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Ciência Política

Continuação das aulas

Prof. Maurício Zanotelli


A Ciência Política enquanto disciplina a ser estudada no curso de
Direito, em tempos não tão distantes que ela era estudada de forma
autônoma e se chamava Ciência Política. E, Teoria Geral do Estado, era
também uma disciplina autônoma. Na atualidade, produto de uma
matriz atualizada do Curso de Direito, a Ciência Política é estudada
conjuntamente com a teoria geral do Estado.
Política significa o contrassenso a guerra. Onde há guerra geralmente há
estratégias de combate e não política. A palavra política tem muitas
significações, por exemplo, política acadêmica, política da educação,
política da boa vizinhança, dentre outras. A Política da qual vamos tratar
nesta disciplina é a Política Pública, oriunda do Estado, do exercício do
Poder político do Estado. Esta Política de fins Públicos é que traça o
organograma estrutural Político do Estado, de forma que o Estado
democrático não existe sem esta Política
Portanto, a Ciência Política de fins Públicos não acontece sem o Estado
e o Estado democrático não se efetiva sem esta Política. Razão pela qual
estamos estudando Ciência Política e Teoria Geral do Estado na mesma
disciplina. Assim sendo, a Ciência Política é ao mesmo tempo a teoria e
a prática da Política, bem como a análise do sistema político e do
comportamento político. A Ciência Política traça ainda correlação entre
forças políticas e acontecimentos que terão impacto na opinião pública,
não podendo se deixar de fora o contexto internacional que também
influência no contexto político.
Segundo doutrinadores, a Ciência Política é “um braço” que,
historicamente, se deslocou da Teoria Geral do Estado – TGE para tornar-se
Ciência autônoma, com objeto de estudo distinto, o qual, não raro, se
confunde, e tanto, com o próprio objeto de estudo da TGE, havendo, nos
Cursos de Direito das instituições universitárias, o englobamento de ambos
os conteúdos em uma única disciplina, geralmente denominada Teoria
Geral do Estado. Não obstante haja esse entrelaçamento de conteúdos, os
estudiosos dessas Ciências conceituam que ambas possuem objeto de
estudo bastantes distintos, que as tornam perfeitamente individualizáveis.
A Ciência Política se relaciona com outros campos de atuação, por exemplo,
filosofia política, ideologia, economia, geopolítica, políticas públicas,
relações exteriores, processo legislativo, multiculturalismo dentre outros.

A Ciência Política é oriunda das ciências sociais, que tem suas fontes
primárias e secundárias:

As fontes primárias são documentos históricos, registros oficiais.

As fontes secundárias são os artigos científicos, as pesquisas, os


experimentos científicos, as análises estatísticas, os estudos de casos, as
construções de modelos e etc.
DEFINIÇÕES

A palavra ciência deriva do Latim scientia que significa um


conhecimento adquirido através de um estudo. Pode-se entender por
ciência uma produção organizada de conhecimento que exige daqueles
que a praticam determinada disciplina intelectual, coerência lógica e
dados adequados.
A palavra política tem vários significados. Sua expressão pode ser
identificada desde Aristóteles até os tempos atuais. Um conceito
moderno de política, segundo Stoker, a política trata de todas as
decisões que configuram nossa vida, e não apenas daquelas que se
tornam num âmbito estrito do que tradicionalmente se define como
político. Pode-se compreender ainda como política uma atividade
generalizada que podemos encontrar em todos os âmbitos, nos quais
os seres humanos se ocupam na produção e na reprodução de suas
vidas.
A política é atividade de enfrentamento e também de cooperação, de
forma que os problemas encontram solução por decisões tomadas de
forma coletiva.

No texto acima nós já encontramos definição de Ciência e de Política,


agora vamos passar a definição de Ciência Política. Assim, em Ciência
Política, uma ciência da política consiste em uma investigação (estudo)
sistematizada tanto da realidade como de um conjunto teórico.
A Ciência Política acompanha também a evolução dos conceitos de
Ciência e de Política. Portanto, podemos compreender como Ciência
Política aquela que deveria prestar uma especial atenção ao âmbito
coletivo que conforma as atividades da administração pública no
estado moderno, conforme a amplitude e o caráter coercitivo da
autoridade que as dita as atividades que representa a Ciência Política
portanto está ligada a questões de poder, a autoridade e a coerção.
A Ciência Política é a disciplina que estuda os acontecimentos, as
instituições, as ideias políticas, tanto em sentido teórico como em
sentido prático, analisando tudo isso entre passado, presente e futuro.

Para o professor Paulo Bonavides o conceito de Ciência Política passa


por três prismas: filosófico, sociológico e jurídico.
Prisma filosófico: o conhecimento de Ciência Política são através dos
fatos, das instituições e das ideias podendo ter a seguinte percepção
temporal:

• A-consideração do passado: como foram ou como deveriam ter sido;

• B-compreendendo o presente: como são ou como deveriam ser;

• C-horizonte futuro: como serão ou como deverão ser.


