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Mitos e suas

regras
Introduçao ficção, dando início a uma diuturna obra de
desmitificação". Nosso estudo procede na
Islito é tema relevante no estudo das contramão dessa corrente e acolhe uma visio
religióes, pois sua presença acompanha positiva do mito. No intuito de produzir um
os humanos desde os primórdios até trabalho abrangente à guisa de compêndio,
hoje como uma das mais profundas apresentaremos, na primeira parte, uma
expressões da compreensáo de si e do tentativa de definição do mito; na segunda,
uma breve história do mito; na terceira,
mundo. Uma ideia negade mito já vem
algumas posições modernas que recuperam o
desde Xenófanes (século VI a.C.), o valor do mito no século XX ante as posições
primeiro a criticar e rejeitar as
expressóes mitológicas de Homero e
Hesíodo, embora náo use o termo. Na negativas do século XIX; na quarta, as regras
aurora do pensamento racional e das principais que constituem a dinâmica dos
explicações filoSóficas acerca do mundo
e do ser humano,
com Sócrates, Platão e Aristóteles,
mitos.
desponta a visáo de mito como fábula,
invenção,

0 que é mito "lembrar". Ou a uma matriz do antigo idioma


Um dos temas mais complexos egípcio, mdwj, que significa "falar",
abordados na várias áreas do
conhecimento, inclusive na Ciência da
Religião, o mito está cercado de incertezas conversar . A maioria dos autores recorre à
raiz grega mythos, que se tornou comum
já partir do sentido etimológico da
a partir de Homero, e expressa o sentido de
"fala", palavra falada", "história " , "fábula",
palavra. Como indica Wim van que mais se aproxima do sentido em geral
Binsbergen, atribuído a mito.
O conceito. Ao buscar uma definição
sobre a cultura africana, em sua
conferência Rupture and Fusion in the provisória, van Binsbergen diz que, embora
Approach to Myth, publicada em 2007,
há autores que atribuem a palavra mito a
te-
uma raiz indo-europeia mud ",
nha lido há mais de trinta anos a definição
JOSÉ J. QUEIRorz
, que significa pensar , "imaginar

499
suas obras* suma, os mitos e algumas vezes

dramáticas, do qagrado (ou do


"sobrenatural] no É irrupçáo do sagrado
realrncnrc fundamenta o Mundo e

o no é hoje. l', mais: é em


tntcrvcnsOcs dos li ores Kobrcnaturais o
botrtcrn é o que é hoje, urn ser sexuado c
cultural

Embora a considere "esplêndida e te ,


apresentando muitos pontos acerca dos
mitos mais acolhidos, van bergen observa que nem todos os mitos
eobnr todos os tipos c todas as funçócs vegetal, um comportamento humano, uma
dos instituiçáo. É sempre, portanto, a narrativa de uma
"criaçáo": ele relata de que modo algo foi
mitos, em tAias as sociedades arcaicas e produzido e começou a ser. O mito fala apenas do
tradicionais".: Ei» que øo mito é uma que realmente ocorreu, do que se manifestou
realidade cultural extremamente complexa, plenamente. Os personagens dos mitos são os
que pode ser abordada c interpretada F.ntes Sobrenaturais, Eles sáo conhecidos,
através de " Comperspectivas múltiplas e sobretudo, pelo que fizeram no tempo prestigioso
complementares . dos primórdiost Os mitos revelam, portanto, sua
essas ressalvas, o autor apresenta a atividade criadora e desvendam a sacralidade (ou
seguinte simplesmente a "sobrenaturalidade") de
definiçáo, que lhe parece menos imperfeita, de origem ou etiológicos e aponta nessa
por ser a mais ampla: mosa definiçáo" vários atalhos que deixam
de fora muitas realidades mitológicas que
O mito conta uma história sagrada; ele
escapam à sua generalidade e
relata um acontecimento ocorrido no tempo universalidade e que somente pesquisas
primordial, o tempo fabuloso do "princípio". empíricas poderiam comprovar, caso a
Em outros termos, o mito narra como, caso, a sua aplicaçáo. Além disso, a
graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, definição delimita o mito a determinados
uma realidade passou a existir, seja uma
tempos e comunidades que conhecem a
realidade total, o cosmo, ou apenas um existência do sagrado, dos tempos
fragmento: uma ilha, uma espécie primordiais, das origens, dos seres
sobrenaturais, o que supóe culturas apenas limitadamente poderia condizer
que fazem distinçáo entre o natural e o com a realidade das culturas africanas que
sobrenatural e admitem a criaçáo do ele pesquisa.
mundo. O autor critica a suposiçáo de Em que pesem estas certeiras
que seja válida para todos os contextos observaçóes, a definição e Eliade tem
em que os mitos podem ser grande acolhida, em especial n s estudos
encontrados. Se gundo van do mito numa perspectiva fenomenológica,
Binsbergen, a definiçáo aplica-se, com como o faz José Severino Croatto em As
mais propriedade, aos mitos das linguagens da explriência religiosa; uma
antigas civilizações do Oriente Médio, introduçáo à Fenomeno
aos babilòni• cos e bíblicos, mas
Iowa da
Religião.
MITOS E SUAS REGIuAS

