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Hospital Pediatrico David Bernardino

Internato de Pediatria Geral


Módulo de Urgência e cuidados intensivos

Internos:
Alberto Victor
Vasco Cussicala
Orientadora:
Dra Paulina Manuel

Junho, 2021
Introdução
• As convulsões são uma importante causa de
visita ao serviço de urgência e emergências
pediatrico,
• Urgência Neurológica mais frequente em
pediatria,
• No RN são consideradas emergência
neurológica devido a grande potencial de
neurotoxidade e dano cerebral num cérebro
imaturo.
Objectivos
Geral:
• Saber como abordar convulsões na
urgência/emergência.

Específicos:
• Identificar a etiologia das convulsões;
• Saber como tratar as convulsões e preveni-
las.
Sumário
• Introdução
• Objectivos
• Conceitos
• Etiologia
• Fisiopatologia
• Classificação
• Diagnóstico
• Conduta clínica ante uma convulsão
• Bibliográfia
Conceito
Crise convulsiva

• Alteração transitória da função cerebral que


se manifesta por alteração da consciência, em
associação com uma actividade motora e
autonomica anormal; resultantes de uma
descarga súbita, excessiva e repetitiva de
neuronios no cortex cerebral.
• status epilético crise que se prolonga durante
mais de 30 min ,ou quando a crise se repete
durante um período de 1h, sem recuperação da
consciência.

• Epilepsia: condição crônica, caracterizada


pela presença de crises convulsivas
recorrentes, na ausência de eventos externos
desencadeantes.
Etiologia
Etiologia
Etiologia das convulsões
Infecciosa Malaria, meningite, encefalites, sepse, infecções grupo TORCH, abcesso
cerebral, tuberculose , neurocistecercose, SIDA, convulsão febril
Neurologica TCE, HIC, tumores,
Neonatais: asfixia e EHI, toco-traumatismos, kerniterus, deficit de piridoxina
Malformação do SNC: defeito do fechamento do tubo neural, hidrocefalia
Vasculares AVC isquémico, hemorragia intracraniana, hematoma subdural, mal
formação arteriovenosa.
Metabolica / Hipoglicemia, hipocalcemia, hipo/hipernatremia, hipomagnesia,
electrolítica hipofosfatemia, cetoacidose, hipercapnia, urémia
Cardiorespiratoria Hipoxemia, arritmias cardiaca
Fármacos Aminofilina, alguns antibioticos(imipenem, metronidazol); Isoniazida
Intoxicações Medicamentosa, alcool, drogas ilicitas, chumbo, monóxido de carbono.
Endocrinopatias Erros inatos do metabolismo, hipoparatiroidismo, hipertiroidismo.

Inflamatorias Vasculites, doenças autoimunes


Classificação das convulsões
* Simples: generalizada, menos de 15 minutos, sem
recorrência em 24 horas;

* Complexa: focal, com duração de pelo menos 15 minutos


e/ou recorrência em 24 horas, além de déficit neurológico
focal.
Convulsão febril:

• Crise associada à temperatura acima de 38°C em


crianças entre 6 meses e 5 anos sem infecção do
sistema nervoso central (SNC).

• Incidência de recorrência de 30% antes de 6 anos


e um risco de 1% de desenvolver epilepsia.
Fisiopatologia
Desequilíbrio entre mediadores excitadores (glutamato e
aspartato) e inibidores (GABA)
Diagnóstico
Anamnese
Idade ? Houve emissão de sons ou de
Presença de febre? palavras?
É o primeiro episódio? Como estava o tónus?
Qual é a frequência das crises? Como eram os movimentos?
Existe um padrão de horário das Havia uma lateralização ou
crises? assimetria?
Existe um ou vários tipos de crises? A consciencia estava preservada?
Em que circustâncias ocorreu a crise? A criança reagia aos estímulos?
Houve presumivelmente um factor Qual foi a duração total da crise?
desencadeante? Ingestão de tóxico? Como decorreu o período pós
Como foi a crise? crítico?
Como teve início a crise?
Como era a cor e a expressão facial?
Como estavam os olhos?
Anamnese
• Existe A. Familiares de epilepsia ou convulsões?
Ou outra doença com envolvimento neurologico?
• Quais foram as circunstâncias da gravidez, parto e
do período perinatal?
• A criança sofreu lesões cerebrais de natureza
traumática, infecciosa ou vascular?
• Como decorreu as fases precoces do desenv.
Psicomotor e como são as capacidades cognitivas
actuais?
Exame físico
• Sinais vitais;
• Glasgow, avaliação pupilar, tonus, sinais
meningeos, reflexos;
• Procura de sinais focais;
• Dismorfias, mal formações “sugestivo de um
processo de natureza disgenetica”;
• Organomegalias;
• Pele “s. Neurocutaneas”;
• Perímetro cefalico
Exames complementares
Exames complementares
Pesquisa de disturbio metabolico:
• Glicémia capilar/venosa
• Ionograma/gasometria
Pesquisa de infecção:
• PP
• Punção Lombar Estudo através de
• Hemograma imagem:
• Hemoculturas • Ecografia transfontanelar
• PCR
• TAC
Outros:
• Exames toxicológicos
• RMN
• Electroencefalograma
Conduta clínica ante uma convulsão
Abordagem das convulsões
Os objetivos da gestão aguda das convulsões são:
• A estabilização do paciente com crise convulsiva na
emergência é uma prioridade.
• ABC: Manter permeabilidade das vias aéreas, ventilação O2 e
oxigenação 100% e a circulação adequadas.
• Aspirar secreções, tubo de guedel, Posição de segurança.
• Veia periférica, extrair sangue para análise.
• Estudo rápido de factor desencadeante: Glicemia capilar,
gasimetria/ionograma
• Monitorização: ECG, TA, oximetria de pulso.
Abordagem das convulsões
Medicamentosa
1ª linha
Abordagem das convulsões
Medicamentosa
2ª linha
Abordagem das convulsões
Tratamento de factores desencadeantes, se existentes:
• Hipoglicemia (Glicemia <de 60mg/dl) administrar
glucose a 50% 2 ml /kg, ou glucose a 10% 5ml /kg.
• Hiponatremia: SF(10-20 cc/kg) se não cede a convulsão
e o Na <120meq/l, será necessário tratamento em UCI
com soro salino hipertónico. SS 3% ( 1cc=0,5 meq Na).
• Preparação SS 3%: 1cc de Nacl 20% + 9cc SSF = SS 3%. 5
ml /kg a passar em 30 min.
• Hipocalcemia: Gluconato de cálcio 10%: 0,3 ml/kg a
passar em 5 min.
Fluxograma de abordagem das convulsões
(Rodrigues & Vilanova, 2017)
Fluxograma de abordagem das convulsões