No aspecto filosófico, a “...Ciência Política, em sentido lato, tem por
objeto o estudo dos acontecimentos, das instituições e das ideias
políticas, tanto em sentido teórico (doutrina) como em sentido prático
(arte), referido ao passado, ao presente e às possibilidades futuras. [...]
Parte toda a Ciência Política de conceitos polêmicos, quanto ao
método, quanto à extensão dos seus limites, quanto ao nome que se
há de eleger para essa categoria de estudos...”2 BONAVIDES, Paulo.
Ciência Política. 22. ed. — São Paulo : Malheiros, 2015, p. 40
• Sobre o prisma sociológico, a Ciência Política representa a teoria geral
do Estado.

• Pela concepção do prisma jurídico, a Ciência Política pode ser


entendida como o Direito Político a um corpo de normas. Segundo
Kelsen, quem elucidar o Direito como norma vislumbrará o Estado.
Para Kelsen o Estado é um sistema de determinadas normas de direito.
Também devemos considerar que a força coercitiva do Estado significa
o grau de eficácia das regras jurídicas; assim, o Estado é uma
organização de poder com normas especificas, que regulamenta a
relação entre poder político e sociedade.

Sociedade + Poder Político = Ciência Política.

A Ciência Política, portanto, traça essa correlação entre social, político e


jurídico, ao estabelecer contato direto entre poder e sociedade.
Conceito de ciência política por outros doutrinadores:

*DALMO DE ABREU DALLARI “...Quanto ao objeto da Teoria Geral do


Estado, pode-se dizer, de maneira ampla, que é o estudo do Estado sob
todos os aspectos, incluindo a origem, a organização, o funcionamento
e as finalidades, compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se
considere existindo no Estado e influindo sobre ele...” (Elementos da
Teoria Geral do Estado – 20. ed. São Paulo : Saraiva, 1998, p. 6)
• JOSÉ GERALDO BRITO FILOMENO — que a CIÊNCIA POLÍTICA
“...estuda comparativamente diversos tipos de governo, sua estrutura,
funções e órgãos governamentais, o papel dos cidadãos na tomada de
decisões, influência de grupos de pressão, função de opinião pública,
e seu impacto nas decisões políticas, meios de votação, a criação e
funcionamento de partidos políticos, o papel da imprensa no
processo político etc. [...]. A Ciência Política, enfim, está preocupada
com o real e efetivo funcionamento do governo ou exercício do poder
político, e não com o “Estado ou governo ideal”...”
• que a TEORIA GERAL DO ESTADO “...é a ciência que, tendo por objeto
a sociedade política, analisa-a nos aspectos sociológico, político e
jurídico, com vistas a explicar sua origem, estrutura, evolução,
fundamentos e fins.[...] São também objeto da Teoria Geral do Estado
as instituições políticas e entidades que exercitam o poder de
pressão, sobressaindo-se ainda como fontes relevantes de dados
fornecidos pela imprensa em geral a respeito do fenômeno
político...”. (Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 8. ed.
Rio de Janeiro : Gen – Forense, 2012, p. 38 a 47).
PODER: conceitos e características
Desde tenra idade, o homem mostrou-se um animal gregário, apto a/optante
por viver em bandos, em grupos, reproduzindo, em escalar maior, as
características, dificuldades e vantagens dessa convivência heterodoxa com
seus pares, seja no ambiente familiar, seja no tribal, seja nos primeiros
agrupamentos organizados que evoluíram para as primeiras civilizações.
Nessa vida social, gregária, entretanto, há relações sociais heterônomas, de
coerção.
Conceito:

Poder: “...Elemento constitutivo do Estado, o poder representa


sumariamente aquela energia básica que anima a existência de uma
comunidade humana num determinado território, conservando-a unida,
coesa e solidária...”

“...Na verdade, seja qual for a época da história da Humanidade ou o


grupo humano que se queira conhecer, será sempre indispensável que se
dê especial atenção ao fenômeno do poder...”.
O Poder é, sobretudo, liderança representada pelo exercício do mando
pela violência ou pelo consentimento do corpo social. Costuma-se
estudar o Poder com os elementos que o conformam: socialidade,
bilateralidade, força e competência.

