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6 – Comunicações Ópticas

SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES II

TRANSPARÊNCIAS

6 – COMUNICAÇÕES ÓPTICAS

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TRANSMISSÃO POR FIBRAS ÓPTICAS

! INTRODUÇÃO

Desde 1870 que são estudados os princípios de transmissão "guiada" da luz.


Contudo só muito recentemente, em 1966, dois cientistas dos laboratórios da STL,
uma empresa, na altura, do grupo ITT no Reino Unido, se dedicaram com
persistência ao estudo da transmissão de informação através de meios dieléctricos
transparentes dos quais o mais importante era a fibra de vidro.

No início parecia quase impraticável a utilização da fibra para transmissão da luz a


distâncias razoáveis para as comunicações dado que as fibras disponíveis
apresentavam atenuações de 500 a 1000 dB/km mas a dedicação daqueles dois
cientistas permitiu, apenas em cerca de 4 anos, atingir o objectivo de 20dB/Km que
se tinham proposto através de introdução de tecnologias avançadas que permitiram
a obtenção de fibras de vidro de grande pureza, dado que, essencialmente, as
atenuações e outras características da fibra estão relacionados com a presença de
impurezas no vidro.

Hoje as fibras já exibem atenuações inferiores a 1dB/km que, aliadas ao progresso


dos semicondutores na obtencão das fontes de luz e respectivos receptores,
permitem que as fibras ópticas sejam utilizadas em distâncias elevadas incluindo os
serviços transoceânicos.

! CARACTERÍSTICAS das FIBRAS ÓPTICAS

As investigações sobre as fibras ópticas continuam a ser dirigidas no sentido de


reduzir a atenuação e de aumentar a taxa de transmissão digital. Até ao
desenvolvimento dos Amplificadores Ópticos, a atenuação definia a distância entre
regeneradores, os quais afectam directamente o custo de uma ligação em FO.
Como o custo aumenta em função do número de regeneradores, o seu espaçamento
deve ser maximizado.

De notar que nos regeneradores dos sistemas de FO, há uma conversão óptico-
eléctrica, uma regeneração do fluxo de impulsos, retemporização e reconversão
eléctrica para óptica para continuação da transmissão.

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Características das Fibras Ópticas

Os Amplificadores Ópticos não eliminam completamente os regeneradores mas


aumentam radicalmente a distância entre eles.

Numa transmissão por fibra óptica, o dèbito binário ("bit-rate") depende das
características da fonte de luz e das dimensões e da dispersão nessa fibra óptica

A dispersão causa um alargamento e sobreposição dos impulsos à medida que se


propagam na fibra, limitando a taxa de transmissão.

O acoplamento da fonte de luz à fibra é outro factor importante:

Um parâmetro designado por ângulo de abertura ("numerical aperture") ou


simplesmente por Abertura está associado ao acoplamento e será, tal como outras
características da fibra, definido nos próximos parágrafos.

ABERTURA NUMÉRICA

Como sabemos (ver fig. 6.1) cada fibra óptica propriamente dita tem um núcleo
cilíndrico e uma camada envolvente (baínha) desse núcleo, sendo ambos (núcleo e
respectiva baínha) feitos de material transparente, normalmente vidro ou plástico;
no nosso caso sempre de vidro. Uma segunda camada protectora concêntrica (em
plástico) é geralmente aplicada sendo o conjunto envolvido por uma manga
protectora exterior para evitar as curvaturas acentuadas.

Concentremo-nos (ver fig. 6.1) apenas no núcleo e baínha ("cladding")


examinando como um feixe luminoso entra numa fibra óptica.
Se um raio de luz entra na fibra óptica segundo um ângulo maior do que o cone de
aceitação (raio 2 da fig. 6.1.a) perde-se por refracção, não sendo transmitido ao
longo da fibra.

Esse ângulo está naturalmente relacionado com o ângulo crítico, isto é, com o
menor ângulo que um raio no núcleo pode fazer com a normal à superfície de
separação núcleo-"cladding" para o qual ainda há reflexão.

Assim, define-se, Abertura Numérica (NA - “Numerical Aperture”) ou,


simplesmente, Abertura, pela relação:

2 2
NA = sin " c = n1 ! n 2 (6.1)

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Abertura Numérica

sendo:
! c o ângulo de abertura do cone de aceitação e
n1 e n2 os índices de refracção do núcleo e da camada envolvente,
respectivamente.

O índice de refracção do núcleo é ligeiramente maior do que o da camada


envolvente (“cladding”) . Só há transmissão quando a luz incide na fibra com um
àngulo menor que o correpondente à sua NA.
O valor de NA diminui à medida que o diâmetro da fibra diminui: para um núcleo
de 50 µm, o valor é 0.2 e, para 10µm, é de 0.1.

Fig. 6.1 – a) Cone de aceitação para fibra de “salto de Índice” ; b) Abertura numérica NA= sin !c

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Atenuação
Numa fibra óptica a luz propaga-se, como sabemos, segundo reflexões sucessivas
de acordo com a fig.6.2

Fig. 6.2 – Reflexão da luz na fibra óptica

ATENUAÇÃO

A fig 6.5 mais adiante representa as atenuações numa fibra óptica de sílica em
função do comprimento de onda em nm.
Na realidade, faz-se nessa figura a distinção entre dois tipos de fibra (multimodo e
monomodo) evidenciando as perdas em cada um deles.
Uma das causas importantes para as perdas na fibra é a devida à dispersão de
Rayleigh. Esta dispersão é devida a localizações aleatórias de regiões moleculares
ao longo da fibra onde a densidade é maior e, portanto, onde há grandes variações
do índice de refracção; estas variações podem ser modeladas (ver fig. 6.3) como
pequenos objectos dispersos embebidos ( o tamanho desses objectos é muito menor
que o comprimento de onda da luz) de tal modo que os raios de luz ao
atravessarem aquele tipo de estrutura se difundem em várias direccções, daí
resultando as perdas. Como a difusão de Rayleigh é proporcional a !-4, quanto
menor for o comprimento de onda maior será o seu efeito (ver fig. 6.5).
Outra causa das perdas na fibra é a devida à
aborpção: a aborpção intrínseca do vidro que
apresenta um pico na região dos ultravioletas e
um pico de maior importância na região dos
infravermelhos tem uma contribuição para as
perdas muito pouco significativa, mas a Fig. 6.3 - Dispersão de Rayleigh
absorpção devida às impurezas (especialmente
os iões OH) tem um peso importante. Na fig. 6.5 vê-se como existe um pico de
grande significado (devido à absorpção OH) na zona dos 1.37 µm. Há ainda outra
causa de perdas devida a efeitos geométricos (originado por curvaturas na fibra e

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Atenuação

micro-curvaturas). A combinação de todas as causas referidas anteriormente é que


vai dar origem às curvas de atenuação da fig. 6.5.
Existem, fundamentalmente, dois tipos de fibra óptica , multimodo e monomodo,
que se distinguem pelo facto de, neste último, o diâmetro do núcleo ser tão
pequeno (da mesma ordem do comprimento de onda da luz) que esta só se pode ter
um modo de propagação (ver fig. 6.4.c). O núcleo de uma fibra monomodo tem
cerca de 8 a 10 µm de diâmetro, enquanto que nas fibras multimodo (figuras 6.4.a
e 6.4.b) o diâmetro do núcleo é de cerca de 50 µm.
Note-se que a fibra representada em 6.5.b tem um índice de refracção no núcleo
que é variável (mínimo no interior e aumentando progressivamente para um
máximo, que atinge na periferia do núcleo) – é o tipo GRIN (fibra de gradiente de
índice).

Fig. 6.4 Os três tipos principais de fibra óptica : a) Salto de ìndice ou ìndice em degrau
b) Gradiente de índice c) Monomodo
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Fig. 6.5 – Atenuação em função do comprimento de onda Pág. 6 - 7


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Atenuação
A primeira fibra óptica colocada ao serviço era do tipo multimodo, trabalhava na primeira
janela (ver fig. 6.5, para definição de “janela”), nos 0.8 µm, e a sua atenuação era de cerca
de 3 dB/Km.
As fibras multimodo ainda hoje são muito utilizadas nas interligações de redes locais,
dentro de edifícios e noutras aplicações.

Fig. 6.6 – Atenuação, em função do comprimento de onda, de uma fibra monomodo

Os “standards” actuais situam-se nas faixas de 1.24 a 1.34 µm e de 1.45 a 1.65 µm


correspondentes, respectivamente, à segunda e terceira janelas. A fig. 6.6 dá, em mais
detalhe, para uma fibra monomodo, os valores de atenuação em função do comprimento
de onda, verificando-se que, as perdas mínimas surgem na terceira janela para um
comprimento de onda de 1550 nm (cerca de 0.2 dB/km) e que, na segunda janela as perdas
para 1310 nm (comprimento de onda de operação corrente nesta janela) são da ordem de
0.35 dB/km.
Os 0.2 dB/km estão muito próximo do limite teórico de atenuação mínima da fibra que é
de 0.16 dB/km a 1550 nm.
A janela de 1.55 µm está reservada exclusivamente para a operação monomodo.

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DISPERSÃO

Um dos problemas que tem mais implicações na performance da transmissão por fibra
óptica é a dispersão.
A dispersão consiste no alargamento da duração dos impulsos ópticos transmitidos através
da fibra que, em vez de manterem a sua forma original, sofrem uma distorção traduzida
num alargamento tal como se mostra na fig. 6.7.
Se existirem impulsos adjacentes que, em parte, se sobreponham aos anteriores, a detecção
dos impulsos individuais na recepcção, torna-se duvidosa como se pode ver através da
mesma figura.

Fig. 6.7 – Alargamento dos impulsos devido à dispersão..

A dispersão limita a distância de transmissão e diminui o “bit-rate”. Por definição é dada


pela expressão:

2 2
Dispersão "
t 2 ! t1 ns / km (6.2)
L

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Dispersão

ou, mais precisamente, para qualquer comprimento de onda um impulso será atrasado de
um tempo td por unidade de comprimento L, de acordo com a expressão

1 dt d
Dispersão Material = ! ps / nm ! km (6.3)
L d"

A dispersão aumenta com a largura de banda da fonte de luz (para LEDs e LASERs em
vez de “largura de banda” é geralmente utilizada a designação “largura de linha”).
Se uma dispersão mínima é importante, é preferido o díodo LASER ao LED por ter uma
largura de linha muito mais estreita.
Os efeitos da dispersão aumentam, portanto, com o comprimento da fibra e com a largura
de linha.

Algumas fibras ópticas são classificadas de acordo com o produto da distância pela
largura de banda.
Por exemplo, se uma fibra óptica tem um produto largura de banda-distância de 500
MHz-km (de notar que, aqui, o tracinho “-“ significa “vezes” e não “menos”) e se
pretendermos transmitir um sinal de largura de banda igual a 85 MHz, a máxima
distância entre repetidores será
500MHz ! km
= 5.88 km
85MHz
As causas da dispersão são as seguintes:

- Largura espectral da fonte de transmissão

A fonte óptica não emite uma frequência pura mas uma faixa estreita de frequências. O
Laser tem uma largura de espectro mais estreita do que o LED e, por isso se diz que tem
menor dispersão Intramodal ou Cromática (diz-se Intramodal porque tem lugar num só
modo de propagação e também se diz Cromática porque resulta da presença de diferentes
comprimentos de onda na luz) do que o LED. Na prática não há fontes ópticas que
emitam numa só frequência.

- Características da Fibra

A fibra causa dispersão e há dois tipos de dispersão: dispersão intramodal ou cromática,


que ocorre em todos os tipos de fibras e a dispersão intermodal ou modal que ocorre
apenas nas fibras multimodo.

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Dispersão

A dispersão cromática ou intramodal está, como vimos, ligada à maneira como os


impulsos de luz de uma fonte com uma largura espectral específica (em comunicações
ópticas usa-se preferentemente o termo largura de linha) são “alargados” na fibra óptica.

Há dois tipos de dispersão intramodal:

1- Dispersão Material
2- Dispersão de Guia de Onda

Dispersão material : as ondas de luz viajam ao longo da fibra em feixes que consistem
em séries de ondas sensivelmente paralelas de diferentes comprimentos de onda. Ora,
com excepção do vazio, diferentes comprimentos de onda viajam a
diferentes velocidades e daí a dispersão. O valor desta dispersão material está relacionado
com a gama de frequências que compõem o feixe de luz. No caso da fonte ser Laser em
vez de LED, como a fonte Laser tem um feixe com menos largura de banda a dispersão
será menor.

A dispersão de guia de onda (nas fibras monomodo, em particular e, nas fibras


multimodo) resulta do facto de alguma energia se propagar pela baínha (“cladding”) em
vez de se limitar ao núcleo; como as velocidades de propagação no núcleo e no
“cladding” são diferentes, pois os materias têm diferentes índices de refracção, daí a
dispersão.
A dispersão de guia de onda para as fibras multimodo é da ordem de 0.1 a 0.2 ns/km o
que, comparado com a dispersão material é desprezável.

Estes dois últimos tipos de dispersão (guia de onda e material) não são necessariamente
aditivos; de facto, podem mesmo cancelar-se a determinado comprimento de onda (para a
fibra de vido normal esse comprimento de onda é da ordem dos 1.3 µm).

Para fibras monomodo existe um comprimento de onda para o qual a dispersão material
cancela exactamente a dispersão de guia de onda e que é designado por comprimento de
onda de dispersão zero, que pode ser ajustado modificando a composição do material e o
diâmetro do núcleo.

