fios, e tal transforma-
ção irá produzir basicamente dois tipos de fios que interferem na qualidade da engomagem: os fiados e os
JJ Lima
mono ou multifilamentos, que serão descritos a seguir.

ENGOMAGEM EM FIOS FIADOS E DE


DESCRIÇÃO
Figura 50 - Alisamento da superfície do fio FILAMENTOS CONTÍNUOS
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Não possuem resistência suficiente para suportar as tensões durante o tecimen-
to e, na maioria dos casos, apresentam pilosidade superior aos fios retorcidos
Singelos
A pilosidade de um fio não é, necessariamente, um defeito. As pilosidades são aspectos característicos compostos pela mesma fibra têxtil. Portanto, os fios singelos de fibras curtas são
dos fios e, em diversos casos, desejáveis para se conseguir um determinado tipo de efeito. No entanto, FIADOS (FIO preferencialmente engomados.
DE FIBRAS
deve-se observar que, em certos casos, um número elevado pode causar defeitos no produto final e rup- CORTADAS) Geralmente, possuem resistência e uniformidade suficiente para suportar as ten-
tura do fio. Dependendo do tipo de filatório empregado, o fio poderá ter mais ou menos fibras salientes. sões durante o tecimento e, na maioria dos casos, apresentam pilosidade inferior
Retorcidos
O emaranhamento de fios é uma das principais causas de: aos fios singelos compostos pela mesma fibra têxtil. Portanto, os fios retorcidos
de fibras curtas não são preferencialmente engomados.
a) Paradas de urdume na maioria dos teares; Geralmente, alguns microfilamentos que formam o fio não possuem resistência
b) Paradas de trama nos teares a jato de ar; suficiente para suportar as tensões durante o tecimento e, em alguns casos, já
Multifilamentos
apresentam pilosidade devido aos microfilamentos rompidos em etapas anterio-
c) Formação de acúmulo de fibras nos pentes dos teares; FIOS DE
FILAMENTOS res. Portanto, os multifilamentos são preferencialmente engomados.
d) Formação de defeitos nos tecidos. CONTÍNUOS Geralmente, possuem resistência e uniformidade suficiente para suportar as
tensões durante o tecimento e, na maioria dos casos, apresentam uma superfície
Monofilamentos
regular com baixa ou nenhuma pilosidade. Portanto, os monofilamentos não são
Lubrificação dos fios
preferencialmente engomados.
A lubrificação dos fios reduzirá seu coeficiente de atrito e, consequentemente, diminuirá a fricção dos Quadro 4 - Engomagem em fios fiados e de filamentos contínuos
fios durante o processo de tecimento. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
204 205

5.5 ENGOMADEIRA 5.5.1 GAIOLA (OU ZONA DE DESENROLAMENTO)

Ao se engomar os fios de urdume, busca-se atingir três finalidades: É o local onde os rolos primários oriundos da urdideira contínua (ou direta) são acondicionados para
alimentar a engomadeira. Normalmente possuem capacidade para armazenar de 4 a 20 rolos e, em alguns
a) aplicar a solução engomante aos fios de urdume;
casos especiais, podem ter capacidade para armazenar até 32 rolos.
b) retirar o excesso e controlar a umidade resultante;
c) produzir um rolo de urdume com fios uniformes e ordenados.
Segundo Andrade (2003), além disso, é necessário levar em consideração os benefícios de se engomar
os fios de urdume, visto que eles oferecem resistência à fricção, à tração e à abrasão, formando uma manta
protetora em torno deles, facilitando as etapas subsequentes.
A engomadeira, se não for o equipamento mais importante da tecelagem, é um dos que mais influen-
ciam na sua performance, pois é utilizada para impregnar os fios de urdume com soluções de produtos
engomantes. Essa aplicação é feita normalmente em um banho a quente, e, posteriormente, o fio é subme-
tido ao calor para voltar a se constituir com sua umidade natural (COSTA, 2010; SENAI, 2015).

JJ Lima
Essa máquina possui grandes dimensões, logo, é dividida em seções, em que cada uma possui finalida- Figura 53 - Gaiolas (ou zona de desenrolamento)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
des distintas entre si, mas com o mesmo objetivo, que é engomar os fios. São elas:
a) gaiola (ou zona de desenrolamento);
Assim como nas urdideiras, as engomadeiras também podem ter gaiolas fixadas no chão ou montadas
b) caixa de goma; zona de secagem; sobre trilhos, permitindo o deslocamento lateral para otimizar o processo de recarregamento dos rolos,
c) zona de separação; reduzindo o setup e aumentando a produtividade.

d) cabeceira (ou zona de enrolamento).


Espaço livre

Gaiola ativa
Zona de cozimento e estocagem de goma

Engomadeira
Zona de secagem
Gaiola reserva

Davi Leon
Gaiola Zona de secagem
Figura 54 - Gaiola da engomadeira
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

As gaiolas podem ter os seguintes formatos: horizontais, inclinadas ou verticais, como será detalhado a
seguir, bem como suas principais características (PESSANHA, 1986).

Caixa de goma GAIOLA HORIZONTAL


Davi Leon

Cabeceira ou cabeça
de enrolamento Esse tipo de gaiola é mais comum, e o desenrolamento dos rolos é realizado sistematicamente em con-
Figura 52 - Engomadeira e suas respectivas seções junto. Caso a gaiola possua rolos-guias, o desenrolamento dos rolos pode ser realizado de forma individu-
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
al, em que os fios saem do rolo de urdume diretamente para o rolo-guia na caixa de goma.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
206 207

Diego Fernandes
Figura 55 - Gaiola horizontal
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Diego Fernandes
GAIOLA INCLINADA

Esse tipo de gaiola não é muito utilizado e serve para desenrolar os rolos individualmente. É indicada Figura 57 - Gaiola vertical
para a engomagem de fios sensíveis às variações de tensão. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Rolos urdidos com


fios de filamentos Caixa de goma 5.5.2 DESENROLAMENTO

Existem alguns métodos de desenrolamento dos rolos de urdume, e esse fator deve ser levado em
consideração, em função do tipo de fio que está sendo engomado. Existem basicamente três métodos de
desenrolamento dos rolos, realizados nas gaiolas. São eles:

Diego Fernandes
DESENROLAMENTO CONJUNTO

Pente de ganchos Nesse método as camadas de fios saem dos rolos em conjunto com a camada de fios dos rolos, dispos-
Figura 56 - Gaiola inclinada
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
tos anteriormente, formando uma única camada que acompanhará os perfis de desenrolamento de cada
rolo. Existe ainda a necessidade de frenagem em todos os rolos, principalmente em máquinas com veloci-
dade de produção elevada. Esse tipo de desenrolamento é mais recomendado para fios de fibras cortadas,
GAIOLA VERTICAL devido ao atrito entre as camadas.

Esse tipo de gaiola, geralmente, é utilizado por razões de otimização de espaço físico dentro das em-
presas têxteis, pois seus rolos são dispostos na posição vertical, ocupando menor espaço que as gaiolas
horizontais. Pode ser utilizada para desenrolar os rolos em conjunto ou individualmente.
No desenrolamento em conjunto, os fios do último rolo de urdume irão ter contato com os fios do
penúltimo, unindo-se a este, e assim sucessivamente até chegar ao primeiro rolo, onde o grupo de fios for-
mado é igual ao total de fios do tecido. Após a reunião de todos os fios dos rolos, estes irão para a próxima
seção a caixa de goma.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
208 209

DESENROLAMENTO INDIVIDUAL COM ROLOS-GUIA

Nesse método as camadas de fios saem separadas dos rolos e se juntam, ainda na gaiola, logo após a
saída dos fios dos rolos. Existe ainda a necessidade de utilização de rolos-guia, com o objetivo de reunir as
camadas de fios durante o processo. Esse tipo de desenrolamento é mais recomendado para fios de algo-
dão ou em fios com misturas dessa fibra.

Diego Fernandes
Desenrolamento conjunto
Figura 58 - Desenrolamento conjunto
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

DESENROLAMENTO INDIVIDUAL

Diego Fernandes
Nesse método as camadas de fios saem separadamente dos rolos, unindo-se apenas próximos à entrada
da caixa de goma. Existe a necessidade de utilização de pentes especiais, dispostos entre a gaiola e a caixa de Desenrolamento individual com rolos-guia
goma, com o objetivo de orientar os fios durante o processo. Esse tipo de desenrolamento é mais recomen-
Figura 60 - Desenrolamento individual com rolos-guia
dado para filamentos com baixa resistência à abrasão, devido à ausência de atrito entre as camadas. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Após a reunião de todos os fios de urdume e independentemente do método de desenrolamento em-


pregado, os fios irão para caixa de goma.

5.5.3 CAIXA DE GOMA

Uma das partes mais importantes da engomagem e que merece atenção do técnico têxtil, sobretudo
em questões de segurança, é a caixa de goma. Ela é o local onde a solução engomante é depositada, em
condições ideais de processamento, para ser aplicada de forma uniforme e por toda a superfície dos fios
de urdume. Esse processo é realizado com o auxílio de um conjunto de rolos, chamados de cilindros. O
rolo alimentador é utilizado na entrada da caixa de goma com a finalidade de garantir um desenrolamento
constante e uniforme de todas as camadas de fios de urdume da gaiola (PESSANHA, 1986).
Diego Fernandes

A caixa de goma é constituída por um recipiente com os seguintes componentes, conforme será deta-
Desenrolamento individual lhado a seguir.
Figura 59 - Desenrolamento individual
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
210 211

Panelas b) Indireto: que utiliza uma estrutura de paredes duplas, por onde o vapor circula, trocando calor com
a solução engomante por meio da parede interna da caixa de goma, mantendo a temperatura de pro-
cessamento. Esse sistema é indicado para ser utilizado em soluções engomantes com temperaturas
entre 40 ºC e 60 ºC, não podendo sofrer variações em sua concentração de sólidos, pois impedem a
formação de água de condensação de vapor. Deve-se também manter a agitação da solução engo-
Alimentação mante para evitar a sedimentação dos sólidos no fundo da caixa, alterando-se assim os parâmetros
de goma de processamento.
Rolos
impregnadores /

JJ Lima/Diego Fernandes
espremedores

Vapor

Figura 61 - Caixa de goma


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Para que a solução engomante esteja em condições ideais de processamento, em alguns casos, é ne-
cessário aquecê-la até atingir a temperatura indicada pelo fornecedor. O aquecimento da goma pode ser:
Entrada da goma
a) Direto: que utiliza um conjunto de serpentinas perfuradas, que são dispostas dentro da caixa de
goma, por onde o vapor é liberado diretamente na solução engomante, promovendo assim sua mo-
Vapor
vimentação e mantendo a temperatura de processamento. Esse sistema é indicado para ser utilizado
em soluções engomantes que possuam amido em sua composição, e é recomendado que, durante o Isolamento de
Entrada de fibra de vidro
processo de impregnação dos fios, se mantenha a temperatura acima de 95 ºC para evitar a formação

Davi Leon
vapor
de água de condensação de vapor, alterando os parâmetros de processamento.
Figura 63 - Sistema de aquecimento indireto
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

c) Combinado: que utiliza uma estrutura de paredes duplas, por onde o vapor circula, trocando calor
com a solução engomante por meio da parede interna da caixa de goma, mantendo a temperatura de
processamento. Esse sistema é indicado para ser utilizado em soluções engomantes com temperatu-
ras entre 40 ºC e 60 ºC, não podendo sofrer variações em sua concentração de sólidos, pois elas impe-
dem a formação de água de condensação de vapor. Deve-se também manter a agitação da solução
engomante para evitar a sedimentação dos sólidos no fundo da caixa, alterando assim os parâmetros
de processamento.
Vapor Nível
Matheus Lucas

Tubos perfurados da Serpentina


Figura 62 - Sistema de aquecimento direto
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
212 213

b) Impregnadores/espremedores: possuem a finalidade de impregnar e retirar os excessos de líqui-


dos da solução engomante da camada de fios de urdume, em função da pressão que exercem sobre
eles. O conjunto impregnador/espremedor é formado por dois rolos, um inferior metálico e um supe-
rior revestido de borracha de dureza controlada. Dependendo do tipo de fibra processada, pode-se
utilizar um ou dois conjuntos de rolos.

Rolo impregnador/ espremedor

Entrada da goma

Vapor
Isolamento de
Entrada de fibra de vidro
Serpentina Cilindros
vapor aquecedores
Entrada de

Davi LEon
vapor

Diego Fernandes
Figura 64 - Sistema de aquecimento combinado 1 conjunto de rolos, 2 conjuntos de rolos,
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
recomendado para filamentos recomendados para fibras cortadas
(menor impregnação) (maior impregnação)
Figura 66 - Rolo impregnador/espremedor
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
ROLOS IMERSORES, ESPERMEDORES E IMPREGNADORES

Para que a camada de fios de urdume seja impregnada de forma adequada, é necessário que esses fios
entrem em contato com a solução engomante e que sejam retirados os eventuais excessos de líquido du- COMPONENTES AUXILIARES
rante seu processamento. Essa retirada do excesso de líquido, da solução engomante, é realizada por um
Também existem componentes auxiliares, como dreno, que é responsável por remover a água produzi-
conjunto de rolos conhecidos como:
da no equipamento, controle de nível de água, controle de temperatura, entre outros.
a) Imersores/mergulhadores: possuem a finalidade de propiciar a imersão da camada de fios de urdu-
me na solução engomante. Dependendo da profundidade de imersão dos rolos, tem-se uma maior
ou menor adesão de solução engomante sobre a superfície dos fios de urdume.
5.5.4 ZONA DE COZINHAMENTO E ESTOCAGEM DE GOMA

Para que a engomadeira seja abastecida, a solução engomante deverá ser, anteriormente, preparada e
Rolo imersor/ mergulhador
armazenada em condições ideais de processamento, em função do tipo de material que será processado.
Essa solução é preparada em panelas e armazenada em cubas (ou tanques) que, em equipamentos mais
modernos, são abastecidas automaticamente por meio de bombas, mantendo sempre o mesmo volume
de solução no padrão indicado (PESSANHA, 1986).
As panelas são recipientes utilizados para misturar e cozinhar a solução engomante. Já os tanques de
Cilindros armazenamento são recipientes utilizados para armazenar e abastecer a caixa de goma com a solução en-
aquecedores
gomante em condições ideais de processamento.
Quanto maior a profundidade e Quanto menor a profundidade e
Diego Fernandes

maior o tempo de contato menor o tempo de contato


com a solução engomante, com a solução engomante,
maior será a adesão menor será a adesão
Figura 65 - Rolo imersor/mergulhador
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
214 215

b) fechadas:
Trabalham com pressões elevadas, isto é, temperatura acima de 100 ºC, Além de apresentarem menor
tempo de cozimento, elevada rotação do agitador e menor viscosidade da solução e maior uniformidade.

