GENERALIDADE
Para estabelecer bem específica e claramente a diferença entre narração e descrição ou entre
descrição que disserta, vamos tratar de uma postura básica da dissertação. A generalização. Leia com
atenção o trecho que segue de Antônio Cândido:
“Pretendo aqui, todavia, apontar características dos grupos familiais do lavrador humilde, como
aparecem ao pesquisador e como podem ser reconstituídas. Neles encontramos mais persistência dos
comportamentos tradicionais do que em famílias abastadas e urbanizadas nas quais atua com maior
vigor a mudança social e cultural. Podemos ver, então, os seus padrões são essencialmente os mesmos
registrados por viajantes e estudiosos para a família patriarcal, variando naturalmente conforme o
papel que desempenham no processo de produção, pois ele condiciona formas diferentes de
participação cultural.”
Como toda dissertação, esse trecho constitui uma reflexão, uma estruturação do pensamento sobre
uma determinada realidade da família caipira, afirmando que nela mantêm-se os padrões de
comportamento tradicionais muito mais do que nas famílias urbanizadas. No entanto, mesmo que se
trate de um texto reflexivo, ainda poderia restar dúvida quanto à sua generalidade. O autor não fala da
família geral, mas de um tipo de família, caipira. Poderíamos pensar que, com isso, não se realiza o seu
caráter dissertativo; no entanto, observe as seguintes afirmações:
Viajando pelo interior conheci algumas famílias caipiras.
A família caipira preserva comportamentos tradicionais.
A família caipira é uma das mais antigas instituições humanas.
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Podemos ver, então, que seus padrões são essencialmente os mesmos registrados por viajantes e
estudiosos para a família patriarcal.
Nos quatro enunciados, podemos notar uma constante: todos são ditos na primeira pessoa do
plural. O uso da primeira pessoa do plural, nesses casos, tem uma função bem específica: a de incluir o
locutor dentro de uma classe bem ampla de elementos. Assim, ao dizer “perdemos tempo” ou
“fôssemos bois”, o locutor está-se referindo à classe dos seres humanos em geral. Tanto que poderia
dizer:
a)
b)
Ora, como o locutor também se inclui nessa mesma classe, prefere dizer “nós” a “eles”.
Nos dois últimos enunciados, ao dizer “qualquer ser humano pode ver ou qualquer ser humano
encontra”, também se está referindo à classe dos homens.
O primeiro enunciado repete a posição assumida anteriormente: o locutor usa a primeira pessoa do
plural porque se inclui na generalidade dessa primeira pessoa.
O segundo enunciado tem um processo semelhante: ao dizer “todos”, o locutor se inclui nessa
generalidade.
No terceiro e quarto enunciado, o locutor não atribui à totalidade a afirmação em questão, mas
simplesmente assinala que a afirmação é sua, particular.
No quinto caso, o locutor dá a afirmação e se oculta, como se a afirmação fosse uma lei natural,
indiscutível.
Em geral, na dissertação o locutor não se responsabiliza somente a si pelo que afirma. Nesse, caso,
ou atribui a reflexão à totalidade dos homens, ou simplesmente dá a afirmação como uma verdade.
2
Agora vamos ver outras generalizações possíveis:
1. Fazemos todos os dias as mesmas coisas e não vemos que todos os dias são cada dia e que as
coisas jamais são as mesmas.
2. Os homens fazem todos os dias as mesmas coisas e não vêem que todos os dias são cada dia e
que as coisas jamais são as mesmas.
3. O homem faz todos os dias as mesmas coisas e não vê que todos os dias são cada dia e que as
coisas jamais são as mesmas.
4. Fazem-se todos os dias as mesmas coisas e não se vê que todos os dias são cada dia e que as
coisas jamais são s mesmas.
Nesse caso, o objeto da reflexão não é o homem em particular mas sim a classe dos homens. A
utilização dos verbos na primeira e na terceira pessoa do plural é típica do processo de generalização
que a língua faculta para o ato de dissertar.
A postura da dissertação resulta, como vimos, de uma atitude de reflexão do locutor sobre um fato
qualquer: ele constrói, pelo discurso, um pensamento cuja progressão e organização é justamente a
maneira pela qual ele pensa.
Com tais considerações, podemos dizer que a generalidade é alcançada por um texto que proponha
uma questão abrangente de todo um conjunto, e não exclusiva para um caso particular; essa
característica refere-se ao tratamento que o texto dá ao assunto. Por exemplo, uma dissertação que
tratasse do jovem, quer na primeira ou na terceira pessoa, só mencionaria do comportamento
daqueles personagens, daqueles aspectos que fossem típicos, isto é, gerais, encontráveis na maioria
dos jovens - e, talvez, até nem mencionassem casos particulares.
Argumentação e raciocínio
Uma primeira classificação dos argumentos foi proposta por Aristóteles, que os dividiu em indutivos
(exemplos) e dedutivos (entimema). O raciocínio faz parte do processo de “tirar conclusões a partir dos
princípios e da evidência, passando do que já é conhecido a inferir uma nova conclusão ou a avaliar
uma conclusão proposta” (Sternberg, 2000). Dois seriam os tipos de raciocínio: indutivo e dedutivo.
Generalização e particularização
Indução
A indução leva-nos a tomar casos particulares, observados como verdadeiros, para chegar a casos
similares ainda não observados. Ou seja, o procedimento indutivo coleciona os fatos para sustentar a
hipótese definida a princípio trabalha com hipóteses do particular para o geral, do conhecido ao
desconhecido. No texto abaixo, observe o encaminhamento de um fato particular (o assassínio de um
estudante) para uma generalização (a imunidade parlamentar e a corrupção).