Breve história do mito No Período Paleolítico — de 20 mil a


8 mil anos a.C. — a mitologia não deixa
complexidade do mito torna-se mais nenhum vestígio escrito, e os mitos só
podem ser reconstruídos a partir de
indícios arqueológicos e por dedução de
eÝidente quando se perscruta a sua narrativas ainda existentes, cujas
história, ois ele acompanha a humanidade características parecem remontar a esses
desde os P otos primórdios até hoje. primórdios. Nesse período, os humanos
As descobertas arqueológicas das se reuniam em clãs de caçadores. Não
sepultoras neandertalenses revelam um havia agricultura. A partir de civilizaçóes
cuidado especial para como os mortos, atuais que ainda guardam vestígios
colocando nelas armas, ferramentas considerados primordiais, conjectura-se
rudimentares, osde animais sacrificados, o que no Paleolítico os humanos viviam "o
que faz supor a existência de crenças que tempo dos sonhos" habitado pelos
se aproximam dos mitos: a experiência da
antepassados — seres arquetípicos
morte e o medo de extinção, a existência
poderosos que ensinavam as habilidades
de sacrifícios e rituais. 0 cadáver colocado
na posição fetal parece evocar um
essenciais, a caça, a guerra, o sexo,
renascimento, e a existência de outro considerados como atividades sagradas,
plano de vida além do presente. Poderiam ter também o imaginário de
um paraíso perdido, ou a nostalgia de
uma idade de ouro" e o desejo de voltar
atrás a esse mundo arquetípico. Talvez, Mesopotâmia, no Egito, na China, na India
nesse período, teriam surgido os xamãs e na Grécia. No "Crescente Fértil" (atual
com poderes de abandonar o corpo e Iraque), o desafio da urbanização aparece
viajar até o mundo celeste, Os santuários nos mitos que celebravam a vida citadina.
Inventou-se a escrita, que possibilitou fixar
descobertos nas cavernas de Lascaux, na
os relatos orais em documentos históricos.
França, e de Altamira, na EsPanha,
Novas técnicas propiciaram um domínio
talvez remontem ao Paleolítico. Suas
sobre o ambiente e os humanos começaram
Pinturas descrevem a caça juntando a ter a consciência de se distinguir do
animais mundo natural. Cidades cresceram e
declinaram rapidamente. Surgiram guerras
Caçadores, homens usando máscaras em sangrentas, massacres, deportaçóes
Otma de pássaros, sugerindo tratar-se de massivas. Daí um misto de apreensão,
xamás, que, em seus transes, voavam e pavor e esperança que se refletiam nos
entravam em comunhão com os deuses para mitos, que passaram a frisar a ordem e o
garantir o êxito da caçada. caos]l O
No Período Neolítico -— de 8 mil a 4 mil
JOSÉJ.

anos a.C. -—- os técnicas humanos se revestiam


inventaram de carátera agri-
cultura, cujas religioso. O cultivo é
progresso cultural é visto como
também uma epifania ou revelação da nurninoso.
energia divina e os rituais destinavam-se a
desenvolver esse poder para que não se O medo das enchentes na Mesopotânlia
exaurisse. A sexualidade e a ceifa eram deuses fazse nascerem os mitos das
consideradas forças divinas. Era comum a inundaçóes.
prática do ato sexual ritual na semeadura.8 oe
2
Armstrong acolhe a informação de E. U. ma tornam mais remoto' ou se
James, em TheAncient Gods, sobre o mito transformam em planejadores urbanos
de Anat-Baal, segundo o qual os humanos como Mesopotâmia,no p
primordiais penetravam no útero da Mãe- e justiça diante e da dos verdade antigos
Terra e faziam um retorno mítico à fonte dentro valores de 15si, postura crítica
de todos os seres. A Mâe-Terra se
Ante os mitos, apareceram posições h tis,
transforma na Deusa-Máe, que na Síria foi
identificada como Asherah, ou como enquanto outros os admitiam e refaziam
Inana, na Suméria.9 Os novos mitos suas histórias Mesmo e as interpretavam
neolíticos continuam a conciliar os nos sistemas de religiososmaneira
humanos com a ideia da morte, e a
agricultura era considerada uma luta mais requintados, as pessoas achavam náo
desesperada contra os infortúnios: a
mais podiam íntima.passar sem os
infertilidade do solo, a seca, a fome, as
mitos.16 A anti autoimolaçáo dos deuses na
forças violentas da natureza que também criação agora era lida como algo a ser
eram tidas como manifestaçôes do poder praticado na vida diá-
sagrado. 10
Nas civilizações antigas — de 4 mil a
800 anos a.C. — surgem as cidades na
apesar do afastamento dos deuses, No Período Pós-Axial — de 200 a.C
continua cultuar seres transcendentais na
a 1500 d.C. —- náo haveria mudanças
vida cotidiana. Cada cidade e cada
cidadão vene- substanciais com relação ao mito, pois as
concepções e as atitudes do período
surge 0 antiquíssimo mito da anterior permaneceram basicamente as
Elish, que era cantado no quarto dia do
mesmas até o século XVI d.C. No
festival do ano-novo. A Bíblia também
conserva os mitos de criaçáo daquela época Ocidente, as três religiões monoteístas
em seus vários livros. Em algumas Judaísmo, Cristianismo e Islâ — afirmam
cosmologias, como na mitologia védica da estar baseadas, pelo menos em parte, mais
India, a criação é um ato de autoimolaçáo da
divindade. Com a urbanização, cresce a
na história do que nos mitos 18 Mas todas
confiança no engenho humano e prevalecem encerram narrativas míticas, embora
os poemas épicos de heróis históricos, como tentem periodicamente fazer com que a
Gilgamesh, que teria vivido por volta de 2600 sua religião se adapte às matrizes
a.C. Esses relatos frisam o significado e os
limites da cultura humana, e os deuses ficam
racionais da Filosofia, Segundo
mais distantes.13 Armstrong, devido à dimensão mística
I _JLPur@do Axial — de 800 a 200 anos a.C.
dessas religiões, elas continuam a usar a
— as pessoas tomaram consciência de sua mitologia para explicar suas intuições ou
natureza, situação e limites e surgiram novos reagir a uma nova crise.19
sistemas filosóficos e religiosos:
Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Na modernidade — de 1500 a 200020
Hinduísmo, Monoteísmo, por obra das —a vida nunca mais voltaria a ser a
grandes figuras: os profetas hebreus, os mesma, e talvez o resultado mais
mestres dos Upanishades, Buda, Confúcio, o
autor do Dao Du Jing, conhecido pelo
significativo, segun-
pseudónimo de Lao-Tse, Homero, Hesíodo,
enfim os filósofos Sócrates, Platão e do Armstrong,— e potencialmente mais
Aristóteles.
demodernidade é filha do logos, da
Em que pesem as profundas diferenças