Caixa de engrenagens

Válvula de segurança

Manômetro
Tampa (da panela)
Água

Camisa de vapor

Lâmina, haste ou
pá do misturador

JJ Lima
Figura 67 - Cozinha de goma
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) Camisa
de vapor

As panelas mais utilizadas na indústria têxtil, atualmente, são: Purgador

a) abertas: Abrir vapor

Davi Leon
Saída de retorno
Trabalham com pressão atmosférica (que é a pressão que o ar da atmosfera exerce sobre a superfície (Bico de saída para depósito)
do planeta), isto é, trabalham com temperatura abaixo de 90 ºC, além de apresentarem maior tempo de Figura 69 - Panela fechada
cozimento, baixa rotação do agitador e maior viscosidade da solução e menor uniformidade. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Motor 5.5.5 ZONA DE SECAGEM


Volume útil
Nível (cheia) Água fria
500/600 litros É o local onde se seca os fios de urdume, eliminando a umidade presente na solução engomante,
Altura de mantendo apenas a umidade residual da fibra (regain) que está sendo processada, proporcionando um
Ladrão segurança
melhor encapsulamento do fio e facilitando a separação total dos fios (PESSANHA, 1986).
Eixo Isolamento térmico
50 - 60 RPM Quebrador
Ar comprimido
Pás
Serpentina
perfurada

Vagão purgado

Pá inferior
Para a caixa de
reserva
Davi Leon

(por bomba ou
gravidade)
Figura 68 - Panela aberta
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
216 217

A zona de secagem tem papel fundamental na determinação das propriedades finais do fio engomado,
além de influenciar diretamente na velocidade de processamento da engomadeira. Além disso, uma seca-
gem excessiva ou insuficiente pode causar sérios problemas nos processos subsequentes.

5.5.6 MÉTODOS DE SECAGEM DE FIOS ENGOMADOS

Atualmente, existem diversos métodos de secagem dos fios engomados, porém dois métodos são os
mais comuns nas empresas e serão descritos a seguir.

CILINDROS AQUECIDOS

É o método mais utilizado nas indústrias têxteis, por ser considerado mais eficiente em relação à energia
necessária para secar os fios de urdume (vapor), além de permitir um layout mais flexível (vertical ou hori-
zontal), dependendo do espaço físico disponível.

JJ Lima
Figura 70 - Zona de secagem Nesse processo a camada de fios de urdume é seca ao entrar em contato com a superfície aquecida por
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
vários cilindros, por meio do processo de transferência de calor por condução. Geralmente, a quantidade
de cilindros utilizados varia entre 4 e 16, podendo chegar em situações específicas até 20. Essa quantidade
Em materiais com uma elevada densidade de fios, geralmente, é realizada uma separação a úmido dos
é definida em função da densidade de fios e da velocidade de processamento desejada.
fios em duas ou quatro camadas, na entrada da zona de secagem. A separação a úmido é importante para
otimizar o processo de secagem e proporcionar um melhor encapsulamento dos fios. Existem dois fatores negativos: o fato de que apenas um lado da camada de fios por vez ficará exposta
à superfície aquecida, e que os cilindros devem ser revestidos com teflon para não oxidarem com o passar
do tempo.

Zona de secagem
Separação a
úmido

Caixa de Zona de
goma separação

Conjunto de cilindros aquecido

Nesta parte, logo após a saída Nesta parte, logo após a saída
da caixa de goma, os fios são da caixa de goma, os fios são
separados em duas camadas, separados em duas camadas,

Davi Leon
onde cada camada segue um onde cada camada segue um
Tatiana Daou

caminho dentro da zona de caminho dentro da zona de


Figura 72 - Cilindros aquecidos
secagem. secagem. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Figura 71 - Zona de secagem a úmido
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
218 219

ESTUFAS (AR QUENTE) Hastes


Camadas de Pente extensível
fios separados
É o método mais indicado para filamentos têxteis, nos quais a camada de fios de urdume é seca ao entrar
em contato com o ar quente que circula dentro de uma estufa, por meio do processo de transferência de calor
Camada de
por convecção. Geralmente são utilizados em conjunto com uma pré-secagem antes dos cilindros aquecidos. fios colados
Hastes
O calor é gerado de uma fonte elétrica ou de vapor e circula com o auxílio de ventiladores ou dutos.
Rolo de urdume
É considerado o método mais apropriado com relação à qualidade final da engomagem, pois ambos engomado
os lados da camada de fios ficam expostos a uma temperatura uniforme ao mesmo tempo, além de os fios
(a)
Y Y Y Y Y Y Y Y
A A A A A A A A
R R R R R R R R
N N N N N N N N

não sofrerem flexão ou achatamento durante o processamento.


Fios colados (antes de passar pelas hastes)
Como desvantagem, esse método possui baixa eficiência energética (resistência elétrica) quando com-

Diego Fernandes
parado ao método de cilindros aquecidos.
(b)
Y Y Y Y Y Y Y Y
A A A A A A A A
R R R R R R R R
N N N N N N N N

Fios separados (após passagem pelas hastes)


Figura 74 - Zona de separação e seção transversal dos fios de urdume engomados
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

7 5.5.8 CABECEIRA (OU ZONA DE ENROLAMENTO)

5 Após a separação dos fios em camadas individualizadas, eles são enrolados uniformemente e com ten-
4 são constante ao longo do rolo de urdume que irá abastecer o tear. Essa função é realizada pelo elemento
1 2 3
Davi Leon que fica na última seção (ou zona) da engomadeira, conhecida como cabeceira (PESSANHA, 1986).
A cabeceira é composta por dois componentes principais que serão descritos a seguir.

Figura 73 - Estufas (ar quente)


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

ROLO PUXADOR

5.5.7 ZONA DE SEPARAÇÃO O rolo puxador possui velocidade constante para manter sempre a tensão de enrolamento. Nas en-
gomadeiras modernas, durante seu processamento, a velocidade de enrolamento varia em função da di-
Tem o objetivo de separar a camada de fios que saem coladas após a passagem pela zona de secagem, ferença de diâmetro ao longo do enrolamento das camadas de fios, e para evitar seu deslizamento, ele é
em várias camadas individualizadas, conhecidas como seções. Para tal, são utilizados conjuntos de hastes posicionado entre dois rolos-guias auxiliares que aumentam o ponto de contato da camada de fios com o
cilíndricas, que dividem a camada de fios (PESSANHA, 1986). rolo puxador.
A quantidade de hastes cilíndricas a serem utilizadas e a forma como essas camadas serão separadas de-
penderá da densidade de fios processados e da quantidade de rolos primários que estão alocados na gaiola.
No processamento de rolos com elevada densidade de fios, é recomendado que, no início do processo
de separação, os fios sejam submetidos a uma aplicação de um agente lubrificante para minimizar o atrito
com as hastes e facilitar a abertura das camadas.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
220 221

Rolos-guias auxiliares 5.5.9 CAPACIDADE DE PRODUÇÃO

Na engomadeira, assim como na urdideira, também se faz necessário calcular a capacidade de produ-
ção por hora (kg/h).

n × k × e f  × v  ×  60

Tatiana Daou
Capacidade engomadeira(kg/máq./h) =
título  ×  1.000

Rolo puxador
Onde:
n = o total de fios no rolo;
k = a constante de titulação: k = 9.000 (Den), k = 1.000 (Tex), k = 0,59 (Ne) e k = 1 (Nm);

Diego Fernandes
ef = a eficiência da máquina;

Figura 75 - Rolo puxador


tempo de funcionamento

Tatiana Daou
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) ef =
tempo de funcionamento + tempo de paradas

PENTE EXTENSÍVEL v = a velocidade em metros por minuto (m/min), e quando se deseja passar para hora, multiplica-se por 60.
Tem a finalidade de ajustar a largura da camada de fios que está sendo enrolada no rolo de urdume que título = o título do fio.
irá para o tear. Os fios de uma mesma camada, separadas anteriormente, são deslocados, passando um fio Assim como nas demais máquinas dos processos têxteis, a engomadeira também deve ter um plano de
por cada camada em cada pua do pente. Assim, o passamento por pua no pente extensível da engomadei- ação dentro do programa de controle da produção. Esse controle deve ser desenvolvido com as equipes
ra deve ser igual à quantidade de rolos primários que alimentará a máquina. técnicas da linha de produção, de manutenção e dos laboratórios de controle de qualidade.
A largura e, consequentemente, a densidade de fios no rolo de urdume engomado são definidas pela Para nortear o trabalho nas engomadeiras, os catálogos das máquinas, normas técnicas, procedimen-
ampliação ou redução do comprimento do pente extensível. tos-padrão e relatórios técnicos da linha de produção devem estar disponíveis para consulta. Tais materiais
dispõem informações técnicas para que a equipe ajuste cada etapa de produção aos limites técnicos das
máquinas e das próprias equipes. Além disso, deve subsidiar o planejamento da compra e da reposição da
matéria-prima, como fios, gomas e auxiliares.
Pode-se citar como exemplo de engomadeiras a Bem-Sizetec da Benninger e a TSE30F, engomadeira de
filamento contínuo da Tsudakoma, que dispõe nos catálogos as devidas orientações sobre cada parte que
compõe as engomadeiras, incluindo o cuidado com os rolos de pressão para retirar o excesso de goma,
onde geralmente a uniformidade dos rolos (forma cilíndrica) que, por ser emborrachada, sofre deforma-
Davi Leon

ções, alterando o grau de dureza, impactando diretamente no fator de cobertura da goma no fio.

Figura 76 - Pente extensível


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

5.5.10 SOLUÇÃO ENGOMANTE

Um dos fatores fundamentais para que sejam atingidos os objetivos da etapa de engomagem é a for-
mulação adequada da receita da solução engomante. Essa solução é composta de água (veículo), subs-
tâncias aglutinantes (ou colantes), aditivos e vários outros ingredientes que, em proporções adequadas,
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
222 223

conferem aos fios de urdume as características necessárias para seu melhor processamento nas etapas Podem ser de milho, batata ou mandioca. No Brasil os amidos de milho e mandioca são mais utilizados,
subsequentes (PESSANHA, 1986). já nos Estados Unidos, é o de batata. São obtidos por processos como: hidrólise ácida, oxidação, acetilação
ou esterificação.
A determinação dos ingredientes específicos na preparação de uma solução engomante depende de
alguns fatores, que são listados a seguir: Ainda existem os blends, que são misturas de amido com substâncias que aumentam a adesividade da
goma e evitam a formação de pó.
a) características da fibra que compõe o fio (natural, sintética ou artificial);
b) Semissintéticos:
b) características do fio que será utilizado (torção, título, processo de formação, etc.);
As gomas semissintéticas são derivadas do amido da celulose e possuem propriedades similares às go-
c) características do tear que será utilizado (velocidade, mecanismo de inserção da trama, sistema de
mas de amido. Dentre as gomas semissintéticas mais utilizadas, destacam-se o carboximetilcelulose (CMC),
tensionamento dos fios, etc.);
que apresenta boa resistência à abrasão e possui facilidade de remoção.
d) características do tecido que será produzido (tipo de ligamento, densidade de fios, gramatura, etc.).
c) Sintética:
Portanto, segundo Beltrame (2000), de forma geral, a goma deve ter:
As gomas sintéticas apresentam vantagens em relação às outras, como maior estabilidade e aderência
a) boa fluidez; de película, reprodutibilidade de formulação, aplicação em fios não hidrófilos (que não absorvem água),
b) bom poder de penetração, de adesão à fibra e coesão; maior resistência e elasticidade da película, porém possuem maior dificuldade no tratamento de efluentes
e na etapa de desengomagem.
c) boa capacidade de formação da película (ou filme);
Os polímeros sintéticos que apresentam aplicação nos processos de engomagem são classificados em:
d) poder lubrificante sobre os fios engomados;
álcool polivinílico (PVA), polimetacrilatos, poliacrilatos, dietilglicolatos (ácido isofitálico) e copolímeros de
e) elasticidade, resistência à ruptura e à abrasão; estireno (ácido maleico). Dentre essas gomas, destacam-se os poliacrilatos, que são derivados de ácido
f) flexibilidade e maleabilidade; acrílico e o álcool polivinílico.

g) razoável higroscopicidade; O quadro abaixo apresenta os principais tipos de engomantes e as fibras/filamentos têxteis mais utili-
zadas com as quais têm afinidade. A marcação significa que a goma tem afinidade por aquele tipo de
h) resistência ao mofo;
fibra/filamento.
i) facilidade em seu tratamento;
j) relação custo-benefício favorável.
POLIÉSTER
Segundo Pessanha (1986) e Beltrame (2000), normalmente, a classificação dos ingredientes da solução PRINCIPAIS ALGODÃO E SUAS POLIAMIDA POLIÉSTER
LÃ (2) ACRÍLICO (4)
ENGOMANTES (1) MISTURAS (5) (6)
engomante é dividida em: (3)

Amido e seus derivados

AGENTE ENGOMANTE CMC

Visa garantir a formação da película (ou filme) nos fios de urdume durante o processo de engomagem
PVA
e é um tipo de substância colante responsável por aglutinar as fibras/filamentos têxteis.
Os agentes engomantes mais utilizados atualmente são: Poliacrilatos

a) Amido: (1) Fibra natural de origem vegetal encontrada na semente, (2) Fibra natural de origem animal, (3) Misturas de poliéster (fibra sintéti-
São derivados do amido da celulose, modificadas quimicamente, com o objetivo de se obter produtos ca) com algodão, lã ou viscose (fibra artificial), (4) Fibra artificial, (5) Fibra sintética também conhecida como nylon (nome comercial) e
que apresentem melhores propriedades de dissolução, menores índices de viscosidade do banho de en- (6) Fibra sintética.
gomagem e facilidade no tratamento de efluentes e sem necessidade de uso de produtos enzimáticos no Figura 77 - Tipos de engomantes e fibras/filamentos têxteis
Fonte: Adaptado de Alcântara; Daltin (1996) e Senai (2015)
processo de desengomagem (na etapa de beneficiamento têxtil).
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
224 225

