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3.1 INTRODUÇÃO
No estudo das estruturas reticuladas determinam -se esforços internos em peças lineares.
No entanto, no estudo da resistência de um corpo não são os esforços que interessa con-
siderar, mas sim as tensões. Os esforços internos são as forças e os m omentos resultantes
das distribuições de tensões atuantes nas secções transversais das peças lineares. Por outro
lado, o comportamento mecânico dos m ateriais é expresso através de leis (as leis constitutivas)
que envolvem as tensões nos materiais. Torna-se, p ortanto, indispensável estudar a teoria
das tensões.
(a) (b)
Figura 3.1
Considere-se agora uma das partes do corpo, V1 , e um elemento de superficie, /j.S, cen-
trado num ponto P da superficie de corte e designe-se por fi o versor normal ao elemento
de superficie dirigido para o exterior de V1 (Figura 3.2). Seja jj.p a resultante das forças
distribuídas atuantes sobre /j. S . Admite-se que à medida que /j.S tende para zero, o quoci-
ente jj.p / jj.S tende para um limite bem definido em intensidade, direção e sentido, o qual
é independente do modo como /j.S tende para zero e se designa por vetor das tensões ii:
52 CONCEITO DE TE NSÃ O. VETOR DAS TENSOES
- ~::,.f
CJ = lim - - (3.1 )
~S -+ 0 6.5
Figura 3.2
Admite-se, ainda, que o vetor ã assim definido não depende da superficie de corte 5 , isto
é, que não se altera se em vez de 5 se consid erar outra qúalquer superficie de corte com a
mesma normal fi em P (Figura 3.3). No entanto, o vetor ã poderia ser ou tro se a direção
da normal não se mantivesse.
Figura 3.3
-fi
- 6.F
Figura 3.4
Assim, o vetor das tensões num ponto P não depende só do elemento de superficie 6.8
centrado em P ; é necessário ainda indicar em que face do elemento se pretende determinar
o vetor das tensões. Cada face de um elemento de superficie designa-se por faceta. Cada
elemento de superficie tem, portanto, duas facetas que podem ser caraterizadas por um
versar normal dirigido para_ quem a observe. O vetor das tensões é, portanto, função do
ponto P de S e da normal fi a S nesse ponto, isto é, iJ = iJ(P,ií) . Faceta é, então, o nome
dado ao par (P, fi). No seguimento deste texto, abrevia-se iJ(P,ií) para iJ(fi) .
À componente do vetor das tensões iJ(ií) segundo a normal à faceta (Figura 3.5) dá-se o
nome de tensão normal an , a qual é dada por
A tensão normal diz-se de tração se for positiva e diz-se de compressão no caso contrário. À
componente de iJ(fi) no plano da faceta (Figura 3.5) dá-se o nome de tensão tangencial, cujo
módulo T é dado por
(3.4)
Cada uma destas componentes tem a dimensão de força por unidade de área, pelo que a
unidade de tensão no Sistema Internacional é o pascal (l Pa = l N/m 2 ) .
54 CONCEITO DE TENSÃO. VETOR DAS TENSOES
iJ(ii)
Figura 3.5
ac ~l l = e1 + CJ12 e2 + Cf13 e3
CJn
ou, simplesmente,
(3.6)
CJ13] {e1}
Cf23 ~2 ) (3.7)
CJ33 e3
do vetor das tensões atuante na faceta perpendicular ao eixo X i e cuja normal exterior
é dirigida segundo o sentido positivo desse eixo. As componentes diagonais desta matriz
representam tensões normais enquanto as componentes não diagonais representam tensões
tangenciais.
TEORIA DAS TE N SÕES .1.1
0"22
(a) (b)
Figura 3.6
(3.8)
(f( -êa)
Figura 3.7
(3.10)
(3.12)
são as componentes de um tensor de 2." ordem designado por tensor das tensões. As nove
componentes do tensor das tensões num dado ponto P do corpo são as componentes dos
três vetores das tensões atuantes em três elementos de superficie ortogonais entre si, que se
intersetam em P e definem completamente o estado de tensão nesse ponto (Figura 3.6).
em facetas positivas, isto é, em facetas cuj as normais exteriores estejam também orientadas
no sentido positivo dos eixos coordenados; têm o sentido negativo dos eixos coordenados se
atuarem em facetas negativas, isto é, em facetas cujas normais exteriores estejam também
orientadas no sentido negativo dos eixos coordenados. U ma forma simples de não esquecer
esta convenção é recordar a regra dos sinais: positivo vezes positivo é positivo e negativo
vezes negativo é positivo; assim, p or exemplo, uma componente de tensão será positiva se
tiver o sentido negativo numa faceta negativa.
