Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Página 1 de 33
Abstract
Nowadays Cerrado is the object of most of all science fields. It has been focused
not only by geography, but also by most of the other field. There is a world wild concern
about the loss of biodiversity of this biome, because science community doesn’t know a
great part of this fitogeographic dominium that has already been lost. Surrounded by
particularities, it is a common agreement that there is a late but urgent necessity to
preserve what is still living and to try to revert, or at least to minimize, the happened losses.
For this, at fist, is important to know what Cerrado is and why it is being so attacked for
hundred years. The present paper is a try to accomplish these objects and expand the
subject to the futures perspectives to this Brazilian biome. The methodology used was the
consult of bibliographic sources and discussion between the authors so that they could
form their own opinions on the subject.
Resumo
O Cerrado é, hoje, objeto de inúmeros estudos, não só da Geografia, mas das
ciências de uma forma geral. Há uma preocupação mundial quanto à perda da
biodiversidade deste bioma pelo fato de que muito do que já foi perdido e muito do que
ainda o é não é conhecido pela ciência. Cercado de particularidades, é de acordo geral
que há uma necessidade tardiamente urgente de preservar o que ainda resta e tentar
reverter, ou pelo menos minimizar, as perdas ocorridas. Para isso é necessário,
primeiramente, saber o que vem a ser o “Cerrado” e por que ele vem sendo tão agredido
por centenas de anos. O presente artigo visa cumprir esse papel e ainda expandir o
assunto às perspectivas futuras para esse bioma brasileiro. A metodologia utilizada foi a
consulta a fontes bibliográficas e discussões entre os autores para que esses pudessem
formar suas próprias opiniões sobre o assunto.
INTRODUÇÃO
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 2 de 33
“Cerrado”, mas estará certa? Se não, o que seria o Cerrado, então? Eis o início do
caminho para uma discussão mais aprofundada. Mas não se pode parar aí. Sabe-se que
este é um dos biomas mais devastados do Brasil, mas por quê? Qual o grande “vilão”
histórico do Cerrado? Volta-se, então, para a primeira questão: o passado é imutável, logo,
o que se pode fazer no presente para o futuro? Há possibilidades de se reverter o quadro
atual deste bioma? A discussão do artigo transcorre, basicamente, por essas indagações.
É impossível ter-se uma noção verdadeira do Cerrado através de um estudo que
passe por apenas campo de estudo. A Geografia é uma ciência transversal (BERTRAND,
2002) e a biogeografia culmina nesse conceito. Dessa forma, é a partir dela que o Cerrado
será descrito, da forma mais clara possível, para que se possa saber, cientificamente, o
que, afinal, é esse bioma. Sua formação e suas características serão usadas, então, como
base para essa explicação, de forma que, a partir delas, os conceitos científicos sejam
empregados.
A história econômica do Brasil aparece como o caminho mais direto para o
entendimento da situação atual do Cerrado, apontando as condições e a dinâmica
econômica do bioma nos cinco séculos após a chegada dos Europeus à América e,
inclusive, as características das sociedades anteriores a essa ocupação.
Extrapolando todos os conceitos de transdisciplinaridade (BERTRAND, 2002), a
última parte do artigo é destinada a uma análise do futuro do Cerrado em duas
perspectivas: a primeira seria uma continuação do que está ocorrendo hoje, uma
manutenção da mentalidade atual, e a segunda uma busca por sustentabilidade no
desenvolvimento que ocorre no bioma, associado a artifícios de conscientização ecológica
da população. Dessa forma pode-se tirar conclusões claras (através de propostas de
manejo) de como será amanhã.
Mais que responder às questões indagadas, a intensão deste artigo é dar
embasamento científico para que se possa refletir e, a partir daí, começar a, não só pensar
nas soluções, mas colocá-las em prática. Quanto mais os leitores discordarem das
opiniões e conclusões a que os autores chegaram, mais próximo de serem alcançados
estarão os objetivos deste trabalho. Por mais que o Governo e as empresas privadas
tenham uma importância ímpar no assunto, é da sociedade civil o papel de cobrar e fazer
algo para mudar o panorama apocalíptico que se apresenta.
