Iv Encontro Nacional Do Movimento Da Luta Antimanicomial

IV Encontro Nacional do Movimento da Luta Àntimanicomia
"NOVAS FORMAS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO"
22 a 26 de Setembro de 1999 Paripueira/AI
O r g a n i z a ç ã o : NESMAL - Núcleo Estadual de Saúde M e n t a l de Alagoas

IV ENCONTRO NACIONAL DO
MOVIMENTO DA LUTA
ANTIMANICOMIAL
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO D O RELATÓRIO 05
RELATÓRIO D O S G R U P O S TEMÁTICOS 08
SERVIÇOS RESIDENCIAIS: U M H A B I T A T D A C I D A D E 08
COOPERATIVAS SOCIAIS: RECONSTRUINDO

O DIREITO A O T R A B A L H O 11
PRÁTICAS ASSISTENCIAIS E F I N A N C I A M E N T O :
REDIRECIONANDO OS RECURSOS 15
REUNIÃO D E USUÁRIOS E F A M I L I A R E S 20
V I E N C O N T R O D E E N T I D A D E S D E USUÁRIOS E F A M I L I A R E S 22
REUNIÃO S O B R E A CRIANÇA E O A D O L E S C E N T E 24
PROJETO D E L E I ANTIMANICOMIAL 26
DECISÕES D A PLENÁRIA F I N A L D E PARIPUEIRA/AL 27
DECISÕES D A PLENÁRIA N A C I O N A L D O RIO D E JANEIRO 29
COMISSÃO N A C I O N A L D E SAÚDE M E N T A L 30
DECISÕES D A PLENÁRIA F I N A L DE PARIPUEIRA/AL 31
S E C R E T A R I A N A C I O N A L E X E C U T I V A , GESTÃO 2000/2001 34
MOÇÕES 36
DECISÕES D A PLENÁRIA FINAL D E PARIPUEIRA/AL 36
ANEXOS 47
IV Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial
4
TV Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial
IV ENCONTRO NACIONAL DO MOVIMENTO

DA LUTA ANTIMANICOMIAL
RELATÓRIO FINAL
"NOVAS F O R M A S D E PRODUÇÃO D E S E N T I D O "
O M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l , por m e i o de sua Secreta-

ria E x e c u t i v a N a c i o n a l p a r a o biénio 2 0 0 0 / 2 0 0 1 , s e d i a d a n o Rio de J a n e i -
r o , a p r e s e n t a o relatório d e s e u I V E n c o n t r o N a c i o n a l , r e a l i z a d o e n t r e os
dias 22 e 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9 , e m Paripueira/Alagoas.
O r g a n i z a d o p e l o Núcleo E s t a d u a l de Saúde M e n t a l de A l a g o a s e
p e l a S e c r e t a r i a E x e c u t i v a d o M o v i m e n t o , s e d i a d a e m Maceió/AL n o b i é n i o
1 9 9 8 / 1 9 9 9 , o I V E n c o n t r o N a c i o n a l t e v e c o m o t e m a c e n t r a l as Novas
Formas de Produção de Sentido, que foi abordado e m mesas redondas e
e m grupos de trabalho, p o r m e i o dos sub-temas: Sujeito, Estado e Cida-
des: s e n t i d o s e m q u e s t ã o ( t e m a não debatido e m t r a b a l h o de grupo,
razão d e não c o n s t a r n e s t e r e l a t ó r i o ) ; S e r v i ç o s R e s i d e n c i a i s : u m h a b i t a t
d a c i d a d e ; C o o p e r a t i v a s S o c i a i s : r e c o n s t r u i n d o o d i r e i t o a o t r a b a l h o ; Prá-
t i c a s A s s i s t e n c i a i s e F i n a n c i a m e n t o : r e d i r e c i o n a n d o os r e c u r s o s .
E s t e ternário f o i p r e v i a m e n t e p r e p a r a d o p e l o s p a r t i c i p a n t e s e m
E n c o n t r o s e s t a d u a i s e/ou r e g i o n a i s e e m Plenárias N a c i o n a i s , b e m c o m o
e m eventos do M o v i m e n t o que o p r e c e d e r a m como o V E n c o n t r o Nacio-
n a l d e E n t i d a d e s d e Usuários e d e F a m i l i a r e s - B e t i m / M G ; I E n c o n t r o
N a c i o n a l d e Serviços S u b s t i t u t i v o s - Brasília /DF; E n c o n t r o d e Docentes
do M o v i m e n t o - Salvador/BA.
Participaram do I V Encontro Nacional delegados de 16 Estados

d o B r a s i l , d a s c i n c o r e g i õ e s : N o r t e ( Pará ), N o r d e s t e (Ceará, R i o G r a n d e
5
d o N o r t e , Paraíba, P e r n a m b u c o , A l a g o a s , Sergipe, Bahia), Sudeste ( M i -

n a s G e r a i s , São P a u l o , R i o d e J a n e i r o ) , C e n t r o - O e s t e ( T o c a n t i n s , D i s t r i t o
F e d e r a l , Goiás, M a t o G r o s s o ) , S u l ( R i o G r a n d e d o S u l ) . H a v i a c e r c a d e
1 0 0 0 d e l e g a d o s , distribuídos e n t r e os s e g m e n t o s d e usuários, f a m i l i a r e s
e t r a b a l h a d o r e s e m saúde m e n t a l .
O E n c o n t r o f i c o u i n c o n c l u s o e m s u a Plenária F i n a l , s e n d o desdo-
b r a d o e m u m a Plenária N a c i o n a l e s p e c i a l m e n t e c o n v o c a d a p a r a e s t e f i m
e realizada n o Rio de J a n e i r o e m 11 e 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 . P o r t a n -
t o , e s t e relatório d i z r e s p e i t o a o E n c o n t r o N a c i o n a l d e P a r i p u e i r a / A L e à
Plenária N a c i o n a l d o R i o d e J a n e i r o / R J .
A l é m d o s relatórios d o s g r u p o s t e m á t i c o s , c o m p õ e m e s t e d o c u -
m e n t o os relatórios: d a R e u n i ã o d e Usuários e F a m i l i a r e s , d a R e u n i ã o
s o b r e a Criança e o A d o l e s c e n t e , deliberações do M o v i m e n t o sobre o V I
E n c o n t r o N a c i o n a l d e E n t i d a d e s d e Usuários e F a m i l i a r e s , o P r o j e t o d e
Lei A n t i m a n i c o m i a l , a Comissão N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l / C N S M , a
Secretaria Executiva Nacional do Movimento da Luta A n t i m a n i c o m i a l ,
Moções aprovadas e m P a r i p u e i r a e n o Rio de J a n e i r o , d o c u m e n t o s e n c a -
m i n h a d o s por delegações.
O a t r a s o n a e l a b o r a ç ã o e distribuição d e s t e relatório, e m p a r t e
pode ser j u s t i f i c a d o pela necessidade de a atual Secretaria Executiva
N a c i o n a l e s t r u t u r a r - s e e, s i m u l t a n e a m e n t e , r e s p o n s a b i l i z a r - s e p o r o r g a -
n i z a r Plenárias N a c i o n a i s ( d e z e m b r o / 1 9 9 9 , maio/2000) para dar conti-
n u i d a d e ao I V E n c o n t r o , d e f i n i n d o e s t r a t é g i a s n a c i o n a i s p a r a o M o v i -
m e n t o ( e i x o político p a r a o 1 8 d e m a i o : d e f e n d e r a r e p r e s e n t a t i v i d a d e d o
M o v i m e n t o j u n t o à Comissão N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l e estabelecer
c r o n o g r a m a de eventos do M o v i m e n t o ) .
A concomitância d e t a r e f a s p o s t e r g o u a e l a b o r a ç ã o d o p r e s e n t e
relatório e, ao m e s m o t e m p o , e v i d e n c i a a v i t a l i d a d e d e n o s s o M o v i m e n t o
que a cada m o m e n t o dedica-se a a p r o f u n d a r reflexões sobre t e m a s es-
6
p e c í f i c o s e a t o m a r d e l i b e r a ç õ e s c o m o as q u e e n v o l v e m a Portaria
n.° 1 0 6 ( M S - 14/02/2000) que trata dos Serviços Residenciais
Terapêuticos e m Saúde M e n t a l ( t e m a d o I V E n c o n t r o ) , a questão d a
reorientação d o s r e c u r s o s f i n a n c e i r o s p a r a os S e r v i ç o s S u b s t i t u t i v o s ( e i x o
político d o 1 8 d e m a i o d e 2 0 0 0 ) , a L e i n.° 9 . 8 6 7 ( 1 0 / 1 1 / 1 9 9 9 ) q u e t r a t a
s o b r e as C o o p e r a t i v a s Sociais, t e m a c a r o aos usuários preocupados
c o m a q u e s t ã o d o T r a b a l h o e d a Qualificação ( s u b - t e m a d o V I E n c o n t r o
N a c i o n a l d e E n t i d a d e s d e Usuários e F a m i l i a r e s ) .
E s t e relatório se s o m a aos o u t r o s três E n c o n t r o s N a c i o n a i s a n t e -

r i o r e s e p r e t e n d e c o n t r i b u i r p a r a d a r sustentação política e o r g a n i z a t i v a
ao M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , q u e se c o n s t i t u i c o m o u m m o v i -
m e n t o social c o m g r a n d e expressão e r e c o n h e c i m e n t o n o Brasil. A s s i m
fornece subsídios p a r a q u e d e f e n d a m o s , sob a f o r m a de u m t r a b a l h o
c o l e t i v o , os princípios d o M o v i m e n t o q u e a p o n t a m p a r a u m a s o c i e d a d e
s e m exclusão e g a r a n t i d o r a d e d i r e i t o s e d e d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a -
n a , seja e l a usuário, f a m i l i a r o u t r a b a l h a d o r e m s a ú d e m e n t a l .
A Secretaria Executiva Nacional, gestão 2 0 0 0 / 2 0 0 1 , espera

receber contribuições valiosas dos Núcleos do M o v i m e n t o para a
concretização d e s u a m a i s árdua t a r e f a a p a r t i r d e a g o r a , q u e é a r e a l i z a -
ção n o R i o d e J a n e i r o , e m 2 0 0 1 , d o V E n c o n t r o N a c i o n a l d o M o v i m e n t o
d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , p a r a d a r c o n t i n u i d a d e à Luta Por Uma Socieda-
de Sem Manicômios, c o m c o n q u i s t a s valiosas já o b t i d a s até o p r e s e n t e
momento.
7
RELATÓRIO DOS GRUPOS TEMÁTICOS
SERVIÇOS R E S I D E N C I A I S : U M H A B I T A T D A C I D A D E
1 - Q u a i s as c o n d i ç õ e s q u e d e v e m t e r u m a m o r a d i a ?
II - Q u a l a contribuição q u e os usuários e f a m i l i a r e s p o d e m t r a -
z e r p a r a os p r o g r a m a s d e m o r a d i a ?
1 - Os s i g n i f i c a d o s d e c a s a e m n o s s a s v i d a s :
• Casa c o m o espaço e s s e n c i a l d a existência d o s u j e i t o ;
• Espaço p r i v i l e g i a d o d e v i d a , o n d e c a d a i n d i v í d u o p o s s a
e x p r e s s a r s u a s i n g u l a r i d a d e , s u a história, s e u u n i v e r s o
cultural, seu modo de ver o m u n d o ;
• Cenário d e e x p e r i ê n c i a s e m n í v e l e m o c i o n a l , s o c i a l e m a -
terial.
Um projeto de moradia deve assegurar:
2 - Q u e s e j a m c r i a d a s m o r a d i a s transitórias p a r a se t r a b a l h a r a
a u t o n o m i a d o usuário;
3 - Os p r o g r a m a s d e m o r a d i a s d e v e m s e r i m p l a n t a d o s f o r a d a s
u n i d a d e s h o s p i t a l a r e s e t a m b é m não d e v e m s e r a e s t a s v i n -
c u l a d o s , m a s s i m a serviços s u b s t i t u t i v o s , r o m p e n d o - s e de
f a t o c o m a lógica m a n i c o m i a l , v i s a n d o - s e a a u t o n o m i a p l e n a ;
4 - Os N ú c l e o s d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l d e v e m se i n s e r i r n o m o -
vimento de moradia, d i s p u t a n d o políticas públicas
h a b i t a c i o n a i s p a r a e f e t i v a r o d i r e i t o d e m o r a d i a d o s usuários
d e saúde m e n t a l e d e m a i s excluídos;
5 - Deve haver transformação das A I H s (Autorizações de

I n t e r n a ç ã o H o s p i t a l a r ) , r e o r i e n t a n d o - s e os r e c u r s o s finan-
c e i r o s d e s t i n a d o s às internações h o s p i t a l a r e s p a r a o fínancia-
8
IVEncontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial
m e n t o dos serviços residenciais terapêuticos e d e m a i s ser-

viços s u b s t i t u t i v o s ;
6 - A s m o r a d i a s , serviços r e s i d e n c i a i s terapêuticos, d e v e m ser

f i n a n c i a d o s p e l o p o d e r público e t e r t o d a i n f r a - e s t r u t u r a n e -
cessária, o f e r e c e n d o c o n d i ç õ e s d i g n a s d e habitação, r e s p e i -
t o e g a r a n t i n d o os d i r e i t o s d e c i d a d a n i a os m o r a d o r e s ;
7 - Os usuários d a m o r a d i a d e v e m t e r u m a r e l a ç ã o a b e r t a c o m
a comunidade;
8 — O serviço r e s i d e n c i a l t e m d e ser p r o m o t o r d e c i d a d a n i a e ser

m o r a d i a e não u m s e r v i ç o d e saúde;
9 - 0 serviço r e s i d e n c i a l terapêutico d e v e ser u m l u g a r onde

possamos recriar nossa existência, d e v e n d o ser u m
referencial de cidadania, u m "lugar h u m a n o " ;
1 0 - A casa d e v e t e r o s e n t i d o d o s q u e n e l a v ã o m o r a r ;
1 1 - A c a s a d e v e t e r lazer, a c o n c h e g o e t r a b a l h e -
i s - A m o r a d i a t e m d e s e r c r i a d a d e a c o r d o c o m as p e c u l i a r i d a -
des d e c a d a r e g i ã o ;
13 — Os r e c u r s o s d o s h o s p i t a i s psiquiátricos d e v e m s e r r e p a s s a -
d o s p a r a c u s t e a r e m as c a s a s l a r e s ;
14 - A m o r a d i a d e v e t e r r e t a g u a r d a d a r e d e de serviços d e a t e n -
ção à saúde m e n t a l e e s t a r i n t e g r a d a a e s t a r e d e ;
1 5 — É f u n d a m e n t a l q u e as m o r a d i a s p o s s a m c o n t e m p l a r os p r o -
cessos d e a c o l h i m e n t o , vínculo, t r o c a s sociais e comunitárias,
p r o p i c i a n d o a produção d e a u t o n o m i a e a participação d o s m o -
r a d o r e s n a gestão c o t i d i a n a e e m p r o j e t o s d a s m e s m a s ;
1 6 - D e v e m s e r c r i a d o s serviços c o m instalações e abordagens

a d e q u a d a s aos princípios d e desinstitucionalização e d e a u t o -
9
n o m i a d o s m o r a d o r e s i n t e g r a d o s à c o m u n i d a d e e aos p r o j e -
t o s d e t r a b a l h o , saúde, l a z e r e s u p o r t e s o c i a l ;
17 - D e v e - s e g a r a n t i r a autogestão dos lares pelos moradores;
1 8 - D e v e c o n c e d e r a u t o n o m i a p a r a os l a r e s ;
1 9 - C r i a ç ã o d e serviços r e s i d e n c i a i s d e vários t i p o s , adequados

aos d i v e r s o s níveis d e a u t o n o m i a e d e p e n d ê n c i a d o s m o r a d o -
res, t a i s c o m o : l a r e s a b r i g a d o s , p e n s õ e s p r o t e g i d a s , m o r a d i a s
i n d e p e n d e n t e s , aluguéis s u b s i d i a d o s ;
20 — Os lares d e v e m ser construídos e n q u a n t o r e d e i n t e g r a d a ;
2 1 - Os l a r e s d e v e m s e r construídos d e a c o r d o c o m a r e a l i d a d e
do g r u p o m o r a d o r ;
2 2 - Q u e o s e r v i ç o r e s i d e n c i a l seja d e b o a q u a l i d a d e ;
2 3 - Criação d e p r o g r a m a d e f o r m a ç ã o d e a g e n t e s t e r a p ê u t i c o s
(usuários, f a m i l i a r e s , a m i g o s e p r o f i s s i o n a i s ) p a r a a t u a r e m
j u n t o s aos s e r v i ç o s r e s i d e n c i a i s ;
24 - No processo de f i n a n c i a m e n t o , de destinação dos r e c u r s o s

aos serviços r e s i d e n c i a i s , d e v e - s e r e t o m a r a l ó g i c a d o P A D
( P r o g r a m a d e A p o i o à D e s o s p i t a l i z a ç ã o ) o u seja, m e t a d e d o
r e c u r s o d e s t i n a d o ao usuário e a o u t r a m e t a d e d o r e c u r s o
d e s t i n a d o a o g e s t o r público, p r e f e r e n c i a l m e n t e m u n i c i p a l o u
consórcio d e municípios, r e s p e i t a n d o - s e os m e c a n i s m o s de
controle social;
2 5 - G a r a n t i r q u e a utilização d e b e n e f í c i o s f i n a n c e i r o s d o t i p o
" c o n t i n u a d o " não i m p l i q u e e m a t e n t a d o à c i d a d a n i a , p o r m e i o
d e s u a vinculação à interdição (tutela o u curatela) ou à m a -
n u t e n ç ã o d e i n t e r n a ç ã o psiquiátrica p r o l o n g a d a ;
10
2 6 - L u t a r p e l a a p r o v a ç ã o , p e l o M i n i s t é r i o d a Saúde, d a p o r t a r i a
q u e r e g u l a m e n t a os s e r v i ç o s r e s i d e n c i a i s t e r a p ê u t i c o s e m
saúde m e n t a l ;
2 7 - P r i o r i z a r os s e r v i ç o s r e s i d e n c i a i s c o m o f o r m a s estratégicas
d a R e f o r m a Psiquiátrica;
2 8 - G a r a n t i r m e c a n i s m o s d e participação d o s usuários, f u t u r o s
m o r a d o r e s , n o s p r o j e t o s d e construção d e seus l a r e s ; p o r m e i o
d e u m a comissão paritária ( 5 0 % usuários, 2 5 % f a m i l i a r e s e 2 5 %
técnicos) desse p r o j e t o ; os m o r a d o r e s d e v e m p o d e r c o n t a r c o m
subsídios a s e r e m o b t i d o s p o r m e i o d o e s t a b e l e c i m e n t o d e p o s -
síveis p a r c e r i a s i n t e r s e t o r i a i s : saúde, assistência social, h a b i t a -
ção e associações d e usuários e f a m i l i a r e s , a m p l i a n d o - s e a s s i m
os r e c u r s o s t r a n s f e r i d o s dos h o s p i t a i s psiquiátricos.
COOPERATIVAS SOCIAIS:
RECONSTRUINDO O DIREITO AO TRABALHO
0 M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , n a implantação e m a n u -
tenção d e p r o j e t o s d e C o o p e r a t i v a s S o c i a i s , c o n f o r m e d e f i n i d a s n a L e i
n.° 9 . 8 6 7 , d e 10/11/99, d e v e se g u i a r p o r princípios a p r o v a d o s n a P l e n á -
r i a N a c i o n a l d e conclusão d o I V E n c o n t r o N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a
Luta A n t i m a n i c o m i a l e listados a seguir:
1 - Considerar o T r a b a l h o c o m o veículo q u e p r o p i c i a a u t o n o m i a
e e m a n c i p a ç ã o aos c o o p e r a t i v a d o s ;
2 - Respeitar as p o s s i b i l i d a d e s e s i n g u l a r i d a d e s d o s s u j e i t o s
cooperativados;
3 - S u b s t i t u i r Relação de T u t e l a p o r Relação d e C o n t r a t o ;
4 - A s Cooperativas Sociais d e v e m d i s p o r de a u t o n o m i a e m r e -
lação aos s e r v i ç o s d e assistência à saúde, n ã o se c o n s t i t u i n -
do e n q u a n t o oficinas terapêuticas.
11
Propostas apresentadas:
1 - D i v u l g a r a m p l a m e n t e p a r a t o d o s os N ú c l e o s d o M o v i m e n t o
a L e i n.° 9 . 8 6 7 , d e 10/11/99, q u e d i s p õ e s o b r e a criação e o
f u n c i o n a m e n t o d e C o o p e r a t i v a s Sociais, e s t i m u l a n d o - s e a d i s -
cussão d o s v e t o s f e i t o s à L e i p e l a Presidência d a República;
2 - Estabelecer parcerias e n t r e Organizações Não-Governamen-

t a i s / O N G e S e r v i ç o s Públicos n a i m p l a n t a ç ã o d e C o o p e r a t i -
vas Sociais;
3 - Revalorizar r e c u r s o s " a d o r m e c i d o s " , passíveis de serem

reativados e utilizados nas Cooperativas;
4 - V i a b i l i z a r e c o n o m i c a m e n t e os p r o j e t o s d e C o o p e r a t i v a s S o -
ciais, e s t a b e l e c e n d o u m a r e l a ç ã o c o m o m e r c a d o ;
5 - E s t a b e l e c e r b a s e s c o n t r a t u a i s q u e e x p l i c i t e m a distribuição
do d i n h e i r o nas Cooperativas;
6 - Proporcionar a formação p r o f i s s i o n a l dos cooperativados;
7 — I n c o r p o r a r n a s C o o p e r a t i v a s Sociais o s e g m e n t o d o s a p o s e n -
t a d o s ; ( p r e s t a r a m p l o e s c l a r e c i m e n t o aos usuários a p o s e n t a -
dos p o r invalidez sobre seu d i r e i t o de participar das Coopera-
t i v a s Sociais s e m q u e isso a c a r r e t e a p e r d a d o benefício);
8 - Realizar u m E n c o n t r o N a c i o n a l específico sobre o t e m a .

