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Resumo......................................................................................................................................
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4.1- A Perspectiva de
Piaget........................................................................................................
4.2-A Perspectiva de
Vygotsky...................................................................................................
4.3-A Perspectiva de
Wallon.......................................................................................................
4.4-Algumas Perspectivas
Contemporâneas...............................................................................
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6.1-
Variáveis..............................................................................................................................
6.2-Variáveis Independentes....................................................................................................
6.3-Variável Dependente..........................................................................................................
6.4-Participantes........................................................................................................................
6.5-Instrumentos.......................................................................................................................
6.6-
Material................................................................................................................................
6.6-
Procedimento.......................................................................................................................
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transferência de aprendizagem.
problemas e no raciocínio humano, da tonalidade afetiva dos enunciados, bem como dos
quantidade de conhecimento requerido para a sua solução, costuma ser parâmetro para a
Novick 1988; Bassok & Holyoak, 1989, citados por Cagnin, 2008). Estes estudos
apresentam evidências que sugerem uma categorização mais complexa do problema por
parte dos peritos que, por sua vez, agrupavam os problemas em termos de suas
os conteúdos dos enunciados dos problemas. Todavia, outros estudos (Blessing & Ross,
1996; Ross & Warren, 2002; Bassok, 2001; 2003; Bassok, Wu & Olseth, 1995, citados por
solução de problemas por peritos, principalmente quando havia uma conexão empírica
entre os tipos de problemas e os conteúdos dos problemas. Nesse sentido, os peritos, ainda
que focalizassem com maior eficiência as estruturas profundas dos problemas em um dado
domínio, também sofreriam a influência das similaridades superficiais dos enunciados dos
transferência de aprendizagem.
Teoria do Espaço do Problema de Newell e Simon (1972), pode-se dizer que há evidências
empíricas de que vários aspectos do contexto do problema têm forte influência nas
problemas na sua resolução. Pode-se argumentar que esse tipo de problema, na medida em
que tem maior explicitação de suas condições, limites e estados iniciais e de meta, poderia
estar menos sujeito a este tipo de influência por ser mais ³fechado´ em suas condições.
Assim, conforme apontam as evidências dos estudos mencionados, há efeitos positivos dos
conteúdos dos enunciados na resolução desse tipo de problema, efeitos esses, não só dos
naturezas.
enunciados; e outras; que costumam ser vistas como tendo menor influência no processo de
princípios, equações, regras lógicas, etc.) as quais, por sua vez, são consideradas como
tendo uma influência direta na solução do mesmo. Contudo, apesar de uma tradicional
ênfase, dos estudos da área, nos aspectos mais estruturais e profundos dos problemas,
conteúdos dos enunciados dos problemas, parecem ter um papel importante na facilitação
seus argumentos e objetivos. Os estudos que apontam para a importância das similaridades
de superfície na transferência analógica costumam focalizar aspectos cognitivos destas
problemas análogos que evocam um contexto temático similar (Holyoak & Koh, 1987,
consideradas, como um tipo de característica de superfície especial, pois se, por um lado,
poderiam ser consideradas como característica periférica, ou seja, sem vinculação direta
com as estruturas profundas, por outro lado, o cunho afetivo dessas características parece
Alguns estudos realizados no âmbito da memória têm apontado para o fato de que o
acesso aos conteúdos da memória depende não só do caráter semântico destes conteúdos, mas
especialmente do valor afetivo dos mesmos (Bower, 1981; 1992; Bower & Forgas, 2001).
Contudo, poucos estudos tem se debruçado sobre o efeito dos conteúdos valorativos nos
Tendo em vista os estudos ainda incipientes nessa área e o anseio pelo estudo dos
dos conteúdos dos enunciados de problemas que apresentam uma valoração neutra ou
de problemas desfavoráveis ao grupo do qual ela fazia parte ou não. A pesquisa partiu do
pressuposto que, possivelmente, os enunciados de problemas desfavoráveis em relação ao
questão.
Moreno, Sastre, Bovet e Leal (1999) alegam que os processos inferenciais são
influenciados tanto pela ação cognitiva quanto pela afetividade. Sendo assim, a afetividade
interação dinâmica entre cognição e afetividade, sendo que eles ³não constituem dois
Além disso, de acordo com Ladd (1999), a forma pela qual as crianças constroem seus
valores e representações sobre fatos cotidianos tem grande impacto sobre seu
desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido é relevante refletir sobre o papel dos diferentes
por meio dos quais a criança adquire conhecimento, realiza planos e resolve problemas. A
Com o intuito de compreender o papel dos diferentes tipos de conteúdos nos processos
uma fundamentação teórica articulada nos três primeiros capítulos; e, a segunda parte
apresenta a parte metodológica da pesquisa de campo, apresentando os resultados obtidos, a
pragmáticos e afetivos e seus respectivos papéis na cognição. Optou-se por uma subdivisão
em algumas seções mais amplas visando a uma melhor apresentação dos principais conceitos
apresentados.
A fim de apontar para diferentes perspectivas que rompam com o dualismo afeto
de uma análise estatística dos dados, onde priorizou-se o teste estatístico baseado na
resultados obtidos analisando- os sob a luz dos achados empíricos e modelos teóricos
Nos últimos vinte anos, o estudo do desenvolvimento cognitivo em crianças tem sido
contexto interpessoal; a segunda, proveniente de uma transição da cognição fria (³
para a cognição quente (³ , chama a atenção para o fato de que
os processos cognitivos são socialmente situados; e, por fim, uma terceira perspectiva, mais
Butterworth, 1993).
Light e Butterworth (1993) apontam que a tendência atual é a favor de uma análise
conteúdos das estruturas de conhecimento. Neste sentido, é importante analisar o papel dos
No entanto, uma abordagem de bom senso pode se concentrar sobre o ambiente físico,
social ou cultural de uma determinada tarefa intelectual. Além disso, o que se entende por
É possível, contudo, proceder a uma série de definições, das mais gerais as mais
contexto pode ser definido como uma rede que dá sentido às partes.
Cole e Cole (1989) frisam o modo como os diferentes contextos culturais, em diferentes
linguagem e de outros artefatos gera diferentes guias para a ação. Estes são conhecidos
com que determinados contextos são encontrados promoverá diferentes habilidades, tais
como: a prática do esqui nos países em que há neve; ou, até mesmo, o desenvolvimento do
adequada para tais atividades. Estas atividades, culturalmente específicas, podem ser
associadas com outros contextos e com responsabilidades diferentes, tais como a venda de
específicas.
Goodnow e Warton (1993) discutem que os contextos podem coexistir de forma que
exemplo, as crianças podem ser hábeis em matemática nas ruas e elas também podem
situações do cotidiano.
livro ³Na vida Dez, na Escola Zero´, expressa bem o papel dos conteúdos e contextos
que a competência matemática das crianças pobres não fosse observada na escola, apesar de
ela poder ser constatada na vida cotidiana. O estudo foi planejado visando apenas constatar
utilizados com cada criança para os problemas matemáticos que elas deviam resolver a fim
Os resultados obtidos nesse estudo mostraram que as crianças pobres que resolviam
corretamente problemas matemáticos em 98% dos casos fora da escola, não conseguiam
reslver mais do que 37% de continhas apresentadas no estilo escolar, embora essas
envolvessem os mesmos números que tinham surgido nos problemas resolvidos fora da
conteúdos se apresentam nas tarefas parecem influir nos processos inferenciais humanos.
em panificação usando aproximação grosseira, e não por medida exata das proporções. O
Sendo assim, mesmo quando as tarefas têm conteúdo idêntico, as diferenças nos processos
marca a realização de outro nível cognitivo, e refere-se aos objetos que existem no espaço,
comuns tanto para o falante quanto para o ouvinte. O campo perceptivo pode ter prioridade
1972; Tversky & Kahneman, 1983; Johnson-Laird, 1991, D¶Andrade, 1991, Cheng &
Holyoak, 1985) sugerem que os diferentes tipos de conteúdos podem influenciar de modo
hipotético-dedutivo pode ser muito pobre quando os conteúdos das premissas são formais
invés de sistemas lógicos. Também a essas conclusões chegaram outros autores, como
alega que muito do raciocínio que as pessoas realizam depende de modelos culturais e esses
modelos culturais seriam mais do que apenas um tipo de ³pacote´ de informações sobre o
mundo.