PRODUTOS AUXILIARES CRITÉRIO DESCRIÇÃO


Quanto menor for o diâmetro do fio, maior será sua torção e menor a resistência à tração e à abrasão.
Têm como objetivo melhorar as propriedades da película formada pelo agente engomante, e estes são
Dessa forma, os espaços entre as fibras serão menores e de difícil penetração, portanto, a goma utiliza-
utilizados na solução conforme haja necessidade. Alguns exemplos desses auxiliares são os amaciantes, Título do fio
da deve possuir uma viscosidade relativamente baixa, o suficiente para superar essa dificuldade e fazer
agentes higroscópicos (que absorvem água, isto é, retêm umidade) e antimofos que aumentam a resistência
com que ocorra uma cobertura suficiente e penetração parcial.
e a maleabilidade do fio e também os lubricantes, que protegem a película e evitam o deslizamento do fio.
É importante conhecer o tipo de fibra/filamento utilizado, pois como foi visto na Tabela 1, a afinidade
Tipo de fibra/filamento entre a goma e a fibra deve ser a melhor possível, mas essa ligação não deverá ser química, pois essa
PRODUTOS goma deverá ser retirada nas etapas subsequentes (beneficiamento têxtil).
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
AUXILIARES O artigo produzido será importante para verificar a exigência que será imposta ao fio, a densidade de
Proporcionam flexibilidade e suavidade aos fios de urdume engomado, Compostos graxos modifica-
Amaciantes Tipo de artigo urdume, a trama e o tipo de ligamento (tafetá, sarja ou cetim). Esses parâmetros devem ser levados em
reduzindo a fragilidade da película de goma. dos, etc.
consideração tanto na escolha dos produtos como na carga a ser aplicada.
Cloreto de zinco, cloreto de
Previnem o ressecamento da película de goma, retendo a umidade Todos os fatores a seguir representam benefícios, reduções de custos, vantagens comerciais, dificul-
Agentes higroscópicos magnésio, glicerina, glicose,
natural do material engomado e, assim, mantendo a flexibilidade do fio. Custo-benefício dades ou facilidades que interferem na produção e que possuem custos que devem ser levados em
ureia, etc.
consideração para a decisão do tipo de goma e produtos auxiliares a serem utilizados.
Previnem o desenvolvimento de organismos microbiológicos, traças, Cloreto de zinco, sulfato de
Preço dos produtos, tempo de cozimento, velocidade de engomagem em função da carga de goma
Antimofos mofo e fungos, inibindo sua proliferação nos fios de urdume engoma- cobre, ácido salicílico, formol, Valor da receita de goma
no fio.
dos. benzoatos, etc.
Dificuldade operacional Quantidade e números de produtos utilizados na receita e sua facilidade de manuseio.
Proporcionam à película de goma uma redução de sua aspereza e
Óleos minerais, ceras de para- Tecelagem e tipo de Rendimento apresentado pelos teares e o toque final do tecido, que pode ser influenciado pelas carac-
Lubrificantes também uma maior regularidade, facilitando o deslizamento dos fios de
fina, plastificantes, etc. tecido terísticas da goma, bem como a facilidade ou dificuldade de montagem do corante.
urdume quando entram em contato com os componentes do tear.
A facilidade de desengomagem pode ser decisiva na análise, pois atualmente existem produtos que
Previnem a formação de eletricidade estática nos fios de urdume
necessitam de uma desengomagem enzimática ou oxidativa, com repouso de até 24 horas; e outros
engomados, principalmente em fibras sintéticas, revestindo-as com
Antiestáticos Glicerol, polietilenoglicol, etc. produtos que podem ser retirados com detergente aplicado a 80 °C ou ainda apenas com água quen-
um componente condutor que descarrega a eletricidade estática no Desengomagem
te, num processo contínuo. Portanto, a goma utilizada deve ser boa o suficiente para cumprir seu papel
momento de sua formação.
na engomagem e, ao mesmo tempo, barata e eficiente, uma vez que é eliminada e posteriormente
Previnem a formação de espuma na caixa de goma, provocada pela Terebentina, microemulsão,
descartada.
Antiespumantes presença de agentes tensoativos na solução de goma e pela agitação silicone, álcoois graxos fosfa-
Fornecedores Credibilidade e assistência técnica oferecida pelos fornecedores
do banho. tos, etc.
A dificuldade, o tempo e a quantidade de efluentes a serem tratados são levados em consideração.
Normalmente, aumentam a adesividade e a elasticidade da goma dos Poliacrilatos, PVA, Trietileno-
Plastificantes Vale ressaltar que na engomagem os deságues são intermitentes na lavagem dos cozinhadores de
fios sintéticos. glicol, etc.
Dificuldade para trata- goma e nos foulards. Embora a goma apresente uma demanda bioquímica de oxigênio (DBO) elevada,
Quadro 5 - Principais produtos auxiliares para engomagem
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) mento de efluente que é um parâmetro analisado pelos órgãos de fiscalização (Exemplo: Inea), quando se compara com
a carga e quantidade de efluentes gerados no beneficiamento, pode-se dizer que é pequena, mas não
inexistente.
Segundo Beltrame (2000) e Senai (2015), a formulação da goma é um processo complexo, pois varia de
Quadro 6 - Tabela de pontos de atenção no processo de engomagem
acordo com alguns critérios: Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Vale destacar que importantes investimentos em modernização estão sendo realizados no setor têxtil,
como a aquisição de teares com altas velocidades, que será tema do próximo capítulo. Esses teares exigem
uma otimização do processo anterior, a preparação à tecelagem, abordado neste capítulo. E para atender a
essa exigência, é necessário controlar as seguintes variáveis, segundo Pessanha (1986): o grau de engoma-
gem do fio, a carga de goma, a umidade residual dos fios engomados e secos e a temperatura dos cilindros
secadores. Essas variáveis serão detalhadas a seguir.
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
226 227

GRAU DE ENGOMAGEM DO FIO

Essa variável dependerá diretamente do pick-up8 (PU) do fio, que é o percentual de retenção de banho Exemplo: Suponha que 0,1 kg de fio foi processado na engomadeira juntamente com um urdimento
de iguais características. Após a impregnação da goma, processou-se a pesagem acurada, obtendo-se
pelo fio têxtil em relação ao seu peso seco, quando este último é submetido a uma impregnação seguida 0,22 kg. Pode-se, então, concluir que esses fios absorveram 0,12 Kg de goma.
de foulardagem. Se 0,1 Kg de fio absorverem 0,12 l de goma, então, o peso úmido será de 0,22 Kg.
Portanto,
Uma das formas de determinar o PU é trabalhar com o volume (litros de goma) e a metragem (ou peso
do urdimento) a ser engomada. Isto é, deve-se controlar o volume necessário para engomar determinada
metragem. Também é importantíssimo levar em consideração a umidade dos fios da urdideira (fios crus) e 0,22 - 0,10

Tatiana Daou
PU% =  ´ 1 00 = 120%
o valor de umidade encontrado nos fios já engomados. 0,10

A relação matemática que expressa o valor do PU é dada por:


Conclui-se que esse urdume possui um pick-up de 120%.

Peso úmido - Peso seco

Tatiana Daou
PU% =  ´  100
Peso seco

CARGA DE GOMA

Também conhecido como PU seco ou percentual de sólidos no fio, expressa a quantidade de sólidos
Exemplo: Suponha que um urdume que pesava 200 kg foi engomado e consumiu 220 l de goma (apro- ativos no fio, após a secagem do mesmo e é calculado conforme a equação abaixo.
ximadamente 220 kg). Considerando, para efeito de estudo, que a umidade de saída dos fios seja igual
à umidade de entrada dos fios crus, nesse caso, qual seria o PU%?
Se 200 kg de urdume consumiram 220 L de goma, então, o peso úmido será de 420 Kg.
Portanto, PU% seco  ´   conc.  de sólidos em %

Tatiana Daou
% Carga de goma =
100
420 - 200
Tatiana Daou

PU% =  ´ 1 00 = 110% Onde:


200
PU% seco = peso do fio cru (kg).
Conc. de sólidos em % = concentração de sólidos de cada produto existente na receita.
Conclui-se que esse urdume possui um pick-up de 110%.
Considerando que o:

Outra forma de determinar o PU consiste em pesar, com precisão, um determinado número de fios 1

Tatiana Daou
PU% seco = ,
iguais, aos que serão engomados a arrumá-los enrolados sobre núcleos cônicos ou sobre espulas, numa Peso do fio não engomado
pequena gaiola provida de tensores convencionais e, por fim, colocá-la em posição estudada atrás da gaio-
la dos rolos da urdideira.
A equação pode ser reescrita:
Para fins de orientação dos fios de teste, deve-se adaptar um pente sobre uma das travessas superiores
da gaiola da engomadeira, de modo que possam ser ordenados sob a forma de uma estreita faixa a ser
guiada por cima do urdume que se engoma até a caixa de goma. conc. de sólidos em %

Tatiana Daou
% carga de goma =  ´ 1 00
peso do fio não engomado

8 Quantidade de goma consumida pelo fio.


TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
228 229

A umidade residual dos fios engomados deve ser controlada com um instrumento especial, que mede,
por contato, essa mesma umidade.
Exemplo: Suponha que determinado PU para certo tipo de fibra é igual a 75%, ou seja, 100 kg
absorvem, aproximadamente, 75 l (ou kg) de goma. Assim, se a goma utilizada contiver 5% de
sólidos, qual será a % de carga de goma?
CILINDROS SECADORES
75 ´  5

Tatiana Daou
% carga de goma = = 3,75% Os cilindros secadores são necessários para secar os fios de urdume, e a quantidade de cilindros de-
100
penderá da quantidade de fios de urdume a serem engomados. Pelo contato dos fios com os cilindros que
estão em alta temperatura, os fios de urdume são secos, contudo os fios não devem sofrer calor excessivo
para não influenciarem nas características dos fios engomados.
Os tipos de revestimento dos cilindros e os tipos de secagem variam conforme o fabricante e as neces-
CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS NA GOMA sidades da produção. Por isso é fundamental o alinhamento da equipe técnica e de manutenção para a es-
colha e manutenção desse equipamento, além da necessidade de ter acesso aos catálogos das máquinas.
Expressa a porcentagem de sólidos ativos na goma e podem ser medidos pelo emprego de um refra-
tômetro. Assim como nas engomadeiras, os fornecedores de gomas e seus auxiliares dispõem aos seus clientes ca-
tálogos sobre os seus produtos. Tais publicações trazem informações fundamentais para os técnicos da linha
Pode ser calculado, por:
de produção e laboratório de controle de qualidade. Os catálogos, geralmente, informam desde a compo-
sição da goma, formas de manuseio, eficiência, fator de cobertura, concentração, viscosidade, entre outros.
peso de sólidos Tatiana Daou Esses dados dão suporte à equipe técnica para avaliar e preparar o processo de engomagem na linha de
% conc. de goma =  ´ 1 00
peso da solução produção. Por meio dos dados fornecidos pelos fabricantes (máquinas e seus insumos), é possível alinhar
esse processo à tecelagem, calculando sua capacidade de produção dentro dos limites técnicos da fábrica
e da própria máquina, criando índices de produção e custo reais e consequentemente desenvolvendo um
Onde:
bom planejamento e gestão da tecelagem.
* Peso de sólidos = concentração de sólidos de cada produto existente na receita;
As orientações dos fabricantes de gomas são fundamentais para criar um banho eficiente na engoma-
* Peso da solução = volume total da solução. deira, ajustar as cozinhas para alimentar as caixas de gomas adequadamente, ajustar as pressões entre
cada cilindro, estimar temperaturas e umidade para a secagem dos fios, etc. Pode-se citar como exemplo
de fornecedores de gomas a Sekisui Sciality Chemicals e a Hiruta Riken.
TEMPERATURA DAS CAIXAS DE GOMA

O controle da temperatura é feito com termômetros que sejam capazes de aferir de 0 ºC a 100 ºC e, de 5.6 REMETEÇÃO
preferência, que esse aparelho tenha coluna marcadora vermelha e seja de precisão.
A remeteção é um processo em que cada fio de urdume é passado por vários elementos da máquina
de tecer, como as lamelas, os liços e as puas do pente. Esse processo só se faz necessário quando houver a
UMIDADE RESIDUAL DOS FIOS ENGOMADOS E SECOS troca de um artigo que está sendo tecido para outro, isto é, uma nova padronagem (SENAI, 2015).

É necessário lembrar que não se deve remover totalmente a água dos fios durante o processo de
secagem, mas deixá-los sempre neles e na película de goma um teor de umidade igual ao regain9.

9 Capacidade de absorção de umidade da fibra/filamento têxtil que compõe os fios.


TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
230 231

5.6.1 LAMELAS
Puas do pente
São dispositivos em forma de lâminas, por onde passam os fios de urdume antes de serem remetidos
Quadros de Pente
liços pelos liços e pentes. O mecanismo onde elas estão posicionadas é denominada de guarda-urdume. Elas
têm como função aumentar a qualidade do tecido produzido, desligando o tear quando algum fio de ur-
dume for rompido. Existem diferentes tamanhos, larguras, espessuras e formas.
Liços

Lamelas

Rolo de urdume

Tatiana Daou
engomado

Figura 78 - Elementos de remeteção


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

JJ Lima
FIQUE As remeteções, em velocidade de até 140 fios/minuto, ocorrem diretamente a partir
ALERTA do rolo de urdume ou por fios em quadros de liços, lamelas e pentes. Figura 79 - Lamelas
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Dependendo dos tipos de tecidos a serem produzidos e do porte (ou tamanho) da empresa, o processo 5.6.2 QUADROS DE LIÇOS
de remeteção pode ser feito de forma manual por operadores experientes ou por máquinas automáticas
São de construção simples e são responsáveis por movimentar de forma uniforme todos os fios de
que são projetadas para tecelagens com elevada diversificação de produtos.
urdume neles agrupados para fazer a movimentação de subida e descida de duas ou mais camadas de
Atualmente, são utilizados carros transportadores de quadros de liços completamente remetidos para urdimento, proporcionando a abertura da cala por onde a trama será inserida e também para que fios de
transporte confiável entre a preparação da tecelagem e a tecelagem. Seus ganchos de transporte evitam urdimento sejam passados em seus liços segundo uma ordem pré-determinada (tipo de remeteção).
que o conjunto remetido de quadros de liços, pente e lamelas se movimentem de modo que seu encaixe
Os quadros devem ser resistentes, leves e indeformáveis.
no tear fique livre de problemas.
Se uma nova remeteção não é necessária, essa operação é dispendiosa e deve ser evitada sempre que
possível, pois não é necessária uma mudança da padronagem do tecido – o rolo de urdume é colocado
diretamente no tear, onde são emendados os fios que estão preparados, com a utilização de uma máquina
de atar (ou atadora).
Quadro 4
As atadoras automáticas podem processar uma ampla gama de fios de urdume de forma confiável e rá-
Quadro 3
pida (até 600 nós/hora), com controle mecânico ou eletrônico e possibilidade de realização de nós duplos,
Quadro 2
mesmo com uma sequência de padrões de cores diferentes.
Os principais elementos da remeteção são explicados a seguir. Quadro 1

Davi Leon
Figura 80 - Quadros de liços
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 5 PREPARAÇÃO À TECELAGEM
232 233

5.6.3 PENTE CRITÉRIO DESCRIÇÃO

É formado por lâminas colocadas de forma paralela em toda a sua extensão. O espaço entre duas lâminas Cilindro guia-fios Guiar os fios, auxiliando seu paralelismo, facilitando as passagens nos pentes finos e grossos.

é denominado de pua. O pente é responsável por manter o urdimento distribuído igualmente em toda a Fixadores Manter os fios tensionados e paralelos.

sua largura, seguindo uma ordem pré-determinada (ordem de passamento) e por fazer o encostamento da Cremalhedeira Guiar a engrupadeira, auxiliando o sistema de compensação.

trama no remate do tecido e como guia da lançadeira. Rolete-escova Tensionar os fios, auxiliando o paralelismo.
Alavancas tensoras Deslocar os fiadores, dando tensão aos fios.
Ele também determinará a densidade do urdume de acordo com a quantidade de puas por centímetro
Quadro 7 - Descrição dos elementos do cavalete de engrupagem
ou por polegada, isto é, a quantidade de fios passados em cada pua multiplicada pela densidade do pente Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
resultará nos fios/cm ou fios/pol.
O plano de remeteção nada mais é que o planejamento da posição dos fios nos quadros para a ob- Para determinar o paralelismo dos fios, pode-se utilizar os pentes finos e grossos para efetuar uma pen-
tenção de determinado entrelaçamento (tafetá, sarja ou cetim) e tem por finalidade mostrar como será o teagem das camadas de fios. Contudo, para trabalhar as camadas de fios sobre o cavalete, deve-se prepa-
passamento nos liços em cada quadro, assim como no pente. Na remeteção, existem apenas duas regras rar os fios que ainda estão no tear, ou seja, o urdume no tear não deve ter defeitos, estar faltando fios ou ter
que devem ser levadas em consideração; fios passando no mesmo liço – todos devem estar paralelos e com a mesma tensão de enrolamento. Esses
a) Em fios com evoluções diferentes, passar em quadros diferentes; cuidados visam facilitar a emenda nos fios, otimizando o tempo para a enodação e reduzindo o tempo de
máquina parada, que são itens fundamentais para os índices de produção, qualidade e custo.
b) Em fios com evoluções iguais, passar em quadros iguais ou diferentes.

