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Nº 05
Maio de 2021
Mensal (maio)
Vol. 5, n. 5 (2021) - Mensal
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IMEP EDUCACIONAL
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Deiziana C. Nascimento
ISSN 2675-8644
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Revista Desenvolvimento Intelectual
Vol. 5, n. 5 (2021) - Mensal
1. Educação 1. Formação de Professores
CDD 370
CDU 37
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Maria Selma Oliveira Maia – Bibliotecário - CRB 6960
SUMÁRIO
RESUMO
O presente artigo faz parte de um trabalho maior. Ele tem como intenção, ressaltar a importância da
compreensão sobre o transtorno do espectro autista na educação como forma de estimulação ao
desenvolvimento de crianças autistas, ou seja, por meio do uso de jogos, brinquedos e brincadeiras pode-se
contribuir para que as crianças com autismo se desenvolvam e se socializem com outras pessoas. Por
intermédio da pesquisa bibliográfica realizada, observa-se que o Autismo pode ser considerado um
transtorno global do desenvolvimento (TGD) que compromete o desenvolvimento da criança, sobretudo
interferindo no desenvolvimento de áreas da comunicação, da imaginação e da sociabilização; mesmo com
os mais recentes estudos em relação ao autismo, é correto afirmar que ainda não há cura, o que existe são
tratamentos e terapias que minimizam as dificuldades, proporcionando um bom desenvolvimento e uma
melhor qualidade de vida, como por exemplo, através das atividades lúdicas que propiciam a essas crianças
um agir espontâneo e faz com que percebam suas habilidades e consigam desenvolver muitas outras.
INTRODUÇÃO
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eles? Em qual realidade social estão inseridos? A quais processos de
humanização/desumanização estão cotidianamente expostos? Que importância tem a
educação em suas vidas?
A UNESCO (2005) define a educação inclusiva como um processo orientado a
responder à diversidade dos estudantes, aumentando sua participação e reduzindo a
exclusão a partir da educação. Está relacionada com a presença, a participação e as
conquistas de todos os alunos, em especial naqueles que, por diferentes razoes, estão
excluídos ou em risco de serem marginalizados. A presença se refere ao acesso e a
permanência na escola ou outras modalidades não formais. A participação significa que o
currículo e as atividades educativas contemplem as necessidades de todos os estudantes
e se considere sua opinião nas decisões que afetam suas vidas e o funcionamento da
escola. As conquistas se referem à necessidade de que todos os estudantes adquiram, na
medida de suas possibilidades, as aprendizagens estabelecidas no currículo escolar,
necessários para seu desenvolvimento pessoal e socialização. A verdadeira inclusão está
mais além do acesso, implica o máximo de aprendizagem e desenvolvimento a partir do
potencial de cada aluno.
Sendo assim, de que forma a escola pode interferir no processo de inclusão e
apoio pedagógico para crianças com necessidades educacionais especiais? Para atender
esse público, em suas necessidades educativas, é necessário que se façam (re)arranjos
em sala de aula que oportunizem as interações entre os diferentes, sob a intervenção
docente e orientadas pelas trocas produtivas entre os pares, uma vez que “o aprendizado
desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar
somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em
cooperação com seus companheiros” (VIGOTSKI, 1998, p.118). Nesse contexto, o
professor desempenha um papel fundamental na mediação do conhecimento.
Este artigo aborda o histórico do transtorno do espectro autista e suas implicações
pedagógicas na aprendizagem escolar.
Segundo Cunha (2012), o termo autismo origina-se do grego Autós, que significa
“de si mesmo”, sendo utilizado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em
1911, que observava a fuga da realidade nos pacientes, compreendendo um conjunto de
comportamentos. O autismo se caracteriza a partir da tríade: comprometimento na
comunicação, dificuldades na interação social e comportamento restrito-repetitivos.
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Em 1943, o psiquiatra austríaco Leo Kanner (1894-1981) publicou as primeiras
pesquisas relacionadas ao autismo, definindo como uma patologia que não se
enquadrava em nenhuma das classificações existentes na Psiquiatria Infantil. Em 1944,
outro médico austríaco chamado Hans Asperger (1906-1980), descreveu características
analisadas em crianças que não tinham atraso cognitivo e da linguagem, mas
apresentavam condições semelhantes, sendo este quadro denominado Síndrome de
Asperger.
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Contudo, em 2013, a quinta edição do DSM foi publicada adotando este termo
para classificação da categoria, sendo inclusos Transtorno Autista, Transtorno
Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação que não são dados como condições
diagnósticas distintas, mas todos são tratados como Transtorno do Espectro Autista.