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 3 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 4 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 5 de 33
Isso tudo porque o cerrado abriga três grandes aqüíferos em suas terras: Guarani
[3]
(Botucatu – considerado o maior do mundo), Urucuia e Bambuí . Esses aqüíferos é que
são responsáveis pela alimentação das nascentes dos rios que corre a partir do Cerrado.
Se a água vem ganhando importância a cada dia, o que dizer dessa abundância (relativa)
do Cerrado. Esses aqüíferos, além de serem os responsáveis pelas nascentes, são
também de extrema importância na recarga e na descarga dos rios, já que os lençóis
freáticos acumulam água por dois anos, no máximo, e os aqüíferos por muito tempo.
No entanto, vem ocorrendo uma exploração irregular dos aqüíferos através de
poços artesianos e irrigações (pivô central); associando-se isso à cultura de grãos, que
atrapalha a infiltração das águas pluviométricas, há um terrível índice de que os aqüíferos
não vêm sendo recarregados, abaixando seus níveis, matando as nascentes; mas de 300
rios do Cerrado secaram nos últimos 10 anos, o que reafirma a fragilidade desse sistema.
Contudo, o que mais caracteriza e representa o bioma é sua vegetação.
Visivelmente atípica, é de uma beleza rara devido a suas formas tortuosas que, às vezes,
é confundida com pequena biodiversidade. Muitos ainda pensam que o Cerrado é uma
área de pastagem natural com algumas árvores esparsas. Pensamento aterrorizante, mas
foi sobre ele que se desenvolveu a economia brasileira na região.
Para caracterizar a vegetação do cerrado, é importante, em primeiro lugar, deixar
claro que esta é uma floresta de cabeça para baixo (BARBOSA, 1996, 2003), ou seja,
muitas vezes a sua biomassa subterrânea é maior que a aérea. Não é difícil de se
imaginar isso, posto que há uma predominância de solos profundos e uma alternância de
umidade nas estações. Suas folhas são coriáceas, “envernizadas”, ou revestida de pêlos;
seus galhos são tortuosos, seu súber é espesso. Tais características levam a crer em um
xeromorfismo da vegetação do Cerrado, pensamento um tanto quanto errôneo.
O xeromorfismo é característico de regiões secas, é uma nomenclatura usada para
as plantas que sofrem com a escassez hídrica e, por isso, precisam adaptar-se as
condições da região. O Cerrado, apesar de ter um clima sazonalmente seco e úmido, não
apresenta falta de água. Algumas características comprovam isto (FERRI, 1980): a) o solo
é muito úmido, porém profundo; b) as raízes são profundas, capazes de captar a água
armazenada no solo durante todo o ano; c) as espécies não mostram sofrimento por falta
de água como, por exemplo, parênquimas aqüíferos; c) os estômatos permanecem abertos
durante todo o ano, ou seja, a evapotranspiração é relativamente constante. Tais
características levam a uma conclusão lógica: “não é a água que realmente impede o
surgimento de vegetação mais exuberante onde quer que exista Cerrado” (FERRI, op. cit.
p. 57); “a umidade não é um fator limitante para essa vegetação” (GOODLAND, 1979. p.
146). Se não é a água, o que faz a vegetação do bioma ser caracterizada por esse
pseudoxeromorfismo?
Há duas principais teorias para responder essa questão; ambas, no entanto
convergem para um mesmo ponto: o solo do Cerrado. Para Ferri (1980) há uma ausência
severa de nutrientes no solo da região, essenciais para o desenvolvimento da vida
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 6 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 7 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 8 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HISTÓ... Página 9 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 10 de 33
Os Ameríndios
Estudos feitos sobre os primeiros povos do Cerrado relata que espécies humanas já
viviam nesse ecossistema a cerca de 13 mil anos atrás (BARBOSA, 1996).