terísticas comuns desse racionalida-


período: consciência profunda do
sofrimento, necessidade de uma religião mais fico e pragmático. O novo herói é o
espiritualizada que não dependesse cientista e o inventor e não os gênios
preponderantemente dos rituais e
espirituais ins-
ria por todos que desejassem aperfeiçoar
sua humanidade.17 Surge nesse período 'a
regra

de ouro" atribuída a Confúcio: "Não


ciência individual e a moralidade, compaix:orepúdio à usa mais os 21 mitos, grande
parte deles perdeviolência, busca de uma ética de ria sentido Muito longo seria mostrar
essa prevalência do logos em todos os passos da ciência e da Filosofia em seus vários
sistemas•
OS E SUAS REGRAS

supremacia do logos convive com a

ter presente que, por sermos criaturas


feitoras de mitos, fomos criando, na
civilizaçáo ocidental e provocou as grandes civilização
catástrofes das guerras, massacres, violação
dcstrtli¶áo da natureza, o que leva Ar-
mais avançada, mitos destruidores que ter-
irracionalidade que acompanhou a mais respeitosa para com a mitologia"Y E

mstrong a afirmar que, depois do período minaram em massacres e genocídios porque asial,

náo avançamos espiritualmente, e até repudiaram os critérios do Período Axial: o


redimos, devido supressão dos mitos.22
paí que, segundo a autora, temos que nos respeito sagrado por toda e qualquer vida
da falácia de que o mito é falso ou 24 A autora repóe sua esperança na arte,
em especial, na literatura moderna e
representa um pensamento inferior. Se não
contemporânea, pois a arte carrega o
emos regressar a uma sensibilidade
aroma dos mitos e pode nos levar a um
préOderna, podemos adquirir uma
reencontro com o Transcendente.25
atitude espírito de compreensáo e
Opercurso dos enfoques sobre o mito no
pensamento ocidental moderno
Tomo como ponto de referência desta A análise de Segal começa no século
parte o minucioso estudo de Robert A. XIX a partir de dois autores que, na opiniáo
Segal, Myth, que constitui o capítulo 19 dele, embora tenham sido rejeitados em
do compêndio The Blackwell Companion muitos aspectos no século XX,
to the Study ofReligion, editado por permaneceram centrais no estudo dos
Rober A. Segal. Como seguirei mitos, sendo que as posições subsequentes
alinhavando e resumindo o texto em podem ser consideradas réplicas às suas
tradução livre, dispenso-me de fazer teorias. Segal refere-se ao antropólogo E.
referência a páginas, mesmo que à vezes B. 'Tylor em Primitive Culture (1871)26 e
use as mesmas palavras do autor. ao cientista e antropólogo G. B. Frazer, em
Golden Bough (1890).27 Ambos se que é totalmente desprovida de distinções
referem ao mito como explicação de um lógicas básicas. O mito introduz a magia na
acontecimento no mundo físico. A chuva prática do ritual e se torna uma vâ tentativa
cai porque um deus decidiu mandá-la. Para de aduirir controle sobre o mundo físico.
ambos, o mito é 0 contraponto de uma No século XX, porém, as teorias desses
ciência primitiVa" ante a ciência
dois autores foram rejeitadas por teóricos
propriamente dita, que é moderna". Por
gente diz respeito dc 0 é um contraponto
ciência, entendiam a Ciência Natural, náo
ciência moderna e de que por isso deva
as Ciências Sociais. Por isso, falar em desaparecer na modernidade. Os teóricos do
"mito moderno" é uma contradição século XX náo defenderani o mito
em termos. Para Tylor, o mito é tão racional desafiando o tx'inado Náo da relativizaram
ciência enl
quanto a ciência, pois os primitivos criavam
mitos à maneira dos processos científicos:
observação, formulação de hipóteses,
analogia com as açóes humanas,
generalizações. Mito e ciência para Tylor são
idênticos no que tange às suas funções.
Ambos destinam-se a dar conta de todos os sini o sentido do mito para além de leitura
acontecimentos no mundo físico, inclusive do
nascer e do morrer. Mas a ciência moderna literal è«tamento sáo o professor Rudolf
torna o mito redundante e até mesmo
impossível. Não se pode conciliar, por
Bultmannde exegese titiladg
exemplo, a explicação mitológica da chuva e
a explicação da mesma conforme as leis da
trabalho New Listament and (1944), e
meteorologia. Aceitando como demonstrado
que os modernos têm a ciência, Tylor obriga o o filó«ofo Hans Jonas, em "C ticistll,
