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/2020
DOI: 898918928/901290
Artigo
1
Centro Universitário UniRedentor, Itaperuna, RJ, Brasil
Resumo
A popularização da internet e o crescente aumento de inovações tecnológicas possibilitou
um contexto no qual os indivíduos utilizam o ciberespaço à todo momento do dia. Por
conseguinte, a violência também migrou para o mundo virtual, instaurando um novo tipo de
agressão: o cyberbullying. Nesse cenário, através de uma metodologia quali-quantitativa e
descritiva, a presente pesquisa teve como principal finalidade levantar a quantidade de
respondentes que já haviam sido expostos à violência virtual e apresentar as principais
consequências para a saúde mental das vítimas. Participaram da coleta 460 pessoas,
espalhadas por todas as regiões do Brasil, a maioria da região sudeste (86,7%). De modo
sintetizado, os resultados mostraram um número significativo de respondentes que já
sofreram e/ou sofrem cyberbullying, contabilizando 48,5% da amostra. Conforme os dados,
tal violência teve impactos negativos na saúde mental e física das vítimas. Por fim,
considerou-se a relevância de intervenções para a redução da violência virtual.
Palavras-chave: Ciberespaço. bullying virtual. cyberbullying. redes sociais.
virtual violence and present the main consequences for the mental health of the victims. 460
people participated in the collection, spread throughout all regions of Brazil, most of them
in the southeast region (86.7%). In summary, the results showed a significant number of
respondents who have already suffered and/or suffer cyberbullying, accounting for 48.5%
of the sample. According to the data, such violence had negative impacts on the mental and
physical health of the victims. In conclusion, the relevance of interventions to reduce virtual
violence was considered.
Keywords: cyberspace. virtual bullying. cyberbullying. social media.
passa de ¾ da amostra coletada pelo explicitam que este evento pode ser
instituto. (IBGE, 2018) observado em outros espaços, como no
Nesse contexto, estabeleceu-se a local de trabalho ou até mesmo nos lares,
consolidação do ciberespaço, termo que sempre vindo com uma característica em
pode ser definido como sendo uma comum: um agressor, teoricamente mais
atmosfera online proporcionada pela forte, explorando um sujeito mais fraco.
interconexão entre computadores, Na contemporaneidade, a internet
possibilitando assim a constituição de uma colaborou para a criação e perpetuação de
realidade completamente moderna, uma falsa sensação de uma vida sem
revelando também uma submissão na limites, uma vez que possibilita a
relação homem-máquina. (SILVA; reprodução de comentários em completo
TEIXEIRA; FREITAS, 2015) anonimato, fazendo com que o ofensor
Apesar das incontáveis vantagens do possa se esconder por trás de um perfil
meio virtual, como a facilidade de acesso à falso, com fotos e informações inverídicas.
informação e a conectividade entre pessoas (AMADO; MATOS; PESSOA, 2009)
de lugares distintos e distantes, o advento Destarte, é nesse cenário que o
da internet e sua popularização também cyberbullying ganha forma, podendo ser
promoveram a quebra de barreiras no definido como uma ampliação do
campo da violência, levando esta, antes tradicional bullying, englobando a
presente apenas no meio físico, para a vantagem da vítima não precisar estar
esfera virtual. (GONDIM; RIBEIRO, presente fisicamente, podendo ser atingida
2019) em qualquer lugar do globo e à qualquer
Schreiber e Antunes (2015) momento. (FERREIRA; DESLANDES,
acrescentam ainda que a violência pode ser 2018)
classificada como um problema de saúde Logo, observa-se que a única diferença
pública e pode ser reproduzida de da violência virtual para a do meio físico é
diferentes formas, sendo o bullying a mais a utilização dos meios de comunicação e
conhecida e encontrada nos mais diversos até mesmo jogos online para disseminar o
ambientes, que quando difundida com o ódio, podendo acarretar em sérios
auxílio de aparatos tecnológicos e do problemas psicológicos e feridas profundas
ciberespaço, passa a ser denominada de na moral das vítimas. (SHARIFF, 2011)
cyberbullying. Outrossim, segundo Ferreira e
A priori, o bullying tradicional, que Deslandes (2018) o cyberbullying pode vir
tem como tradução “intimidação”, é um trajado de diferentes maneiras, como: o
fenômeno que, na maioria das vezes, é envio de repetitivas mensagens ofensivas,
encontrado no ambiente escolar e envolve bloqueio online, solicitação de informação
agressão física, intimidação, perseguição, pessoal via redes sociais, o
humilhação e até mesmo a degradação da compartilhamento de dados (fotos e
imagem de um indivíduo através do vídeos) sem o consentimento de quem está
compartilhamento de informações falsas sendo exposto, uso de comunicação
pelo boca a boca, popularmente conhecido eletrônica para perseguição e posts
como fofoca. (SHREIBER; ANTUNES, contendo conteúdo inapropriado ou de
2015) Entretanto, apesar de ser comum em cunho depreciativo se passando por outro
escolas, Schreiber e Antunes (2015) alguém em redes sociais ou jogos online.
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Tabela 3
Relação das entre vítimas de cyberbullying e indivíduos que denunciaram e/ou reportaram
o agressor
Variável Fi Fr (%)
Vítima de Cyberbullying
Sim 223 48,5
Não 223 48,5
Não sei do que se trata 14 3,0
Total 460 100
234
240
210
180
141
150
120 98
86
90
60 36
24
30
244
240
210
174
180
150
120
90
53 46 39
60
30
0
13%
(60)
15%
47,4% (69)
(218)
12,2%
(56)
5,4% 7%
(25) (32)
Gráfico 3. Frequência com a qual as vítimas sentiram tristeza e/ou perderam o interesse em
atividades cotidianas
Variáveis Fi Fr (%)
Relação com a própria imagem
1 (muito ruim) 54 11,7
2 65 14,1
3 46 10,0
4 36 7,8
5 (ótimo) 36 7,8
Nunca sofri cyberbullying 223 48,5
Total 460 100
Desenvolvimento de distúrbios
alimentares
Sim 54 11,7
Não 187 40,7
Nunca sofri cyberbullying 219 47,6
Total 460 100
19.3% 19.1%
(89) (88)
61.5%
(283)
Sim Não Não me recordo
144
160
140 111
120
100 74 69
80 62
60
40
20
0
Sempre (várias Algumas vezes ao Ocasionalmente Raramente Nunca
vezes ao dia) dia (cinco vezes ou (quatro a cinco (quatro vezes ou
menos) vezes na semana) menos por mês)
Como exibido no gráfico 6, para os (3,5%) não acham que deveriam tentar
usuários que estão frequentemente online, não melhorar o ambiente virtual.
é muito raro ver alguém sendo exposto ou
sendo ofendido nas redes sociais ou jogos. Por
conseguinte, cerca de 329 (71,5%) das pessoas 11,5%
que responderam ao formulário dizem já terem 3,5% (53)
(16)
defendido pessoas que foram vítimas do
cyberbullying, enquanto 56 (12,2%) não
defenderam e 75 (16,3%) dos entrevistados
nunca presenciaram a situação em questão.
16% 85%
(75) (391)
12%
(56) Sim Não Não surtiria efeito