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Processo Penal Militar

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR....................................................... 2
1.1 Fontes de Direito Judiciário Militar ....................................................................... 2
1.2 Divergências de normas ........................................................................................ 3
1.3 Aplicação subsidiária ............................................................................................. 3
1.4 Interpretação ........................................................................................................ 3
1.5 Suprimento dos casos omissos ............................................................................. 5
1.6 Aplicação intertemporal........................................................................................ 7
1.7 Aplicação à Justiça Militar Estadual ...................................................................... 7
2. DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR ................................................................................ 7
2.1 Exercício da polícia judiciária militar ..................................................................... 7
3. DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR ............................................................................ 11
3.1 Finalidade do inquérito ....................................................................................... 11
3.2 Sigilo do inquérito ............................................................................................... 11
3.3 Reunião e ordem das peças de inquérito ........................................................... 12
3.4 Dispensa de Inquérito ......................................................................................... 12
3.5 Modos por que pode ser iniciado ....................................................................... 13
3.6 Incomunicabilidade do indiciado. Prazo. ............................................................ 15
3.7 Detenção de indiciado ........................................................................................ 15
3.8 Prazos para terminação do inquérito ................................................................. 17
3.9 Relatório .............................................................................................................. 17
3.10 Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição ......................................... 18
3.11 Arquivamento de inquérito. Proibição ............................................................. 19
3.12 Devolução de autos de inquérito ...................................................................... 19
3.13 Instauração de novo inquérito .......................................................................... 19

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1. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR


1.1 Fontes de Direito Judiciário Militar
O Código de Processo Penal Militar é de 1969, editado em período autoritário, pelo
que a CF/88 não recepcionou determinados institutos do aludido diploma.
Fontes de Direito Judiciário Militar
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código,
assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial* que lhe for
estritamente aplicável.

*legislação especial: lei 8457/92, que organiza a Justiça Militar da União e regula o
funcionamento de seus Serviços Auxiliares. Há também leis de organização judiciária nos
Estados.
É vedado o hibridismo penal na esfera processual. Residualmente, pode-se aplicar o
Código de Processo Penal, para suprir eventuais lacunas.
Observação1: Hoje não existem auditorias especializadas (da marinha, do exército e
da aeronáutica); hoje há a auditoria militar, de acordo com a Lei 8457/92.
Observação2: não se aplicam as leis 7960 (prisão temporária) e 8072 (crime
hediondo) ao CPPM. Tal diploma prevê a prisão temporária, sem ordem judicial e sem
flagrante, recepcionada pela CF/88.
Observação3: a lei 9296/96, que trata do procedimento de interceptação telefônica,
pode ser aplicada no âmbito do processo penal militar, já que é matéria de cunho
constitucional. A jurisprudência ensina que o artigo 6° da mencionada lei não se refere
exclusivamente à Polícia Civil, mas também à Polícia Militar e outros órgãos:
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de
interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
realização.

Obervação4: o artigo 90-A da lei 9099/95 regra que esta lei não se aplica ao CPPM. O
STF, porém, entende que aplica-se a lei 9099/95 quando o autor do fato é civil.

Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça


Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)

Observação5: a lei 12037/09 dispõe sobre a identificação criminal do civilmente


identificado, regulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da Constituição Federal, e é aplicável ao
Processo Penal Militar.

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1.2 Divergências de normas


Independentemente da matéria, o Tratado sempre prevalece sobre as normas do
CPPM, se houver divergência:
Divergência de normas
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de
convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

1.3 Aplicação subsidiária


Aplicação subsidiária
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos regulados
em leis especiais.

Exemplo: a Lei 8038/90, que trata do processo nos tribunais, é aplicado na esfera
militar. O CPPM também é aplicado subsidiariamente à lei 8038/90, é uma via de mão dupla.

1.4 Interpretação
Interpretação literal
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas
expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação.
Interpretação extensiva ou restritiva
§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for
manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é
mais ampla, do que sua intenção.
Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal
§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

O processo penal militar é regido pela celeridade e pela oralidade na sessão de


julgamento.
A defesa não é obrigada a apresentar alegações finais por escrito, pode sustentar
oralmente na sessão de julgamento, na qual há quatro juízes leigos e um juiz togado
(auditor), pelo que a sustentação oral pode ser apropriada.