Frente ao breve exposto, justifica-se assim, que este trabalho adota o termo
Transtorno do Espectro Autista (TEA) para tratar do tema, tendo em vista o
desenvolvimento das pesquisas na área.
Cabe ressaltar que cada indivíduo com o transtorno do espectro autista tem
características peculiares que vão ao encontro das descritas pelo transtorno,
porém, pode se manifestar em cada pessoa de maneira diferente. Sendo assim,
há a necessidade do professor ter um olhar observador das características,
necessidades e potencialidades da criança que apresenta o transtorno, para que
se possa mediar com efetividade o processo de ensino-aprendizado (WALTER;
FERREIRA-DONATI; FONSECA, 2015).
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
Diante dos aspectos apresentados, que podem ser manifestados ou não em cada
sujeito, o professor tem que adequar a prática pedagógica para atender à necessidade da
criança e estimular suas potencialidades, utilizando recursos e estratégias como:
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inclusivo, é imprescindível a mediação do professor (WALTER; FERREIRA-
DONATI; FONSECA, 2015).
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Tendo em vista que, na educação infantil, o processo de ensino-aprendizado é
pautado no lúdico, os jogos infantis são relevantes para o desenvolvimento das crianças,
ressaltando que as formas de interação das crianças nas mais diversas situações devem
ser propícias ao significar, questionar e criar, ou seja, os jogos e brincadeiras não devem
ser proporcionados meramente para “ocupar o tempo ou o aluno”. (NUNES; BRAUN;
WALTER, 2011).
Especificamente no caso de crianças com transtorno do espectro autista, assim
como com todas as crianças pequenas, Gikovate (2009) lembra que o professor precisa
ajudar a criança a participar das atividades, explicando a regras e auxiliando-as a
atenderem o que o outro espera dela, antecipando também possíveis reações e
intermediando as relações quando necessário.
Nesse sentido, as atividades lúdicas têm grande relevância para o
desenvolvimento da interação, comunicação e comportamento da criança com TEA,
favorecendo o processo de inclusão e do brincar com o outro.
Provendo com o planejamento da prática pedagógica, em 2003, o Ministério da
Educação produziu o documento “Saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas
de aprendizagem – autismo”, integrante da coleção sobre Educação Infantil. Este material
perpassa pelo processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança desde o
nascimento aos seis anos de idade e a inclusão da criança com o transtorno do espectro
autista em sala comum, sugerindo planejamento, adequação e organização do ensino,
contribuindo para a formação do professor (BRASIL, 2003).
Em relação às políticas públicas, além das legislações brasileiras em consonância
com as diretrizes mundiais que fortalecem os princípios de um sistema inclusivo, para os
indivíduos com transtorno do espectro autista, houve alteração da LDB, adequando a
redação em seu capítulo V, sendo a educação especial uma modalidade de educação
escolar oferecida na rede regular de ensino, abrangendo os alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação (BRASIL,
2013).
No Brasil, foi promulgada a lei nº 12.764/2012, conhecida como Berenice Piana
(BRASIL, 2012), que institui uma política nacional de proteção aos direitos da pessoa com
o Transtorno do Espectro Autista, colocando legalmente estes sujeitos como pessoas com
deficiência. Menciona-se a necessidade do diagnóstico precoce, tendo a pessoa o direito
de atendimento multiprofissional, acesso a medicamento, estímulo na inserção da pessoa
no mercado de trabalho, bem como se houver necessidade comprovada, o aluno incluído
nas classes comuns de ensino regular terá direito a um acompanhante especializado.
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Tem-se também a nota técnica nº 24 de 21 de março de 2013 que orienta os
sistemas de ensino à implantação da Lei nº 12.764/2012, com indicações dos direitos e
“caminhos” para cumprimento da legislação.
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responsabilidade de planejar, instruir e avaliar o ensino dado a um grupo
heterogêneo de estudantes. Tal modelo emergiu como alternativa aos modelos de
sala de recursos, classes especiais ou escolas especiais, especificamente para
responder as demandas das práticas de inclusão escolar de estudantes do
público-alvo da Educação Especial, pois uma vez que o aluno deve ser inserido
numa classe comum, todos os recursos dos quais ele pode se beneficiar têm que
ir junto com ele para o contexto de sala de aula, incluindo entre eles o professor
especializado (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 45-46).