T r a b a l h o , c o m i n d i c a t i v o d e q u e seja r e a l i z a d o e m C a m p i -
nas, sendo p r e c e d i d o pela divulgação de d o c u m e n t o s q u e
v e i c u l e m experiências de C o o p e r a t i v a s já i m p l a n t a d a s ;
9 - R e s g a t a r l e i s e/ou d o c u m e n t o s q u e t r a t e m d e p r o t e ç ã o a m i -
norias desfavorecidas diante do m e r c a d o f o r m a l de trabalho;
12
1 0 - A p r o f u n d a r n o s E s t a d o s a discussão s o b r e T r a b a l h o , a p a r t i r
de experiências G o v e r n a m e n t a i s o u Não-Governamentais d e
c o o p e r a t i v a s , c o m v i s t a s a r e f e r e n d a r o u n ã o práticas j á d e -
senvolvidas;
11 - D i s c u t i r c o m p a r l a m e n t a r e s , n o s níveis e s t a d u a l e m u n i c i -
p a l , p a r a sensibilizá-los q u a n t o à L u t a A n t i m a n i c o m i a l e
fundamentá-los c o m vistas à elaboração d e legislações es-
pecíficas s o b r e C o o p e r a t i v a s S o c i a i s n e s t e s d o i s n í v e i s d e
governo;
12 - F o r m a r Fóruns a m p l i a d o s p a r a a discussão e s i s t e m a t i z a ç ã o
do t e m a das Cooperativas Sociais;
1 3 - C r i a r Cooperativas Sociais p o r m e i o d a i s q u a i s usuários
c o o p e r a t i v a d o s p o s s a m p r e s t a r s e r v i ç o s ao CAPS/NAPS;
1 4 - E s t a b e l e c e r e s t r a t é g i a s d e constituição d e p r o j e t o s d e C o o -
p e r a t i v a s S o c i a i s q u e i n c o r p o r e m subsídios d e p r o j e t o s d e
c o o p e r a t i v a s d o s t r a b a l h a d o r e s e m g e r a l (p.ex., P r o j e t o I n -
c u b a d o r a d a USP, U n i T r a b a l h o e t c ) ;
1 5 - D i s c u t i r a v i a b i l i d a d e d e r e i n s e r ç ã o d o usuário d e S a ú d e
M e n t a l n o m e r c a d o f o r m a l d e t r a b a l h o , n a m e s m a área p a r a
a q u a l t e m qualificação específica;
16 - P r i v i l e g i a r a á r e a d e s e r v i ç o s ( l i m p e z a d e c a i x a d'água,
r e c i c l a g e m d e l i x o , c o n s e r v a ç ã o d e praças etc.) n a c o n s t i t u i -
ção d o s p r o j e t o s d e c o o p e r a t i v a s sociais, c o m o f o r m a d e a m -
pliação d e m e r c a d o j u n t o à i n i c i a t i v a p r i v a d a ;
13
17 - A s C o o p e r a t i v a s S o c i a i s d e v e m c o n t r i b u i r p a r a q u e s e j a d e s -
f e i t a a associação p r e c o n c e i t u o s a q u e v i n c u l a d o e n ç a m e n -
tal c o m invalidez para o trabalho;
18 - P r o p o r u m a l e i q u e g a r a n t a a fiscalização d a s C o o p e r a t i v a s
Sociais;
1 9 - G a r a n t i r a i n t e g r a ç ã o e n t r e as C o o p e r a t i v a s j á e x i s t e n t e s ,
p o s s i b i l i t a n d o as t r o c a s d e e x p e r i ê n c i a s ;
2 0 - A d m i n i s t r a r e d u c a ç ã o c o n t i n u a d a aos c o o p e r a t i v a d o s , c o m
vistas a desenvolver suas habilidades, p e r m i t i n d o - l h e s u m a
m a i o r c o m p e t i t i v i d a d e n o mercado de trabalho, r e s p e i t a n -
d o - s e as r e g r a s d o c o o p e r a t i v i s m o ;
2 1 - P a r a l e l a m e n t e à legislação específica d a s C o o p e r a t i v a s S o -
ciais, deverá haver u m c o n t r o l e social das m e s m a s p o r m e i o
d a criação d e c o m i s s õ e s d e ética. A o n í v e l d o s municípios
d e v e m ser estabelecidas p a r c e r i a s e n t r e p r o j e t o s d e C o o p e -
rativas Sociais e Secretaria de A ç ã o Social, Sebrae e t c ;
22 - D i s c u t i r a questão d o T r a b a l h o n o âmbito d o M o v i m e n t o de
f o r m a m a i s a m p l a , n o s e n t i d o d a g a r a n t i a d o d i r e i t o ao t r a -
b a l h o p a r a t o d o s os cidadãos, não se r e s t r i n g i n d o s o m e n t e
ao t e m a d a s C o o p e r a t i v a s S o c i a i s ;
2 3 - R e p u d i a r as i n i c i a t i v a s g o v e r n a m e n t a i s q u e l a n c e m m ã o
d o s i s t e m a d e c o o p e r a t i v a c o m o f o r m a d e se d e s o b r i g a r
dos encargos sociais n a contratação de r e c u r s o s huma-
nos.
14
PRÁTICAS A S S I S T E N C I A I S E F I N A N C I A M E T O :
• REDIRECIONANDO OS RECURSOS
1 - A t é 1 9 9 0 os r e c u r s o s d e s t i n a d o s às a ç õ e s e m S a ú d e M e n t a l
se r e s t r i n g i a m ao p a g a m e n t o d a s a u t o r i z a ç õ e s d e i n t e r n a ç ã o
h o s p i t a l a r , as a s s i m c h a m a d a s A I H . E m 1 9 9 1 e 1 9 9 2 s u r g i -
r a m portarias que passaram a r e m u n e r a r as i n t e r n a ç õ e s
psiquiátricas e m h o s p i t a l g e r a l , b e m c o m o as o f i c i n a s , as
v i s i t a s d o m i c i l i a r e s e os g r u p o s r e a l i z a d o s em serviços
substitutivos aos h o s p i t a i s psiquiátricos ( N A P S , C A P S ) ;
2 - D o s 5 . 3 0 0 municípios b r a s i l e i r o s , a p e n a s 4 0 0 p o s s u e m g e s -
tão p l e n a , e m q u e t o d a s as a ç õ e s d e s a ú d e são d e r e s p o n s a -
b i l i d a d e d o município, s e n d o q u e os 4 . 9 0 0 m u n i c í p i o s r e s -
t a n t e s t ê m a p e n a s a a t e n ç ã o básica m u n i c i p a l i z a d a . N e s t e
último c a s o a Saúde M e n t a l , q u e é c o n s i d e r a d a a t e n ç ã o e s -
p e c i a l i z a d a , f i c a p o r c o n t a d o E s t a d o e/ou d a União;
3 - T o r n o u - s e c l a r o e m discussões n e s t e I V E n c o n t r o N a c i o n a l
q u e p r a t i c a m e n t e t o d a a v e r b a d o M i n i s t é r i o d a Saúde, g a s t a
c o m Saúde M e n t a l , v a i p a r a os h o s p i t a i s psiquiátricos, o u
seja, 9 5 % ;
A exposição do professor Elias Jorge nos alertou para as seguin-

tes questões:
4 - R e d i r e c i o n a r os r e c u r s o s , n u m a v i s ã o m a i s e s t r e i t a , p o d e r i a
s i g n i f i c a r a p e n a s r e d i r e c i o n a r os a t u a i s r e c u r s o s d e s t i n a d o s
à Saúde M e n t a l p a r a o u t r a s f o r m a s m a i s h u m a n a s d e a s s i s -
tência q u e não a m e r a i n t e r n a ç ã o h o s p i t a l a r . I s t o j á s e r i a
razoável, p o i s d e i x a r í a m o s d e p r o c e d e r c o m o m e r o a p a r a t o
p r i s i o n a l r e a l i m e n t a n d o depósitos de seres h u m a n o s c o n d e -
n a d o s à p e r m a n e n t e reclusão e exclusão s o c i a l ;
15
5 - E n t r e t a n t o , q u a n d o se a n a l i s a u m c o n j u n t o d e d a d o s d o O r -
ç a m e n t o G e r a l d a União v e r i f i c a - s e q u e e x i s t e o u t r o c a m i -
n h o m a i s a b r a n g e n t e p a r a a b o r d a g e m d o t e m a . N ã o se t r a t a
d e d i s c u t i r a p e n a s os r e c u r s o s d a s e g u r i d a d e s o c i a l (saúde,
p r e v i d ê n c i a , assistência), n e m m e s m o d e se r e s t r i n g i r a u m a
p a r t e d o s m e s m o s , o u seja, os r e c u r s o s d e s t i n a d o s à saúde.
T r a t a - s e , s i m , d e se v i s u a l i z a r o m o n t a n t e g e r a l d e r e c u r s o s
d a União p a r a i d e n t i f i c a r o q u e é p o s s í v e l s e r d e s t i n a d o à
Saúde M e n t a l ;
6 - N e s t e s e n t i d o , q u a n d o se v e r i f i c a q u e é d e R $ 9 0 , 9 b i l h õ e s
p a r a o ano de 1 9 9 9 a dotação orçamentária de Encargos
F i n a n c e i r o s d a União/EFU - p a r a p a g a m e n t o d e j u r o s e a m o r -
tização d a dívida i n t e r n a e e x t e r n a - o b s e r v a - s e q u e e s t e
v a l o r é 1 8 0 vezes m a i o r q u e a dotação p a r a ações de s e r v i -
ços d e saúde d e s t i n a d o s à assistência m é d i c o - h o s p i t a l a r e
a m b u l a t o r i a l aos p o r t a d o r e s d e t r a n s t o r n o s m e n t a i s (Saúde
M e n t a l ) . Isso s i g n i f i c a q u e s e r i a m necessários 1 8 0 anos d e
orçamento a n u a l d a Saúde M e n t a l p a r a t o t a l i z a r u m a n o d e
o r ç a m e n t o d e E F U . O u seja, s i g n i f i c a q u e d o i s d i a s d e E F U
e q u i v a l e m a u m a n o de dotação p a r a a Saúde M e n t a l ;
7 - Caso s e j a m e x e c u t a d o s os R $ 9 0 , 9 bilhões p r e v i s t o s p a r a o
E F U isso representará o m o n t a n t e a n u a l de 6 6 0 milhões
d e salários m í n i m o s , o u o m o n t a n t e d e 5 5 m i l h õ e s d e salári-
os m í n i m o s a c a d a m ê s . E x i s t e n o B r a s i l c e r c a d e 2 0 . 0 0 0
p a c i e n t e s crónicos m o r a n d o n o s hospícios q u e , c o m a q u e l a
verba p o d e r i a m receber, cada u m deles, 2.750 salários
mínimos p o r mês;
8 - Até 30/06/99 f o r a m gastos c o m EFU R$ 3 2 , 2 bilhões

(R$ 2 6 , 2 bilhões c o m j u r o s e R $ 6 m i l h õ e s c o m a m o r t i z a ç ã o )
16
o q u e c o r r e s p o n d e a u m g a s t o diário n o p r i m e i r o s e m e s t r e
de 1 9 9 9 (já realizado) de a p r o x i m a d a m e n t e R $ 1 8 0 milhões
por dia, o e q u i v a l e n t e a U S $ 1 0 0 milhões t o d o dia. E s t i m a - s e
q u e o gasto c o m Saúde M e n t a l e m 1 9 9 9 f i q u e e m t o r n o de
R $ 4 5 0 m i l h õ e s . O r a , e m d o i s d i a s e m e i o , o u seja, e m 6 0
h o r a s , j á se g a s t o u e m 1 9 9 9 c o m EFU o correspondente à
dotação a n u a l d a Saúde M e n t a l ;
9 - Fica e v i d e n t e gue não se p o d e tratar da questão do

redirecionamento dos recursos sem u m a visão mais
a b r a n g e n t e das p r i o r i d a d e s orçamentárias d a União. Q u a n -
d o se a n a l i s a a e x e c u ç ã o o r ç a m e n t á r i a d a U n i ã o c o m o u m
todo, identifica-se u m a prioridade absoluta dada a EFU e m
relação aos d e m a i s i t e n s o r ç a m e n t á r i o s , c o n f o r m e t e m s i d o
e v i d e n c i a d o n a p e s q u i s a " V e r i t a s q u e será t a m e n " , p r o m o v i -
da pela Associação dos Professores da U F M G (APUBH);
10 - I s t o i m p õ e ao M o v i m e n t o a n e c e s s i d a d e d e u m a c o m p a n h a -
m e n t o p e r m a n e n t e d o p r o c e s s o o r ç a m e n t á r i o d a União, d o
D i s t r i t o F e d e r a l , d o s E s t a d o s e Municípios, p r o c e s s o e s t e que
v a i d e s d e a formulação d a p r o p o s t a p e l o E x e c u t i v o , à tramitação
n o L e g i s l a t i v o ( e m e n d a s etc.) e s o b r e t u d o à e x e c u ç ã o p e l o
Poder E x e c u t i v o (presidente, g o v e r n a d o r e prefeito);
1 1 - Sabemos que somente o M o v i m e n t o pode conseguir esta i n -

v e r s ã o d e p r i o r i d a d e s , p o r t a n t o , não d e v e m o s n o s f u r t a r a
d i s c u t i r os t e m a s , F i n a n c i a m e n t o e C o n t r o l e d a Sociedade
s o b r e os O r ç a m e n t o s Públicos, v i s a n d o g a r a n t i r q u e e s t e s
recursos sejam e m m a i o r volume, c o m m e l h o r utilização e
c o m m a i o r controle social;
12 - A s p r o p o s t a s f o r m u l a d a s p e l a d e l e g a ç ã o d e M i n a s G e r a i s n o
s e u I V E n c o n t r o E s t a d u a l , e q u e c o m p õ e m e s t e relatório,
17
d e v e m s e r a n a l i s a d a s e e n d o s s a d a s e m s u a íntegra, m a s é
preciso ainda mais:
a) T o m a r c o m o p r i o r i d a d e e n t r e as discussões d o M o v i m e n -
t o o r e d i r e c i o n a m e n t o d e r e c u r s o s públicos, p o r m e i o d e
u m e s t u d o crítico d a a t u a l política e c o n ó m i c a ;
b) P r o m o v e r u m s e m i n á r i o n a c i o n a l e m t o r n o d e s t e t e m a ;
c) A p r o f u n d a r os d a d o s o r ç a m e n t á r i o s n o â m b i t o d o M o v i -
m e n t o , f a z e n d o - o s c h e g a r aos d i v e r s o s N ú c l e o s ;
d) C o n s t r u i r situações e x e m p l a r e s d o m o d e l o s u b s t i t u t i v o ao
m a n i c ô m i o , e d a r v i s i b i l i d a d e às situações já e x i s t e n t e s ,
u s a n d o - a s c o m o a r g u m e n t o n o d e b a t e s o c i a l e político d e
defesa d e nossas p r o p o s t a s ;
e) S u s t e n t a r a interlocução c o m o g e s t o r público, e x i g i n d o
do m e s m o o c u m p r i m e n t o de seu c o m p r o m i s s o c o m p r o -
p o s t a s v i á v e i s e d i g n a s n a s políticas públicas e m g e r a l e
n a Saúde M e n t a l e m p a r t i c u l a r ;
f) E x i g i r q u e o g e s t o r público i n v i s t a os r e c u r s o s n e c e s s á r i o s
para m a n t e r , s u s t e n t a r e e x p a n d i r a rede de serviços
s u b s t i t u t i v o s e m Saúde M e n t a l .
g) I n v e s t i r n a criação d e g r u p o s d e t r a b a l h o e d e a c o m p a -
n h a m e n t o orçamentário.
Contribuições de Minas Gerais ao I V Encontro Nacional:
13 - D e s d e s u a introdução n a Constituição F e d e r a l e m 1 9 8 8 até

os d i a s a t u a i s , o S i s t e m a Ú n i c o d e S a ú d e / SUS t e m e n c o n -
t r a d o d i f e r e n t e s obstáculos à s u a e f e t i v a ç ã o . N ã o há d e f i n i -
ção q u a n t o a o p e r c e n t u a l o u f o n t e q u e f i n a n c i a r i a o s i s t e m a ,
f a t o q u e t e m t o r n a d o difícil a e f e t i v a ç ã o d o d i r e i t o à Saúde
assegurado constitucionalmente;
18
1 4 — A Saúde M e n t a l não escapa a esses efeitos. A o contrário, e m

s e u caso específico, s o m a - s e à questão d a f a l t a d e r e c u r s o o
direcionamento de quase a totalidade deste recurso para o
h o s p i t a l psiquiátrico. D e c o r r i d o s 2 0 a n o s d e R e f o r m a Psiquiá-
t r i c a e após várias experiências e x i t o s a s d e substituição d o
manicômio, a i n d a não c o n s e g u i m o s a l t e r a r o d e s t i n o d o s i n -
v e s t i m e n t o s n a assistência e m Saúde M e n t a l . S e m dúvida i s t o
d e v e i m p l i c a r n a construção d e n o v a s estratégias, p o s t o q u e o
f i n a n c i a m e n t o n o âmbito d o m o d e l o s u b s t i t u t i v o é i m p r e s c i n -
dível p a r a a construção d e u m a n o v a c u l t u r a a s s i s t e n c i a l . D e n -
t r o d e s t e c o n t e x t o c a b e m as s e g u i n t e s p r o p o s t a s :
a) P r o p o r ao M i n i s t é r i o d a Saúde a inclusão, n a s t a b e l a s d o
SUS, d o p a g a m e n t o d o s s e r v i ç o s q u e f u n c i o n a m 2 4 h o r a s
e nos fins de s e m a n a , e t a m b é m dos serviços r e s i d e n c i a i s
terapêuticos;
b) P r o p o r ao M i n i s t é r i o d a S a ú d e a i m p l a n t a ç ã o d o P r o g r a m a
d e A p o i o à Desospitalização/PAD;
c) Reforçar os s e r v i ç o s d e c o n t r o l e e avaliação h o s p i t a l a r n o s
Municípios d e g e s t ã o p l e n a e e x i g i r q u e o E s t a d o e M i n i s -
t é r i o d a S a ú d e f i s c a l i z e m os h o s p i t a i s psiquiátricos o n d e
não e x i s t a m e s t e s s e r v i ç o s d e c o n t r o l e e avaliação;
d) P r o p o r a r e t o m a d a d o G A P p e l o M i n i s t é r i o d a S a ú d e ;
e) I n c e n t i v a r a participação dos Núcleos da Luta

