Denise Gassenferth
E VARIAÇÃO
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Estudos
Linguísticos
~
e Variacao
Denise Gassenferth
Curitiba
2015
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Luzia Almeida
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem da capa Shutterstock.com/Franck Boston
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Apresentação
Todos os dias fazemos isso, mas nem nos damos conta de todos os ele-
mentos e implicações que entram em questão, na hora de nos comunicarmos.
Mas, alguns estudiosos, conhecidos por linguistas, se deram conta disso
e fizeram da linguagem humana, escrita e falada, seu objeto de estudo.
O estudioso, considerado o “pai” da Linguística, foi o suíço Ferdinand
de Saussure (1857-1913). Saussure é conhecido no mundo todo por suas pes-
quisas sobre a linguagem humana. Ele analisou diversas línguas, comparou-as
entre si. Analisou também o modo como elas se transformam com o passar
do tempo, as interferências dos falantes e das situações sociais.
Seu livro Curso de linguística geral (CLG), publicado postumamente, em
1916, é resultado de uma compilação dos três cursos que ministrou durante
cinco anos, feita por Charles Bally (1865-1947) e Albert Sechehaye (1870-
1946), a partir das anotações dos seus alunos, principalmente Albert Riedlin-
ger (1883-1978).
Apesar de seus estudos e da publicação de sua obra fazerem de Saussure,
o “pai” da Linguística, o próprio Saussure atribuiu a fundação da Linguística
à primeira obra do alemão Franz Bopp (1791-1867), Gramática comparada
das línguas indo-europeias: O sistema de conjugação do sânscrito comparado
aos das línguas grega, latina, persa e germânica (1816).
Todavia, é Ferdinand Saussure que traz a ideia da linguagem humana
como produto de uma coletividade e que se modifica como se modificam os
seres humanos.
Em sua obra, Saussure parte das definições de signo, significante e sig-
nificado. Ele define que a linguagem é um sistema de signos linguísticos, um
sistema de convenções. Porém, o signo é arbitrário, é a união de uma forma
significante (imagem acústica) e uma forma significada (conceito, a parte
inteligível do signo). Não há relação lógica entre uma determinada palavra e
o que ela representa.
Para Saussure, “Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a
única razão de ser do segundo é representar o primeiro. ” (CLG, 2005, p. 34).
Dessa forma, Saussure fundamenta a Linguística como um estudo
imprescindível da formação e evolução da linguagem humana, é preciso
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Apresentação
partir, então de suas conclusões para depois conhecer outros linguistas que
também contribuíram para que essa disciplina seja tão importante nos nos-
sos dias.
Contudo, nosso livro de Estudos Linguísticos e Variação não tratará
apenas de Saussure.
No primeiro capítulo, faremos uma introdução aos assuntos a serem
estudados nesse livro, com apresentação do que é a Ciência Linguística, com
exposição de um breve histórico e qual seu objeto de estudo.
Já no segundo capítulo, veremos os processos que são envolvidos na
Comunicação: linguagem, língua e fala.
No terceiro capítulo, trataremos da Teoria do Signo Linguístico e estu-
daremos também algumas das dicotomias apresentadas por Saussure, como
Sincronia e Diacronia, e Paradigma versus Sintagma.
No quarto capítulo, veremos o Discurso e estudaremos um preâmbulo
da Análise do Discurso.
Em seguida, no quinto capítulo, focaremos em algumas das Divisões da
Linguística, como Fonética e Fonologia, Morfologia e Sintaxe, Semântica e
Pragmática.
A Sociolinguística e a Variação Linguística serão vistas nos capítulos seis
e sete, pois os tipos de variação, além do conceito de “norma” e “erro linguís-
tico” merecem um estudo um pouco mais detalhado.
Durante o percorrer de seus estudos acadêmicos, vários dos temas apre-
sentados nesse livro serão observados com mais afinco.
O estudo da Linguística e da Variação Linguística busca instrumenta-
lizá-los para uma maior compreensão da complexidade do estudo da língua.
Cabe ainda outra constatação ou reflexão: sem nos darmos conta, somos
todos, pelo menos, bilíngues. E por que podemos fazer tal afirmação?
Temos uma língua própria, a que usamos para nos comunicar com nossos
familiares, em nosso ambiente de trabalho, em nossos momentos de socializa-
ção. E, em nosso percurso escolar, chegamos ao nível superior com uma segunda
língua: a que a escola nos apresentou - a norma padrão, ou norma culta.
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Estudos Linguísticos e Variação
Bom estudo!
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Sumário
2 Comunicação | 27
3 O Signo | 41
4 O Discurso | 57
5 Divisões da Linguística | 71
6 Sociolinguística | 91
Referências | 119
1
Estudos Linguísticos
e Variações
Shutterstock.com/ Pushkin
as transmissões culturais. Assim como é pela
língua que o sujeito constrói seu lugar na socie-
dade, também é através dela que é excluído.
Considerando que nossas cidades são
formadas pela união de diversas raças e povos,
é impossível ignorar que a diversidade étnica
caracteriza nosso país.
A língua, em suas diversas formas
e variantes, é uma entidade viva, dinâmica e é o código utilizado pelo ser
humano para se comunicar com seus semelhantes, trocar informações, difun-
dir ideias e conceitos.
O uso da escrita desenvolveu a comunicação entre os homens permi-
tindo-lhes remontar as barreiras do tempo na recepção de mensagens, além
de ajudar muito no desenvolvimento intelectual do ser humano. Ademais, seu
domínio passou a figurar, socialmente, como prestígio social e instrumento de
ascensão profissional.
Devido a constantes inovações, a escola está deixando de ser apenas o
local onde se acumulam conhecimentos, que tem no professor o depositário
da sabedoria e no estudo, um fim em si mesmo.
A escola passou a ser um ambiente voltado à reflexão e o educador pas-
sou a atuar como mediador da aprendizagem, sabendo respeitar e interagir
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Estudos Linguísticos e Variações
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Contudo, enfatiza: “a língua não está naquilo que nos interessa no indi-
víduo, naquilo que nos interessa antropologicamente nem no que nos parece
indispensável para produzi-la, jogo de órgãos vocais ou convenção de espécie
voluntária” (ibid., p. 247-248).
Sua inquietação está em tomar a língua em si e por si, como “norma
de todas as outras manifestações da linguagem” (id., 2006, p. 16-17), porque
somente ela é passível de definição e classificação.