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Prerrogativa ou privilégio?
Se há um Poder Judiciário independente, não há necessidade de imunidade processual nem de foros privilegiados.
Por Flávia Piovesan
O corpo da estudante M.B.S., de 20 anos, foi encontrado, num terreno baldio nas proximidades de
João Pessoa. Concluído o inquérito policial, provas foram reunidas e o principal suspeito do homicídio
era um deputado estadual. Em observância ao instituto da imunidade parlamentar, por duas vezes foi
solicitada à Assembléia Legislativa da Paraíba autorização para a instauração de processo criminal.
Contudo, as duas solicitações foram indeferidas. O deputado estadual exerce o seu quinto mandato
consecutivo.
A gravidade do episódio suscita indagações. Em que medida o instituto da imunidade parlamentar é
compatível com o Estado de Direito? É razoável, na hipótese de crime comum, condicionar à prévia
licença a instauração de processo contra parlamentares? A imunidade parlamentar deve ser
compreendida como uma prerrogativa institucional ou como um privilégio pessoal?
A denominada imunidade parlamentar processual fundamenta-se na ideia de preservação da
independência e da autonomia do Legislativo, livrando-o do arbítrio, das ameaças e das perseguições
comprometedoras de sua atuação. Teve seu apogeu histórico no final do século 18, na Revolução
Francesa, como exigência da soberania do Parlamento moderno, que refletiria a própria soberania
popular. Isso significa que a imunidade parlamentar só se justifica como garantia da instituição e como
prerrogativa que objetiva assegurar o bom exercício da função parlamentar.
Essas razões subsistiriam na ordem contemporânea? Haveria justificativas para sua manutenção na
Constituição de 1988? Na experiência constitucional brasileira, desde a primeira Constituição, a Carta
Imperial de 1824, até a Constituição hoje vigente – com exceção feita à Carta de 1937 –, a imunidade
processual permaneceu praticamente inalterada. A respeito, vale reiterar o disposto no artigo 53,
parágrafo 1º da Constituição de 1988: "Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados
criminalmente sem a prévia licença de sua Casa".
A imunidade processual afronta o princípio da igualdade de todos perante a lei, o qual requer que
seja a lei aplicada de forma geral e genérica a todos. Afronta ainda a exigência de responsabilização de
todos os agentes públicos pelas ações que cometerem. O fato de exercer determinada função pública
não pode ser escudo para a atribuição de responsabilidades. Merecem menção os casos Pinochet
(preso e processado criminalmente) e Milosevic (preso e indiciado pela ONU), bem como toda a
tendência contemporânea de abolir as imunidades em razão do exercício de determinado cargo,
tomando as pessoas públicas responsáveis por seus atos. Basta, para tanto, citar o artigo 27 do
Estatuto do Tribunal Penal Internacional Permanente, que prescreve: "O estatuto será aplicável
igualmente a todos, sem distinção nenhuma baseada em cargo oficial, que não poderá eximir a
responsabilidade penal nem poderá ser motivo para a redução de pena".
A vítima de um crime tem direito à proteção judicial, não podendo a lei excluir da apreciação do
Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º XXXV, da Constituição de 1988). Ao princípio do livre acesso
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ao Judiciário, conjuga-se o dever do Estado de investigar, processar e punir aqueles que cometeram
delitos.
Todos esses princípios são consagrados pela Constituição de 1988 na qualidade de marco jurídico da
transição democrática e da institucionalização dos direitos humanos no país. Temos de romper o
legado da imunidade parlamentar para os crimes comuns, por exigência dos princípios que regem o
Estado de Direito, preservando a inviolabilidade parlamentar para os chamados delitos de opinião.
Pelos mesmos argumentos, devem ser abolidos o foro privilegiado (que afronta o princípio da
igualdade) e o voto secreto no Parlamento (que afronta o princípio da publicidade e transparência). Em
levantamento feito pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o
deputado Helder Salomão, constata-se que foram rejeitados 109 dos 137 pedidos de autorização para
que deputados fossem criminalmente processados. Os dados mostram que a imunidade parlamentar
tem propiciado atentatório regime de impunidade no país. A comissão pretende iniciar a discussão
para o fim da imunidade parlamentar para crimes comuns – uma forma de combater a impunidade no
meio político.
Nos próximos meses, a Câmara deve debater propostas para alteração do instituto. Na ordem
contemporânea, a imunidade parlamentar converte-se de prerrogativa institucional em privilégio
pessoal, inaceitável e inadmissível pela lógica e pelos princípios de um verdadeiro Estado democrático
de Direito.
*Flávia Piovesan, professora-doutora de direito constitucional e direitos humanos da PUC-SP, é procuradora do Estado de São Paulo e
membro da Comissão Justiça e Paz. Conhecida por sua obra voltada aos Direitos Humanos e ao Direito Internacional, atualmente compõe a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Dedução
Num processo inverso, no método dedutivo opera-se o raciocínio silogístico. Parte-se de uma
premissa de caráter geral para se chegar a uma conclusão particularizante. O texto começa com a
premissa geral, logicamente válida, para extrair uma lei particular que sua tese expõe; para tanto,
tomam-se fatos ou ideias gerais para chegar a uma conclusão particularizante. Por exemplo: se, de
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo homem nasce livre, sem distinção de
credo ou raça, podemos deduzir que, num país racista como era a África do Sul, cada cidadão negro
deveria ter esses direitos respeitados.