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Observação: “Menagem” é uma medida cautelar não privativa de liberdade, mas de


natureza restritiva de liberdade, conforme artigo 263, CPPM, que visa evitar o
encarceramento.
Menagem é uma corruptela de homenagem, em que a palavra do militar é a garantia
de que ele vai submeter-se às condições impostas.
Há dois tipos de “menagem”:
(i) “menagem” em quartel, em navio, prisão – cumprida na unidade militar apenas
por militar e;
(ii) “menagem” em cidade, em residência, liberdade – cumprida em casa. O sujeito
poderá se deslocar dentro da cidade, sede do juízo, recolhendo-se em residência. Cumprida
por civil e militar.
A “menagem” prisão, em quartel ou em navio não se aplica para o civil, porquanto
não é conveniente, conforme §2°, do artigo 264, CPPM. Aqui há uma interpretação restritiva
conforme o contexto histórico constitucional, em que se concluiu que o legislador discorreu
mais do que deveria.
Competência e requisitos para a concessão
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da
pena privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a
natureza do crime e os antecedentes do acusado.
Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando
ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o seu pôsto
ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento ou sede de
órgão militar. A menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em lugar sujeito à
administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a conceder.
Audiência do Ministério Público
§ 1º O Ministério Público será ouvido, prèviamente, sôbre a concessão da
menagem, devendo emitir parecer dentro do prazo de três dias.
Pedido de informação
§ 2º Para a menagem em lugar sujeito à administração militar, será pedida
informação, a respeito da sua conveniência, à autoridade responsável pelo respectivo
comando ou direção.
………
Menagem do insubmisso
Art. 266. O insubmisso terá o quartel por menagem, independentemente de decisão
judicial, podendo, entretanto, ser cassada pela autoridade militar, por conveniência de
disciplina.

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1.5 Suprimento dos casos omissos


Suprimento dos casos omissos
Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e
sem prejuízo da índole do processo penal militar;
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.

Exemplo1: uso e costumes: o militar mais antigo senta-se ou dispõe-se sempre à


direita do mais moderno.
Exemplo2: caso de não aplicação do CPP, artigo 366:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271,
de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de 2008)

Diferentemente do processo penal comum, no processo penal militar, o réu citado


por edital que não comparece e não constitui advogado é revel.
Nesse caso, o CPPM regra que o réu é revel, pelo que não pode suspender o
processo, sob pena de configurar prejudicada a índole do processo penal militar.
O CPPM suspende o processo em casos pontuais, por exemplo, no processo de
deserção de oficial, o Ministério Público oferece a denúncia, o Juiz recebe e aguarda a
captura ou a apresentação voluntária. O processo fica suspenso até o oficial completar 60
anos, quando restará extinta a punibilidade, conforme artigo 132, CPM. Isso se dá porque o
oficial é julgado por um conselho especial formado para julgar seu caso específico.
Prescrição no caso de deserção
Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só
extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e, se
oficial, a de sessenta.

1.6 Aplicação no espaço e no tempo


Aplicação no espaço e no tempo
Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
aplicam-se as normas deste Código:

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Tempo de paz
I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando
se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional*,
ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira**;

*questionado pela doutrina, pois a lei 7.170/83 prevê a competência da Justiça


Militar para julgar os crimes ali previsto. Porém, à luz do texto constitucional, a doutrina
majoritária entende que os crimes previstos na lei 7.170/83 são crimes políticos e como tais
devem, de acordo com o artigo 109, IV, CF/88, ser julgados pela Justiça Federal:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
……
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

**a extraterritorialidade é incondicionada, paralelo com artigo 7°, CPM.


Territorialidade, Extraterritorialidade
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou
fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado
pela justiça estrangeira.