Nesse sentido, Piaget, ao logo de sua obra, também propõe que as variáveis de
raciocínio vêm apontando para o efeito positivo da proximidade dos conteúdos dos
somar aos aspectos do conteúdo pragmático, a ser abordado na próxima sessão, o que
parece tornar o raciocínio humano ainda mais dinâmico e mais dependente do contexto e do
conteúdo cultural.
O'Brien, Dias, Roazzi e Braine (1998), sugerem que os processos de raciocínio podem
ser descritos como aplicações de esquemas de inferência e propõem uma distinção entre
conhecimento do mundo real para interpretar e processar as premissas usadas como base
para o raciocínio. O conteúdo analítico, por sua vez, supõe uma habilidade para raciocinar
Espino & Santamaria, 1999; Dias, 1996) que as pessoas se baseiam em seu conhecimento
prévio para dar sentido à situação atual. Assim, interpretações que lhes parecem plausíveis,
coerentes com sua visão de mundo, são mais provavelmente construídas do que outras que
parecem pouco plausíveis. Desse modo, as pessoas podem, diante de tarefas lógicas, estar
citado por Gouveia, Roazzi, Moutinho, Dias & O¶Brien, 2002). De acordo com este autor,
falante ao enunciá-lo. Ele argumenta que o sentido do que o interlocutor diz deve ser
Gouveia et.al. (2002, p. 222) afirmam que, segundo Grice, ³a conversação é regida
pelo Princípio da Cooperação que informa ao falante para fazer sua contribuição
conversacional tal como é requerida, no momento em que ocorre, pelo propósito ou pela
são as seguintes: faça com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerida para
o propósito corrente da conversação. E, faça com que ela não seja nem menos nem mais
informativa do que requerida; não diga o que acredita ser falso; seja relevante e claro.
Desse modo, tendo em vista que a conversação é regida pelo Princípio de Cooperação
e pelas Máximas, o ouvinte procura dar um sentido ao enunciado que esteja de acordo com
essas implicações conversacionais. Para isso, as pessoas acreditam que seus interlocutores
estão sendo o mais informativo, verdadeiro, relevante e claro que conseguem. Esta crença
interfere na compreensão, pois permite que muitas inferências desnecessárias sejam feitas.
É possível que o falante não tenha certeza se os componentes da proposição são verdadeiros
ou não. Essa incerteza é desconsiderada pelo ouvinte. Diante das tarefas lógicas, as pessoas
Gouveia et.al. (2002) destacam que apesar de o significado das partículas lógicas ser
fornecido pelos seus esquemas de inferência básicos, ele pode ser ampliado pelas
relação às sentenças condicionais, Geis e Zwicky (1971, citados por Gouveia et.al., 2002)
constataram que a sentença na forma "se p então q" convida à inferência "Se não p então
não q".
cláusula antecedente ocorrer. Gouveia et.al. (2002) alegam que esse princípio
pessoas fazem pragmaticamente estas inferências convidadas a menos que tenham motivo
puramente sintáticas, são definidas em termos de classes de objetivos (tais como realizar
uma ação desejada) e relações entre esses objetivos (cumprir um pré-requisito e poder
realizar a ação desejada). Esses autores defendem que as pessoas, ao raciocinar, utilizam
prevalentes sobre o raciocínio dedutivo, uma delas com ênfase nas regras lógicas
indivíduos eram inicialmente treinados com o uso de regras abstratas e depois tinham que
Nesse sentido, Stenning e Van Lambalgen (2004, citados por Cagnin, 2008), utilizando
também a tarefa de Wason, trouxeram achados que corroboraram a idéia inicial de Cheng
et.al. (1986) de que o raciocínio humano é especialmente sensível ao tipo de tarefa
Ainda no que tange ao conteúdo pragmático, algumas pesquisas têm constatado que
justificativas teóricas para suas respostas. Dias e Harris (1988) destacam a importância do
contexto no qual um silogismo, por exemplo, é apresentado para resolução por crianças de
forneceram justificativas teóricas para sua resposta quando os mesmos eram apresentados
situações que não envolviam contexto de fantasia, as crianças falhavam na sua resolução e
Esses resultados chamam a atenção para o fato de que as crianças parecem interpretar a
como um teste de conhecimentos similar aos que ocorrem nas escolas. Assim, não faria
mundo empírico. Por outro lado, a situação de fantasia abre a possibilidade de se considerar
a existência de mundos alternativos em que as coisas não têm que ser exatamente iguais às
são aceitáveis.
Em conjunto, esses estudos indicam que adultos e crianças parecem ter a capacidade
interpretação da tarefa de forma diferente daquela esperada pelo pesquisador. Ou seja, são
pragmáticas se fazem presentes (Gouveia, Roazzi, O¶Brien, Moutinho & Dias, 2003).
Estudos direcionados para o raciocínio dedutivo em crianças (Light, Blaye, Gilly &
Girotto, 1989; e, Light, Girotto & Legrenzi, 1990; citados por Cagnin, 2008), também
sucesso no desempenho das crianças. O primeiro estudo empírico (1989) com crianças de 6
a 8 anos, e o segundo estudo empírico (1990), com crianças de 12 anos, destacaram que o
raciocínio.
Girotto e Light (1993), por sua vez, reforçaram a ênfase nos esquemas pragmáticos de
requerida para a expressão da competência formal, o que realça ainda mais a importância
cognição adulta.
Outros estudos, como os de Dias (1988; 2000) e de Dias e Harris (1996), com crianças;
e de Dias, Roazzi e Harris (2005), com adultos não alfabetizados e adultos com baixa
escolaridade, assim como acontece com crianças pequenas ainda não alfabetizadas, haveria
contexto, a presença de instruções adequadas favorecia o raciocínio lógico que lidava com
Em uma perspectiva evolucionista, Cosmides (1989, citada por Cagnin, 2008) destaca
humana. Para essa autora, a mente humana possui processos cognitivos mais especializados
para raciocinar sobre as trocas sociais. Utilizando também a tarefa de seleção de Wason,
essa autora creditou à sua teoria do contrato social, teoria essa que enfatiza os custos e
raciocínio.
Assim, Cosmides (1989, citada por Cagnin, 2008), em contraste à perspectiva dos
benefício, então pague o custo´, o que a autora também chamou de ³teoria do contrato
social´.
Nesse contexto, sua versão da tarefa de Wason envolveria uma troca social entre duas
pessoas, onde a relação custo/ benefício que cada pessoa arcaria seria avaliada, bem como a
violação das regras e a detecção de possíveis ³trapaceiros´ que pretendessem usufruir dos
benefícios sem pagar os custosONa concepção dessa autora, a boa competência humana na
detecção de ³trapaças´, em tarefas que envolvem relações sociais, seria facilitada por
(Cagnin, 2008).
