na medida em que os transtornos mentais constituem mais
do que epifenômenos comportamentais abrangendo alterações moleculares
estáveis, as invariantes ‘neurobiológicas’ podem não funcionar adequadamente.
Assim, Berrios (2008) exibe que a estabilidade depende de contingências
temporais (conjunturas), indicando que é improvável que classificações
baseadas em genes venham a ser consideradas como classificação de
transtornos mentais, uma vez que elas teriam baixo poder preditivo.
Título original
Fichamento BERRIOS, G. E. Classificações em psiquiatria uma história conceitual.
na medida em que os transtornos mentais constituem mais
do que epifenômenos comportamentais abrangendo alterações moleculares
estáveis, as invariantes ‘neurobiológicas’ podem não funcionar adequadamente.
Assim, Berrios (2008) exibe que a estabilidade depende de contingências
temporais (conjunturas), indicando que é improvável que classificações
baseadas em genes venham a ser consideradas como classificação de
transtornos mentais, uma vez que elas teriam baixo poder preditivo.
na medida em que os transtornos mentais constituem mais
do que epifenômenos comportamentais abrangendo alterações moleculares
estáveis, as invariantes ‘neurobiológicas’ podem não funcionar adequadamente.
Assim, Berrios (2008) exibe que a estabilidade depende de contingências
temporais (conjunturas), indicando que é improvável que classificações
baseadas em genes venham a ser consideradas como classificação de
transtornos mentais, uma vez que elas teriam baixo poder preditivo.
REFERÊNCIA: BERRIOS, G. E. Classificações em psiquiatria: uma história
conceitual. Psiquiatria, História e Arte, v. 35, n. 3, p. 113 – 127, Mar 2008. ISSN 1806-938X. Disponível em: https: //www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 60832008000300005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 08/02/2021.
RESUMO
Berrios (2008) evidencia em seu estudo que as análises históricas sobre
classificações psiquiátricas foram até o presente momento escritas sob um viés preconcebido. Tais análises possuem duas características: a primeira é que a atitude de classificar faz parte do homem, ou seja, é inerente à mente humana; já a segunda, evidencia que os ‘fenômenos’ psiquiátricos são objetos naturais estáveis. O autor apresentou diferentes concepções de categorias ao longo do estudo, desde os séculos XVII a XX, evidenciando características comuns, como o uso social claro para definir e o agrupamento de características equivalentes em cada objeto. Tal síntese das concepções retratou a evolução das classificações psiquiátricas sob o ponto de vista da história conceitual, traçada como uma investigação teórica e empírica dos princípios, das técnicas e dos contextos nos quais os alienistas conduziram sua tarefa classificatória. Ainda sobre isto, declara-se que todas as classificações psiquiátricas são frutos culturais e procura-se responder à questão da possibilidade de os modelos classificatórios oriundos das ciências naturais serem aplicados a construtos humanos (tais como doença mental), por definição baseados em ‘semânticas personalizadas’. Em meados da pesquisa, uma análise do debate francês sobre classificações, ocorrido em 1860-1861 foi narrada e analisada, na qual representou:
“um microcosmo onde todas as questões relevantes envolvendo as
dificuldades conceituais e empíricas da área foram apresentadas. Desruelles et al. viram isso como reflexo do choque entre os tradicionalistas (defensores do conceito de monomania de Esquirol) e os inovadores (aqueles que seguiram Morel)” (DESRUELLES, et al, 1934, p. 648, apud BEIROS, 2008, p. 122). O estudo conclui que a medicina não é uma ação contemplativa, porém uma ação modificadora. Dessa forma, as classificações têm valor apenas na medida em que possam produzir novas informações sobre os objetos classificados. Outro aspecto importante é que, caso as classificações não funcionarem bem (ou seja, de se comportarem como meros instrumentos descritivos), não significa que devam ser descartadas. O trabalho conceitual precisa continuar identificando ‘invariantes’, elementos estáveis que ancorem as classificações à ‘natureza’. Éu COMENTÁRIOS
No primeiro momento, a leitura foi densa e desafiadora, no entanto as
discussões realizadas posteriormente com o professor e os colegas de turma proporcionaram uma melhor compreensão. De forma sucinta, foi possível identificar as lacunas existentes na literatura, e por esse motivo, é fundamental realizar um trabalho minucioso antes de apresentar um quadro coerente. Apesar dessa ressalva de que há razões conceituais de peso na origem dos motivos pelos quais as classificações psiquiátricas não estejam funcionando, não há motivo para acreditar que a ação de classificar na psiquiatria seja um trabalho inútil, pois a classificação é uma ferramenta importante no que tange as psicopatologias. Isto posto, na medida em que os transtornos mentais constituem mais do que epifenômenos comportamentais abrangendo alterações moleculares estáveis, as invariantes ‘neurobiológicas’ podem não funcionar adequadamente. Assim, Berrios (2008) exibe que a estabilidade depende de contingências temporais (conjunturas), indicando que é improvável que classificações baseadas em genes venham a ser consideradas como classificação de transtornos mentais, uma vez que elas teriam baixo poder preditivo pela falta de informação sobre os códigos definidores de doença mental. Em contrapartida, as invariantes ‘sociais’ e ‘psicológicas’ têm seus próprios problemas. Percebe-se a importância dessas reflexões para se questionar as classificações e entender os desafios para se realizar um tratamento efetivo no que diz respeito às doenças da mente, uma vez que não se conhece a etiologia das psicopatologias, apenas as categorias agrupadas pelos sintomas. IDEAÇÃO
Ao perceber que a classificação possui um uso social, é possível refletir
os interesses para ditar o que seja doença, principalmente no que tange interesses econômicos. Ou seja, agrupar um conjunto de comportamento e defini-los por doença favorece alguns mercados, como a indústria farmacêutica, medicina e também a própria psicologia. Apesar desse contexto, classificar não se resume apenas a uma questão cientifica, mas se constitui por ser uma ferramenta útil, já que agrupa critérios de organização, descreve os objetos com a finalidade de facilitar a busca em uma base de dados. Tal agrupamento de informações pode corresponder a uma etapa do processo de diagnóstico, uma competência necessária ao profissional de psicologia. As categorias das psicopatologias não são caracterizadas como naturais, desta forma, apresenta-se a necessidade de agrupa-las pelos sintomas, assim, é possível chegar a um tratamento respaldado no diagnostico, o qual é orientado com base nos sintomas. Deste modo, estudar e refletir sobre todos esses pontos evidencia a importância e cautela do trabalho desenvolvido pelo profissional que promove saúde e bem-estar, ressaltando a relevância de uma atuação baseada em evidências, que considere aspectos físicos, mentais e sociais no tratamento de uma psicopatologia, não deixando de considerar uma ação multidisciplinar, conforme estudado na disciplina de Avaliação de Fenômenos e Processos Psicológicos. Para isso, ter uma postura empática, respeitosa e competente são fatores importantes para realizar uma ação assertiva diante dos desafios no cenário das psicopatologias, visando diminuir os sintomas que causam sofrimento e prejuízo social.