Exemplo: brasileiro no Haiti comete crimes militares. A auditoria militar pode ser
deslocada para o Haiti, de forma que as normas do CPPM serão utilizadas fora do território
nacional. A Justiça Militar pode funcionar excepcionalmente fora do território.
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da
força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no
cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer
que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando
militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar
competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à
administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança
nacional;
Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;

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b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de fôrça militar brasileira,


ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à
segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

1.6 Aplicação intertemporal


A normas de CPPM tem aplicação imediata, respeitados os atos praticado sob a égide
da lei anterior.
Aplicação intertemporal
Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos
processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Se a norma for híbrida, é vedada que ela retroaja, pois a norma penal não pode ser
cindida.

1.7 Aplicação à Justiça Militar Estadual


Aplicação à Justiça Militar Estadual
Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem
aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença,
os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que
responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

Exemplo: ao sujeito condenado na justiça estadual comum, aplica-se o agravo em


execução, as disposições da LEP, e não o CPPM.

2. DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR


2.1 Exercício da polícia judiciária militar
O rol do artigo 7° é exemplificativo e desatualizado:
TÍTULO II
CAPÍTULO ÚNICO
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
Exercício da polícia judiciária militar
Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território
nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem

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como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou


transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por
disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos,
forças e unidades que lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos
órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e
unidades dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da
Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços
previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;

O artigo 4° do CPP regra sobre o exercício da polícia judiciária pela autoridade


policial, disciplinando que a competência definida no artigo não exclui outras atribuições.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Não existe uma polícia judiciária militar, existe um setor de policiamento,


responsável pela área de inteligência, com agentes, etc., cuja função envolve a investigação
criminal, com cumprimento de diligências ordenadas pelo juiz.
No topo da hierarquia militar, tem-se os comandantes das forças militares, da
Marinha do Exército e da Aeronáutica, que possuem atribuições dentro e fora do território
nacional.
Exemplo: crime militar praticado a bordo de um navio. O comandante do navio
exerce a autoridade de polícia judiciária militar na sua unidade.
Os comandos inferiores hierarquicamente permanecem com sua atribuição
investigativa e submetem-se aos comandos superiores.

Comandante da Marinha Da Aeronáutica Força Aérea Brasileira

Comandante do 1º Distrito … ...


Naval

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… ... ...

Comandante do navio ... ...

O comandante do navio pode designar/delegar um capitão para ser encarregado do


inquérito.
Há duas formas de delegação: (i) o comandante pode baixar portaria delegando a
instauração do IPM, o oficial que recebe a delegação instaura, preside e relata o IPM,
submetendo o relatório para que o comandante homologue ou não; (ii) o comandante pode
instaurar o inquérito e delegar a investigação, quem preside e relata este IPM é o próprio
comandante.
O oficial que instaura também preside o inquérito, sempre com observância da
questão hierárquica. Se, por exemplo, o indiciado é capitão, mas não tem major para
investigar, deve-se designar o capitão mais antigo.
Delegação do exercício
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as
atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins
especificados e por tempo limitado.
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar,
deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da
ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado,
poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a
delegação, a antiguidade de posto.
Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro
§ 5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a
existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro*
competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração
do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa
providência.

*comandante, não ministro.


Célio Lobão entende que o §5° não tem aplicação e o professor concorda com o
doutrinador.
Exemplo: o almirante de esquadra é o comandante da marinha oficial general mais
antigo da força. O oficial 2 na hierarquia é o indiciado. Nessa hipótese, a lei regra que se o
posto e a antiguidade do oficial da ativa excluir qualquer outro, o oficial 3 não poderia

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presidir. Porém, a posição funcional do comandante da força lhe confere superioridade


hierárquica à todos os militares, pelo que pode designar, excepcionalmente, o oficial 03 para
presidir a investigação.
Se o inquérito já estiver iniciado, o comandante tem que avocar o inquérito para
designar outro oficial general para presidir.
O §5° não possui destinatário e era aplicável quando existia o militar 5 estrelas; hoje
não há militar 5 estrelas. Pela letra da lei, o militar 5 estrelas na inatividade (marechal,
oficiais generais) seria designado para presidir o inquérito. Porém, não há na reserva
ninguém de posto superior, não há mais 5 estrelas.
Observação: na vida militar, um capitão de mar e guerra entra em lista para
promoção para contralmirante, que é escolhido politicamente. Supondo três capitães de
mar e guerra 01, 02 e 03, se o 03 é promovido a contralmirante, o 01 e o 02 vão para
reserva.
O artigo 8° trata das atribuições da polícia judiciária:
Competência da polícia judiciária militar
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à
jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público
as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar
as diligências que por êles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acêrca da prisão preventiva e da
insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e
responsabilidade, bem como as demais prescrições dêste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames
necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação
de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que
legal e fundamentado o pedido.