A n t i m a n i c o m i a l n o s C o n s e l h o s d e Saúde, b u s c a n d o i m -
p l a n t a r Comissões d e Saúde M e n t a l p a r a , e n t r e o u t r a s
ações, f i s c a l i z a r os h o s p i t a i s e f a z e r d e n ú n c i a s s o b r e o q u e
acontece de i n c o r r e t o nos m e s m o s ;
f) P r o p o r audiência do M o v i m e n t o Nacional da Luta

A n t i m a n i c o m i a l c o m o a t u a l M i n i s t r o d a Saúde.
19
REUNIÃO D E USUÁRIOS E F A M I L I A R E S
Durante o IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da Luta

A n t i m a n i c o m i a l , usuários e f a m i l i a r e s d o M o v i m e n t o a r t i c u l a r a m - s e e n -
t r e s i . Está r e g i s t r a d o e m a t a d a q u e l a reunião, d a q u a l f o r a m extraídas
as p r o p o s t a s l i s t a d a s n e s t e relatório. F o r a m o m i t i d o s os i n f o r m e s , se-
g u n d o deliberação d a Plenária N a c i o n a l c o n v o c a d a p a r a 1 1 e 1 2 d e d e -
zembro/99, no Rio de J a n e i r o , c o m a f i n a l i d a d e d e d a r conclusão aos
relatórios d o I V E n c o n t r o .
PROPOSTAS:
1 - Sugestões p a r a o V I E n c o n t r o N a c i o n a l d e E n t i d a d e s d e U s u á -
r i o s e F a m i l i a r e s : s e g u i r critérios d o V E n c o n t r o e m B e t i m e
d o I E n c o n t r o N a c i o n a l d o s Serviços S u b s t i t u t i v o s e m Brasília;
discussão s o b r e os t e m a s , t r a b a l h o , r e l i g i o s i d a d e e s e x u a l i -
dade;
2 - Carta a ser endereçada ao C o n s e l h o N a c i o n a l de Saúde r e -

p u d i a n d o a constituição d a n o v a C o m i s s ã o N a c i o n a l d e S a ú -
d e M e n t a l , q u e r e d u z i u d e 3 p a r a 2 as v a g a s r e s e r v a d a s aos
representantes do M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l ;
3 - A Secretaria Executiva Nacional deverá d i v u l g a r u m guia c o m

o cadastro de endereços, telefones, faxes e endereços ele-
trônicos d o s N ú c l e o s , A s s o c i a ç õ e s , S e r v i ç o s e d e m a i s Enti-
d a d e s l i g a d a s ao M o v i m e n t o p a r a os r e p r e s e n t a n t e s do M o -
v i m e n t o e m cada Estado;
4 - Foi feito o i n d i c a t i v o de q u e n o s Núcleos Estaduais, de m o d o

s i m i l a r ao d o R i o d e J a n e i r o , as r e u n i õ e s , c o m i s s õ e s d e t r a -
balho, mesas redondas de eventos, sejam coordenadas
20
d e f o r m a paritária c o n f o r m e o e s t a b e l e c i d o no I Encontro
N a c i o n a l d e S e r v i ç o s S u b s t i t u t i v o s o c o r r i d o e m Brasília, o u
seja, 5 0 % usuários, 2 5 % f a m i l i a r e s , 2 5 % t é c n i c o s , p a r a q u e
todos p o s s a m a d q u i r i r experiência e c o n s e q u e n t e m e n t e for-
m a ç ã o política e a d m i n i s t r a t i v a ;
5 - Os E n c o n t r o s N a c i o n a i s e E s t a d u a i s d o M o v i m e n t o devem
i n c e n t i v a r a criação d e associações d e usuários e d e f a m i l i a -
r e s , c o m a participação d o s t é c n i c o s ;
6 — D i a n t e d a Política d e S a ú d e M e n t a l a d o t a d a p e l o a t u a l g o -
v e r n o d o D i s t r i t o F e d e r a l , n o s e n t i d o d a desarticulação d o s
s e r v i ç o s d e S a ú d e M e n t a l , os N ú c l e o s d o M o v i m e n t o d e v e m
a p o i a r u m a i n t e r v e n ç ã o n e s t a situação, a p o i a d o s p e l a Se-
c r e t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l d o M o v i m e n t o , p e l o s Ministérios
d a S a ú d e e d a Justiça, p e l a C o m i s s ã o d e D i r e i t o s H u m a n o s
d a C â m a r a d o s D e p u t a d o s . D e n ú n c i a d e s t a situação d e v e r á
s e r a p r e s e n t a d a n a Plenária F i n a l d o E n c o n t r o .
21
VI ENCONTRO NACIONAL D E E N T I D A D E S D E
USUÁRIOS E F A M I L I A R E S
C o m o p o n t o d e p a u t a d a Plenária N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l . o c o r r i d a n o Rio de Janeiro d i a 1 1 e 12 de d e z e m b r o de
1 9 9 9 , c o n s t o u a discussão d o V I E n c o n t r o N a c i o n a l d e E n t i d a d e s d e Usuá-
rios e Familiares, p r e v i s t o p a r a ser realizado e m Salvador/BA, n o a n o 2 0 0 0 .
Propostas aprovadas sobre o V I E n c o n t r o N a c i o n a l de E n t i d a d e s

d e Usuários e F a m i l i a r e s :
1 — Deverá ser realizado e m Salvador/BA, e n t r e a g o s t o e s e t e m -
bro de 2000;
2 - D e v e r á t e r 4 d i a s d e duração;
3 - Deverá oferecer e n t r e 1 5 0 e 2 0 0 vagas a s e r e m destinadas a

usuários e f a m i l i a r e s ;
4 - D e v e r á r e s p e i t a r a p a r i d a d e d e 5 0 % d e v a g a s p a r a usuários,
2 5 % p a r a f a m i l i a r e s e 2 5 % p a r a técnicos;
5 - Deverá aceitar o f a m i l i a r do M o v i m e n t o independentemen-
t e d o t i p o d e p a r e n t e s c o q u e e l e t e n h a c o m o usuário;
6 - Deverá tratar dos s u b t e m a s :
6.1 - Sexualidade;
6.2 - Religiosidade;
6.3 - T r a b a l h o e Qualificação;
6.4 - I d e n t i d a d e e g a r a n t i a d e e s p a ç o s ;
6.5 - Usuários (criança, a d o l e s c e n t e e i d o s o ) ;
22
6.6 - M o v i m e n t o s e m t e r r a ;
6.7 - M o v i m e n t o s o b r e p o p u l a ç ã o d e r u a ;
6.8 - A r t e s e P r o j e t o s Sociais;
6.9 - P a p e l d o E s t a d o ;
6.10 - Manicômios;
6 . 1 1 - Educação;
6 . 1 2 - M o v i m e n t o artístico e Mídia;
6.13 - M e i o a m b i e n t e ;
6.14 — Lazer;
6.15 - Adequação das n o m e n c l a t u r a s : ex-paciente,
ex-usuários;
Obs.: Os três p r i m e i r o s t e m a s f o r a m s u g e r i d o s e m r e u n i ã o d e
usuários e f a m i l i a r e s e m P a r i p u e i r a e os d e m a i s t e m a s f o r a m acrescidos
n a Plenária d o R i o d e J a n e i r o .
7 - Estes t e m a s d e v e r ã o s e r s u b m e t i d o s à discussão n o s núcleos

e s e r e m v o t a d o s n a p r ó x i m a Plenária N a c i o n a l d o M o v i m e n -
to;
8 - 0 Núcleo de Salvador deverá ser c o n t a c t a d o p a r a r e a f i r m a r ,

o u não, s u a s c o n d i ç õ e s d e r e a l i z a r o V I E n c o n t r o N a c i o n a l d e
E n t i d a d e s d e Usuários e F a m i l i a r e s ;
9 - N a p r ó x i m a P l e n á r i a N a c i o n a l d e v e r ã o s e r d i s c u t i d a s as
questões p e n d e n t e s e m relação ao V I E n c o n t r o N a c i o n a l de
E n t i d a d e s d e Usuários e F a m i l i a r e s .
23
REUNIÃO SOBRE A CRIANÇA E O A D O L E S C E N T E

I n i c i o u - s e a reunião c o m a l e i t u r a d o r e l a t ó r i o d o g r u p o d e t r a b a -
l h o "A Criança e o A d o l e s c e n t e n o P r o j e t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l " , r e a -
l i z a d o e m Brasília e m a g o s t o d e 1 9 9 8 .
N a discussão s u b s e q u e n t e f o r a m a b o r d a d o s os s e g u i n t e s t e m a s :
1 — E necessário que o Movimento Nacional da Luta

A n t i m a n i c o m i a l a s s u m a c l a r a m e n t e u m a p o s t u r a crítica
q u a n t o aos m e c a n i s m o s e d i s p o s i t i v o s d e institucionalização
d o c o m p o r t a m e n t o d a criança e d o a d o l e s c e n t e , fundamen-
t a l m e n t e aquelas do género Febem, F u n a b e m , q u e d e v e m
ser substituídas p o r o u t r a s f o r m a s d e l i d a r s o c i a l m e n t e ;
2 - Política d e a t e n ç ã o à saúde m e n t a l d a criança e d o a d o l e s -

cente - D e f e n d e r a necessidade da formulação de u m a polí-
t i c a pública d e a t e n ç ã o à Saúde M e n t a l d a criança e d o a d o -
l e s c e n t e , e m t o d a s as e s f e r a s d e g o v e r n o ( F e d e r a l , E s t a d u a l ,
Municipal);
3 - Articulação d a q u e s t ã o d a criança e d o a d o l e s c e n t e n o â m -
b i t o d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l e m t o d o s os n ú -
cleos, n o s d i f e r e n t e s E s t a d o s ;
4 - E s t a t u t o d a Criança e d o A d o l e s c e n t e (ECA) - Importância

d e u m a m a i o r d i v u l g a ç ã o e discussão d o E C A , não só n a s
instâncias d e d e f e s a d o s d i r e i t o s d a criança e d o a d o l e s c e n t e
( J u i z a d o s , C o n s e l h o s T u t e l a r e s e t c ) , m a s t a m b é m j u n t o aos
p r o f i s s i o n a i s q u e se p r o p õ e m a t r a b a l h a r c o m crianças e a d o -
lescentes ( p r o f i s s i o n a i s d e saúde, e d u c a d o r e s e t c ) ;
5 - Usuários e F a m i l i a r e s - I m p o r t â n c i a d e b u s c a r u m a m a i o r
participação d e usuários e f a m i l i a r e s d o s s e r v i ç o s d e s a ú d e
24
m e n t a l d a criança e d o a d o l e s c e n t e n o M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l , b u s c a n d o a p r o x i m á - l o s d a s associações e
e n t i d a d e s d e usuários e f a m i l i a r e s j á e x i s t e n t e s ;
6 - F o i d e s t a c a d o o caráter i n t e r s e t o r i a l d a q u e s t ã o d a criança e
do adolescente ( s a ú d e , e d u c a ç ã o , assistência s o c i a l e t c ) ,
o q u e exigirá u m a i n t e r l o c u ç ã o e n t r e o M o v i m e n t o e e s t e s
diversos setores q u e a t u a m n o c a m p o d a infância e d a
adolescência;
7 - Incluir nos eventos c o m e m o r a t i v o s do D i a Nacional de Luta

A n t i m a n i c o m i a l ( 1 8 d e m a i o ) a q u e s t ã o d a criança e d o a d o -
lescente;
8 - I n c l u i r o t e m a s o b r e criança e a d o l e s c e n t e n o s E n c o n t r o s
realizados pelo M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l , possi-
b i l i t a n d o a s s i m u m a articulação a n í v e l n a c i o n a l ;
9 - I n d i c a t i v o d a realização d o I S E M I N Á R I O N A C I O N A L SOBRE
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE D O MOVIMENTO D A LUTA
ANTIMANICOMIAL, n o f i n a l d e o u t u b r o d e 2 0 0 0 e m São
Paulo c a p i t a l , d a t a a ser c o n f i r m a d a .
25
PROJETO D E L E I ANTIMANICOMIAL
E m 1 9 8 9 , p a s s o u a t r a m i t a r n a Câmara Federal, o Projeto de L e i

n.° 3 . 6 5 7 d o D e p u t a d o P a u l o D e l g a d o , q u e " d i s p õ e s o b r e a e x t i n ç ã o p r o -
gressiva dos manicômios e s u a substituição p o r o u t r o s recursos
a s s i s t e n c i a i s e r e g u l a m e n t a a i n t e r n a ç ã o psiquiátrica c o m p u l s ó r i a " .
E m 1 9 9 1 t a l P r o j e t o d e u e n t r a d a n o S e n a d o F e d e r a l e, e m 1 9 9 9 ,
foi v o t a d o u m Projeto S u b s t i t u t i v o ao m e s m o , a p r e s e n t a d o pelo Senador
Sebastião R o c h a e q u e " d i s p õ e s o b r e a p r o t e ç ã o e os d i r e i t o s d a s p e s s o a s
p o r t a d o r a s d e t r a n s t o r n o s psíquicos e r e d i r e c i o n a o m o d e l o a s s i s t e n c i a l
e m Saúde M e n t a l " .
Este P r o j e t o S u b s t i t u t i v o f o i a p r o v a d o n o S e n a d o F e d e r a l , f r u t o
d e u m esforço c o n j u n t o d e d i f e r e n t e s a t o r e s , d e n t r e os q u a i s o D e p u t a d o
Paulo D e l g a d o , o S e n a d o r Lucídio P o r t e l a , o M i n i s t é r i o d a Saúde, o M o v i -
m e n t o Nacional da L u t a A n t i m a n i c o m i a l , o Conselho Federal de Psicolo-
g i a e a Federação B r a s i l e i r a d e H o s p i t a i s .
O e n t e n d i m e n t o e n t r e esses atores d e u - s e a nível d o S e n a d o Fe-
deral, m a s divergências poderão ser o b j e t o de reavaliação n a Câmara
d o s D e p u t a d o s , e s p e c i a l m e n t e e m r e l a ç ã o ao a r t i g o 4.° e a o s p a r á g r a f o s
2.° e 3.° d o a r t i g o 5.° ( v i d e anexo).
A s s i m , e s t e P r o j e t o S u b s t i t u t i v o será a p r e c i a d o n a C â m a r a d o s
D e p u t a d o s , casa de o r i g e m d o P r o j e t o q u e o m o t i v o u , e o M o v i m e n t o
d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l se p o s i c i o n o u s o b r e o m e s m o n a P l e n á r i a F i n a l
do I V E n c o n t r o N a c i o n a l do M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l
(Paripueira/setembro - 1 9 9 9 ) e n a Plenária N a c i o n a l (Rio d e J a n e i r o /
dezembro - 1999).
26
DELIBERAÇÕES D A P L E N Á R I A F I N A L D O
IV ENCONTRO NACIONAL
DO MOVIMENTO D A LUTA ANTIMANICOMIAL
(PARIPUEIRA/SETEMBRO - 1999)
O Projeto de L e i do D e p u t a d o Paulo Delgado, de 1 9 8 9 , r e p r e s e n -

t a os i d e a i s d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , e s u a e s s ê n c i a está
materializada nos artigos I o
e 2 , q u e são i n e g o c i á v e i s .
o
O M o v i m e n t o e x i g e q u e se r e i n i c i e a l u t a n a C â m a r a d o s D e p u t a -
dos t o m a n d o - s e p o r b a s e o P r o j e t o S u b s t i t u t i v o d o S e n a d o r Sebastião
R o c h a , d e 1 9 9 9 , m a s q u e se d e f e n d a a substituição d e s e u s a r t i g o s ' 4 e o
5 o
pelos artigos I o
e 2 o
do Projeto de L e i do D e p u t a d o Paulo D e l g a d o
( v i d e a n e x o ) , não se a f a s t a n d o a p o s s i b i l i d a d e d e , e s g o t a d a s as n e g o c i a -
ções, r e t o m a r a l u t a t o m a n d o - s e p o r b a s e o P r o j e t o o r i g i n a l .
Fica d e f i n i d o q u e é i n e g o c i á v e l , p e l o M o v i m e n t o , o princípio d a
extinção d o s m a n i c ô m i o s .
Estratégia d e L u t a d o M o v i m e n t o e m t o r n o d o P r o j e t o S u b s t i t u t i v o
d o S e n a d o r Sebastião R o c h a :
A - Mobilização j u n t o à s o c i e d a d e
1 - C a r t a de e s c l a r e c i m e n t o à população;
2 - M o b i l i z a ç ã o j u n t o aos s e g m e n t o s p o p u l a r e s ;
3 — D i a d e M o b i l i z a ç ã o N a c i o n a l , c o m d i v u l g a ç ã o n a mídia;
4 - 10 de o u t u b r o - D i a N a c i o n a l da Saúde M e n t a l -
Mobilização e e s c l a r e c i m e n t o d a L u t a ;
5 - Reunião Nacional dos Conselheiros de Saúde -

Mobilização p a r a d i v u l g a r a C a m p a n h a p e l a L u t a c o n t r a
27
os H o s p i t a i s Psiquiátricos e p e l a a p r o v a ç ã o d o P r o j e t o
S u b s t i t u t i v o c o m a reformulação dos artigos 4 o
e 5 .
o
B - M o b i l i z a ç ã o j u n t o aos p a r l a m e n t a r e s
1 - Seminário n a Câmara Federal;
2 - Mobilização n a Câmara Federal, a p a r t i r d e d o c u m e n t o s

do M o v i m e n t o ;
t
3 - Mobilizar deputados estaduais e vereadores;
4 - M o b i l i z a r p a r t i d o s e lideranças.
C - Organização d o M o v i m e n t o
C l - Responsáveis pelo a c o m p a n h a m e n t o d o processo de
discussão d o P r o j e t o S u b s t i t u t i v o d o S e n a d o r S e b a s t i ã o
Rocha:
1 - M e m b r o s da Secretaria Executiva Nacional;
2 - R e p r e s e n t a n t e s t i t u l a r e s e s u p l e n t e s dos três s e g m e n -
tos n a Comissão N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l ;
3 - N ú c l e o d o M o v i m e n t o e m Brasília;
4 - R e s p o n s á v e i s , até o m o m e n t o , p e l a s n e g o c i a ç õ e s ( p r o -
posta de 5 n o m e s escolhidos neste Encontro);
5 - G r u p o s m o b i l i z a d o s , de acordo c o m cada região, q u e

sejam legitimados pelo M o v i m e n t o .
C.2 - Este g r u p o de a c o m p a n h a m e n t o d e v e r á traçar e s t r a -

tégias:
1 — C o n v o c a r Plenárias N a c i o n a i s , se n e c e s s á r i o ;
2 - C o n v o c a r c a r a v a n a s à Brasília;
3 - C o n v o c a r C o m i s s ã o Paritária p a r a n e g o c i a ç ã o ;
4 - D i v u l g a ç ã o d o p r o c e s s o n a mídia.
28
DELIBERAÇÕES D A P L E N Á R I A N A C I O N A L ( R I O D E J A N E I R O /
DEZEMBRO - 1999) D E CONTINUIDADE DO IV ENCONTRO
NACIONAL DO MOVIMENTO DA LUTA ANTIMANICOMIAL
Estratégia de L u t a do M o v i m e n t o e m t o r n o do Projeto
Substitutivo do Senador Sebastião Rocha:
1 - Passar u m a b a i x o - a s s i n a d o n o s S e r v i ç o s S u b s t i t u t i v o s e n a s
Instituições q u e a p o i a m o M o v i m e n t o e e n c a m i n h a - l o à S e -
cretaria Executiva Nacional p a r a ser levado ao Congresso
Nacional p o r u m a Comissão f o r m a d a p o r r e p r e s e n t a n t e s d o s
vários N ú c l e o s ;
2 - A S e c r e t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l d e v e r á r e m e t e r u m a cópia
do m o d e l o do abaixo-assinado para ser r e p r o d u z i d a pelos
Núcleos, q u e deverão e n t r e g a r os a b a i x o - a s s i n a d o s à m e s -
m a n a p r ó x i m a Plenária N a c i o n a l d o M o v i m e n t o ;
3 — Convocar n a p r ó x i m a Plenária N a c i o n a l o D e p u t a d o Paulo

