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SEMINÁRIO DE SÃO PEDRO

NATAL, RIO GRANDE DO NORTE – JUNHO DE 2018

VOCACIONADO: CAMILO SOARES LEITE DE LIMA

PARÓQUIA: NOSSA SENHORA DE CANDELÁRIA, NATAL/RN

Resumo: Instrução Sobre os Critérios de Discernimento Vocacional Acerca das Pessoas


com Tendências Homossexuais e da sua Admissão ao Seminário e às Ordens Sacras

O presente documento trata dos critérios de admissão às ordens sacras, e de como


formadores, bispos, superiores, diretores espirituais e outros indivíduos que a Igreja incumbe
de formar e escolher pessoas para o recebimento do Sacramento da Ordem, bem como os
próprios postulantes, devem proceder no caso destas apresentarem “tendências homossexuais
profundamente radicadas” (CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, 2005, p.
9). Está dividido em uma Introdução, três capítulos, 1 - “Maturidade afetiva e paternidade
espiritual”, 2 - “A homossexualidade e o ministério ordenado” e 3 - “O discernimento da
idoneidade dos candidatos por parte da Igreja”, e a Conclusão.

À luz do rico ensinamento da Igreja articulado a partir do Concílio Vaticano II em


geral, e em particular do decreto Optatam totius, da Ratio fundamentalis institutionis
sacerdotalis, e da Exortação pós-sinodal Pastores dabo vobis, de S. João Paulo II, a respeito
da adequada formação dos candidatos ao sacerdócio nas circunstâncias do mundo
contemporâneo, o documento dá normas acerca de uma situação urgente, que é a da admissão
ou não de pessoas com tendências homossexuais radicadas ao Seminário e às Ordens Sacras.

Para fundamentar tais diretrizes, no capítulo 1, a Instrução parte do caráter específico


do Sacramento da Ordem: Configurar, através do Espírito Santo, o candidato a Cristo,
tornando-se Seu representante na qualidade de Cabeça, pastor e Esposo da Igreja, pelo dom
total de si animado pela caridade pastoral. Nas palavras de São João Paulo II, conforme a
Pastores Dabo Vobis, “O sacerdote é chamado a ser imagem viva de Jesus Cristo Esposo da
Igreja”. Tal configuração requer uma maturidade afetiva que torne o postulante capaz de um
correto relacionamento com homens e mulheres, capacitando-o a exercer uma genuína
paternidade espiritual em relação à comunidade que lhe é confiada.
No segundo capítulo, o documento aponta para o ensinamento da Igreja, conforme
expresso no Catecismo da Igreja Católica, no que se refere à distinção entre atos e tendências
homossexuais: Os primeiros são pecados graves, intrinsecamente imorais, e não podem jamais
ser aprovados; já as segundas, conquanto constituam uma inclinação objetivamente
desordenada para um comportamento intrinsecamente mau, significam muitas vezes uma
provação para as pessoas que as possuem, as quais devem ser acolhidos com respeito. Elas
são chamados a realizar a vontade de Deus, unindo-se, em tais provações, à Cruz de Cristo.

Feita tal distinção, afirma-se que, conquanto se respeite tais pessoas, no que se refere
às que praticam a homossexualidade, ou possuem tendências profundamente radicadas, ou
ainda apoiam a “cultura gay”, estas não podem ser admitidas ao seminário ou ao sacramento
do Sacerdócio, pois estão numa situação que obsta “um correto relacionamento com homens e
mulheres” (p. 10), cujo preterimento pode acarretar consequências negativas. Já aquelas em
que tais tendências são fruto de uma situação transitória, tal deve ser superada ao menos três
anos antes Ordenação diaconal.

O terceiro capítulo inicia tratando dos dois aspectos constitutivos da vocação


sacerdotal: O dom gratuito de Deus, através da Igreja, na Igreja e para o serviço da Igreja, e a
liberdade responsável do homem, que responde livremente e oferece-se a Ele no amor. Não
basta, no entanto, o desejo para ser Sacerdote, que não constitui um direito do indivíduo,
sendo responsabilidade da Igreja, mormente na figura do Bispo, 1) discernir a idoneidade dos
candidatos ao seminário, e 2) acompanha-los durante sua formação para recepção do
sacramento, devendo estes possuir, tanto na primeira etapa como na segunda, “dotes
humanos e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica” e “vontade reta”, bem
como “fé íntegra”, “reta intenção”, “ciência de vida”, “boa reputação”, “integridade de
costumes”, “virtudes comprovadas” e outras qualidade, tanto físicas como psíquicas,
congruentes à recepção do sacramento.

No que se refere à formação, esta deve abranger quatro dimensões: humana, espiritual,
intelectual e pastoral, sendo a primeira o fundamento de toda a formação, razão porque é
necessário à Igreja verificar a maturidade afetiva do candidato. Para tanto, o Bispo, ou
Superior Geral, responsável por conferir o sacramento, deve chegar a um juízo moralmente
certo sobre as qualidades do candidato, mediante parecer dos formadores, sem o qual não se
dever admitir a Ordenação. Tal discernimento também compete ao reitor e demais formadores
do Seminário, que devem emitir juízo sobre as qualidades do candidato exigidas pela Igreja,
tais como reta doutrina, piedade genuína, bons costumes e aptidão para exercer o ministério.
Quanto ao diretor espiritual, que representa a Igreja no foro interno, deve lembrar o candidato
das exigências da Igreja acerca da maturidade afetiva e da castidade sacerdotal, ajudando-o
também no discernimento das qualidades necessárias, tendo também o dever, juntamente com
seu confessor, de dissuadi-lo da Ordenação caso este pratique a homossexualidade ou tenha
tendências profundamente radicadas. Sobretudo, cabe ao próprio candidato a responsabilidade
de sua formação. Não deve este ocultar própria condição com intuito de ser Ordenado. Tal
procedimento contradiz radicalmente o que se espera de alguém que se sente chamado ao
serviço de Cristo e da Igreja através do sacerdócio.

Por fim, a Instrução reforça a necessidade de todos os interessados em fazer o devido


discernimento da idoneidade dos candidatos ao Sacerdócio em todo seu percurso, à luz de
uma concepção de ministério sacerdotal consoante ao Magistério e à Tradição. Exorta ainda
que os superiores assegurem que as normas do presente documento sejam seguidas, na certeza
de que assim teremos sempre na Igreja sacerdotes que sejam verdadeiros pastores segundo o
coração de Cristo.

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