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3. DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR


3.1 Finalidade do inquérito
TÍTULO III
CAPÍTULO ÚNICO
DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
Finalidade do inquérito
Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos têrmos
legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação
penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames,
perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos
e com obediência às formalidades previstas neste Código.

“Instrução provisória” = peças de informação, suporte probatório mínimo.


O material recolhido no IP pode ser aproveitado na ação penal.
Aqui, importante o paralelo com o artigo 155 do CPP:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

No artigo 155, CPP, as provas periciais podem ser provas não repetíveis, por exemplo,
o exame de corpo delito.
Igualmente, as provas cautelares de interceptação telefônica, de provas antecipadas,
de testemunha que morreu, são exceções.
Tais provas são submetidas ao contraditório diferido, podendo ser efetivamente
instrutórias da ação penal.
Em regra, o material do inquérito é informativo, não serve para sustentar uma ação
penal.

3.2 Sigilo do inquérito


Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dêle tome
conhecimento o advogado do indiciado.

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A jurisprudência dita o limite do acesso ao Inquérito Policial Militar e ao Inquérito


Policial, conforme Súmula Vinculante n° 14, STF.
Súmula Vinculante 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

A regra é o sigilo. O IPM é acessível ao advogado constituído, que esboça sua defesa
técnica.
O IPM é escrito, com rigor com a formalidade, sendo que uma vez documento o
acesso é amplo.
O IPM é sigiloso para preservar a intimidade do investigado, para o sucesso da
diligência, sendo que os atos do IP não precisam de publicidade para ter validade (diferente
dos atos administrativos).

3.3 Reunião e ordem das peças de inquérito


Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só
processado e dactilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas,
pelo escrivão.

3.4 Dispensa de Inquérito


Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada
pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras
provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo
autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.

O MP pode dispensar o inquérito. Quem tem poder de acusar, tem poder de


dispensar.
Quando há flagrante coautoria e materialidade praticado por militar, o inquérito
pode ser dispensado.
Artigos 341 e 349 do CPM:
Desacato

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Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em razão


dela:
Pena - reclusão, até quatro anos.
……
Desobediência a decisão judicial
Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar
ou fraudar o seu cumprimento:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 1º No caso de transgressão dos arts. 116, 117 e 118, a pena será cumprida sem
prejuízo da execução da medida de segurança.
§ 2º Nos casos do art. 118 e seus §§ 1º e 2º, a pena pela desobediência é aplicada
ao representante, ou representantes legais, do estabelecimento, sociedade ou
associação.

Exemplo: civil desacata juiz auditor no momento em que testemunhou na auditoria


militar. Isso é crime contra o servidor público federal, pelo que o desacato será de
competência da justiça federal.

3.5 Modos por que pode ser iniciado


Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja
ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;

Alínea “a” corresponde ao artigo 5°, inciso I, CPP.


b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de
urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada,
posteriormente, por ofício;

O comandante delega a instauração para que o oficial instaure o inquérito.


c) em virtude de requisição do Ministério Público;

CESPE entendeu que pode ocorrer a requisição judicial na esfera penal comum,
apesar de toda a doutrina entender que a requisição judicial não foi recepcionada pela
CF/88, pois viola o sistema acusatória.
Na esfera militar, a CPPM não menciona a requisição judicial, pelo que não é possível.
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25;

Utiliza-se a notitia criminis judicial (artigo 25, §1°, CPPM), encaminhando-se peças
para o MPM para providência que entender cabíveis.

