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1. INTRODUÇÃO
Assim, o presente trabalho visa analisar tal discussão dogmática, que tradicionalmente
se dá na esfera infraconstitucional, e, depois, mediante uma análise crítica, constatar se
as conclusões daí advindas se sustentam mediante uma filtragem constitucional sobre a
questão.
in malam partem), que sempre se deram no âmbito constitucional por ser considerada
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uma garantia jurídico-política dos indivíduos frente ao arbitrário ius puniendi estatal, a
questão da retroatividade da lei penal benéfica (retroatividade in bonam partem)
tradicionalmente sempre foi discutida no nível dogmático infraconstitucional e, assim,
sofreu pouca influência – favorável ou desfavorável – da primeira.
Daí afirmar Taipa de Carvalho que "o processo histórico jurídico-cultural que levou à
consagração da retroatividade da lex mitior foi inverso, cronologicamente, do processo
que conduziu à plena fundamentação da irretroactividade desfavorável. Na verdade, (…)
o fundamento originário da proibição da aplicação retroactiva da lei penal foi
jurídico-político, radicou no Estado de Direito liberal e na sua inerente exigência de
garantia face à arbitrariedade punitiva do poder legislativo e judicial própria do Estado
absoluto. Diferentemente, (…) a afirmação da retroactividade da lei penal não teve uma
origem político-jurídica, mas sim político-criminal. Foram considerações
intrassistemáticas jurídico-penais, ligadas ao fundamento e fins das penas, que
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determinaram a afirmação da retroactividade".
Assim, por exemplo, entre nós, Nélson Hungria afirmava que "não podem ser entrosados
os dispositivos mais favoráveis da lex nova com os da lei antiga, pois, de outro modo,
estaria o juiz, arvorado em legislador, formando uma terceira lei, dissonante, no seu
hibridismo, de qualquer das leis em jogo. Trata-se de um princípio pacífico em doutrina:
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não pode haver aplicação combinada das duas leis".
provocaria que o juiz ou tribunal compusessem uma lei com fragmentos de outras duas,
usurpando, assim, competências que correspondem exclusivamente ao Parlamento"
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(trad. livre).
Para Silva Franco é também falsa a afirmação de que o juiz estaria a criar uma terceira
lei, pois ao conjugar os elementos da antiga e nova lei, o juiz estaria a exercitar uma
atividade que lhe é própria e inafastável, qual seja, a de interpretar a lei e, assim,
atuaria "dentro de parâmetros estabelecidos pelo legislador, sem nada de novo criar, eis
que os elementos de que se vale já se encontram predeterminados pelo legislador que
os contemplou em momentos diversos de elaboração legislativa. Não há uma nova lei
mesmo porque carece o juiz de competência para lhe dar estrutura. Trata-se de
procedimento interpretativo, que pode ser visto como fonte sutil de criação de direito,
não devendo, por isso, ser confundido com o processo de elaboração de lei. O que se
constata, na realidade, nestas hipóteses, é um trabalho de interpretação sistemática e
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não de feitura de lei nova".
De tal postura, não destoa Günther Jakobs ao afirmar que a ponderação unitária de
alternatividade das leis viola o princípio da legalidade, e, para evitar tal violação, "la
determinación de la ley más favorable ha de llevarse a cabo por separado para cada
clase de reacción y para cada fase de la determinación, de modo que puede haber que
aplicar, en función de cada reacción penal o de la fase de cómputo en cuestión, distintas
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leyes como en cada caso más favorables".
Observam, ainda, Bustos Ramírez e Hormazábal Malarée que não há razões de fundo
para se opor à conjugação da lei antiga e nova, pois, em Direito Penal, há casos de
combinações de leis admitidas, pois, não raro, estão as leis penais incompletas (por
exemplo, leis penais em branco) exigindo sua integração com outras disposições,
sempre e quando existam bases claras de determinabilidade legal, o que,
definitivamente, ocorre com a tertia lex mais favorável, configurando-se, assim, uma
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simples interpretação integrativa em favor do réu, algo perfeitamente possível.