Ainda:
CONSIDERAÇÕS FINAIS
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sejam aplicados constantemente ajudando os alunos autistas a reconhecerem o mundo
ao seu redor que favoreça a interação entre os pares. Este artigo confirmou a
necessidade de um ambiente lúdico não só para atender aos alunos com necessidades
educativas especiais, mas a todos os alunos, independentemente da realidade
econômico, social ou racial, ou maturacional.
Ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que cada criança com
desenvolvimento atípico seja vista em sua singularidade e adquira autonomia. A escola é
uma instituição formal que deve promover orientações para as famílias a fim de garantir
seus direitos e promover a independência dos indivíduos com necessidades educativas
especiais. Daí a importância do professor ressignifica a sua prática docente, revisar suas
concepções, pois está sempre a influenciar os alunos, uma prática pedagógica reflexiva
com vistas as especificidades do aluno. Elaborar aulas dinâmicas tendo o aluno como
foco norteador de suas ações.
Enfim, um planejamento didático voltado para a motivação constante só pode
acontecer se as atividades lúdicas estiverem presentes no dia-a-dia do professor. Na
escola, os professores não promovem a ludicidade com frequência. Alguns fatores devem
ser considerados na elaboração do planejamento pedagógico: organizar o tempo, propor
atividades que estejam de acordo com a faixa etária dos alunos, definir as áreas a serem
trabalhadas e demais atividades de rotina. Assim, é possível ter um novo olhar na
aprendizagem das crianças autistas, com a utilização adequada dos jogos,
desenvolvendo atividades lúdicas prazerosas que motivem e ativem a aprendizagem.
Considera-se, então, que é, de fato, importante levar em conta as especificidades e
particularidades dos sujeitos, pois são essas diferenças que devem instigar a reflexão. É
preciso esforços para romper as barreiras, eliminar preconceitos e garantir o direito à
educação de qualidade e reconhecimento das diferenças. O trabalho contribuiu
positivamente para a
compreensão do autismo, um campo que há ainda muito a descobrir. Ao finalizar esta
investigação sobre a importância da ludicidade no desenvolvimento de
crianças autistas, o objetivo geral foi cumprido: ressaltar a importância da educação lúdica
como forma de estimulação ao desenvolvimento de crianças autistas, ou seja, por meio do
uso de jogos, brinquedos e brincadeiras pode-se contribuir para que as crianças com
autismo se desenvolvam e se socializem com outras pessoas. Mas, parece-me importante
ressaltar que existe um espaço enorme entre a teoria e a prática. Mesmo existindo grande
quantidade de documentos com atividades recomendadas e materiais diferentes e
inovadores, se faz necessário considerar as especificidades do aluno.
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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior. A pesquisa deste artigo foi baseada em uma pesquisa
bibliográfica que se propõe a discutir a importância que a literatura infantil exerce sobre a aprendizagem da
criança, partindo de sua trajetória inicial até os dias atuais. Utilizamos autores que afirmam a influência do
ato de ler e contar histórias no desenvolvimento da linguagem oral e escrita da criança. Destacamos alguns
autores que julgamos importantes nessa pesquisa, como: ZILBERMAN, CADEMARTORI, OLIVEIRA E
OSTETTO. Cabe ressaltar que procuramos nos basear em relatar o professor como mediador entre a
história e a criança. Esta pesquisa utilizou-se de referências pedagógicas que forneceram a orientação
necessária para a busca da literatura na prática pedagógica dentro do ambiente escolar, através de uma
análise de dados. Buscamos enfatizar a importância de ler e contar história para as crianças, e como isso
influencia o seu desenvolvimento, contribuindo até mesmo para a aquisição da linguagem escrita. E como o
professor tem um papel importante de mediador entre a leitura e o aluno.
INTRODUÇÃO
O OBJETIVO É ENTENDER
Encontramos vários tipos de literatura nos dias de hoje, mas vamos destacar
aquelas que julgamos mais propícia para trabalhar com as crianças, e assim
influenciando-as aos hábitos de leitura desde cedo.
Segundo CADEMARTORI, 2010: Sob a designação de leitura infantil, existem
diversas modalidades e processos textuais, tanto verbais quanto visuais.
São os modos de expressão, os processos narrativos que definem o público a que
o livro está endereçado. Em algumas obras, subverte-se o uso sistemático da língua, e o
literário irrompe nesse espaço de escape das formas organizadas do mundo adulto. E
assim trazendo o sonho e a fantasia que se instauram como subversão do mundo
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racional.
O desenvolvimento da criança acontece de forma ágil no que diz respeito à
formação de valores, dos padrões éticos e morais. As crianças estimuladas adquirem no
decorrer de suas vidas uma competência essencial que lhes permitem opinar, rever seus
conceitos expressando suas ideias.