Em resumo. O argumento dedutivo é aquele que procede de proposições cada vez mais universais
para proposições particulares, proporcionando o que chamamos de demonstração, pois que sua
inferência (a conclusão é extraída das premissas) é a inclusão de um termo menos extenso em outro de
maior extensão.
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Violência no Terceiro Mundo
A organização da sociedade brasileira tem, no desrespeito à vida humana, uma de suas normas mais
cruéis. O pressuposto de nossas cidades é a negação da cidadania a um grande contingente de
indivíduos explorados, que vivem na miséria das periferias.
Identificam-se entre os mantenedores da desorganização social os grandes empresários,
banqueiros, industriais e demais segmentos que dela se beneficiam. Eles acumulam suas fortunas
pagando remunerações aviltantes aos indivíduos que vivem na miséria da periferia, trabalham na
cidade por salário mínimo e podem ser demitidos a qualquer momento por um patrão imune a todo
tipo de violência e quase sempre protegido pela legislação.
Quem enriqueceu às custas da mão de obra barata nem de longe tem seu nome aventado, na
análise do processo que envolveu o ingresso de um indivíduo na marginalidade. A suposição de que o
crime pode ser atribuído unicamente aos problemas sociais leva alguns criminólogos a cruzarem dados
sobre salário mínimo/desemprego com taxas de criminalidade, sem que qualquer relação seja
estabelecida com a responsabilidade do empregador.
Pedreiros, serventes de pedreiros, pintores e caiadores aparecem com mais frequência entre
aqueles que ingressaram no crime: não é de se estranhar que essas atividades estejam todas ligadas à
indústria da construção civil, um dos setores empresariais que enriquecem com o trabalho temporário
dos operários e se auto-elogiam como o segmento produtivo que ocupa mão-de-obra não-
especializada e procedente das camadas mais sacrificadas da sociedade.
Enquanto o modelo econômico vigente não for modificado, nossas cidades vão conviver com
índices alarmantes de assaltos, roubos, estupros, homicídios e toda sorte de delitos.
Generalidade e objetividade
Duas qualidades caracterizam um bom texto dissertativo: a generalidade e a objetividade. São
qualidades estreitamente relacionadas, mas podem ser examinadas separadamente. A generalidade é
alcançada por um texto que proponha uma questão abrangente de todo um conjunto, e não exclusiva
para um caso particular. Essa característica refere-se mais ao tratamento que o texto dá ao assunto do
que ao efeito desse texto no leitor. A generalidade é, assim, a busca pelo universal, daquilo que é
constante, compreensível pela razão. Expressa aquilo que há de abstrato, isto é, o que está presente
em todos os elementos particulares de um mesmo conjunto, mas separado de cada um deles,
arrancado dele. Explicando. A série “Anos Rebeldes” abordou a realidade dos anos 60 no Brasil.
Através de personagens – João, Márcia, Estela –, do comportamento desses personagens, o autor
retrata o início dos tempos revolucionários, do desejo de mudança, da repressão no Brasil. Para tanto,
o autor integra as particularidades dessas personagens à generalidade de nosso conhecimento por
comparação de suas características particulares com outras que já sabemos genéricas desse grupo
social. A série “Anos Rebeldes”, porém, tratou dessas questões genéricas particularizando-as em
personagens individuais.
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A objetividade é a capacidade de perceber objetos, isto é, uma realidade, uma questão ou ideias,
como algo que se coloca diante de quem as percebe na condição de existentes, independentemente
de quem as percebe, mesmo que se saiba que essa independência é pura ficção.
É objetivo aquilo que está lançado diante do sujeito, fora dele, aquilo cuja existência independe
dele e que ele, sujeito, pode reconhecer como tal. É subjetivo aquilo que existe debaixo do sujeito,
escondido por ele, dentro dele, dependente dele. Mas não apenas o que é concreto pode ser
objetivamente percebido: abstrações também podem, desde que a coletividade a que elas afetam
ponha-se de acordo com o seu significado.
Quer dizer, então, que para se ter objetividade é necessário reconhecer a existência de um
conjunto de valores a partir dos quais as questões particulares tomam sentido, isto é, que se tome
uma posição teórica, que se adote um ponto de vista. Quer dizer, também, que a objetividade não é o
mesmo que imparcialidade, já que a garantia da existência do “objeto” é o depoimento dos outros, o
qual será condicionado ao interesse dos outros em dá-lo ou em perceber o objeto.
A objetividade é a capacidade de perceber algo que se coloca diante de quem as percebe. Um texto
dissertativo terá essa qualidade, se estabelecer com clareza o que quer dizer a respeito da questão
(argumentos), se indicar a relação que existe entre esses argumentos e se lançá-los. Quer dizer,
objetividade não é imparcialidade, nem quer dizer neutralidade: significa ponto de vista assumido com
base em um determinado conjunto de valores. Dito de outra maneira, o texto precisa mostrar mais do
que meramente dizer. O texto que segue não consegue ser objetivo devido ao obscurecimento dos
conceitos com que lida para comprovar a tese.
Vilma Guimarães Rosa descreve momentos de “inspiração” do pai, o autor de Grande Sertão
Veredas. Mario Quintana e João Cabral de Melo Neto, por sua vez, exaltam o esforço, ou seja, a
“expiração” no trabalho.
Pode-se argumentar que a “inspiração”, que é relativa ao talento para alguma atividade, necessita
ser trabalhada. Uma pessoa pode nascer com um talento para a música, mas, se não estudar a
linguagem musical, não poderá exercer o seu talento.