D e l g a d o p a r a d i s c u t i r a d a t a d e realização d o Seminário s o -
bre a Lei A n t i m a n i c o m i a l n o Congresso Nacional;
4 — A t é a p r ó x i m a Plenária N a c i o n a l , o s N ú c l e o s e a S e c r e t a r i a
Executiva Nacional deverão estabelecer contato c o m o g a b i -
n e t e d o D e p u t a d o P a u l o D e l g a d o p a r a se i n f o r m a r e m a r e s -
peito d o q u e está acontecendo e m relação a Lei
Antimanicomial.
29
COMISSÃO NACIONAL D E SAÚDE MENTAL / CNSM
A criação d a Comissão N a c i o n a l d e R e f o r m a Psiquiátrica / C N R P f o i

d e l i b e r a d a e m reunião d o M o v i m e n t o d e n t r o d a I I Conferência d e Saúde
M e n t a l (Brasília/1992) e s u a instalação d e u - s e e m 1 9 9 3 , t e n d o u m caráter
c o n s u l t i v o e s e n d o s u b o r d i n a d a ao C o n s e l h o N a c i o n a l d e Saúde / C N S .
E m 1994/95 f o i a m p l i a d a de 1 1 p a r a 13 m e m b r o s , c o m a p r e v i -
são d e se r e u n i r e m 4 v e z e s a o a n o , e m b o r a e s t a p e r i o d i c i d a d e n e m s e m -
p r e t e n h a sido m a n t i d a , c a b e n d o s u a convocação ao CNS.
E m a g o s t o / 1 9 9 8 a c o n t e c e u a última r e u n i ã o d a CNRP, s e n d o p r o -
p o s t a a m u d a n ç a d e n o m e d e C o m i s s ã o N a c i o n a l d e R e f o r m a Psiquiátri-
ca / CNRP p a r a C o m i s s ã o N a c i o n a l d e S a ú d e M e n t a l / C N S M , c o m a j u s t i -
ficativa de q u e seria a m p l i a d o o conteúdo a ser a b o r d a d o e t a m b é m
d i a n t e d a avaliação d e q u e a R e f o r m a Psiquiátrica b r a s i l e i r a a i n d a n ã o
estava p l e n a m e n t e i m p l a n t a d a .
A reunião d e a g o s t o / 1 9 9 8 p r o p ô s a i n d a a r e d u ç ã o d e 1 3 p a r a 9
m e m b r o s p a r a a CNSM, a s e r e m e s c o l h i d o s após negociação e n c a m i n h a -
da p e l a Coordenação de Saúde M e n t a l d o Ministério d a Saúde.
A n o v a conformação d a e x - C N R P f o i p r o p o s t a c o m a redução d e
3 para 2 vagas de representantes do M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l .
D i a n t e d e s t a c o n j u n t u r a , o M o v i m e n t o se p r o n u n c i o u a e s t e r e s -
p e i t o n a Plenária F i n a l d o I V E n c o n t r o N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l (Paripueira/setembro - 1999) a favor de lutar pela m a -
nutenção d a s 3 v a g a s , i s t o é, 1 r e p r e s e n t a n t e d o s usuários, 1 r e p r e s e n -
tante dos familiares, 1 r e p r e s e n t a n t e do M o v i m e n t o , todos c o m d i r e i t o a
voz e voto.
A escolha do representante do M o v i m e n t o foi r e m e t i d a p a r a a

Plenária N a c i o n a l (Rio d e J a n e i r o / d e z e m b r o - 1 9 9 9 ) .
30
1 - DELIBERAÇÕES D A P L E N Á R I A F I N A L D O
IV ENCONTRO NACIONAL DO MOVIMENTO D A LUTA
ANTIMANICOMIAL (PARIPUEIRA/SETEMBRO - 1999)
1.1 - O M o v i m e n t o d e v e g a r a n t i r a participação d e usuários,

f a m i l i a r e s e técnicos e m e s p a ç o s d e l i b e r a t i v o s n o c a m -
p o d a Saúde M e n t a l ;
1.2 - Os R e p r e s e n t a n t e s d e usuários, f a m i l i a r e s e técnicos d e -

v e m s e r e l e i t o s , s e m p r e , e m E n c o n t r o s e/ou Plenárias
Nacionais do M o v i m e n t o ;
1.3 - O M o v i m e n t o e n t e n d e q u e a R e f o r m a Psiquiátrica é a
g r a n d e t a r e f a a ser e n c a m i n h a d a , o eixo c e n t r a l q u e
d e v e n o r t e a r a Política d e S a ú d e n o c a m p o e s p e c í f i c o d a
Saúde M e n t a l ;
1.4 - O M o v i m e n t o reivindica que, além de representantes de

usuários e d e f a m i l i a r e s , h a j a a participação d e u m r e -
presentante do M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l , es-
p e c i f i c a m e n t e , n a Comissão N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l ;
1.5 - O M o v i m e n t o c o m p r e e n d e q u e há n e c e s s i d a d e urgente
de normatização do f u n c i o n a m e n t o d a C N S M (periodi-
cidade b i o u t r i m e s t r a l ) e d a convocação i m e d i a t a d a I I I
Conferência N a c i o n a l d e S a ú d e M e n t a l ;
1.6 - O M o v i m e n t o t e m p o r princípio q u e o s e g m e n t o dos

usuários j a m a i s d e v a s e r excluído d e e s p a ç o s d e d i s -
cussão e e l a b o r a ç ã o d a Política d e S a ú d e M e n t a l , e s p e -
cificamente no da CNSM;
1.7 - O M o v i m e n t o defende, c o m o princípio, a participação

c o n c o m i t a n t e d e usuários, f a m i l i a r e s e t é c n i c o s e m e s -
paços d e discussão e e l a b o r a ç ã o d a Política d e S a ú d e
Mental, especificamente no da CNSM, c o m direito a voz
e voto;
31
1.8 - F i c a e s t a b e l e c i d o q u e , p r o v i s o r i a m e n t e , seja m a n t i d o o
atual representante do Movimento da Luta
A n t i m a n i c o m i a l j u n t o à CNSM (titular: Sandra Fagundes,
s u p l e n t e : Rosângela Ceccim);
1.9 - Fica r e m e t i d a p a r a a Plenária N a c i o n a l , q u e dará c o n t i -

n u i d a d e ao I V E n c o n t r o N a c i o n a l do M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l , a eleição do n o v o r e p r e s e n t a n t e d o
Movimento j u n t o à CNSM.
2 - DELIBERAÇÕES D A P L E N Á R I A NACIONAL
(RIO D E J A N E I R O / D E Z E M B R O - 1999) D E C O N T I N U I D A D E D O
IV ENCONTRO NACIONAL (PARIPUEIRA/SETEMBRO - 1999)
2.1 - Os r e p r e s e n t a n t e s d o M o v i m e n t o j u n t o à C N S M d e v e -
rão se g u i a r p e l a s d i r e t r i z e s a p o n t a d a s p e l o m e s m o , d e -
v e n d o s e m p r e s u b m e t e r à a p r o v a ç ã o d e usuários, f a m i -
l i a r e s e técnicos p r o p o s t a s a s e r e m e n c a m i n h a d a s n a
Comissão, c o m a c o m p a n h a m e n t o d a S e c r e t a r i a E x e c u -
tiva Nacional, fortalecendo-se, assim, e apontando-se
c o m o l e g í t i m o s os Fóruns d o M o v i m e n t o , d e v e n d o c o n -
siderar ilegítimas mudanças de r e g r a s feitas d e f o r m a
v e r t i c a l i z a d a e s e m c o n s u l t a s prévias;
rão l u t a r p e l a criação e l e g i t i m a ç ã o d e C o m i s s õ e s E s t a -
d u a i s e M u n i c i p a i s de Saúde M e n t a l p a r a q u e , n o f u t u -
r o , os r e p r e s e n t a n t e s j u n t o à C N S M s e j a m escolhidos
p o r r e p r e s e n t a n t e s d e s t a s instâncias r e u n i d o s e m u m a
C o n f e r ê n c i a N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l ;
2.3 - As 2 vagas reservadas para o M o v i m e n t o da Luta

A n t i m a n i c o m i a l j u n t o à CNSM, e m sua nova composi-
32
ção d e 9 m e m b r o s , s e r ã o p r e e n c h i d a s p o r 1 r e p r e s e n -
t a n t e d o s usuários e 1 r e p r e s e n t a n t e d o M o v i m e n t o , a
ser e s c o l h i d o e n t r e os t é c n i c o s , f i c a n d o o r e p r e s e n t a n t e
dos f a m i l i a r e s c o m o assessor p e r m a n e n t e ;
rão l u t a r p e l a recuperação d a s 3 v a g a s (usuário, f a m i l i a r ,
Movimento) c o m direito a voz e voto;
2.5 - F o r a m e l e i t o s n a Plenária N a c i o n a l (Rio d e J a n e i r o / d e -

zembro - 1999) como representantes do Movimento j u n -
to à CNSM, Paulo A m a r a n t e (titular) e M a r e i a S c h m i d t
(suplente);
2.6 - O s r e p r e s e n t a n t e s d e usuários e f a m i l i a r e s , e l e i t o s n o
I V E n c o n t r o N a c i o n a l d e Usuários e F a m i l i a r e s ( B e t i m /
1998 ), s e r ã o os r e p r e s e n t a n t e s d e s t e s s e g m e n t o s jun-
t o à C N S M , o u seja, os usuários G e r a l d o F r a n c i s c o ( t i t u -
lar) e F e r n a n d o G o u l a r t ( s u p l e n t e ) e f a m i l i a r e s G e r a l d o
P e i x o t o ( t i t u l a r ) e Lígia ( s u p l e n t e ) ;
rão r e p a s s a r as i n f o r m a ç õ e s p a r a os N ú c l e o s ;
2.8 - D e v e r á s e r e n c a m i n h a d a crítica ao C o n s e l h o Nacional

de Saúde s o b r e a f o r m a c o m o d e s t i t u i u a a n t i g a C o m i s -
são N a c i o n a l d e R e f o r m a Psiquiátrica e solicitação d e
q u e seja restituída a p a r i d a d e d e r e p r e s e n t a ç ã o ;
2.9 - A coordenadora da nova CNSM, conselheira D. Vera Vita,

d e v e r á f a z e r g e s t õ e s j u n t o ao C N S p a r a a c o n v o c a ç ã o
da Comissão o m a i s b r e v e possível;
2.10 - Foi feito i n d i c a t i v o da i d a de r e p r e s e n t a n t e s dos Núcleos

ao C N S e m f e v e r e i r o / 2 0 0 0 .
33
S E C R E T A R I A E X E C U T I V A N A C I O N A L - GESTÃO 2 0 0 0 / 2 0 0 1
AUTONOMIA/LIBERD ADE/RESPONSABILIDADE
Indicações para Estados ou Núcleos sediarem a Secretaria

E x e c u t i v a Nacional
A S e c r e t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l t e m c o m o funções i m p o r t a n t e s
e s t a b e l e c e r c o m u n i c a ç ã o e n t r e os N ú c l e o s e r e d i s t r i b u i r informações.
Seu g r a n d e desafio é fornecer informações p a r a g a r a n t i r q u e a rede,
c o n f o r m a d a p e l o s N ú c l e o s , se m o b i l i z e . O s N ú c l e o s d e v e m se c r e d e n c i a r
j u n t o à S e c r e t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l p a r a q u e se s a i b a q u a i s são os
Núcleos e x i s t e n t e s e c o m q u e m se d i a l o g a d e n t r o d o M o v i m e n t o .
PROPOSTAS
1 - Recadastramento g e r a l d o s N ú c l e o s ( c o m o se organizam,
q u e m são e q u e t i p o s d e vínculos e x i s t e m e n t r e s e u s c o m p o -
nentes, meios para contato);
2 - Q u e os E n c o n t r o s N a c i o n a i s s e j a m p r e c e d i d o s p o r E n c o n t r o s
Preparatórios; q u e t o d o s os N ú c l e o s t e n h a m a c e s s o aos t e -
m a s a s e r e m d e b a t i d o s e q u e as discussões s e j a m p o l i t i z a d a s ;
q u e seja p r e p a r a d a i n f r a - e s t r u t u r a p a r a o s E n c o n t r o s ;
3 - Q u e seja m a n t i d a a característica d o M o v i m e n t o , c o m o r g a -
nização s o b a f o r m a d e r e d e , e g u e a c o m u n i c a ç ã o d a S e c r e -
t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l se faça s o m e n t e c o m os N ú c l e o s e
não c o m p e s s o a s , i n d i v i d u a l m e n t e ;
4 - Os N ú c l e o s d e v e m t o r n a r - s e m a i s a t i v o s e c o n t r i b u i r f i n a n -
ceiramente para a Secretaria Executiva Nacional;
34
5 - Os endereços d e t o d o s os Núcleos d e v e m e s t a r d i s p o n i b i l i z a d o s
para toda a rede;
Candidaturas para sediar a Secretaria Executiva Nacional do M o -
v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l p a r a o biénio 1 9 9 9 / 2 0 0 1 :
O E s t a d o d o R i o d e J a n e i r o a p r e s e n t o u - s e c o m o único c a n d i d a t o
a sediar a Secretaria E x e c u t i v a N a c i o n a l p a r a o biénio 1 9 9 9 / 2 0 0 1 , a p r e -
sentando-se p o r m e i o de 5 Núcleos colegiados e consorciados entre si,
responsáveis p o r o r g a n i z a r a S e c r e t a r i a E x e c u t i v a N a c i o n a l n a q u e l e E s -
t a d o , s e n d o t a l c a n d i d a t u r a a p r o v a d a p o r c o n s e n s o n a Plenária F i n a l d o
IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l .
35
MOÇÕES PLENÁRIA D E PARIPUEIRA

Ao Movimento Nacional do M S T
MOÇÃO D E A P O I O
O M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l r e u n i d o e m Paripueira/AL,,.
e n t r e 22 e 2 6 de s e t e m b r o , r e c o n h e c e u a importância e a p o i a t o t a l m e n t e
a marcha realizada pelo M o v i m e n t o dos Trabalhadores Rurais Sem-Ter-
ra (MST) pelo Brasil, vítimas de u m s i s t e m a económico n e o l i b e r a l .
V i v e m o s situação b a s t a n t e p a r e c i d a s e m m o r a d i a e t r a b a l h o . A s
condições d e v i d a e a ausência d a s c o n d i ç õ e s m í n i m a s d e s o b r e v i v ê n c i a
têm causado o a u m e n t o dos casos d e s o f r i m e n t o m e n t a l .
Reconhecendo o M o v i m e n t o feito pelo M S T p r o p o m o s a a p r o x i -

mação d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l c o m e s t e M o v i m e n t o .
Paripueira, 26 de setembro de 1 9 9 9 .
Plenária F i n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l
Nós, i n t e g r a n t e s d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i -
dos n o I V E n c o n t r o n o p e r í o d o d e 2 2 à 2 6 d e s e t e m b r o d e 1 9 9 9 , e m
Paripueira/AL, expressamos nosso apoio à carta de Maceió, f o r m u l a d a
p e l o s usuários, f a m i l i a r e s e técnicos d o P r o g r a m a M u n i c i p a l d e S a ú d e
M e n t a l e d e m a i s s e t o r e s d a S M S d e Maceió/AL, c o m o f o r m a e f e t i v a d e
participação d a c o m u n i d a d e n a c o n s t r u ç ã o d a Política d e S a ú d e M e n t a l
d o Município e d o E s t a d o .
Paripueira, 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9 .
36
O IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l ,

realizado n o período de 2 2 a 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9 , e m Paripueira/AL,
c o m a participação d e usuários, f a m i l i a r e s e técnicos d e Serviços d e Saúde
M e n t a l d e t o d o o País, m a n i f e s t a a p o i o à C o o r d e n a ç ã o d e Saúde M e n t a l d a
S e c r e t a r i a M u n i c i p a l d e Saúde d e Natal/RN, p e l o t r a b a l h o d e s e n v o l v i d o n a
condução d o p r o c e s s o d e implantação d a R e d e S u b s t i t u t i v a d e Serviços d e
Saúde M e n t a l , a p e s a r d a f a l t a d e u m a política d e f i n i d a d a S M S q u e a t e n d a
aos p r o b l e m a s d e Saúde d a população d o Município d e N a t a l .
O IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l ,
realizado n o período de 2 2 a 2 6 de s e t e m b r o d e 1 9 9 9 , e m Paripueira/AL,
m a n i f e s t a a p o i o à i n i c i a t i v a d o s usuários e f a m i l i a r e s d o H o s p i t a l G e r a l
d e Janduís/RN e m c o n s t r u i r u m m o n u m e n t o p e l a n ã o v i o l ê n c i a n o S e r -
tão N o r d e s t i n o .
MOÇÃO D E REPÚDIO A O G O V E R N O D O D I S T R I T O F E D E R A L
Nós, i n t e g r a n t e s d o M o v i m e n t o N a c i o n a l d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l ,
reunidos n o I V E n c o n t r o Nacional, n o período de 2 2 à 2 6 d e s e t e m b r o d e
1 9 9 9 e m P a r i p u e i r a / A L , v i m o s e x p r e s s a r n o s s o r e p ú d i o à a t u a l política
a d o t a d a p e l o g o v e r n o d o D i s t r i t o F e d e r a l d e desarticulação d o s Serviços
d e Saúde M e n t a l .
37
R e p u d i a m o s , e n t r e o u t r o s , os s e g u i n t e s fatos:
- D e s m o n t e das equipes e do t r a b a l h o interdisciplinar;
- P r i o r i d a d e à q u a n t i d a d e d e a t e n d i m e n t o d e caráter m é d i c o , e m
d e t r i m e n t o dos serviços s u b s t i t u t i v o s ;
- Redução d o n ú m e r o d e a t e n d i m e n t o s e d a e q u i p e d o H o s p i t a l -
D i a d o H o s p i t a l S. V i c e n t e d e P a u l a ( H S V P ) ;
- Interrupção d o e s t á g i o d e e n f e r m a g e m da UNB no HSVP;
- C o m p r a de aparelho de eletrochoque;
- Denúncia d e m a u s t r a t o s aos usuários d o H S V P ;
- Suspensão d o H o s p i t a l - D i a p a r a d e p e n d e n t e s q u í m i c o s ;
- No I n s t i t u t o de Saúde M e n t a l (ISM), transformação d o H o s p i -

t a l - D i a e C A P S e m N ú c l e o s , c o m desarticulação d o a t e n d i m e n -
to i n t e r d i s c i p l i n a r , i n c l u s i v e c o m a ocupação dos prédios d e s t i -
n a d o s ao L a r A b r i g a d o e Pensão Protegida.
MOÇÃO D E REPÚDIO
Os p a r t i c i p a n t e s d o I V E n c o n t r o N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i d o s n o período de 2 2 à 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9
e m Paripueira - A L , cientes das i n i c i a t i v a s d e construção de " L a r e s A b r i -
g a d o s " contíguos a c o m p l e x o s h o s p i t a l a r e s , a e x e m p l o d o P r o j e t o " V i l a
da A m i z a d e " " L a r A b r i g a d o " , q u e prevê a construção de dez casas p a r a
alojar n o v e pessoas e m cada u m a , n o espaço de u m H o s p i t a l conveniado
e m Goiânia, r e p u d i a m e s t e e o u t r o s p r o j e t o s similares de caráter
m a n i c o m i a l e r e i v i n d i c a m a criação d e r e s i d ê n c i a s p r o t e g i d a s q u e c o n -
38
t e m p l e m os princípios d e desinstitucionalização e g a r a n t a m a o s usuári-
os o d i r e i t o d e g e r i - l a s c o m s i n g u l a r i d a d e .
Paripueira, 26 de s e t e m b r o de 1 9 9 9 .
<^
Os p a r t i c i p a n t e s d e l e g a d o s r e u n i d o s n o I V E n c o n t r o N a c i o n a l d o
M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l , e m Paripueira/AL, a p r e s e n t a m esta
moção de repúdio ao c o m p o r t a m e n t o d e s r e s p e i t o s o e agressivo, dos
m i l i t a n t e s da A F D M - Associação de Familiares dos D o e n t e s Mentais/PE
(organização q u e é a f a v o r d o s M a n i c ô m i o s ) q u e i n v a d i r a m o l o c a l d o
n o s s o e v e n t o p a r a d e f l a g r a r u m c o n f l i t o , n a t e n t a t i v a d e d e s m o b i l i z a r os
trabalhos do Projeto de L e i d o D e p u t a d o Paulo Delgado.
A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i d o s e m Paripueira/AL, n o período de 2 2 a 2 6 de
s e t e m b r o de 1 9 9 9 , r e p u d i a m a decisão d a a t u a l Direção d o C e n t r o Psi-
quiátrico P e d r o I I - R i o d e J a n e i r o , d e d e s a l o j a r o C e n t r o C o m u n i t á r i o d o
prédio q u e ocupa desde s u a criação há 7 a n o s , p e l o v a l o r s o c i a l e
simbólico q u e r e p r e s e n t a p a r a usuários, f a m i l i a r e s , p r o f i s s i o n a i s e c o -
m u n i d a d e administrativa, q u e coletivamente o t r a n s f o r m a r a m , de u m a
u n i d a d e e m ruínas e d e s a t i v a d a , e m u m C e n t r o d e C o n v i v ê n c i a p a r a
39
a t e n d e r aos usuários, c o m u n i d a d e e m e n i n o s d e r u a , d e f o r m a i n t e g r a -
da, e d e n t r o de u m a lógica A n t i m a n i c o m i a l .
Paripueira, 2 6 de setembro de 1 9 9 9 .
MOÇÃO
A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i d o s e m Paripueira/AL, n o período de 22 a 2 6 de
setembro de 1 9 9 9 , c o n s i d e r a m i n a c e i t á v e l a situação a t u a l d o a c e s s o ao
Benefício d e Prestação C o n t i n u a d a f a z e m a s e g u i n t e recomendação:
1 - U m benefício d e v e s e r s e m p r e i n s t r u m e n t o d e e f e t i v a ç ã o d a
cidadania, p o r t a n t o não p o d e ser v i n c u l a d o à p o s s i b i l i d a d e
de restrição d a m e s m a ( c u r a t e l a / t u t e l a ) ;
2 - C o m o i n s t r u m e n t o de efetivação d a c i d a d a n i a d e v e g a r a n t i r
q u e o b e n e f i c i a d o se e n c o n t r e j á f o r a d e e s p a ç o s d e restrição
d a l i b e r d a d e , c o m o o h o s p i t a l psiquiátrico.
D i a n t e d i s s o , p r o p o m o s u m a r e v i s ã o d o s critérios d e c o n c e s s ã o ,
g a r a n t i n d o acesso ao benefício s e m f e r i r a c i d a d a n i a do b e n e f i c i a d o e,
a i n d a , u m a avaliação d a s perícias já r e a l i z a d a s .
A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i d o s e m Paripueira/AL, n o período de 22 a 2 6 de
40
setembro de 1999, r e p u d i a m o a u m e n t o de A I H e m dois Hospitais