Nas fibras monomodo a dispersão é dada em

ps/(nm.km) ou ps/(nm-km)

isto é, em picosegundos por km por nanometro da largura de linha da fonte por km de


comprimento de fibra.

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Dispersão

Nota: define-se mesmo uma constante de dispersão cromática Dc e a dispersão por


quilómetro será:
D = Dc . !" (6.4)
sendo D a dispersão em ps/Km, Dc a constante de dispersão cromática em ps/nm/Km
e !" a largura de linha da fonte.
A dispersão total é então
!t = D.L (6.5)
sendo !t a dispersão total em picosegundos, D a dispersão da fibra em ps/km e
L o comprimento da fibra em Km.

Na fig. 6.8 representa-se a Dispersão total, numa fibra monomodo, em ps/nm/km em


função do comprimento de onda.

Verifica-se, da facto, que a dispersão é nula para 1.31 µm mas, para esse
comprimento de onda a atenuação é da ordem dos 0.35 dB/km e, por isso, a Indústria
fabrica muitas fibras na janela dos 1.55 µm em que a dispersão também é nula mas
com menor atenuação.

Fig. 6.8 – Dispersão total, em função do comprimento de onda, para a fibra monomodo

A dispersão de guia de onda para as fibras monomodo já é apreciável. A fig. 6.9


mostra como a dispersão de guia de onda se combina com a dispersão material de
modo a obter-se a dispersão cromática total. O comprimento de onda de dispersão
nula varia entre os 1.26 µm e os 1.30 µm. Modificando o índice de refracção da fibra
usando técnicas precisas de fabricação de modo a alterar as características de
dispersão de guia de onda, as fibras podem ser projectadas para ter dispersão zero ao
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Dispersão

comprimento de onda de 1550 nm. Haverá naturalmente desvios do valor ideal, mas
para 1550 nm um valor típico de dispersão é da ordem de 3 ps/nm-km.

Fig. 6.9 – Dispersão material e de guia de onda numa fibra monomodo

A DISPERSÃO MODAL é devida à propagação de mais do que um modo na fibra;


neste caso o sinal viaja mais longe no mesmo tempo em alguns modos do que noutros
(ver fig 6.10)
Modo de ordem
mais alta

Modo de ordem
mais baixa

Fig. 6.10 Dispersão modal

As fibras monomodo são isentas de dispersão modal.

A fig. 6.11 evidencia como, numa fibra de índice em degrau, é originada a dispersão pelo
facto de o sinal à chegada ser o somatório (para o caso da elucidação) de 3 sinais
propagados em modos diferentes, logo, chegando em alturas diferentes.
As fibras de índice de refracção gradual (também chamadas de gradiente de índice)
reduzem a dispersão pelo facto de os sinais que se propagam nos modos mais altos
“dispenderem mais tempo” na zona exterior do núcleo da fibra do que os sinais nos
modos mais baixos.
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Dispersão

Fig. 6.11 – Dispersão modal numa fibra de índice em degrau

A dispersão modal é a fonte dominante de dispersão nas fibras multimodo.

Como dissémos, as fibras monomodo, como só usam um modo de propagação


fundamental, não exibem qualquer dispersão modal e são as fibras com as quais se
conseguem transmitir maiores larguras de banda porque possuem a menor dispersão
total.

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POLARIZAÇÃO

As fibras monomodo têm uma simetria circular em torno do seu núcleo, podendo-se assim
transmitir dois modos quase idênticos com polarização a 90º um do outro (um modo TE e
um modo TM).
Contudo, a existência de pequenas imperfeições nas características da fibra tais como
tensões e pequenas variações na composição e geometria da fibra podem dar origem a que
haja energia que se mova de um modo para o outro durante a propagação.

CURVATURA DA FIBRA

Sempre que uma fibra monomodo ou uma fibra multimodo é encurvada, alguma energia
dentro do núcleo da fibra, pode escapar-se para a região exterior à fibra como se ilustra na
fig. 6.12. As perdas aumentam, evidentemente, quando o raio de curvatura (“bending
radius”) R diminui. Se o raio de curvatura se aproxima do raio

da
Fig. 6.12 – (a) – Curva numa fibra óptica (b) - Microcurvatura dentro de uma fibra óptica
(c) – Perdas adicionais causadas pela curvatura
fibra, ocorrerão perdas muito altas devidas à atenuação por microcurvatura (fig. 6.12.b). A
fig. 6.12.c mostra o valor das perdas em função do raio de curvatura para fibras de 1.3 µm
e de 1.5 µm, onde por exemplo se verifica que, para um raio de curvatura de 2 cm a perda
é inferior a 0.00001 dB/cm.

PROJECTO DE UM “LINK”
Um link de transmissão por fibra óptica tem muitas semelhanças com outros tipos de
transmissão, no que diz respeito ao cálculo de ganhos e perdas, embora as tecnologias
possam ser muito diferentes. Alguns dos componentes importantes de

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Projecto de um link

um link de fibras ópticas são os regeneradores e os repetidorers de amplificação óptica. Há


aqui uma diferença importante a ter em conta: é que enquanto os Amplificadores Ópticos
são transparentes ao “bit-rate”, isto é, não há diferença que o “bit-rate” seja de 1 Mbit/s ou
de 100 Gbit/s, os regeneradores são projectados para um “bit-rate” específico.
Outro elemento importante é o Emissor que usa um Díodo Laser. A potência de
transmissão tem vindo a aumentar mas há um limite teórico, devido à dispersão na fibra,
estudado por Raman e Brillouin.
A potência típica transmitida por um Laser num sistema de comunicações em fibra óptica
é da ordem de 5 a 15 dBm.
Na recepção há dois tipos principais de dispositivos semicondutores : O fotodíodo de
avalanche (APD - Avalanche PhotoDiode) e o díodo PIN seguido por um FET, ou por um
transistor de electrões de alta mobilidade (HEMT - High Electron Mobility Transistor) ou
por um transistor de heterojunção bipolar (HBT - Heterojunction Bipolar Transistor).

Orçamento ou Balanço de Potência (Power Budget)

O Power Budget é a base do projecto de um “link” a fibra óptica. Numa ligação em


fibra óptica deve ser:
GANHO TOTAL – PERDAS TOTAIS # 0
ou seja,
(Pt + Gt - Pr) - ($c + $s + Fm) - $f . LT # 0 (6.6)

Portanto, o comprimento da ligação:

(Pt + Gt - Pr) - ($c + $s + Fm)


LT %
$f
sendo:

Pt – Potência a transmitir
Pr – Potência mínima recebida (sensibilidade do receptor)
Gt – Ganho total dos m amplificadores ópticos (G1 + G2 + … + Gm)
$f – Atenuação na fibra óptica em dB/Km
$c– Atenuação total nos conectores da ligação
$s – Perdas totais nas n junções ($s1 + $s2 + … + $sn)
Fm– Margem para perdas na fibra (margem de segurança)
LT – Comprimento total do “link” em Km, com amplificadores ópticos

Os amplificadores ópticos são colocados a distâncias regulares ao longo do


percurso, sendo também necessário instalar igualizadores de ganho.

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Projecto de um link

O ponto de partida é o estabelecimento da capacidade de transmissão, isto é, quantos


canais são necessários para a ligação entre as Estações Tenmínais, definindo-se então o
“Bit-Rate”.
A partir daí define-se o tipo da Fonte Emissora de Luz, se é do tipo LED ou LD(Laser)
e se o Receptor é tipo APD ou PIN.
O tipo de Fibra a escolher depende do comprimento do link, se é curto, médio ou longo .
Um link de longa extensão deve utilizar uma Fibra Monomodo , enquanto que um link
de curta extensão, do tipo LAN, por exemplo, pode utilizar urna Fibra Multimodo .
O comprimento total do link também detenmína o número de Regeneradores
requeridos.
Todos estes factores devem ser optimízados e o valor de Fm (Margem na Fibra) deve
ser definido para prevenir perdas devidas a deterioração do link devido ao tempo de
vida e a perdas de rendimento do equipamento, etc .
Outros problemas a resolver são o do Multiplexer, o número de fibras por Cabo, etc.

Exemplo

Um cabo de fibras ópticas multimodo, com uma atenuação de 2 dB/km em cada fibra,
vai ser utilizado para a transmissão de um sinal de 34 Mbit/s numa extensão de 16 km.
O cabo é fornecido em troços de 2 kms. Sabendo que a potência de transmissão do
emissor óptico é de –1 dBm e que o receptor óptico tem uma sensibilidade de –42
dBm, determine se a ligação é viável e, em caso afirmativo, calcule a margem do
sistema, admitindo que tem de providenciar para que haja uma tolerância de 6 dB para
o envelhecimento da fibra e eventual degradação do equipamento, que tem 0.5 dB de
perdas por conector e que cada junta (“splice”) possa ser executada por forma a não
ultrapassar os 0.15 dB de atenuação.

Resolução:

A atenuação total permitida na ligação é :

-1 dBm –6 dB – (-42dBm) = 35 dB

A atenuação na fibra é dada por $f x LT = 2 x 16 = 32 dB


O número de juntas a executar é 16/2 +1 =9 (sete junções “exteriores” e duas
“interiores”),

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Projecto de um link

Logo, a atenuação total nas juntas é 9 x $s = 9 x 0.15 = 1.35 dB


A atenuação nos conectores é 2 x $c = 2 x 0.5 = 1 dB

Logo, a atenuação total no cabo instalado é:

32 + 1.35 + 1 = 34.35 dB < 35 dB.

Portanto, a ligação é viável.

A potência recebida é:

Pr = -1 dBm – 34.35 = -35.35 dBm

O que nos conduz a uma margem do sistema (excluídos o envelhecimento da fibra e


degradação do equiapmento) de -35.35 dBm – (-42 dBm) = 6.65 dB

! TIPOS de CABOS de FIBRA ÓPTICA

Até meados de 1980 os cabos a fibras para utilização a 1.55 µm eram fabricados com
2.000 ou mais fibras ópticas .
Em qualquer cabo, cada núcleo de fibra é envolvido por um revestimento de Sílica
(Cladding) e este por urna protecção primária de plástico e ainda outra exterior de
protecção contra choques (“Buffer Jacket”).
Há três tipos de revestimento exterior (fig. 6.13):
- Proteccção Rígida (“tight buffer”)
- Protecção com Fibra Solta (“loose buffer”)
- Protecção com enchimento (“filled buffer”)

(a)

(b) (c)
Fig. 6.13 - Protecção das fibras ópticas : (a) – Protecção rígida (b) - Protecção com
fibra solta (c) – Protecção com enchimento
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Tipos de cabos de fibras ópticas

O Cabo tipo "Loose Buffering" pennite que a fibra se mova dentro do invólucro de
plástico, enquanto que o "Filled Loose Buffer" é preenchido com uma geleia que fornece
elasticidade e protecção, sendo preferido para links de longa distância.
As figuras seguintes apresentam alguns tipos de construção de cabos de fibra óptica para
aplicações em interiores de edifícios e no exterior (para condutas ou para enterrar).

Cabo de fibra única

Fig. 6.14 – Cabo de 8 fibras ópticas para instalações em interior


Todas as configurações têm um núcleo central em aço ou de outro material muito
resistente para suportar a tracção longitudinal do cabo .Alguns incorporam um ou mais
pares de condutores de cobre para alimentarem os amplficadores ópticos ou os
regeneradores .
Há outro tipo de construção de cabos conforme se indica na fig. 6.18 em que as fibras
ficam dispostas planarmente dentro de fitas (neste caso 4 fibras por fita) e em que estas
fitas são agrupadas sob determinadas formas como a que se indica na figura. Esta
tecnologia apresenta vantagens nos casos em que se pretenda consumir pouco tempo com
as operações de fusão das diversas fibras.

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Tipos de cabos de fibras ópticas

Fig. 6.15 – Cabo de 64 fibras ópticas para instalações em conduta

Fig. 6.16 – Cabo armado, para enterrar, de 12 fibras ópticas


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Tipos de cabos de fibras ópticas

Fig. 6.17 – Cabo de fibras ópticas, para instalação em condutas, com 2000 fibras

Fig. 6.18 – Cabo de 600 fibras ópticas, com agrupamentos de 4 fibras por fita

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Tipos de cabos de fibras ópticas

Ainda temos os cabos submarinos de fibras ópticas, os quais têm der possuír
características muito especiais, como as que se referem à protecção contra a
infiltração de água, a capacidade de suportar pressões muito elevadas, a resistência a
excessivos alongamentos, etc. A figura 6.19 representa um exemplo.

Fig. 6.19 – Cabo submarino de fibras ópticas

Finalmente há ainda a destacar dois tipos de cabos de fibras ópticas que se utilizam
nas linhas de alta tensão : um, o chamado OPGW (“OPtical Ground Wire” em que
as fibras são introduzidas dentro de condutores ocos (tubos) que são utilizados
também como cabos de guarda das linhas de alta tensão e o outro sendo um cabo
totalmente dieléctrico (com capacidade para resistir a grandes campos elécticos)
contendo fibras ópticas no seu interior e que é instalado entre os postes de alta
tensão, geralmente a um nível pouco abaixo dos condutores de alta tensão.

JUNÇÕES/UNIÕES

Devido â alta pureza do vidro utilizado nas fibras ópticas o processo de ligar duas
fibras á altamente crítico. Há dois processos de ligar duas fibras: ou através de uma
ligação permanente (por fusão) ou pela utilização de conectores. A ligação que
oferece mais fiabilidade e menos perdas é a ligação por fusão, mas tem que haver um
perfeito alinhamento dos núcleos das duas fibras Esta operação é hoje executada
pelas próprias máquinas de fusão, totalmente automáticas, que alinham as pontas das
fibras automaticamente, jogando com as três dimensões antes de proceder à fusão.