5.7.2 CARRO TRANSPORTADOR


5.7 ENGRUPAGEM
É o componente responsável por levar a enroladeira para os teares e o transformador de voltagem para
Quando os fios de urdume no tear acabam e a produção do mesmo tecido ainda não foi atingida, é
a enodeira.
necessário substituí-lo por outro rolo de urdume. Essa substituição é feita pela emenda dos fios do rolo de
urdume que estão no tear com os fios de urdume do rolo substituto. Essa ação é denominada de engrupa-
gem na linha de produção.
5.7.3 ENODEIRA
O procedimento de engrupagem inicia-se com extensão da camada de fios sobre o cavalete, posicio-
nando os fios sobre o rolete-escova, girando-o e tensionando-o. Feito isso, deve-se pentear os fios, passan- É a máquina responsável por atar as pontas dos rolos de urdume no tear no momento da troca dos
do os pentes finos e grossos e prendendo-os com fixadores, mantendo-os em paralelo e com tensão ideal. rolos. Pode-se citar como exemplo o Magma T12 da Staubli.
Para realizar a engrupagem mecânica, são necessários três componentes básicos: cavalete de engrupa-
gem, carro transportador e enodeira.

CASOS E RELATOS
5.7.1 CAVALETE DE ENGRUPAGEM

Para tratar de engrupagem, deve-se iniciar falando sobre o cavalete de engrupagem. Esse componente tem Climatização na Tecelagem
por finalidade manter os dois rolos de urdume a serem enodados (que irá emendar a ponta do fio final com a Em uma grande empresa de tecidos 100% algodão, a linha de produção tem apresentado alguns
inicial) em duas camadas sobrepostas e paralelas, podendo ser adaptado aos mais variados tipos de tear. problemas periódicos no setor de preparação da tecelagem. O técnico têxtil percebeu que em perí-
Os principais elementos desse cavalete são listados a seguir: odos chuvosos algumas embalagens tinham fios que aumentavam o diâmetro, causando um efeito
de fitas e, em outros casos, simplesmente a embalagem tinha irregularidades dos fios causando um
TECELAGEM - VOLUME 2
234

efeito visual de intumescimento. Além disso, também observou que o índice de ruptura dos fios
no urdimento e na engomadeira aumentava. Ao apresentar ao gerente essa situação, ele orientou
que a equipe técnica fizesse uma avaliação e apresentasse um relatório técnico, indicando possíveis
soluções. A equipe técnica optou por controlar a temperatura e umidade diariamente e observou
que quando a umidade da linha de produção ultrapassava os 85%, provocava os defeitos nas em-
balagens e o aumento de rupturas do fio. Para tentar amenizar o problema, os técnicos reduziram
a passagem de ar externo para a linha de produção reduzindo a umidade e desenvolveram um pla-
nejamento de circulação de ar para controlar a umidade ao longo da linha de produção nos dias em
que a umidade for excessiva. Ao elaborar o relatório, a equipe descreveu os impactos da umidade
nos fios de algodão e que o ideal para a produção seria ter um ambiente climatizado, ou seja, ter uma
linha de produção com a umidade e temperatura controladas por um sistema automatizado para
que não haja variação na climatização. Além disso, também sugeriram revisar os procedimentos de
enrolamentos das embalagens, principalmente no controle de espiras e dureza, solicitando o apoio
da equipe de controle de qualidade física para tal fim.

RECAPITULANDO

Neste capítulo você estudou os principais processos para preparar os fios para serem tecidos nos
teares. Você iniciou com o processo de enrolamento dos fios em embalagens próprias para ali-
mentar os teares (trama e urdume), passando para o urdimento, em que aglomera-se um deter-
minado número de fios em um carretel. Em seguida você entrou no processo de engomagem dos
fios pela engomadeira, visando dar uma uniformidade na estrutura do fio e aumentar sua resistên-
cia a tração. Por fim, estudou o engrupamento dos fios de urdume, ou seja, o momento da troca
entre o rolo de urdume novo e vazio no tear.
É muito importante que as equipes envolvidas em cada processo sejam treinadas e capacitadas
periodicamente. O treino e a capacitação visam eliminar possíveis erros na preparação do
maquinário, na troca de produto, na manutenção das máquinas, entre outros. A disseminação do
conhecimento técnico e dos procedimentos pertinentes às máquinas, equipamentos e auxiliares
visam alinhar os processos, padronizá-los e criar rastreabilidade na linha de produção.
O alinhamento e a padronização permitem ao planejamento e à gestão controlar o fluxo produti-
vo por meio dos índices de produção e custo, além de supervisionar e revisar os pontos de aten-
ção, como desgastes de peças, a manutenção periódica e preditiva, anormalidades no fluxo de
produção e de não conformidades nos produtos e subprodutos.
Tecelagem

O ato de tecer é muito antigo. Estima-se que o tear tenha sido inventado antes de 6.000 a.C.,
quando o homem começou a utilizar fibras naturais, como o algodão, o linho e a lã para desen-
volver vestimentas para se proteger do frio ou do calor. Supõe-se que, por muitos séculos, a força
muscular do homem foi utilizada para tecer, seja em pano ou em malha, enquanto tecnologias
estavam sendo desenvolvidas.
Com a evolução tecnológica, a área têxtil desenvolve produtos com características específi-
cas para atender seus clientes. Torna-se possível produzir tecidos com fios finos e consequen-
temente com melhor toque e caimento. Também é possível fazer tecidos com maior densidade
com fios finos e grossos, entre outros. A tecnologia também permitiu aumentar a velocidade
do tear, melhorar os índices de produção, qualidade e custos, por meio de mecanismos de
controle de ruptura de fios, aprimoramentos na alimentação e inserção de trama, nos sistemas
de controle de enrolamento e desenrolamento no tear, velocidade de batida do pente, entre
outros mecanismos, possibilitando a entrega de tecidos com cores diferentes (listrados e xa-
drez, por exemplo), com caimento e toque agradável ao corpo humano, contribuindo com o
desenvolvimento de produto do vestuário e moda.
Neste capítulo você estudará o mecanismo de funcionamento de um tear para tecidos pla-
nos, que é constituído por cinco grandes processos: o desenrolamento dos fios de urdume, a
abertura da cala, a inserção da trama, a batida do pente e o enrolamento do tecido acabado.
Com isso, espera-se que você adquira bons conhecimentos sobre a tecnologia e desenvolvi-
mento dos tecidos planos.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
238 239

6.1 BREVE HISTÓRICO DA TECELAGEM 6.2.1 DESENROLADORES NEGATIVOS

Apresenta-se uma linha do tempo com marcos históricos importantes no desenvolvimento do proces- Nesse tipo de desenrolador, a tensão nos fios de urdume é regulada pela fricção entre uma correia ou
so de tecelagem. uma corda e um dispositivo fixado na ponta do rolo de urdume. Esse sistema de alimentação é utilizado,
principalmente, em teares mecânicos.

Em 1785 ,Edmund
Cartwright construiu o
primeiro tear, aproveitando O tear Fios de
a energia da força da água Northrop, de A industrialização urdume
para movimentar um eixo 1897, é o Em 1911 foi dessas invenções
por meio de uma polia e precursor dos criado o tear de teve seu início
uma correia, acionando o teares projétil de apenas 1953, com
eixo principal do tear. automáticos. Pastor. o tear de projétil.

Rolo de
urdume

Os teares As invenções se Em 1928, o


modernos sem sucederam sem princípio de
lançadeira tiveram saída a nível inserção por
seu embrião em industrial. Em jato de ar de
1876, com um 1901, o tear de cala Ballon.

Tatiana Daou
protótipo de um de Salisbury foi Freio
tear de pinças. criado.

Paulo Cordeiro
Figura 81 - Marcos importantes no desenvolvimento do processo de tecelagem
Fonte: Adaptado de Bruno (1992)
Peso

Para compreender melhor a formação do tecido plano, inicie seus estudos por meio dos mecanismos Figura 82 - Desenrolador negativo
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
que compõem o tear e produzem o tecido plano pelo desenrolamento do urdume, a formação da abertura
da cala, a inserção de trama, a batida do pente e o enrolamento do tecido.
6.2.2 DESENROLADORES POSITIVOS

6.2 MECANISMOS DE DESENROLAMENTO Nesse tipo de desenrolador, a tensão nos fios de urdume é regulada por um dispositivo externo, con-
forme o rolo está sendo desenrolado. Nesse sistema, o rolo de urdume gira a uma taxa que depende do
Durante o processo de tecimento, esses mecanismos são responsáveis por liberar os fios do rolo de ur- comprimento dos fios de urdume entre o rolo e o tecido formado.
dume para a alimentação do tear. Essa alimentação deve ser constante e com a mesma tensão para não
afetar o crimp10 dos fios de urdume e de trama do tecido (BRUNO, 1992).
Os mecanismos de desenrolamento podem ser classificados em mecanismos positivos ou negativos e
também como mecanismos mecânicos ou eletrônicos. Estude melhor esses mecanismos a seguir.

10 Ondulação do fio.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
240 241

Fios de Urdume
urdume
Trama

Davi Leon
Paulo Cordeiro
Engrenagem
Figura 84 - Abertura da cala
motora
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Figura 83 - Desenrolador positivo
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

B1

6.2.3 DESENROLADORES MECÂNICOS E ELETRÔNICOS


B2

Os desenroladores mecânicos são controlados por um variador mecânico de velocidade ou por um


motor redutor, permitindo que o rolo de urdume gire em sentido contrário. D
F E
Os desenroladores eletrônicos estão presentes na grande maioria dos teares, garantindo tensão cons-
tante desde o início do desenrolamento, no qual o rolo de urdume ainda está cheio, até o seu esvaziamen- A
G C
to total. Esse controle é possível em função de um dispositivo eletrônico com capacidade de controlar as
tensões nos fios de urdume durante todo o regime de trabalho do tear, evitando os defeitos de parada de Elevation
máquina, como a raleira.

Davi Leon
6.3 ABERTURA DA CALA Figura 85 - Separação dos fios de urdume pelos quadros de liços
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

É o mecanismo responsável pelo movimento de subida e descida dos fios de urdume para formar os
tecidos com o mecanismo de inserção de trama. Essa abertura entre os fios de urdume é chamado de cala.
A movimentação de subida e descida dos fios de urdume são feitos pelos quadros de liços que estão rela- 6.3.1 MECANISMOS FORMADORES DE CALA
cionados à padronagem do tecido.
Segundo Bruno (1992) existem três tipos diferentes de mecanismos que propiciam a formação da cala.
São eles:
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
242 243

CAMOS (OU EXCÊNTRICOS OU CAMES) Os excêntricos possuem limitações técnicas com relação ao número máximo de quadros de liços. Nor-
malmente, são empregados quando o número de fios com evoluções distintas é igual ou inferior a 12 e
São peças giratórias que transmitem a outras peças um movimento alternado de subida e descida. É existe necessidade de rearranjá-los em cada troca de desenho (isto é, em cada padronagem diferente). A
comum encontrar no ambiente fabril as denominações “camos” ou “excêntricos”. Ambos possuem prati- prática determina até 14 quadros nos teares modernos e 28 nos teares convencionais.
camente as mesmas funções, porém os excêntricos são mecanismos cujo centro de rotação não coincide
Já as maquinetas de excêntricos são utilizadas quando a armação do tecido exige considerável número
com o centro geométrico e são utilizados quando se deseja fabricar artigos do mesmo gênero em grande
de quadros de liços, com evoluções diferentes ou quando há a necessidade de modificar constantemente
quantidade, como os ligamentos fundamentais, tais como tafetás, sarjas e cetins.
os padrões dos artigos fabricados.
Os excêntricos são discos que têm como principal objetivo transformar um movimento circular em um
movimento retilíneo. Essa transformação é feita por meio do contorno da superfície externa dos discos ou
por sulcos em sua superfície interna.

Davi Leon
Roldana Figura 87 - Maquinetas de excêntricos
seguidora Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

As maquinetas de excêntricos classificam-se em:


a) Negativos: quando realizam apenas um sentido de movimento dos fios de urdume e as molas retor-
Tatiana Daou

nam os fios à posição inicial.

Figura 86 - Excêntricos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
3
Mola
Ao comparar o conjunto de excêntricos com outros tipos de mecanismos e abertura de cala, percebem-se 4a 4b

as seguintes vantagens: 8 11 8
Liço 6 5
a) São mais seguros, mais simples, mais resistentes, mais eficientes e mais produtivos; Camos 10 10

b) Possuem menor desgaste;

Davi Leon
c) Movimento mais suave dos quadros de liços;
d) Necessita de um tempo maior de repouso dos quadros para a passagem do fio de trama; Figura 88 - Maquinetas de excêntricos negativos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
e) Menor índice de defeitos no tecido.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
244 245

FIQUE Em alguns modelos de maquinetas, os excêntricos provocam a subida dos quadros


de liços, enquanto as molas realizam o movimento de descida. Já em outros mode-
ALERTA los, as funções se alteram.

b) Positivos: quando realizam os dois movimentos, tanto a subida como a descida dos fios de urdume.
Segundo o princípio mecânico em que se baseiam essas maquinetas, elas ainda se subdividem em:

Davi Leon
TIPO DESCRIÇÃO
Figura 91 - Maquinetas de excêntricos positivos de levas conjugadas
O movimento ocorre por meio de um rolamento alojado em uma ranhura excêntri- Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Excêntrico de ranhura ca de um prato. Esse rolamento efetua um movimento oscilatório ao girar o prato, e
o transmite aos quadros de liços.
Os excêntricos realizam os movimentos de subida e descida dos fios de urdume MAQUINETA DE QUADROS
Excêntrico de levas conjuga- a partir de dois excêntricos de contato exterior, situados em um mesmo eixo, que
das (ou duplo) trabalham contra duas roldanas. Um dos excêntricos produz um sentido de movi- Permite maior flexibilidade às mudanças de artigos e não possui limitação no número de tramas. O nú-
mento, e o outro produz em sentido contrário. mero máximo de quadros de liços varia entre 24 e 36. Esse número de quadros permite uma possibilidade
Quadro 8 - Maquinetas de excêntricos positivos de desenvolvimento de tecidos muito acima da capacidade dos excêntricos.
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Quadros

Conjunto de
excêntricos
Davi Leon

Excêntricos

Figura 89 - Maquinetas de excêntricos positivos


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Fagner Mariano
Roldana
seguidora
Figura 92 - Maquineta de quadros
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

As maquinetas de quadros classificam-se em função do tipo de movimentação dos fios de urdume e do


tipo de leitura do desenho da padronagem e podem ser divididas no quadro a seguir.
Davi Leon

Figura 90 - Maquinetas de excêntricos positivos de ranhura


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
246 247

TIPO DESCRIÇÃO Barra para realizar


a descida do quadro
Os fios de urdume se movimentam em um sentido, utilizando o princípio Hattersley, em
Negativa
que o movimento contrário é obtido por meio de molas.
Os fios de urdume se movimentam em dois sentidos, um de subida e outro de descida
Positiva alternativa dos quadros, com sistema de movimento parecido ao Hattersley, porém com retorno dos
quadros por meio de barras comandadas pela maquineta.
Os fios de urdume se movimentam em dois sentidos, um de subida e outro de descida
Positiva rotativa dos quadros, com sistema de movimento por excêntrico circulares independentes para
cada elemento.
Quadro 9 - Maquinetas de quadros
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Faca para realizar
a subida do quadro

Tirantes Barra para realizar

Davi Leon
o retorno do quadro
Tirantes
S2 Figura 95 - Maquineta de quadro positiva alternativa
Alavanca Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Quadro Levas
Levas
de liços
S1
TIPOS DE LEITURA NAS MAQUINETAS
Quadro de liço Leitura mecânica: é uma leitura direta, em que alguns elementos salientes, como os pinos da cartela,
fazem rodar as alavancas transmissoras, permitindo que o gancho se apoie na faca correspondente. A
Molas pinagem ocorre quando são utilizadas cartelas de madeira ou material sintético, programáveis por pi-
nos de madeira ou sintético.