Autores como Sperber e Girotto (2002, citados por Cagnin, 2008), que defendiam uma
os estudos de Cosmides (1989), alegando que a tarefa de Wason utilizada para validar a sua
teoria baseada nas trocas sociais não foi manejada de modo adequado, pois a utilizaram
como uma tarefa de categorização e não como uma tarefa de raciocínio dedutivo.
raciocínio e a teoria do contrato social, autores como Wagner-Egger (2001, citado por
Cagnin, 2008), propuseram uma compatibilidade e uma síntese dessas duas teorias.
raciocínio era afetado tanto pelos esquemas pragmáticos quanto pelos aspectos utilitários
tipos de conteúdo (Cheng & Holyoak, 1985), e que o conteúdo pragmático tem uma
Segundo Fredrickson (2001), há uma variação na definição ³operacional´ de conceitos
como ³emoção´ e ³afeto´ na literatura científica. Nos muitos debates decorrentes dessa
consideradas como uma ampla classe de fenômenos afetivos. Para essa autora, o conceito
de afeto poderia ser visto como um conceito mais geral, o continente mais amplo que inclui
Por outro lado, a concepção de afeto no senso comum, enfatiza os sentimentos, tais
como: a amizade; a simpatia; e, a afeição por algo ou por alguém como formas de afeto.
Nessa perspectiva, observa-se, no senso comum, uma priorização dos sentimentos como
Para Dai e Sternberg (2004) a palavra afeto seria mais indicada para definir estados
afetivos mais difusos, nem sempre acompanhados por uma alteração nítida no sistema
estados subjetivos que nem sempre possuem um referente bem definido, o termo afeto
parece carrear um ³tom´ avaliativo que se expressa através de uma valência positiva ou
negativa, valência essa que qualifica o estado subjetivo de modo mais amplo. A palavra
emoção, por sua vez, seria mais indicada para definir estados afetivos acompanhados por
uma alteração visceral e autonômica precisa e identificável. Assim, o termo afeto seria mais
apropriado para qualificar estados subjetivos menos definidos em sua origem e intensidade
e o termo emoção seria mais apropriado para qualificar estados subjetivos mais
³emoções primárias´, ou seja, emoções de origem inata, como o medo e a raiva, que, por
sua vez, seriam seguidas por emoções secundárias ou sociais, como a empatia. Nesta
concepção, o termo afeto poderia ser usado como sinônimo de emoção e de humor, embora
possa ter uma conotação mais genérica, ou seja, possa se referir às emoções, aos estados de
humor e aos sentimentos como um todo. Sendo assim, tudo que um indivíduo sente ou
consenso absoluto na definição do termo afeto. E, por mais que as emoções e os estados
afetivos sejam considerados ³afetos´, eles podem ser diferenciados entre si em, pelo menos,
três dimensões: em termos de sua intensidade, de sua especificidade e pelo fato de serem ou
não estados difusos, imprecisos. Nesse sentido, é importante discriminar dois tipos de
dimensões afetivas: a primeira, relativa ao sujeito, ou seja, a dimensão afetiva que envolve
do estímulo/ tarefa.
de humor, cabe ressaltar a relevância do Modelo de Bower. Este foi um dos primeiros
modelos que tentaram articular o afeto e a memória na Psicologia Cognitiva. Bower (1981)
destacou o fato de que as emoções poderiam ser consideradas como um ³contexto interno´,
informações.
Bower (1981) salientou que o afeto e a memória poderiam ser articulados em um
de informações é dependente de dois tipos de fatores: o primeiro aponta para o fato de que
uma dada informação (neutra, no caso), ou seja, quando se aprende algo em um dado estado
de humor, esta informação será melhor recuperada quando se está no mesmo estado de
vivências de mesma tonalidade afetiva do estado do humor, isto é, se alguém está triste em
um dado momento, tende a recuperar melhor vivências tristes do passado e não alegres (e
vice-versa).
estado atual de humor do indivíduo tornam-se mais salientes, ou seja, mais ativadas na
rede, o que leva a uma maior atenção e a um processamento mais profundo desta
compatíveis com seu estado atual de humor. Já um indivíduo em um estado de humor triste
ou em um estado de depressão tende, por sua vez, a recuperar informações com a mesma
mais elementos informativos da história lida com que tinham maior correspondência
emocional.
Pinto (1998) ressalta que um outro tipo de implicação do modelo de Bower pode ser
humor positivo é maior quando essas palavras, imagens ou eventos estão associados a um
negativo no passado seriam mais recuperadas no presente quando o humor também fosse
negativo. Contudo, Cagnin (2008) chama a atenção para a observação que Clark e Teasdale
(1985) fizeram. Para esses autores os indivíduos variam entre si no que diz respeito às
palavras, imagens e eventos que estão associados com seus humores no passado. Desse
podem variar muito entre os indivíduos e entre os tipos de informações armazenadas pelos
mesmos.
A partir dessas informações, é possível apontar para dois tipos de efeitos do estado de
efeito de ³congruência de humor´ prediz que as pessoas tendem a reter mais e a recuperar
melhor eventos que tenham uma correspondência com a valência do seu estado atual de
pessoas tendem a recuperar melhor determinados eventos quando elas estão em um estado
de humor equivalente àquele em que estavam no momento da codificação e do
armazenamento.
em função de seus conteúdos positivos, neutros ou negativos, ou seja, de sua valência, são
com estes conteúdos. Já o efeito da ³dependência do estado de humor´ implica que aquilo
semelhante, sendo a valência afetiva da informação irrelevante nesse caso (Cagnin,
2008).
³cognição social´. Para esses últimos autores, os modelos de redes associativas parecem
cognitivas.
Para Cagnin (2008) o modelo de rede associativa de Bower (1981; 1992) e de Bower e
colaboradores (Bower & Cohen, 1982; Bower & Forgas, 2001) apresenta características de
conexionistas com o uso de regras de produção típicas dos modelos seriais/ simbólicos.
estímulos (positivos e negativos). No entanto, nem sempre, estes estímulos são suficientes
divididos em três subgrupos, de acordo com as variações de humor por eles apresentadas.
Esses autores utilizaram uma escala correlata de auto-avaliação do humor. Os sujeitos que
como tendo exibido variação positiva de humor. Já os sujeitos que apresentaram uma
Hesse et.al. (1997) constataram que os sujeitos com um aumento ou uma diminuição de
10 pontos ou menos na escala podiam ser considerados como não tendo apresentado
variação de humor, assim como os sujeitos que não exibiram nenhuma diferença de pontos
na escala. Os resultados desse experimento apontam para o fato de que a conotação afetiva
de informação que se torna acessível na memória, informação esta que pode servir como
para a escolha de estratégias para a resolução de problemas análogos.
pesquisa de Hesse et.al. (1997), procurou estudar, de modo mais específico, o efeito sobre a
radiação de Duncker. Esses efeitos são, por sua vez, investigados a partir da preferência, na
³fonte´, quando vários modos de solução são apresentados aos participantes da pesquisa.