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Junções/Uniões

Tal como se apresentam os topos das fibras, na fig. 6.20, não estão em condições de se
fazer a fusão. As duas faces de topo devem ser lisas e perpendiculares ao eixo do núcleo.

Fig. 6.20 – Preparação das fibras para a fusão: a) Uma das fibras tem uma superfície rugosa;
b) As duas fibras não têm as faces (superfície de topo) perpendiculares ao eixo
da fibra

Portanto, as fibras são convenientemente preparadas (cortadas e limpas) e alinhadas


topo a topo (ver fig. 6.21). Uma vez alinhadas e aproximadas é aplicada à junção
uma descarga eléctrica que provoca a fusão e consequente união das duas fibras a
uma temperatura que se situa entre os 1600ºC e 2000ºC.

Na figura mostram-se os passos seguidos pela máquina


para realizar a fusão das duas fibras:
Em (a) tem-se a posição das fibras antes da pré-fusão,
alinhadas e à distància de mais ou menos um diâmetro
uma da outra. Activa-se então o arco eléctrico para
derreter a ponta de uma das fibras e fazê-la um pouco
arredondada e lisa, seguindo-se a mesma operação para a
ponta da outra fibra (em (b) o estado das fibras depois
da pré-fusão).
As duas fibras são então aproximadas topo a topo e é
então estabelecido o arco durante o tempo suficiente
para fundir as duas fibras à temperatura acima referida.
Em (c) tem-se a posição das fibras imediatamente antes
da fusão.

Para a junção das fibras uma operação importante,


como já se disse, é o seu alinhamento (ver fig. Fig. 6.21 – Passos na fusão de duas
6.22). As fibras antes de serem unidas sofrem um fibras

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6 – Comunicações Ópticas

Junções/Uniões

encurvamento, conforme se indica na figura. Numa zona encurvada aplica-se um sinal


luminoso e no outro lado encurvado é medido o sinal. Um sistema mecânico desloca
lentamente as duas pontas até que a emissão de luz seja máxima, ficando então aptas para
se realizar a fusão.

Fig. 6.22 – Alinhamento das fibras

É evidente que a precisão requerida no alinhamento das fibras monomodo é muito


maior do que a que é requerida para as fibras multimodo, pois que enquanto nas
primeiras o diâmetro do núcleo é apenas de 8 a 10 µm, nas segundas é de 50 a 60
µm.

• Controle das Perdas

Após todas as junções estarem efectuadas e, uma vez instalado o cabo de fibra óptica
é feito o controle e a medida das perdas introduzidas pelas junções e acoplamentos.
É utilizado o aparelho OTDR (Optical Time Domain Reflectometer) que permite no
seu “display” fazer a representação da atenuação na fibra “versus” a distância (ver
fig. 6.22.a)
O aparelho envia impulsos ao longo da fibra e, ao encontrarem uma descontinuidade
(junções, etc) surge uma reflexão que é detectada no OTDR e que é medida em
função da intensidade de reflexão. A precisão do aparelho é muito elevada, podendo
medir perdas da ordem de 0.01 dB de uma junção a mais de 40 Km.
A perda numa junção é da ordem de 0.01 a 0.03 dB e, após a execução de todas as
junções, elas são colocadas num envólucro fechado que constitui uma

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Junções/Uniões

caixa de junções (Splice Organizer) [fig. 6.22b] para protecção e posterior


observação e manutenção Junções

T R
Perdas
de
Potência $ TF
PT
(dBm) $C
Perdas totais

$ S1
$ S2

$ S3 $ RF+C
PR
Marg
PRmi em
n
Distância
Fig.6.22.a – Atenuação “versus” distância usando um(Km)
OTDR
$TF – perdas na fibra do transmissor do OTDR e no conector;
$C – perdas no conector ; $S – perda na junção;
$RF+C – perdas na fibra do receptor e no conector;
Margem – Potência recebida menos a sensibilidade do receptor
(PR- PRmin)

Fig 6.22b – “Splice Organizers”


(a) – Para 80 junções
(b) – Para 40 junções

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Junções/Uniões

Junção Mecânica

O método da junção mecânica é muito mais simples e rápido do que o método de fusão.
As perdas, contudo, são consideravelmente maiores. A fig. 6.22.c mostra uma junção
mecânica em que se recorre à utilização de uma geleia para embeber a zona de contacto
das fibras, que é um composto que tem um índice de refracção tão aproximado quanto
possível do das fibras em jogo. As fibras são desnudadas, cortadas, limpas, alinhadas e
apertadas naquele conjunto mecânico.

Fig 6.22.c – Junção mecânica de fibras ópticas

A utilização de conectores especiais, com grande precisão mecânica, é outro processo. A


fig. 6.22.d é um exemplo de técnica de conexão em fibras ópticas que tira partido das
propriedades de alinhamento do “entalhe em V”. Há quatro elementos cilíndricos a
envolver circularmente a fibra que providenciam tais “entalhes” e quatro pontos de
contacto que posicionam a fibra na sua localização correcta. A manga metálica que é
utilizada para manter uma das fibras bem posicionada, da maneira que indicámos, chama-
se ferrule. A outra fibra é também mantida numa posição correcta através de um conjunto
mecânico de adaptação. Quando as duas partes são enroscadas, as pontas das duas fibras
tocam-se e estabelecem uma ligação de baixas perdas.

Fig 6.22.d – Ligação de duas fibras ópticas por “conectorização”

Na fig. 6.22e da página seguinte apresentam-se vários tipos de conectores para fibras
ópticas.

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Fig 6.22.e – Alguns tipos de conectores para fibra óptica

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Junções/Uniões

Problemas das Junções

Para examinarmos as apertadas tolerãncias que se exigem nas junções de fibras ópticas,
em que as exigências de precisão são muito elevadas, focamos seguidamente alguns dos
problemas com a preparação e utilização das fibras. Em primeiro lugar, convém referir que
perdas elevadas se verificam com junções de fibras que têm características de fabricação
diferentes.
A fig. 6.23.a mostra-nos as perdas suplementares que se pode esperar se houver uma
desadaptação da abertura numérica das duas fibras, verificando-se que basta uma diferença
de 5% para aumentar as perdas de cerca de 0.5 dB.

Fig 6.23 – (a) Perdas adicionais devidas a diferencial de abertura numérica: ARF = abertura numérica da
fibra do lado da recepção; ATF = abertura numérica da fibra do lado transmissão
(b) Perdas suplementares devidas a diferencial nos diâmetros: DRF = diâmetro do núcleo da
fibra no lado da recepção; DTF = diâmetro do núcleo da fibra no lado transmissor

Semelhantemente, se o diâmetro dos núcleos das duas fibras diferirem de 5%, existirá uma
perda suplementar superior a 0.5dB (ver fig. 6.23.b)
Por outro lado, se houver um desalinhamento entre os eixos dos núcleos das duas fibras,
da forma indicada na fig. 6.24.a, ocorrerão perdas adicionais de acordo com o gráfico da
mesma figura.

Fig 6.24.a – Perdas suplementares devidas a desalinhamento lateral


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Junções/Uniões

Um pequeno desalinhamento causa uma perda elevada; por exemplo, um


desalinhamento de somente 0.1 do diâmetro do núcleo, causa uma perda adicional de
0.5 dB e isto corresponde, numa fibra monomodo, a um desalinhamento de apenas
0.1 µm !
Se há uma inclinação de uma fibra relativamente à outra (ver fig. 6.24.b), o gráfico
mostra que as perdas também são importantes.

Fig 6.24.b – Perdas suplementares devidas a desalinhamento angular (inclinação)

Existirão cerca de 0,5 dB de perdas para apenas 2 graus de inclinação.


Por último, se considerarmos que as fibras não estão realamente encostadas uma à
outra, isto é, se houver um intervalo (uma folga) na união, existirão também perdas
suplementares cujos valores se indicam na fig. 6.24.c. Aqui, vê-se que haveria umas
perdas adicionais de 0.5 dB para uma separação de apenas 0.5 do diâmetro do núcleo
(numa fibra monomodo, corresponde a apenas cerca de 5 µm !)

Fig 6.24.c – Perdas suplementares devidas à existência de uma separação S entre as duas fibras

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PROBLEMAS DA INSTALAÇÃO DOS CABOS DE FIBRA ÓPTICA

A instalação dos cabos de fibra resume-se principalmente a dois processos:

- Cabo suspenso
- Montagem subterrânea

A montagem do cabo suspenso é mais cara mas tem a vantagem de a manutenção ser mais
fácil e mais económica.
Algumas instalações com cabo aéreo (suspenso) são feitas recorrendo à amarração do cabo
em postos já existentes de linhas de alta tensão havendo, nestes casos, dois tipos de cabos:
um, totalmente dieléctrico, que é amarrado mesmo na zona dos cabos de alta tensão,
procurando-se contudo a zona onde o campo eléctrico é menor e outro, que se introduz nas
linhas de guarda, isto é, as próprias linhas de guarda são tubos ocos no interior dos quais
se introduz o cabo de fibras ópticas.
Quanto à instalação subterrânea depende do tipo de percurso, se é zona urbana ou em
campo aberto ou ainda se o terreno é rochoso ou arenoso.
Em certos casos (zonas urbanas) além das dificuldades próprias, o cabo tem muitas vezes
de ser montado em canalizações de protecção o que torna a instalação ainda mais cara.
A instalação de cabos de fibras ópticas requer vários cuidados, nomeadamente quando se
puxam os cabos para os desbobinar, para evitar tensões nas fibras para além dos valores
admissíveis. Muitas vezes recorre-se a guinchos programáveis que controlam a velocidade
de desbobinagem e a tensão a aplicar para essa desbobinagem.
Há também cabos próprios para montagem submarina. Vários cabos submarinos de fibras
ópticas interligam diferentes países em diferentes continentes.

! EQUIPAMENTOS DE UMA INSTALAÇÃO EM FIBRA ÓPTICA

FONTES DE LUZ

Como é já do nosso conhecimento existem dois tipos de Emissores de Luz que são o LED
e o LD (Laser Diode).
Enquanto que a emissão de luz de um LED é por emissão espontânea quando se sujeita a
uma determinada tensão, no LD a luz resulta de uma emissão estimulada, produzindo-se
esta emissão estimulada quando a densidade de corrente que atravessa a região activa
alcança um determinado nível que origina a passagem de emissão de luz espontânea para
estimulada

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Fontes de Luz

O espectro do LD é mais estreito (da ordem de 1 a 2 nm) porque se está perante uma
emissão de luz do tipo coerente (no sentido de espectralmente pura ou só com uma
frequência) enquanto que no LED se tem uma emissão do tipo incoerente que resulta de
uma certa aleatoriedade na emissão por se fazer em vários comprimentos de onda e em
várias direcções (o espectro é da ordem dos 40 nm).
A selecção entre um e outro tipo de fonte depende dos seguintes factores:
1) Potência requerida de Emissão ; 2) Eficiência de Acoplamento ; 3) Largura Espectral ;
4 ) Tipo de Modulação ; 5) Exigência de Lineariedade ; 6) Largura de banda necessária; 7)
Custo

LEDs

Como se sabe um LED (Light-Emitting Diode) é um tipo de díodo de junção que é


operado com corrente de polarização directa que origina a recombinação de pares electrão-
lacuna e, é devido a esta recombinação que é libertada energia em forma de luz incoerente
na zona visível ou do infravermelho (nas fibras ópticas de telecomunicações é na zona do
infravermelho que se trabalha).
Nas fibras ópticas de telecomunicações é na zona do infravermelho que se trabalha.
Tipicamente os LEDs para a gama dos 850 nm são fabricados usando GaAs e AlGaAs
enquanto que os LEDs para os 1300 e 1500 nm são fabricados usando InGaAsP e InP.
Como se pode ver através das figuras seguintes há dois tipos principais de fabricação para
os LEDs : de superfície emissora, designado por SLED (fig. 6.25a) e do tipo de emissão
lateral, designado por ELED (fig. 6.25b).

O primeiro tipo de construção tem um custo mais baixo mas a eficiência de acoplamento
da luz na fibra é muito limitada devido ao facto de ter uma larga região activa (zona do
LED onde são emitidos os fotões). A região activa primária é uma área circular de 20 µm
a 50 µm de diâmetro.
É escavada uma zona no substrato (para permitir o acoplamento directo da luz emitida
para a fibra) que é preenchida com resina epoxi.

Com o segundo tipo de construção (“Edge LED” – ELED) representado na fig. 6.25b,
têm-se duas vantagens:
- uma eficiência de acoplamento mais elevada, nomeadamente para as fibras
monomodo:
- possibilidade de se utilizar uma taxa de transmissão binária mais elevada pelo facto
de a camada activa ser muito estreita em comparação com o estilo de transmissão dos
SLEDs..
Efectivamente a sua região activa primária é uma tira muito estreita situada na superfície
do substrato do semicondutor. Num ELED a faceta posterior é altamente reflectiva e a
faceta frontal é coberta com material anti-reflexão.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Fontes de Luz

Fig. 6.25.a – Estrutura de um SLED

Fig. 6.25.b– Estrutura de um ELED

LASERs

O princípio de funcionamento dos LDs é semelhante ao dos LEDs, isto é, também é


devido à recombinação de pares electrão-lacuna que se faz a emissão de luz.
Contudo, aqui atinge-se um estado em que a recombinação daqueles pares geram fotões
que estimulam outros pares a recombinar-se, isto é, até um certo valor da
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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Fontes de Luz

densidade de corrente que atravessa a região activa do díodo este comporta-se como um
LED convencional, mas ultrapassado aquele valor inicia-se a operação LASER (Light
Amplification by Stimulated Emission of Radiation) em que a grande densidade de
corrente dá origem à multiplicação do número de pares electrão-lacuna, a recombinação
destes origina mais fotões e por aí adiante.
O limiar de corrente a que ocorre o lasing já é relativamente baixo para os LD de dupla
heterojunção (cerca de 5 a 15 mA a 25° C) como se pode ver através da fig. 6.26, que
também nos mostra como aquele limiar é afectado pela temperatura, situação altamente
indesejável e que importa controlar.