pensamento moderno rejeitar o mito como Existencialism, and Nihilistio" (1932) texto
falso, embora este contenha também a sua CIVIC foi incluído na «ua obra The tic
racionalidade.
Religion (1958). Ambos foram ores leitura
Já para Frazer, o mito não só é falso existencialista mito
mas também irracional, pois abriga a magia
a ciência, nem a socializaram; náo a ntes cientistas que reinterpretaram a função do
integraram no mito nem confundiram mito foram Bronislaw Malinowski, em
ciência e mitologia. O mundo físico foi Myth and the Primitive Psychology
considerado como campo da ciência, e 0 (1926), e Mircea Eliade em The Sacred
mito deixou de ser considerado and the Profane (1959). Esta obra de
explicação literal do mundo. Ambos, Eliade foi publicada no Brasil com o
ciência e mito, sáo inegáveis e a questáo título O sagrado e o profano; a essência
não é se o primitivo' tem mito, pois isso é das religiões. Náo está claro se
obvio, mas sim se os modernos, que por para Malinowski os modernos como
definição têm a ciência, também têm também os primitivos" têm ciência e
mitos. Daí surgirem várias posições. mito. O que é claro para ele é que
Segundo Segal, os dois mais ambos têm ciência, de modo que o
imp mito não é um contraponto à
orta NOVO ciência. Os "primitivos" têm
ciência, embora rudimentar, e usam o mito para compreensão que os humanos têm de si e
reconciliar-se com as vicissitudes do mundo que do contexto em que vivem. E deve ser
náo podem ser controladas, como as catástrofes interpretado, não de modo cosmológico,
naturais, a doença, a velhice, a morte. O mito não
mas antropológico, melhor ainda,
anuncia o melhor dos mundos mas, ante os
acontecimentos inalteráveis, o único mundo
existencialmente. Assim, deixa de ser
possível. Enfim, Malinowski não vê primitivo e se torna universal. Deixa de ser
incompatibilidade entre a leitura mítica e a falso e se torna verdadeiro, pois representa
científica. uma afirmaçâo da condição humana.
Omitimos agora as referências a Mircea Lido assim, o Novo Testamento
Eliade porque as suas posições aparecem ao ainda faz referências a eventos físicos,
longo deste texto. mas o mundo agora se apresenta regido
Segundo Segal, os dois autores mais por um Deus singular e transcendente
proeminentes em reinterpretar não a função mas que não aparece como um ser humano
do a partir de nem intervém miraculosamente no
especialidades. mundo. Satâ nem existiria, mas apenas
Bultmann reconhece que o mito, se for simboliza a inclinação humana para o
lido literalmente para explicar o mundo fí_ mal. Nao haveria nenhum inferno físico.
sico, é incompatível com a ciência e assim O inferno simbolizaria o desespero
deveria ser rejeitado como o fizeram Tylor humano pela ausência de Deus. O céu
e Frazer. Por isso, propõe uma leitura se refere não a um lugar na
simbólica, ou "demitologizada", que abóbada celeste, sim à alegria pela
descartaria a sua referência ao mundo
externo e limitar-se-ia a interpretar o lugar presença de Deus. Assim' também,
do humano no mundo. O mito náo explica, devem ser "demitologizados" e w" mados
mas apenas descreve o mundo e a simbolicamente o fim do mundo e 0
Reino de Deus. Para um estudo mais
com pleto da posição de Bultmann, é
necessário
E
Ml 1 OS

Illsar o seu trabalho "O Novo 'lesta-


e mitologia . l' le traduz os gnostiqos em existencialistas para (icnžonstrar apenas a
Hans Jonas, como Bultman n, procura semelhansa, a identidade, entre a antique os
mitos antigos ainda mantêm visio gnóstica e a visio moderna secular ga
«ntido para os modernos, mas nega que os existencialista. JonaQ procura rcconciliar o nÑdcrnos
tenham m icos próprios. Como mito com a ciência dando um novo earátcr
Bultmann, também para Jonas o mito, ao conteúdo do mitos ra
leitura simbólica, descreve a alienação humanos em relação ao mundo e a si Há
também leituras modernas do mito
Iesmos quando náo aceitam Deus. zer com relaçáo à funçáo explanatória e ao
tença de Bultmann, que se esforça em sentido literal do mito. Nesse aspecto, Segal
estabelecer uma ponte entre o Cristianismo e a oferece uma meticulosa análise das posiçóes
ernidade, Jonas reconhece a ruptura da de Freud, de Jung e de outros psicólogos e
leitura mítica gnÓstica com a modernidade. psicanalistas.
À dife- que se afastam radicalmente de 'Iÿlor e