Saussure afirma também, em seu livro Curso de Linguística Geral,
(2005, p.13), que:
A matéria da Linguística é constituída inicialmente por todas
as manifestações da linguagem humana, quer se trate de povos
selvagens ou de nações civilizadas, de épocas arcaicas, clássicas
ou de decadências, considerando-se em cada período não só a
linguagem correta e a ‘bela linguagem’, mas todas as formas de
expressão. Isso não é tudo: como a linguagem escapa as mais
das vezes à observação , o linguista deverá ter em conta os tex-
tos escritos, pois somente eles lhe farão conhecer os idiomas
passados ou distantes.
Petter (apud Fiorin, 2005, p.17-18) afirma que o termo linguagem tem
variadas acepções e pode se referir desde a linguagem dos animais até outras
linguagens - música, dança, pintura, entre outras.
Figura 3: Linguagem.
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Fresco, width at the base 770 cm. Stanza della Segnatura, Palazzi Pontifici, Vatican
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Estudos Linguísticos e Variações
Shutterstock.com/
De acordo com Possenti (2000) “[...] a noção de gramá-
Cienpies Design
tica é controvertida: nem todos os que se dedicam ao estudo
desse aspecto das línguas a definem da mesma maneira.”
Gramática nada mais é, num sentido mais simples, um con-
junto de regras que de acordo com os estudiosos da área,
devem ser seguidas e dominadas pelos falantes da língua.
Estas regras são encontradas na Gramática Normativa que tem por intuito contri-
buir para o desenvolvimento do estudo de processos lexicais. Esta área atenta para que
seja ensinada e aprendida a norma-padrão da escrita, ou seja, os indivíduos em contato
com a gramática normativa aprenderão escrever de acordo com as regras impostas pela
mesma, o chamado português “correto”, a norma culta. (...)
A complexidade da língua culta faz com que os próprios estudiosos contradigam-se,
causando assim, incertezas aos novos aprendizes da língua.
(...)
Parafraseando Perini (2002), a gramática deveria ser consistente e livre de contra-
dições para ganhar mais credibilidade diante de seus usuários, fazendo assim, com que
seja mais fácil e agradável estudá-la. Para os gramáticos, a língua é tida como um sis-
tema, ou um conjunto de sistemas em que a preocupação em defini-la não é uma cons-
tante, uma vez que, muitas gramáticas não fazem sequer menção a uma conceituação de
língua, sendo que, os gramáticos a conceituam para distingui-la da linguagem, fazendo
destes conceitos o foco de seus estudos teóricos.
“Com a instrumentalização da Gramática Normativa em mecanismo ideológico
de poder e de controle de uma camada social sobre as demais, formou-se essa “falsa
consciência” coletiva de que os usuários de uma língua necessitam da Gramática Nor-
mativa como se ela fosse uma espécie de fonte mística da qual emana a língua “pura”.
Foi assim que a língua subordinou-se à gramática.” (BAGNO, 2000:87).
Segundo Bagno (2000) “A gramática deve conter uma boa quantidade de ativi-
dades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento
linguístico, como uma arma eficaz contra a produção irrefletida e acrítica da gramá-
tica normativa”.
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Estudos Linguísticos e Variação
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2
Comunicação
2.1 Comunicação
A palavra comunicação deriva do latim communis, que remete à ideia de
comunidade. A atividade de comunicação é uma constante em qualquer escala
da vida animal: todos os animais se comunicam de alguma forma e em algum
período de sua vida seja por necessidade de sobrevivência, seja por imperati-
vos biológicos, como reprodução, alimentação, atividades que impõem um
mínimo de interação.
A constância e a amplitude da atividade comunicativa talvez estejam
ligadas aos meios de que a espécie dispõe para tal fim. Algumas espécies pos-
suem códigos nitidamente pontuais e limitados, porém, na espécie humana o
ato comunicativo atinge o mais alto grau de complexidade e eficiência.
A comunicação, por meio das diversas linguagens, está ligada à capa-
cidade humana, formada por leis combinatórias e signos linguísticos que
se tornam concretizados na mensagem. E há variadas linguagens, a lin-
guagem dos gestos, do olhar, dos sons, do movimento do corpo, das cores,
das linhas, das formas, dos símbolos e signos. Quando nos referimos aos
signos da linguagem escrita, remetemo-nos à ideia da linguagem verbal,
constituída pelos sinais gráficos, cuja interpretação requer do interlocu-
tor, conhecimentos linguísticos e conhecimentos adquiridos ao longo de
sua existência.
Cabe-nos destacar agora os elementos que compõem a comunicação:
que são:
a) Emissor: aquele que emite a mensagem;
b) Receptor: aquele que recebe a mensagem;
c) Mensagem: conjunto das informações transmitidas;
d) Código: conjunto de signos e regras de combinação desses signos; a
comunicação só será efetivada se o receptor puder codificar a men-
sagem transmitida pelo emissor;
e) Canal de comunicação ou contato: é o meio pelo qual a mensagem
é transmitida;
f ) Contexto ou referente: a situação a que a mensagem se refere.
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Comunicação
Emissor Receptor
(o que emite a mensagem) (a quem se destina a mensagem)
Canal de comunicação
(através de que a mensagem
é passada, no caso, a voz)
Mensagem
(objeto da comunicação)
Código
(como a mensagem
está orgaizada)
2.2 Linguagem
O homem procura dominar o mundo em que vive.
Uma forma de ele ter esse domínio é o conhecimento.
Esse é um dos motivos pelos quais ele procura explicar
tudo o que existe.
A linguagem é uma dessas coisas. Ao procurar explicar a
linguagem, o homem está procurando explicar algo que
lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo e da
sua convivência com os outros seres humanos.
(Orlandi,2009)
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Comunicação
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Figura 8: Comunicação
Figura 9: Interação
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Estudos Linguísticos e Variação
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Comunicação
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Comunicação
2.3 Língua
Uma língua é fator resultante da organização de signos, segundo regras espe-
cíficas e utilizadas na articulação da comunicação entre indivíduos de uma mesma
comunidade cultural. A língua é um tipo de linguagem, é a linguagem verbal.
Há na superfície do globo entre 4.000 e 5.000 línguas dife-
rentes e cerca de 150 países. Um cálculo simples nos mos-
tra que haveria teoricamente cerca de 30 línguas por país.
Como a realidade não é sistemática a esse ponto (alguns
países têm menos línguas, outras, muito mais), torna-se
evidente que o mundo é plurilíngue em cada um de seus
pontos e que as comunidades linguísticas se costeiam, se
superpõem continuamente. O plurilinguismo faz com que
as línguas estejam constantemente em contato. O lugar des-
ses contatos pode ser o indivíduo (bilíngue, ou em situação
de aquisição) ou a comunidade. (CALVET, 2002, p. 35)
O estabelecimento da língua como objeto da linguística advém dos estu-
dos de Saussure. Para ele, língua é um sistema de signos, um conjunto de
unidades que estão organizadas formando um todo.
