Você está na página 1de 54

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Psicologia da Educação

Profª.Ana Lúcia Gouveia


al-gouveia@bol.com.br
CONCEITO E SURGIMENTO DA PSICOLOGIA

• Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano


e seus processos mentais. Melhor dizendo, a Psicologia
estuda o que motiva o comportamento humano – o que o
sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais, que
passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem,
inteligência.

• A história da Psicologia, cuja etimologia deriva de Psique


(alma) + Logos (razão ou conhecimento), se confunde com a
Filosofia até meados do século XIX. Sócrates, Platão e
Aristóteles deram o pontapé inicial na instigante investigação
da alma humana.
Psicologia Científica
• O fato é que no final do século XIX, os acadêmicos da
época resolvem distanciar a Psicologia da Filosofia e
da Fisiologia, dando origem ao que se chamou de
Psicologia Moderna ou Científica. Os comportamentos
observáveis passam a fazer parte da investigação
científica em laboratórios com o objetivo de se
controlar o comportamento humano. Nesse sentido, os
teóricos objetivam suas ações na tentativa construir
um corpo teórico consistente, buscando o
reconhecimento, enfim, da Psicologia como ciência.
CORRENTES E REPRESENTANTES DA
PSICOLOGIA
Inatismo / Pré-formismo / Apriorismo /
Racionalismo

• Ao nascer, a criança vem equipada com


capacidades, aptidões e possibilidades
que irão amadurecendo até sua
transformação em um adulto.
Concepção Inatista

• Essa concepção acredita que os eventos que ocorrem após o nascimento


não são essenciais para o desenvolvimento. As qualidades de o ser
humano já se encontrariam prontas, não sofrendo qualquer transformação
ao longo da existência.

• O papel do ambiente é interferir o mínimo possível no processo de


desenvolvimento da pessoa. Essa concepção valoriza os fatores
endógenos (de dentro para fora). Não valoriza o que o indivíduo adquiriu
(bagagem)

• Principais teóricos: Pitágoras, Platão, Descartes, Herbart e Chomsky.


Noan Chomsky
1928
• O homem já nasce
como pessoa e vai
tomando forma de
acordo com o
desenvolvimento;
• Linguagem: herança
genética do ser
humano.
• Pré- formismo:
Esta teoria defende que o desenvolvimento embrionário consiste no
desenvolvimento de potencialidades preexistentes no ovo.
O desenvolvimento do novo indivíduo limitava-se à amplificação das
estruturas preexistentes no ovo.

• Apriorismo:
Esta teoria que opõe-se ao empirismo por considerar que o indivíduo, ao
nascer, traz consigo, já determinadas, as condições do conhecimento e da
aprendizagem que se manifestarão imediatamente (inatismo) ou
progressivamente pelo processo geral de maturação. Toda a atividade de
conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa dela.

• Racionalismo:
É a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como
operação mental, discursiva e lógica. A partir daí, elabora-se o que é
verdadeiro, falso ou provável.
Empirismo / Ambientalismo / Behaviorismo /
Comportamentalismo

• O desenvolvimento do ser humano


depende principalmente do seu
ambiente, dos estímulos do meio em
que ele vive, das experiências pelas
quais ele passa.
• Empirismo:
Filosofia da experiência, que enfatiza o caráter experimental do
conhecimento, em oposição aos conceitos gerais. A perspectiva empirista
se harmoniza com o raciocínio indutivo, que parte da observação
particular para a generalização, ou seja, do concreto ao abstrato. Pela
perspectiva empirista a experiência, baseada na sensação ou emoção, é
subjetiva. É o oposto do racionalismo.

• Ambientalismo:
Esta teoria é derivada do empirismo e atribui ao ambiente poder no
desenvolvimento humano. O homem desenvolve suas características em
função das condições presentes no meio em que se encontra. Skinner é o
grande defensor da posição ambientalista. Também é chamada de
behavorismo ou comportamentalismo.
Skinner
1904-1990
• A Máquina de Ensinar: O aparelho consistia numa caixa com uma abertura na sua
parte superior onde se podia visualizar os problemas propostos, que vinham
impressos em uma tira de papel. A criança respondia movendo um ou mais dos
cursores, onde estavam impressos os dígitos. As respostas eram impressas
juntamente com as suas respectivas perguntas. Um botão devia ser girado ao
término de cada resposta. Se esta estivesse correta, o botão giraria facilmente. Já se
estivesse incorreta, o botão não giraria e o aluno teria que persistir na mesma
questão até que conseguisse solucioná-la.
Com o uso da máquina de ensinar, os alunos poderiam progredir no seu próprio
ritmo de aprendizagem, vencendo os obstáculos a partir das suas próprias tentativas.