3. A QUESTÃO CONSTITUCIONAL
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Em países como, por exemplo, Alemanha, Itália, Espanha e França, todos com longa
tradição jurídico-penal e onde a tese desfavorável à conjugação das leis penais foi
inicialmente pensada e desenvolvida – e, portanto, de fundamental inspiração à
dogmática penal brasileira –, a retroatividade penal benéfica (retroatividade in mellius),
ao contrário da irretroatividade penal desfavorável (irretroatividade in peius), não consta
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expressamente de suas constituições político-jurídicas.
3.1 Alemanha
A Constituição alemã, em seu art. 103, estabelece que "um ato somente poderá ser
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apenado se sua punibilidade estava estabelecida por lei anterior à comissão do ato",
ou seja, há apenas a menção expressa da proibição da irretroatividade da lei penal,
silenciando quanto à possibilidade da retroatividade da lei penal benéfica.
Esta, por sua vez, somente vai aparecer explicitamente no § 2.º, III, do Código Penal
alemão, que estatui que "se a lei que rege na cominação do fato é alterada antes da
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decisão, então há de se aplicar a lei mais benigna"; portanto, na Alemanha, a questão
da retroatividade penal benéfica tem natureza infraconstitucional.
3.2 Itália
A Constituição italiana, em seu art. 25, estipula que "ninguém pode ser punido, senão
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por aplicação de uma lei que tenha entrado em vigor antes de cometido o fato"; a
Carta Política Fundamental não faz, pois, qualquer menção à retroatividade penal
benéfica, somente menciona, também, a proibição da irretroatividade penal.
A retroatividade penal benéfica só aparece no Código Penal italiano, nos §§ 2.º e 3.º do
art. 3.º, que determina que "ninguém poderá ser castigado por um fato que, de acordo
com uma lei posterior, não constitua delito; e, no caso que se tenha ditado condenação,
cessará sua execução e seus efeitos penais"e "se a lei vigente no momento da comissão
do delito e a lei posterior forem distintas, se aplicará a que resulte mais favorável ao
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réu, salvo que se tenha pronunciado sentença irrecorrível"; portanto, também na
Itália a questão da retroatividade penal benéfica unicamente tem natureza
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infraconstitucional.
3.3 Espanha
Por sua vez, a Magna Charta espanhola estabelece que "a Constituição garante o
princípio de legalidade, a hierarquia normativa, a publicidade das normas, a
irretroatividade de disposições sancionadoras não favoráveis ou restritivas de direitos
individuais, a segurança jurídica, a responsabilidade e a interdição de arbitrariedade dos
poderes públicos" (art. 9.3), bem como que "ninguém pode ser condenado ou
sancionado por ações ou omissões que no momento de produzir-se não constituam
delito, falta ou infração administrativa, segundo a legislação vigente naquele momento"
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(art. 25.1).
3.4 França
3.5 Portugal
A primeira exceção vai ocorrer na Constituição portuguesa, que, em seu art. 29, 1 e 4,
explicita que "ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei
anterior que declare punível a acção ou a omissão, nem sofrer medida de segurança
cujos pressupostos não estejam fixados em lei anterior" (art. 29, 1), bem como que
"ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do que as previstas no
momento da correspondente conduta ou da verificação dos respectivos pressupostos,
aplicando-se retroactivamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido"
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(art. 29, 4).
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Tal determinação constitucional é renovada pelo Código Penal português, que estabelece
que "quando as disposições penais vigentes no momento da prática do facto punível
forem diferentes das estabelecidas em leis posteriores, é sempre aplicado o regime que
concretamente se mostrar mais favorável ao agente, salvo se este já tiver sido
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condenado por sentença transitada em julgado" (art. 2.º, 4).
3.6 Brasil
Infraconstitucionalmente, nosso Código Penal, por sua vez, também determina que
"ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória" (art. 2.º,
caput) e que a "a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado"
(art. 2.º, parágrafo único).
Assim, a (im)possibilidade da conjugação das leis penais antiga e nova para a valoração
da benignidade, e a sua consequente aplicação retroativa, esteve dogmaticamente
limitada à adoção, pelos doutrinadores e jurisprudência, ora do método da ponderação
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unitária (ou global), ora do método da ponderação diferenciada (ou discriminada),
não havendo, em regra, de maneira direta e decisiva, a influência na discussão de
considerações de natureza jurídico-constitucional.