A porta de entrada desse homem primitivo na América foi o estreito de Bering, local
por onde ele passou da Sibéria para o Alasca. Em seu novo local de habitação, sua
economia baseava-se na coleta e na caça da mega fauna existente. Porém, com o fim da
Glaciação houve o início da extinção dos animais de grande porte. O aumento da umidade
sobre a Amazônia fez com que os refúgios florestais avançassem sobre o Cerrado, e com
isso houvesse uma onda migratória de animais na mesma direção. O homem,
possivelmente seguindo os animais, chegou ao Cerrado e encontrou neste local um
verdadeiro paraíso: água de boa qualidade, abrigos naturais, fauna variada e a vegetação
com o maior número de frutos do planeta. Todos esses fatores ocasionaram um aumento
demográfico da população humana.
Para Schmitz (2003), os pioneiros do Cerrado no Planalto Central ocupavam um
conjunto de abrigos com bastante intensidade, contradizendo a expectativa de que eles, a
maior parte do tempo, vagariam pelo território sem ponto de amarração. Certamente eram
populações compostas por poucas famílias, que tinham um lugar bem identificado por
acidentes geográficos, pinturas e gravuras, no qual permaneceram por muito tempo,
servindo de referência. Em outros lugares do planalto a permanência nos sítios foi menor,
ou porque não existiam grandes coberturas rochosas que os abrigassem, ou porque os
recursos que buscavam estavam mais distribuídos no espaço. "Nesses lugares o conceito
de nomadismo parece mais aplicável" (BARBOSA, 2003).
Vários aspectos ambientais do Cerrado favoreceram a fixação humana. O ciclo
climático constante, associado à fauna vasta, e aspectos da paisagem ricos em abrigos
naturais, com maior oferta de frutos durante o ano inteiro que os demais sistemas
biogeográficos da América do Sul, teriam permitido a acomodação e planejamento do o
homem primitivo neste bioma (BARBOSA, 1998, STEVAUX, 2001).
Posteriormente às gerações desses grupos caçadores/coletores, que utilizavam os
recursos do Cerrado de acordo com suas necessidades, surgiram os grupos indígenas
horticultores ceramitas. Ainda não se sabe como nem quando se instalaram os cultivos na
região.
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 11 de 33
Fig. 4 – Sítios arqueológicos antigos nas savanas tropicais: 1. Alto Sucuriú, MS; 2. Serranópolis, 3. Rio do
Peixe; 4. Caiapônia, 5. Uruaçu, 6. formadores do rio Tocantins, GO; 7. Rio Paraná, 8. UHE Serra da Mesa,
TO; 9. Serra do Cipó, 10. Varzelândia, 11. Vale do Peruaçu, MG; 12. Serra Geral, BA; 13. Itaparica, 14. Bom
Jardim, PE; 15. Rio Açu, 16. Litoral, RN; 17. São Raimundo Nonato, PI.
Fonte: Schmitz, P. I."Os primeiros povoadores do Cerrado". In: Arqueologia, 2003. (desenhado pelos
autores)
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 12 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 13 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 14 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 15 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 16 de 33
Com relação aos impactos dessa atividade para o Cerrado e todas as demais áreas
onde se desenvolveu a mineração no século XVIII, pode-se dizer que os mais significativos
estão relacionados aos recursos hídricos. A remoção das margens e encostas dos rios,
assim como de camadas em seus leitos, provocaram assoreamento e erosão tão intensos
que, em alguns casos, chegaram a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo.
O apogeu da produção brasileira ocorreu por volta de 1760, declinando rapidamente
após esta data, devido ao esgotamento das jazidas (SIMONSEN, op. cit.).
Com o fim da mineração, o empobrecimento da região foi inevitável, assim como
também o foi a emigração. O Cerrado passou a ser ocupado pela criação de gado,
atividade que já era desenvolvida no local, responsável por abastecer os mineradores.
Além da Pecuária, desenvolveu-se também agricultura de subsistência.