—socialidade: entendendo-se que o poder é um fenômeno social, sendo


impraticável estudá-lo ou explicá-lo no contexto de fatores individuais;
—bilateralidade: a indicar que o poder, para existir e para ser exercido,
necessita, obrigatoriamente, da existência e da correlação de duas ou
mais vontades, sendo uma ou mais delas necessariamente dominante(s),
e as demais submissas;
—força: assentada em meios coercitivos e/ou violentos de conquista e
de exercício para imposição da obediência, mantendo, por esses meios,
precária solidez e estabilidade. Trata-se, então, de um poder de fato;

—competência/consentimento: revelados na concordância do corpo


social para que pessoas ou grupos assumam a liderança e exerçam o
poder de mando/de governo. Trata-se, então, de um poder de direito.
Desde as Revoluções Liberais Burguesas dos séculos XVII e XVIII,
com a constituição e concretização do Estado contemporâneo (com
constituições escritas, nelas assentadas a divisão tripartite dos poderes e
as declarações de direitos e garantias individuais), que se conheceu a
personalidade do exercício do poder político por meio de mandatos
eletivos temporários, para o qual o povo, em nome de quem o poder
passou a ser exercido, é chamado para, periodicamente, eleger seus
representantes para os cargos eletivos, os quais exercerão o poder
político de governo por representação e por tempo certo.
Fontes:

• BONAVIDES, op. cit., p. 106;


• DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado. 20.
ed. São Paulo : Malheiros, 1998, p. 34).
“...O Estado moderno resume basicamente o processo de
despersonalização do poder, a saber, a passagem de um poder de
pessoas a um poder de instituição, de poder imposto pela força a um
poder fundado na aprovação do grupo, de um poder de fato a um poder
de direito...” BONAVIDES, op. cit., p. 106
Definição de conceitos, segundo Paulo Bonavides (BONAVIDES, op.
cit., p. 106)

-Força= capacidade material de comandar interna e externamente;

-Poder= organização ou disciplina jurídica da força;

-Autoridade= traduz o poder quando outorgado pelo


consentimento, tácito ou expresso dos governados, sendo tanto mais
legítimo quanto mais consentido, e quanto mais legitimado maior a
autoridade dele resultante.
DEFINIÇÕES DE PODER

A conceituação de Poder passa por algumas variantes, entre tanto, Poder


é um elemento essencial constitutivo do Estado. Alguns autores
definem poder como a faculdade de tomar decisões em nome da
coletividade.

Quando dissemos acima que Poder tem algumas variantes, essas


variantes são a força, a competência e a legitimidade.
Para Maxi Weber Poder é a possibilidade de uma pessoa ou número de
pessoas realizarem sua própria vontade numa ação comum, mesmo quando há
resistência de outros que participam da ação.

Poder está presente em diversos relacionamentos, consiste em impor a própria


vontade, correlacionando-se com a força, coerção e persuasão.

No ambiento político ouvimos com frequência estas palavras mescladas ao


poder, advindas da autoridade. Assim sendo, o Poder do Estado tem a sua
unidade e invisibilidade, entre os princípios, da legalidade, da legitimidade e
da soberania.
• Princípio da legalidade: só pode se fazer o que a lei autoriza. (Veremos
a seguir)

• Princípio da legitimidade: é o princípio da legalidade mais a sua


valoração, que questiona a justificação de conformidade entre aceitar
ou negar, situações da vida social, crenças, ideologias e etc. (veremos
a seguir)

• Soberania: (veremos a seguir).


Portanto, poder é quando alguém pode impor a sua conduta a outrem, em um
conceito não tão moderno.

O poder tem várias significações. Dentre elas, devemos diferenciar o poder social do
poder político.

O poder social é aquele que pertence a sociedade enquanto primária; é aquele poder
que através dele a sociedade elege suas prioridades. O poder social está presente em
todas as relações humanas.