Uma vez que o talento seja reconhecido, permanece em aberto a questão do potencial e da
possibilidade. O limite de um talento, considerando que exista um limite, somente pode ser alcançado
por meio de muito esforço. Do acima exposto, conclui-se que “inspiração” e “expiração” são aspectos
complementares na realização do trabalho.
Diferentemente, é possível perceber no próximo texto que o autor soube compreender a proposta,
apresentar a tese e defendê-la com argumentos.
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pode ser orientada pela pura criatividade, como pretendeu Mário de Andrade, no “Prefácio
Interessantíssimo” de Pauliceia Desvairada, ao fundar o “desvairismo”, método de criação
inconsciente.
De forma complementar, a “expiração” é fundamental para o trabalho, pois apresenta os valores
da elaboração e da dedicação, que são importantes não somente para as obras de arte, como
exemplificam os poemas de João Cabral de Melo Neto, em O Engenheiro, mas também para o
conhecimento humano contemporâneo. Como enfatizou Albert Einstein em Como vejo o mundo, “a
“expiração” prevalece sobre a “inspiração” no trabalho científico”.
Tema
Estudos de forma eficaz têm demonstrado que é possível em situações conflituosas chegar a um
consenso. Na Teoria do Equilíbrio de Nash, teoria dos jogos não competitivos, são demonstradas
situações em que um jogador não precisa derrotar o outro para sair vitorioso, e inclusive pode um
depender do outro para obter o melhor resultado.
Trata-se de um conceito de solução de jogo envolvendo um ou mais atores. Cada ator escolhe a
melhor estratégia para si próprio, partindo do pressuposto de que conhece as estratégias de equilíbrio
dos outros atores; além disso, nenhum ator se beneficia ao alterar sua própria estratégia de jogo
unilateralmente. Se cada ator escolheu uma estratégia e nenhum ator pode beneficiar-se pela
mudança de sua própria estratégia, na medida em que as estratégias dos outros atores permanecem
inalteradas, então as escolhas de estratégia e seus respectivos benefícios constituem o Equilíbrio Nash.
O foco, portanto, não é como se joga, e sim nos mecanismos de análise sobre os conflitos de interesse.
Analise como a Teoria de Nash reveste-se como instrumento para o estabelecimento e
desenvolvimento dos contatos pacíficos no campo da diplomacia, seja espelhando interações entre os
Estados na comunidade das nações, seja para aplicar estratégias prevendo resultados provenientes da
tomada de decisões em processos de negociação.
Extensão: 65 a 70 linhas
Valor: 60 pontos
Exercícios
TEXTO 1
NÃO É RACISMO SE INSURGIR CONTRA BRANCO, DIZ MINISTRA
A ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial
(Seppir), diz que considera natural a discriminação dos negros contra os brancos.
Em entrevista para lembrar os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, tido
como o ponto de partida para o fim da escravidão em todo o mundo, ela disse que "não é racismo quando um
negro se insurge contra um branco".
(...)
BBC Brasil - Como o Brasil se coloca no contexto internacional? O Brasil gosta de pensar que não tem
discriminação e gosta de se citar como exemplo de integração. É assim que a senhora vê a situação?
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Matilde Ribeiro - É o seguinte: chegaram os europeus numa terra de índios, aí chegaram os africanos que
não escolheram estar aqui, foram capturados e chegaram aqui como coisa. Os indígenas e os negros não eram
os donos das armas, não eram os donos das leis, não eram os donos dos bens de consumo. A forma que eles
encontraram para sobreviver não foi pelo conflito explícito. No Brasil, o racismo não se dá por lei, como foi na
África do Sul. Isso nos levou a uma mistura. Aparentemente todos podem usufruir de tudo, mas na prática há
lugares onde os negros não vão. Há um debate se aqui a questão é racial ou social. Eu diria que é as duas
coisas.
BBC Brasil - E no Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?
Matilde Ribeiro - Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é
racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou
numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não
gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma
coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de
quem o açoitou.(...)
TEXTO 2
NEGRO CONTRA BRANCO NÃO É RACISMO, DIZ MINISTRA
Causou desconforto no governo a divulgação de uma declaração da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria
Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), (...). A reação foi imediata e veio de militantes
negros e de integrantes de movimentos sociais. "Como negro, não alcanço o sentido de tão estranha
declaração", criticou Percílio de Sousa Lima Neto, vice-presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana, órgão do Ministério da Justiça. Ele disse que, por princípio, condena qualquer tipo de
discriminação ou preconceito, seja de negros ou brancos, mas avaliou que precisaria conhecer o contexto da
entrevista "para emitir melhor juízo". Membros do governo evitaram comentar a declaração.
Diante da reação negativa, Matilde divulgou uma nota, por meio da assessoria, alegando que trechos da
entrevista foram tirados de contexto, causando visão distorcida das suas declarações e "induzindo o leitor a
equívoco". Ela lembrou que, no decorrer da entrevista, deixa claro que não está incitando condutas racistas. "A
afirmação apenas reconhece a histórica situação de exclusão social de determinados grupos étnicos no Brasil,
prevalecente após 120 anos da abolição, que pode, por vezes, provocar esse tipo de atitude – também
condenável", ressaltou.
MENDES, Vannildo. Folha de São Paulo, Brasília, 27/03/2007. Disponível em <folhaonline>,acesso em 28/03/2007
TEXTO 3
MINISTRA DIZ QUE RACISMO DE NEGRO CONTRA BRANCO É NATURAL
Matilde Ribeiro ressalva, porém, que não concorda com esse tipo de comportamento.
Afirmação, feita durante entrevista concedida à BBC Brasil, recebeu críticas e foi considerada como
uma manifestação de racismo.