• Livro: Escola, a máquina de ensinar.


• Adepto ao reforço positivo.

• Condicionamento clássico (condicionamento pavloviano ou respondente) e


condicionamento operante (Skinner).

• Existem duas formas de reforço que são: o positivo e o negativo. Ambos têm como
função ensinar e reforçar um determinado comportamento. O indivíduo aprende qual
o comportamento desejável para alcançar determinado objetivo. Já a punição reforça
qual o comportamento indesejável, ou seja, que não deve ser manifestado para
evitá-la.

• Defende que mudanças no comportamento podem ser provocadas (estímulo –


resposta)

• John Watson (1878-1958): Desconsiderava os estudos dos fenômenos mentais e


das sensações. O controle do ambiente permite qualquer tipo de comportamento.
Construtivismo /Interacionismo / Relativismo

• Esta terceira forma de conceber o ser


humano leva em conta, tanto fatores
orgânicos, como fatores ambientais: o
homem resulta de forças sócio-históricas
específicas mas, ao mesmo tempo, é
capaz de ação que o leva a transformar
seu meio.
Jean Piaget
1896-1980
Fases do Desenvolvimento Cognitivo
• Sensório-motor ~ 0-2 anos
- percepções sensoriais
- pega, balança, joga, bate, morde
- descobertas e repetição
• Pré-operatório ~ 3- 6 anos
- aparecimento da linguagem oral
- faz-de-conta
- pensamento egocêntrico
- animismo (as coisas e animais têm emoções)
- não tem noção de conservação (muda aparência do objeto/ muda tb a
quantidade)
• Operatório concreto ~ 7-11 anos
- pensamento lógico e objetivo (constatação e explicação)
- pensamento menos egocêntrico
- depende de materiais concretos para ordenar, seriar, classificar
• Operatório formal ~ 12 anos em diante
- o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta (abstração)
- raciocínio lógico, hipotético-dedutivo
A Epistemologia Genética consiste numa síntese das teorias
então existentes, o apriorismo e o empirismo. Piaget não
considera que o conhecimento seja inerente ao próprio sujeito,
como prega o apriorismo, nem que o conhecimento provenha
totalmente das observações do meio que o cerca, como demanda o
empirismo.
Vygotsky
1896-1934
Pe
ns
am
en
t o
-A trajetória do desenvolvimento se dá
“de fora para dentro” (imerso no grupo
social)
– Internalização de processos
interpsicológicos.
Li
ng
ua
g em
Zona de Desenvolvimento Proximal
É a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de
desenvolvimento potencial.

REAL POTENCIAL

ZDP
ZDP

• Nível de desenvolvimento real: o que revela uma atuação


independente do sujeito

• Nível de desenvolvimento proximal: quando alguém não consegue


realizar determinada tarefa, mas a faz com a ajuda de outros

• Nível de desenvolvimento potencial: as tarefas estão na iminência


de serem efetivadas

• Mediação: trocas interpessoais


Piaget e Vygotsky: diferenças e semelhanças

• Piaget privilegia a maturação biológica; Vigotsky, o ambiente social.

• Piaget acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente


pela criança, Vygotsky entende que a criança já nasce num mundo social.

• Piaget acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento,


Vygotsky, ao contrário, postula que o desenvolvimento e aprendizagem são
processos que se influenciam reciprocamente.