Assim, com o passar dos anos, a região permanece praticamente isolada das áreas
mais populosas e economicamente desenvolvidas do Brasil.
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 17 de 33
Até bem pouco tempo atrás as áreas do Sistema Biogeográfico dos Cerrados não
eram valorizadas, e por isso, muito pouco habitadas. Segundo Barbosa (2003), as suas
áreas mais ocupadas eram restritas ao subsistema de matas, áreas florestadas do
sistema, que estão quase sempre associadas à melhor fertilidade natural. As demais
áreas, que constituem as maiores dos sistemas, como o subsistema do cerrado (strictu
sensu), do campo, das veredas e ambientes alagadiços, eram ocupadas por um criatório
extensivo, que tinha como suporte as pastagens nativas.
Como testemunhou Azis Ab'Saber, em 1946, durante sua primeira viagem ao
Cerrado, as terras da região "obedeciam o mesmo padrão de ocupação de 200 anos atrás.
(...) Poucos fazendeiros mantinham uma meia dúzia de cabeças de gado magro em
enormes extensões de terra. Alguns agricultores cultivavam pequenas lavouras às
margens dos rios" (BDT). A escassa população do Cerrado dependia do Sudeste para a
maior parte de seu abastecimento alimentar. A região não era vista como área de potencial
agrário. (BTD)
O contraste dessa descrição com a situação observada nos dias atuais é enorme.
Hoje o Cerrado representa uma das áreas de maior potencial agrícola do País. Mas como
ocorreu tamanha evolução?
A construção de Goiânia (1933) e posteriormente de Brasília (1960), vieram a
contribuir muito para a modificação dos fatores até então estruturados (BARBOSA, 2003).
As duas cidades foram planejadas no sentido de promover a ocupação do interior do País,
que se encontrava até este momento praticamente despovoado.
O ímpeto desenvolvimentista da época, associado à intenção de gerar uma
integração entre esta região e o restante do País, se fez perceber nas obras que se
seguiram. Paralelamente à construção da nova Capital, modernas rodovias são
construídas e asfaltadas, destacando-se a rodovia BR-153 que corta longitudinalmente
todo o Estado de Goiás, ligando-o ao Norte e ao Sul do país; a BR-020 em direção ao
Nordeste, e a BR-040 ligando-o ao Sudeste. A instalação da nova Capital e a implantação
da malha viária estimulam a vinda de migrantes de todo o país para a região (Valec -
Engenharia, Construções e Ferrovias S. A.,1999).
No final dos anos 60 o Brasil, segundo Delgado (1985), é marcado por um período
de intensa urbanização, crescente demanda por produtos agrícolas, e por modificações
das suas exportações.
Assim, inicia-se um alto investimento do Governo Federal na pesquisa agrônoma,
através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros, como a
Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (Emgopa). Os resultados obtidos a partir de
meados da década de 1960 transformaram os solos do Cerrado, de baixa fertilidade
natural, em áreas de agricultura comercial - mecanizada - altamente produtiva, através da
correção de acidez e da adubação química. A topografia predominantemente plana do
Cerrado, facilitando a mecanização, associada à precipitação pluvial bem marcada em
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 18 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 19 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 20 de 33
que 80% das pastagens plantadas nos Cerrados brasileiros apresentam algum tipo
de degradação, segundo a estimativa de Ailton Barcelos (1996, apud Shiki, 1997)". Nas
situações de degradação de pastagens, os solos apresentam "sinais de desertificação,
sobretudo em solos areno-quartzosos, não raras vezes densamente povoados de
cupinzeiros e tomados por plantas infestantes como o assa-peixe, o capim amargoso, a
vassourinha do curral, entre outros. Ravinas e voçorocas começam a fazer parte de uma
paisagem outrora homogênea das gramíneas dominantes. Com a escassez de forragens,
as áreas de pasto começam a se estender para dentro das matas de galeria, das veredas
e dos covoais, afetando o sistema hídrico dos cerrados. Em algumas regiões, pode-se
observar o secamento de riachos e ribeirões no período das estiagem, o que tem levado
muitos pecuaristas ao recurso da construção de açudes de reserva de água (SHIKI,
1997:149)" (In: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO -
PNUD – PROJETO BRA/94/016 - Contrato n. 139/98).