Cagnin (2008) objetivou investigar esse tipo de influência em dois intervalos de tempo
nos dois intervalos de tempo pesquisados, com maior freqüência relativa nas sessões
consecutivas. Desse modo, pode-se concluir que, quando há mais de uma solução
Verificou-se ainda que esse tipo de influência das similaridades afetivas não depende
de uma alteração do estado de humor dos indivíduos. Para Cagnin (2008) o papel do afeto
na cognição poderia ser assim visto como mais abrangente do que o pressuposto na
literatura da área, pois mesmo quando os indivíduos não se consideram afetados em seu
humor pela leitura de histórias tristes e alegres, eles demonstram sofrer a influência das
Essa autora destaca que tanto o estado de humor do solucionador quanto a tonalidade
estudos (Schwarz & Skurnik, 2003; Pinto, 2004; Cagnin, 2008) tem se debruçado sobre a
indispensável.
Raciocinar e sentir são ações indissociáveis. Para respaldar tal afirmativa faz-se
De acordo com Arantes (2003), os conhecimentos cognitivos e afetivos não podem ser
contemplados de forma dissociada, pois, sendo assim, seria credenciada uma postura
Para esta autora duas razões contribuem para a crença em uma intrínseca relação entre os
A primeira razão é de cunho psicológico. Arantes (2003) postula que o ser humano, na
dos sentimentos e das emoções requer ações cognitivas, da mesma forma que tais ações
aparece uma segunda razão que leva ao rechaçamento da divisão histórica e culturalmente
Nessa perspectiva, tendo em vista o objetivo principal deste trabalho de refletir acerca
que não há uma aprendizagem meramente cognitiva ou racional, pois os alunos não deixam
os aspectos afetivos que compõem suas experiências do lado de fora da sala de aula,
quando estão interagindo com os objetos de conhecimento, ou não deixam "latentes" seus
apontou para uma possibilidade de separação entre razão e emoção e, de certo modo,
Nesse contexto, muitas vezes, a influência do afeto na racionalidade humana foi vista
como fonte de distúrbio e manifestação de forças ³primitivas´ que deveriam ser controladas
pela superioridade da razão. Na história da psicologia, o cenário parece não ser muito
diferente. Por influência da filosofia, de onde surgiram, durante muitas décadas as teorias
formalizações puramente lógicas, são exemplos de um modelo que foi indiferente ao papel
do afeto na cognição. Seja pela dificuldade em estudá-los de forma integrada, seja por
crença dos psicólogos e cientistas que se debruçaram sobre essa temática, tal separação
parece ter resultado em uma visão parcial e distorcida da realidade, com reflexos nas
psicologia, onde a relação entre o afeto e a cognição foi considerada e alcançou um status
reflexões teóricas como as de Cosmides e Tooby (2000), Seidl de Moura (2005) e Oliva,
Otta, Ribeiro, Bussab, Lopes, Yamamoto e Seidl de Moura (2006), vem trazendo
razão ð
emoção parece ser substituída por novos modos de integração. Assim, razão e
emoção passaram a ser vistas como complementares, desempenhando diferentes funções
papel dos estados afetivos e das influências socioculturais neste processamento. Sob a égide
como apontaram vários autores (Neisser, 1976; Searle, 1987; e, Bruner, 1997, citados por
Cagnin, 2008).
forma literal, na medida em que deixaram de considerar o ser humano como um ³sistema
aberto´, ou seja, um sistema que está em constante interação com seu meio ambiente físico
(Cagnin, 2008).
inicialmente, o paradigma behaviorista, com sua ênfase nos aspectos conativos, ou seja, no
informação , não deram muita importância ao estudo dos processos afetivos e nem ao
´, foram também precursores da ênfase dada aos aspectos afetivos e
pelo afeto, pois constatou-se que o que levaria alguém a dizer que uma dada experiência o
faz lembrar de tal pessoa ou de tal evento seria a evocação de uma resposta afetiva
experimentos, uma série de fotografias para que fosse avaliado, pelos sujeitos
uma atividade prazerosa em um dia de sol e a outra envolvia um jogo que simulava
assassinatos em uma situação de escuridão. Após essas duas condições iniciais eram então
brincadeira prazerosa.
medo, bem como o da supressão do medo em situações experimentais que envolviam uma
percepção social. Três tipos de tratamentos experimentais foram propostos para os grupos:
Os resultados obtidos apontaram para uma percepção pessoal dos personagens do filme
como mais agressivos e/ou amedrontadores nas condições experimentais que envolviam a
medo. Já o grupo de controle, que não sofreu esse tipo de manipulação, não apresentou tal
nesse grupo maior uso de categorias relacionadas ao medo no julgamento dos personagens
do filme.
Anos depois, Izard (1964) relatou um estudo em que eram apresentadas quatro
condições experimentais a quatro grupos de sujeitos, onde em cada uma das condições uma
pessoa ansiosa e com medo; na segunda condição, o papel de uma pessoa raivosa e hostil;
na terceira condição, o papel de uma pessoa entusiasmada e alegre; e, por último, na quarta
condição, o papel de uma pessoa amigável e gentil. Os sujeitos avaliaram seus sentimentos
assistido à encenaçãoO
Os sujeitos que foram submetidos às condições em que os papéis teatrais eram
tarefas. Esses achados parecem reforçar os achados anteriores de Murray (1933) e Feshbach
alguns estudos, onde a influência do afeto na cognição foi o foco, como os de Byrne e
Diante dos achados desses estudos, Forgas (2001) pontuou que as teorias
julgamento social. Talvez essas teorias tenham falhado em uma explicação mais
convincente da relação entre afeto e cognição por não terem como referência um modelo
teórico bem articulado que precisasse as operações mentais envolvidas nesse contexto.
Entretanto, apesar das limitações teóricas, empíricas e, por que não dizer, de
dessas teorias, a abordagem psicodinâmica proposta por Feshbach e Singer (1957) foi uma
das precursoras de muitas teorias contemporâneas, por ter sugerido, de modo mais
explicito, que a cognição poderia ser diretamente influenciada pelo afeto (Cagnin, 2008).
Desse modo, é possível perceber que pesquisas do passado apontam para a influência
dos estados afetivos nos processos cognitivos. Muitos desses estudos abordam o duplo
estratégias cognitivas utilizadas neste contexto (como as pessoas pensam). Vale ressaltar
que o afeto hoje em dia é considerado não mais uma mera fonte de ³distúrbio´ no
processamento cognitivo, como já o foi no passado, mas sim uma fonte de ³informação´ e
afetivos, como os estados de humor, na cognição, vai variar de acordo com a natureza da
tarefa cognitiva, pois dependendo do tipo de tarefa, diferentes estados afetivos poderiam
Todavia, não são apenas os estados afetivos que poderiam suscitar algum tipo de
estados não afetivos tais como, sensações corporais e experiências cognitivas como, por
problemas, sendo que alguns também poderiam somar forças entre si ou neutralizá-las, ou
estrutura do cérebro suporta várias funções mentais de ordem superior, que através de
Cagnin (2008) aponta que alguns estudos teóricos de Schwarz e Skurnik (2003) e
estudos empíricos de Hesse et.al. (1997), chamaram a atenção para o fato de que a
influenciar o tipo de informação que se torna acessível na memória, informação esta que
Miller, 2000; Innes-Ker & Niedenthal, 2002), de julgamento (Schwarz & Clore, 1983;
Tiedens & Linton, 2001) e da tomada de decisão (Luce, Bettman & Payne, 1997), destacam
com seus estados emocionais. A amostra de pesquisa foi dividida em três grupos distintos
grupo, denominado positivo, foi solicitado aos docentes que recordassem, escrevessem,
solicitada esteve centrada numa experiência negativa. Tratava-se, pois, de solicitar que
recordassem uma situação, vivida por eles, em que se sentiram insatisfeitos e infelizes por
não poderem ajudar alguém. Com o terceiro grupo, denominado neutro, não foi realizada
Foi escolhida uma situação dilemática relacionada a conteúdos de natureza moral para
essa investigação por ser de entendimento corrente que alguns conteúdos morais solicitam,
Assim, foi apresentado um conflito ligado a uma temática que faz parte do cotidiano das
escolas públicas brasileiras e que mobiliza a preocupação daqueles que trabalham nesse
contexto: o consumo de drogas pelos alunos. Foi solicitado aos sujeitos que opinassem
emocional prévio do sujeito que o enfrenta. Enquanto o grupo positivo encarou o aluno
drogado como uma pessoa boa e com um futuro promissor, o grupo negativo o viu como
em suas respostas diferentes formas de ajudar o aluno. Já o grupo negativo apontou, como
solicitado a a resolver problemas, a forma como esse organiza seu raciocínio parece
depender tanto dos aspectos cognitivos quanto dos aspectos afetivos presentes durante o
traçada pelas discussões decorrentes do papel do afeto no raciocínio. Nota-se que não há
viabilizados.