• Segundo Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem, que é uma


das suas formas de expressão. Já para Vygotsky, pensamento e linguagem
são processos interdependentes, desde o início da vida.
Henri Wallon
1879-1962

• Propôs mudanças estruturais


no sistema educacional
francês
• Coordenou o projeto da
reforma de ensino (Plano
Langevin-Wallon/1944)
• Suas ideias eram baseadas
em quatro elementos:
- Afetividade
- Movimento
- Inteligência
- A formação do “eu” como
pessoa
Estágios do Desenvolvimento Cognitivo

• Impulsivo-emocional ~ 0-1 ano: Marcado pela inabilidade motora,


dependência de cuidados maternos, movimentos descoordenados.
Comunicação através da emoção (choro, medos, sons que vão se
diferenciando), mobilização da presença do outro, contato de
caráter social (os adultos vão introduzindo a criança no contexto
cultural em que vivem)

• Sensório-motor ~ 1-3 anos: A criança começa a explorar o mundo


físico e manipulá-lo. Maior autonomia de movimentos. O
pensamento está atrelado aos gestos.

• Personalista ~ 3-6 anos: Momento da construção da personalidade.


Predomínio de aspectos afetivos na relação com o ambiente. Busca
de autonomia. A criança é arredia a ordens, mas tem forte vínculo
familiar e necessidade de aprovação.
• Categorial ~ 6-11 anos: Pensa formando categorias, consegue
seriar, classificar, diferenciar. É a fase da curiosidade (conhecer a
realidade).

• Adolescência ~11 anos em diante: Início da puberdade, mudanças


na relação com os outros (plano afetivo). O componente afetivo é
mais racionalizado em virtude da mudança no campo intelectual.
Depara-se com o desafio/conflito de buscar sua identidade, de
ampliar seus vínculos afetivos.
- Wallon dedicou-se ao ENTENDIMENTO DO PSIQUISMO HUMANO, seus
mecanismos e relações mútuas, a partir de uma perspectiva genética.
- Apesar de NÃO TER PROPOSTO UM MÉTODO PEDAGÓGICO,
participou ativamente de debates em torno do tema Educação, contribuindo
com críticas à educação tradicional.
- Manteve INTERLOCUÇÃO com as teorias de PIAGET e FREUD
- Foi um dos pioneiros a relacionar a hierarquização do sistema nervoso
central com a questão da inteligência.
- Propôs a teoria do desenvolvimento cognitivo => centrada na
psicogênese da pessoa completa
- Estudo centrado na criança contextualizada => a passagem dos estágios
de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por
reformulação, instalando-se no momento da passagem de uma etapa a
outra, crises que afetam a conduta da criança.
- No entanto, Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da
inteligência.
Emília Ferreiro
1937

• Estudos piagetianos;
• Como se ensina x Como se
aprende;
• Independe da
escolarização;
• Psicogênese da Língua
Escrita;
• Construtivismo não é
método.
• Emília Ferreiro e Ana Teberosky iniciaram em 1974 uma
investigação que permitiu demonstrar que a psicogênese* da
língua escrita constitui-se por uma sequência crescente de níveis
de complexidade da compreensão do que o sujeito vivencia em
direção à leitura e à escrita. A construção do objeto conceitual "ler
e escrever" faz-se, portanto, durante vários anos, através de um
processo progressivo de elaboração pessoal.
* Estudo da origem e desenvolvimento dos processos mentais ou
psicológicos, da mente ou da personalidade.

• O domínio do código escrito é a apropriação de um novo objeto


de conhecimento. Com instrumental piagetiano de investigação,
Ferreiro & Teberosky partiram da concepção que a aquisição do
conhecimento se baseia na atividade do sujeito em interação com
o objeto de conhecimento e mostraram que as crianças pré-
escolarizadas têm idéias, teorias e hipóteses sobre o código
escrito.
• A vinculação entre a escrita e a fala não tem nada de
óbvio para quem está no início do seu processo de
alfabetização. E mesmo quando o aprendiz já
estabelece a relação entre fala e escrita, a vinculação
que se estabelece não é do tipo fonema-grafema.