Entretanto, como visto, entre nós – assim como em Portugal – a questão muda
decisivamente de natureza, passando-se de um norma jurídica meramente
infraconstitucional para uma norma jurídico-constitucional, trazendo – ou deveria trazer!
– profundas e decisivas modificações na abordagem dogmática da retroatividade penal
benéfica, com novas consequências daí advindas.
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São a parte da Constituição Federal que mais profunda e diretamente incide sobre as
posições jurídicas dos cidadãos e que mais conforma a ordem jurídica infraconstitucional,
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pois, enquanto direitos jurídico-positivamente vigentes em uma determinada ordem
constitucional, configuram-se como normas colocadas no grau superior da ordem jurídica
e seu conteúdo é decisivamente constitutivo das estruturas básicas do Estado e da
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sociedade.
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E na concepção liberal dos direitos fundamentais, que está intrinsecamente ligada à
teoria liberal do Estado, estes são direitos individuais de defesa frente ao Leviathan
estatal, ora gerando o dever de omissão dos entes públicos ante a esfera individual (
obrigações negativas), ora o dever de prestação estatal de criar, efetivar ou propiciar as
condições materiais ao exercício da liberdade ( obrigações positivas).
Ademais, tais direitos fundamentais exigem para sua garantia constitucional, "uma clara
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disciplina limitadora da respectiva restrição", razão pela qual as limitações dos direitos
fundamentais constitucionais somente encontram justificação e legitimidade diante da
indispensável necessidade de salvaguarda de outros direitos, interesses ou bens
constitucionalmente protegidos ( princípio da máxima restrição das normas restritivas
dos direitos fundamentais).
Diante de tal contexto, acertado afirmar que "no actual momento, tanto a proibição da
retroactividade in peius como a imposição da retroactividade in melius devem
considerar-se como garantias ou mesmo direitos fundamentais constitucionalmente
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consagrados".
Ora, se o Estado de Direito tem com uma de suas funções mais vitais a defesa, garantia,
máxima efetivação e respeito aos direitos fundamentais individuais, e, dentre eles,
especialmente o direito à liberdade individual, este somente poderá ser limitado pelo
Estado na medida do estritamente necessário e indispensável à defesa dos demais
direitos e liberdades constitucionalmente consagrados.
Daí, correta a afirmação de Taipa de Carvalho de que "o Estado de Direito Material, na
sua função de protecção da pessoa humana com a decorrente afirmação da liberdade
como princípio geral fundamental, não apenas proíbe a retroactividade das leis penais
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desfavoráveis como também impõe a aplicação retroactiva das leis penais favoráveis.
Quer dizer: o princípio constitucional da liberdade, o favor libertatis, é hoje, a matriz
comum e o princípio superior de que derivam não só a irretroactividade in peius como
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também a retroactividade in melius".
Por sua vez, sinteticamente, as distinções fortes sustentam que os princípios e as regras
não possuem a mesmas propriedades e qualidades e diferem quanto ao modo de
aplicação e resolução das antinomias. Os princípios seriam normas que estabelecem
valores a serem preservados ou alcançados e, pois, deveres provisórios ( normas
valorativas) e que se caracterizam pela aplicação mediante ponderação com outras
normas e, assim, podem ser realizados em graus diversos, nos quais o aplicador, diante
do caso concreto, atribui uma dimensão de peso aos princípios, e, em caso de conflito –
que só pode ocorrer no plano concreto –, não haverá a declaração de invalidade de
qualquer dos princípios envolvidos, mas, apenas, o estabelecimento de uma regra de
prevalência no plano da eficácia das normas, havendo, assim, maior liberdade valorativa
do intérprete; já as regras seriam normas que estabelecem mandamentos de
definitividade em sua hipótese, ou seja, aquilo que é obrigatório, permitido ou proibido (
normas de conduta), aplicando-se, pois, através do método da subsunção, no qual o
aplicador deverá confrontar o fato empírico com a hipótese normativa e, ocorrendo a
identidade, aplicar as consequências previstas, e, no caso de conflito entre regras – que
só pode ocorre no campo abstrato –, necessariamente o intérprete deverá optar por uma
delas e declarar a invalidade das demais normas conflituosas ( all or nothing),
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inexistindo, pois, qualquer liberdade apreciativa.