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O primeiro autor que questionou as teorias que tratavam a afetividade e a cognição
como aspectos funcionais separados foi o biólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-
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;, o autor chamou a atenção para o fato de
e um aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade (Arantes, 2000).
Yves de La Taille (1992), um grande estudioso da obra de Piaget, afirmou que uma
afetividade e cognição é analisar as concepções deste acerca do tema do juízo moral. Para
este autor a moralidade humana é o palco onde a afetividade e a razão se encontram, por
Na ótica de Piaget (1988), não existem estados afetivos sem elementos cognitivos,
assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando este autor discute
em assimilar o objeto ao , tendo como aspecto cognitivo a compreensão. Por outro lado,
Ela é a fonte de energia de que o raciocínio se utiliza para seu funcionamento. Esse autor
explica esse processo por meio de uma metáfora, afirmando que ³a afetividade seria como a
gasolina, que ativa o motor de um carro mas não modifica sua estrutura´ (p.5). Ou seja,
existe uma relação intrínseca entre a gasolina e o motor (ou entre a afetividade e o
La Taille (1992) sustenta que o dualismo entre afetividade e cognição é fácil de ser
afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto a razão seria o que possibilita ao
sujeito identificar desejos, sentimentos, e obter êxito nas ações. Sob esse olhar, não há
É possível observar que na relação do sujeito com os objetos, com as pessoas e consigo
mesmo, existe uma energia que direciona seu interesse para uma situação ou outra, e a essa
energética corresponde uma ação cognitiva que organiza o funcionamento mental. Nessa
perspectiva, Piaget (1953) ressalta que ³é o interesse e, assim, a afetividade que fazem com
que uma criança decida seriar objetos e quais objetos seriar´ (p.10). Desse modo, todos os
afetividade e a cognição, que são os valores. Ele considera os valores como pertencentes à
dimensão geral da afetividade no ser humano e afirma que eles surgem a partir de uma
troca afetiva que o sujeito realiza com o exterior, com objetos ou pessoas. Eles surgem da
projeção dos sentimentos sobre os objetos que, posteriormente, com as trocas interpessoais
partir de suas relações com os objetos, com as pessoas e consigo mesmo (Arantes, 2003).
No que tange aos valores, Piaget (1992) atenta para o fato de que havia um acordo
sentimento fundamental da vida moral. O mesmo não ocorria, contudo, quanto às relações
entre o respeito e a lei moral. Em vários textos, esse autor contrapõe, de um lado, Immanuel
Kant e Émile Durkheim e, de outro, Pierre Bovet. Para Kant e Durkheim, o respeito é
conseqüência da lei moral, ou seja, é na medida em que o indivíduo obedece à lei moral que
ele é respeitado; segundo Bovet, o respeito às pessoas é condição prévia da lei moral, visto
que o indivíduo atinge o respeito à Lei através das pessoas. Piaget procura minimizar as
O Bovet (1910), em um trabalho anterior, já revelara sua intenção de aplicar o
mostrar que os fatos concretos que estão na base das construções da ética podem ser objeto
Bovet (1912) procurou estabelecer quais são as condições necessárias para que o
sujeito sinta que deve (ou não deve) agir de uma determinada maneira. Segundo ele, duas
condições são necessárias e juntas, suficientes para que surja a consciência de obrigação no
sujeito: que uma ordem seja dada; e, que essa ordem seja aceita por aquele que a recebe.
Para Bovet essa ordem ou proibição pode ser: dada sem indicação, sem motivos e sem
sanções; válida até novo aviso; e, em relação a um ato subordinado a circunstâncias
exteriores que devem ser reconhecidas pelo sujeito. Freitas (2002) destaca que para que
uma ordem seja aceita, o seu autor deve ter prestígio ou autoridade aos olhos daquele que a
Freitas (2002) chama a atenção para o fato de que poucos anos antes, o autor Ferenczi
(1991) escrevera sobre por que as crianças obedecem a seus pais. Segundo ele, é porque há
uma relação de amor entre a criança e seus pais que ela os obedece de bom grado. Inspirado
nessa idéia, Bovet (1912) define o respeito como ³... uma relação de natureza
(p. 118).
Piaget (1992) incorpora a concepção de Bovet (1912) e, através deste, também a idéia
de Ferenczi (1991). Todavia, Piaget percebe que a tese de Bovet é limitada na medida em
que se questiona: "se todo dever emana de personalidades superiores a criança, como esta
Para esse autor as regras do jogo, assim como as regras morais se transmitem de geração
em geração e se mantêm unicamente graças ao respeito que os indivíduos têm por elas. No
entanto, há uma diferença essencial: enquanto as normas morais são impostas pelos adultos,
as regras do jogo, pelo contrário, são elaboradas apenas pelas crianças (Freitas, 2002).
Para Piaget (1992), o fato de que essas regras não têm um conteúdo moral
propriamente dito não era relevante, visto que, neste ponto, ele estava inteiramente de
acordo com Bovet (1912): "Com efeito, como Bovet mesmo, aliás, reconheceu sem
cessar... os deveres não são obrigatórios por causa de seu conteúdo, mas pelo fato de
função da interação que ela estabelece com o seu meio social, interessava a Piaget o tipo de
relação social estabelecida. Ele distingue dois tipos de relação social: a coação social e a
cooperação (La Taille, 1992). Piaget (1988) define a coação social como: "... toda relação
cooperação como "... toda relação entre dois ou indivíduos iguais ou que acreditam ser
iguais, ou seja, toda relação social na qual não intervém nenhum elemento de autoridade ou
Os resultados das pesquisas de Piaget (1976; 1978; 1988) sobre as regras do jogo
processo evolutivo em direção à segunda. Essa hipótese foi corroborada mediante o estudo
humano. Posteriormente, no curso que ministrou na Sorbonne, Piaget (1954) estende esse
relações afetivas que se estabelecem entre os seres humanos estão na origem da ação moral.
Piaget (1992) postula que "... a condição primeira da vida moral é a necessidade de afeição
recíproca" (p.138). Desse modo, assim como o organismo humano constrói as estruturas
mentais na interação incessante que estabelece com o meio físico e social, Piaget buscou
hábito: há regularidades, mas a criança não as sente como obrigatórias, ou seja, não há
normas propriamente ditas. Em função disso, Piaget (1992) chamou de anomia a esse
é somente por volta de 1 ano e meio a 2 anos que ocorre a primeira diferenciação do eu
com o outro, condição necessária para que as trocas inter-individuais, isto é, as interações
sociais propriamente ditas, sejam possíveis. A idéia de Bovet (1912) foi corroborada pelo
estudo sobre as regras do jogo: para que haja sentimento de obrigação é necessário que se
Segundo Piaget (1988), a partir das interações o respeito é construído e torna-se "... a
expressão do valor atribuído aos indivíduos, por oposição às coisas ou aos serviços" (p.
