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Resumo
O presente trabalho relata um caso de obra, onde houve problema na execução de uma estaca hélice
contínua de um estaqueamento para fundações do caminho de rolamento de máquinas de pátio para
manuseio de minério. Após a concretagem de uma das estacas ocorreu um abatimento de
aproximadamente 4,0 m, resultando na perda da estaca, sem uma explicação rápida e simples, para
o motivo de tal acontecimento. A partir de registros da execução da estaca, de informações sobre o
histórico de construção do local de implantação da obra e investigações geotécnicas disponíveis,
pôde-se realizar uma investigação do motivo que ocasionou o incidente. Foi realizado o
acompanhamento da execução de estaca vizinha à estaca perdida, para avaliar se a patologia
observada seria recorrente. Adicionalmente discutem-se aspectos da interpretação de resultados de
sondagens (tipo SPT) disponíveis na região, bem como observações sobre o monitoramento da
execução das estacas tipo Hélice Contínua. Por fim, são feitas as conclusões sobre o motivo que
ocasionou o incidente e recomendações pertinentes.
Abstract
The present work reports a case where there was a problem in the execution of a Continuous Flight
Auger pile for the piling foundations of the rolling path of yield stackers machines for iron ore handling.
After the concreting of the pile, the concrete level decreased until approximately 4.0 m, from the top of
the pile, resulting in its loss, with no apparent reason. From the records of the execution of the pile,
information about the construction history of the site and available geotechnical investigations, an
investigation of the reason which caused the incident was performed. The follow-up of the execution of
the pile nearby the lost pile was carried out to evaluate if the observed pathology would be recurrent.
In addition, a discussion about the aspects of the interpretation of SPT results available in the region,
as well as observations on the monitoring of the execution of the Continuous Flight Auger pile type,
was made. Finally, the conclusions about the reason for the incident are presented, as well as relevant
recommendations.
d)
Figura 1 – Sequência executiva de estaca hélice contínua: a) introdução do trado helicoidal; b) concretagem; c)
instalação da armadura (Velloso e Lopes, 2010); d) Equipamento para execução das estacas.
Este tipo de estaca tem sido adotado como solução de fundação em diversas obras, sobretudo
pela alta produtividade alcançada na sua execução, ausência de ruídos e vibrações na vizinhança da
obra. Outro aspecto é a possibilidade atual de execução em diâmetros expressivos, que por sua vez
requerem equipamentos de maior potência, possibilitando assim a escavação em solos de elevada
resistência e até em rochas brandas.
Cabe ressaltar que a etapa de concretagem pode se apresentar como uma desvantagem neste
tipo de estaca, já que qualquer atraso no lançamento do concreto no fuste prejudica o seu tempo de
“pega”, e pode comprometer assim a instalação da armadura, que muitas vezes não consegue atingir
a profundidade requerida para esta em projeto para fazer frente às solicitações. Nestes casos a
estaca é desprezada.
O presente artigo relata um caso de obra onde ocorreu um problema na execução de uma
estaca hélice contínua monitorada de um estaqueamento para fundações de um caminho de
rolamento de máquinas de pátio para manuseio de minério. Após a concretagem de uma das estacas
ocorreu um abatimento de aproximadamente 4,0 m, resultando na perda da estaca, sem uma
explicação imediata e simples, para o motivo de tal acontecimento.
A partir de registros da execução da estaca, de informações sobre o histórico de construção do
local de implantação da obra e de dados de investigações geotécnicas disponíveis, pôde-se realizar
uma investigação do motivo que ocasionou o incidente.
3 - DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
Durante a execução de uma das estacas das fundações do caminho de rolamento, cerca de 45
minutos após a concretagem e instalação da armadura, foi observado um abatimento no concreto da
ordem de 4,0 m no fuste da estaca, como pode ser visto na Figura 3a.
a) b)
Figura 3 – a) Estaca “defeituosa” com grande abatimento; b) Estaca adjacente com pequeno abatimento.
8 - CONCLUSÕES
O presente trabalho relata o caso de problema na execução de um tipo destaca de uso corrente
na prática da engenharia de fundações brasileira. O relato parte da investigação das possíveis
causas do problema, buscando dados nas investigações geotécnicas disponíveis, no histórico de
construção da obra, e nas informações oriundas dos registros de monitoramento da execução da
estaca. A partir do acompanhamento da execução de nova estaca em campo, pôde-se confrontar os
dados investigados e confirmar a causa do problema.
Assim, após a execução da estaca adjacente à perdida, e observado o seu tempo de cura, não
foi constatado o abatimento descrito anteriormente. A partir desta confirmação e das constatações
observadas, pôde-se concluir:
a) o abatimento do concreto da estaca perdida foi ocasionado pelo fato de, a certa
profundidade, existirem blocos de rachão, que, ao serem atravessados pela escavação do fuste da
estaca, eventualmente tiveram os seus vazios preenchidos por concreto, que percolou sob efeito do
peso da coluna de concreto sobrejacente;
b) a ocorrência da "camada" de rachão foi evidenciada pelo pico de resistência no boletim de
sondagem SPT disponível e representativa da região onde ocorreu o problema, bem como pela
recuperação de um bloco, quando da execução da estaca vizinha;
c) o abatimento do concreto na estaca defeituosa e a sua percolação por entre os vazios da
camada de rachão, também foi evidenciada pela recuperação de fragmento de argamassa de
concreto, ainda em cura, que foi lançado para a concretagem da estaca perdida;
REFERÊNCIAS
Velloso, D. A. ; Lopes, F. R. (2010). Fundações Volume 2: Fundações Profundas. Rio de
Janeiro-RJ: Oficina de Textos.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar e calcular condições para estabilização do
talude do barramento de uma lagoa pluvial, situada em uma unidade industrial na qual foi
identificado a presença de patologias, em especial na área do vertedor. Por isso, foi necessário a
realização de monitoramento e estudos detalhados para sua adequada determinação e resolução.
Para a avaliação das condicionantes de projeto, além de vistorias de campo foram realizados
ensaios de campo e de laboratório. Os ensaios de campo consistiram em ensaios percussivos e
de permeabilidade. Os ensaios de laboratório foram feitos a partir de uma amostra indeformada,
determinando-se granulometria, limites de liquidez e plasticidade, massa específica real dos grãos
e realizando-se ensaios de cisalhamento direto. A partir das informações obtidas, foram
identificados três tipos de solos no perfil geotécnico, sendo um aterro silto-argiloso na porção
mais superficial, um solo silte argiloso na camada intermediária e um solo silte arenoso logo
abaixo. Com o ensaio de permeabilidade, aliado à bibliografia, foram obtidos os coeficientes de
permabilidade dos solos. De posse dos parâmetros geotécnicos de resistência ao cisalhamento e
permeabilidade, procedeu-se às análises de fluxo e estabilidade global do talude. Na análise de
fluxo, utilizou-se uma ferramenta de cálculo bidimensional, cujo método numérico é baseado em
elementos finitos. Em seguida, foram feitas análises de ruptura do talude quanto à estabilidade
global, segundo métodos de equilíbrio-limite. Na sequência, foram propostas soluções para os
problemas. Para a estabilização dos taludes afetados pelas voçorocas propôs-se a execução de
uma chave granular associada a um sistema de drenagem superficial. Para a remediação do
problema de mau direcionamento do fluxo interno da barragem, são recomendadas as seguintes
alternativas: drenos horizontais profundos, trincheiras drenantes ou colunas justapostas/selo de
bentonita.
ABSTRACT: This work aims to analyze and calculate the conditions for the stabilization of an
earth dam in a pluvial lake placed on an industrial unity where was identified some patologies,
specially in the area close to the spillway. Therefore, it was necessary to oversee and to make
more profound studies to its suitable determination and solution. For the evaluation of the project
conditions, beyond the field inspection, it was done in situ and laboratory tests. The field tests
consisted in Standard Penetration Tests (SPTs) and permeability tests. The laboratory tests were
conducted from an undisturbed sample, ascertaining the particle size distribution, liquid limit and
plasticity index, unit weight of the solid particles and direct shear test. In possession of the
obtained informations, there has been identified three types of soils in the barrier, being a silty
clayey landfill in the upper layer, a silty clayey soil in the middle layer and a silty sandy soil right
below. From the permeability tests, ally to the technical bibliography, there were obtained the
permeability coefficients of the layers. With the geotechnical parameters of mechanical resistance
and permeability, flow and global stability analysis was conducted. In the flow analysis, a
bidimensional tool was used for the calculation, which numeric method is based on the Finite
Elements Method (FEM). After that, failure analysis were realized according to the Limit
Equilibrium Method. Then, solutions to solve the problem were proposed. For the stabilization of
the slope affected by the massive erosion, a free flow drainage system along the dam and a
rockfill at the toe were proposed. For the inner flow problem are recommended some solutions like
deep horizontal drains, drain-trenches or bentonite columns.
GEOSUL 2017 1
1 INTRODUÇÃO 2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
Na Engenharia civil, torna-se cada vez 2.1 Geologia e pedologia
mais imprescindível que sejam realizados
estudos técnicos de estabilidade de A área do empreendimento em questão
localiza-se sobre o Grupo Geológico Rosário
taludes e encostas, aliando teoria e prática
do Sul (Rsc), que é composto pela Formação
na proposição de soluções para um dado Santa Maria e Sanga do Cabral. Trata-se de
problema. uma sequência caracterizada em sentido
Com a crescente ocupação de áreas amplo por interdigitações de siltitos e argilitos
antes não aproveitadas e, vermelhos, maciços; arenitos médios e
consequentemente, com maior grosseiros, rosados, com estratificação
suscetibilidade a ocorrência de processos cruzada acanalada e tabular, e arenitos
instabilizantes de maciços de terra, a avermelhados, finos e médios, quartzosos,
engenharia geotécnica contemporânea é com estratificação cruzada acanalada e lentes
desafiada a propor métodos sustentáveis, de conglomerados intraformacionais (CPRM,
viáveis e seguros de estabilização. Além 2006). Em termos de caracterização
disso, com os recentes acontecimentos pedológica, citando Streck et. Al (2008), na
área do empreendimento observa-se a
envolvendo rupturas de barragens, fica
ocorrência de uma única unidade
evidente o quanto ainda precisa-se
pedogenética denominada argissolo vermelho
avançar a fim de se entender melhor os distrófico arênico (PVd1).
mecanismos de instabilidade e melhorar as
condições de segurança de barragens e, 2.2 Tipologia do talude
por isso, a necessidade de estudos Os taludes que fazem parte da
pautados em ensaios geotécnicos torna-se barragem da lagoa são compostos por um
fundamental. corpo de aterro com provável origem de
Desta forma, no caso de barragens, jazidas próximas ao local, dada sua
ainda há uma grande preocupação no semelhança com o solo natural da região.
tocante ao solo de fundação e ao fluxo Por se tratar de um talude de aterro, a
d’água, a fim de se identificar os pontos geometria se mantém praticamente
críticos quanto às poro-pressões e constante ao longo deste. Há um patamar
gradientes hidráulicos no barramento. intermediário na face externa do
O talude em estudo consiste num barramento, e as inclinações médias são
barramento de uma lagoa em um parque da ordem de 1V:2H, mas nos pontos onde
industrial, onde foram identificados foram identificadas voçorocas e outros
processos erosivos e patologias na face processos erosivos a face externa se
externa do talude, principalmente na região encontra mais verticalizada. Na porção de
próxima ao vertedor da barragem. Uma maior dimensão, o talude a jusante do
ruptura do talude em questão poderia patamar atinge alturas da ordem de 6m,
causar danos econômicos, a vidas enquanto o talude a montante alcança
humanas, e até mesmo ambientais. Por alturas de cerca de 4,5m. A Figura 1
isso, propõe-se a realizar um estudo de apresenta a seção geométrica e a
caso do talude deste barramento, bem estratigrafia do talude.
como do motivo da instabilidade, para,
posteriormente, se propor alternativas de
solução com o intuito de estabilizá-lo
seguindo procedimentos em conformidade
com a norma de estabilidade de taludes,
NBR 11682 (ABNT, 2009).
GEOSUL 2017 2
3 HISTÓRICO E AVALIAÇÃO GEOTÉCNICA envolve um maior grau de complexidade. As
DE CAMPO erosões e voçorocas descritas anteriormente
ocorrem devido à perda de resistência do solo
Logo após a construção do barramento,
que o fluxo de água gera quando não
durante o período de implantação da fábrica,
controlado. Com o aumento do gradiente
foram observados indícios de patologias na
hidráulico, o processo erosivo se agrava
barragem de solo e no vertedor de concreto
progressivamente, percolando
armado. Este barramento foi executado com
regressivamente para o interior do solo.
seção homogênea, sem núcleo de material
Segundo Pinto (2000), este tipo de fenômeno
impermeável e, por isso, a linha freática tende
pode ser chamado de piping, entubamento ou
a se estabelecer ao longo do corpo do aterro.
erosão progressiva, sendo que este tipo de
No caso de a geometria da barragem coincidir
problema é uma das causas mais frequentes
com a superfície do talude de jusante, pode de rupturas em barragens de terra.
ocorrer fluxo em sua face, potencializando a
ocorrência de patologias. O talude vinha sendo Baseado nos problemas supracitados, foi
monitorado há alguns anos, desde o início das traçado um plano de estudo do caso, partindo
patologias, notando-se um aumento dos de investigação de campo e de laboratório.
processos erosivos.
A região próxima ao vertedor é a mais 4 PLANO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
crítica do barramento, apresentando maior
concentração de patologias e processos O plano de investigação preconizou a
erosivos. Em uma vistoria técnica, os taludes determinação das deformações, resistência
superior e inferior apresentaram surgência de mecânica do solo e do fluxo de água no interior
água na face do talude, e o patamar do maciço. Para isso, foram realizados ensaios
intermediário encontrava-se saturado. in situ e de laboratório.
Observou-se também que, em virtude dos 4.1 Standard Penetration Test (SPT)
processos erosivos, estava ocorrendo uma
diminuição deste patamar. Na Figura 2 é Este ensaio percussivo foi utilizado tanto
possível observar a degradação sofrida pelo para medir a resistência do maciço quanto
talude em função de processos erosivos. para amostrar o solo. Os ensaios foram
realizados na crista (três ensaios), no patamar
intermediário (um ensaio) e no pé do talude
(um ensaio), formando dois eixos. Na crista do
talude, onde se utilizou o hollow stem auger
SPT, pôde-se medir o nível d’água, em virtude
de este procedimento não utilizar lavagem.
4.2 Ensaios de permeabilidade in situ
Os ensaios de permeabilidade in situ foram
executados com dois métodos distintos.
O primeiro foi realizado no topo da barragm,
com um furo de diâmetro de 100 mm e
profundidade de 2,20 m, sendo que o trecho
inicial de 1,40 m era revestido. Este ensaio foi
Figura 2. Vista frontal do talude do patamar realizado com carga hidráulica variável e acima
superior. do nível da água observado nas sondagens. O
ensaio consistiu na introdução de um dado
Com base nas observações e visitas volume de água na cavidade, onde foram
técnicas, foram identificadas duas possíveis registradas as variações de nível de água ao
causas instabilizantes no local. A primeira é longo do tempo.
consequência do mau direcionamento de
águas superficiais no local, o que pode ser O segundo ensaio de permeabilidade foi
corrigido com a introdução de um sistema realizado também no topo da barragem e com
adequado de drenagem pluvial. A segunda carga variável, mas com o trecho drenante
causa é relativa ao direcionamento de fluxo de entre a profundidade de 8,50 e 9,00 m.