• Na concepção construtivista, o conhecimento é algo a


ser produzido, construído pelo aprendiz enquanto sujeito
e não objeto da aprendizagem é um processo dialético
através do qual ele se apropria da escrita e de si mesmo
como usuário e produtor de escrita.
Níveis Conceituais Lingüísticos
• Nível 1: Pré-silábico (escrita indiferenciada) – caracteriza-se pela busca
de parâmetros de diferenciação entre as marcas gráficas figurativas
(desenhos) e não figurativas (letras e números). É dividido em 3 fases:
a) Fase pictórica: a criança registra garatujas e desenhos. Escrita
indiferenciada.
Exemplo:

(FLOR)
b) Fase gráfica primitiva: a criança registra símbolos ou letras misturadas com
números. Escrita indiferenciada.
Exemplos: N021 (CARRO)
RV6N (ÁRVORE)

c) Fase pré-silábica: a criança começa a diferenciar letras de números,


desenhos ou símbolos.
Exemplos: TRAC (CASA)
AIVNOAXE (ABACAXI)
• Nível 2: Silábico (diferenciação da escrita) – A criança conta os “pedaços
sonoros”, isto é, as sílabas e coloca um símbolo (letra) para cada pedaço
(hipótese silábica). Essa noção de cada sílaba corresponder a uma letra
pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
Exemplo: AO (GATO) ou TF (GATO)

• Nível 3: Silábico- alfabético (a hipótese alfabética: existe relação entre


letras e sons) – É um momento conflitante, pois a criança precisa negar a
lógica do nível silábico. É quando o valor sonoro torna-se predominante e a
criança começa a acrescentar letras principalmente na 1ª sílaba.
Exemplo: TOAT (TOMATE)

• Nível 4: Alfabético (hipótese silábico-alfabética: a caminho do


convencional) – A criança reconstrói o sistema lingüístico e compreende a
sua organização. É a fonetização da escrita convencional, mas podem
ocorrer erros ortográficos.
Exemplos:
- Ela sabe que os sons L e A são grafados LA e que T e A são grafados
TA e que juntos, significam LATA.
- CAXORRO (CACHORRO)
• Nível 5: Hipótese alfabética (uma escrita com expressão fonética) – Nesse
estágio a criança já venceu todos os obstáculos conceituais para a
compreensão da escrita - cada um dos caracteres da escrita corresponde
a valores sonoros menores do que a sílaba – e realiza sistematicamente
uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
O que a criança terá alcançado aqui não significa a superação de todos os
problemas. Há o alcance da legibilidade da escrita produzida, pois esta
poderá ser mais facilmente compreendida pelos adultos. No entanto, um
amplo conteúdo ainda está por ser dominado: as regras normativas da
ortografia.
Exemplos: PAPAGAIO
TATUSSINHO
JACARE
DINOSAURO
CÃU
• A presença de erros ortográficos é um indicador do modo pelo qual as
crianças chegaram a descobrir as funções da escrita, a representação que
esta realiza e sua realiza e a sua organização.
MIKHAIL BAKHTIN: FILOSOFIA DA LINGUAGEM

Mikhail Bakhtin dedicou a vida à definição de noções, conceitos e


categorias de análise da linguagem com base em discursos cotidianos,
artísticos, filosóficos, científicos e institucionais. Em sua trajetória,
notável pelo volume de textos, ensaios e livros redigidos, esse filósofo
russo não esteve sozinho. Foi um dos mais destacados pensadores de
uma rede de profissionais preocupados com as formas de estudar
linguagem, literatura e arte, que incluía o linguista Valentin Voloshinov
(1895-1936) e o teórico literário Pavel Medvedev (1891-1938).

Um dos aspectos mais inovadores da produção do Círculo de Bakhtin,
como ficou conhecido o grupo, foi enxergar a linguagem como um
constante processo de interação mediado pelo diálogo - e não apenas
como um sistema autônomo.

• Segundo essa concepção, a língua só existe em função do uso que


locutores (quem fala ou escreve) e interlocutores (quem lê ou escuta)
fazem dela em situações (prosaicas ou formais) de comunicação. O
ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam necessariamente
pelo sujeito, o agente das relações sociais e o responsável pela
composição e pelo estilo dos discursos. Esse sujeito se vale do
conhecimento de enunciados anteriores para formular suas falas e redigir
seus textos. Além disso, um enunciado sempre é modulado pelo falante
para o contexto social, histórico, cultural e ideológico.