127). E, o valor é definido como "uma troca afetiva com o exterior, objeto ou pessoa"
Freitas (2002) salienta que o respeito unilateral é a primeira forma de respeito que
coação social, cujo protótipo é a relação estabelecida entre a criança e seus pais ou com
outros adultos significativos para ela. A obediência tem origem nesse tipo de relação. A
criança atribui um valor absoluto às normas, opiniões e valores desses adultos. Ela imita os
exemplos que eles lhe dão e adota a sua escala de valores. Entretanto, Piaget (1992)
constatou que a obediência conduz a uma atitude paradoxal: o sujeito considera a regra
como sagrada e imutável, mas, na prática, ele não a segue. Ele denominou "realismo moral"
gravidade de uma falta em função do resultado do ato ou do caráter material do ato e não
essencial, pois é através deste que formas superiores de respeito se tornam possíveis. Pode-
se dizer que, o respeito unilateral é condição necessária, mas não suficiente, para que se
construam outras formas de respeito. Além disso, se os adultos impõem à criança certos
valores como devendo ser respeitados, ela pode compartilhar os valores de sua cultura e,
As pesquisas que Piaget (1992) realizou sobre os efeitos da cooperação entre iguais
sobre a consciência moral da criança mostraram-lhe que, devido a esse tipo de relação
social, um outro tipo de respeito pode constituir-se: o respeito mútuo. Há respeito mútuo
momento, esse tipo de relação é possível entre aqueles que compartilham uma mesma
escala de valores.
disso, a atitude da criança em relação às regras muda: primeiramente, a regra não é mais
regra é justa; e, por fim, ela admite, então, que a modificação da regra não significa,
autônoma.
recíproca dos pontos de vista torna-se uma obrigação. Com isso, Piaget (1992) não foi além
das relações de simpatia, regidas pela reciprocidade espontânea, mas já nesse momento
esclareceu que tais relações estão fora da esfera moral. Piaget (1992) ressalta "quanto à
simpatia, não reveste, aos olhos da consciência, nada de moral por si mesma: não basta ser
necessária para que a reciprocidade normativa de ordem moral se torne possível. Para ele
uma norma moral adotada por um indivíduo em relação a um outro não pode ser
contraditória em relação àquelas que ele aplica a um terceiro e nem em relação àquelas que
não é, portanto, capaz de ter um comportamento ético, visto que ele não tem as condições
para sê-lo. Segundo a teoria piagetiana, esse princípio é construído graças às trocas
que o sujeito estabelece com o meio e, do ponto de vista psicogenético, ele aparece, ao
mesmo tempo, no raciocínio e na ação: o primeiro torna-se lógico e a segunda, moral
(Freitas, 2002).
normativa de ordem moral. Respeitar o outro consiste, então, em atribuir à sua escala de
valores um valor equivalente ao da sua própria escala. Isso não significa, absolutamente,
adotar a escala de valores do outro, pois, nesse caso, não importa o conteúdo dos valores ou
convicções de cada um, mas sim o fato de se ter uma escala de valores. A própria pessoa,
Sendo assim, é pela constituição da vontade, que o indivíduo pode superar seus desejos
vontade manifesta-se no conflito entre duas tendências, por exemplo, como no caso em que
esmorece diante do desejo, a vontade restabelece a ordem dos valores. Dessa forma, é
possível que a tendência, inicialmente, mais fraca torne-se a mais forte (Freitas, 2002).
Piaget (1989) comparou a vontade à operação lógica. Segundo ele, a vontade equivale,
humano das ilusões perceptivas (a vontade, os desejos e os interesses imediatos), o que lhe
permite estabelecer fins prioritários a longo prazo, ou seja, construir um projeto de vida.
Mais tarde, o pensamento formal abre novas possibilidades: ao mesmo tempo em que o
sujeito se torna capaz de raciocinar sobre hipóteses, os fins de sua ação ultrapassam as
fronteiras do real, dando origem a valores, ideais, tais como a igualdade, a justiça, a
solidariedade e a liberdade.
þ na medida em que renuncia a si mesmo, inserindo o seu ponto de vista entre
Cabe ressaltar que o fato de a teoria de Piaget romper com as dicotomizações e refletir
relevante. Entretanto, é fato que a teoria de Piaget tem suas falhas, principalmente no que
tange ao seu método de estudar o juízo moral. La Taille (1992) alega que Piaget fornece a
suficiente. Piaget apresenta como a inteligência permite organizar o mundo afetivo, mas
não aborda como a afetividade torna o respeito mútuo possível de ser seguido em um viés
prático.
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geral, tendo uma participação ativa em sua configuração. Reconhecendo as bases orgânicas
Oliveira (1992) chama a atenção para o fato de que Vygotsky considerava como um
processos.
afeto, postulando que o raciocínio tem sua origem na esfera da motivação, a qual contem
inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão
possível a partir da compreensão de sua base afetivo- volitiva. Esse autor afirma que:
afetivo e o intelectual se unem. Mostra que cada idéia contém uma atitude afetiva
seguir a trajetória que vai das necessidades e impulsos de uma pessoa até a direção
específica tomada por seus pensamentos, e o caminho inverso, a partir de seus pensamentos
primeiramente ter como ponto de partida o fato de que a palavra cognição não aparece nos
escritos desse autor, pois apenas muito recentemente o termo "kognitivnii", referente a
reinavam na época. Para Vygotsky a consciência devia ser concebida como uma
Oliveira (1992) ressalta que a consciência para Vygotsky remete a um salto qualitativo
humanas. Sendo, portanto, a essência da psique humana, constituída por uma inter-relação
afeto.
sujeitos singulares, com trajetórias únicas e experiências particulares em sua relação com o
resultado da inserção do homem num determinado contexto sócio ± histórico, são processos
mediados por sistemas simbólicos, sendo a linguagem, sistema simbólico básico de todos
os grupos humanos, a fornecedora dos conceitos e das formas de organização do real que
o "sentido" (referente ao significado da palavra para cada pessoa). Assim, neste último,
Oliveira (1992) afirma que "no próprio significado da palavra, tão central para Vygotsky,
Sendo assim, o sentido da palavra liga seu significado objetivo ao contexto de uso da
língua e aos motivos afetivos e pessoais dos seus usuários. Relaciona-se com o fato de que
relevantes para compreender a abordagem unificadora entre afeto e intelecto proposta por
Vygotsky.
pessoal. Essa forma internalizada de linguagem, que pode ser chamada de discurso interior
é um discurso sem vocalização, uma espécie de diálogo consigo mesmo, voltado para o
raciocínio, com a função de auxiliar o indivíduo em suas operações psicológicas. Por esses
significado das palavras. Desse modo, no plano intrapsicológico o indivíduo lida com a
dimensão do significado que relaciona as palavras aos conteúdos afetivos e culturais muito
Por mais que uma exposição articulada sobre o papel da afetividade como item
específico de estudo na obra de Vygotsky seja sumária, é válido destacar a relevância das
propostas por sua teoria. Vygotsky (1987) sustentou de forma veemente que o raciocínio
relativo á resolução de uma tarefa, que tenha uma importância significativa para a
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clássicas contrárias entre si, que concebiam as emoções ou como reações incoerentes e
reações positivas, cujo poder sobre as ações é ativador, energético. Criticando tais
concepções, pautadas, a seu ver, numa lógica mecanicista e linear, Wallon rompe com uma
(Arantes, 2000).