"'
Figura 3.8
Na Mecânica dos Meios Contínuos consideram-se, usualmente, dois tipos de forças exte-
riores atuantes num corpo: as .forças de massa ou volúmicas, distribuídas no interior do corpo,
com densidade de distribuição volúmica Fe as forças de superficie, distribuídas na su-
perficie exterior do corpo, com densidade de distribuição superficial F(Figura 3. 9). Por
exemplo, pertencem ao primeiro grupo a força da gravidade e ao segundo grupo as forças
de contacto entre corpos.
58 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO
Figura 3.9
(3. 13)
(au + dau) dx2 dx 3 - au dx2 dx3 + (a 2I + da2I) dxi dx3 - a2I dx i dx3
+ (a 3I + da3I) dxi dx2 - a 3I dxi dx2 + h dxi dx2 dx3 = O
<=? ( au + : \ I dxi) dx2 dx3 - au dx2 dx3 + ( a2I + a:-:2I dx2) dxi dx3
- a2I dx i dx3 + (a3I + -8a3I
8
dx3) dxi dx2- a3I dxi dx2 +h dxi dx 2 dx3 = O,
X3
TEORIA DAS TENSÚES 59
. ,. _---- {
. I
..,._ --- {
o-22
/
/
/
/
/
/ / 1T31
/
/
/
. ,. _---- (
/ 1T32
/
Figura 3.10
donde se obtém
pelo que as três equações de equilíbrio podem ser escritas, utilizando notação indicial e a
convenção de soma, na forma
lTi j ,i + fj = o. (3.1 4)
60 EQUAÇÕES DE EQUIL ÍBRIO
A equação de equilíbrio estático de momen tos segundo uma direção paralela a x 3 passando
no centroide do prisma é dada por
( a12 +:
12
1
dx1) dx2 dx3
1
d~
- ( a 21 + :
21
2
dx2)
dx1 dx2
+ a12 dx2 dx3 2 - a21 dx1 dx3 2 = O,
donde se obtém, no limite, quando dx 1 ---+ O, dx2 ---+ O e dx3 ---+ O,
As equações de equilíbrio (3.14) e (3. 15) podem ser obtidas, alternativamente, utilizando
o teorema da divergência ou de Gauss (ver Apêndice A.4) e a fórmula de Cauchy. As-
sim, considere-se destacada do interior do corpo uma porção arbitrária de volume V com
fronteira S . A resultante das forças atuantes em V é
f
v
fj dV + f
s
a)nl dS = O. (3.17)
f fJ dV +f a ij n i dS = O
v s
ç;, f
v
fj dV + f
v
a iJ,i dV = O
{=} f
v
fJ + a ij ,i dV = O.
Dado que esta relação deve ser verificada para todo e qualquer volume V , obtém-se, final-
m ente,
(3.1 8)
TEOR I A DA S TENSÕES 61
Por outro lado, designando por x o vetor posição, o momento resultante das forças atuantes
em V em relação à origem é
fx
v
x f dV + x x aun dS ,f
s
(3.19)
f
v
eklj Xt f 1 dV + f
s
eklj Xt <Yijni dS = O
f
v
eklj Óti <Yij dV = O.
Dado que esta relação deve ser verificada para todo e qualquer volume V, obtém-se
e, finalmente,
<712 = <721
<723 = <732
{
<731 = <71 3
ou
(3.22)
Em virtude da condição de simetria (3.15), somente seis das componentes do tensor das
tensões são independentes. No entanto, dado que as equações de equilíbrio em cada ponto,
no interior (3.14) ou na fronteira (3.13) do corpo, são apenas três, a determinação das
seis componentes independentes do tensor das tensões num ponto de um corpo sujeito à
ação de forças exteriores conhecidas é um problema estaticamente indeterminado. Dado um
62 PROPRIEDADES DO ESTADO DE TE NS ÃO NU M PO N TO
campo de forças exteriores, existe, portanto, uma infinidade de campos de tensões que o
equilibram. A diferença entre dois campos de tensões que equilibram o mesmo campo de
forças exteriores equilibra um campo de forças exteriores nulas. Designa-se por estado de
coação um campo de tensões que equilibra forças exteriores nulas. No entanto, cada campo
de tensões é equilibrado por um único conjunto de forças exteriores. Em particular, um
campo de tensões com componentes nulas é equilibrado por um campo de forças exteriores
também nulas.