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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em


virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de
infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar;

“representação” = não existe representação na esfera militar, pois a ação penal é


pública incondicionada. Essa norma deve ser vista de maneira que equivale ao artigo 5°, §3°,
CP:
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
inquérito.

Exemplo1: civil que vai ao oficial para relatar o crime militar cometido. O oficial
verifica a procedência da informação e encaminha a notitia criminis.
Exemplo2: Lei de abuso de autoridade 4.898 dispõe acerca do direito de
representação, denominação inadequada, pois a ação é penal pública incondicionada. À
época era moda falar em representação.
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da
existência de infração penal militar.

A sindicância, que é um procedimento administrativo, apura falta disciplinar. Se


conclui-se que trata-se de crime militar, inicia-se o IPM.
Superioridade ou igualdade de posto do infrator
§ 1º Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de
órgão ou serviço, em cujo âmbito de jurisdição militar haja ocorrido a infração penal,
será feita a comunicação do fato à autoridade superior competente, para que esta torne
efetiva a delegação, nos termos do § 2° do art. 7º.
Providências antes do inquérito
§ 2º O aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por
comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de
quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis,
previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal que lhe incumba
reprimir ou evitar.
Infração de natureza não militar
§ 3º Se a infração penal não for, evidentemente, de natureza militar, comunicará o
fato à autoridade policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se tratando
de civil, menor de dezoito anos, a apresentação será feita ao Juiz de Menores.
Oficial general como infrator
§ 4º Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e
ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares.

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Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do inquérito


§ 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios
contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências
necessárias para que as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos do § 2°
do art. 7º.

3.6 Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.


Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que
estiver legalmente preso, por três dias no máximo.

Há um posicionamento doutrinário quase unânime e jurisprudencial de que a


incomunicabilidade não foi recepcionada pela CF/88, com fundamento no artigo 136, CF/88,
em que se veda a incomunicabilidade do preso no estado de defesa:
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho
de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
de grandes proporções na natureza.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

Damásio, em posição isolada, discorda e entende que em tempos excepcionais, as


mediadas são excepcionais, pelo que a vedação do estado de defesa é exceção, sendo regra
a incomunicabilidade.

3.7 Detenção de indiciado


Situação de prisão temporária excepcional e recepcionada pela CF/88, aplicável
quando há a prática de crime propriamente militar.
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido,
durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à
autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias,
pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação
fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Prisão preventiva e menagem. Solicitação
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará,
dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão
preventiva ou de menagem, do indiciado.

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Exemplo: militar que dá conta do sumiço de dois fuzis, subtraídos em serviço. Todos
os militares em serviço envolvidos ficaram presos, pois não foi possível apurar a autoria.
Porém, tal prisão não poderia acontecer, é ilegal, pois o peculato furto não é crime
propriamente militar.
O artigo 18 foi recepcionado pela CF/88, conforme artigo 5°, inciso LXI:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar*, definidos em lei;

*Salvo prisão disciplinar militar ou crime propriamente militar.


A doutrina majoritária entende que só se aplica o artigo 18 aos crimes propriamente
militares. O doutrinador Esdras Carvalho, que compõe a banca CESPE, possui uma posição
minoritária, ensinando que se aplica o artigo 18 apenas para deserção.
Excepcionalmente, em casos de crimes propriamente militares, o Professor entende
que a prisão pode ser determinada sem flagrante e sem ordem judicial, mas ela tem que ser
comunicada imediatamente a autoridade judiciária competente, para que ela, em ato
contínuo, se for o caso, convole a prisão em preventiva ou menagem. Nessa visão do
professor, o juiz deveria imediatamente fundamentar sobre a manutenção ou não da prisão.
Para o professor, a prorrogação de 20 dias não deveria existir, pois a prisão só se sustenta se
for preventiva, à luz da CF/88.
O artigo 310, CPP regra que:
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

O prazo para conclusão do IPM é de 20 dias, se o indiciado estiver preso, mais um


motivo pela não recepção de partes do artigo 18, CPPM, conforme opinou o professor.