Esta presente História Econômica do Cerrado, por fim, vem apenas confirmar que o
quadro alarmante que se presencia hoje neste bioma teve início com a ocupação do
homem branco na região, onde, a partir daí "quinze gerações mutilaram o ambiente que
550 preservaram" (BARBOSA, 2003). Mas sua destruição de fato se deu quase que
totalmente nas últimas cinco décadas. Movido por um ímpeto econômico avassalador, o
homem chegou, desmatou, poluiu e se enriqueceu. Esqueceu-se apenas de olhar para
esse mesmo ambiente que lhe fornecia seus lucros e ver que, a cada dia, este aclamava
mais e mais pela sobrevivência. Chega a ser assustador pensar que toda essa
biodiversidade se encontra ameaçada por uma fronteira agrícola que insiste em se
estender. E o pior: o principal agente responsável por toda a degradação deste bioma é
também o único capaz de salvá-lo. Mas uma mudança é possível e esperada. Basta
apenas que esse mesmo homem que destrói pare e pense que sem o Cerrado, ele pode
não estar entre os sobreviventes do novo meio que se instalará.
AS PERSPECTIVAS FUTURAS
Uma visão panorâmica do bioma Cerrado já foi dada; um breve histórico sobre sua
ocupação econômica também; faz-se, agora, necessária, a discussão sobre seu futuro. É
importante frisar que o ponto central de toda discussão é o Cerrado, o que não impede que
as propostas apresentadas aqui sejam aplicáveis em outros ambientes, desde que
estudadas antecipadamente.
A questão das perspectivas futuras diverge-se por dois caminhos muitos distintos.
Um deles possui infinitas possibilidades. É o caminho da mudança da mentalidade a qual
existe, hoje, vigente na sociedade e na economia mundial. Justamente por estar
embasado na “mudança” possui várias possibilidades de ser implantado, mas todas
esbarram no problema da falta de vontade de quem mais prejudica. O outro caminho é o
da manutenção do paradigma econômico-social existente hoje. Esse caminho mostra-se
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 21 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 22 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 23 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 24 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 25 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 26 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 27 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 28 de 33
medida é um tanto quanto imediatista, por isso, não suficiente para acabar com os
problemas. A poluição continuaria com a mesma intensidade, mas, pelo menos, o pouco
que falta das matas do Cerrado poderiam ficar de pé. A solução ótima, como já foi dito,
seria a substituição por um tipo de energia “limpa”, não poluente.
Outro importante problema a ser considerado é o das substâncias tóxicas. Muitas
indústrias, como as de celulose, por exemplo, liberam, ao final da cadeia produtiva,
substâncias tóxicas ao meio ambiente e à saúde humana.
No passado, essas substâncias eram armazenadas em barris e jogadas no fundo
do mar. Hoje já se têm notícias de vazamentos causados por esse tipo de recurso.
Ultimamente, as indústrias fazem reservatórios em locais distantes da população humana
e preparados para receber tais produtos. Nesses locais o solo é protegido para que as
substâncias não atinjam o lençol freático, é feito um manejo também da vegetação e da
fauna, bem como dos cursos d’água, mas tudo isso ainda é pouco.
Desde o começo do processo produtivo deve haver uma preocupação com esses
poluentes, de forma que seja minimizada sua atuação na cadeia. Fazendo-se o uso de
matérias-primas mais puras, de energia mais limpa e, principalmente, evitando-se o
desperdício, pode haver uma diminuição considerável dessas substâncias tóxicas no final
da cadeia. Depois de tudo é extremamente necessário que se faça um tratamento dos
dejetos para que eles possuam o mínimo de toxidez possível para que se possa devolver
aos cursos hídricos água tratada e de qualidade.