• Nessa relação dialógica entre locutor e interlocutor no meio social, em que


o verbal e o não-verbal influenciam de maneira determinante a construção
dos enunciados, outro dado ganhou contornos de tese: a interação por
meio da linguagem se dá num contexto em que todos participam em
condição de igualdade. Aquele que enuncia seleciona palavras apropriadas
para formular uma mensagem compreensível para seus destinatários. Por
outro lado, o interlocutor interpreta e responde com postura ativa àquele
enunciado, internamente (por meio de seus pensamentos) ou externamente
(por meio de um novo enunciado oral ou escrito).
Sigmund Freud
1856-1939
A Teoria de Freud

• Freud estudou o desenvolvimento emocional humano, criando um método de tratar os


distúrbios psíquicos chamado Psicanálise.

• Na teoria freudiana, o que leva o indivíduo a agir é a sua excitação energética, os seus
instintos.

• O instinto seria a fonte de todos os impulsos básicos do indivíduo que seriam a base
dos comportamentos, motivos e pensamentos. Todos seriam governados a partir de três
fontes energéticas (pulsões): a sexualidade (libido), os impulsos de auto-conservação
(necessidades básicas: fome, sede, sono...) e a agressividade.

• Para agir o recém-nascido dispõe apenas de uma estrutura psíquica, chamada Id.

• À medida que cresce, a criança vai formando outras duas estruturas psicológicas
derivadas do Id: o Ego e o Superego.

• O Ego é a parte da psique que contém as habilidades, os desejos aprendidos, os


medos, a linguagem o sentido de si próprio e a consciência. É o elemento de
organização da personalidade.

• O Superego, espécie de censura, de controle sobre o poder dos impulsos, é o


responsável pelo adiamento do prazer por parte do indivíduo. A relação entre o Id, Ego
e Superego (impulsos, realizações e censura) é fonte de tensão e ansiedade.
• O inconsciente para Freud teria a atuação no comportamento das
pessoas, atuando sobre os desejos, e as idéias inconscientes através dos
impulsos e das fantasias.

• Afetividade e cognição:
- Constituem aspectos inseparáveis, presentes em qualquer atividade,
embora em proporções variáveis. Tanto a inteligência como a afetividade
são mecanismos de adaptação, permitem ao indivíduo construir noções
sobre os objetos, as pessoas e as situações, conferindo-lhes atributos,
qualidades e valores.

• Motivação e aprendizagem:
- A motivação para aprender nada mais é do que o reconhecimento, pelo
indivíduo, de que conhecer algo irá satisfazer suas necessidades. A
motivação humana deve ser compreendida na relação entre os aspectos
cognitivos e afetivos da personalidade, dependentes do meio social. Cabe
ao professor desenvolver junto aos seus alunos a motivação através de
conteúdos significativos.

- A aprendizagem é facilitada quando o indivíduo conta com informações


sobre o próprio desempenho. Conhecendo a natureza dos erros ou dos
acertos, pode colocar-se novas metas, buscar auxílio, modificar o
comportamento. Desse ponto de vista, a avaliação do professor leva ao
aluno a se auto-avaliar, a perceber quais seus pontos fortes e quais os
pontos que devem ser superados.
EXERCÍCIOS
1. (Natal, 2003) Para Jean Piaget, o conhecimento se constrói a partir da ação do
sujeito sobre o objeto, num sistema de relações em que o sujeito incorpora
elementos do meio para modificar o que já sabe, por meio de um mecanismo
de adaptações sucessivas. Esse mecanismo compreende dois processos:
(a) assimilação e memorização.
(b) internalização e acomodação.
(c) assimilação e acomodação.
(d) assimilação e apropriação.

2. Em qual das alternativas abaixo existe a ideia de Piaget sobre os estágios de


desenvolvimento cognitivo?
A) Esquema, assimilação, acomodação e equilibração.
B) Assimilação, sensório-motor, pré-operatório e acomodação.
C) Sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
D) Sensório-motor, pré-operatório, esquema e acomodação.
E) Equilibração, assimilação, esquema e operatório formal.
3. De acordo com Piaget, existem diferentes fases do desenvolvimento cognitivo.
Analisando a situação abaixo, identifique em qual dessas fases o adolescente
se encontra: “Numa experiência de flutuação de corpos, um adolescente
separou objetos que bóiam dos que flutuam, pelo peso que possuíam.”