Fig. 6.26
– Características de um Díodo Laser

De facto, a potência dissipada internamente dentro do díodo contribui para aumentar a sua
temperatura, deteriorando a situação a menos que algum sistema de controle de
temperatura seja utilizado.
Ultimamente o emprego de fosforeto de índio (InP) na tecnologia Laser, resultou na
obtenção de LDs que não necessitam de arrefecimento

A fabricação dos LDs é semelhante à dos LEDs

Há três tipos principais de fabricação:

- “Fabry-Perot”
- “Distributed FeedBack”
- “Distributed Bragg Reflector”

Estes três tipos apresentam-se na fig. 6.27 da página seguinte.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Fontes de Luz

A principal diferença na fabricação dos Díodos Laser (LDs) em relação aos LEDs é a de
que nos LDs a camada activa é embebida num ressonante óptico.
No LD do tipo Fabry-Perot (ver fig. 6.27a) isso é realizado através de duas superfícies
espelhadas opostas nos planos naturais de clivagem no díodo de cristal, dando origem a
uma estrutura que suporta várias ondas ópticas estacionárias.
As ondas estacionárias adicionam-se por interferência de uma maneira construtiva,

Fig.6.27 – Díodos Laser: a) Fabry-Perot; b) Distributed Feedback; c) Distributed Bragg Reflector

proporcionando um espectro de saída com várias linhas espectrais espaçadas (em


comprimento de onda óptico) de 0.1 a 1 nm e espalhando-se numa largura de banda
espectral de 1 a 5 nm a que corresponde uma gama de frequências de 176 a 884 GHz.
De notar que em comunicações ópticas o termo largura de linha é muitas vezes utilizado
como a largura do espectro de saída medida entre os pontos a –3 dB.
Esta largura de linha é de cerca de 2 nm para o LD Fabry-Perot.
Dado que os LDs Fabry-Perot produzem saídas multimodo eles são mais utilizados para
1300 nm onde a dispersão da fibra é mais baixa.
Nos LDs do tipo DFB (Distribution FeedBack) a largura de linha é menor. Esta
característica é conseguida através da criação (ver fig 6.27.b) de uma camada corrugada
junto à camada activa e pela aplicação de uma camada anti-reflectora na faceta emissora
de luz, que suprima o modo de oscilação Fabry-Perot. Obtêm-se espectros de potência de
saída com uma simples linha estreita de menos de 1 MHz cerca de 5x10-6 nm) de largura
de linha, permitindo a transmissão de “bit rates” de mais de 10 Gbit/s.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Fontes de Luz

Os LDs do tipo DBR (Distributed Bragg Reflector) têm (ver fig 6.27c) duas secções :
uma secção amplificadora activa e uma secção passiva corrugada (secção de Bragg). Um
canal muito estreito (de alguns microns), de alta impedância, faz o interface eléctrico e
óptico entre as duas secções. Com os LDs DBR conseguem-se larguras de linha de apenas
algumas centenas de KHz.
Os LEDs e os LASERs estão indicados para Modulação Directa, isto é, a transmissão dos
1’s e 0’s é feita por simples comutação ON/OFF.
Os LDs são sensíveis à temperatura. A fig. 6.28 mostra o efeito da temperatura sobre o
espectro do Laser DFB, situado na gama de 1.55 µm.

Fig. 6.28 – Efeito da Temperatura sobre o espectro do Laser DFB

Resumo das Vantagens e Inconvenientes dos LEDs e LDs

Os LEDs têm as seguintes vantagens em relação aos LDs:


- Elevada Fiabilidade
- Circuitos de Alimentação mais simples
- Mais baixa sensibilidade à temperatura
- Imunidade à luz reflectida
- Baixo custo

Os LEDs são mais propriamente indicados para ligações de pequenas distâncias.

As vantagens dos LASERs em relação aos LEDs são as seguintes:


- Potência mais elevada
- Elevada eficiência de acoplamento
- Maior Largura de Banda
- Espectro Luminoso mais estreito

Embora mais caros e de construção mais complexa, os LDs permitem um “bit-rate”


mais elevado, sendo utilizados para transmissões a longas distâncias.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Detectores de Luz

DETECTORES DE LUZ

O espectro luminoso que emerge da extremidade do “link” de fibra óptica tem que ser
detectado e convertido em impulsos eléctricos para o processamento da informação. Já
vimos que há dois tipos principais de detectores: APD (Avalanche PhotoDiode) e o Díodo
PIN.
As performances de um e de outro são equivalentes, ambos com capacidades de multi
Gigabits/segundo.

FOTODÍODOS de AVALANCHE (APD)

Um fotodíodo de avalanche (APD – Avalanche PhotoDiode) é um díodo que é polarizado


inversamente mas em que o ponto de operação fica imediatamente abaixo da tensão
inversa de ruptura (ver figs. 6.29 e 6.30)

LUZ
Ânodo

Tipo P
Região de deplecção

Tipo N
Cátodo
Fig. 6.29 – Estrutura de um díodo de avalanche

Ponto de
Operação
v

Fig 6.30 - Polarização de um díodo de avalanche

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Detectores de Luz

A absorpção de um fotão por um átomo na região de deplecção origina um par electrão-


lacuna.

Quando a luz proveniente da fibra, incide no díodo, formam-se então pares electrão-lacuna
(ver fig. 6.29) e, se a tensão aplicada for suficientemente elevada (100 V, p. ex) os
electrões são acelerados e, por colisão, geram novos pares electrão-lacuna continuando o
processo de multiplicação, produzindo o efeito avalanche.

Um electrão pode produzir até cerca de 100 electrões no APD.

V- Luz
região p+
Incidente
Colisão (Fotão)

Região de
Par electrão -
deplecção lacuna
Par
originado
electrão
pelo
-
lacuna
fotão
região n+ originado por
V+
colisão

Fig. 6.29 - Fotodíodo tipo avalanche. Princípio de operação

A característica mais importante que define a “performance” de um detector óptico é a sua


sensibilidade de recepção.

É geralmente definida como a potência mínima recebida para que o BER não ultrapasse
10-9 para um determinado “bit-rate”.

A fig. 6.30 da página seguinte indica os valores calculados e medidos da sensibilidade de


recepção, em função do “bit-rate”, para vários tipos de receptores: APDs, PIN-FETs, PIN-
HBTs e PIN-HEMTs.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Detectores de Luz

"bit rate" (Gbit/s)


-10
1.5 µ m APD

1.3 µ m PIN-FET

1.5 µ m PIN-HBT

1.5 µ m PIN-HEMT

-20
Sensibilidade do receptor (dBm)

-30

*
Receptor com
pré-amplificador óptico
-40

-50
0.1 1 10 100

Fig. 6.30 - Sensibilidades de recepção dos díodos APD e PIN

Os díodos PIN, que brevemente referenciaremos a seguir, operam com uma corrente de
polarização inversa muito pequena, não apresentando qualquer ganho inerente ao contrário
do que acontece com os APDs.
Necessitam de amplificadores de baixo ruído a inserir depois do díodo PIN.
O amplificador originalmente utilizado era o GaAs FET, mas mais recentemente passaram
a usar-se o HEMT (transistor de electrões de alta mobilidade) e o HBT (transistor de
heterojunção bipolar) e são estes tipos de receptores cuja sensibilidade está representada
acima para além das dos PIN-FETs e dos APDs.
Verifica-se, naturalmente, que a sensibilidade diminui à medida que aumenta o “bit-rate”.

DÍODOS PIN

Como se representa na Fig. 6.31, o díodo PIN é basicamente uma junção pn com uma
região intrínseca intermédia conhecida geralmente como camada de deplecção de carga.

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Equipamentos de uma Instalação em Fibra Óptica – Detectores de Luz

Entrada de luz Dióxido de


V sílicio
-

Metalização P
(Alumínio
ou Ouro) I
P

N
P

Intrínseco
(semicondutor puro)
V+
Fig. 6.31 - Estrutura de um fotodíodo PIN

Quando a luz da fibra óptica proveniente da fibra incide na região p deste díodo polarizado
inversamente, formam-se pares electrão-lacuna na região de deplecção. O campo eléctrico
obriga os electrões e lacunas a viajar em direcções opostas, produzindo-se assim uma
pequena corrente (ver também fig.6.32).
As dimensões da região de deplecção podem ser escolhidas de modo a que o díodo tenha
V
-

I
Fibra

P I N
R

Fig. 6.32 - Princípio de operação de um fotodíodo PIN

boa sensibilidade e a que se tenha um pequeno tempo de subida, significando isto boas
características para alta frequência.
Se a espessura da região de deplecção é aumentada, a sensibilidade aumenta porque
aumenta a probabilidade de absorção dos fotões, mas isto, por outro lado, aumenta o
tempo de trânsito dos portadores de carga, reduzindo a “performance” às altas frequências.
Os díodos PIN têm boas características a respeito da largura de banda pois podem
trabalhar com larguras de banda da ordem dos 10 GHz ou superiores.

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! ORÇAMENTO do TEMPO de SUBIDA (“RISE TIME BUDGET”)

Já vimos anteriormente que :


- a taxa de velocidade binária que pode ser usada por uma fibra é limitada pela
dispersão.
- a dispersão é maior com fibras multimodo de salto de índice e menor com fibras
monomodo.
Os efeitos da dispersão aumentam com o comprimento da fibra porque a diferença de
tempo entre dois sinais que se propaguem na fibra é naturalmente proporcional ao
comprimento da fibra.

O efeito da dispersão é também proporcional à largura de banda do sinal da


informação e, para as fibras monomodo, a dispersão é proporcional à largura de
banda da fonte ou largura de linha da fonte (“source linewidth”)

Esta largura de linha da fonte tem pouco efeito nas fibras multimodo porque, nestas, a
maioria da dispersão é devida aos numerosos modos de propagação.

Não é somente a fibra que limita a largura de banda e a taxa de velocidade binária pois
que os próprios emissores e receptores têm tempos de subida finitos que limitam a sua
largura de banda, devendo os seus efeitos ser tidos em conta quando se calcula a
máxima taxa de velocidade binária.

Quando um impulso de luz se propaga através da fibra a sua duração aumenta. Há um


espalhamento ou alargamento do impulso. Este alargamento do impulso (ver fig.
seguinte) é proporcional:
Tensã
Tensã

o
o

Tempo Tempo
Impulso original Impulso alargado
Fig. 6.33 – Impulso transmitido (original) e impulso recebido (alargado)

1) ao comprimento da fibra;
2) à dispersão da fibra por quilómetro a que se chama também constante de
espalhamento ou alargamento do impulso que é dada em picosegundos por
quilómetro.

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6 – Comunicações Ópticas

Orçamento do Tempo de Subida

Assim um impulso de largura infinitesimal sofrerá um alargamento, numa fibra de


comprimento L, dado por

! =DL (6.7)

onde ! é o alargamento total do impulso em picosegundos, D é a constante de


alargamento do impulso em ps/Km e L é o comprimento da fibra em Km.

Se um impulso rectangular de duração finita for aplicado à fibra, o efeito da dispersão


é o de fazer os tempos de subida e de descida do impulso aproximadamente iguais à
dispersão.

O efeito de alargamento do impulso provocado pela própria fibra combina-se com os


tempos de subida e de descida do transmissor e receptor do seguinte modo:
sendo TRT o tempo de subida total, TRTX o tempo de subida no transmissor, TRRX o
TRT = TRTX
2 2
+ TRRX 2
+ TRF (6.8)

tempo de subida no receptor e TRF o tempo de subida na fibra.

O efeito acumulativo destes tempos de subida é o de limitar a velocidade a que os


impulsos podem ser transmitidos.

Consideremos agora dois tipos de código de linha (NRZ e RZ), conforme se mostra
nas figuras seguintes:
Tensã
Tensã

o
o

1 0 1 0 1 1 1 1 1 1
Impulso original
Fig. 6.34 Impulso alargado devido à
dispersão
Para o código NRZ o alargamento máximo do impulso deve ser inferior ao período de
um bit.