O estudo da linguagem comporta, portanto, duas partes:
uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social em sua
essência e independente do indivíduo; [...] outra secundária,
tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer, a
fala, inclusive a fonação e é psicofísica. (CLG, p. 27)
Orlandi (2009) afirma ainda que, para Saussure, o signo é a associação
entre significante (imagem acústica) e significado (conceito). Ele diz que é
fundamental observar que a imagem acústica não se confunde com o som,
pois ela é, como o conceito, psíquica e não física. Ela é a imagem que fazemos
do som em nosso cérebro.
Perini (2010, p. 14), expõe:
Chamamos “língua” um sistema programado em nosso cére-
bro que, essencialmente, estabelece uma relação entre os esque-
mas mentais que formam nossa compreensão do mundo e um
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Estudos Linguísticos e Variação
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Comunicação
2.4 Fala
Como vimos, a língua é um sistema de símbolos pelo qual a linguagem se
realiza. Mas a linguagem se encontra relacionada a outros sistemas simbólicos
(sinais marítimos, Código Morse...) e torna-se, assim, objeto da semiologia ou
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Estudos Linguísticos e Variação
semiótica, que deve estudar “a vida dos signos no seio da vida social”. Nota-se,
portanto, que o termo linguagem tem uma conotação bem mais abrangente
do que língua.
Podemos afirmar que a fala é um fenômeno físico e concreto que pode
ser analisado seja diretamente, com ajuda dos órgãos sensoriais, seja graças a
métodos e instrumentos análogos aos utilizados pelas ciências físicas.
O conjunto linguagem-língua contém ainda outro elemento, a fala, con-
forme Saussure. A fala é um ato individual; resulta das combinações feitas pelo
sujeito falante utilizando o código da língua; expressa-se pelos mecanismos
psicofísicos (atos de fonação) necessários à produção dessas combinações.
A distinção linguagem/língua/fala situa o objeto da Linguística para
Saussure. Dela decorre a divisão do estudo da linguagem em duas partes:
uma que investiga a língua e outra que analisa a fala. As duas partes são inse-
paráveis, visto que são interdependentes: a língua é condição para se produzir
a fala, mas não há língua sem o exercício da fala.
O interessante é que os estudos realizados por Saussure foram criticados
por alguns de seus sucessores (dentre eles Jakobson, 1985), pelo fato de Saus-
sure ter priorizado a língua (por ser social) e prescindido a fala (considera-
da individual).
Segundo Jakobson (1985), entre a língua e a fala existe uma interde-
pendência mútua, não dicotômica, como acreditava Saussure. A língua existe
para a constituição de instâncias da fala; os mecanismos necessários para a
concretização da fala dependem da língua.
Fuzer (2004) assevera que Benveniste, por sua vez, dirige seu olhar não
apenas para a forma linguística, mas principalmente para a sua função. Afirma
ainda, continuando o raciocínio do autor, que a realidade é definida por inter-
médio da linguagem. O falante faz renascer pelo seu discurso o acontecimento
e a sua experiência do acontecimento; o ouvinte apreende primeiro o discurso
e, por meio desse discurso, o acontecimento reproduzido.
Conforme Fuzer (2004), “ a situação da troca e do diálogo confere ao
ato de discurso dupla função: para o locutor representa a realidade; para o
ouvinte recria a realidade. A linguagem é, portanto, o instrumento da comu-
nicação intersubjetiva. A inserção do sujeito na constituição da linguagem
marca uma nova etapa no desenvolvimento do conhecimento linguístico,
mas sem perder de vista os fundamentes que a antecederam”.
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Comunicação
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Estudos Linguísticos e Variação
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3
O Signo
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O Signo
Signo
Significante Significado
PÁSSARO
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Estudos Linguísticos e Variação
Saiba mais
Semiologia: s.f. Ciência que se dedica ao estudo dos signos,
dos modos que representam algo diferente de si mesmo, e de
qualquer sistema de comunicação presentes numa sociedade.
Saussure observa ainda que o signo linguístico “une não uma coisa e
uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica”(CLG, p.80)
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O Signo
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Estudos Linguísticos e Variação
Para ele, então, o signo é uma unidade dotada de sentido, posto que
considera a significação como elemento precedente ao signo. Para se estabe-
lecer, o signo precisa representar uma unidade, mas não uma unidade qual-
quer e, sim, uma unidade dotada de significado.
Decian e Méa asseveram que Benveniste destaca a ideia de língua “como
um fenômeno dinâmico e de uso contínuo, por meio do qual podem ser
formulados e proferidos vários discursos”.
Esse estudioso também apresenta concepções diferentes das de Saussure
em relação à arbitrariedade do signo linguístico.
Para ele, ainda segundo Decian e Méa (2005),
a questão da arbitrariedade tem suscitado discussões vãs,
ou seja, não relevantes, pois, (...) a questão da arbitra-
riedade está relacionada à diferenciação entre sentido e
referência. A referência está diretamente ligada à situação
de uso, independentemente do sentido, e relacionada ao
momento em que o signo é utilizado. Esse fato faz com
que possa ser conhecido o sentido original das palavras e,
mesmo assim, não o reconhecer numa junção de palavras,
formando as frases.
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O Signo
Línguas mortas são aquelas que não possuem mais falan-
tes nativos ou que simplesmente não são mais utilizadas na
vida cotidiana. Ainda assim, todas essas línguas possuem
gramáticas e vocabulários conhecidos, fato que possibi-
lita seu estudo e utilização entre grupos de especialistas.
Cabe aqui uma interferência: para Saussure, sendo a língua distinta da
fala, aquela pode ser estudada separadamente desta. A prova é que não falamos
mais as línguas mortas, mas podemos assimilar-lhes o organismo linguístico.
Para finalizar essa dicotomia entre Saussure e Benveniste em relação ao
signo linguístico, passemos a apresentar um apanhado das ideias de cada um
deles, contrapondo-as.
Benveniste apresenta que a primeira condição imperiosa para a consti-
tuição do signo é a significação. E especifica que os signos somente possuem
sentido em relações de oposições, ou seja, um signo somente possuirá sentido
quando está em relação com outro signo. Ou seja, um signo, para ser con-
siderado como tal, necessariamente deve estar em situação de uso. Assim, se
não estiver em uso por um falante qualquer, não estará sofrendo oposições e,
sem essas relações, o signo não pode ser concebido como dotado de sentido.
Continua ainda asseverando que a noção de signo semiótico não tem como
incumbência e objetivo a comunicação, mas somente a significação. A sig-
nificação para o autor está distanciada da situação de uso e ligada apenas ao
próprio signo, por isso, podemos dizer que o signo semiótico não tem caráter
dinâmico, mas sim, estático.