(a) sensório-motora
(b) pré-operacional
(c) operacional-concreta
(d) operações formais
(e) simbólica

4. (SEE/RJ – 2008) Segundo Piaget, a criança passa por três períodos de


desenvolvimento mental. O período de operações formais, quando a criança /
adolescente começa a lidar com abstrações e a raciocinar com realismo acerca
do futuro, formulando hipóteses, compreende, de modo geral, a faixa de idade
entre:

a) seis e oito anos


b) oito e dez anos
c) nove e onze anos
d) dez e doze anos
e) onze e quinze anos
5. (Nova Iguaçu, 2006) O estágio de pensamento intuitivo da criança no qual as
ações sensório motoras começam a sugerir a representação, a imagem mental
e a presença de regulação semi-reversíveis corresponde, segundo Jean Piaget,
ao seguinte período da criança:

a) 0 a 1 ano
b) 1 ano e meio a 2 anos
c) 2 anos a 7 anos
d) 7 anos a 12 anos
e) 5 anos a 7 anos

6. (Nova Iguaçu, 2006) O pensamento no adolescente se dará quando este


alcançar a possibilidade de relacionar a inversão e a reversibilidade com a
conseqüente compreensão da irreversibilidade, permitindo-o adquirir ideais e,
então, sonhar com o futuro e colocar degraus para alcançá-los. Jean Piaget
denomina este estágio de desenvolvimento do pensamento como:

A) intuitivo
B) não-formal
C) formal
D) instintivo
E) moto
7. (Estado RJ, 2001) Foi proposta a uma turma da terceira série do ensino
fundamental, a seguinte pergunta, feita por escrito: “Laura tem cabelos
mais escuros que Paula. Laura tem cabelos mais claros que Vitória. Qual das
três tem cabelos mais escuros?” Nenhuma das crianças conseguiu responder
corretamente à questão. Isso ocorreu porque, nessa idade, as crianças, para
desenvolverem operações lógicas dependem de que lhes sejam oferecidas
oportunidades de:

(a) formular hipóteses


(b) elaborar problemas
(c) trabalhar abstratamente
(d) manipular objetos
8. (Niterói, 2003) Sobre os postulados teóricos de Piaget e Vygotsky, podem ser
consideradas corretas as afirmações contidas em:

(d) Piaget defende uma perspectiva construtivista do conhecimento, enquanto Vygotsky


defende uma concepção inatista do desenvolvimento;

(b) Piaget sustenta que a construção do conhecimento procede do social para o


individual, ao passo que Vygotsky explicita a importância da mediação simbólica nos
processos de aprendizagem;

(c) Piaget é um teórico construtivista por defender a idéia de construção do


conhecimento, enquanto Vygotsky revela-se como teórico interacionista por
fundamentar-se nas noções de equilíbrio e estrutura;

(d) Piaget define o desenvolvimento como um processo de equilibrações regressivas, ao


passo que Vygotsky postula a formação social da mente;

(e) Piaget define o desenvolvimento como um processo de equilibração progressiva,


enquanto Vygotsky atribui à linguagem um papel fundante no psiquismo humano.
9. A teoria de Vygotsky entende o desenvolvimento e a aprendizagem como
relacionados desde o nascimento da criança. O desenvolvimento é entendido
como um processo:
(a) previsível, universal e linear;
(b) em que o sujeito é passivo e seu comportamento é condicionado pela influência
dos estímulos do ambiente;
(c) determinado por conteúdos mentais de caráter individual, dos quais não se tem
consciência;
(d) construído no contexto social e promovido pela aprendizagem.