Esse processo de tratamento de dejetos pode ser muito lucrativo para as
indústrias. A água que foi tratada, mas não foi totalmente despoluída, pode ser usada no
resfriamento de maquinaria. Substâncias que antes seriam jogadas fora podem ser
reutilizadas diminuindo a necessidade de compra das mesmas. Isso sem contar a
economia com futuros danos ambientais e humanos que podem ocorrer, como em
Macacos, Minas Gerais, há poucos anos.
Como pode-se ver, há inúmeros recursos a serem utilizados pelo setor produtivo
para que se diminua a poluição e a degradação do Cerrado. Mas a sociedade civil tem
uma grande participação nesse processo. Ela é responsável pela produção de muito lixo e
consumo de muita energia e água. Mesmo não sendo a grande responsável pelas
condições ambientais do planeta hoje, deve ser analisada com cautela, pois ela é a mais
afetada por tudo isso.
O consumo de água e energia no Brasil, pela população de um modo geral é
grande se comparado com países pobres como ele. Isso se deve ao fato de existir uma
abundância relativa dos dois recursos. Essa idéia é perigosa. Há poucos anos houve uma
crise energética no país devido à falta de capacidade do governo de gerir a energia
produzida e consumida. Essas crises podem acontecer mais freqüentemente caso não
haja preocupação da população em economizar energia elétrica, bem como dos
fabricantes de eletrodomésticos em reduzir o consumo médio de seus aparelhos.
A água tem um problema ainda maior relacionado a ela. O Brasil é um país muito
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 29 de 33
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 30 de 33
CONCLUSÃO
Muito já foi perdido e nunca mais será recuperado, mas o pouco que ainda resta
está nas mãos de todos e cabe a cada um cuidar bem da parte a qual é responsável para
que as gerações futuras possam conhecer esse ambiente lindo e encantador que é o
Cerrado.
No entanto, a população sozinha e desmobilizada pouco pode fazer. Faz-se,
então, necessária o apoio de ONG’s, dos três níveis de governo (municipal, estadual e
federal), empresas privadas, sejam elas nacionais ou não, ambientalistas, professores e,
sobretudo, organizações internacionais como a ONU. Qualquer ajuda será útil desde que
tenha, verdadeiramente, objetivos ambientais.
O artigo cumpre um papel importante nesse sentido: propõe soluções para o tão
complicado problema que atinge o bioma. Não é intensão dos autores que se pense que
as propostas apresentadas são as melhores existentes, nem que suas aplicabilidades
sejam irrestritas, mas se elas servirem de base para um estudo mais específico e local, já
será uma vitória.
A melhor forma de conseguir a sutentabilidade varia de uma microrregião para
outra, dessa forma devem ser feitos estudos cautelosos e criteriosos sobre cada localidade
para que se consiga atingir as metas propostas. Daí a importância que a sociedade civil
tem na manutenção do Cerrado.
Contudo, só uma mudança na mentalidade consumista vigente no mundo nesse
século XXI poderia gerar os frutos desejados, mas é sabido que, em curto prazo, tal fato é
utópico. Assim, deve-se investir sobretudo em educação ambiental, para que as crianças
de hoje sejam adultos responsáveis amanhã e que saibam, como nunca, cuidar dessa bela
casa de paredes azuis chamada Terra.
Amar o Cerrado é amar a natureza; amar a natureza é amar a Terra; amar a Terra
é amar a vida. Eis o mais bonito de todos os amores aquele que não pede nada em troca;
ama-se, simplesmente, por amar.
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 31 de 33
Referências Bibliográficas
CAPOBIANCO, J.P. “Biomas Brasileiros” In: Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Fundação
Getulio Vargas, 2002.
CHAVES, Manoel, R. "A Geografia, a Agenda 21 e os novos paradigmas da
sustentabilidade" In: Anais Do VI Congresso Brasileiro De Geógrafos. Goiânia,
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 32 de 33
2004.