Wallon define que ³as emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são
afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia para Wallon estes não o são. A
dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe
desenvolvimento humano (Mahoney & Almeida, 2005). Assim, Wallon (1959) considera
que ³« a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro
destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias sociais
da sua existência, onde a escolha individual não está ausente.´ (p. 288). Ao longo do
desenvolvimento do indivíduo, esses fatores em suas interações recíprocas modificam tanto
pelo fator orgânico passa a ser fortemente influenciada pela ação do meio social. Assim,
distanciando da base orgânica, tornando-se cada vez mais relacionadas ao social ± e isso é
visto tanto em 1941, quando ele fez referência à afetividade moral, quanto em suas teorias
afetividade.
amplo, já que inclui esses últimos, bem como as primeiras manifestações de tonalidades
atividade psíquica. Ambos são estados subjetivos mais duradouros e têm sua origem nas
relações com o outro, mas ambos não se confundem entre si (Mahoney & Almeida, 2005).
Sendo assim, a afetividade, com esse sentido abrangente, está relacionada aos estados
identificada, em duas etapas, sendo a primeira de base mais orgânica, e a outra de base mais
orgânica. Quando os motivos que provocam os estados de bem-estar e mal-estar já não são
sensibilidade ao outro, a afetividade passa para um outro patamar de base fortemente social
± a chamada afetividade moral. Assim, a afetividade evolui para uma ordem moral e seus
motivos são originados das relações indivíduo-outro, sejam relações pessoais ou sociais
em seguida, destaca o poder motivante que têm as emoções consideradas por ele positivas:
³O estudo da criança exigiria o estudo dos meios onde ela se desenvolve. É impossível
de outra forma determinar exatamente o que é devido a este e o que pertence ao seu
Dessa forma, é possível afirmar a partir das idéias de Wallon, que os conteúdos
da criança, através de suas sucessivas experiências e das dificuldades, ou não, para vencê-
las, já que a criança depende dos adultos que a cercam para viver e sobreviver durante
muito tempo.
Sendo assim, a emoção ocupa um lugar privilegiado nas concepções psicogenéticas de
Wallon, pois para ele a emoção é vista como instrumento de sobrevivência imprescindível à
espécie humana e por sua vez também a afetividade, onde as emoções se manifestam. A
emoção, segundo Dantas (1992) é simultaneamente social e biológica em sua natureza, pois
realiza a transição entre o estado orgânico do ser e a sua etapa cognitiva, racional, que só
estende-se pelo primeiro ano de vida da criança. Wallon explica que uma criança sadia,
quando já está se relacionado afetivamente bem com o meio que a cerca, sente necessidade
de ser objeto de manifestações afetivas para que, assim, seu desenvolvimento biológico seja
Wallon (1989) sustenta que o bebê, se não fosse pela sua capacidade de mobilizar
sentido que Wallon considera a emoção fundamentalmente social, ela fornece o primeiro e
mais forte vínculo entre os indivíduos e supre a insuficiência da articulação cognitiva nos
Já no terceiro ano de vida, acontece uma reviravolta nas condutas da criança e nas suas
relações com o meio, o qual é de suma importância para a existência da criança e que
Wallon acredita haver desde o período fetal, prolongando-se para além do nascimento. É
nesta fase que se iniciam os conflitos interpessoais, onde a criança opõe-se a tudo o que
julga diferente dela, que venha de outro. O conflito eu-outro não é exclusivo do estágio da
formação do eu, que Wallon chama de personalista, pois surgirá uma nova crise de
oposição no período da adolescência, crise essa necessária para a reconstrução da
(Bezerra, 2006).
Assim, percebe-se que para Wallon, afetividade, além de ser uma das dimensões da
pessoa, é uma das fases mais antigas do desenvolvimento humano, pois quando este, tão
logo deixou de ser puramente orgânico passou a ser afetivo e, da afetividade lentamente
predomínio da primeira e, mesmo havendo logo uma diferenciação entre as duas, haverá
uma permanente reciprocidade entre elas, pois, como afirma Dantas (1992): ³ao longo do
trajeto elas alternam preponderâncias, e a afetividade reflui para dar espaço à intensa
inteligência e vice-versa´ (Dantas, 1992, p. 90). Partindo desse pressuposto, Wallon alega
que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um aparato cerebral. Esse
autor pressupõe a participação de uma dimensão afetiva do indivíduo, que contribui para
permitir uma construção cognitiva mais dinâmica e efetiva. Sendo assim, a teoria inspirada
Dourado (2005) chama a atenção para o fato de que as idéias de Wallon têm como base
impacto no raciocínio, pois considera que, através da emoção que é uma impressão corporal
de uma estado interno, que faz a comunicação e o intercâmbio entre os indivíduos, são
Quanto à inteligência, Wallon diz, que toda a atividade cognitiva, ou seja, todo o
aprendizagem.
aprendizagem do indivíduo.
crianças. Em geral, aprende mais rápido e com mais facilidade o aluno que está bem
elevada corrobora para uma ação sobre a realidade mais firme e convicta.
análise e imaginação com afetividade e emoção, onde o vínculo afetivo será um grande
2006).
Entretanto, para Wallon, esse sujeito é historicamente determinado, pois sua história
de vida, suas experiências sociais e culturais são definidoras de sua personalidade e lhe
permitem construir sua autonomia dentro das possibilidades da sua interação social. Isso
fará com que o sujeito que conhece, conheça pela interação dialética e dinâmica com os
demais sujeitos bem como com a cultura e a realidade social. Essa concepção é, portanto,
bastante identificada com o papel transformador de uma educação escolar voltada para
Sendo assim, Wallon solidifica uma contribuição importante para se pensar os efeitos
processo de formação do indivíduo. Nesse viés, esse autor considera que as emoções vão se
subordinando cada vez mais às funções mentais, de modo que a afetividade reflua para dar
Em suma, como Dantas (1992) aponta, para Wallon, a relação entre emoção e razão
pode-se evidenciar pela seguinte afirmativa: "A razão nasce da emoção e vive da sua
morte" (p.90). Ou, ainda como afirmou Galvão (1995, p.57): "é uma relação de filiação e,
vertentes e abriram caminho para que outras reflexões contemporâneas acerca desta
Uma das perspectivas que põe em xeque a dicotomia historicamente consolidada entre
(1999). Este modelo considera a noção de complexidade, de que cada sujeito é muito mais
do que um aparelho cognitivo, afetivo, biológico ou sociocultural, mas um ser que vive
imerso em relações com um universo objetivo e subjetivo, e que possui uma atividade
intelectual e afetiva que lhe permite organizar e interpretar essas relações com o mundo
interno e externo.
externo. Assim, esse modelo permite uma visão integrada e dinâmica dos diversos aspectos
Bovet e Leal (1999). Essa teoria fundamentou-se nos pressupostos da teoria piagetiana e na
teoria dos Modelos Mentais, enunciada pelas Ciências Cognitivas, com o intuito de integrar
mesmo tempo aspectos estruturais internos ao sujeito e os aspectos externos a ele (Affonso,
2007).
particular que o sujeito, a partir de uma situação determinada, realiza dos dados que
seleciona e elabora, do significado que lhes atribui e das implicações que deles se derivam.