A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, criou
polêmica ontem ao considerar "natural" que haja racismo de negros contra brancos no Brasil.
A nova interpretação para o que seja racismo apareceu em entrevista dada pela ministra ontem à BBC Brasil.
(...)
No espaço de tempo de algumas horas, ela passou a classificar de "condenável" o que antes chamara de
"natural": "A afirmação [da ministra] apenas reconhece a histórica situação de exclusão social de determinados
grupos étnicos no Brasil, que prevalece após 120 anos de abolição, e pode, por vezes, provocar esse tipo de
atitude, também condenável", diz a nota.
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À noite, em evento sobre reforma política, a ministra afirmou que esse tipo de comportamento ocorre "por
uma questão de defesa, considerando que o racismo é um regime nefasto". "Talvez eu tenha sido infeliz na
formulação [das frases]", completou.
As reações começaram com nota do presidente da OAB. Empossado ontem integrante do CDDPH
(Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa HumanaCezar Britto criticou uma possível interpretação das
palavras da ministra. "Aceitar qualquer tipo de preconceito não pode ser medida eficaz no que se refere a essa
mesma democracia racial", afirmou ele.
(...) O sociólogo Simon Schwartzman disse que não ficava bem para quem ocupa função pública sancionar
um comportamento "que pode ser compreensível, mas não aceitável".
A ministra recebeu alguns apoios. Mas houve quem classificasse as declarações como manifestação de
racismo (...). A Constituição passou a considerar a prática de racismo "crime inafiançável".
A entrevista à BBC foi feita a propósito dos 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo império
britânico, fato que teria dado início ao fim da escravidão no mundo.
SALOMON, Marta. Folha de São Paulo, São Paulo,28/03/2007 Disponível em <folhaonline>, acesso em 28/03/2007
1. Assinale a alternativa que apresenta a ideia central desenvolvida nos três excertos.
a) O racismo contra o negro, que ainda prepondera na sociedade brasileira, apesar dos esforços para
combatê-lo.
b) A incoerência de alguém responsável pela promoção de igualdade racial fazer uma afirmação, em última
análise, racista.
c) A manipulação que os três jornalistas fizeram a partir da declaração inicial de Matilde Ribeiro.
d) O fato de a ministra afirmar algo e desmentir-se mais tarde, o que caracteriza o discurso político como
falso.
e) A existência de um racismo do negro contra o branco no Brasil, ainda que mais leve do que ocorre nos
Estados Unidos.
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3. Assinale a alternativa que contém uma ideia AUSENTE nos textos, considerados em conjunto ou em
separado.
a) A crença brasileira de que existe a prática da integração racial no país.
b) O repúdio à afirmação de Matilde, tanto por parte de ativistas negros como sociais.
c) A evolução histórica do racismo do branco contra o negro no Brasil.
d) A interpretação de que houve racismo por parte da ministra.
e) A evolução histórica do racismo do negro contra o branco no Brasil.
4. Considerando-se o encadeamento lógico na construção do texto de Matilde, seu enunciado (texto 1) “eu
acho natural que tenha [racismo de negro contra branco]. (...). Não é racismo quando um negro se insurge contra
um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A
reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação
natural, embora eu não esteja incitando isso” é incoerente porque:
a) distancia-se do conjunto das proposições apresentadas na entrevista da ministra concedida à Denize
Bacoccina.
b) não é politicamente correto que uma ministra que lidera políticas para o estabelecimento da igualdade
racial expresse posições pessoais.
c) o enunciador estabelece a proposição A (determinado tipo de racismo é natural) e, em seguida, nega A, ao
afirmar que tal classe de racismo não é racismo.
d) Matilde diz que apesar de não ser racismo, a reação do negro contra o branco não deve ser incitada.
e) foi transcrito diretamente da linguagem verbal oral, sem que se levassem em conta a incompatibilidade
com a expressão escrita.
5. Uma possível reformulação coerente, isenta de posicionamento racista, da mesma declaração da ministra
seria:
a) ainda que seja aceitável, o negro não pode insurgir-se contra o branco.
b) ainda que condenável, é natural que exista o racismo do negro contra o branco.
c) ainda que natural, o racismo do negro contra o branco acontece.
d) ainda que não deva ser incitado, o racismo do negro contra o branco é condenável.
e) ainda que não deva ser condenável, o racismo do negro contra o branco existe.
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III) O texto 2 é organizado pelo desenvolvimento da tese, já no título, que é especificado por um resumo do
articulista, posto em dúvida pela apresentação de diversas reações à declaração da ministra e confirmada pela
nota da assessoria de Matilde.
IV) O texto 2 é organizado pela apresentação da tese, já no título, que é especificada por um resumo do
articulista, confirmada pela apresentação de diversas reações à declaração da ministra e refutada pela nota da
assessoria de Matilde.
V) O texto 3 é organizado pela apresentação da tese, já no título, que é especificada na linha fina (em
negrito, abaixo do título), introduzida no corpo do texto por resumo do articulista e polemizada por meio de
comparações de declarações incoerentes da própria ministra e de reações à primeira afirmação.
VI) O texto 3 é organizado pela apresentação da tese, já no título, que é ironizada na linha fina (em negrito,
abaixo do título), desenvolvida no corpo do texto por resumo do articulista e refutada por meio de comparações
de declarações incoerentes da própria ministra e de reações à primeira afirmação.
Estão corretas as proposições:
a) I, III e V.
b) II, IV e VI.
c) I, IV e V.
d) II, III e V.
e) I, IV e VI.