Psiquiátricos de Recife p o r autorização d a S e c r e t a r i a M u n i c i p a l de
Saúde, r e f e r e n t e à Resolução n.° 2/99, d e m a r ç o d e 1 9 9 9 , d o C o n s e l h o
M u n i c i p a l d e Saúde d o R e c i f e .
SOLICITAÇÃO A O I V E N C O N T R O N A C I O N A L D O M O V I M E N T O
D A LUTA ANTIMANICOMIAL
Os p r o f i s s i o n a i s d e e n f e r m a g e m p a r t i c i p a n t e s d o I V E n c o n t r o
N a c i o n a l d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l s o l i c i t a m q u e os E n c o n t r o s E s t a d u a i s e
o N a c i o n a l o r g a n i z e m u m seminário c o n v o c a n d o e s t a c a t e g o r i a p a r a d i s -
c u t i r Saúde M e n t a l , c o m o o b j e t i v o d e a m e s m a t e r m a i o r participação e
poder contribuir c o m a Luta A n t i m a n i c o m i a l .
Propostas:
1 - Q u e n o próximo E n c o n t r o N a c i o n a l seja d i s c u t i d o o p a p e l d a
enfermagem na psiquiatria;
2 - Discussão d a e n f e r m a g e m c o m usuários e f a m i l i a r e s
3 - Q u e e m t o d o e q u a l q u e r E n c o n t r o N a c i o n a l d e usuários,
familiares e trabalhadores o t e m a sobre o papel da enfer-
m a g e m e m p s i q u i a t r i a seja d i s c u t i d o .
R o q u e d a Costa N a s c i m e n t o - A l a g o i n h a s /BA
B e t e E v a n g e l i s t a s - São Paulo/SP
D a r i Pires de M o u r a - Alegrete/RS
R u b e n s - São Paulo/SP
41
MOÇÕES
PLENÁRIA D O R I O D E J A N E I R O
O Movimento Nacional da Luta A n t i m a n i c o m i a l , reunido no IV

Encontro Nacional realizado e m Paripueira/AL, n o período de 2 2 a 2 6 de
s e t e m b r o d e 1 9 9 9 e, p o s t e r i o r m e n t e r e u n i d o e m Plenária N a c i o n a l e m
lie 12 de d e z e m b r o d e 1 9 9 9 n o Rio d e J a n e i r o , r e p u d i a a P r e f e i t u r a
M u n i c i p a l d e Maceió, a C â m a r a d o s V e r e a d o r e s e a S e c r e t a r i a M u n i c i p a l
d e Saúde q u e , após a p r o v a r e m a L e i d a R e f o r m a Psiquiátrica e m d e z e m -
b r o de 1 9 9 8 , estão a c e i t a n d o a p r o p o s t a de revogação a b s o l u t a d e s t a L e i
ou u m a lei s u b s t i t u t i v a que distorce pontos básicos d a filosofia
antimanicomial, e retira artigos importantes como o que obriga a c o m u -
nicação d a s internações a o Ministério Público, b e m c o m o o q u e p r o p õ e a
substituição p r o g r e s s i v a d o s l e i t o s psiquiátricos p o r o u t r o s s e r v i ç o s .
Rio de Janeiro, 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 .
Plenária N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l
O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, reunido no I V

Encontro Nacional realizado e m Paripueira/AL, n o período de 22 a 2 6 de
l i e 12 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 9 n o R i o d e J a n e i r o , r e p u d i a as instituições
q u e se a u t o d e n o m i n a m CAPS, N A P S e L a r e s A b r i g a d o s s e m se c o m p r o -
42
m e t e r e m e f e t i v a m e n t e c o m os p r i n c í p i o s q u e r e g e m e s t e s serviços
s u b s t i t u t i v o s c o m o o d e b u s c a d e a u t o n o m i a d o s usuários e o d e r e s g a t e
d e s u a c i d a d a n i a , p o r m e i o d a p r e s e r v a ç ã o d e s e u s d i r e i t o s c i v i s , políti-
cos e s o c i a i s , e q u e u t i l i z a m e s t e s n o m e s c o m o f a n t a s i a p a r a e n c o b r i r
o b j e t i v o s espúrios d e g a n h o s f i n a n c e i r o s p e l a instituição h o s p i t a l a r .
Rio de J a n e i r o , 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 .
O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, reunido no IV

Encontro Nacional realizado e m Paripueira/AL, n o período de 22 a 2 6 de
H e 12 de d e z e m b r o d e 1 9 9 9 n o Rio d e J a n e i r o , r e p u d i a o d e s r e s p e i t o ,
por p a r t e dos Gestores estaduais e municipais, aos princípios
a n t i m a n i c o m i a i s dos serviços s u b s t i t u t i v o s e x i s t e n t e s e m seus d i s t r i t o s ,
q u e estão s e n d o p o r e l e s d e s m o n t a d o s e d e f o r m a d o s e m s e u s o b j e t i v o s
básicos, i n c l u s i v e r e c e b e n d o n o v o s n o m e s e n o v a s funções e, d e s t a f o r -
ma, sendo descaracterizados, desarticulados e desacreditados p e r a n t e
s e u s usuários.
Rio de J a n e i r o , 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 .
43
MOÇÁO D E REPÚDIO
Os d e l e g a d o s p r e s e n t e s à Plenária N a c i o n a l d o M o v i m e n t o d a L u t a
A n t i m a n i c o m i a l , realizada nos dias 1 1 e 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 n o Rio
de Janeiro, r e p u d i a m v e e m e n t e m e n t e a a t i t u d e do Conselho Nacional de
Saúde q u e s u b s t i t u i u a C o m i s s ã o N a c i o n a l d e R e f o r m a Psiquiátrica p e l a
Comissão N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l e p r o m o v e u a descontinuidade do
trabalho anterior.
E s t r a n h a m , também, q u e a a t u a l Coordenação de Saúde M e n t a l

do Ministério d a Saúde p r i v i l e g i e o u t r o s i n t e r l o c u t o r e s n e s t a n o v a C o -
missão e d i m i n u a a representação d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l
e m relação à e x t i n t a C o m i s s ã o N a c i o n a l d e R e f o r m a Psiquiátrica.
E x i g e m a i m e d i a t a instalação d o s t r a b a l h o s d a C o m i s s ã o N a c i o n a l
d e Saúde M e n t a l e o r e t o r n o às três r e p r e s e n t a ç õ e s a n t e r i o r e s (usuário,
familiar e movimento), c o m direito a voz e voto.
Rio de J a n e i r o , 12 d e d e z e m b r o de 1 9 9 9 .
MOÇÁO D E REPÚDIO
O Movimento Nacional da Luta A n t i m a n i c o m i a l , reunido n o I V

E n c o n t r o N a c i o n a l r e a l i z a d o e m P a r i p u e i r a /AL, n o p e r í o d o d e 2 2 a 2 6 d e
1 l e 12 de d e z e m b r o de 1 9 9 9 n o Rio d e J a n e i r o , r e p u d i a o d e s m o n t e q u e
o governador Roriz v e m p r o m o v e n d o n o c a m p o d a Saúde n o D i s t r i t o
F e d e r a l , e e s p e c i a l m e n t e e m relação à S a ú d e M e n t a l .
44
O Movimento exige que o governador r e s p e i t e os d i r e i t o s d e

cidadania dos portadores de s o f r i m e n t o m e n t a l , e m c o n f o r m i d a d e c o m
o q u e está d e l i b e r a d o n a L e i A n t i m a n i c o m i a l d o D i s t r i t o F e d e r a l , n o
Relatório d a I I Conferência N a c i o n a l d e S a ú d e M e n t a l , n a D e c l a r a ç ã o de
Direitos H u m a n o s da ONU, dentre outros.
Rio de J a n e i r o , 12 de d e z e m b r o d e 1 9 9 9 .
MOÇÃO D E A G R A D E C I M E N T O
Nós, d a A m o c a i s d e A n g r a d o s Reis/RJ, a g r a d e c e m o s o t r a t a m e n -
to que tivemos durante o I V Encontro Nacional da Luta A n t i m a n i c o m i a l ,
realizado e m Paripueira/AL, n o período de 2 2 a 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9
e, p o s t e r i o r m e n t e , n a Plenária N a c i o n a l e m 1 l e 1 2 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 9
no Rio de J a n e i r o .
Rio de J a n e i r o , 12 d e d e z e m b r o de 1 9 9 9 .
A m o c a i s — A s s o c i a ç ã o d o s Usuários e
Amigos d o Cais d e A n g r a d o s R e i s
45
46
ANEXO
-
Os participantes do I V Encontro Nacional do Movimento da Luta

Antimanicomial, reunidos em Paripueira/AL, no período de 22 a 26 de
setembro de 1999, repudiam a decisão da atual Direção do Centro Psi-
quiátrico Pedro I I - Rio de Janeiro, de desalojar o Centro Comunitá-
rio do prédio que ocupa desde sua criação há 7 anos, pelo valor social e
simbólico que representa para usuários, familiares, profissionais e co-
munidade administrativa, que coletivamente o transformaram, de uma
unidade em ruínas e desativada, em u m Centro de Convivência para
atender aos usuários, comunidade e meninos de rua, de forma integra-
da, e dentro de uma lógica Antimanicomial.
Paripueira, 26 de setembro de 1999.

Plenária Final do Movimento da Luta Antimanicomial
47
ÀS
SRAS E SRS. PARTICIPANTES DO ENCONTRO
NACIONAL D E LUTA ANTIMANICOMIAL
Nós, d a A s s o c i a ç ã o d e E n t i d a d e s e A m i g o s d o C e n t r o C o m u n i -
tário C P P I I ( E C C O / C P P I I ) , v i e m o s d e n u n c i a r perante este E n c o n t r o
N a c i o n a l de L u t a A n t i m a n i c o m i a l a ameaça de d e s m o n t e do Centro
Comunitário.
Nós, e n t i d a d e s o r g a n i z a d a s d a s o c i e d a d e c i v i l , v i e m o s há 7 a n o s
e m p e n h a n d o t e m p o , d i n h e i r o e esperança, p a r a r e a l i z a r m o s a t a r e f a de
c o n s t r u i r u m t r a b a l h o terapêutico e m c o n j u n t o c o m a e q u i p e d o C e n t r o
Comunitário, p a r a a t e n d e r aos p a c i e n t e s , c o m u n i d a d e e m e n i n o s d e r u a ,
de f o r m a i n t e g r a d a .
A s s i m c r i a m o s u m c e n t r o de convivências, o n d e a c l i e n t e l a do
hospital t e m o p o r t u n i d a d e de p a r t i c i p a r das a t i v i d a d e s oferecidas pela
c o m u n i d a d e , c o m o t a m b é m c o m p a r t i l h a r c o m os d o s p r o j e t o s oferecidos
pelo hospital.
A g o r a , s o m o s c o m u n i c a d o s (e não c o n s u l t a d o s ) , d a i n t e n ç ã o d a
a t u a l Direção do CPPII de r e t i r a r o C e n t r o Comunitário do prédio q u e
nós a j u d a m o s a r e f o r m a r e m m u t i r õ e s c o m u n i t á r i o s , c o m p r e t e x t o de
a g r u p a r o p r o n t o s o c o r r o psiquiátrico, a e n f e r m a r i a d e c r i s e , o a m b u l a -
tório c e n t r a l d e p s i q u i a t r i a , a e n f e r m a r i a d e p a c i e n t e s crónicos e a t r i a -
g e m , t o d o s neste m e s m o prédio, a r g u m e n t a n d o a n e c e s s i d a d e de o r g a -
n i z a r a "circulação d e s o r d e n a d a d o s p a c i e n t e s " .
I s t o se c o n s t i t u i , a n o s s o ver, u m e q u í v o c o e m v á r i o s s e n t i d o s .
A o l o n g o d e s s e s a n o s a p r e n d e m o s q u e os p a c i e n t e s são d i f e r e n -
t e s e n t r e si, e q u e p o r i s s o n e c e s s i t a m d e s e r v i ç o s d i f e r e n c i a d o s e d e s -
centralizados.
48
A s s i m , d o p o n t o - d e - v i s t a t e r a p ê u t i c o a m u d a n ç a c o n t r a r i a as
atuais tendências d e "desospitalização" d a doença.
Não p a r e c e h a v e r s e n t i d o e m a g r u p a r vários serviços e m u m úni-

co b l o c o , p r i v a n d o - o s d e s u a s e s p e c i f i c i d a d e s e promovendo u m indese-
jável r e t o r n o de u m a p s i q u i a t r i a u l t r a p a s s a d a .
A c o m u n i d a d e , p o r o u t r o lado, considera-se prejudicada, pois esta

convivência t e m contribuído p a r a e n t e n d e r m e l h o r e d e s m i s t i f i c a r m o s a
doença m e n t a l .
D o p o n t o d e v i s t a a d m i n i s t r a t i v o a mudança c o n t r a r i a as n o r m a s
d e a u s t e r i d a d e t ã o necessárias a g e s t ã o d e s a ú d e pública d e n o s s o País.
Estes serviços m e n c i o n a d o s o c u p a m espaços q u e f o r a m r e f o r m a -

dos p a r a f i n a l i d a d e s h o s p i t a l a r e s a p o u c o t e m p o . A l é m d i s s o , d i a n t e d e
a u s t e r i d a d e d o o r ç a m e n t o d e saúde, n ã o t e m o s n e n h u m a g a r a n t i a d e
q u e o u t r o p r é d i o seja r e f o r m a d o p a r a a b r i g a r o C e n t r o c o m n o s s o s i m -
portantes trabalhos.
O d i n h e i r o público g a s t o n a s a ú d e m e r e c e d e s t i n a ç õ e s m a i s r e s -
ponsáveis.
C o n s i d e r a n d o q u e , a p r o p o s t a d o C e n t r o C o m u n i t á r i o se a r t i c u l a
c o m os o b j e t i v o s d o m o v i m e n t o d e l u t a a n t i m a n i c o m i a l , e d i a n t e d e f a t o s
tão g r a v e s q u e d e s r e s p e i t a m n o s s o t r a b a l h o d e caráter s o c i a l , s o l i c i t a -
m o s à s o l i d a r i e d a d e e m a n i f e s t a ç ã o d a plenária d e s t e e n c o n t r o .
Rio d e J a n e i r o , 2 2 d e s e t e m b r o d e 1 9 9 9 .
ANDRÉA MEDINA ANDRÉ SANTA RITA
Presidente ECCO/CPPII Diretor
49
O CURRÍCULO DOS URUBUS
O r e i leão, c a v a l h e i r o , r e s o l v e u c e r t a v e z q u e n e n h u m d o s s e u s
súditos h a v i a d e m o r r e r n a ignorância. Q u e b e m m a i o r q u e a e d u c a ç ã o
poderia existir.
Convocou o u r u b u , impecavelmente trajado e m sua beca d o u t o -

r a l , c o m p a n h e i r o s d e preferências e d e c h u r r a s c o s , p a r a a s s u m i r a r e s -
p o n s a b i l i d a d e d e o r g a n i z a r e r e d i g i r a c r u z a d a d o s a b e r . Q u e os b i c h o s
p r e c i s a v a m d e educação, n ã o h a v i a d ú v i d a s . O p r o b l e m a p r i m e i r o e r a o
q u e e n s i n a r . Questão d e currículo; e s t a b e l e c e r as c o i s a s s o b r e as q u a i s
os m e s t r e s i r i a m f a l a r e os discípulos i r i a m a p r e n d e r . P a r e c e q u e h a v i a
a c o r d o e n t r e os p a r t i c i p a n t e s d o g r u p o d e t r a b a l h o , t o d o s u r u b u s , é c l a -
r o : os p e n s a m e n t o s d o s u r u b u s e r a m os m a i s v e r d a d e i r o s ; o a n d a r d o s
urubus era o mais elegante; as p r e f e r ê n c i a s d e n a r i z e d e língua d o s
u r u b u s e r a m as m a i s a d e q u a d a s p a r a u m a s a ú d e p e r f e i t a ; a c o r d o s u r u -
bus era a mais t r a n q u i l i z a n t e ; o canto dos u r u b u s era o mais b o n i t o . E m
s u m a : o q u e é b o m p a r a os u r u b u s é b o m p a r a o r e s t o d o s b i c h o s . E
a s s i m se o r g a n i z a r a m os currículos, c o m t o d o o r i g o r e p r e c i s ã o q u e as
últimas c o n q u i s t a s d a didática e d a P s i c o l o g i a d a a p r e n d i z a g e m p o d i a m
m e r e c e r . E l a b o r a r a m - s e s i s t e m a s s o f i s t i c a d o s d e avaliação p a r a t e s t e d e
a p r e n d i z a g e m . Os f u t u r o s m e s t r e s f o r a m i n f o r m a d o s d a i m p o r t â n c i a d o
diálogo p a r a q u e o e n s i n o f o s s e m a i s e f i c a z e c h e g a v a m m e s m o , v e z p o r
o u t r a , a c i t a r M a r t i n B u b e r . I s t o t u d o s e m f a l a r n a parafernália t e c n o l ó g i c a
q u e se i m p o r t o u d o e x t e r i o r , m á q u i n a s s o f i s t i c a d a s q u e p o d i a m r e p e t i r
as a u l a s à v o n t a d e p a r a os m a i s b u r r i n h o s , e f a s c i n a n t e s c i r c u i t o s d e
televisão. A h ! q u e b e l e z a . T u d o a q u i l o d a v a u m a d e l i c i o s a i m p r e s s ã o d e
p r o g r e s s o e eficiência e os r e p ó r t e r e s não se c a n s a v a m d e f o t o g r a f a r as
l u z i n h a s p i s c a n t e s d a s m á q u i n a s q u e h a v e r i a m d e p r o d u z i r saber, c o m o
u m a l i n h a de m o n t a g e m p r o d u z automóveis. Questão d e organização,
questão d e organização, q u e s t ã o técnica. N ã o p o d e r i a h a v e r f a l h a s .
50
C o m e ç a r a m as a u l a s , d e c l a r e z a m e r i d i a n a . T o d o m u n d o e n t e n d i a .
Só q u e o c o r p o r e j e i t a v a . D e p o i s d e u m a a u l a s o b r e o c h e i r o e o g o s t o d a
carniça, p o d i a - s e v e r g r u p i n h o s d e pássaros q u e d i s c r e t a m e n t e ( p a r a não
o f e n d e r os m e s t r e s ) v o m i t a v a m atrás d a s árvores. Por m a i s q u e fizessem
o r d e m u n i d a p a r a a p r e n d e r o g i n g a d o d o u r u b u , b a s t a v a q u e se p i l h a s s e m
f o r a d a escola p a r a q u e v o l t a s s e m t o d o s os v e l h o s e detestáveis hábitos d e
andar. E o pavão e as a r a r a s não p a r a v a m d e c o c h i c h a r , caçoando d a c o r
dos u r u b u s : " P r e t o é a c o r m a i s b o n i t a ? U m a o v a . . . "
E a s s i m as c o i s a s se d e s e n r o l a r a m , d e f r a c a s s o , a d e s p e i t o dos
m é t o d o s c a d a v e z m a i s científicos e d a s estatísticas q u e s u b i a m . E t o d o s
comentavam, sem entender.
"A e d u c a ç ã o v a i m a l . . . "
U m b e m - t e - v i q u e c o n s i g a s e r a p r o v a d o c o m distinção n a e s c o l a
dos u r u b u s p o d e ser m u i t o i n t e l i g e n t e p a r a os u r u b u s . B e m - t e - v i é q u e
não é. N ã o p a s s a d e u m d e g e n e r a d o . A m a i o r p r o v a d e i n t e l i g ê n c i a se
encontra na recusa e m aprender.
Autor: Ruben Alves
51
GRUPO D E SÃO SEBASTIÃO NO IV ENCONTRO