Já para Saussure, a língua é concebida como um sistema de signos que
nos permite comunicar algo a alguém e receber informações de outros indi-
víduos. Dessa forma, é via língua e seus signos constituintes que se mantém
a comunicação.
Cada uma das noções de signos linguísticos se aproxima muito uma da
outra, pois, para Benveniste, a palavra é a menor unidade da língua, enquanto
Saussure afirma que a menor unidade linguística é o signo.
No artigo As teorias do Signo e suas significações linguísticas, Antonio Car-
los da Silva apresenta algumas considerações bastante interessantes. Desse
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Estudos Linguísticos e Variação
Com base no exposto, podemos fazer a seguinte análise: a forma verbal “estudás-
semos” é um signo menor em relação ao contexto a que pode pertencer, ou seja, quando
empregada na frase, a exemplo: “Se estudássemos mais, passaríamos nos exames”. A frase,
nesse caso, é um signo maior em relação à palavra “estudássemos”, que pode ser enten-
dida como o contexto de signos menores contidos nela. Veja: em (estud-á-sse-mos), da
esquerda para a direita, podemos classificar os elementos significativos da palavra e apre-
sentar a significação contida em cada um deles.
O primeiro elemento significativo classifica-se como radical e contém a significação
lexical do ato de aplicar a inteligência; o segundo é a vogal temática e tem como função
indicar a que conjugação pertence o verbo; a terceira é a desinência verbal modo-temporal
e tem como função a indicação do tempo pretérito e do modo subjuntivo, expressando,
portanto, uma ação hipotética que poderia ocorrer no passado; finalmente, o quarta ele-
mento significativo é também uma desinência verbal, cuja função é expressar o número
e a pessoa do discurso.
A ideia da significação fica mais clara quando analisamos um dado signo fora e
dentro do seu contexto.
Tomando a palavra manga como corpus, podemos ver que nem sempre é possível
relacionar o signo a sua significação, tendo em vista o seu esvaziamento de sentido, em
virtude do emprego solitário. Manga, em língua portuguesa, é uma palavra que pode ter,
dentro de um dado contexto, significação diferente daquela que teria quando aplicada em
outros contextos. A manga, peça do vestuário é diferente de manga, o fruto que também
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O Signo
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Estudos Linguísticos e Variação
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O Signo
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Estudos Linguísticos e Variação
O paradigma é o eixo vertical das escolhas (o eixo por meio do qual esco-
lhemos sempre a próxima palavra que constituirá o nosso discurso).
O sintagma é o eixo horizontal do discurso (fala), as múltiplas possibili-
dades de combinação das palavras em frases.
Observem:
C
SINCRONIA
(etapa precisa)
Paradigmático
DIACRONIA
(acontecimento histórico)
A B
Sintagmático
Foco do
Estudo
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O Signo
apresentado por ele “Hoje fez frio”, salienta que não podemos pronunciar a
sílaba je antes da sílaba ho, nem ho ao mesmo tempo que je; o antes de fri, ou
o simultaneamente com fri é impossível.
É essa cadeia fônica que faz com que se estabeleçam relações sintagmáticas
entre os elementos que a compõem. Como a relação sintagmática se estabelece
em função da presença dos termos precedente e subsequente no discurso,
Saussure a chama também de relação in præsentia.
Por outro lado, fora do discurso, isto é, fora do plano sintagmático, se,
em “Hoje fez frio”, podemos imaginar que dizemos hoje idealizando que ele
poderá estar em oposição a ontem, por exemplo, ou fez em oposição a faz,
e frio a calor , estabelecemos uma relação paradigmática associativa ou in
absentia, porque os termos ontem, faz e calor não estão presentes no discurso.
São elementos que se encontram na nossa memória de falante “numa série
mnemônica virtual”, conforme esclarece Saussure.
O paradigma se apresenta, assim, como uma espécie de opções de nosso
repertório linguístico, uma gama de unidades capazes de aparecer num
mesmo contexto.
Desse modo, as unidades do paradigma se opõem, pois uma exclui a
outra: se uma está presente, as outras estão ausentes.
É a chamada oposição distintiva que determina a diferença entre signos
como dente e pente ou entre formas verbais como cantava e cantara, formados
respectivamente a partir da oposição sonoridade / não-sonoridade e pretérito
imperfeito / mais-que-perfeito. A noção de paradigma promove, dessa forma,
a ideia de relação entre unidades alternativas. É uma espécie de reserva virtual
da língua.
Define-se o sintagma como “a combinação de formas mínimas numa
unidade linguística superior”. Tratam-se, portanto, de relações (relação =
dependência, função) onde o que existe, em essência, é a reciprocidade, a
coexistência ou solidariedade entre os elementos presentes na cadeia da fala.
Existem, em todos os planos da língua, nos parece adequado asseverar,
sejam esses planos fônico, mórfico e sintático, essas relações sintagmáticas ou de
reciprocidade, ao contrário do que deixa entrever a definição do próprio Saus-
sure, que nos induz a conceber o sintagma apenas nos planos mórfico e sintático.
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Estudos Linguísticos e Variação
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O Signo
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O Discurso
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O Discurso
A partir das suas estruturas sequenciais, o discurso tem vários níveis que
precisam ser analisados: estruturas da gramática da língua(fonologia, sintaxe,
semântica), estruturas da retórica (figuras de linguagem e outros recursos esti-
lísticos ) e estruturas esquemáticas de escolha das tipologias textuais utiliza-
dos, como a narração, a argumentação, a injunção, a descrição, a exposição.
Conforme Veríssimo, Veríssimo e Oliveira (2014):
Em um contexto de avanços tecnológicos e como consequ-
ência a comunicação mais rápida entre as pessoas, o estudo
sobre o funcionamento da língua como prática social, é rele-
vante àqueles que se dedicam às pesquisas que envolvem lín-
gua e sociedade. A língua mantém as relações entre sujeitos
que interagem e compartilham de um mesmo contexto sócio-
histórico-político. A interação entre os indivíduos é funda-
mentada pela atividade discursiva, mediada pela linguagem,
ou seja, da língua em funcionamento. A perspectiva funda-
menta-se na filosofia da linguagem de origem bakhtiniana.
Dessa forma, essas regras que motivam uma formação discursiva são
notadas como um sistema de relações entre objetos, tipos enunciativos, con-
ceitos e estratégias. São elas que atribuem singularidade às formações dis-
cursivas e que permitem a passagem da dispersão para a regularidade, que é
entendida pela análise e descrição dos enunciados de tais formações.
O discurso é o terreno elementar no qual a realidade se institui. Ele
toma como hipótese a ideia de que a linguagem é constituidora da realidade
e, portanto, ela só existe dentro de um discurso que a torna possível. Fora do
discurso, há existência, porém não existe significação (OLIVEIRA, 2009).