(3.23)
(3.24)
em que CJij são as componentes do tensor das tensões no primeiro referencial, CJ~j são as
componentes no segundo referencial e Aij são as componentes da matriz de transformação
de coordenadas. As equações (3.23) e (3.24) podem, alternativamente, escrever-se na forma
matricial
[CY'] = [AJT [CY] [A] ou [cr] = [A] [cr'J [A]T , (3.25)
l
uma matriz diagonal:
CJI o
[cr] = ~ o .
[
o CJm
plano principal, o vetor das tensões é normal ao plano não tendo, portanto, componente
tangencial (Figura 3.11 ).
A determinação das tensões principais e das direções principais de tensão pode ser efe-
tuada analiticamente (ver Secção 2 .8.1 ) ou, nos casos planos, graficamente, recorrendo à
circunferência de Mohr (ver Secção 2.8.3).
xm
Figura 3.11
Um estado de tensão num corpo diz-se uniforme se as componentes do tensor das tensões
forem constantes em todo o corpo.
Um estado de tensão num ponto de um corpo diz-se triplo quando todas as tensões princi-
pais nesse ponto são diferentes de zero.
64 REPR ESENTAÇAO DE MOHR DO ESTADO DE T E NSAO NUM PONTO
Um estado de tensão num ponto de um corpo diz-se duplo quando uma das tensões princi-
pais nesse ponto é nula.
Um estado de tensão num ponto de um corpo diz-se simples quando só uma das tensões
principais nesse ponto é diferente de zero.
Um estado de tensão num ponto de um corpo diz-se tangencial simples quando todas as
componentes do tensor das tensões nesse ponto são nulas, com exceção de uma das com-
ponentes tangenciais.
Um estado de tensão num ponto de um corpo diz-se isotrópico se as três tensões principais
forem iguais. Neste caso, a circunferência de Mohr das tensões reduz-se a um ponto.
No caso de ser a priori conhecida uma direção principal de tensão, é possível estudar o
estado de tensão em facetas cuja normal é perpendicular a essa direção principal conhecida
através da circuriferência de Mohr (ver Exemplo 3.2). Considere-se, então, um sistema de eixos
(x 1 , x 2 , x 3 ) com origem num certo ponto P eque um dos eixos do sistema (por exemplo,
x 3 ) coincide com um dos eixos principais (por exemplo, xm). Nestas condições, o plano
que contém os eixos (x 1 , x 2 ) contém também os eixos (x 1, xn). O tensor das tensões no
ponto P referido aos eixos (x 1 , x 2 ) tem a form a
TEOR I A D AS TE N SÕES 65
a1
A
o I
Figura 3.12
O"n-
- OC - R -- O"n +
2
0"22
-
0 ângulo 8, de que OS eixos principais (xr, Xn) estão rodados relativamente aos eixos (x1,
x 2 ), é metade do ângulo formado pelos raios vetores Cl e CI e é dado por
tg(2B) = 20"r2 '
O"n - 0"22
e o sentido de rotação é o oposto ao sentido de rotação na circunferência de Mohr.
xrr
)j 45°
xr
/~
Tmax
45°
A
Figura 3.13
T E O RI A DAS T E NS6 E S 67
No caso de estados triplos de tensão, também é possível usar uma representação gráfica
plana do estado de tensão referida a dois eixos que continuam a ser o eixo das tensões
normais e o eixo das tensões tangenciais e que se designa por tri-circunferência de Mohr.
Considere-se, então, definido num determinado p onto P de um corpo, um estado de tensão
triplo e sej am ar, an e am as resp etivas tensões principais ordenadas por forma a satisfazer
(3.26)
M arcam-se sobre o eixo das tensões normais os pontos I, II e III com abcissas, respeti-
vamente, iguais a ar , au e am e traçam-se três circunferências: uma de centro em Crrr e
que passa pelos p ontos I e II, outra de centro em C 1 e que passa pelos pontos II e III e
uma terceira, exterior às duas primeiras, de centro em Cn e que passa pelos pontos I e III
(Figura 3.1 4).