Vamos falar um pouco sobre as Fábulas, Poesias, Lendas e Contos de Fadas que
há muito tempo tem um espaço na formação dos indivíduos.
FÁBULAS
POESIA
Poesia é um gênero poético que tem uma configuração distinta dos demais
gêneros literários. Aliada com o potencial simbólico apresenta uma atraente forma lúdica
em seu contexto literário.
Segundo CADEMARTORI, (2010): Os recursos de sons usados pela poesia infantil
são muitos. As palavras produzem sons que sejam naturais e repetitivos.
A poesia brinca com os sons das palavras, assim favorece a percepção da
materialidade da língua e de seu potencial lúdico. A poesia faz arranjos de significados e
de sentidos inusitados. Ao jogar com os sentidos das palavras, provoca múltiplos
significados e estimula o imaginário do autor a participar desse jogo de interpretação.
Lembrando que os versos e a sonoridade sejam compatíveis com a vivência das crianças.
A poesia infantil surge no Brasil no final do Século XIX. Antes, o que existia eram
poemas manuscritos, de circulação familiar, feitos de pai ou mãe para os filhos, ou
escritos em álbuns de meninas, moças e etc...
O primeiro escritor que começa a escrever para uma infância é Alvarenga Peixoto,
que escrevia para sua filha de sete anos, sonetos que aconselhavam sua filha a
desprezar a beleza, as honras e a riqueza, cultivando a caridade, o amor, a Deus e ao
semelhante.
Alvarenga Peixoto em seus sonetos "Conselho a meus filhos" e sua esposa
Bárbara Eliodora, apresentam um traço que será dominante na poesia infantil brasileira
até a primeira metade do século XX: a presença de uma voz poética adulta, que se dirige
a um leitor infantil, utilizando o poema como veículo de educação moral.
No século XIX, os poetas Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu, escreveram alguns
poemas dedicados às crianças, mas em livros dirigidos ao público adulto.
O gênero da poesia no Brasil surge de braços dados com a escola, visando
principalmente à aprendizagem da língua portuguesa. Os autores não queriam ampliar
seu público, escrevendo para criança, mas os professores que começam a organizar e
escrever antologias de textos em prosa e verso para utilização como livros de leitura
escolar.
Dentre esses organizadores de antologias, um dos primeiros é o professor João
Rodrigues da Fonseca Jordão que, em 1874, publica o Florilégio brasileiro da infância,
reunindo poemas que não foram escritos originalmente para o leitor infantil.
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O Florilégio está organizado por tipos de poemas como: sonetos, hinos, elegias,
epicédios, sátiras, epigramas, alegorias, fábulas e etc., organização essa que reflete a
importância dos estudos de retórica na educação brasileira do século XVX.
O antologista João Jordão procurou segundo suas próprias palavras, ter " o maior
cuidado em aproveitar o que fosse estritamente acomodo ao entendimento e a
sensibilidade infantil". E assim tematizando a infância.
Após essa época muitos escritores surgiram escrevendo poesias ao público infantil,
entre eles: José Filho Dutra (1882); Olavo Bilac (1904); Cecília Meireles e Vinìcius de
Moraes.
CONTOS DE FADAS
As origens dos contos de fadas nada mais eram relatos de fatos da vida dos
camponeses, recheados de conflitos, aventuras e pornografias, sendo assim, pouco
indicado a ser contado para as crianças. Esses relatos serviam apenas como
entretenimento.
“Maravilhosos ou humorísticos, os contos populares, antes da coleta, destinavam-
se ao público adulto e eram destituídos de propósitos moralizantes"
CADEMARTORI,2010, pág.40.)
O reconhecimento dos contos de fadas surge na França no fim do século XVII, sob
a iniciativa de Charles Perrault. Ao contrário do que se possa ser pensado, Perrault não
criou as narrativas de seus contos, mas as editou para que se adequasse à audiência da
corte do Rei Luiz XIV.
Foram narrativas folclóricas contadas pelos camponeses, governantas e serventes
que forneceram a matéria-prima para estes contos.
Charles Perrault, coletor de contos populares, realiza seu trabalho após a Fronde,
movimento popular contra o governo absolutista no reinado de Luís XIV, cuja
repressão deixou marcas de terror na França. Os contos chegaram à família de
Perrault através de contadores que, na época se integravam à vida doméstica
como servos”. (CADEMARTORI, 2010, pág.40).
Então se inicia a descoberta das fadas, que eram idealizadas por serem de grande
beleza, que se apresentava, sob forma de mulher, dotadas de virtudes e poderes
sobrenaturais. E assim, tornam-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários.