As regras que constituem os mitos


0 mito como narrativa nos limites os jogos humotisticos, a
Como narrativa, pertence ao grande linguagem do amor, a poesia e suas
espectro da linguagem, que pode ser metáforas, os discursos metafísicos
escrita ou falada, com suas tor entra pelo campo da religião
possibilidades, limites e regras. Nos que, embora
mitos ancestrais prevalece a oralidade. também contenha linguagens de centro,
quando, por exemplo, relata fatos históricos,
Paul van Buren, abordando os limites recorre frequentemente ao falar nas
da linguagem, afirma que não devemos fronteiras, ao usar metáforas, parábolas e
pensá-la como uma gaiola que aprisiona, frases que desafiam o senso comum,
mas como uma plataforma sobre a qual as ambíguas e até
pessoas podem circular, caminhar, dançar misteriosas. Como expressóes de vivências
ou dormir, isto é, fazer tudo o que em religiosas, os mitos forçam até o extremo a
geral fazemos com as palavras. No centro linguagem e, ao explicar a realidade,
dessa plataforma, situa-se a linguagem apelam para o misterioso e para a fé das
pessoas e da comunidade que acolhem esse
exata, sem ambiguidades, que expressa o
mundo físico, como também o linguajar relato.
comum.28 Afastando-se do centro e indo Embora nos extremos limites da
para as margens, adentramos na linguagem, o mito, segundo Eliade, é "uma
linguagem figurada ou metafórica. Há história 'verdadeira' porque sempre se refere a
discursos que vão até o limite extremo da realidades. O mito cosmogònico é
Á€rerdadeiro' porque a existência do mundo
plataforma, além do qual as regras
aí está para prová-lo; o mito da origem da
desaparecem e as palavras perdem
morte é igualmente 'verdadeiro' porque é
sentido. Entre as formas de linguagem que provado pela mortalidade do homem, e assim
vão aos extremos, mas ainda se mantêm por diante" 29 A sua história comporta um
antes —-- com o qual rompe ----- e um agora, deuses, homens, animais e demais seres
uma situação presente, que a narrativa, vivos 34
mesmo falando nas bordas, pretende explicar
O poder da palavra mítica se dá
ou dar sentido. E o sentido é buscado nos também nos rituais. Segundo Eliade, a
primórdios, in illo tempore.30 Verdadeiro recitação do mito é tão poderosa, que a
tam- comunidade e os praticantes acreditam
que mediante a sua repetição o mundo é
bém porque como tal é acolhido pelo sujeito constantemente recriado e os humanos são
religioso e pela comunidade que o pratica e reconfortados. Como exemplo, cita as

ritualiza. Esse teor da linguagem mitológica várias aplicações do rito cosmogônico


que caminha pelos extremos é relevante polinésio, a partir do relato de E. S. C.
para entender as ambiguidades e até Handy na sua obra Polynesian Religion.
obscuridades Pelas palavras, o deus Io modelou o
do mito, que fazem considerá-lo como Universo, concebeu e gerou um luz, Essas
in por quem pretende lê-lo a partir
palavras sáo utilizadas em ritos: para a
de uma de centro, como adiante.
fecundaçáo de uma mulhernos téril, para
A palavra mitológica é carregada de po-
alegrar um coraçáo triste e lentado; nos
der e fòrça que advém da sua própria
revezes das guerras e em outras
origem e múltiplos efeitos na sua recitaçáo
ritual. Ernst Cassirer3 neokantiano aponte circunstâncias que levam o homem
as limitaçóes do imaginário mítico em
desespero.
representar o mundo empírico ----- admite
um vínculo originário entre Como texto literário, o mito supoe
a consciência linguística e a mítico- emissor, ou um autor, nem sempre identifi
religiosa. A expressão desse vínculo, segundo cável, especialmente nos mitos arcaicos que
o autor, está sobretudo no fato de que todas as sáo transmitidos na oralidade e têm origem
formações verbais aparecem outrossim como
nas tradiçóes das várias culturas. Nas re-
entidades míticas providas de determinados
poderes míticos e de que a Palavra se converte ligióes monoteístas, cujas doutrinas estão
numa espécie de Arquipotência, onde radica consignadas em livros sagrados, os mitos
todo ser e todo acontecer".32 E recorre às têm como emissor principal a própria
teogonias para elucidar sua posiçáo, afirmando
divindade fundadora, a qual, acredita-
que "em todas, por mais longe que
se, fala mediante seus hagiógrafos,
remontemos a sua história, sempre cabendo ao historiadores da religião,
volvemos a deparar com essa posição suprema aos exegetas, com o auxílio da
da Arqueologia, buscar a origem e a
Palavra".33
formação desses textos. Supõe também
Se relermos o mito bíblico da um destinatário, que é sempre uma
criação, o Deus criador faz aparecer o comunidade que acolhe o mito e nele
universo pela força da sua palavra. acredita e o pratica. E um conteúdo ou
Cassirer faz referência aos mais antigos realidade que é narrada. Seu estilo pode ser
documentos da teologia egípcia, em que histórico, discursivo, descritivo, poético, em
"ao Deus criador Ptá é atribuído o poder geral dramático. Como narrativa, está
primordial 'do coração e da língua' através sempre sujeito a interpretaçäo. Os primeiros
do qual ele produz e dirige todos os a interpretarem o texto mítico sáo os
receptores, que o acolhem dando-lhe um "histórias" primordiais que o constituíram
sentido religioso, espiritual, vivenciado, no existencialmente, e tudo o que se
âmbito da própria cultura. Nas religióes relaciona com a sua existência e com 0
monoteístas (Judaísmo, Cristianismo, Islâ) seu próprio modo de existir no cosmo.36
há os intérpretes oficiais da doutrina que
desponta dos mitos e dos ensinamentos dos À pergunta "por que o mundo e tudo o
fundadores. O relato mítico também é obje que existe surgiu?", a resposta mítica
to de estudos e interpretações pelos eruditos reporta à intervenção do deus ou de
que leem a narrativa sob o prisma da própria deuses: instituiçóes, leis, costumes, figura,
ciência: Teologia, Filosofia, História, Ana lugares, instrumentos, técnicas, elementos
tropologia, Sociologia, Ciência da Religião, da natureza
Arqueologia, Paleontologia etc. As leituras de «criaçâ(P (plantio, colheita), em
do mito podem variar segundo estes vari0S situaçóes delicadas ou relevantes para a
enfoques e suas normas hermenêuticas, o vida humana: doença, nascimento, morte,
que dá margem a divergências e até a um núpcias e outras.
conflito de interpretações. certas religiócs, o ritual é secreto e
scrvado aos iniciados, podendo até excluir
rirnordialidade como regra a
narrativa mitolÓgica, por sua necessária presença de mulheres e crianças.l*