Poder político: o poder político é aquele que pertence a sociedade politizada; é


aquele poder exercido no Estado e pelo Estado, isso porque o poder político é
primordial para a constituição do Estado.
TEORIA GERAL DO ESTADO E CIÊNCIA POLÍTICA
• “...Quanto ao objeto da Teoria Geral do Estado pode-se dizer, de maneira ampla,
que é o estudo do Estado sob todos os aspectos, incluindo a origem, a
organização, o funcionamento e as finalidades, compreendendo-se no seu âmbito
tudo o que se considere existindo no Estado e influindo nele. [...] Assim, pois,
verifica-se que, não obstante a possibilidade de se destacar, para fins meramente
didáticos, um ou outro aspecto do Estado, a Teoria Geral do Estado sempre o
considera na totalidade de seus aspectos, apreciando-o como um conjunto de
fatos integrados numa ordem e ligados a fundamentos e fins, em permanente
movimento...” — DALLARI, op. cit., p. 6 “
A Ciência Política não se confunde com a Teoria do Estado ou com o Direito
Constitucional ou até mesmo com a Ordem Jurídica. Sem se preocupar em
saber quem surgiu primeiro –o fato é que ambos decorrem de uma Ciência
Política, mais especificamente de qual doutrina política foi posta em prática.
[...] Mas, de qualquer forma, a Política, seja como objeto de investigação,
seja como centro de interação de pessoas, seja como meio de irradiação do
Direito e do Estado junto à sociedade, é possível de ser examinada à luz de
uma Ciência...” — PAULA, Jônatas Luiz Moreira de. Ciência Política : Estado &
Justiça. Leme : J H Mizuno, 2007, p. 17 e 19
Ao tempo em que a Teoria Geral do Estado – TGE ocupa-se com a
estruturação do Estado, seus órgãos, a dinâmica de aquisição e de
exercício do poder político de governo, as formas e os regimes de
governo, as garantias e direitos fundamentais dos cidadãos e a
limitação do poder estatal, a Ciência Política, por sua vez, objetiva
explicar as relações de autoridade do Estado sobre o comportamento
dos homens, buscando conhecer, objetivamente, a origem dessas
relações de dominação.
COMUNIDADE E SOCIEDADE
Sociedade e comunidade tem uma estreita relação que os sociólogos
costumam se aprofundar. A comunidade é a existência de formas de vida e
organização social onde prevalece uma solidariedade feita de vínculos
psíquicos entre os componentes do grupo. A comunidade é um grupo
oriundo da própria natureza e independe da vontade dos membros que o
compõe. A comunidade tem caráter irracional, de cunho primitivo, movida
pela solidariedade inconsciente, gerida por afetos, simpatias, emoções, laços
de dependência, paixões de ordem individual e social.
A sociedade e a comunidade muitas vezes se entrelaçam, alguns
doutrinadores falam na sociedade da comunidade. Assim, sociedade é vista
como a ação conjunta e racional dos indivíduos no seio da ordem jurídica e
econômica, enquanto nela os homens permanecem separados em relação
aos laços afetivos. A comunidade impera na solidariedade dos vínculos
psíquicos entre os componentes, na existência de formas devida e
organização social.

Na sociedade a forma é arbitraria. Na comunidade o essencial é a vontade.


Na sociedade, temos forma e ordem. Na comunidade, temos matéria e
substância.
COMUNIDADE SOCIEDADE

A comunidade tem caráter irracional, de cunho primitivo, movida pela solidariedade Ação conjunta e racional na ordem jurídica e econômica, onde os homens permanecem
inconsciente, gerida por afetos, simpatias, emoções, laços de dependência, paixões de ordem separados de todos os laços.
individual e social.

o essencial é a vontade Vontade de forma arbitrária

Pressupõe matéria e substância. Pressupõe forma e ordem

Solidariedade feita de vínculos psíquicos entre os componentes do grupo Solidariedade mecânica

Governa-se pela vida e pelos instintos Governada pela razão

É um organismo É uma organização

É irracional e está no plano inconsciente. É um contrato.

A vontade é essencial, substancial e orgânica, muitas vezes independendo da vontade do No seu interior convivem formas comunitárias
membro.
SOCIEDADE E ESTADO

A sociedade e o Estado, tem suas aplicações hora de forma autônoma


uma da outra e hora contrastando-se um ao outro. Neste sentido, a
sociedade possui um círculo mais amplo e o Estado um âmbito mais
restrito. Portanto, a sociedade vem primeiro depois o Estado. A
sociedade é algo interposto entre o indivíduo e o Estado. A sociedade é
superior ao Estado e inferior ao indivíduo, em termos valorativos.
A sociedade, portanto, é a pluralidade de laços, é o conjunto de grupos
fragmentados, onde o interesse reinante se mede pela vontade de todos.

Sociedade é um termo abstrato e impreciso que necessita de


conceituação. É uma pluralidade de grupos da mais diversa espécie e
coesão. Sociedade é todo o complexo das relações humanas com os seus
semelhantes. Sociedade também pode ser conceituada como grupo
derivado de acordo de vontades, mediante vinculo associativos, em um
interesse comum impossível de se alcançar individualmente (conceito
mecanicista de Tonnes).
Há também o conceito organicista de Del Vecchio que nos refere, que
sociedade é o conjunto de relações mediantes as quais vários indivíduos
vivem e atuam solidariamente, formando uma entidade nova e superior,
embasado na concepção de ser o homem naturalmente um ser político,
por esta razão, não podendo viver fora da sociedade.
O Estado não está fora da sociedade, mas dentro, como um produto
dela. Com as contradições sociais no desenvolvimento da sociedade, o
Estado é o próximo passo usado como instrumento da sociedade. Esta
concepção deve informar a Ciência Política e o Poder Político, pois de
nada adianta Estado sem sociedade. Em outras palavras, o Estado
Constitucional é visto como produto da sociedade, quando o Poder
emana do povo (sociedade).
O Estado constituído por laços jurídicos e/ou políticos, fazendo-se pela
vontade geral, advinda diretamente pra relação indivíduo-Estado. Para
alguns doutrinadores o Estado é a ordem política para a sociedade,
definido como o grupo humano fixado em determinado território, onde
os mais fortes empoem sua vontade aos mais fracos.