água no interior da barragem e, por isso,
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4.3 Ensaios de laboratório solo: ângulo de atrito interno (Ø) e intercepto
coesivo (c).
Para a realização dos ensaios de laboratório
foi retirada uma amostra cúbica de solo
indeformado do talude, conforme Figura 3:
5 RESULTADO DE INVESTIGAÇÃO
A seguir, são descritos os resultados dos
ensaios realizados e os parâmetros
geotécnicos encontrados.
5.1 Standard Penetration Test (SPT)
O ensaio apontou um aterro compactado,
composto por solo silto-argiloso com NSPT
entre 4 e 10. Este aterro está assente sobre
um solo de fundação silto-argiloso, com NSPT
variando entre 5 e 14, aumentando conforme a
profundidade. Também foi identificada uma
camada de maior resistência com um solo silte-
arenoso. O aumento da fração de areia foi
Figura 3. Coleta de amostra indeformada do aterro. observado com o aumento do solo natural.
Também foram observados baixos valores de
O local escolhido para a amostragem foi a resistência à penetração no corpo do aterro, o
montante do patamar intermediário, nas que pode indicar problemas na compactação
proximidades do vertedor, onde a ocorrência ou solo pouco competente.
de patologias é mais presente. Com a
amostragem foi possível a realização de Conforme observado em campo, o nível de
ensaios de granulometria, limite de liquidez, água no pé do talude está praticamente na
limite de plasticidade, peso específico real dos cota do terreno e, seguindo-se a jusante do
grãos e cisalhamento direto. seu pé, nota-se que o nível de água alcança
cotas superiores ao nível do terreno.
4.3.1 Análise granulométrica
5.2 Ensaios de permeabilidade in situ
A análise granulométrica foi realizada com
uso de defloculante, de acodo com o Os resultados destes ensaios (EP 1 e EP 2)
procedimento proposto conforme a NBR 7181 podem ser verificados no gráfico da Figura 4, a
(ABNT, 1984). seguir:
GEOSUL 2017 4
aterro. Segundo Massad (2003), o fluxo só é
laminar para solos na faixa granulométrica
entre as argilas e as areias grossas (grãos
com diâmetros iguais ou maiores que 2mm).
Estimados
Silte com base
18 30 17
arenoso nos ensaios
GEOSUL 2017 5
isso, os resultados obtidos se mantiveram vazão não se mostra muito elevada, mas o
dentro da faixa proposta por Pinto (2000) para gradiente hidráulico atinge valores de 0,25 a
materiais siltosos (k variando entre 10-6 até 10- 0,67, sendo que a ocorrência dos maiores
9
), conforme mostrado na Tabela 2. valores se dá próximo ao pé do talude de
Tabela 2: Coeficientes de permeabilidade dos solos.
jusante. Estes valores são superiores ao
gradiente hidráulico crítico, de 0,65 para este
solo. Assim, o talude não resistiria a fatores de
Material Coeficiente de Referência
geotécnico permeabilidade segurança de 1,0, o que explica os processos
(k) de piping ou erosão interna regressiva no
observados, o que poderia acarretar no
(m/s)
rompimento da barragem.
Ensaio de
Aterro silto- 6.2 Análise de estabilidade global
1,25x10-6 Permeabilidade
argiloso
in situ
O principal método de equilíbrio-limite
Ensaio de utilizado neste trabalho foi o Método de
Silte argiloso 3,89x10-7 Permeabilidade Morgenstern & Price (1965). Este método
in situ consiste numa análise de estabilidade de
Silte arenoso 1,00x10-6 Pinto (2000) taludes no qual todas as condições de
equilíbrio (forças e momentos) e de fronteira
(normais e de corte) são satisfeitas, sendo que
6 ANÁLISES NUMÉRICAS a superfície de ruptura poderá tomar qualquer
6.1 Análise de fluxo forma. Este método, também é uma aplicação
do método das fatias, e a obtenção da solução
Nesta etapa, foi utilizada uma ferramenta de
numérica é feita por um complexo processo
cálculo baseada em elementos finitos para
iterativo, em virtude da não linearidade das
análises de redes de fluxo em simulações
expressões, através do método de Newton-
bidimensionais. Na definição das condições de Raphson (Fredlund, 1977).
contorno, considerou-se o talude em sua
condição mais crítica, ou seja, com o nível de Na análise da estabilidade global do talude
água máximo no reservatório e o solo natural a utilizou-se o perfil geotécnico próximo ao
jusante da barragem com o nível de água vertedor, parâmetros geotécnicos obtidos
acompanhando a cota do terreno. Cabe anteriormente e a linha freática encontrada na
ressaltar que o nível de água foi considerado análise de fluxo. Para a análise de estabilidade
estacionário, sem transiente hidráulico. Além global, na condição do reservatório na cota
disso, em função da compactação do aterro, máxima, obteve-se um fator de segurança de
utilizou-se uma relação de anisotropia de 5 1,25, conforme mostrado na Figura 8. Apesar
para a condutividade hidráulica do solo. Cruz de o fator de segurança indicar uma condição
(1998) afirma que esta relação é a mais de segurança, este valor não está em
comumente observada em aterros de conformidade com a norma de estabilidade de
barragens. O resultado da análise, com linhas taludes NBR 11682 (2009), que prevê um fator
de fluxo e gradientes hidráulicos, pode ser de segurança de, pelo menos, 1,3 para um
observado na Figura 7, a seguir: caso desse tipo. Além disso, os processos
erosivos ocasionados pelo piping podem
modificar a geometria do talude, reduzindo
ainda mais o fator de segurança. Por isso,
foram propostas algumas soluções para
aumentar esse fator de segurança e impedir
que ocorram novos processos erosivos.
GEOSUL 2017 6
jusante do reservatório.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi realizado um diagnóstico do problema,
fundamentado em análises técnicas e em
investigações geotécnicas de campo e
laboratório que corroboraram a principal
hipótese do problema, a de mau
direcionamento de fluxo d’água na face do
talude, resultando em processos erosivos
Figura 8. Superfície crítica de ruptura da análise de agravados pelo fenômeno de piping.
estabilidade global da barragem.
Por isso, foram elaboradas soluções a
fim de estabilizar o talude. As soluções
7 SOLUÇÕES PROPOSTAS
contemplam tanto a estabilização das
Para a elaboração das soluções propostas, erosões e voçorocas quanto o
estudaram-se alternativas que apresentassem direcionamento adequado das redes de
viabilidade técnica e econômica, atendendo a fluxo internas ao talude, obtendo-se fatores
condições de segurança e que estivessem em de segurança em consonância com os
conformidade com as normas vigentes.
valores preconizados pela NBR 11682.
7.1 Chave granular e sistema de drenagem
Para a estabilização dos taludes afetados AGRADECIMENTOS
pelas voçorocas, propõe-se a execução de
uma chave granular composta por rachão e um Os autores agradecem a equipe da FGS
filtro de areia ao longo do tardoz. Esta Geotecnia pelo apoio e dedicação no
intervenção consiste basicamente em desenvolvimento deste trabalho.
terraplenagem, execução de um filtro de areia
junto à face da escavação e recomposição do REFERÊNCIAS
talude com rachão travado por uma chave ABGE. Associação Brasileira de Geologia de
granular junto ao pé. Aliado a esta solução, Engenharia. Ensaios de Permeabilidade em
deverá ser executado um sistema de Solos: orientações para sua execução no
drenagem de águas superficiais composto por campo. 3ª. ed., Boletim 04, 1996.
uma canaleta do tipo meia-cana próximo à ABNT. Estabilidade de taludes. NBR 11682. Rio de
Janeiro, 2009.
crista do talude. Esta drenagem deverá ser ABNT. Grãos de solos que passam na peneira de
interligada ao restante do sistema de 4,8mm – Determinação da massa específica.
drenagem, que será abordado a seguir. NBR 6508. Rio de Janeiro, 1984.
7.2 Soluções para redirecionamento do fluxo ABNT. Solo – Determinação do limite de liquidez.
NBR 6459. Rio de Janeiro, 1984.
interno na barragem
ABNT. Solo – Determinação do limite de
A primeira alternativa de solução consiste plasticidade. NBR 7180. Rio de Janeiro, 1984.
na execução de duas linhas de DHPs (drenos ABNT. Solo – Determinação da granulometria. NBR
horizontais profundos), uma junto ao pé e outra 7181. Rio de Janeiro, 1984.
junto ao patamar intermediário do talude. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS – ANBT. NBR 11682: Estabilidade
Outra alternativa consiste em duas de Encostas. Rio de Janeiro, 2009. 33 páginas.
trincheiras drenantes, sendo executadas tanto CPRM (2006). Mapa Geológico do Rio Grande do
no patamar intermediário quanto no pé do Sul. Companhia de Pesquisa.
talude CRUZ, P. T. 100 Barragens Brasileiras: Casos
Históricos, Materiais de Construção e Projeto.
Por último, é proposta uma alternativa de São Paulo: Oficina de Textos, 1996. 647p.
escavação mecanizada de colunas justapostas DNIT, (2006) Manual de drenagem de Rodovias. -
a serem preenchidas com lama bentonítica, 2. Ed, Departamento Nacional de Infra-Estrutura
nata de cimento ou cal. Esta solução, ao de Transportes. Diretoria de Planejamento e
contrário das demais, visa, além de Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e
Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias,
redirecionar o fluxo de água, reduzir a vazão a Rio de Janeiro, 333p.
GEOSUL 2017 7
FREDLUND, DG., KRAHN, J. (1977). Comparison
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MASSAD, F. Obras de Terra Curso Básico de
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São Paulo: Oficina de Textos. 2000.
STRECK, E. V.; KAMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D.;
KLAMT, E.; NASCIMENTO, P. C.; SCHNEIDER,
P.; GIASSON, E.; PINTO, L.F.S. (2008). Solos
do Rio Grande do Sul. 2 ed. – Porto Alegre:
EMATER/RS-ASCAR, 2008. 222p.
TUCCI, C. E. M.; Porto, R. L.; Barros, M. T. (1995)
Drenagem Urbana. Porto Alegre: Editora da
Universidade (UFRGS)/ABRH. 428p.
GEOSUL 2017 8
Resultado de provas de carga realizadas em estacas de pequeno diâmetro,
escavadas com trado mecânico na camada de solo tropical evoluído do
Campo Experimental da UEM
Verônica Ricken Marques¹; Jorge Luis Augusto Almada²; Ewerton Guelssi³; Eduardo Vedovetto
Santos 4; Jeselay Hemetério Cordeiro dos Reis5; Antonio Belincanta6
ABSTRACT: This paper presents the results of two load tests carried out on small diameter piles,
mechanically excavated, without stabilizing fluid, on the surface layer of clay-silt, lateritic and
collapsible soil found in the Universidade Estadual de Maringá campus. The objective of this study
is to evaluate not only the applicability of semi-empirical bearing capacity estimation methods:
Aoki-Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978) and Peixoto-Ranzini (2001), and the empirical
method: Maringá / PR, as well as the influence of the soil moisture in the load capacity of two
excavated piles, without stabilizing fluid, with nominal diameter of 25 cm, length of 8 m, executed
in the Experimental Field of Geotechnics of the Universidade Estadual de Maringá (UEM). In the
analysis, it was considered not only the rupture loads obtained in load tests, carried out with
maintained test load, recommended by the norm NBR 12.131 / 2006, but also those estimated by
the adjustment of mathematical curves. The bearing capacity estimation methods analyzed here
were very conservative compared to the actual values obtained in the load tests, except for the
Empirical - Maringá / PR method, when the soil was moistened.
GEOSUL 2017
1. INTRODUÇÃO
No que diz respeito à geologia, o Campus Sede da Universidade Estadual de Maringá-PR
está assente sobre a Formação Serra Geral que se constitui de rochas vulcânicas básicas do tipo
basalto maciço ou vesicular, de coloração escura, com a presença marcante na sua composição
mineralógica de plagioclásio, piroxênio-augita e magnetita.
A camada de solo superficial, resultante de um intenso processo de intemperismo dessas
rochas basálticas, é constituída de solo argiloso, laterítico, do tipo latossolo vermelho férrico, com
índices de vazios variando de 1,5 a 2,3, porosidade de até 70% e teor de umidade natural
variando basicamente de 29 a 35%. Este solo, conforme resultado de ensaios realizados na
Universidade Estadual de Maringá, é considerado metaestável, com tendência ao colapso quando
do aumento da umidade.
Devido ao fato do solo superficial típico da região de Maringá ser de espessura
considerável, normalmente estável na perfuração e com ausência do lençol freático, a maioria das
fundações das obras de pequeno porte é executada com estacas escavadas com trado mecânico,
do tipo helicoidal, sem fluido estabilizante, com fuste totalmente embutido nesta camada
superficial.
Segundo Décourt (2002), as argilas lateríticas apresentam propriedades de rigidez
superiores às de outras argilas não lateríticas, com valores de NSPT semelhantes. Por si só, esta
característica torna conservadores os métodos tradicionais de dimensionamento de estacas, tais
como: Aoki-Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978) e também Peixoto-Ranzini (2001), quando
da comparação com os resultados obtidos em provas de carga. Este fato se observa nos solos
lateríticos da cidade Maringá-PR, que também se mostram colapsíveis, com o sensível aumento
da deformabilidade e redução da capacidade de carga, quando de umedecimento.
Portanto as fundações de edificações implantadas nestes solos podem se comportar
satisfatoriamente por algum tempo, mas bruscamente podem sofrer um recalque adicional,
quando do aparecimento de uma fonte de água que eleve a umidade do solo. Neste sentido, este
artigo apresenta resultados de provas de carga realizadas em duas estacas escavadas, sem
fluido estabilizante, de pequeno diâmetro, comprimento de 8 m, sendo as duas estacas ensaiadas
com o solo em condições diferenciadas de umidade.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
GEOSUL 2017 2
As duas estacas ensaiadas foram escavadas com trado mecânico do tipo helicoidal, sem
fluido estabilizante, no diâmetro efetivo estimado de 26 cm (diâmetro nominal 25 cm), e
comprimento de fuste de 8 m, denominadas de E203 e E402. Na perfuração destas estacas
permitiu-se o avanço do trado além da cota prevista, ajustando-se posteriormente esta cota com o
lançamento de solo, sem a utilização de qualquer processo de densificação do mesmo e também
pela colocação de uma coluna de isopor de 35cm. A concretagem foi realizada em conformidade
com a norma NBR 6.122/2010, no mesmo dia da perfuração, com concreto de resistência fck 25
MPa, abatimento (slump) 13 cm e módulo de elasticidade estimado de 28.000 MPa.