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Orçamento do Tempo de Subida

Logo, a máxima taxa binária de transmissão em bit/s, para o código NRZ, deverá
ser:
fb = 1/TRT (6.9)
Já para o código
TEMPO de SUBIDA e LARGURAS de BANDA ELÉCTRICA e ÓPTICA
RZ, como o
máximo Em qualquer sistema que possa ser modelado como um filtro passa-baixo de 1ª
ordem a relação entre o tempo de subida e a largura de banda eléctrica é:
alargamento do 0.35
impulso não deve f3-dB (eléctrica) = ----------
exceder (ver fig. TR
onde TR é o tempo de subida em segundos e f3-dB é a largura de banda eléctrica em
anterior) metade do Hz.
período de um bit, Para uma fibra TR é aproxinadamente igual à dispersão.
A largura de banda dada nas especificações do produto distância-largura de banda
essa velocidade de uma fibra é uma largura de banda óptica.
máxima de Ora, a largura de banda óptica f3-dB (óptica) é igual a 2 f 3!dB( eléctrica ) pelo que se
transmissão é tem para a largura de banda óptica na fibra:

fb = 1/(2TRT) (6.10)
2 #0.35 0.5 1
f 3$dB(óptica ) = 2 f 3$dB(eléctrica) = " =
!t !t 2 !t
sendo !t a dispersão na fibra.
Como o produto largura de banda-distância é igual à largura de banda de um km
de comprimento e a constante de alargamento do impulso é igual à dispersão num
Exemplo km de comprimento da fibra, em vez da equação anterior podemos escrever:
1
Uma fibra de 50 Bl = ------- onde Bl é o produto largura de banda-
2D
kms de distância em Hz-km e D é a constante de alargamento do impulso em
comprimento tem segundos/km.
500
uma constante de
Isto equivale a dizer, usando unidades práticas, que: Bl = ---------
alargamento de com Bl em MHz-km. e D em ns/ km D
impulso igual a
2200 ps/km.
Determine a máxima velocidade de transmissão que poderá ser utilizada quando
essa fibra é usada em conjunto com um transmissor em que o tempo de subida
dos impulsos é de 40 ns e com um receptor em que o tempo de subida é de 50 ns
se for utilizado um código NRZ.
Resolução

A fibra produz um alargamento dos impulsos dado por

!= DL=50Km . 2200 ps/Km = 110000ps = 110 ns = TRF

O tempo de subida total para o sistema será então: TRT = ( 402 + 502 + 1102 )1/2 = 127.3 ns

Logo, a máxiam taxa binária de transmissão do sinal NRZ será:

fb = 1/TRT = 1/127.3 ns = 7.855 Mbit/s

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! SISTEMAS DE TRANSMISSÃO EM FIBRA ÓPTICA

GENERALIDADES

As fibras ópticas têm actualmente uma grande aplicação nos Sistemas de


Telecomunicações, os quais se podem dividir em três categorias, do ponto de vista da
distância (curta, média e longa) que são conhecidos por:

1- Circuitos Locais (para assinantes) e LANs


2- Tráfego entre Escritórios e Empresas
3 -Tráfego entre Cidades (interurbanos), com percursos Longos

A distância, a capacidade (“Bit-Rate”) e a topologia são os primeiros factores que


influenciam o projecto de Sistemas de fibra óptica e ainda a sua viabilidade económica
associada á Instalação e Operação.
A Fibra Óptica já substitui os cabos de cobre sobretudo nas ligações de Longa Distância e
entre Empresas e Escritórios.
Quanto ao tipo de tecnologia utilizada os Sistemas de FO. podem-se dividir em dois
grupos :

1 - Sistemas de Modulação por Intensidade (“ON/OFF”)


2 - Sistemas Coerentes

A fig. 6.35 dá uma visão global de 8 gerações de Sistemas de Transmissão por FO,
distinguindo-se à medida que o “bit-rate” e o comprimento de transmissão aumentam.

Fig. 6.35 – Oito gerações de Sistemas de Transmissão por Fibras Ópticas Pág. 6 - 43
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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

Os primeiros sistemas, antes de cerca de 1990, não dispunham do “luxo” dos


amplificadores ópticos, pelo que a distância entre regeneradores era um factor muito
importante pois o preço destes é demasiado dispendioso. Com o recente aparecimento
dos amplificadores ópticos houve uma mudança radical nos sistemas de transmissão por
FO passando o centro da nossa atenção a ser desviado para a capacidade de transmissão.
Os sistemas da primeira geração eram inicialmente limitados pelo espaçamento entre
regeneradores que teria de ser relativamente curto dado que as atenuações na FO eram
elevadas e que havia uma dispersão cromática excessiva na fibra causada pela utilização
de LEDs.
O desenvolvimento de sistemas de FO a 1300 nm levou a um aumento do espaçamento
entre regeneradores e das velocidades binárias nos sistemas de segunda geração (estes
sistemas operavam ainda com fibras multimodo, limitando a “performance” devido à
dispersão modal).
A mudança para as fibras ópticas monomodo nos 1300 nm aumentou, na terceira
geração, consideravelmente, aquele espaçamento e o “bit-rate”.
Na quarta geração passou-se a usar fibras ópticas na janela dos 1550 nm oferecendo a
vantagem duma mínima atenuação da sílica à volta deste comprimento de onda.
No princípio dos anos ´90 surge a quinta geração com a utilização de amplificadores
ópticos permitindo aumentar grandemente a distância entre regeneradores. Tenha-se em
atenção que um amplificador óptico é um repetidor óptico e não um regenerador, pois
este envolve a conversão do domínio óptico para o domínio eléctrico, a reformatação
dos impulsos e a retemporização.
A sexta geração é a geração do WDM (“Wave-Division Multiplex” – Multiplexagem
por Comprimentos de Onda) e surge no meio dos anos ´90, consistindo na transmissão
de grandes débitos binários em diferentes comprimentos de onda dentro de cada fibra,
atingindo-se velocidades binárias da ordem dos Terabits por segundo.
Até agora, todos os sistemas referidos usam modulação por intensidade do transmissor
óptico.
A sétima geração virá a utilizar modulação de fase do transmissor óptico e um esquema
de detecção coerente que melhorará a sensibilidade do receptor. Além disso, estes
sistemas ópticos coerentes permitirão a transmissão de FDM, o que trará uma
enormíssima capacidade de transmissão em cada canal devido a uma maior eficiência na
utilização da largura de banda óptica disponível.
A transmissão tipo Soliton constituirá a oitava geração de modo a proporcionar
capacidade suficiente para sistemas ISDN de grande largura de banda.

No que respeita aos sistemas de interligação, vão-se distinguir três tipos (ver fig. 6.36):

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1 - Ligação ponto-a-ponto (“link”)


2 - Ligação ponto-multiponto (“broadcast”)
3 - Ligação mutiponto-multiponto (Rede)

Fig. 6.36 – Configurações de fibras


ópticas:

(a) “Link” ponto-a-ponto (um


só transmissor e um só
receptor)

(b) Ponto-Multiponto : um
transmissor e muitos
receptores

(c) Multiponto-Multiponto :
muitos transmissores e
muitos receptores

SISTEMAS DE MODULAÇÃO POR INTENSIDADE

Uma grande maioria dos Sistemas de Comunicações por fibras ópticas usam a técnica
da Modulação por Intensidade em que o Sistema óptico ernite l' s ou 0' s por simples
comutação “ON/OFF”. Isto pode ser feito directamente, ligando e desligando a fonte ou,
externamente, bloqueando a fonte para formar 1´s ou 0´s.
Quando um díodo Laser varia a sua corrente de zero até ao seu valor nominal, a
frequência de saida do Laser varia ligeiramente. Esta ligeira variação (“chirping”) é um
dos problemas mais significativos para os sistemas de Detecção Coerente usando PM ou
FM.

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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

A largura de banda e, portanto, o número de canais que é possível transmitir por


modulação em intensidade, são determinados pela rapidez com que o Laser pode ser
ligado e desligado e pela dispersão associada com o “chirping” dentro do Laser.
O aparecimento do Laser DFB (Distribution FeedBack) veio permitir a utilização de
sistemas modulados por intensidade a 1300 nm e 1500 nm operando bem acima dos 10
Gbit/s.
É claro que a sensibilidade do receptor de um sistema modulado por intensidade deve
ser maximizada como parte da optimização global do ganho do sistema.
Um sistema óptico com modulação em intensidade (também conhecida por modulação
ASK – “Amplitude Shift Keying) utiliza detecção directa e a sensibilidade do receptor
depende do número mínimo de pares electrão-lacuna gerados que pode ser transformado
numa corrente detectável. O receptor ideal deveria ser capaz de detectar a geração de
um simples par electrão-lacuna. Para este receptor ideal pode-se calcular a energia de
impulso mínima necessária para conseguir uma probabilidade de erro específica: a este
valor mínimo de energia chama-se limite quântico.
Demonstra-se que o número mínimo de fotões que pode ser detectado num receptor
ideal de detecção directa, para um BER=10-9, é 10.
Infelizmente não existe o receptor ideal (há ruído térmico e ruído shot que são
adicionados) e isso implica que o nível de recepção requerido tem de aumentar de 13 a
20 dB acima do limite quântico (isto é, tem de aumentar para 200 a 2000 fotões por bit).
Contudo, a introdução de pré-amplificação óptica, com grandes valores de ganho, antes
da fotodetecção, tem aumentado a sensibilidade de cerca de 10 dB.
O sistema FSK requer um mais alto número de fotões por bit do que o sistema ASK.

SISTEMAS DE TRANSMISSÃO ÓPTICA COERENTE

A grande largura de banda potencial de um sistema de transmissão óptica coerente é


conhecida desde os primeiros dias dos sistemas de fibras ópticas. Contudo, em 1990
constatou-se que o ruído de fase de um sinal óptico causado pela interacção da emissão
espontânea de um amplificador óptico e o efeito não linear de Kerr das fibras degradava
severamente a sensibilidade dos receptores dos sistemas coerentes. Uma não
linearidade de Kerr consiste na alteração do índice de refracção de um meio causada
pela presença de radiação óptica
Os pré-amplificadores ópticos reduziram a diferença entre as sensibilidades dos
receptores de modulação por intensidade e coerente para quase zero, razão porque os
sistemas coerentes ainda estão “eclipsados” hoje em dia face aos sistemas WDM

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de modulação em intensidade que, aparentemente, têm uma adequada largura de banda.


Mas aproximam-se os dias em que vai ser necessário passar a um nível muito mais
elevado de largura de banda e em que se terá de mudar para os serviços de tecnologia
óptica coerente.
Em comunicações ópticas o termo coerente refere-se a qualquer processo de detecção
que utilize um oscilador local.
Note-se que aqui há uma diferença em relação ao rádio, onde a detecção coerente tinha
que ver com a fase do sinal envolvido na detecção IF.
Os sistemas transceptores ópticos coerentes têm muitas semelhanças com os seus
“equivalentes” de transmissão por microondas. Por exemplo, o projecto de um sistema
óptico coerente de hoje em dia, pode ter um modulador de fase no transmissor e uma
técnica de heterodinagem no receptor (ver o diagrama bloco da fig. 6.37).

Fig. 6.37 – Diagrama esquemático de um sistema de comunicações ópticas coerente com várias
possibilidades de configuração

No mecanismo de detecção coerente um sinal óptico fraco é misturado com um sinal


relativamente forte de um oscilador local óptico. O cálculo da sensibilidade é diferente
de um sistema de rádio. Agora, a potência do sinal eléctrico é proporcional ao produto
das potências do sinal óptico e do oscilador local, enquanto que o ruído shot do receptor
é igual à soma das potências eléctricas do sinal óptico e do oscilador local. Isto significa
que com potências do oscilador local suficientemente

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altas, o ruído shot no receptor do sistema de detecção coerente será grande quando
comparado com a potência de ruído térmico do receptor.
Contrastando, no sistema de detecção directa, a potência de saída do detector é
proporcional ao quadrado da potência do sinal óptico incidente, sendo o ruído do
receptor principalmente determinado pela “electrónica” que se segue ao detector.
No sistema coerente podemo-nos aproximar da “performance” do limite quântico.
Foram feitas análises a diversos sistemas ópticos de forma a identificar qual o tipo de
modulação que dá origem à melhor sensibilidade do receptor e os resultados figuram na
tabela seguinte em termos do número de fotões no detector necessários para produzir
um BER de 10-9 :

TABELA 6.1 - Sensibilidades do receptor para diversos esquemas de detecção


Tipo de modulação/detecção Número de fotões por bit para um
BER=10-9
Detecção directa
- Limite quântico 21
- Receptor prático 38
ASK heterodina 72
ASK homodina 36
FSK heterodina 36
PSK heterodina 18
PSK homodina 9
Como se indica na fig. 6.38 a detecção homodina PSK no receptor é teoricamente a
melhor técnica. Quando usada com PSK (especificamente PSK diferencial) no
transmissor obtem-se a melhor performance do sistema.
Conseguem-se boas performances utilizando no receptor quer a técnica de detecção
coerente heterodina quer a técnica de detecção homodina.
A diferença entre o receptor heterodino e homodino reside simplesmente no facto de o
receptor heterodino ter um oscilador local cuja frequência é diferente da frequência de
transmissão enquanto que o receptor homodino tem um oscilador local cuja frequência
é igual à frequência de transmissão.
A técnica homodina teoricamente proporciona uma sensibilidade no receptor 3 dB
melhor do que a heterodina, mas é mais complexa de construír porque o oscilador local
tem de estar “amarrado” em fase com o sinal óptico recebido.
A fig. 6.38 mostra graficamente como as sensibilidades do receptor degradam com o
aumento da velocidade binária.
Quando comparado com a modulação por intensidade com pré-amplificação óptica, o
sistema coerente traz vantagens mas somente da ordem dos 6 dB, o que ainda não é
suficiente para justificar a utilização desta dispendiosa tecnologia.
A principal vantagem dos sistemas coerentes reside nos inúmeros canais que podem
ser transmitidos com multiplexagem FDM sobre uma largura de banda de 25000 GHz
ou similar disponível na banda de 1.45 a 1.65 µm (ver fig. 6.39). Podem ser

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Fig. 6.38 – Gráfico da sensibilidade do receptor versus a velocidade transmissão para vários
esquemas de detecção.
transmitidos milhares de canais telefónicos dentro de cada canal, o que significa que a
capacidade do sistema é enorme.