O termo Estado tem caracterizações mais atuais, por exemplo, a


concepção do professor Paulo Bonavides, que nos relata a conceituação
de Estado sob três prismas: filosófico, jurídico e sociológico.
Concepção filosófica: nesta concepção, Estado é uma instituição acima de
qualquer coisa absoluta, concretizando-se pelo diálogo em arte, religião e
filosofia;

Concepção jurídica: nesta concepção, Estado se forma quando o Poder


centra se em uma instituição e não em um homem; Estado é a forma geral da
sujeição do Poder ao Direito;

Concepção sociológica: nesta concepção, Estado é uma comunidade humana,


dentro de determinado território, com monopólio da violência física
legitimada, de forma a se tornar bem sucedida.
ESTADO: conceito
• “...parece-nos que se poderá conceituar o Estado como a ordem jurídica
soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em
determinado território. [...] A noção de poder está implícita na de soberania,
que, no entanto, é referida como característica da própria ordem jurídica. A
politicidade do Estado é afirmada na referência expressa ao bem comum,
com a vinculação deste a um certo povo e, finalmente, está presente na
menção a determinado território...” (DALLARI, Dalmo de Abreu.
Elementos da Teoria Geral do Estado. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 1998,
p. 118)
• “...De modo geral, entretanto, o Estado é comumente definido
conceitualmente como a organização político-administrativa-jurídica
do grupo social que ocupa território fixo, possui um povo e está
submetido a uma soberania...” (FRIEDE, Reis. Curso de Ciência
Política e Teoria Geral do Estado. Teoria Constitucional e Relações
Internacionais. 3ª ed. — Rio de Janeiro : Forense Universitária, 2006,
p. 39)
“...Estado é a sociedade necessária em que se observa o exercício de um
governo dotado de soberania a exercer seu poder sobre uma população,
num determinado território, onde cria, executa e aplica seu ordenamento
jurídico, visando ao bem comum...” (Geraldo Brito Filomeno. Manual
de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 8ª ed. — Rio de Janeiro :
Forense, 2012, p. 97/98 — citando Pedro Salvetti Netto)
“...o Estado é uma pessoa jurídica [...] idealizada pelos homens
principalmente para manter a ordem e a segurança — e que exerce uma
jurisdição universal nos seus limites territoriais, para que utiliza o
Direito, respaldado pela força conferida pelo povo — que é reconhecida
interna e externamente como autoridade soberana. O Estado, enfim, é o
produtor de Direito, é sujeito de Direito e é objeto do Direito, mas não é
o Direito...” (FIGUEIREDO, Marcelo. Teoria Geral do Estado. 4. ed.
São Paulo : Atlas, 2014, p. 21)
PODER ESTATAL
“...Com respeito ao poder do Estado, urge considerá-lo através dos
traços que lhe emprestam a fisionomia costumeira [...]. Esses traços são:
a imperatividade e natureza integrativa do poder estatal, a capacidade de
auto-organização, a unidade e indivisibilidade do poder, o princípio da
legalidade e legitimidade e soberania...” BONAVIDES, op. cit., p. 107.
—imperatividade e natureza integrativa do poder estatal: Todo indivíduo
nasce sob território de jurisdição de determinado Estado, o qual é uma forma
de sociedade dentre tantas que se formam no seio de toda comunidade
humana (social, religiosa, política etc.). Contrariamente às demais sociedades
humanas, cuja participação e integração é voluntária, a “participação no
Estado” é obrigatória, uma vez que, hodiernamente, não se concebe a vida
fora do Estado, posto que se trata ele, em sua atual conformação, da
organização social que detém o monopólio da força na forma de coação
organizada e incondicionada, detentora dos meios materiais e jurídicos para
impor e exigir determinada conduta social de seus integrantes.
“...Examinada atentamente a natureza do poder estatal, verifica-se que
todo Estado, comunidade territorial, implica uma diferenciação entre
governantes e governados, entre homens que mandam e homens que
obedecem, entre os que detêm o poder e os que a ele se sujeitam. [...] Ao
poder do Estado aderem-se certos traços ou qualidades fundamentais. O
primeiro é a natureza integrativa ou associativa do poder estatal, [...] e
que faz que o portador do poder do Estado, do ponto de vista jurídico,
não seja uma pessoa física nem várias pessoas físicas, mas sempre e
indispensavelmente a pessoa jurídica, o Estado...”
—a capacidade de auto-organização: Reconhece-se como Estado a
sociedade jurídica e politicamente organizada com autonomia bastante e
suficiente para elaborar e reger-se por seus próprios direitos,
normalmente expostos a partir do texto de uma Constituição, e que,
além, possua instrumentos próprios de poder financeiro, policial e
militar, com capacidade organizadora e regulativa.
—a unidade e indivisibilidade do poder: O Estado moderno superou,
historicamente, as anteriores formas de organização política que respondiam
pelo governo das respectivas sociedades de então: chefes tribais, reis,
imperadores, sultões etc. Essa superação histórica converteu o poder estatal
em uma unidade indivisível centrada na pessoa cuja vontade se toma como
vontade estatal, qual seja, o povo. A titularidade do poder se reconhece ao
povo, mas o seu exercício se dá e se faz por intermédio dos órgãos estatais (o
corpo eleitoral, o Parlamento, o Ministério, o Chefe do Estado etc.). O poder
do Estado é indivisível; a divisão se faz quanto ao exercício do poder e
quanto às formas de atividade estatal.
Na concepção moderna e contemporânea da divisão tripartite do poder,
as múltiplas funções do Estado são divididas em função legislativa
(cometida ao Poder Legislativo (BONAVIDES, op. cit., p. 107 e 108)
Parlamento), função executiva (relativa ao Poder Executivo) e função
judiciária (atribuída ao Poder Judiciário), evitando-se, desse modo, a
concentração do poder em uma única pessoa ou órgão estatal.
—princípios da legalidade e da legitimidade do poder político: O
Estado moderno, constituído sob a forma de Estado de Direito, possui
por primado a observância da lei, votada e aprovada pelo Parlamento,
como parâmetro para a imposição e exigência de condutas jurídica e
socialmente aceitáveis. Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer
senão em virtude de lei; nenhum crime sem lei que, previamente, o
preveja; nenhuma pena sem lei que, previamente, a comine;
“...Já a legitimidade tem exigências mais delicadas, visto que levanta o problema de
fundo, questionando acerca da justificação e dos valores do poder legal.
Legitimidade é a legalidade acrescida de sua valoração. [...] No conceito da
legitimidade entram crenças de determinada época, que presidem à manifestação do
consentimento e da obediência. A legalidade de uma regime democrático, por
exemplo, é o seu enquadramentos nos moldes de uma constituição observada e
praticada; sua legitimidade será sempre o poder contido naquela constituição,
exercendo-se de conformidade com suas crenças, os valores e os princípios da
ideologia dominante, no caso a ideologia democrática...”