10. (Altamira, 2005) Sobre a zona de desenvolvimento proximal presente nas


teorizações de Vygotsky é correto afirmar que:
(a) é uma área de tensão entre o aprendido e o não aprendido, que se acomoda na
idade adulta.
(b) ela é tanto maior quanto maior for a etapa evolutiva do indivíduo.
(c) é a área de aproximação e socialização entre crianças com mesmo nível de
desenvolvimento cognitivo.
(d) refere-se à distância entre o nível de desenvolvimento atual e o nível potencial de
desenvolvimento.
(e) é reveladora da natural preponderância da ação de aprender, dos discentes, em
detrimento da ação de ensinar, dos docentes.
11. (São Paulo, 2004) Tendo como fundamento a noção de zona de
desenvolvimento proximal de Vygotsky, ao planejar uma situação pedagógica,
o professor deve:
(a) Partir do que as crianças já conhecem e planejar ações que as possibilitem, com seu
apoio ou de outras crianças, realizar novas atividades propostas.
(b) Avaliar o que falta nas capacidades cognitivas de suas crianças para poder propor
atividades que desenvolvam essas capacidades.
(c) Planejar situações para que espontaneamente as crianças desenvolvam suas
habilidades.
(d) Identificar o potencial que suas crianças trazem e estimulá-los, não ultrapassando
seus limites.
(e) Estruturar situações na rotina para que com a repetição regular destas as crianças
memorizem e aprendam os conteúdos propostos.
12. Vigotsky afirma que o bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento,
ou seja, que se dirige às funções psicológicas que estão em
vias de se completarem (Rego, 2001). Isso significa dizer que, na abordagem
sóciointeracionista, a qualidade do trabalho pedagógico está associada à:

(A) capacidade de promoção de avanços no desenvolvimento do aluno a partir daquilo


que potencialmente ele poderá vir a saber.
(B) possibilidade de promover situações em que o aluno demonstre aquilo que já sabe e
aprendeu fora da escola.
(C) criação de zonas de atuação pedagógica a partir de conhecimentos mais adiantados
nas séries escolares.
(D) proposição de pré-requisitos para a aprendizagem que demonstrem a prontidão dos
alunos.
(E) introdução de conceitos difíceis que levem os alunos a estudar além daquilo que está
nos livros didáticos.
13. Assinale a opção que apresenta, corretamente, semelhanças e diferenças
entre as teorias de Piaget e Vygotsky:

SEMELHANÇAS DIFERENÇAS
AMBOS PIAGET VYGOTSKY
A Compreendem que o processo Insistiu na constituição de Defendeu um estudo inter-
de desenvolvimento intelectual, sistemas estruturais relacionado das funções e
explicitado pelo mecanismo da como a chave da processos pedagógicos.
equilibração, precede e coloca inteligência
limites à aprendizagem

B Concordam que a aprendizagem Sua teoria enfatiza Aborda a dimensão individualista


interage com o desenvolvimento, aspectos histórico-sociais do desenvolvimento, pois é o
produzindo sua abertura nas do desenvolvimento. próprio sujeito quem aprende
zonas de desenvolvimento
proximal.

C Apontam o desenvolvimento O sujeito não é apenas A intervenção social externa


cognitivo como um processo de ativo, mas, sobretudo pode ser facilitadora ou
construção de estruturas lógicas interativo obstacularizadora.
e são universalistas.

D Enfatizam a atividade do sujeito A cognição se A interação social e a linguagem


na aquisição do conhecimento e desenvolve a partir da são decisivas para compreender
o caráter qualitativo das experiência com o meio o desenvolvimento cognitivo.
mudanças no desenvolvimento. físico.

E Têm um enfoque genético As funções psíquicas A construção da inteligência é


partilhado por entender que as superiores são mediadas uma elaboração pessoal.
funções psicológicas e os pela cultura.
sistemas de conhecimento
podem ser estudados apenas em
seu processo de formação.
14. Para Wallon a origem da razão está:
(a) Na emoção
(b) Na mente
(c) Nos estágios do desenvolvimento
(d) Na própria razão.

15. É característico do pensamento de Wallon:


(A) o processo de desenvolvimento psico-social em fases, desde o “grau zero” até a
adolescência.
(B) a repetição baseada em prêmio (estímulo –resposta).
(C) a psicogenética tendo a dimensão afetiva como central tanto para a construção da
pessoa quanto do conhecimento.
(D) a idealização do conhecimento, partindo da experiência pessoal do grupo em que se
trabalha.
(E) a liberdade total na aprendizagem como meio de se atingir o pensamento científico
através da busca pessoal.
16. (Guararema/2005) Qual foi a mudança de rumo no estudo do processo ensino-
aprendizagem propostos por Ferreiro e Teberosky?
(A) Mudar o centro da discussão para a formação profissional do professor.
(B) Rever o processo de aquisição de conhecimento baseadas em Skinner.
(C) Deslocar o eixo do “como se ensina” para “como se aprende”.
(D) Reverter o processo de ensino como algo que vem de fora para dentro e instalar no
Eu o centro das atenções.