Fig. 6.39– Largura de banda disponível para a multiplexagem óptica.

As várias combinações possíveis de configuração de um sistema coerente de fibras


ópticas estão esquematizadas, como se referiu, na fig. 6.37. Considerada a fonte de luz,
o ruído FM-PM do díodo laser deve ser minimizado devendo, para isso, fazer-se a
largura de linha tão estreita quanto possível (idealmente devia ser zero). A mínima
largura de linha aceitável depende do “bit-rate” e do esquema de modulação como

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se indica na fig. 6.40. Esta figura põe em destaque o facto de a modulação mais
sofisticada requerer uma relação “largura de linha da fonte da luz / taxa de velocidade
binária” muito baixa. Para o caso PSK homodina a largura de banda de IF deve ser
igual igual à taxa de taxa de velocidade binária.
Os sistemas ASK e FSK heterodinos podem tolerar uma relação da largura de linha do
espectro para o “bit-rate” de 10-1. Num sistema de 622 Mbit/s, por exemplo, a largura de
linha da fonte requerida, de cerca de 60 MHz, é facilmente conseguida com um LD
básico do tipo DFB. Para a modulação PSK homodina a exigência de 10-4 para aquela
relação já é muito mais difícil de conseguir, especialmente para baixos “bit-rates”.
Para esse sistema PSK homodino a largura de linha da fonte deve ser da ordem dos 60
KHz, portanto excepcionalmente estreita, que se poderá obter recorrendo a LDs DFB de
cavidade externa. Se formos para os 10 Gbit/s então a largura de linha é mais fácil de
obter, pois poderá ser da ordem de 1 MHz.

. Fig. 6.40 – Requisitos de largura de linha para os vários tipos de modulação.

O processo de desmodulação é obviamente o inverso do processo de modulação sendo o


sistema PSK homodino a melhor escolha para se obter a melhor performance. É então
necessário uma detecção de banda de IF para converter o sinal de IF de microondas no
sinal de dados de banda base. Isto pode ser feito quer

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por detecção da envolvente, quer através da detecção heterodina, de melhor qualidade.


Observando o esquema de modulação mais detalhadamente, a técnica mais atractiva,
conforme a tabela 6.1, consistirá na utilização da detecção PSK homodina, pois é
tecnicamente superior a todos os outros esquemas de detecção, apresentando um enorme
potencial para os futuros sistemas. O OPLL (“Optical Phase-Locked Loop”) é
universalmente aceite como sendo essencial para os sistemas de detecção PSK
homodina, mas há vários problemas com a implementação prática desta detecção.
Em primeiro lugar, como se pode ver pela fig. 6.41-a, a componente da portadora do
sinal modulado transmitido é suprimida (visto que o valor médio líquido dos 1´s e 0´s é
nulo) e, então a que é que o PLL se vai “amarrar” ?
Em segundo lugar, para uma boa detecção homodina, os sinais de dados e do oscilador
local deverão estar “amarrados” (“locked”) em fase (ver fig. 6.41-b) mas, infelizmente,
num PLL convencional, o sinal do oscilador local é amarrado (a 90º) do sinal (de
referência) de dados (ver fig. 6.41-c).

Fig. 6.41– Fase do sinal do Oscilador Local relativamente à do sinal de dados.

Em terceiro lugar, o sinal de dados e o sinal do oscilador local são misturados no díodo
fotocondutor para se produzir a necessária frequência de batimento. A corrente de saída
do detector contém um sinal adicional em dc, indesejado, que deve ser eliminado. Estes
três problemas podem ser resolvidos utilizando um PLL não linear ou um PLL
equilibrado.

• PLL Não Linear


A figura 6.42 representa um receptor óptico homodino baseado num PLL não linear do
tipo “Decision-Driven Loop”. O sinal recebido é dividido por um híbrido óptico de 90º.
Uma parte do sinal é enviada para o detector de dados e a outra para o PLL. Há aqui
uma penalização de 3 dB. Dado que o valor médio da corrente “phase-lock” do
fotodetector do “loop” é zero (porque " = 90º)

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esta deve ser processada não linearmente antes do seu uso no “phase-locking”. Isto é
conseguido multiplicando a saída do circuito de atraso de 1 bit (corrente de “phase-
lock”) pela saída do detector de dados (sinal de saída de dados). Os circuitos RC servem
para eliminar a componente DC.

Fig. 6.42 – Receptor óptico homodino, baseado num PLL não linear do tipo “Decision-Driven Loop”
Para este circuito receptor homodino óptico com PLL não linear tipo “decision loop” a
relação largura de linha do laser / “bit-rate” é aproximadamente 3x10-4.

• PLL equilibrado

Apresenta-se na figura 6.43 o respectivo diagrama-bloco.


O sinal óptico é dividido usando um acoplador de 3 dB. Mas agora trata-se de um
acoplador de 180º em vez do acoplador mais usual de 90º. No outro braço do acoplador
é injectada a saída óptica do oscilador local Laser controlado por

Fig. 6.43 – Receptor óptico homodino, utilizando um PLL equilibrado


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tensão. Os sinais são detectados pelo fotodetector e passados para um amplificador cuja
saída vai realimentar, através do filtro do “loop”, o VCO, formando-se assim o PLL.
A componente DC é eliminada no receptor balanceado.

Comparando a performance do receptor “decision loop” com o receptor de loop”


equilibrado, constata-se que este último apresenta um ruído de diafonia “data-to-phase-
lock” que deve ser cancelado. Se este ruído for cancelado a sua performance em termos
da largura de linha requerida aproxima-se da do receptor “decision loop”.

Em resumo, a fonte laser para os sistemas PSK homodinos necessita de um mínima


relação largura de espectro / ”bit-ratio” que depende da configuração do receptor. No
presente, a detecção PSK homodina binária, com receptor OPLL equilibrado , exigindo
uma relação mínima largura de linha / “bit-rate” da ordem de 10-4. Os sistemas
homodinos experimentais têm verificado a teoria, exibindo sensibilidades do receptor
perto do limite quântico de 9 fotões por bit !
A questão que fica “no ar” é se a implementação efectiva destes sistemas nas redes se
pode fazer a curto prazo de modo económico, quando comparado com os sistemas
existentes de detecção directa.

REGENERADORES E REPETIDORES ÓPTICOS

Em ligações entre centrais locais, não são necessários nem repetidores ópticos nem
regeneradores.
Contudo, para ligações interurbanas, se as distâncias envolvidas forem grandes,
necessitar-se-á de repetidores ópticos e, se for utilizada fibra com alta dispersão, são
necessários regeneradores.
Algumas LANs também necessitam de repetidores ópticos devido às múltiplas divisões
(“splits”) que vão ocorrer na potência emitida pelas fontes de luz.
Os amplificadores ópticos também dão origem a acumulações de ruído, o que significa
que, mesmo usando amplificação óptica, pode ser necessária a regeneração de impulsos
a partir de determinada distância, mas felizmente essas distâncias são muito grandes
chegando a atingir 10000 Kms, o que mostra como é importante a amplificação óptica
nos cabos submarinos.
A fig. 6.44 representa o diagrama-bloco de um regenerador convencional para fibra
óptica. O sinal óptico é convertido para sinal eléctrico através de um detector óptico
(díodo APD ou díodo PIN). Os impulsos eléctricos resultantes são amplificados,

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igualizados e completamente “reconstruídos” por um circuito “standard” de regeneração


de impulsos e temporização.
Nesta altura é recolhida uma medida do BER da ligação. Os impulsos “novos” são então
utilizados para modular a fonte de luz laser que fará o reenvio do sinal através da fibra.

Fig. 6.44 – Diagrama de blocos de um regenerador óptico (sem amplificação óptica)

Até recentemente, este método era usado quase exclusivamente em todos os sistemas de
longa distância.
O aparecimento dos EDFAs (“Erbium Doped Fiber Amplifiers” – Amplificadores de
Fibra dopada com Érbio) a que faremos uma breve referência mais adiante neste
capítulo, reduziu drasticamente o número de regeneradores necessários.
Os regeneradores constituem um problema por ocuparem um espaço relativamente
grande e necessitarem de alimentação (sistema complexo no caso dos cabos submarinos
de fibras ópticas) tendo, por isso, de se considerar a existéncia de pares de cobre no
cabo de fibras. Note-se que em sistemas que não usem WDM (multiplexagem por
comprimentos de onda, que será abordada a seguir) cada canal óptico tem de utilizar
dois regeneradores (um para uma direcção e o outro para a outra).
A disponibilidade comercial dos amplificadores ópticos (no início dos anos ’90)
revolucionou os projectos das comunicações ópticas de longa distância. O comprimento
do link passa a ficar apenas limitado pela dispersão cromática e pelo ruído do
amplificador. A dispersão pode, até determinado limite, ser eliminada usando fibras de
dispersão desviada e impulsos de transformada limitada. Um impulso de transformada
limitada é o impulso mais curto possível do laser, dentro da largura de banda disponível
de oscilação desse laser.
Uma das características mais importante do repetidor/amplificador óptico é a sua
transparência pois é independente do “bit-rate” e do formato da modulação.
Têm-se conseguido transmissões, com os amplificadores ópticos, de sinais de
multigigabits por segundo sobre distâncias de varios milhares de quilómetros, sendo isto
uma clara indicação de que mais cedo ou mais tarde os repetidores de amplificadores
ópticos eliminarão completamente os repetidores regenerativos opto-electrónicos.

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MULTIPLEXAGEM ÓPTICA

Enquanto o tráfego de voz está a crescer a cerca de 7% ao ano (no final do ano de 2001
já se está substancialmente acima de um bilião de ligações telefónicas), o aumento de
tráfego de dados (particularmente originado pela Internet) é tão grande que o número de
ligações pela Internet deve atingir o das ligações telefónicas dentro de 5 a 8 anos.
Este aumento está a conduzir à integração do tráfego de voz dentro dos serviços de
comunicações de dados.
Também o impressionante aumento do número de telefones móveis (espera-se haver
muito mais de 1000 milhões até ao ano 2003) implica seriamente desenvolvimentos na
rede fixa.
Até agora tem sido possível através da utilização de técnicas de TDM (“Time Division
Multiplex”) responder aos pedidos de largura de banda necessários, mas a taxa binária
máxima hoje utilizada, 2.5 Gbit/s ( STM-16) em evolução já para os 10 Gbit/s (STM-
64) irá revelar-se insuficiente.
Neste momento trabalha-se nos 40 Gbit/s.
Felizmente uma nova tecnologia - WDM (Wavelength–Division Multiplex) apareceu a
meio da década de 90 com potencial para lidar com enormes larguras de banda. Trata-se
de um sistema para transmitir diversos canais ópticos simultaneamente sobre uma
simples fibra óptica. É o equivalente óptico do processo eléctrico FDMA (“Frequency
Division Multiple Access”) na tecnologia de Radio.
A WDM é a operação com múltiplos canais ópticos, a cada um dos quais vai
corresponder uma portadora óptica com um determinado comprimento de onda.
Cada “fluxo de bits” (informação a transmitir) vai modular um feixe luminoso, com esse
Comprimento de Onda, formando um Canal Óptico.
Os sinais ópticos dos diferentes canais são combinados e transmitidos sobre a mesma
fibra e na recepção são separados por um conjunto de acopladores ópticos e filtros
(somente dispositivos passivos) de tal modo que, depois da desmodulação, cada “fluxo
de bits” possa ser processado electrónicamente.
Não confundir WDM Optico com FDM Optico. O WDM é uma operação multicanal
que coloca diferentes “fluxos de bits” em diferentes frequências ópticas.
Quanto ao FDM (termo utilizado inicialmente em transmissão analógica), nos sistemas
ópticos em FDM usa-se as técnicas heterodinas ou homodinas para multiplexar vários
“fluxos de bits” sobre uma única portadora óptica, cujo comprimento de onda se situa
na banda de 1,5 µm ou de 1,3 µm .

• WDM - Wave Division Multiplexing

Os sistemas de transmissão de longa distância ponto-a-ponto estão a ficar rapidamente


“standardizados”, com cada par de fibras ópticas incorporando

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WDM e cada comprimento de onda transportando um sinal modulado em intensidade


contendo um sinal de 10 Gbit/s ou mais.
A fig. 6.45 apresenta um sistema típico WDM que, neste caso, tem 17 canais, cada um a
20 Gbit/s, com uma capacidade total de 340 Gbit/s.
A separação entre canais é de 0,8 nm, podendo este valor ser reduzido à medida que as
larguras de onda dos lasers melhorem.

Fig. 6.45 (a) – Transmissão óptica WDM (b) – Espaçamento dos canais WDM

Uma característica muito importante é que os sinais de informação sobrepostos em cada


onda óptica não alargam as larguras de banda desses sinais ópticos.

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Cada onda é simplesmente comutada “ON” e “OFF” para formar os 1´s e 0´s.
A situação é diferente para o FDM onde a largura de banda do sinal óptico é aumentada
com a largura de banda da banda-base. Este facto coloca um limite no espaçamento
mínimo entre sinais ópticos FDM multiplexados em WDM.
Um exemplo de um multiplexer/desmultiplexer óptico apresenta-se na fig. 6.46 e é
denominado "phased-array" ou "PHASAR (de)multiplexer" .
Quando o feixe no guia de onda de transmissão atinge a região FPR (região de
propagação livre – “Free Propagation Region”), ele diverge no "Object Plane" e na zona
"Input Aperture", a luz é dividida pelo conjunto ( "array") de guias de onda. Cada
comprimento de onda de luz é então separado e encaminhado por um guia de onda
individual.