Para muitos autores-doutrinadores, a legalidade e a legitimidade são condições


essenciais do poder do Estado.
Poder é o elemento essencial constitutivo do Estado. Com o poder se
entrelaçam a força e a competência.
• Poder de fato – emprego frequente de meios violentos para impor a
obediência. Poder exteriorizado pelo aspecto coercitivo.
• Poder de direito – funda-se mais na competência e no consentimento
dos governados.
• Há duas formas de poder do Estado:
• 1 – Poder dominante (originário ou permitido) é o Poder típico dos
Estados, podendo usar a força.
• 2 – Poder não-dominante: são característicos das sociedades; não
possui forma ativa, os indivíduos que obedecem não são coagidos, eles
têm participação voluntária ou involuntária; vinculo que se desfaz
facilmente bastando a vontade.
O poder do Estado na pessoa do seu titular é indivisível: a divisão se faz
quanto ao exercício do poder, quanto as formas básicas de atividade
estatal. Para evitar a concentração do exercício em uma única pessoa,
distribui-se as funções do Estado uno em função legislativa, executiva e
judiciária.
• O poder do Estado é um poder político
• O poder do Estado é uno e indivisível
Poder estatal: só existe uma vontade, que é a da maioria – geral do povo
– Só pode haver um único titular do poder: Estado como Pessoa Jurídica
ou aquele poder social que em última instância se exprime.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO
*Ordem Formal: Na ordem formal significa dizer que é o elemento Poder Político na
sociedade surgindo daí o Estado, registrando também o surgimento dos mais fortes sobre os
mais fracos.

*Ordem Material: Na ordem material temos o elemento humano e o elemento território.

O elemento humano é formado pelos quesitos:

**População: são termos demográficos, quantitativo;

**Povo: são termos jurídicos, é vinculo jurídico;

**Nação: são termos culturais, são traços culturais.


Elemento território: espaço ocupado ou que se faz ocupar por um grupo
determinado (decorrente do elemento humano). Na concepção de
Jellink, o elemento território é a corporação de um povo assentada num
determinado território e dotada de um Poder Originário de mando.
ELEMENTO HUMANO
• POPULAÇÃO:
População é um dado quantitativo, não depende de qualquer laço jurídico, de
sujeição ao Poder estatal. População é um conceito estatístico e democrático.
População são todas as pessoas presente no território do Estado, naquele
determinado momento, inclusive apátridas e estrangeiros.