Molas Ponto de giro


Davi Leon

Ganchos (H2 e H1)


da alavanca
A H2
Figura 93 - Maquineta de quadro negativa K2
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
S2 Facas (K1 e K2)
Quadro harness Link
S1 H1
B K1
C Pino da
F1 cartela

Alavancas F2 peg 1 2 3 4 5 6 7
Molas transmissoras 12 3
4
1
2
5
6
3 cartela onde os
7
4 pontos negros
Davi Leon

lag 5
representam
6 os pinos

Davi Leon
Figura 94 - Maquineta de quadro positiva rotativa
7
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Figura 96 - Leitura mecânica
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
De acordo com Bruno (1992), a classificação das maquinetas de quadros ainda pode ser de acordo com
o tipo de leitura do desenho da padronagem, conforme será descrito a seguir:
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
248 249

MAQUINETA JACQUARD
Leitura por papel: essa leitura apresenta três blocos de elementos muito diferenciados: as agulhas de
leitura, as alavancas transmissoras e as agulhas de transmissão ao gancho. Jacquard é uma maquineta com capacidade para comandar um grande número de evoluções diferentes,
ou seja, movimenta os liços individualmente, permitindo uma infinidade de combinações, requerendo
uma atenção especial e permitindo uma maior flexibilidade às mudanças de artigos.
6

7
4

5
3
1

Davi Leon
Figura 97 - Leitura por papel
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Leitura eletrônica: como o próprio nome indica, as instruções de movimento dos liços são passadas
por um módulo de memória, manipulado por meio de um elemento programador externo.

PhotoShoppin
Figura 99 - Maquineta jacquard

De acordo com Rodrigues (2009), esse tipo de maquineta foi inventada na França por Joseph Marie Jac-
quard, por volta de 1805. Pode ser instalada em qualquer tipo de tear, seja os convencionais de lançadeira
ou os mais modernos de projétil, pinça e até os teares a jato de ar.
A maquineta jacquard possui a mesma finalidade do conjunto de excêntricos e maquinetas de quadros,
O dispositivo eletrônico de leitura isto é, dividir os fios em duas camadas para formação da cala, por onde passará o fio de trama. A diferen-
Maquineta com dispositivo
das maquinetas permite eletrônico de leitura. ça está no número de quadros que cada um pode movimentar. Por esse motivo, a maquineta jacquard
comunicação a distância com a
Davi Leon

é capaz de produzir qualquer tipo de tecido ou entrelaçamento, isto é, desde os entrelaçamentos mais
máquina.
simples, como tafetá, sarja ou cetim, até os veludos, assim como inúmeros desenhos podem ser criados e
Figura 98 - Leitura eletrônica produzidos por meio de combinações de cores dos fios (RODRIGUES, 2009; SENAI, 2015).
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
A figura a seguir mostra os principais componentes da maquineta jacquard e a finalidade de cada um.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
250 251

B Para entender o funcionamento da maquineta jacquard, devem ser entendidos cinco passos básicos:
C

H
a) O primeiro passo de uma maquineta jacquard (1) acontece quando os fios de urdume saem de um
F G E A carretel que se localiza à esquerda, estendendo-se para a direita por meio do tear. À medida que o
tecido vai sendo produzido, o carretel vai liberando o fio. Cada fio atravessa um gancho preso a uma
D haste vertical articulada. A parte superior dessa haste se encontra acima da articulação e é ligada a
uma segunda haste horizontal, presa a uma barra lateral por uma mola. Essa barra lateral desloca-se
horizontalmente puxando a mola e trazendo com ela as hastes horizontais, o que faz com que as ver-
I ticais se dobrem em sua articulação, movendo os respectivos ganchos para baixo.
J b) O segundo passo (2) consiste no deslocamento da barra lateral para a direita, o que provoca dois
efeitos: afasta as extremidades das hastes verticais do anteparo e insere o cartão perfurado no espaço
que passa a existir entre as hastes verticais e o anteparo. Esse cartão é a base de toda a concepção do
K tear de jacquard. Por meio da presença ou ausência de uma perfuração em frente a cada haste hori-
zontal, selecionam-se os fios de urdume que serão levantados.
L
Davi Leon
Tear de jacquard Tear de jacquard
Figura 100 - Princípios componentes de uma maquineta jacquard
(1) (2)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Barra superior(A) Barra lateral (B)


PARTE DESCRIÇÃO
É um prisma perfurado em todos os lados que possui uma quantidade de furos igual Ganchos
Anteparo Molas
Cilindro (ou prisma)
A ao número de agulhas da maquineta, cuja finalidade é levar o cartão de encontro às
porta desenho
agulhas, isto é, movimentar a cartela por meio de um movimento de vaivém.
É uma armação retangular que possui lâminas de ferro inclinadas em sua parte inferior,
Hastes
B Grifa também conhecida como facas, cuja finalidade é sustentar as facas e fornecer seu
Carretel
movimento de subida e descida.

Matheus Lucas
C Faca Possui a finalidade de levantar os ganchos para se obter o ponto tomado.
D Tábua de ganchos Possui a finalidade de limitar a descida dos ganchos. Urdidura Trama
E Tábua de agulhas Possui a finalidade de orientar as agulhas e comandá-las. Figura 101 - Passos (1) e (2) de movimentação da maquineta jacquard
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
F Caixa de molas É responsável por fazer o retorno das agulhas após a leitura do cartão.
G Gancho É responsável por levantar ou não o feixe de arcadas.
Possui a finalidade de fazer a leitura do cartão e permitir ou não que o gancho seja c) O terceiro passo (3) consiste em realizar um único movimento, no qual a barra lateral volta à posição
H Agulha
levantado. inicial, o que tende a empurrar as hastes horizontais de volta até encostarem no anteparo. No entanto,
I Arcada Possui a finalidade de transmitir o movimento do gancho para o liço. nem todas podem alcançar o anteparo, uma vez que se encontra o cartão entre hastes horizontais e
É responsável por orientar o pavilhão de acordo com a densidade e a largura do tecido. o anteparo. Apenas as hastes que encontram um orifício nesse cartão podem cruzá-lo e se apoiar no
J Tábua das arcadas Pode ser composta de diversos pedaços de fibra perfurada ou uma chapa perfurada e anteparo. As demais, não podendo atravessar o cartão, são por ele retidas, o que faz com que as suas
esmaltada. molas se contraiam, mantendo os ganchos correspondentes inutilizados.
K Liço É responsável por movimentar os fios para a formação da cala. d) O quarto passo (4) consiste no movimento da barra superior, que oscila e ocupa uma posição situa-
L Peso Possui a finalidade de fazer o conjunto (liço, arcada e gancho) descer. da imediatamente abaixo dos ganchos da extremidade superior das hastes verticais, apenas conse-
Quadro 10 - Partes componentes da maquineta jacquard guindo enganchar nas hastes situadas em frente aos orifícios do cartão, uma vez que os ganchos das
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
demais hastes não puderam retornar à posição original e permanecerem inutilizados, fora do alcance
da barra superior.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
252 253

Tear de jacquard Tear de jacquard TIPO DE MAQUINETA CARACTERÍSTICAS


(3) (4) Caracterizada por apresentar apenas um conjunto de facas, isto é, apenas uma grifa.
De simples levante
São aplicadas em teares manuais, em tecidos estreitos e leves ou de gramatura média.
Caracterizada por apresentar dois ganchos, acionados por uma única agulha, a qual
comanda um único coletor. Para o comando dos ganchos são dispostas duas grifas
De duplo levante
que se movem alternadamente, ficando uma encarregada das tramas pares, e a outra,
das ímpares. São aplicadas a teares com o intuito de aumentar sua velocidade.
Caracterizada por apresentar dois ganchos comandados por agulhas diferentes. O
De duplo levante com dois

Matheus Lucas
número total de agulhas é dividido em duas partes: a primeira para um cilindro, e a
cilindros
segunda, para outro cilindro.
Figura 102 - Passos (3) e (4) de movimentação da maquineta jacquard Caracterizada por possuir um sistema de leitura que emprega papéis sem fim, leves e
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
curtos, no lugar dos numerosos cartões que formam o desenho. Esse papel é tão re-
sistente como o cartão convencional, e foi desenvolvido um dispositivo especial para
Verdol
e) O quinto (5) e último passo do processo de jacquard consiste em mover para cima a barra superior, reduzir a pressão das agulhas nele. Esse dispositivo evita que o papel atue diretamente
levando com ela as hastes verticais situadas em frente aos orifícios do cartão, as únicas que foram nela sobre as agulhas que acionam os ganchos. Esse mecanismo também elimina o tempo
enganchadas. Isso levanta os fios correspondentes e abre espaço para que uma lançadeira mecânica gasto com a costura e aumenta a velocidade dos teares.
introduza um novo fio da trama entre eles, e os fios permanecem baixos. Caracterizada por apresentar um sistema de leitura especial, no qual o papel sem fim
foi substituído por eletroímãs governados por Eproms (ou disquetes). As principais
Eletrônica
vantagens em relação às outras maquinetas são a segurança no funcionamento de
Tear de jacquard altas rotações, flexibilidade em copiar, transformar e armazenas desenhos.
(5)
Quadro 11 - Classificação das maquinetas jacquard
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

6.4 INSERÇÃO DA TRAMA

Após a formação da cala por meio dos quadros de liços, a inserção de trama pode ser feita por diversos
tipos de mecanismos, pois essa ação consiste basicamente em inserir perpendicularmente o fio de trama
Matheus Lucas

entre os fios de urdume no tear.


Figura 103 - Passo (5) de movimentação da maquineta jacquard A trama pode ser inserida por meio dos sistemas de sólidos em voo livre, por sistemas de sólidos con-
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
duzidos ou ainda por sistemas de múltiplas calas que envolvem os teares que são alimentados por dois
rolos de urdume.
De acordo com Senai (2015), as maquinetas jacquard são basicamente classificadas em grupos.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
254 255

7
7

14
14 11
11
16 13 5
16 13 5 4
12 12 4
15 15
66 33
17 17
10 10
18 18 MM

9 9
2 1
8 2 1
19 8
19

Davi Leon
Diego Fernandes
Figura 105 - Princípios básicos dos teares
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 104 - Inserção da trama


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Onde:
1. Rolo de urdume: responsável por dispor os fios de urdume de forma paralela;
a) Sistema de sólido em voo livre: a partir desse sistema, os teares possuem mecanismos automatiza-
dos que identificam falhas no processo e sinalizam essa ocorrência. O sistema de desenrolamento, 2. Desenrolador de urdume: responsável por acionar e regular o desenrolamento em função da ten-
abertura de cala, inserção de trama, batida do pente e enrolamento do tecido estão trabalhando em são de trabalho desejada;
conjunto por meio de um sistema mecânico/eletrônico. No caso da inserção da trama por sólido em 3. Rolo auxiliar: responsável por manter constante a inclinação dos fios sobre o rolo guia-fios e os
voo livre, pode-se citar como exemplo os teares de lançadeiras, de pinças e de projétil. parâmetros de medida de tensão;
b) Sistema de sólidos conduzidos: nesse caso, o fio de trama é guiado por pinças ao longo de sua trajetó- 4. Guia-fios: responsável por alterar a direção dos fios;
ria. Pode-se citar como exemplo os teares de piças unilaterais e de pinças bilaterais com transferência.
5. Guarda-urdume: responsável por interromper o funcionamento da máquina em caso de ruptura
c) Sistemas de fluido: são teares que inserem a trama por meio de um fluído, como os teares de jata de dos fios de urdume;
água, jato de ar e multijatos de ar.
6. Motor e comando geral: dispositivo responsável por ser a fonte primária de movimento;
d) Sistema de múltiplas calas: são teares que possuem em sua estrutura a possibilidade de trabalhar
7. Quadros de liços: responsável por posicionar os fios de urdume, formando a cala;
com duas ou mais calas durante o processo de tecimento, como o tear bifásico, que trabalha com dois
rolos de urdume simultaneamente, podendo produzir duas larguras diferentes de tecido. 8. Dispositivo de formação de cala: responsável por acionar os quadros segundo informações for-
necidas pelo DPC (sequência de movimentos dos quadros ou liços ao longo das tramas da base);
9. Batente: responsável por movimentar o pente para bater a trama;
6.5 CLASSIFICAÇÃO DOS TEARES 10. Comando de batida: dispositivo responsável pelo acionamento do batente;

Em função dos avanços tecnológicos e da necessidade do aumento de produção e da qualidade dos 11. Sistema de inserção: responsável por acionar o mecanismo (ou vetor) portador de trama;
tecidos produzidos pelos teares, alguns mecanismos do tear foram evoluindo para serem mais eficientes e 12. Pente: responsável por determinar a largura e a densidade do urdume e também é responsável por
produtivos. Assim, no mercado há diversos tipos de teares com níveis de produção diferentes, com carac- bater a trama;
terísticas próprias para atender a um determinado tipo de tecido. Um dos mecanismos que se diferencia
13. Vetor portador de trama: responsável por inserir a trama na cala;
entre os teares é a forma de inserir a trama para construir os tecidos. Os teares podem ser classificados pelos
sistemas de inserção de trama, por exemplo por meio de lançadeiras, de pinças, de jato de ar, entre outros. 14. Para-tramas: responsável por interromper o funcionamento da máquina em caso de ruptura de
trama;
Segundo Bruno (1992), os teares mantêm alguns princípios inalterados, conforme você poderá identi-
ficar na imagem a seguir. 15. Tempereiros: responsável por impedir a retração lateral do tecido na região de sua formação.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
256 257

16. Antepeito: responsável por desviar o tecido para o sistema de enrolamento; b) do longo tempo de passagem da lançadeira pela cala. Esse longo tempo de trânsito da lançadeira é in-
fluenciado por seu comprimento.
17. Rolo de tomada: responsável por tracionar o tecido para o enrolamento;
Os teares de lançadeiras aos poucos foram sendo substituídos por teares com diferentes sistemas de
18. Regulador de densidade de trama: responsável por permitir regular o comprimento enrolado por
inserção de trama, que proporcionam agilidade, segurança e maior produtividade. As lançadeiras em fun-
ciclo, de acordo com o número de tramas por unidade de comprimento desejado;
ção da sua estrutura física, tamanho e peso, são lentas, contudo eliminam o processo de preparação de
19. Rolo de tecido: responsável por armazenar o tecido produzido. tramas para o tear por serem alimentadas pelas espulas. Também havia o risco de esses projéteis saírem do
Ao iniciar os estudos sobre os teares, observe que alguns princípios são comuns a todos, sendo algumas seu trajeto e pularem para fora do tear, podendo atingir outras máquinas e pessoas na linha de produção,
partes diferenciadas, como a forma de inserção de trama. Veja esses assuntos nos itens a seguir. gerando acidentes e consequentemente influenciando nas paradas de máquinas e na produção.
Com a evolução tecnológica nos sistemas de inserção de trama nos teares, os teares de lançadeira são
mais utilizados para a construção de tecidos artesanais, permanecendo poucos na linha de produção da
6.5.1 TEAR DE LANÇADEIRA tecelagem plana.