Nesse contexto, começa a necessidade de utilizar essas histórias na educação, já
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que as crianças gostam muito desses contos e da fantasia inserida neles, que estavam
ajudando a formar a personalidade dessas pequenas pessoas.
Este gênero textual interfere na imaginação infantil, auxiliando no seu
desenvolvimento através do ensinamento que se deve persistir em busca de seus
objetivos, mesmo enfrentando situações complicadas, também auxilia no aprendizado de
valores e na diferenciação entre o bem e o mal.
Esses sentimentos de desejo e medo são elementos fundamentais para a evolução
dos seres humanos, uma vez que temos medo do que desejamos que acabasse nos
causando medo. Na evolução humana esses temores devem ser enfrentados.
É nesse sentido que os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da
criança. Tal dicotomia se transmite através de uma linguagem simbólica, que durante a
infância, não será prejudicial à formação de sua consciência ética.
No Brasil, a adaptação do modelo europeu que chegava, abrangia todo um tipo de
literatura até então usada, sendo assim, também apropriada para o projeto educativo e
ideológico que via no texto infantil (principalmente os contos de fadas) e na escola,
aliados indispensáveis para a formação de cidadãos. Essa formação, que utilizava tais
textos aconselhava em suas páginas, principalmente o patriotismo, o amor e respeito à
família e aos mais velhos, a dedicação aos mestres e à escola, a piedade pelos pobres e
fracos.
Neste clima de valorização da instrução escolar, simultaneamente a uma produção
literária variada, inicia-se um período de preocupação generalizada, devido à carência de
material adequado à leitura para crianças brasileiras, já que, apenas era o começo da
utilização dos contos, e histórias na escola.
Nas lamentações de ausências de material de leitura e de livros para a infância
brasileira, fica clara a concepção, bastante comum na época, da importância do hábito de
ler para a formação do cidadão, formação que, a curto, médio e longo prazo, eram papel
que se esperava do sistema escolar e da então utilização dos contos.
É a partir de então que surgem mudanças, iniciando programas de nacionalização
aos quais aderem à temática urbana, tendo as crianças como personagens centrais que,
através de variadas situações iam se desenvolvendo e modificando seus sentimentos em
relação à família, noção de obediência e prática de virtudes civis, formando assim,
crianças moldadas e pouco críticas, cuja presença do livro era cumprir a função de
contagiar todos com iguais virtudes e sentimentos.
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LENDAS
A palavra lenda provém do latim e significa " o que deve ser lido".
A lenda existe desde a formação do clã, da sociedade e e os temas se
desenvolvem com preocupação semelhantes em todas as culturas. Nesse começo era
uma cópia da vida dos santos, lidas nos refeitórios dos conventos. Com o tempo passou a
existir na vida orfana e a partir daí passaram a evoluir e a embelezar. Hoje, as lendas são
um produto inconsciente que combina fatos reais com os imaginários sofrendo alterações
ao serem recontados, e a maioria é classificada pela região de origem e pelo
documentário que fornece ao leitor.
Sendo assim, a lenda não é mais do que o pensamento infantil da humanidade, em
sua primeira etapa, refletindo o drama humano ante a outro, em que atuam os astros e
meteoros, forças desencadeadas e ocultas.
A lenda é uma forma de narrativa antiguíssima, cujo argumento é tirado da
tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superamos
histórico verdadeiro.
No Brasil, são inúmeros influenciados diretamente pela miscigenação na origem do
povo brasileiro. Ela é originalmente folclórica e regional, onde se destacam certas lendas
como: Vitória-Régia; Caipora; Curupira; Boitatá; Mula sem Cabeça; Iara; Negrinho do
Pastoreio; Papa Figo; Saci-Pererê; Cobra Grande; Mantinha; Cuca e entre outras.
Monteiro Lobato reproduziu em suas obras alguns personagens folclóricos como o
Saci e a Cuca.
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
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meio ambiente. Nesta fase, ouvir histórias é possibilidade real de desenvolvimento e
aprendizagem.
A criança passa por diferentes momentos, onde através de sua interação com o
mundo social começa a criar diferentes contatos, quando é pequena ainda não tem uma
associação entre linguagem.
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através dos tempos de maneira quase intuitivo, com tudo algum estudo já demonstram
que as histórias desempenham nos processos de aquisição e desenvolvimento da
linguagem humana.
A criança passa por diferentes etapas da escrita, mas não é o tema a ser tratado
aqui. O que vamos destacar é como a criança pode desenvolver a escrita com o contato
da leitura.