(Rodrigues & Vilanova, 2017)


Tratamento das convulsões no período
neonatal
TRATAMENTO EM CASO DE ETIOLOGIA CONHECIDA:
Se Hipoglicemia: 0,2 gr/kg de glucose (2 mL/kg de solução
Fenobarbital em bólus a de glucose 10%) seguido de perfusão 8 mg/kg/min.
20-25mg/kg iv Se Hipocalcemia: 1-2 mL/kg de gluconato cálcico 10% em
5 min.
Se Hipomagnesemia: 0,2-0,4 mmol/kg/dose de magnesio
(0,1-0,2 mL/kg/dosis sulfato magnésico 50%) iv cada
12horas.
Se Hiponatremia: 1-3 meq/kg NaCl 3% + tratamento em
funcão da etiología

Se : convulsão idiopática tentar sucessivamente:


1. Piridoxina 100 mg EV em dose única
2. Biotina 20 mg IM ou oral
3. Ácido folínico 2,5 mg Ev

Se Sim: fenobarbital dose de manutenção 3-5 mg/kg/día


Cede ? 12/12h

Adaptação de Protocolos actualizados da associação Espanhola de Pediatría; 2008.


cont.

Se Não: repetir fenobarbital em bolus 10mg/kg iv ou directamente ácido valproico


15mg/kg em dose única iv em 5minutos

Se sim: Ácido valproico dose de manutenção 1-2 mg/kg/hora em BIC


Cede? aos 30 min da dose anterior
Se Não: Fenitoína em bolus 20-25 mg/kg iv lentamente (10-15 min).

Cede? Se Sim: fenitoína dose de manutenção 3-5 mg/kg/día 12/12h

Se Não: Diazepam 0,3 mg/kg/dose iv ou Midazolam em bolus: 0,15mg/kg e infusão


contínua de 0,06mg/kg/hora

Cede?
Não: valorizar Ventilação mecánica assistida

1. Clonazepam 0,02 mg/kg/hora iv em BIC. Pode ser aumentada até 0,8 mg/kg/día
2. Carbamazepina: 20 mg/kg/día por sonda nasogástrica
3. Levetiracetam em bolus: 40mg/kg e 40-60 mg/kg/dia
4. Lidocaína em bolus: 2mg/kg
Bibliografia
• Fernandez J. C. L; Plana J. C. ; 1997. Actitude practica frente a una
convulsion en el servicio de urgencias in Urgencias en pediatria. Protocolos
diagnosticos terapeuticos. Unidad integrada Hospital Clinic-Sant Joan de
Déu. Pag. 107-124.

• Garcia J. N. ; Fernandez C. C.; 2008. Protocolos diagnosticos e terapeuticos


em pediatria. Sociedade Espanhola de Pediatria Protocolos, 2 ed.

• Mc Kenzie, K., Hahn, C. & Friedman, J., 2021. Emergency management of


the paediatric patient with convulsive status epilepticus. Canadian
Paediatric Society, 26(1), pp. 50-57.

• Palminha, J. M e Carrilho M.C; 2003. Orientação diagnostica em pediatria,


dos sinais e sintomas ao diagnostico. Editora lidel Portugal. Vol:2, pag 967-
971.

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