Fig. 6.46 Multiplexagem óptica WDM: (a) – Aspecto do desmultiplexer “PHASAR”


(b) – Geometria da zona de recepção

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Os comprimentos físicos de cada guia de onda do “array” são escolhidos de modo que
os comprimentos ópticos dos guias adjacentes, na frequência central do desmultiplexer,
difiram de um múltiplo inteiro de 2#.
Na zona "Output Aperture", a luz proveniente dos diferentes guias de onda vão
convergir na zona FPR de modo que aparece uma "Imagem" da Onda proveniente do
"Object Plane”, no centro da zona "Image Plane".
Para qualquer outra frequência acima ou abaixo da frequência central, os diferentes
comprimentos ópticos do “array” de guias de onda obrigam a que as diferentes
frequências sejam focadas em diferentes pontos do "Image Plane".
Os guias de onda da recepção podem então ser específicamente localizados de modo a
que cada guia de onda capta o feixe luminoso com um determinado comprimento de
onda.
O funcionamento deste sistema é recíproco, de modo que a operação de multiplexagem
se explicaria de modo inverso, isto é, diversos guias de onda com frequências de entrada
distintas a “alimentar” um guia de onda único de saída transportando um sinal com
múltiplas frequências.
O sistema WDM pode ainda ser usado em ligações bidireccionais sobre apenas urna
única fibra, em que um comprimento de onda, (p.ex, 1,50 µm) é utilizado para o sinal de
ida e outro comprimento de onda (1,60 µm) para o sinal de volta.

• FDM - Frequency Division Multiplexing

O aparecimento dos EDFAs e a enorme capacidade suportada pelo mais simples e mais
barato WDM em associação com os sinais de dados de muito alta velocidade, reduziram
o “entusiasmo” na utilização da solução FDM para alta capacidade.
Para sistemas ponto-a-ponto, o FDM é considerado ser tecnicamente superior ao WDM
porque mais canais podem ser multiplexados dentro da largura de banda óptica
disponível.
O sistema FDM é muitas vezes descrito como "Dense Optical Multiplexing" e para
avaliar o seu potencial consideraremos de seguida alguns aspectos de interesse:
O espaçamento entre canais para o FDM pode ser tipicamente de 5 GHz (ou 0.04 nm a
1.5 µm) que é consideravelmente menos que os 250 GHz (ou 2 nm) para o WDM.
Também, as perdas nos componentes são menores em FDM.
A fig. 6.47 apresenta o esquema simplificado de um sistema FDM ponto-a -ponto, em
que o sinal óptico transmitido é construído de um modo semelhante ao antigos sistemas
de rádio de Microondas analógicos.
O número total de sinais digitais que pode ser multiplexado depende do “bit-rate” de
cada sinal (é evidente que, por exemplo, se “consome” muito mais

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largura de banda na heterodinagem com um sinal de 10 Gbit/s do que com um sinal de


100 Mbit/s).

Fig. 6.47 Sistema FDM Óptico

Na recepção, o sinal óptico é detectado, a potência é dividida e os “fluxos de bits”


individuais são recuperados por heterodinagem IF.
Só se conseguirá utilizar a capacidade total do sistema óptico FDM se uma banda-base
da ordem dos 12500 GHz puder ser utilizada para modular o Laser. Isto corresponde a
uma largura de banda óptica !$ de cerca de 100 nm que poderá constituir a banda
lateral superior de uma portadora óptica modulada em PSK cobrindo 1500 a 1600 nm
(ou 187500 a 200000 GHz).
Transmitir tal banda equivaleria a transmitir 80.6 milhões de canais de voz (ou cerca de
625000 canais de video) sobre um par de fibras !
Vamos, entretanto dar um exemplo mais realista, de um sistema que pode ser usado com
a tecnologia presentemente disponível.

Exemplo

Na figura 6.47 consideremos Sl = S2 = S3 = Sn= 155 MBit/s (equivalente a 2016


canais de voz por entrada).
Consideremos que a frequência de 40 GHz como aceitável para se obterem
componentes de microondas de alta qualidade (p. ex., para modular o Laser)
O número de canais FDM depende da técnica de modulação e que define a eficiência de
largura de banda , isto é, se % = 1 bit/s/Hz então f1, f2, f3, ..., fn, devem ser, tipicamente,
2.0, 2.2, 2.4, ..., 40 GHz (!f=38GHz).
Com 190 canais de entrada e 2016 canais de voz para cada um, teremos
2016 x 190 = 383040 canais na totalidade,

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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

isto numa portadora óptica de 1550 nm, utilizando somente 38 GHz, ou seja, 0.3 nm de
largura de banda óptica.

A modulação 512-QAM com TCM (Trellis Coded Modulation) prporciona uma


eficiência espectral de 7.5 bit/s/Hz.
Assim fl , f2 , f3 , ... , fn , seriam tipicamente 2.03 , 2.06 , 2.09 , ...., 40 GHz (!f = 38
GHz ) .
Para 1266 canais de entrada , com 2.016 Canais de Voz por cada um , teríamos
2,552,256 canais de voz na totalidade sobre uma portadora óptica de 1550 nm e usando
apenas 38 GHz, ou cerca de 0.3 nm de largura de banda óptica.

A tecnologia actual permite utilizar até 20 sinais de FDM de 0,3 nm (2,552,256 canais
de voz), em Sistemas WDM com 2 nm de espaçarnento entre Canais .
Esta combinação FDM e WDM pode fornecer cerca de 51 milhões de canais de voz
sobre apenas um par de fibras, o que excede largamente as exigências actuais e num
futuro próximo, no que respeita à capacidade requerida .
O número de Canais Vídeo correspondentes é cerca de 380.000, podendo satisfazer as
necessidades de inúmeros Programas de Teledifusão .
Os Canais de Vídeo podem usar cerca de 10 Mbit/s por Canal, de acordo com a norma
MPEG-2, os quais podem ser distribuidos para os utilizadores, via Redes Telecom,
usando o Sistema FDM-WDM, com troços de fibra óptica instalados em todas as
secções da Rede.

LINKS DE LONGO PERCURSO

Os “links” de longa distância são especificamente ligações principais entre cidades,


redes internacionais ou “links” transoceânicos.
O ideal seria não usar Regeneradores ou Repetidores/Amplificadores Ópticos, mas só
para atenuações iguais ou menores que 0.01 dB/km é que seria possível fazer ligações
de Média ou Longa Distância sem a sua utilização.
Actualmente,as atenuações mais baixas que se conseguem atingir são da ordem de 0.2
dB/km para fibras de 1.55 µm, o que vai definir a distância entre os amplificadores
ópticos.
Isto pode ser melhorado com o aumento da sensibilidade dos receptores e com o
aumento do nível de potência dos emissores.
A tecnologia dos LDs está continuamente a melhorar mas as leis da Física estabelecem
os limites da potência máxima que pode ser emitida a ritmos binários elevados: por
exemplo, acima dos 40 Gbit/s é cerca de 10 mW, devido ao fenómeno do “scattering”.

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Entretanto, os recentes desenvolvimentos têm vindo a melhorar as “performances”, tal


como a transmissão SOLITON que será estudada à frente.
Por outro lado, também se tem aumentado a distância entre regeneradores com a sua
substituição pelos EDFA.

• EDFAs

Um EDFA (“Erbium Doped Fiber Amplifier”) é um Amplificador de Fibra dopada com


Érbio que faz uma amplificação directa do sinal óptico.
Trata-se de um amplificador para grandes distâncias em que não existem conversões
óptico-eléctricas nem electro-ópticas, processando-se tudo a nível óptico, cujo esquema
muito simplificado é o da figura seguinte (fig.6.48).

Acoplador ISOLADOR
Entrada do sinal

Saída do sinal amplificado


( $ = 1.55 µm)

Fibra dopada com érbio

( $ = 1.55 µm)
Bomba λ = 1.48 μm
Laser ( ou $ = 0.98 µm)

Fig. 6.48 EDFA (“Erbium Doped Fiber Amplifier”)

Consiste em vários metros de fibra óptica dopada com érbio (metal raro), com
“interfaces” para acoplamento com o sinal de entrada e o de saída e com uma bomba
Laser que fornece a energia utilizada para amplificar o sinal.
A bomba é um díodo laser trabalhando num comprimento de onda mais curto do que o
do sinal a ser amplificado (geralmente entre 880 nm e 1480 nm).
Os fotões injectados pela bomba laser de 1480 nm têm a função de excitar os iões de
érbio na fibra dopada para um nível de energia mais elevado (normalmente eles
encontram-se no seu estado base).
Entretanto, a luz do sinal óptico de 1550 nm a ser amplificado pode originar que os iões
regressem ao seu estado base (nível mais baixo) e, ao dar-se este fenómeno, libertam
fotões de luz no mesmo comprimento de onda e em fase com o sinal a ser amplificado
(ver fig. 6.48a)

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Ião de érbio
Estado excitado 1

Acção da bomba Sinal Fig. 6.48a –


de 1480 nm amplificado de Amplificação num
Sinal 1550 nm EDFA com bomba
laser de 1480 nm

Estado base
Está-se, portanto, perante uma emissão estimulada pois que é o próprio sinal que está
directamente a originar que os fotões sejam emitidos.
De referir que quando a bomba laser de 1480 nm excita os iões de érbio para um estado
mais alto em energia acontece que se aí ficam um tempo suficientemente longo, eles
podem regressar ao seu estado base espontâneamente e libertar a energia extra que
continham na forma de emissão de fotões. Dá-se, assim, origem a uma emissão
espontânea que se designa por emissão espontânea amplificada que constitui um efeito
indesejado pois adiciona ruído no sistema de amplificação.
Se a bomba laser utilizada for de 980 nm os iões de érbio são excitados para um nível
de energia ainda mais alto (ver fig. 6.48b) em comparação com o nível de energia
conseguido com a bomba laser de 1480 nm.
Estado excitado 2

Ião de érbio
Estado excitado 1

Acção da bomba Sinal


de 980 nm
amplificado Fig. 6.48b – Amplificação
de 1550 nm num EDFA com bomba
laser de 980 nm
Estado base

Contudo, os iões só ficarão nesse mais alto estado de energia por um período muito curto (da
ordem de alguns nanosegundos) pois movem-se imediatamente para o estado imediatamente
abaixo (estado excitado 1). Aqui ficam por alguns microsegundos que é um tempo muito maior
do que se os iões tivessem sido excitados por uma bomba de 1480 nm. Ora, quanto maior for o
tempo que ficam nesse estado excitado, maior será a probabilidade do sinal causar uma
emissão estimulada. Isto reduz a emissão espontânea e diminui o ruído no sistema. Por isso as
bombas de 980 nm conferem melhor eficiência e são preferíveis nos EDFAs.
A luz de bombardeamento é desacoplada no final da fibra de modo a que se fique apenas com
o sinal amplificado
As primeiras versões comerciais do EDFA são de 1990. A sua aplicação em geral,
restringe-se à terceira janela (1550 nm).

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• Controle da dispersão

O controle da dispersão pode ser utilizado para aumentar a distância entre repetidores a mais
de 10000 Km. Se utilizarmos uma fibra com uma dispersão nula a 1580 nm, mas se o sinal
óptico transmitido for de 1558 nm, a dispersão é cerca de – 2ps/(nm-Km).
Se após uma distância de 900 Km o sinal se fizer passar por 100 Km de uma fibra com
dispersão zero a 1310 nm, a dispersão sofrida é positiva e anula a dispersão negativa sofrida
anterio\rmente (fig. 6.49).

Fig. 6.49 – Controle da dispersão. (a) – Diagrama de blocos do equipamento (b) – Dispersão cromática acumulada em função
da distãncia de transmissão para 8 canais de um sistema WDM experimental. A maioria dos troços de amplificação utiliza fibra
de dispresão negativa com $0 & 1585 nm e D & - 2ps/Km-nm. A dispersão é compensada cada 1000 Km usando fibra óptica
convencional monomodo (neste caso, com $0 & 1310 nm)

Esta técnica permite a transmissão transoceânica de grandes distância sem regeneradores e o


seu sucesso permitiu que lhe tenha sido incorporada a multiplexagem WDM.
Em “links” experimentais de fibra óptica através do Oceano Pacífico enviaram-se 20 canais
WDM, cada um contendo um sinal de 5 Gbit/s, numa distância de 9100 Km, sem
regeneradores !

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Mas a dispersão não é o único problema nos “links” de longa distância.