A população não se confunde com conceito de povo. Como o seu conceito é


estatístico, a população pode significar perante o aspecto econômico um
coeficiente de índices democráticos.
• POVO:
O conceito de povo na antiguidade, pelo filósofo Cícero nos diz que povo é a
reunião da multidão associada pelo consenso do direito e pela comunhão da
utilidade.

No estado absoluto, povo é referido como objeto do Estado.

No conceito Político, povo é a parcela sufragante, que se politizou, ou seja,


assumiu a capacidade decisória, o que quer dizer, que povo é o corpo eleitoral
do Estado. Povo é uma parcela da população com capacidade de decidir,
inserida no processo democrático, que pelas eleições exercem os seus direitos
de cidadão.
Pelo conceito jurídico, povo é o conjunto de pessoas que pertencem um
Estado, pela relação de cidadania ligados ao ordenamento jurídico.

Pelo conceito sociológico, povo é o transcurso histórico de várias


gerações, dotado de valores e princípios comuns, de vontade coletiva.

Em democracia povo é traduzido como sujeitos de direitos para com o


Estado Constitucional e representativo. Neste prisma é que povo é
enxergado como parcela sufragante, exercendo sua cidadania.
A cidadania é a relação de vinculo do indivíduo com o Estado, que devem ambos cumprir os seus
deveres e requererem seus direitos, determinados pela CF.

OBS: sistema de aquisição de nacionalidade: (ver art. 12CF)

1- jus sanguinis: neste sistema se determina a nacionalidade de uma pessoa, pelo sangue. Ou seja,
pode nascer em qualquer parte do mundo que a nacionalidade será a nacionalidade de seus pais, pelo
sangue.

2- jus soli: é quando a nacionalidade é determinada pelo vinculo territorial, pelo solo. Ou seja, por
ex: se eu nascer em solo brasileiro, serei brasileiro.

3- sistema misto: neste sistema, se admite os dois sistemas anteriores. Ou seja, posso adquirir a
nacionalidade pelo vinculo do sangue ou pelo solo. Art: 421, do CC. Art: 5, inciso XXII, da CF.
• NAÇÃO:
Para Paulo Bonavides, o conceito de nação passa por vários significantes. Nação é
um grupo humano no qual os indivíduos se sentem mutuamente unidos por laços
tanto naturais como espirituais, bem como conscientes daquilo que os distinguem
dos indivíduos componentes de outros grupos nacionais.

Para outros doutrinadores como alto posse nação é o derivado da comunhão de


tradição, da história, da língua, da religião, da literatura e da arte, que são todos
fatores agregativos prejudicados.

Para outro doutrinador, Mancini, nação é uma sociedade natural de homens, com
unidade de território, costumes e língua, estruturado numa comunhão de vida social.
Alguns elementos servem de fundamento a uma nação, são eles: fatores
naturais, fatores históricos e fatores psicológicos.

Fatores naturais: território, raça e língua. Fatores históricos.

Observa-se que esses elementos são determinantes a uma nação, estando


a língua talvez como o fator mais importante entre eles, porque através
dela realiza-se a comunicação determinante na unidade entre os homens.
Podemos ressaltar que o Estado é a organização jurídica da nação. Por
outro lado, a nação é a única fonte que legitima o exercício da
autoridade política, de forma que o Estado correlaciona-se com a nação
e a nação legitima o poder político do Estado.

• OBS: em cada exercício de Direito deverá existir o cumprimento de


deveres.
• ELEMENTO TERRITÓRIO: é a base geográfica do poder Espaço dentro
do qual o Estado exercita o seu poder de império (soberania). Para
Pergolesi o território como “a parte do globo terrestre na qual se acha
efetivamente fixado o elemento populacional, com exclusão da
soberania de qualquer outro Estado”. A doutrina também conceitua
o território como sendo simplesmente o espaço dentro do qual o
Estado exercita seu poder de império (soberania).
• Para Bonavides, são partes do território a terra firme, assim como
com as águas aí compreendidas, o mar territorial, o subsolo e a
plataforma continental, bem como o espaço aéreo.

• Razões da delimitação: defesa e campo de aplicação do direito.