NACIONAL D E SAÚDE MENTAL DO MOVIMENTO
DA LUTA ANTIMANICOMIAL
A participação p o p u l a r n a e f e t i v a ç ã o d a s políticas d e s a ú d e t e m o
s e u r e s p a l d o d e s d e a constituição d e 1 9 8 8 .
A s instâncias m á x i m a s , l e g a l m e n t e constituídas, são os C o n s e -

l h o s d e Saúde ( M u n i c i p a i s , E s t a d u a i s e N a c i o n a l ) , d e l i b e r a t i v o s , e c o m -
p o s t o s p a r i t a r i a m e n t e , d e u m l a d o p o r usuários d o s i s t e m a , e d o o u t r o .
G o v e r n o e p r e s t a d o r e s de serviços.
A p r e o c u p a ç ã o c o m o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o r e m o n t a às o r i -
gens p r i m i t i v a s d o ser p e n s a n t e .
A p s i q u i a t r i a , a p r i m e i r a e s p e c i a l i d a d e médica, p a s s o u a se o c u p a r
d o p r o b l e m a , i n i c i a l m e n t e c o m P i n e l , n a França há m a i s d e 3 séculos.
N a é p o c a , os l o u c o s v i v i a m g e r a l m e n t e e m abrigos asilares,
e n c l a u s u r a d o s . E r a m os sifilíticos c o m p r o b l e m a s c e r e b r a i s , dementes,
e m b r i a g a d o s i n v e t e r a d o s , p e r s o n a l i d a d e s e x t r a v a g a n t e s , p e s s o a s q u e não
suportaram certos choques emocionais...
No Brasil, p r o c u r a n d o seguir o m o d e l o e u r o p e u i n a u g u r o u - s e n o
Rio d e J a n e i r o o H o s p í c i o d e P e d r o I I , e m 1 8 5 2 , o p r i m e i r o d a s A m é r i -
cas, u m a edificação m u i t o s u n t u o s a .
A l é m d o s precários c u i d a d o s m é d i c o s d a é p o c a , p r o c u r a v a - s e ,
p o r m e i o d a reclusão, a d m i n i s t r a r t r a t a m e n t o m o r a l , e a p r e s e n ç a d e
religiosos era u m a constante.
A p s i g u i a t r i a , c o m o ciência m é d i c a , e v o l u i u n o s s e u s c o n c e i t o s
d e d i a g n o s t i c a r p r o b l e m a s m e n t a i s , a p r i m o r o u técnicas, e x a m e s e c u i -
d a d o s c o m o os psicoterapêuticos e m e d i c a m e n t o s o s .
52
A saúde m e n t a l p a s s o u a se o c u p a r n ã o a p e n a s c o m a c o m p r e -
ensão e t r a t a m e n t o d o s p r o b l e m a s d e s s a o r d e m , m a s t a m b é m no de-
s e n v o l v i m e n t o dos potenciais h u m a n o s , nas suas i n d i v i d u a l i d a d e s e p r i n -
cipalmente nos seus t r a b a l h o s c o n j u n t o s , organizados.
Se, n o início, o m é d i c o o c u p a v a u m i s o l a d o p a p e l c e n t r a l , h o j e
n ã o se c o n c e b e m e l h o r i d e i a q u e a n e c e s s i d a d e d e u m a e q u i p e
m u l t i p r o f i s s i o n a l (psicólogos, t e r a p e u t a s o c u p a c i o n a i s , f o n o a u d i ó l o g o s ,
e n f e r m e i r o s , a s s i s t e n t e s s o c i a i s , e d u c a d o r e s . . . ) p a r a as ações a s s i s t e n c i a i s
e preventivas.
A saúde c o m o b e m e s t a r físico e m e n t a l , n ã o e x c l u i o s o c i a l , e o
e f e t i v o exercício d a c i d a d a n i a c o n s c i e n t e , i n t e g r a n d o c a d a u m ao g r a n d e
corpo da espécie h u m a n a , n o s e u h a b i t a t .
E m t o d o o m u n d o , os p r o b l e m a s m e n t a i s c o n s t i t u e m a m a i o r i a
dos a t e n d i m e n t o s m é d i c o s , d o s a f a s t a m e n t o s d a v i d a l a b o r a t i v a e d e
d e s p e s a s n a saúde.
O q u e e r a o l h a r p a r a a l o u c u r a , p s i q u i a t r i a e hospícios, h o j e v i s -
l u m b r a - s e o s e r n o m u n d o , físico e e s p i r i t u a l , e t e r n a m e n t e b u s c a n d o o
m e l h o r de si, c o m a esperança d a paz e f e l i c i d a d e c o m p l e t a s . O h o m e m
caminha c o m a s u a sociedade p r o c u r a n d o a s u a perfeição.
S e g u n d o f o n t e d o Ministério d a Saúde, g a s t a - s e a p r o x i m a d a m e n t e
9 5 % d a s v e r b a s p a r a a saúde m e n t a l c o m h o s p i t a i s psiquiátricos. S e r i a
i n g é n u o p e n s a r q u e o s i m p l e s r e a r r a n j o d e s s e s r e c u r s o s p a r a as práticas
modernas resolveria todo o problema.
A s ações i n t e g r a d a s d e t o d a a s o c i e d a d e n o p r o c e s s o d e m e l h o r i a
d a q u a l i d a d e d e v i d a , t ê m as s u a s p o s s i b i l i d a d e s r e a i s a p a r t i r d a e x i s -
tência d e m e c a n i s m o s m a t e r i a l i z a d o s .
Os p e n s a d o r e s d e saúde m e n t a l , p r o f e s s o r e s f o r m a d o r e s d e p r o -
f i s s i o n a i s , e d u c a d o r e s , l e g i s l a d o r e s , usuários, p r o f i s s i o n a i s e d e m a i s i n -
53
teressados, p o s s u e m hoje n o B r a s i l , m e i o s legítimos d e participação

n o s P l a n o s d e Saúde q u e s e r ã o e f e t u a d o s p o r d e l i b e r a ç ã o d o s C o n s e -
l h o s d e Saúde.
C o m a f i r m e intenção de " s a i r do p a p e l " e v i v e r a s u a r e a l i d a d e ,

c r i a m o s e m São Sebastião, c i d a d e d o l i t o r a l n o r t e d o E s t a d o d e São P a u -
lo, a Comissão M u n i c i p a l d e Saúde M e n t a l .
Ó r g ã o c o m p o s t o p o r p r o f i s s i o n a i s e usuários d o s i s t e m a d e saúde
m e n t a l , paritário, t o t a l m e n t e e l e i t o , l i g a d o d i r e t a m e n t e ao C o n s e l h o d e
Saúde, c o m a f i n a l i d a d e d e p l a n e j a r , i m p l e m e n t a r e f i s c a l i z a r as a ç õ e s d e
saúde m e n t a l .
E s t a orientação e m a n a d a 2 Conferência N a c i o n a l d e Saúde M e n t a l

a
(Brasília, 1 9 9 2 ) p e l a publicação d o s e u r e l a t ó r i o f i n a l p e l o M i n i s t é r i o d a
Saúde ( 1 9 9 4 ) .
P r o p o s t a p a r a t o d o s os municípios, e s t a d o s e país, e i s as n o s s a s
instâncias m á x i m a s c o m o o f i c i n a s d e o p e r a c i o n a l i z a ç ã o .
O E s t a d o d e São P a u l o t a m b é m c r i o u r e c e n t e m e n t e a s u a C o m i s -
são, e a N a c i o n a l está p a r a s u r g i r p e l o C o n s e l h o N a c i o n a l d e a c o r d o c o m
sua regulamentação (RESOLUÇÃO n.° 2 9 1 C. N . S. d e 0 6 / 0 5 / 9 9 , D . O . U .
d e 09/06/99).
D e s e j a m o s q u e este m e c a n i s m o seja d o c o n h e c i m e n t o d e t o d o s
e, p o r m e i o d e l e , r e a l i z e m o s t o d a a síntese d o s n o s s o s esforços.
54
FAZENDO SENTIDO:
Num Estado de mínimos direitos e perspectivas, parece

" n a t u r a l " q u e características e v o n t a d e s t ã o d i s t i n t a s se c u r v e m a u m
senhor o u " s e n h o r e s - u r u b u s " , c o m o n u m i n e b r i a n t e canto de sereia,
provoca u m a q u i e t u d e pavorosa q u e não a d m i t e n e n h u m a divergência
real, a s s i m o t e r r o r i s m o d o Estado busca abolir o c a m p o social, t o r t u -
r a n d o e f a z e n d o d e s a p a r e c e r o s s u j e i t o s e os g r u p o s , o d e s e j o e a o r g a n i -
zação. N ã o há p a p e l m e d i a d o r e o r g a n i z a d o r p o i s as instituições públicas
i n t o l e r a n t e s às c o n v i v ê n c i a s e n t r e d i f e r e n t e s ( n a s e s c o l a s , h o s p i t a i s , . . . ) ,
q u a n d o p r i v a t i z a d a s d e s e m p e n h a m o s i s t e m a d e privilégios d i s t i n g u i n -
do q u e m p a g a d e q u e m não paga, v i s a n d o o l u c r o e não o b e m - e s t a r d o s
indivíduos.
O q u e c o m p r e e n d i a - s e c o m o r e g i s t r o histórico, s o c i a l e público
p a s s a a s e r a s s i m i l a d o m a s s i v a m e n t e n a e s f e r a d o p r i v a d o , e s s a lógica
n e o l i b e r a l s u b m e t e as e s f e r a s d a v i d a às l e i s d o m e r c a d o , t r a n s f o r m a o
espaço público e m i m a g e m pública, o cidadão e m c o n s u m i d o r .
Será possível a convivência pacífica das conquistas do S U S (Sis-

t e m a Único de Saúde) c o m o q u e p r e c o n i z a a N O B / 9 6 ( N o r m a s
Operacionais Básicas) , u m a espécie de " c e s t a básica de ações mínimas
1
de saúde para os cidadãos mínimos"? Aceitar os termos da NOB/96 não

será aceitar o lado " h u m a n o " do neoliberalismo?
1
Desde 1 9 9 1 o Ministério d a Saúde vale-se destas n o r m a s p a r a d i r i g i r o setor saúde.
A NOB/96 c o m a p r o x i m a d a m e n t e 1 7 versões não a t e n d e aos anseios d o SUS. Mantém,
p r i n c i p a l m e n t e p a r a os municípios gestores d a atenção básica m u n i c i p a l , o p a g a m e n t o
por produção p a r a p r o c e d i m e n t o s , p a r a internações e de especialidades a m b u l a t o r i a i s ,
e, o q u e é grave, d e i x a n d o intocável a lógica d a produção de p r o c e d i m e n t o s c o m o u m f i m
e m s i m e s m o , c o m o único o b j e t i v o de a t e n d e r aos anseios de l u c r o de clínicas e h o s p i -
tais c o n t r a t a d o s e conveniados ao SUS.
55
Será difícil defender e fazer v a l e r o compromisso do Estado,

com u m discurso de cidadania plena e u n i v e r s a l , identificado no setor
saúde, pelos princípios de universalidade, integralidade da atenção, par-
ticipação e descentralização com comando único e m cada esfera de
governo, conquistados pelo movimento da reforma sanitária brasileira
no processo de democratização do País, expresso no texto constitucio-
nal de 1988 com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS)?
Será difícil d e f e n d e r m o s a n e c e s s i d a d e de intervenções

inter setoriais, com u m olhar voltado para a produção de saúde do cida-
dão e não apenas para o consumo de procedimentos médicos?
Será possível realizarmos a Reforma Psiquiátrica ou e m Saúde

Mental descolados dos princípios da Reforma Sanitária?
E n t r e t a n t o a n o v a o r d e m d e globalização económica é u m fenó-

m e n o d e s i g u a l , p o i s o s países n ã o se e n c o n t r a m e m i g u a l d a d e d e c o n d i -
ções e c o n ó m i c a s , científicas, éticas e a n o ç ã o d e c i d a d a n i a e d i r e i t o p a s -
sa p o r mutação. O t o t a l i t a r i s m o se a p r e s e n t a c o m n o v a s v e s t e s , n ã o n e -
c e s s i t a d a ocupação m i l i t a r c o m o n o F a s c i s m o o u n a D i t a d u r a , a p r e s e n -
t a - s e n o " v o t o s e m e s c o l a r i d a d e e s e m e d u c a ç ã o política, v i n c u l a d o à
teatralização d a política. O s o p r i m i d o s , h a b i t u a n d o - s e a o e s t a d o d e e x -
ceção, t o m a m - n o c o m o n o r m a l " .
Enfrentar a nova o r d e m c o m atitudes de e s t r a n h a m e n t o requer,

e n t r e o u t r a s coisas, p e r c e b e r o d e s g a s t e d a s p a l a v r a s c i d a d a n i a , s o l i d a -
r i e d a d e , cooperação, c o n d e n a d a s a u m a massificação q u e b a n a l i z a o s i g -
nificado dando sentidos duvidosos. C o m o dialogar c o m u m indivíduo-
cidadão a c e r c a d a s o l i d a r i e d a d e d i a n t e d a f o m e , d o d e s e m p r e g o , do so-
f r i m e n t o m e n t a l , s e m i n g r e s s a r n a substância p r o f u n d a d e u m a s o c i e d a -
de p e r c e b i d a n a s f o r m a s d e t r a b a l h o , d e m o r a d i a , n a m a n e i r a d e amar,
viver e de m o r r e r ?
" E necessário q u e b u s q u e m o s t r a b a l h a r - a m a r p a r a i r c r i a n d o o s
c o n t a t o s possíveis d e s e n t i r , d i z e r , p e n s a r , f a z e n d o surgir sujeitos c o -
56
o p e r a n d o - j u n t o - a o - o u t r o . Desejar o desejo, a b r i n d o registros nos quais

a ética d a i n t e r r o g a ç ã o seja o s u p o r t e d e n o s s a r e b e l i ã o d i a n t e d a s c e r t e -
zas q u e se i n s t a r a m q u a n d o d a v a i d a d e e o n a r c i s i s m o d a s pequenas
diferenças".
C o m p r e e n d e r o q u e está e m j o g o p r e s s u p õ e l a n ç a r m o - n o s a u m a
constante ciranda, n a qual trocamos de lugar, nos colocando no lugar do
o u t r o e o o u t r o se c o l o c a n d o n o n o s s o s u p o s t o l u g a r , n e s t a ação dialética
p o d e r q u e s t i o n a r s o b r e o q u e p a r e c i a , até e n t ã o , a l g o t ã o n a t u r a l q u e
n i n g u é m se p e r g u n t a v a — p o r q u e e r a d e u m j e i t o e n ã o d e o u t r o ? Q u e m
sabe o q u e s t i o n a m e n t o i n a u g u r e u m v e r d a d e i r o processo c r i a d o r !
Interrogar acerca desse Encontro Nacional do Movimento

A n t i m a n i c o m i a l n o s d e s a f i a a p e n e t r a r u m d e n s o c a m p o d e análise d e
u m E s t a d o , e m q u e são visíveis a p r o f u n d a d e s a g r e g a ç ã o s o c i a l , a a u s ê n -
c i a d e identificação e n t r e as p e s s o a s , a p e r d a d e a u t o - e s t i m a , f r u t o s d a
desqualificação i n s t r u m e n t a l i z a d a p e l a mídia, e s t a s c o n d i ç õ e s as q u a i s
as p e s s o a s e s t ã o s u b m e t i d a s p r o m o v e m a anulação d a s s i n g u l a r i d a d e s
i m p l i c a n d o e m s e g r e g a ç ã o , exclusão e i n t o l e r â n c i a às d i f e r e n ç a s . Por
o u t r o lado, i n t e r r o g a r acerca desse E n c o n t r o Nacional do M o v i m e n t o
A n t i m a n i c o m i a l n o s d e s a f i a a u m a p r o f u n d a e s i n c e r a análise d o s m e c a -
n i s m o s d e f u n c i o n a m e n t o d o próprio m o v i m e n t o a n t i m a n i c o m i a l , c o m
seus d i s p o s i t i v o s d e exclusão, intolerância e p e r t e n c i m e n t o .
A discussão s o b r e e s s a situação e as f o r m a s d e l u t a p a r a c o m b a t ê -
la, a n a l i s a n d o as c o n d i ç õ e s g e r a d a s p e l a s i n f r a e s u p e r e s t r u t u r a s d a s o -
ciedade capitalista, d e v e m fazer p a r t e p e r m a n e n t e d a p a u t a do m o v i -
m e n t o a n t i m a n i c o m i a l se q u i s e r m o s a p r o f u n d a r as q u e s t õ e s r e l a c i o n a -
d a s a conceituação, as f o r m a s d e circulação s o c i a l e v i v ê n c i a d o s p r i n c í -
pios a n t i m a n i c o m i a i s .
São esses princípios e a p o s t u r a crítica ao p r o c e s s o de

manicomialização, q u e se dá não a p e n a s n o s h o s p i t a i s psiquiátricos m a s
57
n a s m a i s d i v e r s a s instituições, q u e dão a o m o v i m e n t o a n t i m a n i c o m i a l
a p o s s i b i l i d a d e d e t r a z e r s u a contribuição n a b u s c a d a t r a n s f o r m a ç ã o
r a d i c a l d a s o c i e d a d e . Para t a n t o , u r g e n t e se f a z u m a r e f l e x ã o d e c o m o
a p l i c a m o s e s s e s princípios n e s t a m i c r o o r g a n i z a ç ã o q u e é o p r ó p r i o
movimento antimanicomial.
Será q u e n o s e m p e n h a m o s p o r não r e p r o d u z i r m o s as mesmas