T 1'
' iJ(n)
--- -- ----- - ,- -
I an
au
Figura 3.14
68 R EPRESENTAÇÃO DE MO HR DO E STA D O D E TENSÃO NU M PONTO
o o estado de tensão (an, T) em qualquer faceta centrada num dado ponto Pé cara-
terizado por um ponto na área entre as circunferências interiores e a circunferência
exterior (Figura 3. 14) ou sobre as circunferências limite, isto é, o vetor das tensões
iJ (ii) de componentes (an, T), atuante em qualquer faceta com versor normal n cen-
trada no ponto no qual se está a estudar o estado de tensão, é um vetor que une a
origem do sistema de eixos com um ponto na área entre as circunferências interiores
e a circunferência exterior ou sobre as circunferências limite (Figura 3.14);
Xm
X~
45° Tmax
~
xr
45°
A.
Figura 3.15
' [ 100
[cr] = -~0
- 50
120
- 40
-H (MPa) .
b) Calcule a tensão normal e tangencial numa faceta cuja normal faz ângulos de 45° e
60° com os eixos x 1 e x 2 , respetivamente.
40
120 (MPa)
50
~o
40
b) Conhecidos os ângulos que a normal à faceta faz com os eixos x1 e x2, tem-se n1
cos 45°, n 2 = cos 60° e n 3 é determinado sabendo que fi tem norma unitária:
Admitindo que n3 = +1/2, obtém-se a partir de (3.12) o vetor das tensões iJ(fi) atuante
nesta faceta
~~ }
2
O'n = ;;Cn) .fi = { 45.71 4.64 - 20 } { = 24.6 MPa,
1/2
TEORIA D AS TE N SÕES 71
75 -23 .3
43 .3 ]
[cr'] = [A]T [cr] [A] = - 23.3 120 -59.6 (MPa).
[
43.3 - 59.6 25
Num elemento de volum e orientado segundo os eL'(OS (x~, x~, x~), atuam as tensões indi-
cadas no esquema:
x'3
25
59~43.3 (MPa)
x'2
•
72 REPRESENTAÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NUM PONTO
Exemplo 3.2. Considere um estado tridimensional de tensão referido a uma direção prin-
cipal de tensão x3:
o
Mostre que o vetor das tensões em facetas paralelas a x 3 é independente de u 33 .
o
o qual só tem componentes no plano perpendicular à direção principal conhecida e é inde-
pendente da respetiva tensão principal u3 3 . É por esta razão que a análise das tensões num
plano perpendicular a uma direção principal pode ser feita pela circunferência de Mohr
dos estados planos.
X2
X2
0"22 i0"22
__.ui2
____.0"I2
r ._1
O"I2
r~I
0"11 ~
~33
XI
._ XI
1
X3
•
Exemplo 3.3. Num cubo elementar destacado dum corpo submetido a uma solicitação,
atuam as tensões indicadas no esquema. Determine:
TEORIA D A S TE N SOES 73
30
(MP a)
'
'
~
30 10
[cr] = 10 30 ] (MPa).
[
o o -30
Resolução analítica: Os respetivos invariantes são
Ir = 30 + 30 + (- 30) = 30;
-À
3
+ 30 À 2 + 1000 À - 24000 =O {:::} - (À+ 30) (À 2 - 60 À+ 800) = O,
cuj as raízes são À = -30 V À = 20 V À = 40. Ordenando os valores próprios por ordem
decrescente, tem-se <J1 = 40 MPa, <Jn = 20 MPa e <Jm = - 30 M Pa.
30
10
III o II I
( -30 ; O)
- 10
2
TEORI A D A S TE N SÕES 75
xn xr
l{
partir de (3 .12) o vetor das tensões iJ ( ii ) atuante nesta faceta
oo 1/ v'3}
1/v3 =
{ 40/v3
40/ v3 } (MPa).
- 30 1/ v3 -30/ v'3
A tensão normal e a tensão tangencial nesta faceta são obtidas a partir das respetivas defi-
nições (3.3) e (3.4):
•
76 REPRESE N T AÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE TE NSÃ O NUM PONTO
Exemplo 3.4. Num ponto duma estrutura conhecem-se as seguintes condições relativa-
mente ao estado de tensão nas três facetas do elemento triangular infinitesimal representado
na figura:
X2
B
/lOMPo
J X3 30° X1
A
._
T
l(T
Sabendo que se trata dum estado plano de tensão, defina o tensor das tensões referido
aos eixos (x 1 , x 2 , x 3 ) e aos eixos principais de tensão. Represente um elemento orientado
segundo os eixos principais com as tensões que o atuam.