Nesse contexto, parece indiscutível que, entre nós, a retroatividade penal benéfica
estatuída pelo art. 5.º, XL, da CF, seja com base na distinção fraca ou na distinção forte,
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tem a natureza jurídica de verdadeira regra constitucional.
Não apresenta nenhum grau de abstração, já que destinada a uma situação específica e
determinada (a existência de posterior lex mitior penal), e de generalidade, pois
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E mais.
5. CONCLUSÕES
Assim colocada a questão, conclui-se que a retroatividade penal benéfica estatuída pelo
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art. 5.º, XL, da CF, trata de verdadeira regra constitucional material de direito
fundamental que visa à proteção da liberdade individual e, pois, norma
jurídico-constitucional de aplicabilidade direta e imediata, produzindo todos os seus
efeitos essenciais em relação à questão que o legislador constitucional quis regular, não
admitindo quaisquer restrições em sua aplicação pelo intérprete, que, em caso de
dúvida, deve sempre optar pela interpretação que melhor proteja tal direito
fundamental, concebendo tal processo hermenêutico constitucional como um trabalho
tendente a maximizar e otimizar a força expansiva e a máxima eficácia dos direitos
fundamentais.
Daí porque absolutamente correta a observação feita por Frederico Marques de que "a
norma do caso concreto é construída em função de um princípio constitucional, como o
próprio material fornecido pelo legislador. Se ele pode escolher, para aplicar o
mandamento da Lei Magna, entre duas séries de disposições legais, a que lhe pareça
mais benigna, não vemos porque se lhe vede a combinação de ambas, para assim
aplicar, mais retamente, a Constituição. Se lhe está afeto escolher o todo, para que o
réu tenha tratamento penal mais favorável e benigno, nada há que lhe obste selecionar
parte de um todo e parte de outro, para cumprir uma regra constitucional que deve
sobrepairar a pruridos de lógica formal. Primeiro a Constituição e depois o formalismo
jurídico, mesmo porque a própria dogmática legal obriga a essa subordinação, pelo papel
preponderante do texto constitucional. (…) Quando está em jogo a Constituição, o juiz,
para cumpri-la, pode até mesmo usar os poderes pretorianos do adjuvare, supplere,
corrigere, sem que esteja se exorbitando. Por que lhe cercear, portanto, a escolha da
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regra aplicável quando esta é tirada de lei anterior ao julgamento?"
6. BIBLIOGRAFIA
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São
Paulo: Malheiros, 2008.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios. Da definição à aplicação dos princípios jurídicos.
10. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
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BÁRTOLI, Marcio. Retroatividade benéfica e a nova lei de tóxicos. In: COSTA ANDRADE,
Manoel da et al (org.). Estudos em homenagem ao Prof. Jorge de Figueiredo Dias.
Coimbra: Ed. Coimbra, 2010. vol. 3, p. 113-123.
BATTAGLINI, Giulio. Direito penal. Parte geral. Trad. Paulo José da Costa Júnior e Armida
Bergamini Miotto. São Paulo: Saraiva, 1973. vol. 1.
COBO DEL ROSAL, Manuel; VIVES ANTÓN, Tomás S. Derecho penal. Parte general. 5.
ed. Valencia: Tirant lo blanch, 1999.
HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1955.
vol. 1, t. I.
MARQUES, José Frederico. Tratado de direito penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1964. vol.
1.
SILVA FRANCO, Alberto. Temas de direito penal. São Paulo: Saraiva, 1986.
TAIPA DE CARVALHO, Américo A. Sucessão de leis penais. Coimbra: Ed. Coimbra, 1990.
VALE, André Rufino do. Estrutura das normas de direitos fundamentais. São Paulo:
Saraiva, 2009.