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3.8 Prazos para terminação do inquérito


Art 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver
prêso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no
prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em
que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo
§ 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade
militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou
haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de
prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da
terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade
insuperável, a juízo do ministro de Estado competente*. Os laudos de perícias ou exames
não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão
posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório,
poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se
encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§ 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo
previsto no § 5º do art. 10.

O prazo do IPM para o indiciado preso não pode prorrogar. O prazo do indiciado solto
pode ser prorrogado por mais 20 dias.
*“juízo do ministro de Estado competente” = comandante da Força.

3.9 Relatório
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados
obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão,
dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último
caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos
termos legais.

Conforme já estudado, há duas formas de delegação:

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(i) o comandante pode baixar portaria delegando a instauração do IPM, o oficial que
recebe a delegação instaura, preside e relata o IPM, submetendo o relatório para que o
comandante homologue ou não o resultado;
(ii) o comandante pode instaurar o inquérito e delegar a investigação, quem preside e
relata este IPM é o próprio comandante.
Solução
§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe
homologue ou não a solução, aplique penalidade*, no caso de ter sido apurada infração
disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Advocação
§ 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá
avocá-lo e dar solução diferente.

*Se o comandante aplica a penalidade, o IPM é encaminhado para auditoria e para o


Ministério Público Militar.
Exemplo: sindicância de soldado que saiu no tapa com outros soldados, motivado por
suposto abuso sexual. O sindicante entendeu que o soldado que saiu no tapa tinha
problemas psicológicos. Ocorre que o contexto de trotes do quartel deixou o mencionado
soldado nervoso, pelo que ele se antecipou e brigou com os outros soldados. O comandante
discordou do relatório da sindicância, não homologando a decisão.

3.10 Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição


Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição Judiciária
Militar onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem
como dos objetos que interessem à sua prova.

A remessa do IPM à auditoria é necessária para o controle do prazo. Da auditoria os


IPM é enviado para o Ministério Público Militar.

Remessa a Auditorias Especializadas


§ 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à especialização de cada uma.
Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou não, a remessa será feita à
primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no curso do
inquérito serão resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por
distribuição.

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A lei 8.457/92 disciplina que não existe auditoria especializada na esfera federal,
sendo o §1° uma norma sem aplicação.
§ 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão remetidos à
1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União, atendida, contudo, a
especialização referida no § 1º.

3.11 Arquivamento de inquérito. Proibição

Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito,
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.

Não cabe arquivamento na esfera militar, tal como na esfera comum, pois que o
inquérito é regido pela indisponibilidade.
É o MP que deve pedir o arquivamento, se for o caso.

3.12 Devolução de autos de inquérito


Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial
militar, a não ser:
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de
formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue
necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de
vinte dias, para a restituição dos autos.

De acordo com o STM, o juiz não pode indeferir a diligências requisitadas pelo MP,
respeitando o sistema acusatório.
O inciso II1 não tem aplicação por violar o sistema acusatório.

3.13 Instauração de novo inquérito


Art 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas
provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o
caso julgado* e os casos de extinção da punibilidade.

1
Nota do Residente: Não foi recepcionado.

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§ 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao


Ministério Público, para os fins do disposto no art. 10, letra c.
§ 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender
inadequada a instauração do inquérito.

O arquivamento do IPM é precário e não faz coisa julgada, conforme regra do rebus
sic stantibus, também aplicada na esfera comum.
*De maneira segura, pode-se dizer que faz coisa julgada no arquivamento a
atipicidade. Em casos excepcionais, entendeu-se que a excludente de ilicitude também faz
coisa julgada.
O arquivamento deve passar pelo crivo judicial. Se o juiz discordar, remeterá os autos
ao procurador-geral:
Falta de elementos para a denúncia
Art. 397. Se o procurador, sem prejuízo da diligência a que se refere o art. 26, n° I,
entender que os autos do inquérito ou as peças de informação não ministram os
elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requererá ao auditor que os
mande arquivar. Se este concordar com o pedido, determinará o arquivamento; se dêle
discordar, remeterá os autos ao procurador-geral.
Designação de outro procurador
§ 1º Se o procurador-geral entender que há elementos para a ação penal, designará
outro procurador, a fim de promovê-la; em caso contrário, mandará arquivar o processo.
Avocamento do processo
§ 2º A mesma designação poderá fazer, avocando o processo, sempre que tiver
conhecimento de que, existindo em determinado caso elementos para a ação penal, esta
não foi promovida.