“A intenção de oferecer aos leitores [Revista Veja] um mapa das 100 questões mais urgentes que afetam o
mundo contemporâneo, com respostas de quinze ‘especialistas convidados’, foi meritória, mas deixou a desejar
em alguns pontos. Entre eles, a homogeneidade de pensamento (francamente pró-Estados Unidos) observada
na maioria dos convidados, a ausência de vozes identificadas com os povos e as lutas do Terceiro Mundo (as
grandes vítimas e, na visão dos EUA e aliados, também os ‘maiores opositores da globalização’.)”
Carlos Antonio Peixoto, Parnamirim, RN, Revista Veja.
8. Observe: “não tinham sido inúteis as privações por que ela tinha passado, nem os sacrifícios que ela
havia feito para transformar em alguém o filho querido”. A alternativa que reescreve o excerto da maneira mais
adequada do ponto de vista gramatical e em que não há alteração do significado é:
I) Não eram inúteis as privações por que ela passava, nem os sacrifícios que ela faria para transformar em
alguém o filho querido.
II) Não foram inúteis as privações por que ela passou, nem os sacrifícios que ela fez para transformar em
alguém o filho querido.
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III) Não havia sido inúteis as privações por que ela passaria, nem os sacrifícios que ela faria para transformar
em alguém o filho querido.
IV) Não haviam sido inúteis as privações por que ela havia passado, nem os sacrifícios que ela tinha feito
para transformar em alguém o filho querido.
Somente estão corretas:
a) I e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) I e II.
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9. No último parágrafo do texto, a lacuna representada por (...) poderia ser preenchida, com encadeamento
lógico, com um período que contivesse:
a) um resumo do mundo do trabalho no Brasil, com ênfase na remuneração do trabalhador nas três últimas
décadas.
b) um brevíssimo histórico das contribuições previdenciárias dos trabalhadores na década de 1990 e as
atuais ideias da reforma da previdência.
c) as consequências do crescimento mais recente do PIB para o mercado laboral, como, por exemplo, o
recuo do desemprego, o aumento da formalidade do emprego (carteira assinada), o aumento da remuneração do
trabalho.
d) as consequências do emprego informal e do desemprego para a previdência: queda nos recursos oriundos
de tributos incidentes de rendimentos sobre o trabalho.
e) informações sobre o aumento da demanda dos trabalhadores por proteção dos benefícios sociais,
principalmente os previdenciários.
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e) I, II, III e IV.
As vantagens dos transgênicos Uma consultoria inglesa estudou 400 milhões de hectares de lavouras
transgênicas em 21 países e concluiu que essas plantações são mais vantajosas para o meio ambiente do que
as convencionais.
Durante uma década, as lavouras transgênicas...... geraram aos agricultores uma redução de custo de 27
bilhões de dólares ... originaram aos produtores de soja no Brasil uma economia de 1,4 bilhão de dólares ...
reduziram em 15%, ou 220 000 toneladas, o uso de agrotóxicos.
12. A partir do texto, pode-se afirmar que:
a) todos os dados apresentados a favor dos transgênicos consideram o meio ambiente.
b) nenhum dos dados apresentados a favor dos transgênicos considera o meio ambiente.
c) a informação “... geraram aos agricultores uma redução de custo de 27 bilhões de dólares” corrobora a
tese dos benefícios dos transgênicos para o meio ambiente.
d) a informação “... originaram aos produtores de soja no Brasil uma economia de 1,4 bilhão de dólares pode
ser estendida a todos os 21 países pesquisados.
e) a informação “... reduziram em 15%, ou 220.000 toneladas, o uso de agrotóxicos” corrobora a importância
dos transgênicos para o meio ambiente.
A “Folha de São Paulo”, de 22/06/08, publicou reportagem perguntando a críticos literários qual dos
escritores era maior: Machado de Assis, ou Guimarães Rosa. Kathrin Rosenfield respondeu à Folha “Para mim,
Rosa foi o maior”. Contudo, no decorrer de sua fala, a qual distribuímos nas alternativas, Rosenfield entra em
contradição.
14. Assinale a alternativa que marca a contradição com relação à afirmação categórica: “Para mim, Rosa foi
o maior”.
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a) Foi ele [Rosa] quem me introduziu nos segredos da cordialidade e do atraso, da inteligência ardilosa e do
grande estilo da cultura brasileira.
b) Quando conheci o Brasil (por acaso em 1984), eu era uma austríaca afrancesada que não tinha
conhecimentos históricos suficientes para poder decodificar Machado – ele me repelia...
c) Mas hoje eu não optaria nem por um, nem por outro, pois os dois se complementam e desenvolvem: a
ironia exacerbada de Machado encontra na intensidade íntima de Rosa seu contrapeso.
d) Grande Sertão: Veredas, além de sua beleza poética impressionante, este romance trabalha a estranheza
do que há de mais familiar na cultura brasileira: a melancolia e a sensualidade, o instável equilíbrio emotivo que
sempre oscila entre extremos de violência e de ternura.
e) Os curtos-circuitos do desenvolvimento que produz os mesmos velhos males...Rosa transformou os heróis
míticos brasileiros (o Gaúcho, o Sertanejo etc.)
15. Leia o texto abaixo, depois analise as alternativas e indique a que for FALSA.
(...) Cânfora
Para se proteger da gripe A, algumas pessoas amarram saquinhos com cânfora no pescoço. A ação não
oferece nenhuma proteção efetiva contra a nova gripe, diz a médica Ângela Maron, do Centro de Informações
Estratégicas de Vigilância em Saúde.