ligaç-áo instaurador. com um evento O que Permanência e


pri os mordial, deuses adquireou um
mutabilidade dos mitos
fez na origem se reflete e se perpetua Por sua conexáo com os primórdios
deus nas coisas como sáo agora. O mito originais, o mito tem uma conotação de
não pretende, como fazem os permanência. Entretanto, ele tem vinculaçáo
historiadores, oferecer explicaçáo estrita com as vivências ou experiências
individuais e comunitárias. O acontecimento
imanente das instituiçóes, das técnicas,
primordial sempre tem em mira realidades
dos oficios. O conhecimento dessas
que afetam a comunidade religiosa que o
realidades pelo mito que as atribui a acolhe. As cornunidades geram a atividade
uma intervenção divina não tem criadora do mito e este é uma resposta de
preocupacientífica, mas mostra uma sentido às vicissitudes sociais que afetam o
percepção simbólica e imaginária que vê grupo. Por isso, embora não evolua na sua
em tudo uma presença e uma açâo forma essencial, o mito se presta a novas
divinas. Daí a importância do mito para o leituras e até a sofrer altera —€õRQlðpG\der
homem arcaico porquanto lhe ensina as da evolúçâo da cultura e do
Arecitação do mito e suas regras
(árvores, rios, sementes, animais), tudo o
Como o acontecimento criador dos mitos
que se relaciona com a comunidade, tudo o
se dá em um espaço e em um tempo sagrados,
que
também a sua repetição requer que seja feita
em um espaço e em um momento sagrados.
é significativo para um povo, tem origem
Por isso, ela se cerca de regras. É reservada a
numa instauração divina.37
alguns personagens: anciãos, sa- cerdotes,
toba do noroeste da Argentina, que relata
sacerdotisas ou pessoas que a comu- nidade
como Metzgoshé, antecessor mítico dos
reconhece como revestidas de poder para tobas, lhes ensina, e só a eles, os costumes
conduzir a cerimônia ritual. O lugar é sempre da vida cultural deles.
um lugar sagrado, ainda que não seja em Embora possa haver a importação de um
recinto limitado. Pode acontecer em um mito de outra cosmovisáo, ele é sempre
campo plantado, à margem dos rios, no pé reinterpretado de acordo com O a exemplo
de cosmovisáoofe-
uma montanha, ao lado de uma do grupo que o importou.
cachoeira. Também o tempo da recitação recido por Croatto é o mito bíblico do
dilúvio (Gn 6—9), que foi importado da
é um tempo especial: noite, ao alvorecer,
visáo mesopotâmica, porque em Canaá náo
em momentos havia experiência de inundação que pudesse
gerar o mito. Mas ele é reinterpretado
saber, e assim, muitas conforme a cosmovisáo israelita, porque é
vezes, suas expressões outrora tomadas como Iahweh, e náo Elil, o ator divino. E o sentido
literais passam a ter apenas um valor
da catástrofe é moral e mística. Quer alertar
simbólico. Também pode acontecer que a para a maldade e a corrupção na terra e a
comunidade à qual o mito se dirigia tenha necessidade de purificação.40
deixado de existir, ou secularizou-se. Nessas Apesar dessa irredutibilidade, é possível
circunstancias, os mitos podem extinguir-se constatar uma circulação ou comunicação
ou perder-se. Ou entâo passam a ser entre os mitos. Isso acontece nos mitos das
culturas americanas, indo-europeias e dos
considerados como contos, fábulas, ou a
povos semitas, nos quais uma semelhança
integrar os monumentos da litera- entre os mitos pode ser reconhecida em dife-
tura mitológica, como é o caso da mitologia rentes áreas e em marcos cosmovisionais
grega e romana clássicas, que, sobretudo com diferentes. Nos mitos que se intercomunicam,
o advento da racionalidade filosófica e, mais o religioso, mantendo as especificidades da
tarde, com a ferrenha oposição do Cristianismo sua experiência, pode ter participação nas
aos mitos pagáos, deixaram de ser vivenciadas vivências humanas mais profundas e
e cultuadas, e sobrevivem como um dos mais universais. Isso se torna possível pela
brilhantes tesouros da literatura e da arte universalidade de certos símbolos que estão