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Estudos Linguísticos e Variação
Não podemos nos limitar a pensar que discurso é apenas uma categoria
que faz o ajuntamento de palavras com ações e que tem caráter material não
mental e/ou ideal.
Conforme Mendonça (2009, p. 153),
Discurso é prática – daí a ideia de prática discursiva – uma
vez que quaisquer ações empreendidas por sujeitos, identida-
des, grupos sociais são ações significativas. O social, portanto,
é um social significativo, hermenêutico. Não aparece como
algo a ser simplesmente desvendado, desvelado, mas compre-
endido, a partir de sua miríade de formas, das várias possi-
bilidades de se alcançar múltiplas verdades, note-se, sempre
contingentes e precárias.
Ele ainda assevera que o real, como probabilidade a ser estudado, conhe-
cido verdadeiramente, como uma positividade transparente, é uma impossi-
bilidade, tendo em vista que este é significado de diversas maneiras, a partir
das lentes contextuais dos sujeitos.
Veremos agora um pouco mais profundamente o que nos apresenta Fou-
cault em relação ao discurso.
Para ele, os discursos, evidentemente, são feitos de signos; contudo, o
discurso não se limita apenas a usar esses signos para designar coisas ou situa-
ções. “É esse mais que os torna irredutíveis à língua e ao ato da fala”. Con-
sidera que tudo é prática. Ou seja, é no uso, na exteriorização das ideias que
o discurso se realiza. E é nessa realização que acontecem as relações de poder
e saber.
Assim, de certa forma, o discurso não se limita `a referência das coisas,
existe para além da mera utilização de letras, palavras e frases. Não pode ser
percebido como um fenômeno de simples expressão de algo: apresenta regu-
laridades intrínsecas a si mesmo, por meio das quais é possível definir uma
rede conceitual que lhe é própria.
Laclau, filósofo e teórico, especifica de forma muito clara o conceito
de discurso, pelo qual os atos de linguagem compõem uma organização que
excede o meramente linguístico.
Para ele, “o discurso seria uma instância limítrofe com o social. Porque
cada ato social tem um significado, e é constituído na forma de sequências dis-
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No discurso, revelamo-nos.
A Análise do Discurso se pauta na teoria de que há mais sentidos além
do que está explicitado na superfície linguística; portanto, não estabelece ao
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Estudos Linguísticos e Variação
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O Discurso
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Estudos Linguísticos e Variação
Texto e Discurso
Eu começaria por dizer que o texto é uma peça de linguagem, uma peça que repre-
senta uma unidade significativa.
Não hesitaria, como aliás tenho feito há anos nos meus cursos de Introdução à
Análise de Discurso, em começar a reflexão partindo de M. A. K. Halliday na enfatização
de ser o texto a unidade primeira. Para ser texto, diz ele (1976), é preciso ter textualidade.
E a textualidade é função da relação do texto consigo mesmo e com a exterioridade. Mas,
embora as inversões que ele propõe (texto>sentenças; sentido>dizer, etc.) sejam muito a
meu gosto, a exterioridade não tem em Halliday nem a mesma natureza, nem o mesmo
estatuto que tem na análise de discurso (E. ORLANDI, 1992).
Passando, pois, para a minha filiação teórica específica, eu diria que as palavras não
significam em si. É o texto que significa.
Quando uma palavra significa é porque ela tem textualidade, ou seja, porque a sua
interpretação deriva de um discurso que a sustenta, que a provê de realidade significativa.
É assim que, na compreensão do que é texto, podemos entender a relação com o
interdiscurso, a relação com os sentidos (os mesmos e os outros).
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Estudos Linguísticos e Variação
Mas posso chegar mais perto daquilo que é minha proposta na análise da
linguagem: o texto é um objeto histórico. Histórico aí não tem o sentido de ser o
texto um documento, mas discurso. Assim, melhor seria dizer: o texto é um objeto
linguístico-histórico. É a partir dessa definição que tenho procurado entender o que é
o texto para a análise de discurso francesa.
Acho interessante aproveitar esta oportunidade para explicitar melhor o que é o
(linguístico) histórico para o analista de discurso.
Afirmando que seria um erro considerar a análise de discurso, tal como ele a
concebe, simplesmente como o exercício de uma nova linguística livre dos precon-
ceitos da linguística tradicional, M. Pêcheux (1975) dirá que o discurso introduz um
descentramento na própria linguística. Esta mudança, portanto, não reside, como ele
diz (id.), num outro modo de abordar seu objeto, dentro de novas necessidades impos-
tas pela pesquisa, etc. A especificidade da análise de discurso está em que o objeto a
propósito do qual ela produz seu resultado não é um objeto linguístico, mas um objeto
socio-histórico onde o linguístico intervém como pressuposto. Há, pois, diz ainda
ele (ibid.), um efeito de separação-clivagem entre a prática linguística e a análise de
discurso. Segundo Pêcheux é, pois, abuso de linguagem o uso do termo linguísticado
discurso para designar, de fato, uma linguística dos textos quando ela ultrapassa o
domínio da análise da frase, muitas vezes recoberta, por outro lado, pela expressão lin-
guística da fala. A análise concreta de uma situação concreta pressupõe que a materiali-
dade discursiva em uma formação ideológica seja concebida como uma articulação de
processos (PÊCHEUX, ibid.). A este respeito, Pêcheux remete à observação de P. Fiala
e C. Ridoux (1973, p.45): o texto — diríamos o discurso — não é um conjunto de
enunciados portadores de uma, e até mesmo várias significações. É antes um processo
que se desenvolve de múltiplas formas, em determinadas situações sociais.
Se estas considerações nos colocam já em situação de compreender a natureza do
social, que é levado em conta na análise de discurso, outras observações se impõem a
fim de tornar mais preciso esse campo de distinções. Essas observações dizem respeito
ao fato de que, na AD (análise de discurso da escola francesa), tenho preferido falar
não em história mas em historicidade do texto.
Ao longo de meu trabalho tenho colocado já repetidas vezes que um texto, do
ponto de vista de sua apresentação empírica, é um objeto com começo, meio e fim,
mas que se o considerarmos como discurso, reinstala-se imediatamente sua incom-
pletude. Dito de outra forma, o texto, visto na perspectiva do discurso, não é uma
unidade fechada — embora, como unidade de análise, ele possa ser considerado uma
unidade inteira — pois ele tem relação com outros textos (existentes, possíveis ou ima-
ginários), com suas condições de produção (os sujeitos e a situação), com o que cha-
mamos sua exterioridade constitutiva (o interdiscurso: 113 a memória do dizer). (...)