Tais dados procedem das percepções, das ações e do conhecimento em geral que o sujeito
possui sobre uma situação dada, assim como das inferências que, a partir de tudo isso,
realiza. O conjunto resultante está organizado por um conjunto de relações que conferem
uma coerência interna, a qual produz, no sujeito que a elabora, a idéia de que mantém uma
coerência externa, isto é, uma coerência com a situação do mundo real que representa´
(p.68).
possível perceber que estes sintetizam o resultado das diversas atividades cognitivas
não retém todos os dados da realidade. O sujeito os seleciona, retendo aqueles que para ele
são mais significativos, rechaçando aqueles que não considera relevantes ou pertinentes.
Affonso (2007) chama a atenção para o fato de que os dados não considerados como
significativos para o sujeito não fazem parte de seu modelo, mesmo que sejam
modelo, dados que não existem na realidade objetiva, mas que são produtos de inferências,
observada.
Além disso, destaca-se que as atribuições de significados podem variar de acordo com
dia a dia; no julgamento de dados que considera relevantes e que, portanto abstrai dessas
situações; e, nas implicações que poderão levá-lo a mobilizar ou não os seus recursos para
impactos do afeto no raciocínio diz respeito à Psicologia Evolucionista. A partir dos anos
Lopes, 2006).
Barkow, Cosmides e Tooby (1992, citados por Oliva et.al., 2006), foram os pioneiros
De acordo com Oliva et.al. (2006), a Psicologia Evolucionista possui uma visão
abrangente da mente humana, em que a emoção e a cognição são ³faces da mesma moeda e
não moedas diferentes´ (p.57). Sendo assim, essa perspectiva contempla as emoções como
programas super-ordenados que coordenam muitos outros, onde cada emoção atua sobre
parâmetros de terceiros, permitindo que todo o sistema opere de modo eficaz e harmonioso,
. A partir dessa visão, as emoções podem ser compreendidas como forças
impulsionadoras, que foram moldadas pela seleção natural e que motivam à ação,
2004, citados por Oliva et.al., 2006). É possível compreender então, que as estruturas
somático. Este autor sustenta que as atividades somáticas, implicitamente, criam tendências
Esta hipótese explica-se pelo fato de o setor ventromedial do córtex pré-frontal ser crítico
para essas operações, apesar de a hipótese não se aplicar necessariamente ao córtex pré-
frontal como um todo e não ser uma tentativa para unificar as funções do lobo frontal
A hipótese do marcador pode ser contemplada como uma rejeição à idéia de que o
chamam a atenção para a descrição dos casos clínicos que inspiraram a teoria do marcador
Segundo esses autores esses casos elucidam as ligações entre razão e emoção. Alguns
pacientes estudados por Damásio (1996), com lesões nos lobos pré-frontais, como é caso do
essencial do processo. Sendo assim, o comportamento de decidir sobre algo, para Damásio
(1996), exige uma atividade cerebral explícita (sob o domínio de estruturas ou mecanismos
mecanismos emocionais).
emerge uma outra perspectiva possível para o estudo das imbricações entre o afeto e o
raciocínio: as Neurociências.
pensar nas emoções. No entanto, pesquisas recentes (Gray, Braver & Raichle, 2002; Moll
& Oliveira ± Souza, 2008; Almada, 2010) em Neurociências tem demonstrado o contrário.
Para Almada (2010) o afeto e cognição contribuem, de maneira conjunta e igual, para o
raciocínio supõe relações intrínsecas entre processos afetivos e processos cognitivos. Gray,
conjunção das tarefas cognitivas e dos estados mentais na atividade cerebral, focando
É importante ressaltar que esse achado não é unânime entre os neurocientistas. LeDoux
afetivos possuem clara independência em relação aos processos cognitivos, tanto por suas
origens quanto por suas funções. Esse autor, apesar de instituir a anterioridade dos
se relaciona em nível funcional com a cognição. Mais precisamente, ele afirma, de modo
cognitivos têm percursos neurais próprios e particulares, também é verdade que, no âmbito
funcional. Sendo assim, ainda que a cognição possa exercer papel relevante na regulação do
relação às emoções. Mais que isso, o afeto está no núcleo das relações entre raciocínio e
Cagnin (2008) sustenta que os sistemas neurais relacionados aos processos cognitivos
níveis mais superiores ou ³centrais´ de processamento. Embora não haja um total consenso,
alicerçadas nos fundamentos da Psicologia Social Norte - Americana, que podem ser úteis
Pode-se dizer que a Cognição Social integra uma série de micro-teorias que, ao longo
pelos quais as pessoas raciocinam sobre si mesmas e sobre as coisas; formam impressões
os resultados têm apontado que as pessoas podem realizar tanto julgamentos mais
foco pertinente a esse trabalho, percebe-se que este tem permeado essa área de estudo.
Pesquisas nessa vertente apontam que os afetos e motivações individuais interagem com as
Por outro lado, tem-se também verificado que a codificação, elaboração e julgamento
sociais são mediados pelas emoções, na medida em que elas contribuem para a ativação de
informação social, ou seja, seu principal foco era uma cognição social abstrata e vinculada
interferem nas estratégias de processamento, ou seja, uma cognição social situada. Com
sociais de uma mesma pessoa alvo podem diferir em função dos diferentes indivíduos que
realizam tais julgamentos, a depender da natureza das interações de cada um com a pessoa
conceituado como um autoesquema, isto é, como uma representação mental que contém o
Ademais, as pessoas diferem em termos dos atributos que consideram centrais à sua
autodefinição, das dimensões distintas de seus autoesquemas que podem ser ativadas em
situações diversas, das informações relativas a seu autoconceito que são processadas de
modo mais completo e que são mais facilmente relembradas, e da forma com que a
autodefinição do indivíduo afeta as crenças e expectativas que ele traz para uma
determinada situação social. Pode-se afirmar então que, o decorre, portanto, de um
significa dizer que essas categorias sociais são ativadas de modo automático ou
corrigir essa impressão inicial, com base em informações mais individualizadas e que se
Diante desses dados, é possível perceber que a investigação atual na área da Cognição
Social, no que tange à relação entre afeto e raciocínio, é fundamental para a compreensão
da ampla gama de fenômenos responsáveis pela atuação do indivíduo em seu contexto
social.
Por último, no que concerne à perspectiva da Neurociência Social, pode-se afirmar que
neurocerebrais são responsáveis pelo raciocínio social, isto é, que existem determinadas
indivíduos e grupos sociais, bem como nas ações que permitem a vida em sociedade.
mentais ao outro. Por essa razão, lesões cerebrais nessas áreas podem afetar negativamente
Adolphs (2009) adverte que o cérebro e a Cognição Social são modulados pelo
contexto social e pelo autocontrole volitivo. Desse modo, a Neurociência Social pode ser
vista como um campo promissor de investigação na área de Psicologia Social que poderá
raciocínio social.
É válido ressaltar que a apresentação dessas diversas perspectivas de reflexão acerca da
relação entre os diferentes tipos de conteúdo e o raciocínio humano não teve como intuito
eleger pontos de vista superiores ou inferiores; limitados ou satisfatórios. Mas sim, apontar
reducionismos ou supervalorizações.
investigação constitui o principal objetivo desse estudo e aponta para a incipiente discussão
desse tema na área da Psicologia Cognitiva. Portanto, acreditamos que uma pesquisa que
tenha por objetivo esclarecer as nuances pertinentes a essa temática pode vir a trazer