“Essa medida costumava ser utilizada durante a Gripe Espanhola, pelo fato de que, naquela época, ainda
vigorava a teoria miasmática, pela qual se acreditava que a transmissão dos chamados miasmas (ar corrompido)
ocorria em função do mau cheiro, e a cânfora, por assim possuir um aroma melhor, combatia a transmissão”,
explica.
De acordo com a médica, a proteção efetiva contra a doença só se dará de fato pela vacina que, de acordo
com o Ministério da Saúde, estará disponível no Brasil no próximo ano. Para evitar a contaminação pela nova
gripe, medidas básicas devem ser adotadas, como lavar frequentemente as mãos com água e sabão; evitar
tocar os olhos, boca e nariz; não compartilhar objetos de uso pessoal; cobrir a boca e o nariz com lenço
descartável ao tossir ou espirrar; manter os ambientes arejados; e evitar aglomerações.
a) Mencionar o Ministério da Saúde, no último parágrafo, foi um dado desnecessário, visto que esta menção
não acrescentou nada relevante à frase.
b) A citação literal das palavras de uma médica constituiu um bom recurso argumentativo, pois conferiu maior
confiabilidade à informação apresentada no texto.
c) Associar o nome da profissional citada à instituição que ela representa é uma forma de garantir
credibilidade, portanto, funciona como argumento de autoridade.
d) A explicação do termo miasmas, entre parênteses, revela a preocupação do autor com a clareza do texto
para seus leitores.
e) O autor do texto optou pela forma verbal explica para se referir ao enunciado da médica. A escolha desse
verbo revela a apreciação positiva do autor em relação ao conteúdo do enunciado da especialista.
Para compreender a exclusão econômica, social e política no Brasil atual, é importante entender a
concentração da riqueza, que, neste início do século XXI, pode ser percebida em toda a sua
desproporcionalidade. Historicamente, a sociedade brasileira estruturou-se a partir de um padrão extremamente
concentrador da riqueza. Desde o período colonial, a riqueza gerada no Brasil tem sido muito mal distribuída
entre o conjunto da população. Essa situação manteve-se sempre inalterada até mesmo nos momentos de
transformações profundas na base econômica nacional.
Márcio Pochman. Ricos ficam com os dedos e os anéis. In: UnB Revista, set./out./nov./2004 (com adaptações).
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a) a exclusão econômica e social está estreitamente relacionada à distribuição de renda.
b) a exclusão econômica no Brasil é percebida em toda a sua desproporcionalidade neste início de século.
c) a sociedade brasileira estruturou-se, historicamente, a partir do período colonial.
d) a riqueza gerada no Brasil mantém-se inalterada desde o período colonial.
e) até mesmo transformações profundas na economia não alteram a base social nacional
Durante muito tempo, a tributação foi vista apenas como um instrumento de receita do Estado. Apesar desta
missão ser, por si só, relevante, na medida em que garante os recursos financeiros para que o Poder Público
bem exerça seu mister, a verdade é que, pouco a pouco, descobriu-se outra faceta não menos importante na
tributação.
Atualmente, com a predominância do modelo do Estado Social, a despeito dos fortes movimentos no sentido
do ressurgimento do liberalismo, não se pode abrir mão do uso dos tributos como eficazes instrumentos de
política e de atuação estatal, nas mais diversas áreas, sobretudo na social e na econômica. Deve ser ressaltado
que a política tributária, embora consista em instrumento de arrecadação tributária, necessariamente não
precisa resultar em imposição. O governo pode fazer política tributária utilizando-se de mecanismos fiscais
através de incentivos fiscais, de isenções, entre outros mecanismos que devem ser considerados com o objetivo
de conter o aumento da arrecadação de tributos.
(Maria de Fátima Ribeiro & Natália Paludetto Gesteiro, A busca da cidadania fiscal no desenvolvimento econômico: função social
do tributo. http://www.diritto.it/archivio - acesso em 3/6/2010, com adaptações)
17. Assinale a expressão do texto que, no desenvolvimento da argumentação, é usada com valor de causa.
a) “como um instrumento de receita do Estado”.
b) “como eficazes instrumentos de política”.
c) “com a predominância do modelo do Estado Social”.
d) “utilizando-se de mecanismos fiscais”.
e) “com o objetivo de conter o aumento da arrecadação”.
17
III. Algumas das crenças que constituem características da modernidade tornaram-se valores ultrapassados
no novo paradigma contemporâneo.
IV. O período sintático que finaliza o texto refere-se diretamente ao período sintático que expressa as
mudanças na tecnologia; e semanticamente às ideias que iniciam o texto.
V. Pelas características de vocabulário e pelas relações generalizantes de sentido que estabelece no texto, o
terceiro período sintático, iniciado por “De modo geral”, poderia ser deslocado para o início do texto, sem
prejudicar o desenvolvimento da argumentação.
Estão corretos apenas
a) I e IV
b) II, III e V
c) I, III e V
d) II e IV
e) I, II e IV
Não há dúvida: as terras indígenas são fundamentais para a proteção da floresta amazônica. A certeza é o
resultado de um estudo realizado, durante 18 meses, por cientistas e técnicos da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e uma ONG internacional.
As terras indígenas exercem, na verdade, o papel de barreiras contra a destruição da Amazônia, ajudando
a preservar cerca de 3,5 milhões de hectares de florestas. Porém, se não houver mais apoio para o manejo
dessas terras, essa poderosa ferramenta de proteção da biodiversidade amazônica não deve se sustentar por
muito tempo.