ORLANDI, Eni Puccinelli. Texto e Discurso. Disponível em: <http://www.seer.
ufrgs.br/organon/article/download/29365/18055> . Acesso em: 28 maio 2015.
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O Discurso
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voltada ao ato de fala (Fonética) e outra, à
língua (Fonologia), cada qual com objetivos
diferentes de trabalho”.
Distinguindo-a de forma genérica,
Fonética é uma especialidade descritiva, pois
faz a descrição do som real proferido pelo
falante (som da fala), em especial as particu-
laridades de pronúncia.
Já a Fonologia interpreta os resultados proporcionados pela transcrição
Fonética, ocupando-se do som ideal, abstrato, acima das diferenças indivi-
duais de pronúncia. Enfim, a Fonologia estuda o som que tem determinada
função na língua. Sendo interpretativa, essa ciência sempre pressupõe o tra-
balho do foneticista.
Silva (2011) ainda afirma que a Fonética relaciona-se com a fala por
descrever as particularidades dela e a Fonologia relaciona-se com a língua
por descrever um sistema compartilhado por todos (a organização sistemática
global dos sons da língua).
Conclui asseverando que Fonética e Fonologia correspondem, respecti-
vamente, à dicotomia fala e língua. Nos termos de Hjelmslev (1975), Foné-
tica equivaleria à substância do plano de expressão; Fonologia, à forma do
plano de expressão.
A Fonética ocupa-se da parte significativa do signo e, portanto, estuda
todos os sons possíveis de serem produzidos pelo aparelho fonador humano.
Os estudos fonéticos fornecem o material indispensável para a descri-
ção fonológica.
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Saiba mais
Transcrição fonética
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Comunicação
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O uso das palavras
5.2.1 Morfologia
Afirmamos no início desse subcapítulo que a palavra está sob o domínio
da Morfologia.
Etimologicamente, a palavra morfologia vem do grego, morfhê, ‘forma’;
e logos, ‘estudo’, ‘tratado’. Ou seja, na origem, morfologia é o estudo da forma
e, no caso da linguística, a forma das palavras.
E por tratar de formas, ocupa-se das condições de estruturação da parte
significativa dos signos e das regras que determinam variações de significan-
tes. Segundo Borba (2007), esse enfoque parece muito genérico, mas é uma
maneira de enfatizar o caráter fônico da morfologia. Assim, da combinatória
fônica é que resultam os padrões morfológicos: os fonemas se combinam em
sílabas para formar os morfemas, que são unidades de primeiro nível.
Se se admite que as unidades básicas da morfologia –os morfemas- são
aquelas formas significativas mínimas que só têm estatuto linguístico quando
combinadas com outras, então se pode afirmar que o campo de ação da mor-
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Estudos Linguísticos e Variação
fologia é o estudo das formas presas procurando determinar como elas estru-
turam unidades maiores e como aí atuam.
Nesse sentido, a importância dos estudos morfológicos varia conforme o
tipo de estrutura linguística que está descrevendo.
Compete-nos destacar que, em linguística, Morfologia é o estudo da
estrutura, da formação e da classificação das palavras. A particularidade
da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não
dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada
em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São
elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio,
Preposição, Conjunção e Interjeição.
A seguir apresentamos um pequeno trecho de uma entrevista que Mar-
garida Basilio, professora e doutora em Linguística, realizou no ano de 2009,
em que formalizou algumas de suas concepções sobre a morfologia:
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Divisões da Linguística
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Estudos Linguísticos e Variação
5.2.2 Sintaxe
Enquanto a palavra está sob o domínio da Morfologia, compete à Sin-
taxe o domínio da frase.
A Sintaxe trata das relações que as unidades contraem no interior do
enunciado. Seu ponto de partida é, então, a combinatória de formas livres,
que segue dois princípios fundamentais: a sucessão e a linearidade, ou seja, as
unidades se sucedem umas após as outras numa linha temporal.
Podemos então, afirmar agora que a sintaxe constitui a teoria geral da
frase: é parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase e
constitui tópico crucial nos processos da alfabetização e do letramento, desde
que respeitados os objetivos de suas diversas perspectivas.
Apresentaremos agora algumas ponderações em relação à sintaxe, todas
relacionadas com o modelo teórico em que ela é estudada.
Comecemos com a Sintaxe Tradicional. Segundo Nicola (2010) esta for-
nece a amostra do uso adequado da “norma culta” (daí seu caráter normativo)
e idealiza a frase como uma sequência de palavras, autônoma de sentido.
Com foco na frase, identifica as relações entre as palavras e as funções exerci-
das por elas.
Já a Sintaxe Gerativa apresenta-se como autônoma, e sua denomina-
ção se confunde com a do modelo ( Teoria Gerativa, Gramática Gerativa),
posto que concebe a língua como conhecimento erigido a partir da faculdade
da linguagem (propriedade da mente humana) e, portanto, uma atividade
mental; nesse modelo, a sintaxe, componente central, agrupa os mecanismos
gramaticais subjacentes ao mencionado conhecimento (competência linguís-
tica), que o falante ativa ao reconhecer, construir e interpretar as frases da lín-
gua (desempenho linguístico); explicitar tais mecanismos é a preocupação da
Sintaxe, que adota como objeto a competência e, também, trata da frase sob
um abordagem que se priva da preocupação com a contextualização social da
produção das estruturas linguísticas.
A Sintaxe Funcional é disciplina independente, que idealiza a língua como
instrumento de interação social, tendo como componentes centrais o discurso
e a semântica; essa sintaxe analisa as estruturas linguísticas e suas co-relações,
mas focando de que forma a língua representa as categorias sociais e cognitivas
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Divisões da Linguística
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Estudos Linguísticos e Variação
ensina a dispor as palavras para formar as orações, as orações para formar os períodos
e parágrafos, e estes para formar o discurso.
A sintaxe é a parte da gramática que se preocupa com os
padrões estruturais, com as relações recíprocas dos termos
nas frases e das frases entre si, enfim, de todas as relações
que ocorrerem entre as unidades linguísticas no eixo sin-
tagmático (aquela linha horizontal imaginária). (SATU-
TCHUK, 2004, p. 35).
Então, as frases não são apenas um amontoado de palavras sem nexo, e sim, um
conjunto articulado de frases que se relacionam e se organizam numa sequência lógica
para se tornarem coesas e compreensíveis. Mas na libras, como funcionam? Pensando
nisso, focaremos a estrutura da frase e o uso de marcadores não manuais (expressões
faciais, movimentos dos olhos, corpo) que são a chave importante para a construção
de sentido nas frases em libras.
Quadros e Karnopp (2004) pontuam que a comunicação humana pode ocorrer
de diversas maneiras, sem que recorramos à linguagem verbal (falada ou sinalizada).