Tabela 1 - Perfil típico do subsolo, Campo Experimental de Geotecnia da UEM. Fonte: Belincanta (1998)
NSPT TMÁX. (kgf.m) NSPT TMÁX. (kgf.m)
Prof Descrição do Prof Descrição do
Desv Desvio Desv Desv
(m) solo Méd Méd (m) solo Méd Méd
pad Padrão pad Pad
1 1,99 0,29 1,07 0,34 10 Argila siltosa 8,89 2,94 13,61 4,68
2 Argila siltosa 1,98 0,18 1,40 0,32 11 variegada, 10,40 2,13 18,50 4,87
3 marrom 2,79 0,35 1,75 0,27 com
12 11,14 0,94 21,38 1,89
4 avermelhado 3,48 0,64 2,21 0,48 consistência:
13 de média à 13,49 1,58 26,58 3,00
5 consistência: 4,08 0,63 2,48 0,54
de mole à 14 rija. Solo 13,76 1,44 23,83 5,32
6 4,80 0,52 3,13 1,13
média. 15 residual de 13,07 6,90 19,98 10,74
7 4,97 0,78 4,39 0,50 basalto. OBS:
Solo evoluído 6,20 16
8 1,32 5,72 1,38 Nível do lençol 19,54 1,46 22,00 3,46
9 0,82 6,82 1,76 17 freático 15,70m 35,22 4,02 39,00 4,02
Tabela 2 - Valores típicos dos índices físicos e dos parâmetros geotécnicos típicos do solo da camada
superficial. Fonte: Gutierrez e Belincanta (2004)
3
Peso espec. natural 12,5 - 16,5 (kN/m ) Índice de plasticidade 14 – 22%
Peso espec. dos 3 2
29,7 - 30,7 (kN/m ) Tensão pré-adensamento, kN/m NSPT/(0,020 a 0,035)
grãos
Umidade natural 29 – 35% Índice compressão natural 0,500 - 0,750
Grau de saturação 37 – 70% Ângulo atrito interno, efetivo 27 – 32 (graus)
Índice de vazios 1,50 - 2,30 Intercepto de coesão, efetivo 10 – 30 (kN/m2)
Porosidade 60 – 70% Envoltória caract., efetiva 10+σ’tg30º (kN/m2)
-3
Fração argila 52 – 78% Coeficiente de permeabilidade 10 (cm/s)
Fração silte 15 – 38% Peso esp.ap.seco máx. en. nor. 14,0 – 15,5 (kN/m3)
Fração areia 5 – 10% Umidade ótima, energia normal 28 – 34 (%)
Limite de liquidez (LL) 53 – 61% CBR, energia normal 7 – 25 (%)
Limite de plast. (LP) 39 – 45% Expansão, energia normal 0,1 – 0,3 (%)
GEOSUL 2017 3
As estacas E302 e E402 foram ensaiadas com o solo em condições distintas de umidade.
Na Tabela 4, posteriormente apresentada, estão registrados os teores de umidade do solo,
referenciados não só à época de execução de cada uma das estacas, mas também à data da
realização da respectiva prova de carga.
3. RESULTADOS
Os resultados, obtidos nas duas provas de carga do tipo estática com carregamento lento
axial, realizadas nas estacas E203 e E402, são apresentados na Tabela 3 e na forma de curva, na
Figura 2. Nesta mesma figura também estão apresentadas as curvas obtidas pelo programa
TableCurve 2D, monótona e de melhor ajuste para cada estaca. Na Figura 3 são apresentados os
pontos de carga-recalque final de cada estágio de carga, com as respectivas curvas matemáticas
geotécnicas consagradas, ajustadas.
Os resultados obtidos nas duas provas de carga realizadas também estão, na forma de
resumo, na Tabela 4. Sendo registrados, além das características das estacas, também o tipo de
carregamento, o tempo de duração da prova de carga, a umidade média do solo, a carga máxima
de ensaio, o recalque máximo correspondente, as estimativas de capacidade de carga, calculadas
GEOSUL 2017 4
pelos métodos Aoki e Velloso (1975), Décourt e Quaresma (1978), Peixoto-Ranzini
Peixoto (2001),
Empírico – Maringá/PR, a carga de ruptura determinada
determinada pelos métodos de Van der Veen, Chin-
Chin
Kondner, Brinch-Hansen e a carga de ruptura convencional da norma brasileira NBR 6.122/2010.
Tabela 3 - Recalque em função
fu da carga aplicada nas estacas E402 e E203
GEOSUL 2017 5
Figura 3 - Curvas matemáticas ajustadas aos resultados
resultados da prova de carga da estaca E203 e E402
Tabela 4 - Resultado das provas de carga estática, realizadas no Campo Experimental da UEM
Diâmetro efetivo (mm) 260 260 Método Aoki e Velloso 64,3 64,3
Comprimento (m) 8,0 8,0 Décourt-Quaresma
Quaresma 118,2 118,2
(kN)
GEOSUL 2017 6
quando do umedecimento do solo. Em ensaios realizados neste mesmo campo experimental
geotécnico da UEM, para estacas de 6,0m, tem-se encontrado uma redução na capacidade carga
variando de 28,5% a 35,3%, quando do umedecimento artificial do solo, Almada et al (2016).
Tabela 5 - Relação entre a capacidade de carga das estacas E203 (w=36,7%) e E402 (w = 34,1%)
As curvas matemáticas geotécnicas ajustadas do tipo Van der Veen (1953), Van der Veen
modificado por Aoki (1976), Chin-Kondner (1970) e Brinch-Hansen (1963) foram de bom ajuste,
sendo de coeficiente de determinação próximo da unidade (r2 variando de 0,9581 a 0,9995). A
curva ajustada pelo TableCurve 2D se apresentou com o coeficiente de determinação igual a
1,000. Por fim, cumpre lembrar que no ajuste das curvas matemáticas efetuadas neste trabalho,
GEOSUL 2017 7
os pontos de carga-recalque correspondentes aos de carga máxima aplicadas nas provas de
carga, não foram considerados, independente se eram de recalque estabilizado segundo a
NBR12131/2006. Pois as velocidades de recalque eram significativas, conforme os registros
contidos na Tabela 3, respectivamente com valores de 4,50mm/h e 0,92mm/h para as estacas
E402 e E203.
REFERÊNCIAS
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GEOSUL 2017 8
UTILIZAÇÃO DE ENSAIOS DE PLACA PARA ESTIMATIVA DE
RECALQUES DOS SOLOS DA REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE
DO SUL
Felipe Feron Kirchner1; Alexia Cindy Wagner2; Larissa Fernandes Sasso3;; Gabriel Verdi Leal4;
Yuri Fernando Fragoso5; Carlos Alberto Simões Pires Wayhs6
Resumo
O projeto de fundações de edificações demanda entendimento sobre a ocorrência de
recalques no solo, buscando manter seguras às construções quanto ao estado limite de utilização.
Pode-se estimar valores de recalque por meio de prova direta de carga sobre o terreno. Outra
maneira é estimá-los através de modelos de cálculo semi-empíricos, sendo relevante a relação
entre ambos os resultados, constatando quais métodos apresentam valores mais próximos
àqueles obtidos em campo. Sendo assim, foram executados ensaios de placa, de caracterização
do solo e sondagem SPT nas cidades gaúchas de Ijuí, Santa Rosa, Coronel Barros e Palmeira
das Missões, e, a partir de seus resultados foram comparados com os recalques estimados por
nove métodos. Constatou-se que as metodologias de Ruver, Peck e Bazarra e a Teoria da
Elasticidade aproximaram-se dos valores de recalques da fase elástica do solo, enquanto as
metodologias de Ruver Limite Superior, Agnostopoulos et al e Meyerhof (1974) alcançaram
valores próximos aos de ruptura do solo ou recalque de 25 mm.
Abstract
The project of building foundations demands an understanding of the occurrence of soil
settlements, seeking to keep constructions safe as to the limit state of use. It is possible to
estimate settling values by means of direct load test on the ground. Another way is to estimate
them through semi-empirical calculation models, being relevant the relationship between both
results, finding which methods present values closer to those obtained in the field. Thus, plate, soil
characterization and SPT probe tests were performed in the Gaucho cities of Ijuí, Santa Rosa,
Coronel Barros and Palmeira das Missões, and from their results were compared with the
settlements estimated by nine methods. The Ruver, Peck and Bazarra methodologies and
Elasticity Theory approximated the soil elastic phase setlements values, while the Upper Limit
Ruver methodologies, Agnostopoulos et al and Meyerhof (1974) reached values close to of soil
rupture or settlement of 25 mm.
Acadêmicos do curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUÍ1, 2, 3, 4, 5
Eng., Me, UNIJUÍ, 55-99962-9992, carlos.wayhs@unijui.edu.br6
1. INTRODUÇÃO
A engenharia de fundações pode ser definida como a arte de transmitir cargas estruturais ao
terreno, da maneira mais econômica possível, reprimindo deformações excessivas (SIMONS;
MENZIES, 1981). Qualquer obra de engenharia necessita de fundações, sendo um elemento
estrutural essencial ao suporte da edificação. A partir de tal fato, é fundamental conhecer valores
precisos do comportamento do solo em que a obra será executada para um dimensionamento
preciso. Segundo Caputo (1988), é necessário conhecer a influência da água sob ou sobre a
superfície da crosta e a formação geológica local, como premissa para o projeto de qualquer obra
de modo a garantir segurança e economia à mesma.
Tendo como objetivo um bom projeto de fundações, Terzaghi e Peck (1962) indicam que o
passo mais importante é encontrar a tensão máxima suportada pelo solo sem que este sofra
recalques excessivos ou chegue a ruptura. Cintra, Aoki e Albiero (2014) estabelecem que
recalque define-se como o deslocamento vertical da base de uma sapata, tendo como base uma
referência sem deslocamento.
Conforme a NBR 6122/2010 - Projeto e Execução de Fundações, pode-se definir valores de
recalque por meio de métodos semi-empíricos, empíricos e teóricos, bem como a partir de
resultados de provas de carga sobre placa. Entretanto este último não é constantemente
executado, sendo a tensão e recalque estimados com base em sondagens SPT, por ser uma
maneira de investigação geotécnica disponível com mais facilidade (ABNT, 2010).
A partir do interesse no tema, e da parceria de outro projeto do orientador Mestre Carlos
Wayhs com o Doutor Cesar Alberto Ruver, ex-professor da FURG e UFRGS, decidiu-se criar em
final de maio de 2014, o projeto de pesquisa institucional denominado de “Estudo da Capacidade
de Carga e Recalque de Solos Residuais do Noroeste do Rio Grande de Sul”, vinculado ao Grupo
de Pesquisa em Novos Materiais e Tecnologias para a Construção. Como passo seguinte para
consolidação desta empreitada, foram adquiridos no segundo semestre de 2014 os equipamentos
necessários para a execução de ensaios de placa pela UNIJUÍ (Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul). Assim a pesquisa procura estudar o comportamento
dos solos residuais no Noroeste Gaúcho, quanto aos métodos empregados na obtenção da
estimativa de tensão admissível e recalque, comparando-se os valores de campo com os obtidos
através de metodologias de cálculo e serviu de temas do trabalho de conclusão de curso de Bär
(2015) e de Immich (2016).
A partir de tais considerações, o objetivo deste trabalho é apresentar resultados do
comportamento de solos residuais da região noroeste do Rio Grande do Sul em relação ao
recalque. Pretende-se comparar os valores encontrados em diferentes metodologias de cálculo
usuais na engenharia com os obtidos em campo através do ensaio de placas. Assim sendo,
busca-se encontrar uma estimativa confiável de obtenção de valores de recalque para fundações
superficiais, permitindo aos engenheiros de fundações maior conhecimento e segurança ao
desenvolver projetos que envolvam infraestrutura para solos semelhantes aos estudados.
Para caracterizar o solo da região definida já foram realizados oito ensaios de placa nas
cidades do noroeste do Rio Grande do Sul de Coronel Barros, Ijuí, Santa Rosa e Palmeira das
Missões, envolvendo o uso de um conjunto de placas de 48 e 80 cm de diâmetro, além de ensaios
de sondagem de simples reconhecimento com SPT, para possibilitar as estimativas a partir de
métodos semi-empíricos.
2. ENSAIO DE PLACA
O ensaio de placa consiste em um procedimento que utiliza placas de metal onde são
aplicados diferentes carregamentos para a execução de provas de carga de maneira a garantir o
comportamento carga-recalque de um solo destinado a uma futura fundação (RUVER, 2005).
De acordo com a NBR 6489 (1996), depois de nivelar o terreno e instalar o equipamento,
aplica-se carga à placa, considerando que em cada estágio de aplicação deve se acrescentar no
máximo 20% de carga da taxa admissível provável do solo (ABNT, 1996). Durante a execução do
Como o bulbo de tensões da sapata normalmente é maior que o da placa, para se obter os
valores de recalque através da prova de carga em placa, o ensaio deve ser realizado em solos
uniformes e com maior profundidade, (CINTRA, AOKI E ALBIERO, 2003).
O ensaio realizado em Coronel Barros utilizou-se apenas a placa de 48 cm, já nas demais
cidades utilizou-se ambas as placas. Entretanto, somente em Palmeira das Missões ocorreu à
ruptura do solo para a placa de 80 cm com a tensão de 140 kPa. Nas demais cidade o sistema de
reação chegou ao limite antes que ocorresse a ruptura do solo. Para a placa de 48 cm, a tensão
de ruptura atingiu os seguintes valores: Ijuí Campus com 292 kPa; Santa Rosa com 289 kPa; Ijuí
Costa do Sol com 243 kPa; e Coronel Barros com 369 kPa. Sendo assim, neste trabalho foram
analisados os recalques apenas para a placa de 48 cm, com a qual chegou-se ao rompimento em
todos os locais e pela análise do recalque da ruptura na placa de 80 cm não estar finalizada.
3. SPT
O SPT, ou índice de resistência à penetração, é executado por meio de sondagem e
considera cada metro de profundidade alcançada (Associação Brasileira de Geologia e
Engenharia Ambiental - ABGE, 2013). Tal método consiste na cravação de um amostrador de solo
padrão, por meio de golpes de um martelo de massa igual a 65 kg, em queda livre a uma altura de
75 cm, registrando-se quantos golpes são precisos para que o amostrador penetre três vezes 15
cm do solo, ou seja, 45 cm.
De acordo com ABNT (2001), o ensaio SPT busca determinar os tipos de solo em suas
respectivas profundidades de ocorrência, verificar a posição do nível d’água, e obter os índices de
resistência à penetração (Nspt) a cada metro. Ruver (2005) afirma que esse ensaio é um método
de sondagem do subsolo bastante executado atualmente, uma vez que fornece informações
técnicas sobre o tipo de solo, além de ser considerado um ensaio simples, prático e econômico
quando comparado a outros métodos disponíveis.
GEOSUL 2017 - XI Simpósio de Prática de Engenharia Geotécnica da Região Sul
Estima-se que cerca de 85% a 90% das fundações convencionais na América do Sul e do
Norte são realizadas utilizando SPT conforme afirmado por Bowles, 1997). Entretanto os valores
obtidos através do SPT podem sofrer variações. De acordo com Schnaid e Odebrecht (2012), uma
parte considerável dessas variações pode ser compreendida e interpretada pela energia do golpe
do martelo e a composição de haste. Devido a essas perspectivas Ruver e Consoli (2006) utilizam
a média aritmética dos valores NSPT na profundidade de duas vezes a menor dimensão da base
da fundação, corrigindo-se a diferença de energia pela multiplicação de um fator de 1,2, resultado
da razão entre as energias do SPT comuns brasileira (72 %) pela americana (60 %).