19. Com relação à argumentação do texto, assinale a opção em que a expressão não tem a função de
enfatizar a certeza do que é afirmado.
a) “Não há dúvida” (l.1)
b) “A certeza” (l.2)
c) “na verdade” (l.5)
d) “se não houver” (l.9)
O país incompleto. Quase metade da população brasileira desconhece ou relega o prazer da leitura. Sidney
Coutinho Por uma curiosa coincidência, o mês de abril reúne datas significativas relacionadas a personagens
das literaturas mundial e do Brasil. Em homenagem ao dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875),
dedica-se o dia 2, data de nascimento do poeta e escritor, o Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil. Por aqui,
quem fazia aniversário no dia 18 era Monteiro Lobato, autor do preceito: “Um país se faz com homens e livros”. A
data serviu para consagrar em cores verde e amarela o Dia Nacional do Livro Infantil. A Unesco, organização da
ONU voltada à Educação, instituiu o dia 23 como o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais em reverência
aos escritores Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) e Willian Shakespeare (1564-1616), ambos falecidos
na mesma data. Não à toa muitas instituições realizam diversos eventos e, embora não seja oficial, adotam abril
como o mês do livro. Mas se há a necessidade de criação de datas para desenvolver o hábito e a importância da
valorização da leitura, levanta-se inexoravelmente a questão no maior país abaixo da linha do Equador: por que
o brasileiro não lê?
No ranking de tempo dedicado à leitura, o Brasil ocuparia o 27o lugar, com apenas 5,2 horas semanais,
segundo uma pesquisa realizada em 30 países há quatro anos pela consultoria americana NOP World, de Nova
Iorque. O levantamento incluía a leitura de jornais e revistas, mas se a medição se restringisse apenas aos
livros, a média geral da população brasileira não chegaria a dois por ano. Nem mesmo entre os universitários a
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leitura é um hábito, pois a média anual é de cinco livros e, ainda assim, pela obrigatoriedade acadêmica. A Índia
ficou com o primeiro lugar, com a média de 10,7 horas semanais.
Analistas creditaram aos livros de autoajuda e motivacionais a explicação para os altos índices de leitura
indianos. Outro estudo, e talvez o único em âmbito nacional, acerca do comportamento do leitor brasileiro surgiu
no biênio 2000-2001 a partir da demanda do mercado editorial e foi batizado de “Retratos da Leitura no Brasil”. A
pesquisa mostrou que, além de evidente dificuldade de acesso aos suportes de leitura, em especial o livro, aos
brasileiros falta uma fagulha que incendeie o desejo pelo ato de ler. Mesmo quando é acessível a leitura, as
preferências para ocupar o tempo livre recaíram primeiro em assistir televisão (77%); depois, ouvir música
(53%), passar o tempo apenas “descansando” (50%) e ouvir rádio (39%). Ler ocupa a quinta posição (35%). O
interessante é que a principal razão alegada para justificar o desinteresse pela leitura é a falta de tempo.
Outra pesquisa, realizada pela revista inglesa The Economist, apontou que a indiferença dos brasileiros
pelos livros tem raízes profundas relacionadas à negligência dos governantes com a educação. Temos pouca
tradição de leitura, de biblioteca públicas, de livrarias, de formação de leitores bem preparados. Mas, há outros
fatores, defendidos por alguns, para contribuir no desencorajamento ao hábito da leitura: o custo do livro e o fato
de que, hoje, no mundo inteiro, o tempo de leitura está sendo disputado por outras mídias, como a Internet, por
exemplo.
O livro já não é mais o personagem principal. Ele é apenas uma das fontes de informação. Ainda,
especialistas apontam que há erros na metodologia trabalhada nas escolas. A leitura é uma imposição, quando
devia ser algo incentivado pela importância no desenvolvimento intelectual e cultural. A leitura como mera
imposição burocrática presta um grande serviço, no sentido de criar aversão à literatura e à leitura. Presta um
serviço ao atraso e à ignorância. É preciso que se compreenda que livro é muito mais que acúmulo de
conhecimento. Leitura é prazer. Não é possível separar a leitura do prazer, da imaginação, do pensamento que
se liberta do que é necessário e imediato, apontando para dimensões mais amplas e mais ricas da vida humana
em sociedade.
E, neste sentido, está presente a qualidade de educação em que a má formação das habilidades necessárias
à leitura é evidente. Ninguém pode se interessar, ter paciência, se concentrar ou se esforçar em compreender o
que não entende.
(Texto adaptado de Jornal da UFRJ, abril 2009, p.03 –Brasil)
20. A partir da leitura do texto pode-se afirmar que o título, “O país incompleto”, justifica-se por que:
a) os estudos brasileiros sobre leitura são falhos, tendo-se que recorrer a institutos americanos e ingleses de
pesquisa para completar o levantamento das causas da falta de hábito de leitura no país.
b) o mercado editorial brasileiro, assim como o indiano, o maior do planeta, se dedica a livros de autoajuda e
motivacionais, deixando faltarem outros títulos, ficando incompleto.
c) se um país é feito de homens e livros, o Brasil está incompleto, considerando que há má formação de
leitores, estes são poucos e poucos são os que leem, há homens, mas faltam os livros.
d) falta uma fagulha que incendeie nas bibliotecas públicas e livrarias o desejo do ato de ler jornais, revistas
e livros pela Internet em leitores bem preparados com bastante tempo livre.
e) abril reúne datas significativas relacionadas a personagens dos livros de Cervantes, Shakespeare,
Andersen e, no Brasil, de Monteiro Lobato.
GABARITO
1. b
2. d
3. e
4. c
19
5. b
6. c
7. e
8. b
9. c
10. e
11. b
12. e
13. a
14. c
15. a
16. a
17. c
18. e
19. d
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