universal. Sobre essa temática, é fundamental a presentes em várias cosmovisôes e se adaptam
leitura de Eliade, "Grandeza ou são reinter-
39 pretados. Também pode ser levantada
como hipótese a existência de um mito
e decadência dos mitos
primordial original que instaura um sentido
Irredutibilidade e fundamental paradigmático que é recebido
comunicação entre os mitos por vários
mitos, instaurando uma circulação simbólica
bilidade de migrar de uma cosmovisáo intercosmovisional.41
para outra, devido à sua característica de
náo ser difuso, mas criado para responder
a uma realidade específica e às
Mitos na modernidade:
experiências de determinado grupo social. aproximações
Croatto apresenta como exemplo 0 mito
Considerado o mito como ideia falsa, pensamento mítico, que sa0
ilusáo, ou afirmação gratuita e sem funda. constituintes do ser humano. Assim, ao
um romance, ao ouvir ou assistir a
MITOS IR RUGRAS ópera ou a um filme que contam
como todas as épocas está repleta de mitos histonas
Mas a questáo é saber se a modernidade, tempo que se vive o
que
reintegra ao escutar o mito,
va os mitos religiosos de outrora. Os Sempre, há saída do tempo histórico
mitos das comunidades ancestrais ainda e e o mergulho no tempo fabuloso e
existentes mantêm-se vivos nas suas histórico Pode até despertar uma
tradiçóes e são objeto de estudo de várias contra o tempo histórico, o desejo
ciências. Como as religióes náo se de atingir outros ritmos temporais além
extinguiram, como previam os arautos da dagoele eni que somos obrigados a viver
secularização, ao lado do vigor que elas
e a trabalhar, indo além "deste tempo
manifestam, mantêm também os próprios
que mata". E pergunta-se Eliade se esse
mitos que fundamentam e dão vida às
suas crenças. desejo de transcender o próprio tempo
Outra questão é a presença dos mitos "seja jamais extirpado", Enquanto
nas formas modernas de cultura, em perdurar esse anseio, "pode-se dizer que
especial, a música, a literatura, o cinema. o homem moderno conserva pelo menos
Com certeza, eles aí estáo presentes. Na alguns resíduos do comportamento
música, são exemPIOS, entre outros, as mitológico
óperas de Richard Wagner, que retoma a
Finalizamos este item apresentando
antiga mitologia germânica nórdica. Na
um trecho de um lindo mito sul-
literatura e no cinema, proliferam mitos
americano dos
de várias culturas religiosas, cristas ou
pagãs. O retorno dos mitos cristãos no
cinema foi objeto de pesquisa de Laercio
Torres de Góes, que analisa filmes Conclusão
produzidos até 2003 42 Este breve ensaio teve na sua trajetória
Eliade, tido como um dos várias limitações. Assumiu uma
definição de mito provisória e sujeita a
defensoresda existência de mitos nessas
críticas. Mas trabalhou a partir dela para
formas modernas de cultura, indica o construir algumas regras que norteiam o
alcance deles e suas racterísticas mito, enveredando por uma leitura em
mitológicas. Esclarece que os modernos que prepondera a visão fenomenológica
não cultuam, não praticam nem de Croatto e Eliade. Estamos
ritualizam esses mitos, por isso, eles
não nificam "a sobrevivência de uma vez que supõe uma noçáo de divindade e
mentalida nforne Eliade, é que eles de transcendente que não são aplicáveis a
carregam alguns aspectos e funções do religióes e mitos de todas as culturas, em
especial àquelas que abraçam uma visáo
imanente nas relações e vivências história do mito caminhou por atalhos e se
religiosas. Entretanto, uma leitura do pautou em uma só obra, pelos motivos de
mito a partir dessas reli- espaço e tempo e pela necessidade de
síntese. A exposição das tendências dos
e isso aumentaria ainda mais a
estudos mais atuais dos mitos em confronto
complexidade do trabalho, esbarraria nas
com as posiçóes negativas de Frazer e Tylor
limitaçóes de esPaço e ultrapassaria a
proposta de apresentar o tema em forma limitou-se a apenas alguns autores dentre os
de compêndio. A breve indicados no compêndio de Robert A. Segal,
p
o
r