Para relacionar o ensaio SPT com o ensaio de placa, o NSPT adotado foi referente
à profundidade de duas vezes a sua menor dimensão, sendo adotado para a placa de 48 cm de
diâmetro uma profundidade de 96 cm.
Os valores de NSPT foram retirados dos relatórios de SPT cedidos pelas empresas
de sondagem que realizaram o ensaio nos locais, próximas em média de 6 m dos ensaios de
placa. Os resultados de NSPT para a aplicação nas metodologias de cálculos semi-empíricas,
foram cedidos por empresas de sondagem que realizaram os ensaios próximos em média de 6 m
dos ensaios de placa. Os valores em número de golpes adotados foram 7, 8, 9, 8 e 6 para Ijuí
Campus, Ijuí Costa do Sol, Coronel Barros, Santa Rosa e Palmeira das Missões respectivamente.
Para a obtenção das estimativas de recalque utilizou-se os métodos citados no item a
seguir.
4. ESTIMATIVA DE RECALQUE
Neste item são citadas as metodologias utilizadas para a estimativa dos valores de
recalques referentes aos solos em estudo. Para a comparação de tais metodologias se fez uso
dos resultados obtidos através dos ensaios de placa referentes à placa de 48 cm, uma vez que
para todos os locais estudados obteve-se a tensão de ruptura para essa placa. Não será exibido
neste artigo as formulações e significado das variáveis por questões de limite de espaçamento,
porém estas poderão ser obtidas em Immich (2016).
Os resultados obtidos para cada metodologia serão apresentados no item seguinte,
considerando que os valores de cargas são referentes aos acréscimos utilizados no ensaio de
placas. Assim, os recalques obtidos para diferentes valores de carga podem ser comparados com
os valores de recalque reais retirados do ensaio de placas. Os métodos utilizados foram: Teoria
da Elasticidade, Schultze e Scherif, Meyerhof (1965 e 1974), D’Appolonia et al, Anagnostopoulos
et al, Ruver (limite inferior, médio e superior), Burland e Burbidge, Terzaghi e Peck (1948 e 1967)
e finalmente Peck e Bazarra.
5. RESULTADOS
Referente aos ensaios de placas, percebe-se que a faixa de tensão admissível para os
solos encontra-se entre 121,46 kPa e 180,25 kPa. Notou-se também que a ruptura do solo foi do
tipo puncionamento em todos os locais estudados, seja, levando em consideração, a ruptura ou o
recalque de 25mm.
Foram comparadas as estimativas dos recalques em relação às metodologias semi-
empíricas e teóricas com os recalques reais obtidos através do ensaio de placas.
Para o solo de Coronel Barros, conforme percebe-se na Figura 5, os métodos do Ruver e a
Teoria da Elasticidade foram os mais próximos na fase elástica do solo, enquanto o limite superior
do método de Ruver foi o que mais se aproximou da determinação do recalque na ruptura do solo,
quando comparados aos valores reais do ensaio de placa.
Para o solo do Campus de Ijuí, conforme apresentado na Figura 6, a Teoria da Elasticidade,
e os métodos do valor médio do Método de Ruver e de Peck e Bazarra foram os mais próximos
aos recalques na fase elástica. Já os métodos do limite superior de Ruver, de Anagnostopoulos et
al e de Meyerhof (1974) se aproximaram mais da estimativa do recalque no momento de ruptura.
Figura 7: Carga x recalque Santa Rosa Figura 8: Carga x recalque Costa do Sol
6. CONCLUSÕES
Com base em análises dos resultados apresentados, percebe-se que para a fase elástica do
comportamento do solo, os métodos do limite inferior e médio de Ruver, de Peck e Bazarra e da
Teoria da Elasticidade apresentam resultados de recalques próximos aos reais na maioria dos
casos, sendo o método do valor médio de Ruver o mais frequente entre todos.
Em relação ao recalque no momento de ruptura ou aos 25 mm, os métodos do limite
superior de Ruver, Agnostopoulos et al e Meyerhof (1974) melhor representam os valores de
recalque, sendo o limite superior de Ruver o mais próximo para os solos de Coronel Barros e
Campus Ijuí. Já para os solos de Santa Rosa, do loteamento Costa do Sol em Ijuí e de Palmeira
das Missões, o método de Meyerhof (1956) teve resultados mais similares.
Assim, pode-se inferir, ao analisar comportamento de solos residuais do noroeste gaúcho,
que os métodos do limite inferior e médio de Ruver, de Peck e Bazarra e da Teoria da Elasticidade
podem ser utilizados para estimativa do recalque na fase elástica, fase em que se encontram
normalmente os solos na carga de trabalho. E na ruptura, os recalques podem ser estimados de
forma satisfatória pelos métodos do limite superior de Ruver, Agnostopoulos et al e Meyerhof
(1974). Salienta-se que sempre que possível deverão ser realizados ensaios de placa e
sondagens SPT para que se tenha uma percepção melhor do comportamento destes solos.
Dessa maneira, almeja-se que os dados apresentados possam melhorar a compreensão do
comportamento dos solos regionais e auxiliar na elaboração de melhores e mais confiáveis
projetos de fundações.
Por fim, a pesquisa pretende ser ampliada estudando solos de outras localidades, visando
fortalecer os resultados obtidos para elaboração de um banco de dados confiável e que
represente os solos do noroeste do Rio Grande do Sul.
Cleber de Freitas Floriano (1); Marco Antonio Grigoletto Conte (2); Luiz Antonio Bressani (3)
RESUMO
Neste trabalho foram estudados dois arenitos pertencentes às formações geológicas Botucatu (Bt)
e Rio do Rasto (RR) envolvidos em processos de instabilização de encostas rochosas na Serra do
Espigão, no estado de Santa Catarina. A adesão nata de cimento-rocha foi avaliada de duas
formas: em laboratório através de ensaios CCBT (Composite Cylinder Bond Test); em campo
através de ensaios de arrancamento de grampos. Foram obtidos valores médios de adesão pelo
método CCBT de 0,38 MPa para o Arenito Bt e 0,37 MPa para o Arenito RR. Estes resultados são
compatíveis com os valores obtidos em campo de 0,39 MPa para o arenito Bt e de 0,40 MPa para
o arenito RR. Assim, o ensaio CCBT pode ser uma alternativa viável para definição do parâmetro
de adesão em etapas iniciais de projeto. À luz da microscopia, é discutida a influência da lavagem
na superfície de corte dos corpos de prova compostos de Arenito Bt e nata de cimento. Nota-se,
preliminarmente, que as condições de aderência da nata e da rocha melhoram em função da
limpeza da superfície de contato. Contudo, a resistência mecânica na interface é afetada por
diversos fatores, como a hidratação da nata de cimento e a friabilidade do contato nata-rocha.
ABSTRACT
In this work, two sandstones belonging to Botucatu (Bt) and Rio do Rasto (RR) geological
formations were studied. They are related to rocky slope instability processes in Serra do Espigão,
Santa Catarina state. The bond strength between grout and rock was evaluated in two ways: at
laboratory through CCBT (Composite Cylinder Bond Test); at field through pullout tests. Were
obtained average adhesion values by the CCBT method of 0,38 MPa for Bt Sandstone and 0,37
MPa for RR Sandstone. These results are compatible with field values of 0,39 MPa for Bt
Sandstone and 0,40 MPa for RR Sandstone. Thus, the CCBT method can be a viable alternative
for defining the adhesion parameter at initial stages of design. The influence of the washing on the
cutting surface of the composite specimens of Bt Sandstone and grout is discussed in the light of
the microscopy. It is noted, preliminarily, that the conditions of adhesion between grout and rock
improve as a function of the cleaning of the contact surface. However, the bond strength at the
interface is affected by several factors, such as the hydration of the cement slurry and the contact
friability.
(1) Professor Assistente da Faculdade de Eng. Civil da PUCRS, Engenheiro Civil, Azambuja Eng. e Geotecnia Ltda,
souza.floriano@gmail.com
(2) Eng. Civil, Mestrando em Engenharia Civil/Geotecnia pela COPPE/UFRJ, marco.conte@hotmail.com
(3) Professor Associado, Departamento de Engenharia Civil, UFRGS, bressani@ufrgs.br
2 – CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 2
Coluna Estratigráfica
Arenito Botucatu (Bt) c/
estratificação marcante
paralela e cruzada
Níveis intermediários de
Pelito e Arenito
3 – MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.Arenito
Amostras com diâmetro médio
Botucatu Arenito de 50mm
Rio do Rastroobtidas através de extrator. O tracejado vermelho indica a
posição do plano de estratificação no arenito Botucatu.
O composite cylinder bond test (CCBT) é um ensaio que determina a tensão de aderência
entre nata e rocha através do cisalhamento de um plano forçado (MACEDO, 1993). Um corpo de
prova composto de nata de cimento e rocha é produzido e, quando submetido à compressão
simples uniaxial, sofre cisalhamento na interface dos dois materiais. Este ensaio simplificado foi
desenvolvido na UFRGS por Macedo (1993).
Os testemunhos rochosos que compõem os corpos de prova compostos são definidos por
dois cortes: um perpendicular (90º) e outro a 30º ou 45º em relação ao eixo de compressão axial.
A interface, portanto, tem uma forma elíptica. Foram seccionadas 88 amostras para formatação
dos corpos de prova. No que tange à nata de cimento, empregou-se cimento Portland Pozolânico
tipo CP IV-32. A relação a/c adotada foi coerente com aquelas normalmente definidas em projetos
executivos, que ficam entre 0,4 a 0,6, com quantidades dosadas em peso.
A moldagem dos corpos de prova compostos ocorre através do despejo cuidadoso da nata sobre
o testemunho rochoso cortado, o qual está inserido em um molde cilíndrico. Durante esta
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 3
operação deve-se evitar a formação de bolhas na nata. Os ensaios foram executados aos 28 dias
de cura, conforme a NBR 7681-4 (ABNT, 2013). Foram moldados 72 corpos de prova, sendo 24
do Arenito RR e 48 do Arenito Bt. A Fig. 4 exibe um conjunto de corpos de prova compostos
sendo confeccionados.
a b c d
Figura 4. Conjunto com 30 moldes metálicos, sendo 24 moldes para a formatação dos corpos de prova do
ensaio CCBT e outros 6 moldes para a verificação da resistência à compressão simples (RCS) da nata de
cimento. A imagem mais a direita mostra o conjunto de corpos de prova prontos para o ensaio.
Os corpos de prova foram levados à câmara úmida e, após três dias de cura dentro do
molde, foram desformados e permaneceram na câmara até o dia da ruptura. A velocidade de
carregamento de todos os corpos de prova compostos e dos corpos de prova de nata de cimento
foi estabelecida como 0,45 MPa/s, conforme a NBR 7681-4 (ABNT, 2013). Todos os ensaios de
resistência à compressão simples indicaram resistência superior a 25 MPa para a nata de
cimento. Na Fig. 5 podem ser vistos exemplos de corpos de prova compostos após a ruptura. As
duas imagens mais à direita exibem corpos de prova cuja ruptura não ocorreu na interface nata-
arenito, e, portanto, são devidamente excluídos dos resultados.
a b c d
Figura 5. (a) Ruptura de um corpo de prova de arenito Bt em corte de 30º. (b) Metade de nata de cimento e
metade de arenito RR após a ruptura de um corpo de prova composto. (c) Ruptura no arenito. (d) Ruptura
no arenito e na nata de cimento.
O ensaio CCBT pode ser interpretado a partir do círculo de Mohr (Fig. 6), onde a tensão
principal maior corresponde à tensão de compressão uniaxial no momento da ruptura (σ1A e σ1B).
O critério de ruptura adotado é o de Mohr-Coulomb (Eq. 1), com parâmetros Sw (adesão) e φ
(ângulo de atrito da junta). No ensaio CCBT as deformações cisalhantes que ocorrem são muito
pequenas, sendo assumido, então, que a parcela de resistência devida ao atrito é inexistente.
Portanto, a resistência ao cisalhamento corresponde apenas à parcela de adesão nata-rocha do
contato. A aderência, derivada dos ensaios CCBT, é obtida quando se resolve o sistema com as
Eq. 2 e 3. A média das tensões de ruptura do conjunto moldado com juntas de 30º é igual a σ1A, e
a média das tensões de ruptura do conjunto moldado com juntas a 45º vale σ1B.
(2)
(3)
a b d
c
NATA DE
CIMENTO
L03 L02A L13
Figura 7. (a) Corpos de prova selecionados para extração de lâminas petrográficas delgadas. (b) Lâminas
dos corpos de prova não submetidos à lavagem. (c) Lâminas dos corpos de prova submetidos à lavagem.
(d) Detalhe de uma lâmina, exibindo as porções com nata de cimento e arenito Bt.
4 – RESULTADOS
Somente os resultados dos corpos de prova compostos cuja superfície de ruptura se deu
na interface nata-rocha foram considerados nos cálculos. Para o Arenito RR a adesão obtida é de
0,37 MPa, e para o Arenito Bt é de 0,38 MPa. Estes valores são muito similares e estão
representados graficamente através de círculos de Mohr na Fig. 8.
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 5
Em relação aos ensaios in-situ, as cargas de arrancamento estimadas para os
chumbadores executados no Arenito Bt foram de 0,37 e 0,41 MPa. Já o chumbador ensaiado no
Arenito RR suportou uma carga de arrancamento de 0,40 MPa. Comparando-se os valores de
tensão última de campo (qs) com os valores do ensaio CCBT (Sw), primeiramente observa-se uma
aproximação muito satisfatória em termos de valores médios. As divergências são de apenas
3,4% para o Arenito Bt e 8,9% para o Arenito RR. Em segundo lugar, os valores de Sw são
sempre inferiores aos valores de qs. A Tab. 1 apresenta um comparativo destes resultados
incluindo os valores obtidos por Macedo (1993).
MPa Circulo de Mohr - Arenito Botucatu
a b
tensão cisalhante
a
41°
tensão cisalhante
37°
Figura 8. (a) Círculos de Mohr para o arenito RR. (b) Círculos de Mohr para o arenito Bt (FLORIANO, 2014).
Observa-se que a penetração do cimento na superfície rochosa é bastante limitada (Fig. 9a).
Nas três lâminas extraídas dos corpos de prova submetidos à lavagem, a migração não atingiu
mais do que três grãos de espessura, ou cerca de 0,5mm. Aparentemente a nata de cimento, no
momento do despejo na superfície de contato com o arenito, tem fluxo impedido por efeito de
tensão superficial, pois a composição cimento e água apresenta viscosidade superior à da água
livre. Assim, a nata de cimento é incapaz de ultrapassar a abertura intergranular do arenito. A
irregularidade (proveniente do corte) na zona de contato é outra feição típica destas lâminas.
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 6
Nota-se que parte da água de hidratação do cimento sofre exsudação na interface rocha-nata.
Este fenômeno é observável em virtude da tonalidade mais escura desta região em relação à
matriz da nata, mais clara (Fig. 9b). A espessura da zona de exsudação junto ao contato varia
entre 0,2 mm e 1,5 mm nas três lâminas.