U m a vez que o versor normal exterior à faceta BC é fi= cos 60 e1+ cos 30 e2, obtém-se a
partir de (3 .12) o vetor das tensões iJ(ii) atuante na faceta BC
a<nl = {:J::} [~
CT~n)
=
O O
:
o]~ {~~2
1/2 } { T-/3/2 }
= T/2 + ;-/3/2 .
TEORIA DAS TE N SOES 77
-10 cos60° }
iJ(ii) = -10 ~os 30° (MPa),
{
TV3/2 = -5
{ T /2 + a-../3/ 2 = -10 V3/ 2
cuj a solução é T = -10 ../3/3 e a- = -20/3. A matriz das componentes do estado de tensão
referido ao referencial (x 1, x 2, x 3 ) é, então, dada por:
10,;3
o ---
3
o
[CY]= -10,;3
--
20 (MPa),
o
3 3
o o o
pelo que uma das tensões principais é nula e a direção x 3 é direção principal de tensão. Para
calcular as restantes tensões principais e direções principais de tensão, utiliza-se a circun-
ferência de Mohr: marcam-se os pontos 1 e 2, diametralmente opostos, de coordenadas
CJij
-20/3
-1--- 2
10 v'3/ 3
III I
- 10v'3/ 3
xm
Xr
Xz
xm
O"r = 3. 33 MPa
Xr
Observa-se que a direção principal xm coincide com a direção do versor normal exterior à
faceta B C e que a correspondente tensão principal tem o valor - 1O MPa como esperado,
uma vez que se sabia, dos dados do problema, que a tensão tangencial atuante nesta faceta
era nula.
X2
B lO M~
60°
J X3 30° X1
A +--
T
c
la
L F1 =O{::? -TAC dx3- lOBC dx 3 cos 60° =O
L Fz = O{::? - TAB dx3 - a AC dx 3 - lO B C dx 3 cos 30° = O.
80 REPRESENTAÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE TE NSÃO NUM PONTO
•
Exemplo 3.5. Na placa representada na figura verifica-se, devido a uma dada ação, o
seguinte estado plano de tensão:
X2
a ~
/1
--; r-
c B
b
X1
D A
h= o-u lx,=a X 1= a2
{ t2 = 0"121x,=a X 1 = -2ax2
O versar normal exterior à linha BC coincide com o versar e2 e a equação desta linha é
x 2 = b, pelo que as forças por unidade de área nesta fronteira são iguais a
t1 = 0"21 lx 2 =b X 1 = -2bxl
{ t2 2
= 0"22lx 2 =b X 1= b
A força segundo é constante em toda a face BC, enquanto a força segundo x 1 varia
X2
linearmente na face BC, sendo nula no ponto de abcissa nula e máxima nos pontos B e C
que têm abcissa máxima (x 1 = ±a).
O versar normal exterior à linha CD coincide com o versar - e1 e a equação desta linha é
x1 = -a, pelo que as forças por unidade de área nesta fronteira são iguais a
t1 = o-ulx:=-a X (- 1) = - a 2
{ t2 = 0"12lx, =-a X ( - 1) = - 2ax2 .
O versar normal exterior à linha D A coincide com o versar -e2 e a equação desta linha é
x2 = - b, pelo que as forças por unidade de área nesta fron teira são iguais a
A força segundo x 2 é constante em toda a face DA, enquanto a força segundo x 1 varia
linearmente na face DA, sendo nula no ponto de abcissa nula e máxima nos pontos D e A
que têm abcissa m áxima (x 1 = ±a).
Nas figuras seguintes representam-se esquematicamente as forças por unidade de área apli-
cadas à fronteira segundo as direções x 1 e x2, respetivamente:
82 REPRESENTAÇi\0 DE M OHR DO E S TA D O DE TENSÃO NUM P ONTO
2ab 2ab
2ab 2ab
x2
2ab 2ab
2ab 2ab
•
Exemplo 3.6. Num determinado ponto da superficie de um corpo verifica-se o seguinte
estado plano de tensão:
b) Qual a máxima tensão tangencial a que pode ficar submetida uma faceta genérica
no ponto? Qual a tensão normal correspondente?