Entretanto, são as leis sintáticas que elegem certas construções em uma determinada
língua a serem aceitas ou não.
As leis sintáticas de uma língua funcionam como uma espécie de guardião da
inteligibilidade da superfície linguística de um texto, pois são o elemento gerador e
disciplinador das unidades linguísticas que compõem as frases desse texto. É a sintaxe,
sem dúvida, o princípio construtivo e mantenedor da identidade da língua e, como
tal, tem sua importância alçada a de assegurar a própria capacidade comunicativa dos
textos. (SAUTCHUK, p. 36)
(...)
Revista Philologus, Ano 19, N° 55. Rio de Janeiro: CiFEFiL,
jan./abr. 2013 – Suplemento.
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Divisões da Linguística
Saiba mais
As dimensões de estudo da linguagem são três: sintática,
semântica e pragmática. A sintática diz respeito às
relações formais entre os signos, independentemente de
seus significados. Dizer “um círculo rendonda” é cometer
um erro sintático, porque, independentemente de que
“redondo” seja ou não um qualificativo apropriado para
“círculo”, o fato de este vir no masculino deveria implicar
que aquele também viesse. A semântica diz respeito às
relações entre os signos e seus significados. Dizer “um
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Estudos Linguísticos e Variação
5.3.1 Semântica
Podemos conceituar Semântica como a ciência que estuda o significado
de uma língua a partir de seu uso, em outras palavras, o modo como podemos
relacionar significante e significado.
Segundo Pires (2011), “a Semântica estuda o que é que sabemos que nos
permite interpretar qualquer sentença (ou discurso) da nossa língua.”
De uma forma bem simplificada, asseveramos que a Semântica procura
descrever o significado das palavras e das sentenças; estuda e esmiúça o sen-
tido no e do linguístico.
Borges, Pires e Muller (2012) certificam, em relação à semântica:
A semântica das línguas naturais é um empreendimento cien-
tífico, um projeto coletivo que visa entender o fato de que
nós, humanos, temos a capacidade de interpretar qualquer
sentença da nossa língua, que adota uma metalinguagem
lógico-matemática. Se as línguas humanas são efetivamente
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Divisões da Linguística
Lógica Formal
Frege
O sentido de uma frase é algo que se modifica, quando partes dela são substituídas
por outras com outro sentido, mas com a mesma referência, em que a referência é consi-
derada como sendo a circunstânciada frase ser verdadeira ou falsa.
O valor de verdade de uma frase é que é sua referência, pois passamos do plano do
sentido para o plano do que é objetivo.O significado de uma sentença pode ser estabele-
cido através da análise de seus elementos constituintes, da contribuição do sentido e da
referência das partes ao todo da sentença.
Analisa-se a estrutura e seus elementos constitutivos, isto é, o nome e o predicado,
o sentido e a referência.O sentido de um enunciado linguístico é o que ele representa do
mundo, dos objetos, de um estado de coisas
Análise Conversacional
Grice
Grice pensou os sentidos diferente do que os lógicos e usou as máximas conver-
sacionais – relevância, quantidade, qualidade e modo- , para colocar o sentido como
intenção do sujeito.Segundo o autor, o bom funcionamento da comunicação exige que
seja respeitado um princípio de cooperação, assim, em regra geral, os participantes de
uma troca verbal reconhecem um objetivo comum, ou um conjunto de objetivos, ou pelo
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Estudos Linguísticos e Variação
menos uma direção aceita por todos. Uma formulação qualquer constrói a simulação de
um raciocínio do ouvinte a partir do enunciado dito pelo locutor. Em Grice reaparece o
mundo das coisas como existente que dá à linguagem o que ela significa e procura repor
a questão do sujeito.
Atos de Fala
Austin
O ponto central da concepção de Austin e sua principal contribuição é a ideia
de que a linguagem deve ser tratada essencialmente como uma forma de ação e não de
representação da realidade. O significado de uma sentença deve ser estabelecido pelas
condições de uso da sentença que determinam seu significado, em uma teoria da ação.
Analisam-se as condições sob as quais o uso de determinadas expressões linguísticas pro-
duzem certos efeitos e consequências em uma dada situação. Divide a enunciação em três
atividades:
a) locucional – dividida em três atos – produzir sons – vocábulos empregá-los
num sentido determinado;
b) perlocucional – a fala implica a produção de algum efeito;
c) ilocucional – fazer algo quando se diz algo.
Deste modo, Austin revê a oposição constativo/performativo, em que a relação dos
performativos com os fatos não é tão objetiva quanto a relação dos constativos com os
mesmos, diluindo essa dicotomia na teoria dos atos de fala, em que usar a língua é sempre
um ato, é sempre fazer algo com palavras.
Searle
Vê como equivalentes a realização dos atos de linguagem e a significação das frases
usadas para realizar tais atos. Segundo ele, há três tipos de atos de linguagem:
a) enunciar palavras – ato de dizer ou ato de enunciação;
b) referir e predicar – atos de referência e de predicação ou atos proposicionais;
c) afirmar, perguntar, prometer, etc. – atos ilocucionais que engajam o locutor com
relação ao que diz na frase.
Searle considera a linguagem como uma forma de comportamento regida por
regras. Falar é comportar-se de um certo modo.
Teoria da Enunciação
Busca romper a barreira do fechamento do sistema pelo estudo da significação,
de modo geral, e mais particularmente, pelo estudo da subjetividade na língua. Con-
ceitua a enunciação como uma relação do locutor com a língua, que se apropria dela
colocando-a em funcionamento. Trata-sede um sujeito capaz de apropriar-se dela e
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Divisões da Linguística
Saiba mais
John Langshaw Austin (1911-1960) britânico, filósofo da
linguagem que desenvolveu grande parte da atual teoria
dos atos de discurso.
Herbert Paul Grice (1913- 1988) filósofo britânico
esttudioso da linguagem.
Friedrich Ludwig Gottlob Frege (1848 - 1925) foi um
matemático e filósofo alemão. Frege contribuiu para a
criação de um sistema de representação simbólica para
representar formalmente a estrutura dos enunciados
lógicos e suas relações.
John Rogers Searle (1932) é um filósofo americano,
estudioso da filosofia da linguagem, filosofia da mente e
filosofia social.
Oswald Ducrot (1930) é um linguista francês, autor de
diversos estudos sobre enunciação e desenvolveu uma
teoria da argumentação na linguagem com Jean-Claude
Anscombre.
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5.3.2 Pragmática
A Pragmática é um dos ramos da linguística que busca a análise do uso
concreto da linguagem, em um contexto, pelos falantes de uma língua qualquer.