Diferente da esfera comum (artigo 28, CPP), o procurador-geral militar é muito


“ocupado”, pelo que não oferece denúncia e designa um colega para fazê-lo. Em caso
contrário o procurador-geral mandará arquivar, tendo o judiciário que acolher tal decisão.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o
juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito
ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

O artigo 498 do CPPM é tema vivo no STF, ADIN 4153:


PGR questiona dispositivo legal que usurpa competência do Ministério Público Militar

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O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ajuizou no Supremo Tribunal


Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4153) contra parte da Lei de
Organização da Justiça Militar da União – LOJMU (Lei 8.457/92).
De acordo com a ação, o artigo 14 (alínea c, inciso I) deve ser considerado
inconstitucional porque transfere para o juiz-auditor corregedor competência que a
Constituição Federal (artigo 129) atribui ao Ministério Público Militar. O dispositivo
permite que o juiz-auditor corregedor da Justiça Militar da União se manifeste contra o
arquivamento de inquérito policial militar quando entender que há indícios de crime e de
autoria.
O procurador-geral sustenta que essa possibilidade não pode ser admitida e que esse
papel cabe somente ao Ministério Público Militar. “Não se pode admitir que o corregedor
da Justiça Militar da União possa, em função administrativa, insurgir-se contra
arquivamento de inquérito determinado, regularmente, por autoridade judiciária no
exercício de suas funções jurisdicionais, e a requerimento do Ministério Público Militar”,
argumenta.
Argumenta ainda que essa inovação evidencia uma transgressão ao sistema de
acusação e traz aspectos negativos para os princípios do juiz natural e do devido
processo legal. “Pela ordem natural das coisas, apenas mediante requerimento do
Ministério Público Militar pode ser determinado o desarquivamento de inquérito policial
militar, assim como somente a esse órgão cabe, em momento anterior, promover o
arquivamento”.
Com esses argumentos, pede que o STF declare inconstitucional o artigo. O relator da
ação é o ministro Carlos Ayres Britto.2

A alínea “b” do artigo 498 está riscada pois a lei 7.040/1982 foi objeto de uma ADIN
anterior, que considerou a citada alínea inconstitucional, sendo suspensa pelo Senado
Federal.
Casos de correição parcial
Art 498. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à correição parcial:
a) a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido erro ou omissão
inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por juiz,
desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto neste Código;
b) mediante representação do auditor corregedor, para corrigir arquivamento
irregular em inquérito ou processo.
b) mediante representação do Ministro Corregedor-Geral*, para corrigir
arquivamento irregular em inquérito ou processo. (Redação dada pela Lei nº 7.040, de
11.10.1982) (Vide Resolução Senado Federal nº 27, de 1996)

2
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=97437

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§ 1º É de cinco dias o prazo para o requerimento ou a representação, devidamente


fundamentados, contados da data do ato que os motivar.
Disposição regimental
§ 2º O Regimento do Superior Tribunal Militar disporá a respeito do processo e
julgamento da correição parcial.

*não existe ministro, mas sim juiz auditor corregedor.


A ADIN 4153 promovida pelo PGR para afastar a aplicação do artigo 14, I, da Lei
8.457/92, pois ele burla claramente o sistema acusatória:
Art. 14. Compete ao Juiz-Auditor Corregedor:
I - proceder às correições:
……
c) nos autos de inquérito mandados arquivar pelo Juiz-Auditor, representando ao
Tribunal, mediante despacho fundamentado, desde que entenda existente indícios de
crime e de autoria;
……

Art. 30. Compete ao Juiz-Auditor:


… XVI - remeter à Corregedoria da Justiça Militar, no prazo de dez dias, os autos de
inquéritos arquivados e processos julgados, quando não interpostos recursos;

Hoje, os artigos acima ainda são aplicados.

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