A inserção de trama por lançadeira é o sistema mais antigo na tecelagem. Foi usado por muitos anos,
começando pelo tear de lançadeira manual até os mecânicos. Esse sistema consiste em inserir a trama por
6.5.2 TEAR DE PROJÉTIL
meio de um projétil, alocando no seu interior uma espula com o fio de trama.
A lançadeira é um vetor portador de um determinado comprimento de trama em seu interior, podendo Esse modelo de tear foi desenvolvido pela empresa suíça Sulzer, por volta de 1953, e seu lançamento
ser constituído de madeira ou de plástico, sendo enrolado em um suporte, normalmente denominado de no mercado foi um grande avanço tecnológico, pois se tratava de um conceito revolucionário na indústria
espula. A lançadeira possui um movimento de vaivém no tear para que a trama seja depositada dentro da têxtil, dado que faziam o trabalho das lançadeiras convencionais (SUZIGAN, 2001; SENAI, 2015).
cala. Esse movimento apresenta sua origem em um excêntrico que movimenta e impulsiona a lançadeira O tear de projétil insere a trama por um mecanismo bem menor que a lançadeira, que é chamado de
pela cala. projétil.

Pente
Lançadeira Remate

Cala
Mesa batente

Quadro de liço
Paulo Cordeiro

Matheus Lucas
Figura 106 - Tear de lançadeira
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 107 - Inserção da trama na cala através de um projétil


As dimensões da lançadeira, como comprimento, largura e altura, auxiliam na determinação: a) do lon- Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

go tempo de abertura e fechamento da cala, provendo uma cala limpa para a inserção da trama por meio
da lançadeira. Existe uma correlação entre o tempo de formação da cala e a largura e a altura da lançadeira;
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
258 259

A E
E Lisa (suave)
5 5
1
2 Com ranhuras

B F 1
6
2

C G Com ranhuras em
4
forma de malha
1 Com revestimento
3 2
3 7 7 de fricção

D 4 8 Legenda
3 2 1. Projétil 5. Garra

Paulo Cordeiro
2. Dador da trama 6. Tesoura
3. Compensador de tensão 7. Introdutor de trama

Paulo Cordeiro
4. Freio da trama 8. Freio do projétil
Figura 108 - Sequência do processo de inserção da trama por projétil (inserir em A)
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Figura 110 - Superfícies das pinças
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Os projéteis possuem tipos e dimensões diversas. Eles podem ser feitos de aço ou compostos de carbo-
no com diferentes variações.

Matheus Lucas
Figura 111 - Mecanismo de projeção/inserção do projétil na cala
Davi Leon

Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 109 - Tipos de projéteis


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
O percurso do projétil por meio da cala é ajudado por alguns guias metálicos, que durante o movi-
mento de batida do pente recuam, se posicionando abaixo dos fios de urdume oferecendo espaço para a
No interior do tear de projétil, há uma pequena pinça que prende a ponta da trama. As superfícies das batida do pente.
pinças podem ser lisas ou com ranhuras, para adaptação dos vários fios existentes.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
260 261

Matheus Lucas

Davi Leon
Figura 112 - Guias metálicos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) Figura 113 - Tear de pinça

Esse recuo do pente foi uma revolução tecnológica nos teares. Por meio do uso dos camos/excêntricos, De acordo com Andrade, Correa e Silva (2001), as pinças podem ser de dois tipos:
foi possível o pente permanecer parado durante o percurso do projétil ao inserir a trama, diferente dos
teares de lançadeiras, cujo pente estava em movimento constante.
TIPO DESCRIÇÃO
A inserção de trama por meio de projéteis funciona da seguinte forma: o projeto é colocado em um Presas por suportes rígidos que possuem um movimento retilíneo de entrada e saída da cala, onde a trama é
mecanismo que realiza seu disparo, em seguida, o entregador de trama acopla o fio no projétil, fixando-o introduzida por uma espécie de agulha, ocupando assim um espaço lateral significativo, pois não podem ter
pelas pinças, depois o projétil é lançado para inserir a trama na cala. O projétil é ambarado na outra extre- Rígidas a direção de seu movimento alterada. A grande vantagem das pinças rígidas em relação às flexíveis é que o
midade enquanto um tensor segura o fio para que as lâminas nas laterais do tecido cortem o fio, o pente suporte e o movimento ao longo do processo de pinçagem ocorrem sem qualquer contato com a trama, o
encoste a trama e as agulhas nas laterais insiram suas pontas nas ourelas. que é importante, especialmente quando são utilizados fios mais delicados.
Presas por duas cintas flexíveis, uma em cada lado da máquina, que ficam armazenadas durante o recuo em
O mecanismo de inserção de trama por meio de projétil trouxe um aumento de produção no tear, con- Flexíveis
guias curvilíneas, permitindo assim economia de espaço lateral na máquina.
tudo essa velocidade na produção do tecido depende do tipo de fios, das suas características físicas (pilling,
Quadro 12 - Tipos de pinças
neps, pontos finos e grossos, entre outros) e de sua qualidade. A parametrização da linha de produção Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
dos teares depende muito do planejamento e alinhamento da equipe técnica, que deve estar atenta aos
catálogos das máquinas, às limitações de cada máquina, às condições ambientais e à capacidade técnica
das equipes envolvidas em cada processo da linha de produção. Pelos catálogos dos teares, é possível TEAR DE PINÇA UNILATERAL
caracterizar os tipos de fios ideais para alimentar o urdume e a trama, os limites de produção do tear e
suas condições ideais de funcionamento, assim como as manutenções preventivas e preditivas dos teares, Nesse tear, utiliza-se uma pinça única, de corpo rígido, que é utilizada para inserção da trama. Essa pinça
apoiando o planejamento e a gestão da produção. é inserida vazia na cala por um lado, pinça a ponta da trama no lado oposto e a insere ao longo da cala
durante seu retorno à posição inicial, onde uma tesoura corta a trama rente à ourela.

Acumulador
6.5.3 TEAR DE PINÇAS Tear de fios
Pinça rígida 1
No tear de pinças, a trama é inserida na cala por um mecanismo de pinças que guiará o fio de trama de Suprimento
uma extremidade a outra no tear.

Davi Leon
O desenvolvedor dessa técnica foi Johann Gabler (1922) ao instalar um dispositivo
CURIOSI pinçador em um tear com lançadeira para fibras de algodão. Já em 1939, o francês
DADES Raymond Dewas apresentou um dispositivo pinçador cuja transferência era feita Figura 114 - Tear de pinça unilateral
tomando-se a ponta do fio, inserindo-o por toda a cala. Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Esses teares tecem tramas grossas, irregulares ou com fios fantasias, sendo assim, são recomendados
para tecidos cuja velocidade de produção não é importante, pois a velocidade de inserção é reduzida, já
que a pinça realiza metade de seu trajeto vazia.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
262 263

As pinças rígidas possuem o corpo rígido, já as flexíveis possuem corpo flexível.

Davi Leon
TEAR DE PINÇA BILATERAL
Figura 116 - Pinçagem negativa
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Nesse tear, utilizam-se duas pinças para a inserção da trama.
Uma pinça, denominada de entregadora, insere o fio de trama até o centro da máquina e transfere a
trama para uma segunda pinça, denominada de receptora, que finaliza o processo. PINÇAGEM POSITIVA

São sistemas compostos de pinças, nas quais as ações de pinçar e de despinçar o fio de trama são provo-
cados por movimentos de outros elementos que acionam as pinças positivamente. Qualquer movimento
das pinças provocado por elementos externos faz com que elas recebam a denominação de pinça positiva.
A inserção e a transferência da trama utiliza o princípio de Dewas, em que estas são realizadas pela
extremidade da trama. A pinça entregadora carrega a ponta do fio de trama até o centro da máquina e a
transfere para a pinça receptora, que carrega o fio ao longo da cala até o lado oposto.

Davi Leon

Figura 115 - Esquema de transferência do fio em tear de pinça bilateral


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Segundo Bruno (1992), os sistemas de pinçagem dos fios podem ser divididos em:

Matheus Lucas
PINÇAGEM NEGATIVA
Figura 117 - Pinçagem positiva
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Corresponde às máquinas dotadas de pinças negativas, em que cada pinça é composta de duas lâmi-
nas, pressionadas entre si elasticamente. Quando um fio de trama se posiciona em frente à linha de movi-
Pode-se citar como exemplo de teares de pinça o R9000 da ITEMA e o P1 da Dornier. Ao acessar os ca-
mento da pinça, esta, ao avançar, fará com que o fio penetre entre as lâminas e fique retido entre elas. A
tálogos dessas máquinas, pode-se observar que ambos possuem alta tecnologia envolvida no controle de
transferência do fio de trama, no centro da cala, também se faz negativamente.
inserção de trama por meio de sistemas eletrônicos e automatizados que controlam o funcionamento de
A inserção e a transferência da trama utilizam o princípio de Gabler, em que estas são feitas por meio de cada tear, sendo possível sua parametrização por meio de controles eletrônicos.
uma dobra da trama. A pinça entregadora carrega o fio de trama em forma de U até o centro da máquina e
Eles também têm uma abordagem sobre os mecanismos responsáveis pelo funcionamento do tear que
a transfere para a pinça receptora, que estende o fio ao longo da cala até o lado oposto.
incluem os sistemas de alimentação de trama, formação de ourelas, ruptura dos fios, entre outros. Além
disso, é possível calcular a produção com os dados descritos nos catálogos, como: a velocidade e capacida-
de de produção dos teares pelo número de quadros de liços, densidade de fios, quantidade de tipo de fios
de tramas a serem inseridos, entre outros fatores.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
264 265

}
Tais informações também visam apoiar a equipe técnica no planejamento da manutenção preventiva e Bocal com
preditiva dos teares, em conjunto com a equipe de manutenção. vários furos 3 - 6 bar
(43,5 - 87 psi)

6.5.4 TEAR JATO DE AR

A ideia de inserir a trama por meio de um jato de ar foi dada em 1924 por Brooks, nos Estados Unidos. E
}} 6 bar
(87 psi)
3 bar
em 1945, o tcheco W. Svaty obteve a primeira patente de um tubo principal que inseria o fio de trama na (43,5psi)
cala e onde este era abastecido com ar comprimido por uma câmara que controlava a alimentação de ar
por um disco de regulagem (SENAI, 2015).
A partir de 1960, os desenvolvimentos ocorreram nos setores das máquinas com tubos pneumáticos,

Davi Leon
principalmente se modificando, aperfeiçoando e otimizando os princípios de inserção e seus elementos.
Figura 118 - Modelos jatos de ar
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Os tubos sopradores que produzem jato de ar para a inserção da trama, os jatos As principais vantagens dos teares a jato de ar são: alta produtividade, alta taxa de inserção de trama,
CURIOSI auxiliares que conservam o fluxo de ar e os tubos sugadores que estiram o fio de
DADES trama inserido fazem parte dos novos desenvolvimentos tecnológicos do tear jato baixo ruído, níveis baixos de vibração, entre outros. Pode-se citar como exemplos de teares a jato de ar os
de ar (ANDRADE; CORREA; SILVA, 2001; SENAI, 2015).
teares Dornier A1 e o Tsudakoma ZAX Master9200i. Assim como nos temais teares, a consulta aos catálo-
gos das máquinas é importante para o planejamento e gestão da linha de produção na tecelagem. É por
meio dessas publicações que os fabricantes dos teares informam dados técnicos, como dimensões dos
As máquinas de jato de ar possuem um bico de inserção chamado de jato principal, junto de uma das teares, os sistemas de desenrolamento do urdume e enrolamento do tecido, velocidade de inserção de
ourelas. A trama é posicionada no eixo principal do bico, onde será envolta por um sopro de ar que a obri- trama, entre outras informações.
ga a sair por um orifício e atravessar a cala pelo interior do condutor. Esse tear deve ser isento de partículas
de poeira, óleo, umidade e estar em temperatura ambiente, utilizando-se para isso secadores e filtros. Com
a finalidade de aumentar a largura de inserção, pequenos jatos auxiliares sopram o ar de forma ordenada
6.5.5 TEAR JATO DE ÁGUA
e transportam a trama ao longo da cala.
No processo de tecimento por teares jato de ar, a climatização da tecelagem é mais exigida do que nas Os teares de jato de água inserem os fios de trama na cala por meio de um sistema de jato de água
demais tecnologias, pois caso não exista sua eficácia, poderá ser severamente prejudicada (BRUNO, 1992). pressurizado. O primeiro tear surgiu em 1955 com as pesquisas de Vladimir Svaty no Instituto de Pesquisas
para Tecnologia têxtil da Czechoslovakia.
Por causa da elevada taxa de inserção, os teares jato de ar são utilizados para fabricação de tecidos
econômicos, cobrindo uma ampla variedade de estilos. E, atualmente, existem muitos modelos de jatos Os teares a jato de água também possuem as mesmas funções básicas dos demais teares. O princípio
auxiliares, que podem apresentar um só orifício de saída do ar ou outros com um conjunto de pequenos da inserção de trama por jato de água é semelhante ao sistema de inserção de trama por jato de ar, pois
orifícios, dispostos de maneira circular. ambos os sistemas utilizam um tipo de fluído para inserir a trama.
Pode-se citar como exemplo de tear a jato de água os teares da Tsudakoma ZW Professional 8100 e
Toyota LWT710. Assim como nos demais teares, recomenda-se sempre a consulta aos catálogos de má-
quinas. Nesse caso, em que se insere a trama por outro fluido (água), são necessários alguns cuidados para
que não haja um deterioramento precoce das peças que compõe os sistemas desse tear, como o enferru-
jamento das peças, além do cuidado com as características químicas e físicas da água, como a viscosidade,
que influencia diretamente na tensão a que o fio é submetido ao ser inserido na cala.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
266 267

O tear a jato de água, assim como o tear a jato de ar, tem características muito relevantes para a produ- Quando o fio de trama é inserido pela cala, ele a acomoda longe da posição final, onde se inicia a forma-
ção – geralmente são teares que inserem as tramas mais rápidas, ou seja, maior produção por tear, produ- ção do tecido no tear. Isso ocorre porque o mecanismo de inserção de trama não é capaz de inseri-la fisica-
zindo um mínimo de ruído e de vibração e possuem alta tecnologia em seus sistemas, consequentemente mente no ângulo correto da abertura da cala e, para tal, existe o movimento final, conhecido por arremate,
proporcionando maior controle de produção. feito pela mesa batente com a ajuda do pente.