Como podemos destacar, o sujeito age sobre as informações que recebe do
ambiente e produz a própria linguagem por meio de esquemas assimilados previamente
construídos, deixando de lado uma explicitação teórica sobre o contexto, com o qual os
indivíduos agem continuamente e tem papel mediador e, portanto, construtivo, em todo
processo da aquisição da linguagem escrita.
O professor mediador desse processo deve utilizar os textos literário como subsídio
para esta fase da linguagem escrita. Por meio do contato com os livros que consiste em
imagens e letras que essas interpretações é que atribuem um significado para as
produções das crianças, suas representações gráficas como as garatujas até as
sequências de letras. A partir de então, sua fala sobre as produções apresentadas pela
criança também é retomada, modificada, enriquecida e transformada por ela e assim
modificando a escrita da criança.
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O texto literário é polissêmico, pois sua leitura provoca no leitor reações diversas,
que vão do prazer emocional ao intelectual. Além de simplesmente fornecer
informação sobre diferentes temas-históricos, sociais, existenciais e éticos, por
exemplo: elas também oferecem vários tipos de satisfação ao leitor: adquirir
conhecimentos variados, viver situações existenciais, entrar em contato com novas
idéias, etc.”. (FARIA, 2010, pág.12).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
29
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OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUTA PELA SUA PERMANÊNCIA
NA EDUCAÇÃO
CI IAKOWSKY BARBOSA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado no artigo do mês de abril de 2021,
intitulado “Os Profissionais De Educação Física E A Condição Humana: Um Estudo De
Caso”, pela revista Desenvolvimento Intelectual. Ele pretende aproximar dois conteúdos
essencialmente diferentes, que conversam entre si na medida em que é percebido o
sentido existente entre realidade e filosofia. Nele foi usado como material de estudo de
caso as transcrições das entrevistas realizadas com os professores de Educação Física
do CEFER. Aqui serão trazidas algumas discussões sobre esse espaço, mostrando a
relação com a filosofia política de Hannah Arendt em seu livro “A Condição Humana”, ao
mesmo tempo em que considera elementos da história da Educação Física no Brasil. E
terá como foco a contratação dos professores de educação física por meio de lei da
obrigatoriedade da educação física no ensino superior.
INTRODUÇÃO
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décimo de sua idade, a Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto formará
em janeiro de 2013 a sua primeira turma de bacharéis.
Dessa forma, o motivo que justifica o presente tema de trabalho de conclusão de
curso coincide com aquela razão que levou Arendt (2010, p.6) a escrever A Condição
Humana: trata-se de pensar o que estamos fazendo. No caso específico deste artigo,
trata-se de pensar o que estamos fazendo, não exclusivamente enquanto a atividade e o
histórico de professores de Educação Física que trabalham ou trabalharam no CEFER,
mas enquanto atividade e histórico de toda uma geração profissional intimamente atrelada
à sociedade e seu tempo. Antes que possa surgir algum mal-entendido, ‘pensar o que
estamos fazendo’ não implica em fazer um julgamento a partir de uma visão linear, vindo
a definir equivocadamente seus termos na frágil e superficial base de “certos e errados”. É
justamente por isso que este trabalho de conclusão de curso se preocupa em
compreender antes de mais quais são e como são os traços fortes das condições em que
transcorre a vida ativa dos professores de Educação Física que compõe o Centro
desportivo. Entre os quarenta anos do CEFER e os quatro anos da EEFERP, quando será
formada sua primeira turma, trata-se de apreender o legado de uma geração que, ao
revelar seu passado, nos fornece elementos com os quais podemos contar (e criticar)
para se realizar nosso próprio sentido para o presente. Entre profissionais e futuros
profissionais está a continuidade da Educação Física, seu modo de ser e de se fazer.
Até que a Educação Física obrigatória foi perdendo força, perdendo força e tinha
que perder mesmo porque esse esquema não faz parte do espírito acadêmico, tá!
Foi perdendo força, foi perdendo força, aí passou de oito semestres para quatro
semestres, de quatro pra dois, de dois pra um e foi extinta a Educação Física
obrigatória. (ABEL).