1. Explicitamente, nesse sentido, afirma Taipa de Carvalho que: "é inegável (…) que o
princípio da legalidade criminal e, especificamente, o seu corolário da irretroactividade in
malam partem surgiu, historicamente, integrado nas garantias jurídico-individuais. Teve,
pois, na sua génese, uma motivação e uma ratio de natureza essencialmente
político-jurídica. Logo, à nascença, foi visto como uma das coordenadas fundamentais do
Estado-de-Direito e, como tal, assumiu, desde o início, dignidade constitucional". TAIPA
DE CARVALHO, Américo A. Sucessão de leis penais. Coimbra: Ed. Coimbra, 1990. p. 42
(grifos no original).
3. Idem, p. 154.
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5. BATTAGLINI, Giulio. Direito penal. Parte geral. Trad. Paulo José da Costa Júnior e
Armida Bergamini Miotto. São Paulo: Saraiva, 1973. vol. 1. p. 84-85 (grifos no original).
6. COBO DEL ROSAL, Manuel; VIVES ANTÓN, Tomás S. Derecho penal. Parte general. 5.
ed. Valencia: Tirant lo blanch, 1999. p. 196.
9. SILVA FRANCO, Alberto. Temas de direito penal. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 14.
13. A questão já havia sido anteriormente observada: PELUSO, Vinicius de Toledo Piza.
Retroatividade da Lei Penal Benéfica. A causa de diminuição de pena do art. 33, § 4.º ,
da Lei n. 11.343/06 (Lei de Tóxicos). Boletim IBCCrim 175/2-3. vol. 15.
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25. Detalhadamente sobre tais critérios: TAIPA DE CARVALHO, Américo A., op. cit.
26. Observa Taipa de Carvalho que: "Apesar da Constituição Italiana (1947) não conter
um mandato expresso de aplicação retroactiva da lei penal mais favorável, entendem
vários autores que a retroactividade da legge piú mitte (CP italiano, art. 2.º, commas 2.
e 3.) corresponde a uma exigência (implícita) constitucional. (…) Em Espanha , cujo
Código Penal (…) consagra, há mais de cem anos, a retroactividade da lex mitior,
mesmo que já tenha transitado em julgado a sentença condenatória, o Tribunal
Constitucional tem defendido que, apesar de não haver uma imposição expressa da
Constituição (1978) nesse sentido, tal retroactividade deriva, por argumento a contrário,
do próprio art. 25, 1. que proíbe a retroactividade da lei penal desfavorável". TAIPA DE
CARVALHO, Américo A., op. cit., p. 72-73.
30. Cf. PÉREZ LUÑO, Antonio Henrique. Derechos humanos, estado de derecho y
Constitución. 6. ed. Madrid: Tecnos, p. 213.
36. Cf. idem, p. 70-71. Observa Silva Franco que: "A retroatividade penal benéfica não
se arrima apenas em razões de justiça. ’A modificação da lei constitui sinal de uma
mudança valorativa operada no ordenamento jurídico. Em virtude da supressão ou da
atenuação da cominação penal, manifesta o legislador uma revisão de sua primitiva
concepção, manter, a qualquer custo, a irretroatividade equivaleria condenar o agente
de acordo com uma concepção mais severa que o próprio ordenamento jurídico repudiou
e a lei já não professa. Vulnerar-se-ia, de modo categórico, a justiça material’
(Rodriguez Mourullo, Derecho penal, cit., p. 133). Não são também argumentos de
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38. Sobre a questão: ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios. Da definição à aplicação
dos princípios jurídicos. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2009; BARROSO, Luís Roberto.
Interpretação e aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009; VALE, André
Rufino do. Estrutura das normas de direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2009;
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. cit.
40. Sobre tal complexidade: CANOTILHO, José Joaquim Gomes, op. cit., p. 1121-1128.
43. Cf. idem, p. 87-88; BARROSO, Luís Roberto, op. cit., p. 355-357.
44. No mesmo sentido, sem, contudo, levar adiante a ideia em seus ulteriores termos:
BÁRTOLI, Marcio. Retroatividade benéfica e a nova lei de tóxicos. In: COSTA ANDRADE,
Manoel da et al (org.). Estudos em homenagem ao Prof. Jorge de Figueiredo Dias.
Coimbra: Coimbra Ed., 2010. vol. 3, p. 113-123.
49. ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São
Paulo: Malheiros, 2008. p. 90-91.
51. Tratado de direito penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1964. vol. 1, p. 210.
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