TEORIA DAS TENSÕES 83
~] ~Pa),
40 -20
[u] = -~0 80
[
o
pelo que uma das tensões principais é nula e a direção x 3 é direção principal de tensão. Para
calcular as restantes tensões principais e direções principais de tensão, utiliza-se a circun-
ferência de Mohr: marcam-se os pontos l e 2, diametralmente opostos, de coordenadas
80
20
II I
-20
40
O ponto I é obtido a partir do ponto 1 por rotação de um ângulo 2e = 180° -arcsen (20/ R) =
135° em torno de C no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio; en-
tão, na realidade, o vetor ei obtém-se do vetor ê1 por rotação de um ângulo e = 67.5° no
sentido do movimento dos ponteiros do relógio e o vetor eir é perpendicular ao vetor ê1,
como indicado na figura (o vetor êm coincide com ê3 ) :
xn
e= 67.5°
xr
1'
T = ur - um = 44 15 MPa
2 .
O= III I (j i i
3'
- ur +um
un = OCu = = 44.15 MPa
2
~
45°
XI
45° ~
O"n = 44.15 MPa
•
86 REPRESE N TAÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NUM PONTO
PROBLEMAS PROPOSTOS
Problema 3.1. Considere o estado de tensão representado na figura que ocorre num
ponto do interior de um corpo. Calcule a tensão normal na faceta BCFG indicada na
figura.
X3
c '
20
G
'
r5 '
' D
'
15
H
5 (MPa)
020
' '
'
X2
F
100 ',',,
'
A B
x1
Problema 3.2. Considere um estado plano de tensão referido aos eixos principais (xr, xu)
do tensor das tensões. Mostre que as componentes de tensão IJn e T numa faceta inclinada
relativamente aos eixos principais, como indicado na figura, são dadas por:
1Jn =
IJI + IJIJ + ( I - IJIJ ) cos 2a
2 2
IJr - IJn
T =-( )sen2ct.
2
R esolva o problema pelos seguintes processos:
xn
~~
B
o-r
xr
o A
1""
Problema 3.3. Recorrendo à circunferência de Mohr, mostre que, relativamente ao es-
tado plano de tensão representado na figura, as tensões principais e a resp etiva orientação
são dadas por:
X2
i0"22
X2
____.o-12 xu
[cr] = [o-u 0"12]
.-1
ACJ12
0"12 0"22
I___.cru
T
Problema 3.4. Componha os seguintes estados planos de tensão que se verificam num
mesmo ponto dum corpo:
sendo o ângulo formado pelos eixos x 1 e x~ igual a 30° no sentido inverso a partir de x 1 .
Problema 3.5. Se a tensão principal mínima for de -lO MPa, calcule a tensão (} 11 e o
ângulo que os eixos principais fazem com os eixos x 1 e x 2 no caso do estado plano repre-
sentado na figura.
i30 MPa
+-----
Problema 3.6. Determine e oriente as tensões principais dos estados de tensão duplos
indicados, conhecidas as tensões normais em três direções:
a) a= f3 = 45°
b) a= f3 = 60°.
a) Determine a tensão tangencial octaédrica em função das tensões principais (}r, (Jrr e
(Jm.
TEORIA D AS TENSOES 89
2 ?rX2 ?rX1
au =a sen - b-(1 - sen---;;:--)
2 ?rX1 ?rX2
a22 = b sen ---;;:-- (1 - sen - b-)
7fXl ?rX2
a12 = -a b cos - - cos - -
a b
D .-----~------~c
A
2 3 5 (m)
90 REPRESE N TAÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE T EN SÃO N UM PO NTO
Problema 3.10. Para a placa da figura estabeleça as condições de fronteira nas faces AE,
BC e C D necessárias à análise do estado de tensão instalado por ação das forças exteriores
representadas.
n-r-----------------------~E
A
c D
1.0 m 1.0 m
1-
b) D etermme
. a tensao
- normal na f:aceta de norma1n- = e2- 2)3_
e3 .
2
c) Determine as direções e componentes principais de tensão.
d) Escreva a matriz de transformação que traduz a passagem dos eixos (x 1 , x 2 , x3) para
os eixos principais de tensão.
X2
A B
h
P'
•
I
h
c D
(x3) v h
v 2h
v
X1
xi X1
x 23 x2
o
2
[cr] = - q h X1 1 [MPa].
x2
o
2 X2
o o o
a) Verifique o equilíbrio no interior da placa (admita que não existem forças de massa).
d) Determine o valor da tensão tangencial máxima e a orientação das facetas onde esta
atua.
92 REPRESENTAÇÃO DE MOHR DO ESTADO DE TENSÃO NUM PONTO
Problema 3.13. O elemento de área infinitesimal centrado num dado ponto de um corpo
está sujeito às tensões indicadas na figura.
l 12
10 --112 (MPa)
d) Determine o valor da tensão tangencial máxima e a orientação das facetas onde esta
atua.