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também com a situação e os interesses político-acadêmicos envolvidos na época, bem
como a própria questão da valorização da área perante os dirigentes do Campus da USP
de Ribeirão Preto:
Quais tipos de questões estariam implicados nesta situação e quais interesses dos
dirigentes do Campus prevaleceram na época? Abel nos faz saber:
Até que foi indo, foi indo e a Educação Física obrigatória acabou. O professor
Dalmo Amorim, que era um Diretor muito severo nas decisões, ele solicitou ao
CORP, então, criado. O CORP é a Coordenadoria do Campus, que os professores
da Faculdade de Medicina, já que não tinha mais Educação Física obrigatória,
naquela época já tinha acabado a obrigatoriedade, que os professores não tinham
mais o que fazer na Faculdade de Medicina. Eles não pesquisavam, eles estavam
no Departamento apenas dando o nome no Departamento, mas eles não tinham
horário pra cumprir no Departamento, eles vinham davam as aulas deles no
Centro Esportivo. (ABEL).
Acontece que, como mostra o depoimento acima, esta transferência não foi de
comum acordo entre os professores de Educação Física e os dirigentes do Campus. A
exemplo da imposição da Lei ditatorial, que de cima para baixo obrigava os alunos a
fazerem as aulas de Educação Física, os professores da área viram-se, sem serem
consultados a respeito, forçados a se transferirem. Já neste depoimento, é possível
identificar uma marca da quinta unidade temática, que diz respeito ao posicionamento
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destes professores de Educação Física em relação à estrutura geral do CEFER, que
compreende inclusive a questão da (des)valorização e do cuidado da área perante os
dirigentes do Campus. Dentro de suas respectivas Unidades do Campus os professores
de Educação Física estavam mais próximos do meio acadêmico, além de possuírem o
status e a função de docente, porém, sempre foram contratados enquanto funcionários na
qualidade de técnicos desportivos:
Isso [a transferência] foi um retrocesso pra nós, na nossa carreira aqui dentro da
Universidade. Foi um retrocesso muito grande porque cada um na sua Unidade, já
tinha um certo caminhozinho trilhado, entendeu? Pra chegar um pouco mais a
frente. No entanto, a gente foi tolhido, né? Foi, eu diria, apunhalado (...) por esse
fato, mas que jamais influenciou negativamente a ponto (...) de interferir no nosso
relacionamento e nas nossas atividades, na qualidade das nossas atividades, no
nosso entusiasmo, no nosso idealismo, na nossa motivação. (CÉSAR).
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Independente da opinião de cada um referente a esta transferência compulsória,
todos se encontravam numa situação completamente diferente da vivida atualmente, já
locados no Centro Desportivo. A função referente a estes profissionais se limitava a
ministrar estas aulas impostas, ao passo que alguns deles se aproximavam mais das
atividades de pesquisa e ensino dentro de suas respectivas Unidades.
A Universidade é composta pelo princípio de indissociabilidade do tripé de ensino,
pesquisa e extensão, atividades fundamentais para que se cumpra a função social que a
ela cabe em acordo com a Constituição Federal1. Assim sendo, este tripé corresponde às
atividades fim dentro da Universidade. As demais atividades executadas em seu interior
correspondem às atividades meio, necessárias para garantir condições de cumprir sua
finalidade de existência social. Porém, assim como há um descompasso das dimensões
humanas ponderadas nesta discussão, há também um descompasso referente ao
prestígio e ao ‘investimento’ concedido nas atividades constituintes deste tripé. Valoriza-
se a pesquisa, valoriza-se o docente – que é tanto pesquisador quanto professor,
responsável pelo ensino. Sendo assim, pode-se considerar que o ensino é relativamente
valorizado, já que esta atividade fica à mercê do bom senso e da didática que o docente
pode ou não desenvolver. Segundo, Libâneo (2002, p.5):
1
Segundo a Constituição Federativa do Brasil de 1988 - Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão.
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numérica de artigos publicados por investigadores em revistas científicas de
reconhecido status acadêmico para se legitimarem como profissionais nos seus
campos de atuação.
Mas eu acho que de forma geral, o saldo geral, eu acho que foi bom pro
desenvolvimento da prática desportiva aqui no Campus porque, uns contribuindo
mais, outros menos, eu acho que estava todo mundo ali junto no mesmo barco,
então, foi bom, essa vinda dos professores dessa forma meio tortuosa, eu achei
que foi bom pra Educação Física no Campus, foi proveitosa. Quem sabe se
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tivesse sido de outra forma com mais harmonia, com mais planejamento: os
professores poderiam entrar no processo mais rapidamente e hoje o CEFER
estaria num patamar melhor, estaria mais desenvolvido como está hoje, mas eu
achei que foi bom, viu? Achei que valeu a pena os professores terem vindo para o
Centro Esportivo. (ABEL).