17. (Guararema/2005) Em qual teórico se baseiam os estudos de Ferreiro e


Teberosky?
(A) Wallon.
(B) Piaget
(C) Freire.
(D) Vygotsky.
(E) Perrenoud.
18. (Natal/2003) Mariana, de 6 anos de idade, escreveu uma lista de presentes que
deseja ganhar no dia das crianças. O texto por ela produzido foi devidamente
transcrito por sua professora Vitória, como mostra a produção a seguir.

Na perspectiva de construção da psicogênese da escrita, segundo Emília Ferreiro,


as crianças que apresentam a escrita semelhante à de Mariana começaram a:
A) escrita ortográfica, em que cada letra corresponde a um valor sonoro.
B) escrita silábica, descobrindo que as letras podem ser controladas por meio das sílabas
das palavras.
C) escrita alfabética, quando a criança usa uma letra para representar cada som.
D) escrita pré-silábica, quando as crianças escrevem uma série de letras e as lêem sem
fazer nenhum tipo de análise.
19. Na visão de Emília Ferreiro, há de se considerar que a representação e os
meios utilizados para criar a escrita seguem uma linha evolutiva,
surpreendentemente regular, através de diversos meios culturais, diversas
situações educativas. Esta afirmativa corresponde a uma abordagem:
a) tradicional
b) construtivista
c) tecnicista
d) neo-liberal
e) pós-moderna

20. (Estado, 2008) Considerando os pressupostos de Emilia Ferreiro sobre o


processo de alfabetização, é correto afirmar que:
A) A leitura e a escrita são resultado de um processo de memorização.
B) A produção da escrita começa na família e no contexto social mais próximo da
criança.
C) A aprendizagem da leitura e da escrita supõe o desenvolvimento de uma série de
competências específicas.
D) A escrita é resultado dos processos operados na escola.
E) A escrita só se desenvolve após a aquisição, pela criança, da motricidade fina.
21. (Bom Jardim, 2007) “Estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem
da leitura e da escrita como um processo de aprendizagem escolar, que se
torna difícil reconhecermos que o desenvolvimento da leitura e da escrita
começa muito antes da escolarização”. Este trecho de Emília Ferreiro significa
que:
I. as crianças precisam completar 7 anos para, a partir desta idade, começar sua
aprendizagem.
II. as crianças desde que nascem são construtoras do conhecimento.
III. as crianças, no esforço de compreender o mundo, levantam problemas e tratam de
descobrir respostas.
IV. as crianças devem controlar suas ações na iniciação da leitura e da escrita, pois há
uma idade certa para isto.
V. as crianças estão construindo objetos complexos de conhecimento e o sistema de
escrita é um deles.

Estão corretas as afirmativas:


(A)apenas I, II e III;
(B) apenas I, IV e V;
(C) apenas II, III e V;
(D) apenas III, IV e V;
(E) apenas I, III e IV.
22. Quando o aluno escreve a mesma palavra com letras diferentes, como em
casa / caza / kasa /kaza, significa que:
a) Está utilizando hipóteses, processo próprio de quem não está se alfabetizando.
b) Não está maduro, por isso basta oferecer contato com as palavras que ele construirá
seu conhecimento.
c) Está utilizando hipóteses, processo próprio de quem está se alfabetizando.
d) Não aprendeu corretamente, por isso um bom exercício é reescrever a palavra
corrigida várias vezes.

23. Na visão de Bakhtin, os acabamentos são:


a) coletivos
b) subjetivos
c) objetivos
d) sociais
24. Para Bakhtin, todo discurso é:
a) individual
b) Ideológico
c) cidadão
d) Hegemônico

25. Produzindo uma analogia ao contexto atual da alfabetização, é possível a


produtividade de gêneros discursivos na escola, por meio:
a) das cartilhas
b) dos professores
c) do letramento
d) da mecanização da escrita
GABARITO
13. D;
1. C; 14. A;
2. C; 15. C;
3. C; 16. C;
4. E; 17. B;
5. C; 18. B;
6. C; 19. B;
7. D; 20. B;
8. E; 21. C;
9. D; 22. A;
10. D; 23. B;
11. A; 24. B;
12. A; 25. C.

Você também pode gostar