Para vários EDFAs em cascata com sistemas WDM existe o problema da falta de
linearidade do ganho.
De facto, a falta de linearidade do ganho dos EDFAs não é importante se o sistema
operar somente num comprimento de onda, mas com WDM há problemas se tivermos
vários EDFAs em cascata.
Por exemplo, se o ganho variar apenas de l dB numa gama de operação em WDM de
1550 a 1565 nm e se não houver igualização do ganho, então se o sinal passar através de
200 EDFAs, a variação do ganho seria de 200 dB ! Neste caso têm que se instalar
igualizadores passivos em vários pontos do percurso. .
Os igualizadores passivos são filtros que têm uma curva de atenuação inversa á curva de
ganho de um EDFA.
Outro problema de uma cadeia EDFA é o "EDFA Polarization Hole Burning", que
surge quando um sinal polarizado saturado é enviado através de uma fibra com
dopagem de Érbio .
Como resultado, aparece uma acumulação de emissão espontânea amplificada .
Este problema pode, no entanto, ser suprimido usando um processo de “scrambling” da
polarização que varia os dois estados de polarização a um ritmo (cerca de 1,3 kHz)
mais rápido do que o EDFA pode responder, reduzindo assim a perturbação devida ao
"Polarization Hole Burning" .
Mas o ideal é que a cadeia de EDFAs opere na região linear do ganho e não em zonas
de compressão de ganho .
Foram feitas simulações de Longos Percursos em anéis típicos, com transmissão WDM,
em que se usaram troços de fibra de 45 km para a emissão de 20 Canais, cada um com
“fluxos” de 5 GBit/s, correspondendo a uma distância total de 9100 Km.
O espaçamento entre Canais era de 0.6 nm, tendo sido utilizada Codificação FEC e no
final foi medido um BER melhor que 10-10 sobre essa distância de 9100 km.
Nesses testes o controle da dispersão e da igualização passiva do ganho foram
essenciais para se conseguir a obtenção daqueles resultados.
.
• Transmissão SOLITON

Possivelmente urna das mais interessantes inovações no campo das comunicações


ópticas é a Transmissão SOLITON. Embora conhecida teoricamente há bastantes anos,
só em 1989 é que a transmissão Soliton foi bem sucedida quando certos dispositivos
ópticos ficaram disponíveis tais como os Amplificadores de Fibra Óptica dopada a
Érbio (os EDFAs que acabámos de referir).

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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

O comprimento de onda de dispersão zero para a sílica ordinária é da ordem dos 1300
nm. Mesmo a este comprimentos de onda há um alargamento dos impulsos quando se
trata de longas distâncias só pelo facto de o índice de refracção da fibra aumentar
ligeitramente com o nível da potência óptica.
O que são os Solitons? São impulsos luminosos sem dispersão, os quais só existem
apenas num meio não linear onde o índice de refracção é alterado pela variação da
intensidade do próprio impulsos luminoso. São também um caso especial de impulsos
do tipo RZ em que não há a presença de nenhum sinal na transição entre períodos de bit.
Há pelo menos dois tipos de Solitons : temporal e espacial, em que o Soliton temporal é
o candidato a Transmissões ópticas de Ultra-Longas Distâncias.
A Transmissão Soliton é um modo de Transmissão por F. O. que corresponde á única
solução estável da Equação Fundamental de Propagação e a sua principal característica
é anular a dispersão cromática nas Fibras Ópticas .
Quando se opera com fibras de dispersão desviada para zero nos 1.55 µm, o impulso
pode ser espectralmente alargado devido á não linearidade da sílica.
A mera presença de
impulsos de luz que
tenham uma
intensidade de luz
variável sobre a sua
envolvente obriga o
índice de refração do
material a ser mais
elevado nos picos do
impulso do que nas
zonas mais baixas da
suas caudas (ver fig.
6.50). Como se
mostra na fig.
6.50.a, o pico é
retardado em
comparação com a
sua cauda, o que

Fig. 6.50 Formção do SOLITON

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corresponde a um abaixamento das frequências na metade da frente do impulso e a um


aumento das frequências na metade posterior desse impulso.
Para o sinal Soliton se propagar é necessária a existência de uma pequena quantidade de
dispersão cromática.
Se o sistema operar então com um comprimento de onda ligeiramente maior do que o
comprimento de onda de dispersão zero, haverá uma tendência para o alargamento do
impulso, com as frequências mais elevadas na parte da frente do impulso e as
frequências mais baixas na sua parte posterior (ver fig. 6.50.b).
Como se pode observar (ver fig. 6.50.c) os efeitos da não linearidade da fibra são
equilibrados pela dispersão cromática da Fibra, produzindo o Soliton, o qual apresenta
propriedades não dispersivas, tanto no domínio do tempo como do domínio da
frequência .
Além disso, tem sido demonstrado, que os SOLITONS ficam estáveis mesmo após ter
passado por diversos amplificadores, desde que a distância entre esses amplificadores
seja suficientemente curta para que a forma do impulso não seja distorcida..
Uma demonstração prática desta teoria foi realizada com sucesso com a transmissão de
uma sucessão pseudo-aleatória a 10 Gbit/s de impulsos Soliton ASK sobre uma fibra
óptica com 1,000,000 de quilórnetros.
O ensaio foi efectuado num anel de recirculação (“Recirculating Loop”) com 500 km
em que o sinal circulou 2000 vezes, tendo-se utilizado EDFAs. .

LAN – LOCAL AREA NETWORK

As LANs foram inicialmente associadas á interligação entre computadores mas


evoluiram rápidarnente para redes entre edifícios de escritórios, fábricas, escolas, etc,
situados em determinadas áreas .
O “bit-rate” requerido varia de acordo com a aplicação. Por exemplo, para a interligação
de computadores é necessário pelo menos l MBit/s e para a. ligação entre vários
edifícios de fábricas, escritórios, etc, são precisos cerca de 10 MBit/s.
Na gama dos 100 MBit/s estão as redes de distribuição do tipo FDDI (“Fiber
Distributed Data Interface“, que é um interface “standardizado” para LANs ópticas,
normalmente do tipo multimodo, operando a 1300 nm com transmissores LED e
receptores PIN); para supercomputadores e computação gráfica são precisos mais de 1
GBit/s.

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As LANs têm outros problemas complexos diferentes dos Links ponto-a-ponto de longa
distância.
Uma das características das LANs é a possibilidade de intercomunicação entre os vários
utilizadores.
Há principalmente duas topologias de LANs, favoráveis para a utilização de Fibras
Ópticas : Redes em Estrela e Redes Unidireccionais (fig. 6.51) .
De modo a obter um rendimento máximo da Largura de Banda Disponível , uma LAN :
1) Não deve ser de Potência Reduzida
2) Não deve estar sujeita a "Engarrafamentos Electrónicos".

Fig. 6.51 - Topologias LAN

A potência transmitida por um utilizador sofre vários desvios ao longo do percurso de


modo a satisfazer as necessidades da distribuição .
De acordo com a topologia, o número de utilizadores e as distâncias em causa, também
pode ser necessário incorporar arnplificadores ópticos para manter o Nível da Potência
de Distribuição e também á entrada de cada utilizador .
O problema do “engarrafamento electrónico” é particularmente severo na topologia em
anel em que cada nó deve processar todo o Tráfego da Rede.
Assim, a capacidade da Rede em Anel depende exactamente da capacidade de cada nó e
um processo de obviar a este problema é usar rnúltiplos Comprimentos de Onda .
O sistema WDM ou a técnica FDM estão já a ser utilizados em grandes LANs.

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MEDIDAS EM FIBRAS ÓPTICAS

o Cortes e outras falhas no cabo de fibras ópticas

Se um cabo de fibra óptica for cortado por urna máquina, devido a construções ou obras
em edifícios ou por tremores de Terra ou ainda por sabotagem, etc., o local do corte tem
de ser identificado.
Há casos em que a localização é óbvia mas em certos casos é difícil e então usa-se o
aparelho OTDR (“Optical Time Domain Reflectorneter “ – Reflectómetro Óptico no
Domínio do Tempo”) .
A fibra óptica é desligada do equipamento terminal de linha do lado da central e ligada
ao instrumento de medida OTDR. Este envia impulsos ópticos que ao atingirem o local
da falha, encontram um ponto de reflexão elevada enviando para trás (para o OTDR) a
luz reflectida; o OTDR calcula o tempo que a luz demorou no trajecto de ida e volta ao
ponto da falha e, entrando em consideração com a velocidade da luz na fibra, calcula
com exactidão (a precisão é de menos de 1 metro) a distância a que se deu a avaria.

Reflexão Par de
frontal conectores
Par de
conectores

Junção
Curva
mecânica
Fibra
partida Final
Junção por da fibra
fusão

Ruído
Eixo da
potência Backscatter

Eixo da
distância

Fig. 6.52 Aspecto típico da informação no display de um OTDR

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Aliás, como já referimos atrás, o OTDR é um instrumento precioso para avaliar a


performance da ligação.
No seu display pode examinar-se (ver fig. 6.52) a curva da potência reflectida ao longo
do trajecto da fibra onde se podem identificar descontinuidades, sempre relacionadas
com eventos (junções por fusão, conectores, curvaturas exageradas na fibra, cortes na
fibra, etc).

O processo como funciona o OTDR está sumarizado e esquematizado na figura


seguinte.

OTDR
(1)
Circuito LASER
controlador de
LD
Driver
tempo
Conector

Contador Acoplador
de tempo Óptico
(2)

Fibra
Ave- PIN
CRT D/A Receptor
rager (*)

(3)
(*) – Alta sensibilidade (da
ordem de –120 dBm)

(1) – Controla o período de duração dos impulsos eléctricos que são amplificados no controlador do Laser e convertidos em
sinais ópticos no Laser Diode (LD)
(2) - Mede o tempo que medeia entre a transmissão e a recepção do impulso transmitido
(3) – Circuito que faz a média de muitos sinais recebidos (que vai somar) aumentando assim a relação S/N

Fig. 6.52a Esquema funcional de um OTDR

O OTDR mede a fracção da luz que é reflectida para trás e essa luz é reflectida por dois
processos:

1) Por efeito Rayleigh (“Rayleigh Scattering”)

2) Por reflexão Fresnel, que é o fenómeno que resulta da desadaptação quando a luz
deixa a fibra e entra no ar.
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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

Há um coeficiente de reflexão dado por:

(n1 ! n2 )2 Valor aprox. do índice de refracção no ar : 1.0


r= (**) Valor aprox. do índice de refracção na fibra : 1.5
(n1 + n2 )2

se a transição fibra/ar for perpendicular ao feixe de luz, sendo n1 o índice de


refracção da fibra (& 1.5) e n2 o índice de refracção do ar (& 1.0)

(**) - É de 0.04, ou seja, 4%, para os cortes perpendiculares ao eixo da fibra.

À relação entre a energia lançada na fibra e a energia reflectida para trás chama-se
factor de captura e é uma constante específica para cada tipo de fibra.

A potência reflectida (caso Fresnel) é apenas proporcional à potência do sinal lançado


na fibra, não à energia, logo independente da largura do impulso.

Já na difusão Rayleigh a potência reflectida é proporcional a ambos, isto é, à potência


do sinal e à largura do impulso.

o Medidas no Terminal de Linha

Os equipamentos terminais de linha de FO são de fácil operação e manutenção, em


comparação com outros sistemas, tais corno os de Rádio por Microondas. Além das
habituais verificações e medidas nas fontes de alimentação, as principais medidas a
efectuar são as seguintes:

1- Potência Óptica de saída

2- Potência Óptica recebida

3- Forma de onda do impulso óptico de saída (relação de extinção)

4- BER e/ou BBER

5- Forma de onda do impulso de saída eléctrico

6- Indicações de alarme e comutação de protecção

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Sistemas de Transmissão por Fibra Óptica

A potência óptica de saida costuma ser apenas uma verificação periódica para
confirmação se o LD está de "saúde". A saida do transmissor é desligada da FO e ligada
um Medidor de Potência e, claro, se a potênciá for muito elevada para as escalas do
aparelho é necessário intercalar um atenuador.
Os valores típicos da potência de saída vão actualmente de 0 a 10 dBm mas os futuros
LDs poderão ter saidas de 30 dBm ou ainda maiores
A potência óptica recebida sofre também uma verificação periódica. Desliga-se a fibra
do receptor e mede-se a potência recebida à saída desta para confirmar se houve alguma
degradação ao longo do tempo que decorreu (que pode ser de semanas ou meses) após a
última verificação.
Em percursos muito curtos pode acontecer que a potência recebida seja demasiado alta
para o fotodetector (digamos, da ordem dos –12 dBm) e então será necessário inserir
permanentemente um atenuador para a protecção daquele detector.
A fig. 6.53 dá-nos o esquema de blocos para a medida do BER e da relação deste com a
potência óptica recebida.

Fig. 6.53 (a) Medida do BER

(b) Gráfico típico do BER versus


potência óptica recebida para a
detecção directa com APD

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Para “bit-rates” elevados é medido um parâmetro importante: o “Extinction Rate”


(relação de extinção) que é definido pela relação:
ER = 10 log (A/B)
em que A é o nível médio da potência recebida para os símbolos 1´s e B o mesmo nível
para os símbolos 0´s.
Um valor típico para este ER é de 10 dB.
O diagrama de olho que durante muito tempo foi considerado como uma medida
subjectiva tornou-se uma medida mais científica porque a ITU-T recomendou um
gabarito para os “standards” de transmissão STM-n, de acordo com a fig. 6.54, em que
é usada uma “máscara padrão” para análise da degradação do sinal.

Fig. 6.54 (a) Medida da forma de onda


do impulso eléctrico de saída
(b) Gabarito para a forma de onda
do impulso electrico de saída
para vários débitos binários

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A medida do parâmetro ESR (“Error-Second Ratio”) é menos familiar e também pode


ser medido, mas sendo uma medida baseada em Erros de Blocos é mais demorada do
que o BER.
Entretanto, os novos equipamentos SDH permitem as medidas do BER e ESR em
funcionamento ( “In Service”).
O “Jitter”, que tem uma grande influência a “bit-rates” elevados também deve ser
medido, embora não seja de tão fácil medida como o BER.
Como sabemos, os novos equipamentos de SDH (“Synchronous Digital Hierarchy”)
dispõem actualmente de várias funções de vigilância que são transportadas nos bytes do
cabeçalho da trama STM-1, daí resultando a possibilidade de uma monitoração em
serviço da ligação que possibilita o controle dos principais parâmetros do sistema.

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FIM DO CAPÍTULO SOBRE FIBRAS ÓPTICAS

Dezembro de 2004

A. Saraiva Fernandes

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