6.5.6 TEARES DE MÚLTIPLAS CALAS 6.6.1 DISPOSITIVOS DA MESA BATENTE

Os teares de múltiplas calas diferenciam-se dos demais teares por trabalhar com mais de uma cala si- Segundo Bruno (1992), existem dois dispositivos responsáveis pelo movimento da mesa batente, que
multaneamente na construção do tecido plano, ou seja, consegue inserir mais de uma trama na formação serão descritos a seguir.
do tecido.
Contudo, ao agilizar a produtividade inserindo mais de uma trama simultaneamente, essa ação exige
do tear uma independência dos mecanismos de formação de cala e batida do pente. BIELA-MANIVELA
Essa característica específica dos teares de múltiplas calas pode ser aplicada em diversos tipos de teares Assim como nos automóveis, os teares também possuem um eixo manivela que é movimentado pelos
planos, como o tear circular para a construção de saco e tecidos técnicos com polipropileno. pistões por meio das bielas. A diferença é que no tear o eixo recebe o movimento de um motor para que as
Pode-se citar como exemplo o tear da SulzerTextil M8300 Multi-Linear Shed Weaving Machine, que manivelas desse eixo deem movimento à mesa batente, que é responsável pelo encostamento das tramas
insere até 4 tramas simultaneamente com jatos de ar. uma ao lado da outra.
Esse tipo de mecanismo é utilizado em teares de lançadeira e em alguns tipos de teares sem lançadeira.
Esse dispositivo permite a transformação do movimento circular da manivela em um movimento alterna-
6.6 BATIDA DO PENTE (OU REMATE) do, transmitido ao pente por meio da mesa batente.

É o movimento do pente do tear para aproximar a trama inserida e formar o tecido. O pente é um equi-
pamento com várias laminas paralelas por onde os fios de urdume passam. O movimento do pente move Urdume
a trama para o tecido, e essa ação é também conhecida como remate.
Lançadeira

Pente

Manivela
Tramas
Biela

Paulo Cordeiro
Diego Fernandes

Figura 120 - Biela-manivela


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 119 - Batida do pente (ou remate)


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
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CAMOS Remate cala cruzada

O mecanismo de camos é o mais utilizado por teares com sistemas de inserção de trama sem lançadeira.
Eles são empregados para transmirtir força, transformando movimento rotativo em movimento oscilatório
ou de vaivém.
Cala fechada
Urdume Utilizada para fios de fibras curtas
Guia do projétil

Paulo Cordeiro
Pente

Quadro 13 - Sincronismo de abertura da cala e arremate do pente


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
Camo

Pode ser utilizada em alguns teares de felpa. Os teares possuem mecanismos especiais que permitem
Tramas diferentes posições de batida do pente para a formação da felpa.

Paulo Cordeiro
Figura 121 - Camos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Davi Leon
Figura 122 - Formação da felpa
6.6.2 SINCRONISMO NA MESA BATENTE Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Existe uma interação de sincronismo entre a abertura da cala e o arremate do pente, definida pelo tipo
de fio e tecido a ser fabricado. Normalmente, a batida do pente é realizada de duas formas.
6.7 MECANISMOS DE ENROLAMENTO

ABERTURA DA CALA REPRESENTAÇÃO O enrolador é responsável por puxar e enrolar o tecido formado no tear e garante a densidade de trama
pretendida.
Remate cala aberta
Se o enrolamento acontecer muito rápido, tem-se um tecido muito aberto e pouco denso. Se o enro-
lamento acontecer muito devagar, tem-se um tecido muito fechado e denso. Assim como os desenrola-
dores, os mecanismos de enrolamento podem ser mecânicos, em que a velocidade de enrolamento do
tecido é modificada, alterando-se um conjunto de engrenagens ou eletrônicos, em que a velocidade de
Cala aberta
enrolamento do tecido é modificada automaticamente por um motor. Ainda existe outra classificação, que
Utilizada para filamentos contínuos
será descrita a seguir.
Paulo Cordeiro
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
270 271

6.7.1 ENROLADOR DIRETO


Tecido
Nesse tipo de enrolador, o tecido formado é, ao mesmo tempo, puxado e enrolado diretamente por um
núcleo, chamado de rolo de tecido e tomador. Esse sistema de alimentação é utilizado principalmente em
teares que não são automáticos e na fabricação de tecidos leves.

Tecido Rolo tomador

Paulo Cordeiro
Rolo de tecido
Figura 124 - Enrolador indireto
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

O tecido formado também pode ser enrolado por um dispositivo fora do tear. Nesse caso, são utilizados
rolos extras para garantir o sincronismo no acionamento e o tensionamento do enrolamento. Esse sistema
Paulo Cordeiro

Rolo de
tecido e tomador é muito utilizado em tecidos com grandes metragens.

Figura 123 - Enrolador direto


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

6.8 ELEMENTOS DE MÁQUINA DO TEAR

6.7.2 ENROLADOR INDIRETO Segundo Bruno (1992) e Senai (2015), os elementos de máquina são divididos em:

Nesse tipo de enrolador, o tecido formado é puxado por rolos intermediários, chamados tomadores, e
enrolado em um núcleo, conhecido por rolo de tecido. Esse sistema de alimentação é utilizado, principal-
6.8.1 CARRETEL DE URDUME
mente, em teares automáticos e na fabricação de tecidos pesados.
É a embalagem onde ficam enrolados os fios de urdume utilizados durante o tecimento no tear.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
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Davi Leon

JJ Lima
Figura 125 - Carretel de urdume Figura 126 - Regulador de densidade de urdume
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

O carretel é composto de duas partes: A qualidade e a flexibilidade do aço devem aumentar com a densidade do pente (lâminas/cm ou puas/
a) tubo: geralmente é de aço ou alumínio, possui estrutura oca e uma espessura que varia de 4,5 mm a cm). Essa qualidade está atrelada ao tipo de tecido e sua largura no pente. Por exemplo, artigos com con-
10 mm. A maioria dos tubos possui roscas nas laterais para fixar os flanges, criando perfurações con- trações de trama superiores a 7% podem desgastar as lâminas próximas à ourela. Também deve-se levar
tidas no corpo do tubo. em consideração o sistema de inserção da trama.

b) flanges: podem ser constituídos de ferro fundido (tubos sem rosca) ou alumínio (tubos roscados) e A seção transversal e espessura das lâminas do pente são fatores que limitam a densidade máxima que
devem ter as paredes internas polidas para evitar a ruptura dos fios de urdume. Possuem dimensões os pentes podem desempenhar em determinadas larguras. Atualmente, recomenda-se para teares de alta
que variam de 400 mm a 1.000 mm, com nervuras para aumentar a resistência à pressão, sem aumen- velocidade, espaço de pua por volta de 60% da capacidade do pente, restando 40% para as lâminas (rela-
tar a massa. ção 60/40).

6.8.2 REGULADOR DE DENSIDADE DE URDUME (PENTE) 6.8.3 SISTEMA PRÉ-ALIMENTADOR DE TRAMA

O regulador de densidade de urdume (pente) é o componente responsável por definir a densidade de Tem função de retirar o fio da bobina de trama de forma constante e com velocidade reduzida, para
fios de urdume no tecido, além de arrematar a trama à posição final após sua inserção. Os aspectos relacio- entregá-lo ao mecanismo de inserção de trama. Portanto, o objetivo do pré-alimentador é o de proporcio-
nados à geometria e acabamento da superfície das lâminas dos pentes são de fundamental importância nar um desenrolamento constante da bobina de trama, apesar do ciclo descontínuo de funcionamento da
para um bom rendimento do tear. inserção de trama.
A escolha do pré-alimentador mais adequado é definida baseada no tipo de fio, no seu título e no tipo
de tear que será utilizado.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
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JJ Lima
Figura 128 - Tempereiro

Istock/philberndt
Como função secundária, o tempereiro também transporta indiretamente o tecido, e a escolha pelo tipo
Figura 127 - Pré-alimentador de trama a ser utilizado é determinada pela estrutura do tecido e pelo tipo de fibra ou filamento têxtil. Os tempereiros
possuem agulhas de vários comprimentos, estabelecidos por cores e de acordo com o artigo a ser produzido.

Existem diversos sistemas de pré-alimentadores atualmente. Os mais conhecidos são os seguintes siste-
mas: cilindro giratório, cilindro fixo e guia-fio rotativo, medidor incorporado e jet de ar.

Rapier temple cylinder 32 Pcs

6.8.4 APRESENTADOR DE TRAMA


Rapier temple cylinder 32 Pcs
É o dispositivo responsável por entregar o fio de trama ao mecanismo de inserção, onde é possível mis-
turar fios e cores diferentes. Os apresentadores de trama podem ser acionados por sistemas mecânicos,
Rapier temple cylinder 26 Pcs
pneumáticos ou eletrônicos e, atualmente, variam de 2 a 16 posições de trabalho.

Rapier temple cylinder 29 Pcs

6.8.5 TEMPEREIRO
Temple cylinder for silk 4 Pcs
Possui a função de estender a largura do tecido nas proximidades das ourelas, evitando uma maior
abrasão dos fios de urdume com as puas laterais do pente. Essa abrasão ocorre por causa da contração da
Temple cylinder for silk 2 Pcs
trama após o arremate do pente. Ainda existe o risco de ocorrer uma queda da qualidade do tecido, devido
à ação do tempereiro sobre ele.

Davi Leon
Temple cylinder for silk 2 Pcs
Figura 129 - Tipos de agulhas do tempereiro
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
276 277

6.8.6 SISTEMA DE PARADA DO URDUME (OU GUARDA-URDUME)

O guarda-urdume possui a função de parar o tear no momento em que um fio de urdume se rompe,
evitando algum defeito no tecido. Pode ser mecânico, elétrico ou ambos.

JJ Lima
Groz-beckert
Figura 131 - Lamelas
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Figura 130 - Guarda-urdume


Fonte: Groz-beckert (s.d.)
Para o guarda-urdume funcionar corretamente, é necessário que as lamelas possuam massa adequada
e distribuição ideal pelo trilho.
Por meio de lâminas metálicas apoiadas nos fios (uma lâmina para cada fio), um sistema mecânico ou
eletromecânico aciona a parada do tear quando ocorrer a ruptura dos fios de urdume, acionado pela que-
da da lâmina, também denominada de lamela. As lamelas podem ser abertas quando colocadas sobre os
6.8.7 SISTEMA DE PARADA DA TRAMA (OU GARFO PARA-TRAMAS)
fios após a remeteção ou nos fios sobre o tear ou fechadas, quando permite a distribuição de sua massa por
uma superfície maior, o que implica numa redução de espessura (maior densidade possível de lamelas). É um dispositivo que aciona a parada da máquina sempre que houver ruptura ou falta de trama durante um
ciclo. Esse mecanismo pode estar localizado nas seguintes posições: entre a bobina de trama e o pré-alimenta-
dor; entre o pré-alimentador e o tecido ou junto da ourela oposta à inserção da trama.
Os mecanismos de parada por trama podem ser classificados, de acordo com o elemento de detecção,
apalpador ou sensor, em dois grupos:
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
278 279

a) Mecânicos: os sistemas de garfo são constituídos essencialmente por alguns arames apalpadores, MÁQUINA DE EMENDA OU DE ATAR
formando um garfo que se encosta ao fio de trama cada vez que ocorre o arremate ou após a inserção
da trama. No caso de ausência de fio de trama, ou caso o fio se encontre solto, os sistemas de garfo Tem como objetivo emendar os fios de um rolo de urdume novo às pontas dos fios que estão terminan-
ativarão o mecanismo de freio da máquina de tecer. do ou quando eles romperem. Esse tipo de equipamento permite uma alta qualidade e adaptabilidade de
emenda, o que reduz o tempo de paradas e, dependendo do tipo de equipamento utilizado, poderá ser
mais grossa ou mais fina.
O movimento da mesa
batente provoca o Garfo Pode-se citar como exemplo de máquina de atar a Stäubli TOPMATIC e MAGMA, que, acopladas a cava-
contato da trama com o Mesa letes de preparação, atam os fios de urdume, reduzindo o tempo de parada de máquina.
Lançadeira
garfo batente
Haste de Ao longo desta unidade curricular, você estudou a construção do tecido plano, seus acessórios, ins-
comando trumentos e máquinas que compõe uma tecelagem. Também pôde ver a importância de conhecer suas
Martelo características para montar uma linha de produção adequada ao tecido que desejar produzir. Você viu que
Excêntrico os catálogos de máquinas, os procedimentos técnicos e a sinergia entre as equipes da linha de produção,
Leva de parada manutenção e laboratório devem estar sempre alinhadas aos índices de produção, qualidade e custo, que
de máquina estão diretamente relacionados ao planejamento e gestão da produção.
Movimento da

Davi Leon
mesa batente
Figura 132 - Garfo para-tramas mecânicos
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)
6.9 CLASSIFICAÇÃO DE QUALIDADE

b) Elétricos: são constituídos de sensores com respostas rápidas que provocam a parada do tear quan- A Associação Brasileira Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no
do a trama se rompe ou não foi completamente inserida. Os sistemas elétricos de detecção de quebra Brasil, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Para a classificação da
da trama são divididos em quatro grupos: fotoelétricos11, piezoelétricos12, triboelétricos13 e de alta qualidade dos tecidos planos, geralmente utilizam-se duas normas da ABNT. São elas:
frequência14.

ABNT NBR 13378: Tecidos plano – defeitos – terminologia


Essa norma define os termos empregados na denominação dos defeitos dos tecidos planos, isto é, tem-se
a descrição de diversos tipos de defeitos nos tecidos planos, sejam defeitos que surgem devido às fibras, aos
fios, ao tecimento ou ainda nos processos de beneficiamento.