s
Io: Pcrspcctiva, 1972. e
() mito eterno retorno, l,isboa•
r
70, 2000.
Origens. Lisboa: Fdiçócs 70, e
1989 m
BOI of () sagrado e o profano; a essência
religiócs. Sio o
Paulo: Martins s
I)isponisx-l Fontq 1999.
PRAZER, James B. O ramo de ouro, Rio n
de
o
GIRARD, Renée. Coisas ocultas desde afun.
m
M byá-Guarani do Paraguai, que contém
vários elementos mitológicos exposto»: a es mais citados quando o assunto é mito,
origetu divina da tribo, o caráter sagrado da
palavra, o hino como prolongamento do nham posições relevantes. Mas a mençáo
evento criador: dessas teorias, ainda que sucintamente,
excederia de muito os limites de espaço.
O verdadeiro Pai Nhamandu, o Primeito, Para tentar suprir essas lacunas,
em virtude da sua sabedoria criadora, acrescentaremos bibliografia referida no
engendrou a luz e uma ténue neblina. texto algumas obras que poderiam abrir
Havendo-se levantado, antes de se ter horizontes para quem
conhecimento das coisas, criou o
a uma leitura mais aprofundada do envolvente
fundamento da linguagem como parte da
tema que é o mito.
sua divindade. Em virtude da sua sabedoria
cvclopedia/5 pdf, acesso em: 20 de
criadora, concebeu a origem do amor. Criou agosto 2012.
na sua solidâo a origem de um hino sagrado. BUI-TMANN, Rudol[ O Novo Testamento
Tendo refletido profundamente, criou e mitologia O elemento mitológico na
aqueles que seriam companheiros da sua mensagem do Novo Testamento e o
problema de sua reinterpretação. In:
divindade 46
BARTSH, Hans Werner (ed.). Kepygma
andMyth. London: S.P.C.K., 1957. v. pp. GÓES, Laércio Torres de. O mito cristáo no
1-44. Disponível em: cinema. Salvador, Bahia:
http://www.chaves.com.br//TEXTA- 2003.
LIA/misc/bultmann.htm. JONAS, Hans. The gnostic religion. Bostotv
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linguaaio. s.l.: Armando Editore, 1977.
LEAVITT, John. Presentation: le mythe
Ed. original: The Edges ofLanguage;
aujourd'hui. Anthropologie et Société,
an Essay in the IX)gic of Religion.
29, n. 2 (2005), pp. 7-20. Disponível
New York, NY: The Macmillan
Company, 1972. em:
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito; http://ed.erudit.org/erudith/()11892ar;
entrevista a Bill Moyers. Sáo Paulo: Palas acesso em: 10 de agosto de 2012.
Athena, 1990. LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e
O herói de milfaces. Sáo Paulo: significado, Lisboa: Edições 70, 1997.
Cultrix/Pensamento, 1988. SEGAL, Robert A. Myth. In: SEGALL,
CASSIRER, Ernest. Linguagem e mito. 4. bert (ed.). The Blackwell Companion
ed. Sáo Paulo: Perspectiva, 2000.
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Blaodl Publishing, 2006. pp. 337-355.
VERNANT, Pierre. Mito e pensamento
entre os gregos. 2. ed. Rio de Janeiro:
Notas Paz e Terra, 2008.
Binsbergen, Rupture anel Fusion in
tbeApproach to Myth, p. 3.
2 Elide, Mito e realidade, p. II; grifos do autor.
3 Ibid., II,
daçåo do mundo. Rio de Janeiro: Ibid., p. 11; aspas e grifos do autor.
Paz Terra, 2009. Livro II, capítulo IV Os Binsbergen, Rupture and Fusion in theAppr0JCh

mitos.
to Myth, p.
17,

MITOS v SUAS

iremos a cronologia apontada por


Katcn Ibid. p. na obra Uma pequena
história do

Arosttong,a tradusáo portuguesa dc Portugal, Ibid P. 148.

C) título completo é Pimitive Culture; Roeurch€$ há também uma tradução e


ediçáo no into t/pe Devetopment of Mytölogy, Philøsophy,

Brasil, Optamos por este trabalho por ser su- Religion and
Custom e ao mesmo tempo abra ngente e bem fun- 27
Publicado no Brasil sob o título O ramo de
Armstrong,datncntado. Uma pequena história do mito, p. 2829 ourO.Buren,
Allefrontiere del linguagio, pp, 92-9S

Eliade, Mito e realidade, p. 12;


aspas e grifos do Ibid., p. autor.
Ibid., p. 49. 30 Ibid., pp. 16, 44 e passim; Croatto, As linguaEliade,
i Armstrong, Uma pequena história
31
do mito, p. Cassirer, Linguagem e mito.
32
Ibid., p. 64.
Armstrong, Uma pequena história 33
Ibid., p. 64.
do mito, p.
62. 34
Ibid., p. 65.
Ibid., p. 65. 35 Handy, citado por Eliade, Mito e
realidade, p.
Mitos, sonhos e mistérios, citado por gens da experiência religiosa, pp.
218 e 219.

guagens da experiência religiosa, p. 220.


apresenta como um ponto central
de mutação
no desenvolvimento espiritual 37 Croatto, As linguagens da
da humanidade, experiência religiosa,
que marcou as civilizações até os pp. 212-224; Eliade, Mito e
dias de hoje realidade, p. 16.
e assinala o início da religião 38 Croatto, As linguagens da
como a conhece- experiência religiosa,
pp. 231-232.
mos.
Ibid., pp. 81-83. 39 Eliade, Mito e realidade, pp.
40 123-140.
linguagens da experiência
religiosa,
Ibid., p. 84. Croatto, As
pp. 273-278.
Ibid., p. 87. 41
Ibid., pp. 278-280.
Ibid., p. 105. 42 Góes, O mito cristáo no cinema.
Ibid., p. 109. 43 Eliade, Mito e realidade, p.
156.
20
Este período corresponde à
grande transfor- 44 Ibid., p. 164.
mação ocidental que fez surgir 45

uma civilização Ibid., p. 165.


sem precedentes a se espalhar 46
A íntegra deste mito encontra-
por todo o mundo. se em Codogan,
Ayvú Rapytá, citado por Croatto,
As linguagens
Ibid., p. 119. da experiência religiosa, pp. 285-288.

Ibid., pp. 67-77• 33.


Denominado axial por Karl Jaspers porque se 36 Eli

23 Ibid., p.
132. Ibid.,
p. 133.

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