marcas de autoritarismo, competitividade, t u t e l a e sequestro de s u b j e t i -
vidades, n u m a t o t a l i m p o s s i b i l i d a d e de convivência c o m o q u e difere?
Será q u e o m o v i m e n t o a n t i m a n i c o m i a l se f u n d a n o s l a ç o s d e
fraternidade?
Essa p o s t u r a crítica e q u e s t i o n a d o r a d i a n t e d o q u e p a r e c e p o r
vezes n a t u r a l p o d e p o s s i b i l i t a r a construção de novos sentidos, de
ressignificação d e r e l a ç õ e s q u e p o s s a m p a u l a t i n a m e n t e d e i x a r d e s e r
m a n i c o m i a i s p a r a se t r a n s f o r m a r e m e m r e l a ç õ e s solidárias q u e t a n t o
carecemos.
D o m e s m o m o d o q u e e s s a p o s t u r a n o s t o r n a s u j e i t o s críticos n o
âmbito d a s relações i n s t i t u c i o n a i s e l a d e v e p o s s i b i l i t a r a ressignificação
de n o s s a inserção t a m b é m n o â m b i t o d o m o v i m e n t o a n t i m a n i c o m i a l . A s
contradições i n e r e n t e s à s o c i e d a d e c a p i t a l i s t a e x p r e s s a m - s e n ã o a p e n a s
n o nível m a c r o - s o c i a l , m a s t a m b é m n a s instituições, n o s movimentos
sociais e n a s relações i n t e r s u b j e t i v a s .
P o r t a n t o , não s o m o s i m u n e s a r e p r o d u z i r t a i s c o n t r a d i ç õ e s q u e
p o d e m se e x p r e s s a r c o m o relação m a n i c o m i a l t a m b é m n o âmbito d e
n o s s o m o v i m e n t o , n o c o n t a t o e n t r e p r o f i s s i o n a i s , usuários e s e u s f a m i l i -
a r e s e, t a m b é m , n a p r o d u ç ã o d e n o v a s práticas.
Não mereceria p r o f u n d o respeito e grandiosa a p r e n d i z a g e m nos

o c u p a r m o s de analisar o o c o r r i d o n o E n c o n t r o A n t i m a n i c o m i a l de Porto
A l e g r e (e s u a s c o n s e q u ê n c i a s d e c o r r e n t e s no Encontro de Entidades e
58
Usuários e F a m i l i a r e s e m B e t i m ) , c o m a destituição d e u m a r e p r e s e n -
t a n t e de familiares, l e g i t i m a m e n t e eleita p o r seus pares e m E n c o n t r o
específico d e E n t i d a d e s d e Usuários e F a m i l i a r e s e m F r a n c o d a R o c h a ,
e m q u e destituíram v a l e n d o - s e d e critérios ( d e f i n i d o s p o s t e r i o r m e n t e a
eleição) classificatórios p a r a d e f i n i r a p e r t i n ê n c i a d e r e p r e s e n t a ç ã o ( c o m o
os n o s o l ó g i c o s psiquiátricos p a r a d e t e r m i n a r t e r a p ê u t i c a s invasivas)?
Será q u e o r i s c o d e h i e r a r q u i z a ç ã o d e v a l o r e s n ã o c o n c o r r e p a r a
a s e g r e g a ç ã o d a participação, s e m c o n t a r o a t e n t a d o à d e m o c r a c i a -
u m d e s s e r v i ç o à ética e ao r e s p e i t o ?
Será q u e d e v e m o s n o s p e r g u n t a r se os psicóticos são m a i s l e g í -

t i m o s r e p r e s e n t a n t e s d o s usuários d e s a ú d e m e n t a l a o s n e u r ó t i c o s ?
S e r ã o as l o i r a s as m a i s l e g í t i m a s r e p r e s e n t a n t e s d a i g n o r â n c i a
política?
Serão os p o b r e s os r e s p o n s á v e i s p e l a v i o l ê n c i a ?
Serão os s e m - t e r r a d e E l d o r a d o d o s Carajás os c u l p a d o s p e l o m a s -
s a c r e e s u a s próprias m o r t e s ?
E m q u e p o r t o a n c o r a m o s p a r a s u s t e n t a r e s t a produção d e distorção
de sentido?
I m b u í r m o - n o s d a t a r e f a d e d e c i f r a r e s s a s c o n t r a d i ç õ e s se faz n e -
cessário p a r a a p r o d u ç ã o d o s n o v o s s e n t i d o s q u e n o s p r o p o m o s a c o n s -
t r u i r , já q u e se, p o r u m l a d o , n o s s a s l u t a s , n o s s a s p r o p o s t a s , n o s s o s p r o -
j e t o s , n o s s a s práticas d e s e n v o l v i d a s i n a u g u r a m a s p e c t o s r e a l m e n t e i n o -
vadores n o âmbito das relações a n t i m a n i c o m i a i s , p o r o u t r o , c o r r e m o s
s e m p r e o r i s c o d e e s t a r m o s r e p r o d u z i n d o a v e l h a lógica r e v e s t i d a d e
novas concepções, novos n o m e s .
M a s , a t r a n s f o r m a ç ã o d a e s t r u t u r a s o c i a l n ã o se dará a c u r t o p r a -
zo e n e m p e l a atuação d e u m m o v i m e n t o s o c i a l i s o l a d o , t o r n a - s e n e -
59
cessário f o r m u l a r p r o p o s t a s e ter estratégias que permitam a

reestruturação i m e d i a t a d o s i s t e m a d e assistência à s a ú d e m e n t a l a t u -
a l . R e f o r m a r e/ou t r a n s f o r m a r o s i s t e m a s u s c i t a m p o s i ç õ e s , e s t r a t é g i a s
e táticas d i f e r e n c i a d a s , a m b í g u a s e às v e z e s contraditórias d e n t r o d o
movimento.
D e v e m o s e n t e n d e r q u e os m o v i m e n t o s sociais n o g e r a l não são

monolíticos, m a s p r o c e s s o s a b e r t o s , s u j e i t o s a contradições i n t e r n a s e p a u -
t a d o s p o r u m a composição h e t e r o g é n e a . Se, p o r u m l a d o , os m o v i m e n t o s
a r t i c u l a m - s e e m função d e reivindicações c o l e t i v a s e a p r e s e n t a m u m a
homogeneidade r e l a c i o n a d a as carências c o m u n s d e s e u s m e m b r o s , p o r
o u t r o , essa i g u a l d a d e e n c o b r e a h e t e r o g e n e i d a d e dos bens, das capacida-
des, d o t i p o d e t r a b a l h o o u d o s r e c u r s o s c u l t u r a i s q u e e s t e s p o s s u e m .
N o m o v i m e n t o a n t i m a n i c o m i a l , as c o n d i ç õ e s d e v i d a , as histórias
pessoais, os o b j e t i v o s p e r s e g u i d o s e e s t r a t é g i a s p a r a a t i n g i - l o s são h e t e -
rogéneos e d e s e n c a d e i a m conflitos, expressos p o r posições e p r o p o s i -
ções d i f e r e n c i a d a s . Se a o b t e n ç ã o d e c o n d i ç õ e s m a i s h u m a n a s d e t r a t a -
m e n t o aos p o r t a d o r e s d e t r a n s t o r n o s m e n t a i s e a abolição d o s l i m i t e s d a
exclusão são o b j e t i v o s c o m u n s a t o d o s , a aspiração p o r m u d a n ç a s a d q u i -
re contornos diferenciados.
A l é m d i s s o , a c o n v i v ê n c i a e n t r e t r a b a l h a d o r e s e usuários/fami-
l i a r e s n o â m b i t o d o m o v i m e n t o se m o s t r a a m b í g u a . M u i t a s v e z e s a t u a l i -
z a m - s e as relações assimétricas e d e d e p e n d ê n c i a , t a l c o m o a c o n t e c e
n a s instituições d e saúde e n t r e t e r a p e u t a e p a c i e n t e , s e n d o p r e d o m i -
n a n t e a posição d o s t r a b a l h a d o r e s e m relação à f o r m a d e o r g a n i z a ç ã o d o
movimento.
P o d e m o s d i z e r q u e , a p e s a r d o s avanços n o s m o d e l o s d e a t e n ç ã o
e m saúde m e n t a l , i n f l u e n c i a d o s p r i n c i p a l m e n t e p e l a o r g a n i z a ç ã o d o
M o v i m e n t o d e L u t a A n t i m a n i c o m i a l , as dúvidas e os c o n f l i t o s , q u e se
60
e x p r e s s a m n o c a m p o d a s r e l a ç õ e s i n t e r s u b j e t i v a s , são a c e n t u a d o s p e -
los próprios princípios a n t i m a n i c o m i a i s e p e l a s s u a s f o r m u l a ç õ e s t e ó -
ricas q u e a i n d a não estão s u f i c i e n t e m e n t e e l a b o r a d a s .
A substituição d e práticas e a superação d a s r e l a ç õ e s m a n i c o m i a i s

apresentam-se como u m a tarefa e x t r e m a m e n t e complexa. Tarefa esta
q u e c a r r e g a c o n s i g o contradições i n e r e n t e s ao s i s t e m a social d a q u a l
advém. D e v e m o s c o n s i d e r a r essa c o m p l e x i d a d e , e n t e n d e n d o também
q u e o d i s c u r s o s o b r e a l o u c u r a , e as f o r m a s d e " i n t e r v e n ç ã o " s o b r e e l a , é
e m b l e m á t i c o d a s c o n t r a d i ç õ e s i n e r e n t e s à constituição d a p s i q u i a t r i a ,
d o s princípios a n t i m a n i c o m i a i s e d a p r ó p r i a e s t r u t u r a s o c i a l . C a r r e g a -
m o s essas c o n t r a d i ç õ e s q u e se m a n i f e s t a m n a s r e l a ç õ e s e n t r e as p e s -
soas, v i s i v e l m e n t e m a r c a d a s p e l a a n g ú s t i a .
A a t i v i d a d e c r i a t i v a , r e l a c i o n a d a a p r o c e s s o s d e ressignificação,
diz respeito a d i s p o n i b i l i d a d e p a r a e n f r e n t a r e s u p e r a r conflitos a d v i n d o s
das contradições do m o d e l o e impasses instalados nas relações
i n t e r s u b j e t i v a s . O espírito d o n o v o , a aplicação, a d e s c o b e r t a , a i n v e n ç ã o
como p r o d u t o do trabalho e m equipe i m p l i c a m u m a plasticidade na c o n -
vivência g r u p a i , condição p a r a s u p e r a ç ã o d e r e l a ç õ e s c r i s t a l i z a d a s , e s t e -
reotipadas e burocratizadas.
Sobre a possibilidade de avanço n a construção de práticas

a n t i m a n i c o m i a i s é necessários e n f a t i z a r a importância d o t r a b a l h o c o l e -
t i v o , n o q u a l às dúvidas, aos i m p a s s e s , aos c o n f l i t o s , às c o n t r a d i ç õ e s , à
constituição d e estratégias p o s s a m , ser a c r e s c e n t a d a s a " p r o b l e m a t i z a ç ã o "
e o a t o d e i n t e r r o g a r . I n c l u i r esse m é t o d o n a c o n s t r u ç ã o d e n o s s a u t o p i a
t o r n a - s e u m g r a n d e d e s a f i o , j á q u e o i n d a g a r s o b r e princípios funda-
m e n t a i s q u e o r i e n t a m práticas e ações políticas p o d e r e p r e s e n t a r a e m e r -
gência d e n o v o s p r o b l e m a s a s e r e m s u p e r a d o s .
Nesse s e n t i d o d e v e m o s t e r a c o r a g e m de f o r m u l a r a l g u m a s q u e s -
tões:
61
Q u a i s as diferenças são p a s s í v e i s d e c o n v i v ê n c i a e d e p o s s i b i l i d a -
d e d e construção d o n o v o ?
A n e c e s s i d a d e d e m e l h o r d e l i m i t a r o q u e v e m a s e r a diferença,
o q u e s i g n i f i c a essa c o n v i v ê n c i a e q u a i s os s e n t i d o s p o s s í v e i s n e l a e m -
b u t i d o s se i m p õ e m c o m o t a r e f a .
Que entendemos por exclusão?
Esta que buscamos superar na construção de práticas

a n t i m a n i c o m i a i s e s t a b e l e c e - s e a p a r t i r d e c o n d i ç õ e s históricas e s o c i a l -
m e n t e d e t e r m i n a d a s , m a s se r e p r o d u z , c r i s t a l i z a - s e e r e a l i m e n t a a
ideologia da n o r m a l i d a d e n o âmbito das relações i n t e r p e s s o a i s . A c i r c u -
lação s o c i a l d e ideias q u e j u s t i f i c a m a exclusão é d e t e r m i n a n t e n a c o n s -
tituição d a s u b j e t i v i d a d e e i m p r i m e n a r e l a ç ã o c o m o o u t r o , o m e d o d o
diferente, da loucura.
Surgirão posições antagónicas e a q u e l a s passíveis de serem

r e s s i g n i f i c a d a s n o c o l e t i v o . Q u a n d o as p o s i ç õ e s a n t a g ó n i c a s , a s s u m i d a s
d e l i b e r a d a m e n t e , são c o n s o l i d a d a s , a cisão d o g r u p o t o r n a - s e i n e v i t á v e l
e as p a r t e s c o m p o s i ç õ e s o p o s t a s se e x c l u e m p a r a a r e a l i z a ç ã o d e t a r e f a s
d i f e r e n t e s . T a l cisão, n e s s e m o m e n t o , r e p r e s e n t a u m a saída p a r a l e v a r
a d i a n t e os o b j e t i v o s d e c a d a u m d e s s e s s u b g r u p o s .
Se " e l i m i n a r d i f e r e n ç a s " n ã o s e i n c l u i e n t r e o s princípios

a n t i m a n i c o m i a i s e, se s u p e r a r m e c a n i s m o s d e e x c l u s ã o e c o n s o l i d a r a
convivência d a diferença i n c l u e m - s e e n t r e s e u s i d e a i s , há a e x i g ê n c i a d e
explicação s o b r e essas q u e s t õ e s .
I n d a g a r sobre o sentido d e " e x c l u i r a exclusão" (como m e c a n i s m o

i n t r a e i n t e r s u b j e t i v o ) d a convivência s o c i a l d o s d i f e r e n t e s é u m a questão
a ser d i s c u t i d a , r e f l e t i d a , d e c i f r a d a , d e l i m i t a d a , r e s s i g n i f i c a d a e s u p e r a d a
como tantas outras emergentes na complexa tarefa que nos é imposta.
62
É imperiosa a necessidade de r e c r i a r m o s l u g a r e s e estratégias,

relações e papéis. P e n s a r u m n o v o s u j e i t o r e q u e r p e n s a r u m n o v o E s t a -
do, q u e r e c o n h e ç a os " d e s c o n t e n t e s d a c i v i l i z a ç ã o " , q u e p r o m o v a a t o l e -
rância e m q u e o o u t r o d e i x e d e s e r a p e n a s o n o s s o l i m i t e e x t e r n o , p o i s o
o u t r o p o d e não s e r o q u e n o s l i m i t a , m a s o q u e n o s p l u r a l i z a .
Pensar n a p r o d u ç ã o d e s e n t i d o , n o s r e m e t e a p e n s a r n a c o n s t r u -
ção d e u m n o v o s u j e i t o d e s e n t i d o , e m n o v o s s e n t i d o s n a v i d a d o s s u j e i -
t o s e m q u e c o m o n o s a p o n t a m Olgária M a t o s :
"Viver é mais do que sobreviver. Limitados à sobrevivência des-

fazem-se máximas morais. K a n t escreveu: 'todas as coisas que podem
ser comparadas podem ser trocadas e têm u m preço; aquelas que não
podem ser comparadas não podem ser trocadas não têm preço mas
dignidade.' O mercado, ao contrário, só reconhece os custos: quanto
custa u m idoso, u m "sofredor m e n t a l " , u m a criança. T a l redução
do humano ao quanto custa só pode ocorrer no empobrecimento e s p i -
ritual das democracias, cujo vazio passa a ser preenchido pelos valores
da hierarquia competitiva da burocracia empresarial, de maneira que "o
dirigente deseja ser reconhecido como u m ganhador e cujo maior medo é
ser etiquetado como perdedor'. Não t e m nenhuma lealdade para aqueles
com quem trabalha. É competitivo, como o mercado e, como este, exclui
aquele que não gere o lucro a qualquer preço. No século V I , L a Boétie
escrevia: "não pode haver amizade onde há desconfiança, deslealdade,
injustiça. Entre os maus, quando se reúnem, é u m complô e não compa-
nhia. Eles não se entretém, entre-temem-se. Não são amigos mas cúm-
plices" (in " F i m de Século: ainda manicômios?" — IPUSP, 1999).
E necessário, f i n a l m e n t e , r e a f i r m a r a i m p o r t â n c i a d a inclusão d o
m é t o d o d e i n t e r r o g a r , q u e s t i o n a r a naturalização d o p o d e r d o " u r u b u " ,
i n c o m o d a r - s e c o m a reação de nossas vísceras, c o m a alteração dos
b a t i m e n t o s d o n o s s o c o r a ç ã o . I n t e r r o g a r p e r m i t e q u e os n o v o s c o n h e c i -
m e n t o s ( o u r e s p o s t a s provisórias d a d a s c o l e t i v a m e n t e ) e s t e j a m e m c o n -
63
tínua construção, p o d e n d o a s s i m i m p e d i r s u a cristalização e, d e s s e m o d o ,

a instauração d e n o v a s v e r d a d e s r e p r o d u t i v a s d a s m e s m a s estruturas
q u e t e m o s buscado t r a n s f o r m a r . A f i n a l , não é s u b s t i t u i n d o " u r u b u s " p o r
"coloridos pavões" q u e iremos deixar de reproduzir a m a r r a s à criatividade,
à s i n g u l a r i d a d e e à contradição.
Tese e l a b o r a d a p a r a o E n c o n t r o N a c i o n a l d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l
- Alagoas/1999:
Associação SOS Saúde Mental de São Paulo
A s s o c i a ç ã o A n i m a - SP
N ú c l e o d e I n v e s t i g a ç ã o e m S a ú d e M e n t a l d o IS/SP
S i n d i c a t o d o s P s i c ó l o g o s d o E s t a d o d e São P a u l o
T r a b a l h a d o r e s d e S a ú d e M e n t a l d e São P a u l o
Familiares, usuários e/ou profissionais ligados a diversas Asso-

ciações e Organizações: (Coral Cénico de Saúde Mental Cidadãos Can-
tantes, Franco Basaglia, Pinel, Cooperativa de Trabalho "Livraria Espaço
Vôo Livros").
64
O IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da Luta A n t i m a n i c o m i a l ,

realizado n o período de 22 a 2 6 de s e t e m b r o de 1 9 9 9 , e m Paripueira/AL,
m a n i f e s t a a p o i o à i n i c i a t i v a d o s usuários e d o s f a m i l i a r e s d o H o s p i t a l
G e r a l d e Januís/RN e m c o n s t r u i r u m m o n u m e n t o p e l a n ã o v i o l ê n c i a n o
Sertão N o r d e s t i n o .
M o ç ã o d e A p o i o a i n i c i a t i v a d o s usuários e f a m i l i a r e s d o H o s p i t a l
G e r a l d e Januís/RN e m CONSTRUIR UM MONUMENTO PELA NÃO -
VIOLÊNCIA NO SERTÃO NORDESTINO.
Resp.: Epitácio d e A n d r a d e F i l h o
Destinatários: P r e f e i t o M u n i c i p a l d e Junduís
Presidente d a Câmara de V e r e a d o r
Autolatina
D i r e t o r a d o H o s p i t a l G e r a l d e Janduís
Governo do Estado do Rio G r a n d e do N o r t e
A s s e m b l e i a Legislativa do Rio G r a n d e do N o r t e
Nós, i n t e g r a n t e s d o M o v i m e n t o d a L u t a A n t i m a n i c o m i a l , r e u n i -
dos n o I V E n c o n t r o n o período d e 2 2 à 2 6 de s e t e m b r o d e 1 9 9 9 , e m
Paripueira/AL, expressamos nosso apoio à c a r t a de Maceió, f o r m u l a d a
p e l o s usuários, f a m i l i a r e s e técnicos d o P r o g r a m a M u n i c i p a l d e S a ú d e
M e n t a l e d e m a i s setores da SMS d e Maceió, A L , c o m o f o r m a e f e t i v a d e
65
participação d a c o m u n i d a d e n a c o n s t r u ç ã o d a Política d e S a ú d e M e n t a l
d o Município e d o E s t a d o .
CARTA D E MACEIÓ
Os usuários, f a m i l i a r e s e t r a b a l h a d o r e s d o P r o g r a m a M u n i c i p a l
d e Saúde M e n t a l e d e m a i s s e t o r e s d a S. M . S. d e M a c e i ó e r e p r e s e n t a n -
t e s d o s municípios q u e j á d e s e n v o l v e m o u se p r e p a r a m p a r a r e a l i z a r
ações n o c a m p o d a Saúde M e n t a l , r e u n i d o s e m M a c e i ó , A L , n o d i a 2 0 d e
agosto de 1 9 9 9 , n o CAPS " E n f . N o r a c i Pedrosa" t r a n s f o r m a r a m o e v e n t o
e m f a t o histórico p a r a a l u t a a n t i m a n i c o m i a l e m M a c e i ó .
A discussão da Lei M u n i c i p a l n.° 7.654/98 que rege a