Dessa forma, não se limita à significação dada às palavras aos moldes
da sintaxe e da semântica, pois observa o contexto linguístico em que essas
palavras estão inseridas, porquanto parte da observação dos atos de fala e suas
implicações culturais e sociais.
Ao se estudar a Pragmática, deve-se levar em conta que essa ciência
tem por base que o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático
que os atos de fala podem originar. Assim, o que realmente implica é a
comunicação e o funcionamento da linguagem entre os usuários da língua,
concentrando-se nas ações de interferência pelos quais compreendemos o
que está implícito.
Finalizamos esse capítulo com um trecho do artigo Desfazendo Mitos
Sobre a Pragmática, de Danilo Marcondes.
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Família multicultural.
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Já Chambers e Trudgill (1980) afirmam que não pode haver dialeto social
sem o regional, pois todos os falantes carregam consigo uma grande carga do
meio social em que estão/foram inseridos, mas têm, também, uma localização
regional. Em suas palavras: “Todos os dialetos são ao mesmo tempo regional
e social, uma vez que todos os falantes têm uma experiência social bem como
uma localização regional”.
Falo fluentemente Eo
Inglês, Espanhol, Francês e Português?
Alemão!
Aí varêia...
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Em tempos atuais, as mudanças mais perceptíveis na língua são as que
ocorrem dentro de gerações relativamente próximas.
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Observe, a seguir, uma sequência com as alterações que essa palavra foi
incorporando. Escritas e também orais.
Vossa Mercê > vossemecê > vosmecê >
vosm’cê > voscê > você > ocê > cê
A evolução das línguas é inevitável, mas nunca é de maneira brusca,
como já dissemos. Sempre haverá um período de transição entre um estado
de língua para outro estado.
As mudanças diacrônicas podem ocorrer, segundo Lima(2013):
→ no som/pronúncia;
→ na flexão e na derivação;
→ nos padrões de estruturação da frase;
→ ao nível dos significados;
→ pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos).
E apresenta ainda os fatores de variação:
Internos à língua (pelo desaparecimento de oposições que
não se revelem funcionais; pela prevalência do princípio da
economia, que tende a eliminar redundâncias; pela introdu-
ção de novos elementos com a função de tornarem a comuni-
cação clara/não ambígua);
Externos à língua (relativos a mudanças políticas e sociais,
por exemplo, a criação de fronteiras políticas que é cumula-
tiva à criação de fronteiras linguísticas).
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Além disso, deve ser destacado que a formação dos professores de língua portu-
guesa, muitas vezes, atrelada à gramática normativa, e a própria estrutura de anos de
ensino de gramática normativa levam ainda a equívocos na aplicação de práticas que
contemplem uma formação discente mais próxima do desenvolvimento de habilidades
linguísticas que possam efetivamente proporcionar a esse aluno conhecimento sufi-
ciente para exercer seus papéis sociais de modo adequado.
(...)
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Estudos Linguísticos e Variação
7.2 O “Erro”
A língua varia com o tempo e varia de acordo com os interesses e cultu-
ras locais de cada comunidade. Segundo Cagliari (1999), todas as variedades,
do ponto de vista estrutural linguístico, são perfeitas e completas entre si. O
que as diferencia são os valores sociais que seus membros têm na sociedade.
Continua ainda afirmando que, para ele, há três variedades linguísticas: uma
norma padrão, que está na gramática, mas não é falada; um conjunto de
variedades desprestigiadas e um segundo grupo de variedades prestigiadas.
Concordando ou não, nós, enquanto sujeitos sociais, usamos esses con-
ceitos para distinguir os indivíduos e classes sociais pelos modos de falar e para
revelar em que consideração os temos. Já revelamos aí, portanto, nossos precon-
ceitos, pois assinalamos nessa análise as marcas linguísticas de prestígio ou não.
Bagno (2005) lembra que “todo falante nativo de uma língua é um
falante plenamente competente dessa língua, capaz de discernir intuitiva-
mente a gramaticalidade ou agramaticalidade de um enunciado, isto é, se
um enunciado obedece ou não às leis de funcionamento da língua. Nin-
guém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como ninguém
comete erros ao andar ou respirar”.
Não é a “variação linguística” que sofre o preconceito, visto que a varia-
ção é abstrata. Quem sofre preconceito, sempre, é o usuário de uma variante
que não seja a adotada pelo grupo social em que esse falante se insere.
Assim, aquilo que para o sociolinguista representa apenas
“diferença” no uso da língua, para as pessoas em geral vai
representar, de fato, um “erro”, um “defeito”, um sinal
de “ignorância”. Por isso, venho repetindo que onde
tem variação sempre tem também avaliação. (BAGNO,
2007, p. 13)
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que forem usadas. Só não muda, naturalmente, uma língua morta. Mas essa
modificação não é para melhor nem para pior, é para o diferente, que não
manifesta nem progresso nem decadência.
Em seu livro Língua Materna, Marcos Bagno ensina que, em relação
a língua,
...tudo aquilo que é classificado tradicionalmente de “erro”
tem uma explicação científica perfeitamente demonstrá-
vel. A noção de erro em língua é inaceitável dentro de uma
abordagem científica dos fenômenos da linguagem. Afinal,
nenhuma ciência pode considerar a existência de erros em seu
objeto de estudo... (BAGNO, 2002, p. 13)
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Referências
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Referências
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O Falar, escrever, ler... usar uma língua para expressar sentimentos, compartilhar
experiências, trocar conhecimentos, emitir juízo, inserir-se em uma comunidade,
enfim, usar uma língua para partilhar de uma identidade cultural.
Todos os dias fazemos isso, mas nem nos damos conta de todos os elementos e
implicações que entram em questão, na hora de nos comunicarmos.
Mas, alguns estudiosos, conhecidos por linguistas, se deram conta disso e fizeram
da linguagem humana, escrita e falada, seu objeto de estudo.
Cabe ainda outra constatação ou reflexão: sem nos darmos conta, somos todos,
pelo menos, bilíngues. E por que podemos fazer tal afirmação?
Temos uma língua própria, a que usamos para nos comunicar com nossos familia-
res, em nosso ambiente de trabalho, em nossos momentos de socialização. E, em
nosso percurso escolar, chegamos ao nível superior com uma segunda língua: a
que a escola nos apresentou - a norma padrão, ou norma culta.
Como educadores, ou futuros educadores, precisaremos ter bem clara essa reali-
dade: somos bilíngues! E como tal, devemos, obrigatoriamente, respeitar os falares
de compõem a língua brasileira.
A Linguística nos proporciona o entendimento do que é a linguagem, como
conhecê-la, como decifrá-la, pois, sem conhecer a linguagem, podemos conhecer
o ser humano?
ISBN 978-85-60531-15-8
9 788560 531158