Observa-se também fissuras de retração na nata de cimento. Sua ocorrência deflagrou-se
mesmo com as amostras sendo curadas em câmera úmida, embora no momento do lançamento
da nata de cimento sobre a superfície, o arenito não se encontra saturado, mas sim, na condição
de umidade natural. No caso da superfície lavada, as fissuras de retração da nata surgem
perpendicularmente ao plano de contato (Fig. 9c). Não se pode afirmar se a origem delas está
associada à consolidação da nata ou se ocorrem em função das tensões absorvidas pelo corpo de
prova no momento do ensaio. Porém é evidente que no instante em que atuarem tensões
cisalhantes devido ao carregamento axial, estas fissuras irão gerar planos de fraqueza.
As fissuras de retração também demarcam uma zona mais escura correspondente à área
de exsudação, pois durante o tempo de cura da nata ocorre passagem livre de fluido por elas,
deixando a nata de cimento super-hidratada. Esse processo é semelhante ao que ocorre ao longo
da superfície de contato com o arenito.
a b ZONA c FISSURA
NÃO-EXSUDADA PERPENDICULAR
ZONA EXSUDADA
ZONA EXSUDADA
ARCABOUÇO
0,5 mm ARENÍTICO
Figura 9. (a) Lâmina 03, luz natural: migração limitada da nata de cimento sobre a superfície rochosa. (b)
Lâmina 06, luz natural: diferença de tonalidade indica a zona de exsudação da nata. (c) Lâmina 03, luz
natural: fissura de retração perpendicular ao contato nata-rocha.
a b
FISSURAS
FISSURA PARALELAS
PARALELA
ZONA EXSUDADA
FISSURA
PERPENDICULAR
Figura 10. (a) Lâmina 13, luz natural: zona de exsudação com menor espessura e fissura paralela ao contato nata-rocha.
(b) Lâmina 04, luz natural: ocorrência de fissuras de retração paralelas junto ao contato nata-rocha em profusão.
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 7
material impregnado (Fig. 10a). Ademais, ocorrem em profusão ao longo da superfície de contato
nata-rocha (Fig. 10b).
Essas fissuras paralelas demarcam tempos de reação de hidratação divergentes, em
função da presença de partículas finas pulverizadas e impregnadas que colmatam os primeiros
poros. A película de material pulverizado restringe as reações de hidratação, formando uma
barreira que retém a migração das partículas de cimento até os primeiros poros (inter e
intragranulares) do arenito. Embora ocorra numa zona exsudada, o contato entre a nata de
cimento e os primeiros grãos areníticos é o que efetiva a ligação nata-rocha.
5 – CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5736: Cimento Portland pozolânico. Rio de
Janeiro, 1991.
_____. NBR 5629: Tirantes ancorados no terreno, 2006.
_____. NBR 7681-4: Calda de cimento para injeção - Determinação da resistência a compressão, 2013.
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à estabilidade dos taludes marginais à rodovia BR-116 – PR/SC – Trecho: Curitiba – Sta. Cecília –
Serra do Espigão – Santa Catarina. 1974. n.f. 96. Relatório final: Instituto de geociências da UFRJ,
Departamento de Geologia de Engenharia, convênio UFRJ – IGEOC/DNER.
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Civil): Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2014.
FLORIANO, C. F.; BRESSANI, L. A.; SAVARIS, A. Estudo da adesão nata-rocha na ancoragem em dois
arenitos da Serra do Espigão. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS E
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MACEDO, M. C. Contribuição ao estudo da capacidade de carga de ancoragens em rochas
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Civil): Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 1993.
PERROTTA, M. M. et al. Folha Curitiba SG-22. In: SCHOBBENHAUS, C.; GONÇALVES, J. H.; SANTOS, J.
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A. de. (Ed). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo. Brasília: CPRM, 2004. Sistema de Informações
Geográficas. Programa Geologia do Brasil.
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Geosul 2017 - XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 8
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE ESTRUTURAS
GEOLÓGICAS ASSOCIADAS À RELEVOS CÁRSTICOS VISANDO A
IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS RODOVIÁRIOS
Cristhyano Cavali da Luz1; Tennison Freire de Souza Júnior2; Durval Nascimento Neto3;
Sidnei Helder Cardoso Teixeira4, Eduardo Ratton5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar técnicas de identificação de estruturas geológicas
associadas aos relevos cársticos, em estudos que tiveram o intuito de avaliar a viabilidade de
implantação e pavimentação da uma rodovia federal. A área de estudo desta pesquisa compreende
um trecho do norte do estado de Minas Gerais, entre os municípios de Manga e Itacarambi, na
diretriz da rodovia federal BR-135/MG (km 88,7 ao km 139,2), no contexto da margem esquerda do
rio São Francisco. A metodologia adotada consistiu em realizar a fotointerpretação do imageamento
do veículo aéreo não tripulado (VANT), levantamento geológico de campo, levantamento geofísico,
analisar os dados emitidos e por fim propor considerações. Baseado nos estudos realizados
concluiu-se que as técnicas de fotointerpretação a partir do imageamento com VANT impactou
positivamente na dinâmica das atividades além de otimizar os levantamentos geológicos e
geofísicos realizados à posteriori. Quanto ao levantamento geofísico, as técnicas e níveis de
precisão adotadas garantiram a qualidade dos resultados obtidos, consequentemente uma melhor
interpretação.
Palavras-chave: rodovias, gravimetria, carste.
ABSTRACT
The present work has as objective to present techniques of identification of geological structures
associated to the karstic reliefs, in studies that had the intention of evaluating the feasibility of
implantation of a federal highway. The study area of this research comprises a section of the northern
state of Minas Gerais, between the municipalities of Manga and Itacarambi, on the federal highway
BR-135 / MG highway (km 88.7 to km 139.2), in the context of Left bank of the São Francisco River.
The methodology used was to perform the photointerpretation of the image of the unmanned aerial
vehicle (UAV), field geological survey, geophysical survey, analyze the data emitted and finally
propose considerations. Based on the studies carried out, it was concluded that the
photointerpretation techniques from the VANT imaging had a positive impact on the dynamics of the
activities besides optimizing the geological and geophysical surveys carried out a posteriori. As for
the geophysical survey, the techniques and precision levels adopted ensured the quality of the
results obtained, consequently a better interpretation.
Keywords: highways, gravimetry, karst.
2. – ÁREA DE ESTUDO
3. – MATERIAL E MÉTODOS
Fotointerpretação Levantamento
Levantamento Análise dos Considerações e
do imageamento geológico de
geofísico resultados Recomendações
com VANT campo
De modo a sanar possíveis problemas oriundos da qualidade espacial das imagens de satélite
disponíveis e da defasagem temporal especificamente para a área de estudo, além de minimizar
distorções angulares que interferem na resolução da imagem utilizou-se um VANT (Figura 3) para
a coleta de fotografias aéreas de alta resolução. No que se refere ao processamento digital das
imagens, seguiu-se a metodologia proposta por Luz e Antunes (2015), com a construção de um
modelo 3D através do software Agisoft PhotoScan, exportando o modelo digital de superfície (MDS)
e a ortofoto, integrando-a com um SIG para a fotointerpretação.
4. – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 5. Exemplo de fotointerpretação com imageamento via VANT e averiguação in loco dos “alvos” de
interesse, situados a distâncias inferiores à 100m do eixo da rodovia.
Figura 7. Exemplo de fotointerpretação com imageamento via VANT e averiguação in loco dos alvos de
interesse, situados a distâncias inferiores à 100m do eixo da rodovia.
5. CONCLUSÕES
O objetivo deste artigo foi apresentar um estudo e sua metodologia para detectar a presença
de estruturas geológicas associadas ao relevo cárstico regional, caracterizado por dolinas e
eventuais cavernas, preenchidas ou não por sedimentos e/ou água, através de mapas de anomalias
gravimétricas e levantamentos geológicos. O estudo realizado teve o objetivo de avaliar a
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Karmann, I. Evolução e dinâmica atual do sistema cárstico do alto vale do rio Ribeira de Iguape,
sudeste do estado de São Paulo. 228 f. Tese de Doutoramento – Instituto de Geociências,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
Ford, D.C.; Williams, P.W. Karst geomorphology and hidrology. United Kingdom: Wiley, 2007.
Godinho, L.P.S; Pereira, R.G.F.A. Caracterização geomorfológica preliminar do sistema cárstico do
rio João Rodrigues, São Desidério – BA. In: Anais do 32º Congresso Brasileiro de Espeleologia
Barreiras-BA, 2013.
Luz, C.C; Antunes, A.F.B. Validação da tecnologia Vant na atualização de cases de dados
cartográficos geológicos – Estudo de Caso: Sistema Cárstico do Rio João Rodrigues. Revista
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Piló, L.B. Geomorfologia cárstica. Revista Brasileira de Geomorfologia. Volume 1, no 1 (2000] 38-
102. Disponível em: http://www.ugb.org.br/home/artigos/RBG_01/Artigo09_ RBG_2000.pdf.
Acessado em: 02/05/2017.
Travassos, L.E.P. Considerações sobre o carste da região de Cordisburgo, Minas Gerais, Brasil.
Belo Horizonte: Tradição Planalto, 2010. 102 p. Disponível em: ISBN 978-85-99361-17-7.
Juliano Augusto Nietiedt1; Diones Uiliam Barboza2, André Luiz Hebmuller3; Rodrigo Tusi Costa4
Abstract: This paper presents a case study of geophysical survey application, concomitantly with
mechanical soil surveys, used for geomechanical profile characterization in an area studied for a
railway tunnel portal implementation, situated in Garopaba, state of Santa Catarina. An appropriate
identification of rock surface and your influence in slope stability analysis, retaining structures
design and materials excavation evaluation are reported. The surveys done by Electrical
Resistance and Refraction Seismic methods, applying the Geoelectrical Imaging and Refraction
Seismic Tomography techniques, respectively, compared with Standard Penetration Test and
Rotary Drilling, have proved to be efficient tools for the decision of the geomechanical model
adopted, providing a better site characterization, as well as more detailed and accurate projects.
1
Eng., Mestrando MSc., MAGNA ENGENHARIA LTDA, (51) 98104.7064, juliano.nietiedt@magnaeng.com.br
2
Téc., Acadêmico Eng., MAGNA ENGENHARIA LTDA, (51) 2104.0389, diones.barboza@magnaeng.com.br
3
Eng., MSc., MAGNA ENGENHARIA LTDA, (51) 2104.0379, andre.hebmuller@magnaeng.com.br
4
Geól., MSc., AFC GEOFÍSICA, (51) 3013.0024, rodrigo@afcgeofisica.com.br
4. PROSPECÇÃO GEOFÍSICA
4.1. O MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE
Este método mede a variação da resistividade elétrica dos solos e rochas em subsuperfície
através dos sinais emitidos e coletados por eletrodos instalados no terreno. A resistividade elétrica
de materiais rochosos depende basicamente de parâmetros como porosidade, saturação,
resistividade da água subterrânea e fração argilosa (COSTA et al, 2014).
A técnica aplicada foi a de Imageamento Elétrico Bidimensional - IE2D, que mede tanto a
variação lateral quanto em profundidade da resistividade elétrica, obtendo grande número de
dados, tornando possível a geração de uma seção 2D da variação de resistividade elétrica
aparente do terreno.
COSTA, R.T. & COSTA, A.F.U. (2015) descrevem que os valores de resistividade aparente
são transformados em resistividades verdadeiras através de softwares de inversão, que permitem
obter modelos em profundidades verdadeiras com maior precisão. Maiores detalhes sobre o
método podem ser encontrados em LOKE, M.H. & BARKER, R.D. (1996).
5. RESULTADOS
Os resultados obtidos com o cruzamento dos métodos consistem basicamente na
caracterização do substrato rochoso, através da determinação das espessuras dos materiais que
compõem as camadas litológicas (solo, rocha muito decomposta, rocha decomposta e rocha
pouco decomposta), com definição do contorno do topo da rocha sã, além da detecção de zonas
de falhas e/ou fraturas. Esses resultados tem impacto direto nas análises de estabilidade e projeto
de contenção.
É importante salientar que somente pelas sondagens mecânicas, entretanto, não seria
possível definir o topo rochoso, devido às grandes incertezas fornecidas por dados pontuais.
Assim, através da combinação de todas as técnicas e sondagens executadas, definiu-se o perfil
geológico/geotécnico da região do emboque do túnel. Pode-se perceber que no exato local do
emboque o topo rochoso sobe, indicando que a seção de escavação será mista entre solo e
rocha. Mais adiante, cerca de 150 m do emboque (Figura 4.c), a seção passa a estar totalmente
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul 5
embutida em rocha sã. Na Figura 5 são apresentados apenas os modelos geológicos finais das
linhas transversais onde se constata que a rocha sã está de fato muito profunda na região anterior
ao emboque.
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos pela prospecção geofísica, conjuntamente com sondagens
mecânicas, mostraram o grande potencial que essas ferramentas tem na identificação do topo
rochoso e zonas de rocha muito alterada em profundidade. A técnica de Eletrorresistividade
indicou a presença de rocha muito alterada, seguido de rocha sã na região do emboque,
entretanto somente com a aplicação do método de Refração Sísmica essa informação pôde ser
confirmada.
O perfil geológico/geotécnico obtido através de todas as investigações executadas foi
fundamental na determinação do modelo geomecânico adotado para o dimensionamento da
cortina e comprimento de tirantes.
As linhas de geofísica executadas transversalmente ao eixo confirmaram a expectativa de
rocha muito profunda, o que foi determinante nas análises de estabilidade.
A aplicação das técnicas de Imageamento Elétrico Bidimensional - IE2D e Tomografia por
Refração Sísmica - TRS permitiram uma quantificação mais precisa dos volumes de escavação
em materiais de 1ª, 2ª e 3ª categorias.
As técnicas aplicadas neste trabalho, apesar de não serem novidade, mostram a
potencialidade da prospecção geofísica, aliadas às sondagens mecânicas, no melhor
conhecimento do subsolo, garantindo maior confiabilidade e acurácia na elaboração de projetos.
REFERÊNCIAS
SILVA, J.C.B.J.de. (2010). Comportamento de Emboques de Túneis em Solos Residuais. Tese de
Doutorado, Publicação G.TD-065/2010, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 346 p.
COSTA, A.F., COSTA, R.T, ILHA, L.M. Geofísica de Alta Resolução Aplicada ao Estudo de
Maciços Rochosos, em Projeto de Construção de Túnel. In: VI Simpósio de Geofísica Brasileira,
6., 2014, Porto Alegre.
COSTA, R.T. & COSTA, A.F.U. Imageamento Elétrico 2D Aplicado a Projetos de Túneis e
Barragens: Estudos de Casos em Áreas de Ocorrência de Rochas Basálticas e Graníticas. In: 15º
Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia Ambiental. 2015, Bento Gonçalves.
LOKE, M.H. & BARKER, R.D., 1996. Rapid Least-Squares Inversion of Apparent Resistivity
Pseudosections Using a Quasi-Newton Method. Geophysical Prospecting.44: 131-152.
MORGENSTERN, N. R. & PRICE, V. E. (1965), The Analysis of The Stability of General Slip
Surface, Geotechnique, v.15, n.1, p. 79-93.