COLBY, Michael E. "Environmental management in development: the evolution of
paradigms. In: World Bank Discussion Papers, 80. Washington: World Bank, 1990.
DADIDOFF, C. H. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: Brasiliense, 1982.
DELGADO, G. C. Capital Financeiro e Agricultura no Brasil: 1965-1985. Campinas:
UNICAMP. 1985
FERRI, Mário. G. A Vegetação Brasileira. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. USP,
1980.
GLIESSMAN, S. Agroecologia: Processos Ecológicos Em Agricultura Sustentável. Porto
Alegre: Ed. UFRGS, 2001.
GOODLAND, R. An Ecological Study Of Cerrado Vegetation Of South-Central Brasil. Tese
mimeogr. Montreal, Canadá: McGill University,1969.
GOODLAND, R. e FERRI, M. G. Ecologia Do Cerrado. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. USP, 1979.
LOPES, José R. M. e MATTOS, Ubirajara A. de O. "Economia, meio ambiente e getão
empresarial". In: Congresso Nacional De Excelência Em Gestão. Niterói, 2002.
MALHEIROS, R. e JUNIOR, W. M. dos R. "A fragmentação do território e a perda da
biodiversidade faunística do Cerrado de Goiás" In: Anais Do VI Congresso Brasileiro
De Geógrafos. Goiânia, 2004.
MAURY, Cilulia M.(org) Biodiversidade Brasileira. Brasília: MMA/SBF,2002.
PRADO Jr., C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1961.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD –
PROJETO BRA/94/016 - Contrato n. 139/98, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE;
São Paulo, 1999.
SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem Às Nascentes Do São Francisco. Belo Horizonte: Ed.
Itatiaia; São Paulo: Ed. USP, 1975.
SCHIAVINI, Ivan e ARAÚJO, Glein M. "Consideração sobre a vegetação da reserva
ecológica do Panga (Uberlândia)" In: Sociedade & Natureza, 01, p. 61-65.
Uberlândia: UFU, 1989.
SCHMITZ, P. I. "Os primeiros povoadores do Cerrado". In: ARQUEOLOGIA, 2003
SHIKI, S.; GRAZIANO DA SILVA, J. e ORTEGA, A. C. (org.). Agricultura, meio ambiente e
sustentabilidade do Cerrado brasileiro – CNPMA/EMBRAPA, Uberlândia: 1997.
SIMONSEN, R. C. História Econômica do Brasil (1500 / 1820). São Paulo, 1969.
STEVAUX, M. N. Textos de Biogeografia. Goiânia: IESA-UFG, 2001.
Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Ferrovia Norte-Sul: Implantação da
Primeira Etapa do Corredor de Transporte Multimodal Centro-Norte, CD-ROM,
Valec: Rio de Janeiro,1999.
[1]
Somente para comparação, a Mata Atlântica se formou há 7 mil anos e a Amazônia há 3 mil (BARBOSA,
op. cit.).
Enciclopédia Biosfera, N.01, março 2006 ISSN 1809-0583
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007
A BIOGEOGRAFIA DO CERRADO EM CONCOMITÂNCIA COM SUA HIS... Página 33 de 33
[2]
Características associadas, principalmente, ao “Brasil Central” (AB”SÁBER, 1967), que corresponde à
maior parte do bioma.
[3]
Barbosa (op. cit.) considera o Pantanal como parte do Cerrado.
[4]
Todos esses dados foram retirados de GOODLAND, 1979.
[5]
Essa também é a previsão da WWF.
[6]
Lembrando que só o fato do desmatamento já causa uma queda drástica na umidade devido à redução
da evapotranspiração das plantas, grande responsável pelas chuvas.
[7]
Posto que o que se vive hoje é uma crise de distribuição e não de superpopulação.
[8]
Como já foi dito, destrói-se 2,6 campos de futebol por minuto.
file://D:\trabalhos\1.htm 31/3/2007