operacionalização d a R e f o r m a Psiquiátrica e m M a c e i ó s e r v i u d e f u n d a -
m e n t o p a r a o r e c o n h e c i m e n t o d o Projeto de Descentralização dos S e r v i -
ços d e Saúde M e n t a l e l a b o r a d o p e l a c o o r d e n a ç ã o d o P r o g r a m a M u n i c i p a l
d e Saúde M e n t a l e a p r e s e n t a d o ao C o n s e l h o M u n i c i p a l d e S a ú d e c o m o
política a s e r a d o t a d o p e l o g e s t o r (SUS/Maceió). B a s e a d a n o s princípios
doutrinários e o r g a n i z a t i v o s d o SUS essa postulação e x i g e a criação e
implantação d e serviços s u b s t i t u t i v o s à hospitalização psiquiátrica, g a -
r a n t i n d o à população:
a) A T E N Ç Ã O P S I Q U I Á T R I C A
b) A T E N Ç Ã O P S I C O S S O C I A L
c) A T E N Ç Ã O S O C I O P S Í Q U I C A
A r e f o r m a Psiquiátrica, c o m o m e d i d a estratégica, d e v e g a r a n t i r a
promoção, p r e v e n ç ã o e recuperação d o s p o r t a d o r e s d e t r a n s t o r n o s m e n -
tais, a s s e g u r a n d o - l h e s d e s s a f o r m a a presença d o s n o v o s serviços e m t o -
66
d o s os D i s t r i t o s Sanitários, e m c o n f o r m i d a d e c o m a L e i Orgânica d a Saú-

de n.° 8 . 0 8 0 / 9 0 , a s s e g u r a n d o a u n i v e r s a l i d a d e , a e q u i d a d e e a i n t e g r a l i d a d e
de suas ações c o m o p a r t e d o c o m p r o m i s s o c o m a população p a r a t r a n s i -
ção e consolidação d o p r o c e s s o d e desospitalização psiquiátrica.
N e s t e e v e n t o t o r n a - s e possível, p e l a p r i m e i r a v e z , a participação
efetiva d a c o m u n i d a d e n a construção d a R e d e M u n i c i p a l de Serviços d a
Saúde M e n t a l v o l t a d a p a r a o e x e r c í c i o d o s d i r e i t o s d e c i d a d a n i a , o q u e
t r a d u z s u a p r e o c u p a ç ã o e e x p e c t a t i v a a c e r c a d a política a d o t a d a p a r a o
setor, p e l o município. C o m a p r o x i m i d a d e d o I V E N C O N T R O N A C I O N A L
D A LUTA A N T I M A N I C O M I A L , e m Paripueira, A L , e m s e t e m b r o próximo,
os p a r t i c i p a n t e s c o m p r e e n d e r a m s e r n e c e s s á r i a a c o n s t r u ç ã o d e s t a c a r t a
cujo conteúdo i n t e r e s s a e p e r t e n c e a t o d o s .
A s diretrizes propostas são:
1 - ATENÇÃO PSQUIÁTRICA:
• G a r a n t i a de medicação nos CAPS e CAPSI;
• Garantir pelo menos u m NAPS 24 horas, c o m acompa-

nhamento integral do usuário por uma equipe
m u l t i p r o f i s s i o n a l d u r a n t e as c r i s e s ;
• F a z e r p a r c e r i a c o m a e q u i p e d a Saúde d a Família, ofere-

c e n d o a t e n ç ã o psiquiátrica e m s e u s s e r v i ç o s ;
• P r o m o v e r u m a a t e n ç ã o psiquiátrica m a i s m o d e r n a , a t u a -
l i z a d a e feliz, p r i v i l e g i a n d o - s e a e s c u t a e participação
do usuário, dos familiares e de toda equipe na
d e s c e n t r a l i z a ç ã o d a s d e c i s õ e s n a saúde m e n t a l ;
• G a r a n t i r o f u n c i o n a m e n t o c o n s t a n t e dos CAPS, nos f i -

nais de semana e feriados;.
• G a r a n t i r l e i t o s psiquiátricos n o H o s p i t a l Universitário, e m
t o d o s os M i n i P r o n t o S o c o r r o s e n o H o s p i t a l d e P r o n t o S o -
corro Dr. A r m a n d o Lages;
67
• I m p l a n t a r NAPS 24 horas c o m emergência no Jacintinho,

B. B e n t e s , T a b u l e i r o , B e b e d o u r o , Chá d a J a q u e i r a , S t o
E d u a r d o (Poço).
2 - ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
• Evitar o uso exagerado de medicação s u b s t i t u i n d o - a pela

ação, atenção, c u i d a d o , r e s p e i t o e a f e t o n o a c o l h i m e n t o
do p o r t a d o r de t r a n s t o r n o m e n t a l ;
• D e s v i n c u l a r o C A P S Casa V e r d e d o H o s p i t a l Psiquiátrico
P o r t u g a l R a m a l h o , e x i g i n d o s e u c r e d e n c i a m e n t o n o SUS
c o m o serviço s u b s t i t u t i v o a u t ó n o m o , i n d e p e n d e n t e d a r e d e
hospitalar;
• C r i a r CAP, C A P S I e C e n t r o s d e C o n v i v ê n c i a n o s b a i r r o s d e
população, g a r a n t i n d o s e u s s e r v i ç o s e m t o d o s os D i s t r i t o s
Sanitários;
• Fazer p a r c e r i a c o m a r e d e d e e n s i n o s u p e r i o r d e A l a g o a s ,
g a r a n t i n d o a utilização d o s s e r v i ç o s s u b s t i t u t i v o s : l e i t o s
psiquiátricos e m h o s p i t a l g e r a l , N A P S ( 2 4 h o r a s ) , C A P S
(12 horas) e C e n t r o s de Convivência c o m o c a m p o d e es-
t á g i o p a r a f o r m a ç ã o d o s a l u n o s e atualização p r o f i s s i o -
nal de seus professores.
3 - ATENÇÃO SOCIOPSÍQUICA
• D e f i n i r u m a política d e p a r c e r i a c o m os ó r g ã o s governa-
mentais, ONGs, m o v i m e n t o s sociais e p o p u l a r e s afins.
A p r o v e i t a r os e q u i p a m e n t o s s o c i a i s e e s p a ç o s d e s o c u p a -
dos n a c o m u n i d a d e , p a r a t o r n a r visível n a sociedade as
questões d a saúde m e n t a l , e v i d e n c i a n d o e d i s c u t i n d o o
preconceito;
• D i v u l g a r os t r a b a l h o s d a A S S U M A n o I N S S - U F A L -
Ciências M é d i c a s - S e c r e t a r i a d e S a ú d e d o E s t a d o e M u n i -
68
cípio — S e c r e t a r i a d e C o m u n i c a ç ã o d o E s t a d o e I n t e r i o r ,
a s s i m c o m o d i v u l g a r s u a s a ç õ e s n o M i n i s t é r i o d a Saúde,
S e c r e t a r i a d a Justiça, S e c e t a r i a s M u n i c i p a i s , Ministério P ú -
blico, A M A , Transpal;
G a r a n t i r q u e a a l i m e n t a ç ã o d o s usuários seja f e i t a n o m e s -
m o local o n d e esteja sento t r a t a d o p r o p o r c i o n a n d o - s e para
i s s o a existência d e c o z i n h a e m e r e n d e i r a s n o s C A P S ;
G a r a n t i r o lazer, a o c u p a ç ã o e a a t e n ç ã o a o s usuários p o r
m e i o d a música, dança, j o g o s , e x e r c í c i o s físicos, t r a b a l h o
c o m o c o r p o e a t i v i d a d e s d a v i d a diária ( b o l a , rádio, m á -
q u i n a de costura, etc), d e n t r o e fora d o CAPS;
O f e r e c e r e s p a ç o físico p a r a r e a l i z a ç ã o d e o f i c i n a s e j o -
gos, g a r a n t i n d o t e r a p i a o c u p a c i o n a l c o n s t a n t e e c u r s o s
d e c a p a c i t a ç ã o p r o f i s s i o n a l p a r a os usuários melhorados
por m e i o de convénios, q u e p e r m i t a m a geração de e m -
pregos;
G a r a n t i r os m a t e r i a i s necessários p a r a realização d a s a t i v i -
d a d e s terapêuticas, p e d a g ó g i c a s , p r o f i s s i o n a i s , d e lazer, e t c ;
I n c e n t i v a r a criação d e c o o p e r a t i v a p a r a v e n d a d o s t r a b a -
l h o s r e a l i z a d o s p e l o s usuários;
V i a b i l i z a r o a c e s s o à E s c o l a Pública d e q u a l i d a d e e q u e
t r a b a l h e c o m as e s p e c i f i c i d a d e s / p r o b l e m a s de pessoas p o r -
tadoras de trasntornos mentais;
Condições de a l o j a m e n t o o u m o r a d i a p a r a usuários q u e
perderam temporariamente o u d e f i n i t i v a m e n t e ,seu v í n -
c u l o c o m a família;
D i v u l g a r os s e r v i ç o s p o r rádio, t e l e v i s ã o , j o r n a i s , etc... e
n a r e d e d e saúde d o município, c r i a n d o n o s C A P S u m a
c e n t r a l d e rádio, t e l e v i s ã o - i n t e r c o m u n i c a t i v a ;
69
• G a r a n t i r a existência d e C e n t r o s d e C o n v i v ê n c i a n o Jaraguá
e Bebedouro;
• D e f i n i r a inclusão d o s e d u c a d o r e s d e saúde m e n t a l n a r e d e
d e serviços, p a r a o a t e n d i m e n t o d o m i c i l i a r d a s c r i s e s e
intensificação d a s v i s i t a s d o m i c i l i a r e s ;
4 - ATENÇÃO A O USUÁRIO
• G a r a n t i r a presença d e t r a n s p o r t e s nos CAPS p a r a t o d o o

a t e n d i m e n t o q u e for preciso aos p o r t a d o r e s de t r a n s t o r -
n o s m e n t a i s : b u s c a a t i v a d o s usuários e m c r i s e , c o n s u l t a e
v i s i t a d o m i c i l i a r , m e d i c a ç ã o e m casa, a c e s s o d o acompa-
n h a n t e n a l o c o m o ç ã o d o usuário, lazer, e t c .
• C o i b i r a atuação i s o l a d a d a s polícias n o a t e n d i m e n t o d o s
portadores de t r a n s t o r n o m e n t a l , condicionando-a à p r e -
sença d e u m t é c n i c o d a r e d e d e s e r v i ç o s ;
• Garantir a comunicação ao Ministério Público dos

i n t e r n a m e n t o s c o m p u l s ó r i o s psiquiátricos h o s p i t a l a r e s ;
• A m p l i a r a r e d e de serviços s u b s t i t u t i v o s n o s municípios,
p e r m i t i n d o a absorção p r o g r e s s i v a d o s usuários d o s h o s -
p i t a i s psiquiátricos p o r s u a s a ç õ e s ;
• Fornecer a o usuário u m a c a r t e i r i n h a i d e n t i f i c a n d o onde

e l e está f a z e n d o t r a t a m e n t o p a r a e v i t a r o i n t e r n a m e n t o
indesejado; g a r a n t i r instalações s i m p l e s , confortáveis e
a d e g u a d a s aos usuários;
5 - ATENÇÃO À EQUIPE
• G a r a n t i r o m e l h o r a p r o v e i t a m e n t o possível d o s t r a b a l h a -
d o r e s d a r e d e , o f e r e c e n d o capacitação e r e c i c l a g e m aos
técnicos p a r a u m a t e n d i m e n t o d e m e l h o r q u a l i d a d e d o s
usuários;
70
• G a r a n t i a d e a s s e s s o r i a e supervisão continuadas;
• I n v e s t i r n a capacitação d o p r o f i s s i o n a l p a r a m e l h o r i a d o
diagnóstico, a p r o x i m a n d o o m á x i m o possível a hipótese
diagnostica do quadro real;
• Ampliar e garantir u m a equipe multidisciplinar descen-

t r a l i z a d a n a r e d e d e serviços;
• G a r a n t i r r e m u n e r a ç ã o c o m p a t í v e l c o m as funções d e s e m -
penhadas n o s serviços de a t e n d i m e n t o d e crise e e m e r -
g ê n c i a s psiquiátricas;
• N ã o o l h a r só o l a d o d o usuário m a s t a m b é m d o s t é c n i c o s
nas questões salariais;
• G a r a n t i r os r e c u r s o s p a r a i n c e n t i v o e gratificação s a l a r i a l
equivalente aos p r a t i c a d o s n o s h o s p i t a i s psiquiátricos d a
r e d e pública;
• G a r a n t i r c o n d i ç õ e s p a r a q u e técnicos e usuários p a r t i c i -
p e m ativamente de encontros e palestras.
6 - ATENÇÃO À FAMÍLIA
• Garantir u m a equipe m u l t i d i s c i p l i n a r de profissionais ca-

pacitados para fazer v i s i t a domiciliar, p e r m i t i n d o melho-
r a r a situação e m casa, d a n d o o a p o i o n e c e s s á r i o i n c l u s i v e
nos finais de semana;
• E s t i m u l a r a participação d o s f a m i l i a r e s n o atendimento
d o s usuários, s o l i c i t a n d o q u e se r e s p o n s a b i l i z e m p o r e l e s ,
f a c i l i t a n d o u m a relação d e confiança e aceitação m ú t u a s .
7 - ATENÇÃO INFANTO JUVENIL
• G a r a n t i r l o c a l próprio p a r a instalação d o s C A P S I , c o m m a -
teriais e recursos h u m a n o s específicos (psicológicos i n -
71
fantis, assistentes sociais, fonoaudiológo, n e u r o p e d i a t r i a ,

psiquiatria infantil, terapeuta ocupacional, psicopedagogo);
• G a r a n t i r o a t e n d i m e n t o e s c o l a r d a s crianças c o m t r a n s -
t o r n o s m e n t a i s n a r e d e pública d e e d u c a ç ã o c o m u m o u
especial, s e m p r e q u e necessário;
8 - ATENÇÃO GERIÁTRICA
• I m p l a n t a r u m C A P S Geriátrico q u e g a r a n t a a p e r m a n ê n -
c i a , d i a , o u m e i o d i a aos n o s s o s i d o s o s .
MACEIÓ, 2 0 D E A G O S T O D E 1 9 9 9 .
Patrocínio
Conselho
^ CRP06 Federal de
Medicina
Federal de
Psicologia
Realização
Secretaria Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial:

Núcleo Estadual de Saúde Mental de Alagoas
Apoio
Ministério da Saúde / Corpo de Bombeiros de Alagoas

Polícia Municipal de Alagoas / CRP 04 / CRP 15
SunNet - Provedor de Internet
Secretaria Municipal de Saúde de Maceió:
Programa Municipal de Saúde Mental
Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas: SesauUnipsico-AL

Iv Encontro Nacional Do Movimento Da Luta Antimanicomial

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IV Encontro Nacional do Movimento da Luta Àntimanicomia

"NOVAS FORMAS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO"

22 a 26 de Setembro de 1999 Paripueira/AI

O r g a n i z a ç ã o : NESMAL - Núcleo Estadual de Saúde M e n t a l de Alagoas

COOPERATIVAS SOCIAIS: RECONSTRUINDO

DECISÕES D A PLENÁRIA F I N A L DE PARIPUEIRA/AL 31

DECISÕES D A PLENÁRIA N A C I O N A L D O RIO D E JANEIRO 32

DECISÕES D A PLENÁRIA FINAL D E PARIPUEIRA/AL 36

DECISÕES D A PLENÁRIA N A C I O N A L D O RIO D E JANEIRO 42

IV ENCONTRO NACIONAL DO MOVIMENTO

"NOVAS F O R M A S D E PRODUÇÃO D E S E N T I D O "

O M o v i m e n t o da L u t a A n t i m a n i c o m i a l , por m e i o de sua Secreta-

Participaram do I V Encontro Nacional delegados de 16 Estados

d o N o r t e , Paraíba, P e r n a m b u c o , A l a g o a s , Sergipe, Bahia), Sudeste ( M i -

E s t e relatório se s o m a aos o u t r o s três E n c o n t r o s N a c i o n a i s a n t e -

A Secretaria Executiva Nacional, gestão 2 0 0 0 / 2 0 0 1 , espera

RELATÓRIO DOS GRUPOS TEMÁTICOS

• Casa c o m o espaço e s s e n c i a l d a existência d o s u j e i t o ;

Um projeto de moradia deve assegurar:

5 - Deve haver transformação das A I H s (Autorizações de

m e n t o dos serviços residenciais terapêuticos e d e m a i s ser-

6 - A s m o r a d i a s , serviços r e s i d e n c i a i s terapêuticos, d e v e m ser

8 — O serviço r e s i d e n c i a l t e m d e ser p r o m o t o r d e c i d a d a n i a e ser

9 - 0 serviço r e s i d e n c i a l terapêutico d e v e ser u m l u g a r onde

1 6 - D e v e m s e r c r i a d o s serviços c o m instalações e abordagens

17 - D e v e - s e g a r a n t i r a autogestão dos lares pelos moradores;

1 9 - C r i a ç ã o d e serviços r e s i d e n c i a i s d e vários t i p o s , adequados

20 — Os lares d e v e m ser construídos e n q u a n t o r e d e i n t e g r a d a ;

24 - No processo de f i n a n c i a m e n t o , de destinação dos r e c u r s o s

2 - Estabelecer parcerias e n t r e Organizações Não-Governamen-

3 - Revalorizar r e c u r s o s " a d o r m e c i d o s " , passíveis de serem

6 - Proporcionar a formação p r o f i s s i o n a l dos cooperativados;

8 - Realizar u m E n c o n t r o N a c i o n a l específico sobre o t e m a .

fundamentá-los c o m vistas à elaboração d e legislações es-

do t e m a das Cooperativas Sociais;

1 3 - C r i a r Cooperativas Sociais p o r m e i o d a i s q u a i s usuários

tal c o m invalidez para o trabalho;

vistas a desenvolver suas habilidades, p e r m i t i n d o - l h e s u m a

ciais, deverá haver u m c o n t r o l e social das m e s m a s p o r m e i o

d a criação d e c o m i s s õ e s d e ética. A o n í v e l d o s municípios

rativas Sociais e Secretaria de A ç ã o Social, Sebrae e t c ;

dos encargos sociais n a contratação de r e c u r s o s huma-

A exposição do professor Elias Jorge nos alertou para as seguin-

8 - Até 30/06/99 f o r a m gastos c o m EFU R$ 3 2 , 2 bilhões

9 - Fica e v i d e n t e gue não se p o d e tratar da questão do

1 1 - Sabemos que somente o M o v i m e n t o pode conseguir esta i n -

Contribuições de Minas Gerais ao I V Encontro Nacional:

13 - D e s d e s u a introdução n a Constituição F e d e r a l e m 1 9 8 8 até

1 4 — A Saúde M e n t a l não escapa a esses efeitos. A o contrário, e m

e) I n c e n t i v a r a participação dos Núcleos da Luta

f) P r o p o r audiência do M o v i m e n t o Nacional da Luta

Durante o IV Encontro Nacional do M o v i m e n t o da Luta

2 - Carta a ser endereçada ao C o n s e l h o N a c i o n a l de Saúde r e -

3 - A Secretaria Executiva Nacional deverá d i v u l g a r u m guia c o m

4 - Foi feito o i n d i c a t i v o de q u e n o s Núcleos Estaduais, de m o d o

Propostas aprovadas sobre o V I E n c o n t r o N a c i o n a l de E n t i d a d e s

1 — Deverá ser realizado e m Salvador/BA, e n t r e a g o s t o e s e t e m -

3 - Deverá oferecer e n t r e 1 5 0 e 2 0 0 vagas a s e r e m destinadas a

5 - Deverá aceitar o f a m i l i a r do M o v i m e n t o independentemen-

6 - Deverá tratar dos s u b t e m a s :

6.5 - Usuários (criança, a d o l e s c e n t e e i d o s o ) ;

6.15 - Adequação das n o m e n c l a t u r a s : ex-paciente,

7 - Estes t e m a s d e v e r ã o s e r s u b m e t i d o s à discussão n o s núcleos