WHITMAN, R.V.; BAILEY, W.A. Use of Computers for Slope Stability Analisys. Proc. Journal of the
Soil Mechanics and Foundation Division, ASCE, v. 93, n. SM4, p. 475-498, 1967.
Eclesielter Batista Moreira1; Jair de Jesús Arrieta Baldovino2; Ronaldo Luis dos Santos Izzo3;
Felipe Perretto4; Wagner Teixeira5
Resumo
Os agregados de resíduos reciclados de construção civil (RCC) são aqueles provenientes de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos. A utilização destes RCC na construção constitui um passo
significativo, haja vista que se minimiza o uso de recursos não renováveis, bem como possibilita a
utilização de resíduos, criando uma nova oportunidade de mercado a ser explorada. Nos últimos anos,
vários estudos a respeito da utilização de RCC em aplicações geotécnicas emergiram, tais como
materiais de enchimento e em camadas de pavimento. A presente pesquisa objetiva investigar os
efeitos do RCC quando é incorporado a um solo argiloso da formação Guabirotuba (localizada na
cidade de Curitiba e região metropolitana). Esta pesquisa foi composta de ensaios laboratoriais,
visando o aproveitamento deste RCC em construção de bases e sub-bases para pavimentos. Os
ensaios utilizados na etapa experimental foram os de caracterização, índices físicos, compactação e
CBR (na condição imersa). Os resultados mostram que a adição de RCC ao solo da formação
Guabirotuba melhoram as propriedades mecânicas das misturas propostas na pesquisa e possibilita a
utilização do RCC para camadas granulares de pavimento.
Palavras-chave: solo, RCC, ensaio CBR.
Abstract
Aggregates of recycled civil construction waste (CCW) are those from construction, refurbishment,
repairs and demolitions of civil construction and those resulting from the preparation and excavation of
soil. The use of these CCWs in construction is a significant step, since the use of non-renewable
resources is minimized, as well as the use of waste, creating a new market opportunity to be explored.
In recent years, several studies on the use of CCW in geotechnical applications have emerged, such as
fillers and pavement layers. The present research aims to investigate the effects of CCW when it is
incorporated into a clay soil of the Guabirotuba formation (located in the city of Curitiba and surrounding
regions). This research was composed of laboratory tests, aiming the use of this CCW in the
construction of bases and sub-bases for pavements. The tests used in the experimental phase were
those of characterization, physical indexes, compactio and CBR test (in the immersed condition). The
results show that the addition of CCW to the soil of the Guabirotuba formation improves the mechanical
properties of the mixtures proposed in the research and allows the use of CCW for granular layers of
pavement.
Keywords: soil, CCW, CBR test.
1
Eng. Civil, UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 91 992723167, eclesielter_ebm@hotmail.com
2
Eng. Civil, UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 41 997074797, yaderbal@hotmail.com
3
Prof. Dr., UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 41 992560977, izzo@utfpr.edu.br
4
Téc. de Laboratório, UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 41 996963667, fperretto@utfpr.edu.br
5
Eng. Civil, UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 41 996569926, teixeira.wagner@hotmail.com
1
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
1 - INTRODUÇÃO
A utilização de Resíduos de Construção Civil (RCC) pode ser uma alternativa interessante aos
materiais convencionalmente utilizados, para promover um aumento na oferta de vias pavimentadas
nos grandes centros urbanos ou mesmo nas cidades de médio porte brasileiras, caracterizadas
principalmente pelo baixo volume de tráfego. O principal atrativo dos agregados reciclados é o aspecto
econômico, pois estes materiais normalmente são vendidos por preços inferiores aos dos granulares
tradicionalmente empregados em pavimentação, além de promover a diminuição do impacto ambiental.
Pesquisas sobre reciclagem de RCC são realizadas em outros países há tempos. A primeira
abordagem à reciclagem de pavimentos surgiu após a 2ª Guerra Mundial, pela necessidade de
recuperar infraestruturas, aplicado no Reino Unido um processo de reaproveitamento chamado
“Retread Process”, ou processo de recauchutagem; que posteriormente na década de 1970 é
largamente atualizado na cultura norte americana (BAPTISTA, 2006).
A necessidade de reconstruir cidades destruídas durante guerras e devido às catástrofes
naturais levou ao desenvolvimento de técnicas de reciclagem do RCC e aplicação na produção de
artefatos, pavimentação e em serviços de construção nos Estados Unidos, Japão e Europa. No Japão,
dois terços do resíduo de concreto demolido já são utilizados para pavimentação de rodovias, e na
Europa que é onde mais se usa reciclado em pavimentação, pois há uma compreensão de que se deve
reservar os agregados naturais para usos mais nobres, como concreto de alta resistência, concreto
protendido, etc. (LIMA, 1999; LEITE, 2001).
O setor público é o grande consumidor de agregados para pavimentação, com um consumo de
cerca de 50 milhões de toneladas por ano. Nesse total se incluem os agregados utilizados para
infraestrutura urbana. Esse setor, no entanto, não pode consumir toda a produção potencial de
agregados de RCC reciclados, tanto no Brasil quanto na Europa, onde se estima que a pavimentação
seja capaz de absorver em torno de 50% da massa total do RCC (JOHN et al., 2006). Destaca-se
também a utilização crescente de resíduo de construção civil em locais onde são ausentes agregados
de origem pétrea, como forma de reduzir os problemas ambientais de disposição destes resíduos
(FERNANDES, 2004).
Em qualquer técnica de aproveitamento de materiais oriundos de reciclagem é fundamental a
realização de estudos preliminares, contemplando principalmente aspectos da geometria do
pavimento, à natureza e modos em que se realizará a manutenção necessária durante o período de
vida útil do pavimento, a caracterização dos materiais reciclados, a espessura de intervenção utilizada
como base e a delimitação de teores da mistura final dos materiais a aplicar para o tipo de pavimento.
(MOREIRA, 2005). Dessa forma, esse estudo delimita tais aspectos para a utilização de RCC em solos
argilosos em construção de bases e sub-bases para pavimentos.
2 - PROGRAMA EXPERIMENTAL
2.1 – MATERIAIS
2.1.1 – Solo
O solo utilizado para o estudo foi coletado em uma obra próximo à cidade de Curitiba, no
município de Fazenda Rio Grande (PR), em um local de construção de casas populares com
localização geográfica 25°41'03.9"S e 49°18'32.5"W. Foi escolhido a terceira camada da formação
Guabirotuba, o qual é composto por 35,5% de argila (< 0,002 mm), 39,5% de silte (0,002 a 0,075 mm)
e 25% de areia fina (0,074 a 0,42 mm). A Figura 1 mostra a curva granulométrica do solo. A umidade
higroscópica encontrada do solo in situ é próxima a 40%.
2
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
Figura 1. Curva Granulométrica do Solo
2.1.2 – RCC
O resíduo de construção civil utilizado foi coletado na usina de reciclagem da cidade de
Almirante Tamandaré, Região metropolitana de Curitiba. O tipo de resíduo escolhido é misto, ou seja,
composto por resíduos cinzas (concreto, argamassas, etc.), vermelhos (cerâmicos) e brancos (cal,
gesso, etc.). Foram escolhidas duas granulometrias de RCC: areia (material ≤ 4,8mm) e pedrisco
(material ≤ 19,1mm); sendo realizada a granulometria do RCC, representada na Figura 2:
3
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
100
90 AREIA
80
PEDRISCO
% Passante
70
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm)
Figura 2. Curva Granulométrica do RCC
2.1.3 – Água
A água empregada tanto para os ensaios de caracterização do solo, quanto de Proctor Normal
e de Indice de Suporte Califórnia – ISC – foi destilada conforme as especificações das normas,
enquanto está livre de impurezas e evita as reações não desejadas.
2.2 – MÉTODOS
2.2.1 – Ensaios de pH
Para a das misturas de solo com o RCC se teve que definir qual é a influência da RCC no solo,
e observar se o mesmo reagiria, conforme a Figura 3:
4
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
Figura 3. Variação do pH com as diferentes misturas de RCC.
Observa-se que com o aumento do teor de RCC, o pH do solo aumenta, tornando-se neutro
com M1 e básico a partir de M2.
5
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
Figura 4. Curvas de compactação da argila
Assim, também foram realizados ensaios de compactação com cada mistura usado na energia
normal. A Tabela 4 apresenta a variação do peso específico seco máximo e a umidade ótima para
diferentes misturas de RCC:
Tabela 4. Propriedades de compactação da argila
com diferentes misturas.
Peso especifico Umidade
Mistura seco máximo, ótima,
γdmax (kN/m )
3
Wot (%)
0 1,358 32,5
M1 1,521 25,2
M2 1,512 24,0
M3 1,581 21,3
M4 1,613 20,2
6
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
2.2.5 – Ensaios de Expansão
O ensaio de expansão obedeceu a norma DNIT – 172/2016 – ME e DNIT – 160/2012 – ME.
Este ensaio foi realizado enquanto os corpos de prova do ISC estavam submersos, durante 4 dias, nos
quais foram realizadas leituras para ver a expansão diária. Na Tabela 6, são mostrados os resultados
da expansão.
Tabela 6. Resultados da Expansão
Mistura Expansão
Solo 5,61
M1 3,27
M2 2,60
M3 1,18
M4 1,00
3 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS
No ensaio de ISC não houve mudanças significativas entre o Solo (0) e a mistura M1, havendo
acréscimo de valor na massa específica seca. Observa-se um acréscimo de ISC conforme se aumenta
a granulometria do RCC na mistura. Entre M3 e M1, houve um acréscimo de 147,85%, e de 298,34%
entre M4 e M3. O aumento de M4 em relação ao solo sem mistura foi de 743,79%. Observa-se também
um decréscimo na expansão, tornando a mistura mais estável na presença de água, obtendo
decréscimo de até 82,17% da expansão inicial do solo. Tendo como base as normas brasileiras para
camadas de pavimentos, observa-se que a partir da 1ª mistura, torna-se viável a utilização da mistura
para pavimentos, pois com a diminuição da expansão para 3,27%, e o ISC maior que 2% a mistura M1
pode ser utilizada como subleito. A mistura M2 e M3, com expansões abaixo de 4%, e ISC acima de
4%, podem ser usadas para reforço de subleito, e a mistura M4, com ISC maior que 20% e expansão
de 1% para sub-base.
7
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de RCC em solos finos melhoram a capacidade de suporte, haja vista que a granulometria
do material muda, e por conseguinte a porcentagem de finos diminui. Dessa forma, a utilização de RCC
proporcionado em teores de adição ao solo diminui a expansão do mesmo, em função da redução de
finos na mistura e da reação entre os resíduos e o solo, com o aumento do pH, tornando a mistura
básica.
Também conclui-se que quanto maior a incorporação de RCC ao solo, maior será a massa
específica, portanto maior será o ISC e menor será a sua expansão. Dentro dessas constatações,
permite-se a sua utilização em camada de sub-base de pavimento, segundo as normas do DER. Em
contrapartida, a quantificação de elementos cimentícios e resíduos cerâmicos presentes no RCC
podem influenciar de modo significante sobre as propriedades de resistência de solos argilosos
misturados com RCC. Portanto, é fundamental a realização de estudos preliminares, tanto no tipo de
solo quanto na qualidade e composição do RCC para que possa garantir um controle tecnológico
primordial para a utilização do solo como base de pavimentos de baixo tráfego.
REFERÊNCIAS
8
XI Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
ESTUDO DO MELHORAMNTO MECÂNICO DE UM SOLO ARGILOSO
TRATADO COM DIFERENTES TEORES DE CAL E TEMPOS DE CURA
Jair de Jesús Arrieta Baldovino1; Eclesielter Batista Moreira 2; Ronaldo Luis dos Santos Izzo3;
Felipe Perretto4; Wagner Teixeira5
Resumo
O presente estudo avalia o desempenho de uma mistura de solo-cal visando à estabilização de
um solo argiloso da formação Guabirotuba e sua aptidão para compor a base de um pavimento
rodoviário e uso em barragens. A formação geológica de Guabirotuba está localizada na cidade
de Curitiba e região metropolitana, onde os solos em sua maioria são classificados como finos.
Além disso, os solos da formação não atendem a demanda por suas propriedades físico-
mecânicas para construção de bases para pavimentação, proteção de encostas e taludes ou para
suporte de fundações superficiais. O tratamento de solos com cal o melhora para essas condições
de uso. Quando as argilas são estabilizadas com a cal se reduz o limite plástico, aumenta-se o
limite líquido, melhora sua trabalhabilidade e suas propriedades mecânicas. O estudo apresenta
a relação do crescimento da resistência da compressão não confinada de um solo argiloso dessa
formação em diferentes tempos de cura. O trabalho também apresenta as mudanças de limites
de consistência e as propriedades de compactação do solo. Os parâmetros de controle avaliados
foram: teor de cal, tempo de cura e umidade. Os resultados mostram um crescimento da
resistência da compressão não confinada com o aumento de teor de cal e com o aumento do
tempo de cura.
Palavras-chave: solo-cal, resistência, tempo de cura.
Abstract
The present study evaluates the performance of a mixture of lime-soil for the stabilization of a clay
soil of the Guabirotuba formation and its ability to form the basis of a road pavement and use in
dams. The geological formation of Guabirotuba is located in the city of Curitiba and metropolitan
region, where soils are mostly classified as fine. Moreover, the soils of the formation do not meet
the demand for their physical-mechanical properties for the construction of bases for paving, slope
and slope protection or for support of superficial foundations. The treatment of soils with lime
improves to these conditions of use. When the clays are stabilized with lime the plastic limit is
reduced, the liquid limit is increased, it improves its workability and its mechanical properties. The
study presents the relationship of the growth of the resistance of the unconfined compression of
a clay soil of this formation in different setting times. The work also presents the changes of
consistency limits and soil compaction properties. The control parameters evaluated were: lime
content, setting time and humidity. The results show a growth of the compressive strength not
confined with the increase of lime content and with the increase of the setting time.
Keywords: lime-soil, resistance, setting time.
O uso de materiais cimentantes como a cal vem sendo empregados com sucesso na
engenharia geotécnica para a estabilização e melhoramento mecânico em solos, principalmente
de tipo argilosos e em siltes. Em período recente, com o salto econômico vivenciado pelo país há
alguns anos atrás, nota-se a necessidade de infraestruturas e têm-se por exigência construções
que sejam técnica e economicamente viáveis, com o menor impacto ambiental possível. Frente
a isso, verifica-se a necessidade de estudos em materiais e técnicas pouco utilizadas
regionalmente, como é o caso da estabilização dos solos com cal. A estabilização permite o uso
de solos locais, melhorando as propriedades geotécnicas, de modo a enquadrá-los dentro das
especificações construtivas vigentes; uso qual é antigo e está sempre em processo de
atualização, principalmente a partir de 1945 (GUIMARÃES, 2002; LIMA et al, 1993). Esta
pesquisa visou quantificar os benefícios alcançados com a estabilização de solos com cal,
visando o uso rodoviário e em barragens.