• 1. Mar Territorial: faixa variável de águas que banham as costas de
um Estado e sobre as quais exerce ele o direito de soberania.
Considera-se também a segurança nacional, repressão ao
contrabando, controle de navegaão para evitar a poluição das
águas,etc. O Brasil consagra presentemente o limite de 200 milhas de
mar territorial, ressalvando o direito de passagem inocente para os
navios de todas as nacionalidades.
• 2. Plataforma Continental e Subsolo: O espaço é concebido de
maneira geométrica em três dimensões, sob forma de cone, cujo
vértice se acha no centro da terra e cujos limites percorrem os confins
do Estado, elevando-se daí para o infinito, não se podendo precisar
até que ponto se estenda o interesse jurídico do Estado sobre a
atmosfera e sem que se possa admitir aí poder diverso daquele do
Estado”
• A plataforma continental: o Governo brasileiro ampliando para 200 milhas
o mar territorial trouxe considerável alento às pretensões do País tocantes
a sua plataforma continental, sobre a qual já não recai uma jurisdição
limitada mas poderes de soberania, em toda a sua amplitude, numa
integração jurídica total do “território submerso” correspondente à
plataforma, dentro do limite das 200 milhas mencionadas. Pode ser
considerada como uma extensão de massa terrestre do país ribeirinho e
como formando parte dele naturalmente.
• 3. Espaço Aéreo: quatro são as camadas sobre a superfície da terra:

• a) Troposfera: 10 à 12 km de altitude

• b) Estratosfera: cerca de 100 km

• c) Ionosfera: de 100 a cerca de 600 km

• d) Exosfera: zona de transição para o espaço cósmico, começa onde

• acaba a força de atração da terra.


• 4. Espaço Cósmico: dele pode advir novos direitos como o chamado
direito astronáutico, interestela, interplanetário, espacial ou cósmico. Um
princípio consagrado exclui da dominação do Estado o espaço cósmico.
Exceção ao poder de império do Estado: extraterritorialiedade.
Extraterriorialiedade: uma coisa que se encontra no território de um
Estado é de direito considerada como se estivesse situada no território do
Estado a que ela pertence. Ex: navios de guerra.

• Este espaço é regido pelo Direito Internacional e a Carta das Nações


Unidas.
SOBERANIA
É o mais alto poder do Estado; a qualidade de poder supremo (suprema
potestas), apresenta duas faces distintas: a interna e a externa.

*Soberania Interna – imperium que o Estado tem sobre o território e a


população; superioridade do poder político frente aos demais poderes
sociais, que lhe ficam sujeitos de forma mediata ou imediata.

*Soberania Externa – manifestação independente do poder do Estado frente


outros Estados.
Para os contemporâneos a soberania é dado histórico e representa
determinada qualidade do poder do Estado, que se que constitui
elemento essencial ao conceito deste, podendo haver Estado com ou
sem soberania.
*A soberania é una e indivisível, não se delegando-a.
*A soberania é irrevogável; é perpétua; é um poder supremo.

**O titular do direito da soberania:


A. Soberania do Estado: assinala a preeminência do grupo político
sobre os
demais grupos sociais interno e externos
B. Soberania no Estado: é a autoridade suprema no interior do Estado.
FORMAS DE GOVERNO
• I - Formas Puras de Governo: (Classificação de Aristóteles)
• a. Monarquia: Para Aristóteles é o Governo de um só. O Sistema
Monárquico atende à exigência unitária na organização de poder político,
exprimindo uma forma de governo na qual se faz mister o respeito das
leis. (BONAVIDES, Paulo).
• b. Aristocracia: Governo de alguns. É o governo dos capazes, dos melhores.
Definições de força em sentido de qualidade, em outras palavras,
concepção de força da cultura, da inteligência, dos melhores, dos que
lideram o governo. É a seleção dos capazes.
• c. Democracia: governo que deve atender, na sociedade, aos
reclamos de conservação e observância dos princípios de liberdade e
de igualdade, segundo Aristóteles.
• II - Formas Impuras de Governo: (Classificação de Cícero)
a. Tirania: Monarquia degenerada – governo de um só que vota o
desprezo da ordem pública.
b. Oligarquia, Plutocracia ou Despotismo: Aristocracia degenerada –
governo do dinheiro, da riqueza desonesta, dos interesses econômicos
anti-sociais.
c. Demagogia: Democracia degenerada – governo das multidões rudes,
ignaras, despóticas.
** Formas Mistas de Governo: A forma mista de Governo consiste na redução dos poderes
da monarquia, da aristocracia e da democracia, mediante determinadas instituições
políticas, como um Senado Aristotélico ou uma Câmara Democrática.
Classificação de Maquiavel: “Todos os Estados todos os domínios que exerceram ou
exercem poder sobre os homens, foram e são ou Repúblicas ou Monarquias”.(em O
Príncipe) Classifica as formas de Governos em termos dualistas. São:
• a. Repúblicas: (poder plural, compreende Aristocracia e Democracia) governo
republicano é todo governo eletivo e temporário.
• b. Monarquia: (poder singular) governo em que o gestor público instaura-se por
hereditariedade e mantêm-se no governo vitaliciamente.
§ Ilimitadas: Monarquias Absolutistas por ausência de normas.
§ Limitadas: Nos termos da lei, por estamentos, constituições e parlamentos.

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