ABNT NBR 13484: Tecidos planos – método de classificação baseado em inspeção por pontuação
de defeitos
Essa norma define a forma de pontuar os defeitos e sugere o limite de até 35 pontos por 100 m² para
que o tecido seja classificado como de primeira qualidade. Porém, dependendo da aplicação, esse limite
pode ser acordado entre as partes envolvidas (tecelagem e estamparia, por exemplo).
Os defeitos são classificados por pontos de penalidade de 1, 2, 3 e 4, de acordo com seu grau de impor-
JJ Lima

tância e tamanho.
Figura 133 - Detector de ruptura de trama
Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

11 Converte energia luminosa em energia elétrica.


12 É a capacidade que alguns cristais possuem de gerar corrente elétrica em resposta a uma pressão mecânica exercida sobre
eles mesmos.
13 Eletrificação por fricção.
14 Utiliza uma bobina que gera um campo eletromagnético de alta frequência.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
280 281

PENALIZAÇÃO TAMANHO DO DEFEITO IDENTIFICAÇÃO NA OURELA


Folha inspeção de qualidade diária Obs:
1 ponto Menor que 7,5 cm Não
Tipo de artigo: Metragem: Largura: Revisor: Data:
2 pontos Entre 7,6 e 15 cm Não
Turno: 1° 2° 3°
3 pontos Entre 15,1 e 23 cm Não
4 pontos Acima de 23,1 cm Opcional do fornecedor
4x
3x
Quadro 14 - Pontuação de penalidade dos defeitos. 2x
Fonte: SENAI/CETIQT (2016) 1x
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Total

Classificação
Os tecidos planos, no mínimo, além da marcação ou retirada dos defeitos, devem ser testados quanto à
sua gramatura (ISO 3801/1), sua alteração dimensional (NBR 10320), seu esgarçamento (NBR 9925), sua re-
sistência à tração (NBR 11912), etc., com o intuito de auxiliar os clientes e identificar melhorias no processo.
BR Baixa resistência FI Falha de Impressão ON Onduloado (Corrente)
B Barramento FE Falha na Estampa OD Ourela Defeituosa
A revisão de tecidos planos é feita em uma máquina de revisão ou revisadeira ou tribunal de revisão, B E Base errada FT Falha na Trama P Pilling
cujo objetivo é identificar e classificar as possíveis irregularidades localizadas ou não em toda a extensão C Corte FU Falha no Urdume PC Pingo Corante
DCO Degrade centro-Ourela FC Fio Contaminado PB Ponto Branco
do tecido, e por menor que seja essa irregularidade, deve ser identificada e marcada antes da embalagem DIF Degrade Inicio-Fim FP Fio Puxado Q Quebra
e imediatamente informada ao cliente ou mesmo removida caso necessário. DES Desalinhamento de Estampa FR Fio Rompido QB Quebradura
DA Desenho Torto Arco FV Fio Virando R Rasgo
DD Desenho Torto Diagonal FM Fundo Migrado RE Replicado
DB Dif. Brilho F Furos RI Risco
DTP Dif. Tonalidade – Peças FA Furos de Agulha S Sujo
DTA Dif. Tonalidade – Amostra LV Lavado sem vaporizar TD Toque diferente
EM Enpelotamento do Fio MC Mancha Corante VL Variação de largura
ER Erro de Arquivo MO Mancha de óleo O Outros
ES Esgarçado MV Mancha de vaporização

Davi Leon
EA Estampado no Avesso M Moiré

Figura 135 - Ficha de revisão


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

6.10 PRINCIPAIS DEFEITOS EM TECELAGEM

Atualmente, o mercado é altamente competitivo, e as indústrias têxteis estão sujeitas a exigências cada
vez maiores para melhorar a qualidade de seus tecidos, oferecendo produtos certificados e sem defeitos.
A qualidade é o critério decisivo pelo qual a indústria têxtil é medida tanto no mercado nacional como no
internacional (LUNA, 1984).
A seguir serão mostrados os principais defeitos existentes em tecidos planos, com o nome do defeito,
uma breve descrição sobre ele e um critério de severidade dividido em grave ou tolerável, estabelecido
JJ Lima

Figura 134 - Máquina de revisão conforme a intensidade, localização e frequência.


Fonte: SENAI/CETIQT (2016)

Essa marcação de defeitos pode ser feita utilizando etiquetas, lacres ou linhas inseridas na ourela do 6.10.1 ESGARÇAMENTO
tecido e também deve ser pontuada em uma ficha de revisão com a metragem e tipo de defeito, pois per-
mitem definir se o tecido onde se localiza o defeito será cortado, eliminado ou se será apenas pontuado, já Tecido esgarçado ou deformado no sentido da trama ou do urdume. Esse tipo de defeito é mais fre-
que pode não ser significativo. Esse procedimento de marcação de defeitos não desclassifica o tecido, mas quente em artigos de gramatura mais leve (abaixo de 135 g/m2). Constituído de fibras de algodão, viscose
atende às normas internacionais e às normas da ABNT. ou seda e, ocorre devido à fricção do tecido ou tensão durante os processos produtivos, sendo considera-
do um defeito grave.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
282 283

6.10.2 QUEBRA NO PADRÃO DE COR 6.11 CÁLCULOS DE PRODUÇÃO DE TECELAGEM

Tecido xadrez em que ocorre uma quebra no padrão de cor devido a um erro de sequência no momen- Visando apoiar o controle e planejamento da produção dos tecidos planos nos teares, você vai estudar
to da inserção da trama. É considerado um defeito grave. alguns métodos para calcular a produção. Tais cálculos visam estimar a capacidade de produção de cada
tear em função das características dos tecidos, além de quantificar insumos como trama e urdume.
Com esses valores encontrados, é possível desenvolver índices de controles produtivos, calcular a efi-
6.10.3 FIO PARTIDO (OU ARREBENTADO) ciência de cada máquina e da produção. Também é possível controlar o tempo necessário para produzir
cada tipo de tecido, a quantidade de insumos para cada artigo e a quantidade de máquinas necessárias.
É uma falha no entrelaçamento causada pela ruptura de um fio de urdume. É considerado um defeito
tolerável, dependendo se este se localiza próximo à ourela (tolerável) ou não e se está ao longo de todo Lembre-se de que o sistema de inserção de tramas está conectado aos mecanismos de camos ou biela
comprimento ou não. manivela, que movimentam os quadros de liços promovendo a abertura da cala, onde todos estão ligados
a um eixo principal que representa a velocidade de funcionamento do tear.
Assim, pode-se considerar que uma rotação por minuto (rpm) do eixo principal equivale a uma trama
6.10.4 PONTAS DE FIO inserida. Ou seja, pode-se considerar que, para cada rpm, uma trama é inserida. Para calcular a produção
de um tear, é necessário saber sua velocidade (rpm) e a quantidade de tramas inseridas por minuto. Veja
Pontas de fio em excesso, devido à utilização de uma máquina de emendar (ou atar) fios de urdume a fórmula abaixo:
rompidos durante o processo de tecelagem. É considerado um defeito tolerável, dependendo da frequên-
cia e extensão.
Velocidade do tear em rpm × 60

Tatiana Daou
Prod m/h =  
tramas/cm
6.10.5 OURELA DEFEITUOSA

Quebra na estrutura básica da ourela devido aos esforços provocados durante o processo de tecimento.
Contudo, dependendo das características do tear e da sua capacidade produtiva, das condições am-
É um defeito tolerável, dependendo da extensão.
bientais e da qualidade dos fios de trama e urdume, podem ocorrer a parada dos teares por ruptura de fios
ou troca de urdume e descarregamento do tecido pronto, assim, também deve-se levar em consideração
sua eficiência por meio da fórmula abaixo.
6.10.6 FUROS

Furos ou buracos localizados próximos à ourela ou no meio do tecido. Normalmente, quando a origem
rpm ´60 ´eficiência

Tatiana Daou
é mecânica, os buracos ocorrem de maneira regular e com continuidade. Já os derivados de matéria-prima Prod. m / h (  1 tear) =
surgem de modo irregular. Muitas vezes, o surgimento de buracos pode se dar no acabamento, devido à tramas / cm ´ 100
presença de ferro nas fibras de algodão caso não seja utilizado um produto adequado. É um defeito tolerá-
vel, caso não sejam provocados danos em todo o comprimento do tecido e seja próximo à ourela.
Para estimar a produção diária do tear, basta multiplicar a produção de m/h de um tear pelas horas tra-
balhadas no dia ou no mês. Assim, pode-se calcular a produção de um tear diariamente ou mensalmente. E
a produção total pode ser calculada multiplicando a produção do tear pelo número de teares que possuem
6.10.7 TECIDO SUJO
a mesma capacidade de produção. É comum uma tecelagem ter mais de um tipo de tear, ou teares com
Pontos nos tecidos que aparentam sujidades, como óleo, graxas, etc., devido ao processo de tecimento o mesmo sistema de inserção de trama, mas de fabricantes diferentes. Nesse caso, a equipe técnica deve
ou durante manuseio e armazenamento. É um defeito considerado tolerável, porém, quando aparece fre- estar atenta às características de cada tear, por meio das orientações de cada fabricante e dos catálogos de
quentemente em um ou mais fios de urdume, é considerado grave. máquinas, além de fazer os mesmos cálculos utilizando os valores correspondentes de cada tear.
TECELAGEM - VOLUME 2 6 TECELAGEM
284 285

Pela análise da produção por hora, a diferença pode não ser significativa. Assim, resolveu calcular a
Prod. mensal (1 tear ) = prod. m/h ´ h/dia ´ dias/mês

Tatiana Daou
produção por dia, considerando a jornada de trabalho de 8 horas e mensal de 160 horas:
Prod. mensal (tecelagem) = Prod. mensal  (1 tear ) ´  tear mensal 

A Prod.m/d = 9 x 8 = 72 m por dia


B Prod. m/d = 8,94 x 8 = 71,52 m por dia
6.11.1 CONSUMO DE TRAMA A Prod m/mês = 9 x 160 = 1440

Assim como você pode calcular a produção de um tear, também pode calcular o consumo de trama B Prod m/mês = 8,94 x 160 =1430,4
para produção de um tecido. Com a estimativa do consumo de um tear para uma determinada metragem
de tecido, é feita a solicitação de compras de fios para a trama. Geralmente esse cálculo envolve a largura Assim, com a análise dos resultados, percebeu-se que na produção mensal entre os teares A e B,
do tecido e velocidade de inserção de trama do tear. Veja a fórmula abaixo: passa-se a ter uma diferença de aproximadamente 10 metros para produção de 1 tear. Se você es-
timar que a empresa tenha 25 teares, a produção entre os teares A e B passa a ter uma diferença
de aproximadamente 250 metros/mês. Ou seja, os teares A têm uma produção de tecido maior em
Consumo de trama (m/min) = rpm ´ largura do tecido em pente (m) relação ao tecido B, e essa diferença se torna significativa quanto maior for o tempo de produção.

Tatiana
Daou
Para estimar o consumo de trama diariamente ou mensalmente, deve-se calcular o consumo em uma
hora e multiplicar pelas horas trabalhadas no dia ou no mês. Não se pode esquecer da eficiência do tear.

RECAPITULANDO

Consumo de trama (m/min) = rpm ´ largura do tecido (m) × 60 × eficiência 

Tatiana
Daou
Você viu neste material que o ato de tecer é muito antigo, e foi relatado um breve histórico sobre
o desenvolvimento das principais tecnologias dos teares.
E para o consumo total de tramas na produção, deve-se utilizar o mesmo raciocínio da produção de A seguir você estudou os equipamentos e mecanismo de funcionamento de um tear, que é cons-
teares, ou seja, deve-se multiplicar pelo número de teares que tenham a mesma velocidade e largura do tituído pelos seguintes processos: desenrolamento dos fios de urdume, abertura da cala, inserção
tecido no pente. Tais informações são encontradas nos catálogos de cada máquina. da trama, batida do pente e enrolamento do tecido acabado. Também viu os principais defeitos
de tecidos planos, sejam defeitos que surgem devido às fibras, aos fios ou ao próprio tecimento.
Por último, você estudou os principais cálculos de produção: produção total, consumo de trama e
gramatura do tecido.
CASOS E RELATOS
Conclui-se que, para planejar e gerenciar uma tecelagem, é necessário ter diversos conhecimentos
técnicos para que se possa produzir um tecido plano – desde a seleção da matéria-prima, como os
fios de urdume e trama, à atenção aos auxiliares, como as gomas e tensores, a formação adequada
Uma empresa de tecelagem está realizando estudos para atualizar alguns teares da sua linha de
das embalagens que alimentam a urdideira, engomadeira e os teares. Também estudou os diver-
produção e solicitou ao técnico têxtil a avaliação de dois teares de marcas diferentes com o mesmo
sos mecanismos de inserção de trama nos teares, a importância dos controles de parada do tear
mecanismo de inserção de trama em relação a sua produção. O tear A tem velocidade de 750 rpm,
por meio da ruptura dos fios e alguns cálculos de produção. Também foi discutida a importância
e o tear B, 745 rpm. Com isso pretendeu-se verificar a produção por hora de cada tear para fazer um
do acesso e consulta ao catálogo de cada equipamento ao planejar a produção e de seguir os
tecido com densidade de 50 tramas/cm. O técnico usou os cálculos de produção e identificou que:
procedimentos-padrão para contribuir com os bons índices de produção, qualidade e custo.

A Prod. m/h = (750 rpm x 60) / (50 x 100) = 9


B Prod. m/h = (745 rpm x 60) / (50 x 100) = 8,94
REFERÊNCIAS
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TSUDAKOMA. Zax Master 9200i: Air Jet Loom. Disponível em: <http://www.tsudakoma.co.jp/ Pós-graduanda em gestão de negócios pelo IBMEC, mestre em engenharia de produção pela
textile/english/product/1000.html>. Acesso em: 21 out. 2016. PUC-Rio, graduada em estatística pela Uerj e em engenharia industrial têxtil pela Faculdade Se-
______. ZW Professional 8100: Water Jet Loom. Disponível em: <http://www.tsudakoma.co.jp/ nai CETIQT. Atuo com foco principalmente nas seguintes áreas: planejamento de experimentos,
textile/english/product/2000.html>. Acesso em: 21 out. 2016. controle estatístico de processo (CEP), controle estatístico da qualidade (CEQ), modelos lineares
generalizados (MLG), modelos de previsão, análise espacial e de clusters em diversos segmentos
UDALE, J. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda. Porto
de serviços e industriais. Também atuou como professora nos cursos superiores de engenharia
Alegre: Bookman, 2015.
têxtil oferecidos pelo Senai CETIQT, produção, pela PUC-Rio, e estatística, pela Uerj, além de ter
VIEIRA, O. F. Controle de qualidade na indústria de fiação e tecelagem. Rio de Janeiro: Senai- sido tutora em curso de EAD sobre tecelagem e professora na pós-graduação em design de es-
CETIQT, 1988. 287 p. tampas e em design de moda pelo Senai CETIQT.
VILLACA, N.; CASTILHO, K. Plugados na moda. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006. 168 p.
WEBTEX. Pallet para transporte e armazenagem de fio. 2010. Disponível em: <https://webtex. MARCELO EITI BANJA
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ZELTNER, V. Hairiness test with the Uster tester 3. Application Manual. Zellweger: Uster, 1989. 1 v. nheiro industrial têxtil (Senai CETIQT – 1999/2003). Foi coordenador de apoio educacional (SENAI
CETIQT – 2012/2013). Tem experiências com orientação educacional e pedagógica. conhecimen-
ZWEIGLE. The Lead that Comes from Research: Catalogue 91. Zellweger: Uster, 1991. to sobre metodologia Senai de educação profissional. Atua como docente nos cursos técnicos do
SENAI CETIQT desde 2007.
ÍNDICE

B
Balões, 166
Barramento, 201

F
Flanges, 168, 172, 198, 272
Fotoelétricos, 278

G
Gaiola, 151, 152, 158, 163, 168, 173, 177, 178, 181, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192,
194, 195, 196, 197, 199, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 218, 226

M
Mancais, 199

P
Pick-up, 226
Piezoelétricos, 278

R
Regain, 215, 228
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL DO SENAI – SENAI CETIQT

Sérgio Luiz Souza Motta


Diretoria Executiva

Fernando Rotta Rodrigues


Diretoria de Administração e Finanças

Jair Santiago Coelho


Diretoria Técnica em exercício

Rommulo Mendes Carvalho Barreiro


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Aline Borges
Gil Lucidio
Marcelo Banja
Jorge Lima
Elaboração

Marcelo Banja
Revisão técnica

Yana Torres de Magalhães


Gerência de Educação

Maurício Rocha Bastos


Coordenação do Projeto
Paulo Sampaio
Design Educacional

Caio Ramalho
Tikinet Edição Ltda
Revisão Ortográfica e Gramatical

Davi Leon Dias


Diego Fernandes
Fagner Mariano
Jorge Lima
Luiz Meneghel
Paulo Cordeiro
Tatiana Daou Segalin
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

XXX
Comitê Técnico de Avaliação

Tatiana Daou Segalin


Diagramação

Tikinet Edição Ltda


Normalização

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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