As pesquisas atuais têm encontrado a influência das quantidades de materiais
cimentantes no comportamento mecânico desses tipos de solo, como as realizadas por Consoli
et al. (2007) e Consoli et al. (2001) onde aplicam-se teores de 3%, 5%, 7% e 9% de cal para
estabilização. Os tipos de cal comumente usados para estabilizar solos finos são a cal hidratada
com conteúdo alto de cálcio e cal calcítica, cal dolomítica monohidratada e cal viva dolomítica. O
teor de cal para usar na estabilização na maioria dos solos varia entre o intervalo de 5 até 10%.
Quando se coloca cal nos solos argilosos, acontecem duas reações químicas pozolânicas:
a troca de cátions e floculação-aglomeração das partículas (DAS, 2016). Os solos da formação
geológica de Guabirotuba, localizados na cidade de Curitiba-PR e região metropolitana, têm por
sua granulometria a maioria de finos. Os solos de Guabirotuba não podem em grande parte serem
empregados para camadas de sub-base e base de pavimentação, para o suporte de fundações
superficiais como as sapatas e para proteção de encostas. A técnica de melhoramento desse
solo também pode ser utilizada nas fundações de edificações de pequeno porte, em solos com
baixa capacidade de suporte ou que apresentam baixa estabilidade volumétrica.
Tais condições são problemáticas na medida em que podem causar severas patologias
na edificação (INGLÊS e METCALF, 1972). A resistência à compressão simples qu de um solo
de grão fino compactado em um teor de umidade ótima pode variar de 170 kPa a 2100 kPa,
dependendo da natureza do solo. Com uma adição de entre 3 a 5% de cal e um período de cura
de 28 dias, a resistência à compressão simples pode aumentar em 700 kPa ou mais (DAS, 2016).
É de interesse fundamental o estudo do melhoramento de solos locais de Curitiba em
quanto se podem aproveitar solos que não estão sendo empregados por más propriedades físico-
mecânicas. Além disso, fazer uma pesquisa para a construção de um banco de dados de locais
de tais solos é essencial, para encontrar soluções técnicas que sejam de fácil execução e
economicamente viáveis. Assim, esta pesquisa busca determinar a influência de diferentes teores
de cal na resistência à compressão não confinada qu de um solo da formação geológica de
Guabirotuba com diferentes tempos de cura.
2.1 – MATERIAIS
2.1.1 – Solo
O solo usado para o presente estudo foi coletado na terceira camada da formação
Guabirotuba no município de Fazenda Rio Grande (PR), em um local de construção de
habitações populares, com localização geográfica 25°41'03.9"S e 49°18'32.5"W. O solo é
composto por 35,5% de argila (< 0,002 mm), 39,5% de silte (0,002 a 0,075 mm) e 25% de areia
fina (0,074 a 0,42 mm). A Figura 1 mostra a curva granulométrica do solo. A umidade natural
encontrada do solo in-situ é próxima a 40%.
2.1.3 – Água
A água empregada tanto para a moldagem de corpos de prova como para os ensaios de
caracterização do solo foi destilada conforme as especificações das normas, enquanto está livre
de impurezas e evita as reações não desejadas.
2.2 – MÉTODOS
2.2.1 – Ensaio de pH
Para a realização das misturas de solo com a cal, definiu-se qual é o menor teor que se
pode utilizar para a mistura. Portanto, empregou-se a metodologia proposta por Rogers et al.
(1997), também chamada de método do ICL (Initial Comsumption of Lime), se refere a uma
variação do pH onde o teor mínimo de cal a usar é aquele onde o pH atinge um valor constante
máximo. A Figura 2 mostra a variação do pH das misturas com o teor de cal usado. Nota-se que
alcança um valor máximo de 12,5 depois de chegar ao 3% de cal (teor mínimo usado nas
misturas).
13
12
11
10
pH
9
8
7
6
5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Teor de Cal (%)
Figura 2. Variação do pH com o teor de cal
2.2.2 – Dosagem das misturas
De acordo com os ensaios de pH do solo e tendo em consideração diferentes pesquisas
sobre reforço de solos com cal, defina-se para o presente estudo 5 teores de cal a usar (0%,3%,
5%, 7% e 9%); incluindo o teor de 0% para verificar a variação da resistência em suas
propriedades físicas. O ensaio de resistência não confinada das misturas constituiu como a
principal variável de estudo e de avaliação. Dessa forma, são definidas as propriedades dos
corpos de prova a partir dos ensaios de compactação.
3 - RESULTADOS EXPERIMENTAIS
90 dias cura
850 R² = 0,9791
750
650
550
450 R² = 0,957
350
250
-1 1 3 5 7 9
Cal(%)
1400
0% Cal
1200 3% Cal
5% Cal R² = 0,9593
1000 7% Cal
qu (kPa)
800 9% Cal
R² = 0,9154
R² = 0,9404
600
R² = 0,9396
400 R² = 0,8708
200
0
10 100
Tempo de cura (dias)
Observa-se que a mistura solo-cal é uma solução bastante eficaz para estabilizar solos,
principalmente quando o solo encontrado nos locais de obra não atende aos requisitos exigidos
para realização de obras de barragens e pavimentação. O uso de cal em solos com baixas
capacidades mecânicas é de importância significativa, pois a adição de cal ao solo acrescentou
em mais de 300% a resistência à compressão simples do solo usado para a pesquisa.
Existe uma relação direta e proporcional entre o teor de cal usado, o tempo de cura
empregado e a resistência à compressão simples, elevando a resistência gradualmente em curto
período de análise; com resultados satisfatórios à compressão simples. Assim, a resistência à
compressão simples qu tem um aumento exponencial com o aumento do teor da cal e com o
aumento do tempo de cura.
Em contrapartida, o teor de cal mínimo a ser usado está limitado pelas reações imediatas
da cal com o solo e pelo pH. Assim, o maior teor é definido pela resistência do solo e a resistência
desejada.
REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM D 5102: Standard Test Method for
Unconfined Compressive Strength of Compacted Soil-Lime Mixtures. 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7175: Cal hidratada para
argamassas. 2003.
CONSOLI, Nilo Cesar et al. Behavior of compacted soil-fly ash-carbide lime mixtures. Journal of
Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, v. 127, n. 9, p. 774-782, 2001.
CONSOLI, Nilo Cesar et al. Key parameters for strength control of artificially cemented
soils. Journal of geotechnical and geoenvironmental engineering, v. 133, n. 2, p. 197-205,
2007.
DAS, Braja M.; SIVAKUGAN, Nagaratnam. Fundamentals of geotechnical engineering.
Cengage Learning, 2016.
GUIMARÃES, J. E. P. 2002. A cal – Fundamentos e aplicações na engenharia civil. 2. ed.,
São Paulo: Pini. 341p.
INGLES, O. G.; METCALF, J. B. (1972). Soil Stabilization. In: Principles and Practice. Sidney:
Butterworths. 1972. 374p.
LIMA, D. C.; RÖHM, S. A.; BARBOSA, P. S. A. 1993. Estabilização dos solos III – mistura
solo-cal para fins rodoviários. 1. ed., Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 46p.
RESUMO
ABSTRACT
Due to the population increase, intensified by the few of planning and the inadequacy of the road
system, access to the city of Florianópolis is in a chaotic situation, so it is necessary to quadruple
the highway. Within this scenario, the present a study that was developed with the objective of
refining the data that support the elaboration of geotechnical projects and that meet the demands
of possible extensions of the highway access to the state capital, BR 282. The analysis was made
to from geotechnical in situ and laboratory tests, resulting in the elaboration of the stratigraphic
profile of the region. The soils research campaign was conducted in the city of São José-SC,
where SPT, CPTU, VST in situ tests were performed and the results were used to elaborate the
stratigraphic profiles of the study area. The definition of the types, extent, and thickness of the soil
strata are fundamental for geotechnical road projects. The conclusions of the work indicated a
relatively homogeneous profile, composed of a surface landfill profile, as well as a soft clay layer,
with a layer of sand lens, typical of sedimentary soils.
1
Eng. Civil, Dr., Instituto Federal de Santa Catarina, Florianópolis,(048) 3211 6060, fabio.krueger@ifsc.edu.br
2
Eng. Civil,Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Brasil, carlos.junckes@gmail.com
3
Eng. Civil, Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Brasil, ezio.pucci@hotmail.com
4
Eng. Civil, M.Sc., Tractebel Engineering / Universidade do Sul de Santa Catarina, (48) 996187295, cesargodoi@hotmail.com
1- INTRODUÇÃO
O acesso rodoviário à cidade de Florianópolis é feito através da via expressa BR 282, que
é um trecho extremamente importante para a capital de Santa Catarina, por onde passam cerca
de 120 mil veículos por dia. Esta via conecta a ilha de Florianópolis à BR-101 que dá acesso ao
estado do Rio Grande do Sul, ao sul e ao estado do Paraná, ao norte e, na mesma sequência aos
municípios vizinhos de Palhoça e Biguaçu.
Devido ao aumento de veículos transitando pela BR-282, houve a necessidade de um
projeto de quadruplicação desta via. Esse projeto é de relevante importância, pois permitirá uma
melhoria substancial no tráfego local e entre municípios da grande Florianópolis.
Neste trabalho está apresentada a metodologia para elaboração dos perfis estratigráficos
geotécnicos com base em ensaios de campo de SPT (Standard Penetration Test), CPTU
(Piezocone Penetration Test) e VST (Vane Shear Test) num trecho do traçado de quadruplicação
da via expressa. Busca-se uma caracterização geotécnica representativa do subsolo da região de
maneira que os resultados desta pesquisa possam contribuir para um melhor entendimento do
comportamento dos solos da região, além de apresentar uma metodologia para elaboração de
perfis estratigráficos, com enfoque em projetos rodoviários.
2- METODOLOGIA
O ensaio SPT (Standard Penetration Test) que é normatizada pela NBR 6484/10, sendo o
método mais utilizado no Brasil e em alguns países, simples de executar e de baixos custos
quando comparados a outros tipos de sondagem.
A campanha de sondagens envolveu 10 furos com ensaios SPT no lado direito da rodovia,
entre os quilômetros 4+057 até 5+148, a uma distância aproximada de 64,1 metros de
distância de um furo para o outro, e um afastamento aproximado de 25,43 metros da rodovia.
No lado esquerdo da rodovia foram realizados 9 furos com ensaios SPT entre os quilômetros
4+458 até 5+095, a uma distância aproximada de 79,62 metros de distância de um furo de
SPT até o outro furo de SPT, em um afastamento aproximado de 25,42 metros da rodovia.
Como citado anteriormente, a via expressa BR 282 é a rodovia que promove o principal
acesso a Ilha de Florianópolis, ligando a BR 101 e demais acessos secundários até a ponte Ivo
Silveira. A localização do da região estudada pode ser vista apresentado na Figura 1.
No que diz respeito a pedologia, a região encontra-se classificada dentro da zona (cd3)
cambissolos distróficos e eutóficos, compreendendo solos minerais, não hidromórficos,
caracterizados pela ocorrência de um horizonte B incipiente, definido pelo baixo gradiente textural,
pela média a alta relação silte/argila ou pela presença de minerais primários de fácil
decomposição. Sobre a classificação geológica enquadra-se numa região com presença de um
substrato formado pela presença do embasamento cristalina, das rochas graníticas da suíte
intrusiva Pedras Grandes e por depósitos terciários-quaternários de origem aluvionar, coluvionar e
marinha.
Os pontos de realizam dos ensaios de campo estão locados as margens da via existente.
Em alguns pontos os ensaios de campo foram executados em perfil de solo natural (áreas
adjacentes com solos moles) e outros nos taludes de aterro ás margens na rodovia. No total foram
conduzidos 19 ensaios SPT, 1 ensaio CPTU e 1 ensaio VST. Por serem os materiais mais
problemáticos devido a baixa capacidade de suporte e alta deformabilidade, as regiões escolhidas
para concepção dos perfis geotécnicos das camadas são basicamente formada pela presença de
solos sedimentares moles. Também foram nesta área que se realizou os ensaios complementares
CPTU e VST e a coleta de amostras para realização dos ensaios de laboratório, que permitiram
um melhor entendimento do comportamento mecânico deste material.
Perfil Transversal
Perfil Longitudinal
Com base nos resultados dos ensaios de campo foram elaborados dois perfis
estratigráficos do solo do local:
Perfil Longitudinal ao eixo, localizado no bordo esquerdo da rodovia no sentido BR-
101 – Florianópolis. O perfil longitudinal do bordo esquerdo, por exemplo, foi
traçado com base nos dados obtidos em 08 ensaios SPT (laudos SPT 35 a SPT
42), e, corroborados pelos resultados dos ensaios CPT e VST, conduzidos muito
próximos ao SPT 37.
Perfil Transversal à via. O perfil traçado no sentido transversal a pista teve como
base os laudos de sondagens SPT (laudos SPT21, SPT33, SPT34 e SPT42).
O perfil das camadas de solo é obtido através da interpretação dos resultados das verticais
de sondagens, ou seja, as informações como o tipo de solos, espessuras, resistência, nível de
agua, entre outros, são extrapoladas lateralmente entre os furos próximos.
A Figura 2 identifica o perfil longitudinal elaborado, enquanto que a Figura 3 apresenta o
perfil transversal.
Nota-se que o perfil das camadas indicou uma primeira camada descrita como uma argila
arenosa marrom, com espessura variando aproximadamente entre 2,0 a 4,5m, com valores de
NSPT entre 5 a 13. Abaixo deste estrato, determinou a presença de uma camada de argila
orgânica, mole a muito mole, de várias colorações, entre os 4,5 e 13,0m de profundidade. O valor
médio de NSPT desta camada é 1. Subjacente, à camada mole, a maior parte dos ensaios de
campo identificou a ocorrência de uma camada de areia grossa com uma variação significava de
resistências e espessuras. As espessuras variam de 1,0 a 2,5m e, o NSPT entre 6 a 22.
Posteriormente, os ensaios de campo indicaram a presença de uma camada de silte arenoso
amarelado com resistência crescente até se atingir o impenetrável à aproximadamente 15,0 a
16,0m de profundidade.
O CPTu confirmou a estratigrafia obtida no SPT com uma camada argilosa até os 2,0m de
profundidade, seguida de uma camada de turfa até os 4,5m e, até cota final do ensaio, por volta
de 13,0m, uma espessa camada de argila evidenciada pelo altos valores de poropressão. O nível
de água foi obtido na cota de -3,0m. O ensaio VST, não tem objetivo de definir o perfil do solo e,
basicamente, seu principal objetivo é determinar a resistência não drenada da camada argilosa.
Nesse contexto, pelo resultado do VST a espessa camada de argila apresentou uma consistência
de mole a média. Neste perfil também é destacado o nível do terreno natural e do greide de
pavimentação, conforme legenda.
Na figura 4 são apresentados os valores de Su obtidos pelos métodos de investigação
conduzidos na pesquisa. Nota-se que existe grande proximidade dos valores de Su quando
avaliados pelo CPTU e VST, inclusive demostrando aumento da resistencia ao longo da
profundidade. O ensaio de compressão simples indicou valores superiores de Su, mas nada muito
significativo e, percebe-se que as amostras foram coletadas numa profundidade menor e ambos
os corpos de prova indicaram praticamente a mesma resistencia não drenada.
4- CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Fernando Sadao Sakuno1; Antonio Belincanta2; Lillyan Prado Barbosa3; Willyan Prado
Barbosa4
ABSTRACT: The present work presents a behavioral study concerning the excavated pile
subjected to the tensile stress. The main and determining characteristics of the stakes were the non-
use of stabilizing fluid when executed, the dimensions assigned six meters in length and twenty-five
centimeter diameter (L = 6.00m and D = 0.25m) and the realization Of the soil test in the conditions
of natural and pre-moistened humidity. The stakes tested were performed at the Experimental Field
of the State University of Maringá (UEM), Maringá-PR, in a soil of the dystroferric red latosol type,
from the basalt alteration, of collapsible behavior. The load tests were carried out obeying the
requirements of NBR 12131: 2006, with slow type loading. The obtained results identified in a
reduction of the load capacity of 23.90% when of the moist soil. The semi-empirical methods
estimated for the tensile load capacity presented a good number of proximities, being the Grenoble
method and the Cone method, different from the semi-empirical compression methods, adjusted,
the estimate of load to the traction with values of 67% to 845% of those measures in the load test,
when of the soil with natural humidity.
Palavras-chave: Prova de carga. Tração. Estaca escavada.
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Geosul 2017 – XI Simpósio de Prática de Engenharia Geotécnica da Região Sul
(1)
Eng. Fernando Sadao Sakuno, fernando.sakuno@gmail.com
(2)
Prof.Dr. Antonio Belincanta, abelincanta@hotmail.com
(3)
Enga. Lillyan Prado Barbosa, lillyan.prado@hotmail.com
(4)
Eng. Willyan Prado Barbosa, wil.ec@hotmail.com
1- INTRODUÇÃO
Define-se como fundação o elemento estrutural com a função de transmitir as cargas
provenientes da obra para o maciço de solo natural. Sendo assim, ao longo da concepção dos
projetos de uma edificação, deve-se escolher o melhor tipo de alicerce bem como sua correta
dimensão, que garantam segurança à estrutura sob a ação da carga de serviço em qualquer
condição.
Segundo Texeira (1993), é incontestável que o aumento da umidade causa uma redução da
resistência de cisalhamento, sua influência em caso de solos inundados é de fato importante, já que
uma sensível evolução de estado, alteração de solo natural para umedecido, é capaz de prejudicar
a capacidade de carga para as fundações profundas.
Segundo Cintra, Aoki e Albiero (2012) alguns solos sofrem um colapso de sua estrutura
quando submetidos à infiltração de água em quantidade suficiente. Dentre os solos não saturados,
os solos com alto índice de vazios, porosos e com baixo teor de umidade merecem uma adequada
atenção. Os solos com as respectivas características são especificados como solos colapsíveis.
1.1- OBJETIVOS
Analisar a capacidade de carga de tração da estaca contida na camada superficial de solo
evoluído da cidade de Maringá(PR), do tipo escavada, sem fluido estabilizante, nas condições de
umidade natural e umedecida.
Determinar e avaliar a capacidade de carga à tração de duas estacas escavadas sem fluído
de estabilização na camada superficial de solo evoluído, típico da cidade de Maringá, com fuste de
6m e diâmetro nominal de 25 cm, com solo nas condições de umidade natural e em pre-
umedecimento.
Para se alcançar este objetivo foram necessários:
A realização de três provas de cargas em estacas com fustes de 6m e diâmetro nominal
de 25 cm, sendo uma com solo na umidade natural e outras duas com solo umedecido,
utilizando-se a metodologia proposta pela NBR 12131:2010, carregamento lento.
Avaliar a capacidade de carga no carregamento à tração, com solo pré-umidecido e na
umidade natural.
Estimar a capacidade de carga à tração, utilizando os métodos empíricos e semi-
empíricos consagrados no meio técnico.
Verificar a influência do aumento do teor de umidade, na capacidade de carga da estaca
sujeita à tração. Confrontar os resultados obtidos nas estimativas de capacidade de
carga à tração, realizados através dos métodos consagrados semi-empíricos, e os
valores de carga de ruptura obtidos em ambas as provas de carga.
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Segundo Albiero e Cintra (1998), os mo método baseia-se na consideração da resistência,
do peso próprio da fundação, acrescidos do peso do solo contido em uma projeção de tronco de
cone, cuja base menor é a base da fundação e abre até encontrar a superfície do terreno, com
geratriz formando um ângulo α com a vertical. Sendo assim, a carga última, ou capacidade de carga,
à tração de uma fundação pode ser dada pela Equação 1.
𝑅 = 𝑃𝑓 + 𝑃𝑠 (1)
S
C1 .S C 2 (2)
P
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A NBR 6122:2010 estabelece critérios a serem observados na extrapolação da curva carga-
recalque e na obtenção da carga de ruptura, utilizando-se a engenharia geotécnica e a curva carga-
recalque do primeiro carregamento. Neste caso a carga de ruptura é do tipo convencional, com o
valor obtido no cruzamento da curva carga recalque, com a equação 3.
PR .Li D
r (3)
A.E c 30
Figura 1- Equipamentos utilizados na prova de carga à tração, protegidos pela tenda de proteção
A ABNT NBR 12131:2006, orienta que a medição dos deslocamentos seja realizada por
quatro defletômetros com sensibilidade de 0,01 mm, instalados em dois eixos ortogonais e fixados
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nas vigas de referência, sendo a leitura para medição feita simultaneamente. As vigas de referência
devem ter suas extremidades apoiadas em peças fixas no solo, com os apoios a uma distância
maior que cinco diâmetros ou 1,50 m do eixo da estaca ensaiada, e também, do eixo das estacas
de reação ou do ponto mais próximo do apoio do sistema de reação.
Conforme a NBR 12131:2006, a aplicação de carga foi mensurada por meio de células de
cargas, sendo o manômetro instalado juntamente na bomba hidráulica. As cargas aplicadas foram
corrigidas constantemente no tempo de aguardo da estabilização dos deslocamentos em cada
estágio de carregamento.
No presente trabalho foram utilizadas duas vigas de referência, com dois relógios
comparadores mecânico analógicos prescritos pela NBR12131, instalado no mesmo eixo, apesar
da recomendação da utilização de quatro, segundo a ABNT NBR 12131:2006. Porém as distâncias
mínimas de 1,50 m dos apoios do eixo da estaca ensaiada, foram respeitadas.
No presente trabalho foram executadas duas estacas, sendo ambas com as mesmas
características físicas e submetidas a prova de carga à tração, diferenciando o ensaio em relação
a umidade do solo. A primeira estaca ensaiada T301, executada na forma de carregamento lento ,
no dia 05/02/2016, em solo de umidade natural, com carga máxima aplicada de 195 kN.
Em seguida, foram executados dois ensaios na mesma estaca T302, com aplicação de
esforço axial de tração e carregamento do tipo lento. O primeiro ensaio realizado no dia 31/03/2016
não atingiu a ruptura, com carga máxima de 170kN e com solo pré-umedecido, com volume de água
de aproximadamente 1215 litros, despejados em 9 dias.
O reensaio da estaca T302, foi realizado com o carregamento do tipo lento, no dia
18/07/2016, atingindo a ruptura com carga máxima de 150kN. Houve um acréscimo no volume de
água no reensaio, sendo o volume de água aproximadamente de 2200 litros, despejados também
em 9 dias.
A vala foi executada no primeiro ensaio como 30 cm de largura e 15 cm de profundidade,
com 6 furos adicionais distribuindo ao longo da cava com 10 cm de diâmetro e 30 cm de
profundidade. O objetivo dos furos foi otimizar o processo de umedecimento do solo, conforme
ilustrado na figura 2.
Para determinar os teores de umidade do solo ao longo de sua profundidade, foram feitas
duas sondagens, uma a 5,00 m de distância do furo e outra a 0,75 m do furo. Em cada sondagem,
chegou-se a uma profundidade de 3,00 m, armazenando-se uma amostra deformada a cada 30 cm,
para determinar o teor de umidade do solo em condição natural e pré-umedecida, sendo, para isto,
utilizado o método da estufa a uma temperatura de 105° a 110°C.
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2- CONCLUSÃO
A Tabela 2 faz uma comparação dos critérios ruptura entre o método da NBR 6122:2010
com o critério de Chin-Kondner, na estaca T302 primeiro carregamento, na estaca T302 segundo
carregamento e na estaca T301 em umidade natural.
Tabela 2 - Resumo da capacidade de carga pela NBR 6122:2010 e pelo critério de Chin-Kondner
CAPACIDADE DE CARGA (RP)(kN)
MÉTODO T302 1° Carreg. T302 2° Carreg. T301 Natural
Pré-Umedecido Pré- Umedecido Natural
CRITÉRIO NBR 6122:2010 163,58 kN 140,30 kN 178,59 kN
CRITÉRIO DE CHIN-KONDNER 174,10 kN 144,20 kN 186,20 kN
Confrontando os valores obtidos nos carregamentos das provas de cargas, observa-se uma
efetiva redução da capacidade de carga, em relação àquela obtida na umidade natural (T301),
apresentada na tabela 3. Considerando como parâmetro o solo sem umedecimento, verifica-se uma
redução de 7,73% para o primeiro carregamento e de 23,90% para o recarregamento da estaca em
estudo.
Foram elaborados gráficos com as sobreposições das duas curvas em estudo com auxilio
do software computacional Table Curve, sobrepondo a equação 3 da NBR 6122:2010 com as curvas
carga-recalque ajustadas pelo método de Chin-Kondner para cada ensaio de prova de carga. Desta
forma, obteve-se a carga de ruptura convencional da ABNT NBR 6122:2010, para as três provas
de cargas analisadas no presente trabalho, conforme apresentado no Figura 3.
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(a) (b)
(c)
Figura 2- (a) Indicação da capacidade de carga à tração em solo natural, T301 pelo critério de
ruptura da NBR 6122:2010; (b) Indicação da capacidade de carga à tração em solo pré-umedecido (T302
segundo carregamento) pelo critério de ruptura da NBR 6122:2010; (c) Indicação da capacidade de carga à
tração em solo pré-umedecido (T302 primeiro carregamento) pelo critério de ruptura da NBR 6122:2010
A Tabela demonstra o resumo dos valores de carga lateral de ruptura obtido nos métodos
semi-empíricos e empíricos.
Tabela 4 - Resultados das capacidades de carga lateral pelos métodos de previsão e a relação
entre os valores previsto e o valor da prova de carga - Estaca T301
CAPACIDADE DE CARGA À
MÉTODO (R/RP(2))(3)
TRAÇÃO (R)(kN)
TRONCO DE CONE 149,7(1) 80 %
GRENOBLE (1966) 174,7 94 %
MÉTODO REGIONAL – MARINGÁ 84,0 45 %
AOKI E VELLOSO (1975) 19,7 11 %
DECOURT QUARESMA (1978) 70,7 38 %
DECOURT QUARESMA (1996) 111,4 60 %
Nota: (1) 149,7kN é o valor mínimo estimado para capacidade de carga pelo método de tronco de
cone, considerando α=10°; (2) Valor referente a carga de ruptura pelo método de Chin Kondner da
estaca T301 em umidade natural igual a 186,2kN sendo igual para todos os métodos; (3) Quociente
do valor da capacidade de carga estimada pelos métodos semi-empíricos e empíricos e a
capacidade de carga resistida pela estaca T301 como solo em umidade natural(186,2kN).
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Os métodos desenvolvidos para previsão de carga em estacas tracionadas exigem
parâmetros, como coesão e ângulo de atrito, adesão estaca-solo, coeficiente de empuxo em
repouso, entre outros. Como no presente estudo foram utilizados valores médios para estes tipos
de coeficientes, os resultados dos cálculos foram relativamente distintos da prova de carga.
O método do tronco de cone, mesmo apresentando um valor mais próximo aos demais
resultados, apresenta muitas incertezas do ângulo a ser utilizado, entre o plano vertical e a
superfície de ruptura. Outra observação importante é que a estaca ensaiada mostrou indícios de
que a ruptura ocorreu entre a interface estaca-solo, ou seja, condição contraditória ao estabelecido
pelo método proposto.
O método de Grenoble apresentou resultado muito satisfatório, mesmo utilizando valores de
coeficientes médio e estimativas muito generalizadas.
Conforme a Tabela4, a comparação dos valores de capacidade de carga a tração da estaca
T301, com solo na umidade natural, com os valores da estaca T302, segundo carregamento com o
solo pré-umedecido, verificou-se que, com o aumento do teor de umidade em 5,6%, a resistência à
tração da estaca apresentou uma redução de 23,9%, em relação ao método de ruptura de Chin-
Kodner, sendo essa redução da capacidade de carga, um indicio da característica do solo colapsível
da região de Maringá.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DO PAVIMENTO NA SC 355, EM
TRECHO DE LIGAÇÃO ENTRE A BR-153 E O MUNICÍPIO DE JABORÁ –
SC
Marina Mores1; Gislaine Luvizão2; Fabiano Alexandre Nienov3; Lucas Quiocca Zampieri4
Abstract: The lack of highway management and planning is one of the main factors contributing to
the increased problems in the structure of a pavement. This often results in a precarious state,
without conditions of repair, restoration or reform, and the only solution is the reconstruction of it. In
this way, it is evident the importance of frequent maintenance and the revitalization of pavements,
thus recovering their useful life, improving the traffic conditions and especially, avoiding higher costs
in the future. Due to these conditions the study seeks to elaborate a pavement restoration project
aiming at good conditions of trafficability and safety to those who transit. In addition, aiming for
economy, through a comparative study between recycling and recapping. With the application of the
Brazilian regulations for the sizing of the layers, it is concluded that the recycling method, despite
having a cost around 15% higher than the backing, was the solution adopted due to the structural
increase that it provides to the pavement. With the application of the recycling methodology, the
execution of the process was monitored. It was applied 2.7% of CPII F 32 cement, 15% of stone
powder (in order to adjust the grain size curve), the cut thickness had variation between 15 and
18cm, due to the characteristics of the structure. On the recycled layer, two asphaltic layers were
executed, one with 3cm of thin mass and another with 5cm of CAUQ.
Keywords: Recycling. Restoration. Project.
A SC 355 faz ligação da BR-153 ao município de Jaborá (Santa Catarina), principal via de
escoamento de tráfego, abrangendo grande frota de veículos utilitários, ônibus, motos, veículos de
carga, entre outros.
A falta de planejamento aliada com a falta de manutenção das estradas, faz com que a
pavimentação apresente problemas significativos as quais vêm acarretando diversas patologias em
todo o pavimento, caracterizado pela inexistência de reforma significativa neste longo tempo.
Desta forma, buscou-se efetuar verificação sobre o subleito e o pavimento de forma geral, a
fim de efetuar um projeto que atenda as normatizações técnicas, econômicas para a revitalização
do pavimento, sem perder em custos, tempo de execução e buscar qualidade na atividade a ser
executada.
Para isso foi optado por dois tipos de revitalização, um com apenas execução de uma camada
de revestimento asfáltico e outro com a reciclagem à frio da camada de revestimento e base (nova
base) e incorporação de uma camada de revestimento com asfalto modificado.
1.1 – OBJETIVOS
1.1.1 – Objetivo Geral
Elaborar um projeto de revitalização do pavimento para a SC 355, trecho que liga a BR – 153
ao município de Jaborá/