(...) a impressão que eu tenho ao longo desses anos, que o CEFER (...) entrou
pela porta dos fundos, a Educação Física entrou no Campus pela porta dos
fundos, por uma Lei da Ditadura (...). Foi imposta a Educação Física aqui, parece
que isso criou um ranço contra a Educação Física, hoje o Centro Esportivo é visto
e olhado, por quase todo mundo, como uma sessão que dá prejuízo, que dá gasto.
Hoje ninguém olha como deveria olhar o Centro Esportivo, como um órgão
promotor da saúde, do bem-estar, de relacionamento social. (ABEL).
O que está imbricado com mais rigidez nesta Transferência é a questão de (des)
valorização dos mesmos profissionais de Educação Física. No CEFER estes professores
sempre tiveram dificuldade para realizar seus trabalhos sem terem, muitas vezes,
condições básicas para desenvolverem adequadamente suas aulas:
Nós temos aqui um problema sério no ginásio de manhã, com a terceira idade, o
sol bate no rosto deles, então, tínhamos uma cortina aí, em fevereiro de dois mil e
dez eu pedi uma cortina nova, foram colocar agora em novembro [de 2011]. Eu
tive que encher de jornal a porta, pra não atrapalhar a aula dos alunos da terceira
idade. Alguns probleminhas que a gente tá aqui lutando, lutando né? E a gente
não, não obtém êxito, a gente espera que um dia, né? Nós vamos conseguir.
(JETHER).
Ainda:
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Nós estamos com problemas estruturais gravíssimos e isso tudo custa dinheiro,
então, quando se leva pro Coordenador os custos, eles acham um absurdo, e não
é absurdo cuidar da saúde, cuidar da qualidade de vida, da integração... isso não
é, não é absurdo. (ABEL).
No final das contas, os professores estão com suas ações amarradas no sistema,
ficando à mercê da (des) valorização dos inúmeros dirigentes que coordenaram a
Prefeitura/Coordenadoria do Campus de tempos em tempos:
Então um dos sonhos nossos, acho que de todos os [nossos] profissionais, é que
esse CEFER vire uma Unidade de Ensino, né? Porque às vezes você faz (...) um
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trabalho (...) muito voltado à parte administrativa, gastasse muito tempo nessa
situação, de (...) elaborar essa estrutura. Do que... se você fosse uma Unidade,
você teria alguns profissionais, alguns cargos, funções, né? Auxiliar de esporte, de
tesouraria, que poderia melhorar toda essa estrutura, né? Mas acho que é a luta
nossa, (...) que já começou, e não depende muito da gente. Infelizmente depende
muito de São Paulo, nós estamos longe de São Paulo, até mesmo em distância,
né? E exige um trabalho político muito grande, né? (BATTAGLION).
Outro problema do CEFER, nós não temos verba própria, muitas vezes eu tenho
que comprar cabo de aço pra colocar lá (...) nos aparelhos de musculação. Eu
tenho que comprar alguma peça porque senão fica lá abandonado o aparelho:
dois, três, quatro meses. Eu sei que no CEFER vem uma verba, mas essa verba
nós não sabemos quanto que vem, muitas vezes nós pedimos e leva meses e
meses pra chegar essa peça. (JETHER).
Acontece que com o sol, com a chuva, com o frio, as placas [da pista de atletismo]
foram descolando, eu temia por um acidente de algum usuário [e] me dirigi ao
professor Mestriner, meu chefe, prefeito do Campus (...) e expliquei que poderia
acontecer um acidente (...). Num deu outra, passado acho que uns seis meses que
eu tive essa conversa lá no gabinete do prefeito, uma aluna da Faculdade de
Filosofia que estava terminando o seu mestrado, tava com sua tese já marcada
pra dalí vinte dias: essa jovem fazendo aqui uma caminhada, trotando levemente,
por volta das 6 da tarde, uma das placas com o bico levantado, ela não viu,
tropeçou e trincou o fêmur. Veio resgate, tudo, aí (...) [qual] foi a minha
preocupação? Corri novamente na sala do professor Mestriner e falei: ‘Olha, o que
eu previa aconteceu.’ Ele falou assim: ‘e agora, o que nós vamos fazer?’ Eu falei
assim: ‘acho que agora nós vamos ter que arrancar todas essas placas e vamos
torcer para [ela] não entrar [com] um processo contra a USP’. (...) Então... eu dei a
idéia que pegasse um tratorzinho e fosse raspando com (...) aquela pá mecânica e
arrancasse todas as placas e [o professor Mestrineli] me atendeu, passado [e] eu
falei: ‘Não vamos fazer agora, vamos esperar uns trinta dias, uns quarenta dias
(...) porque senão vai dar na cara que nós estávamos errados, né? (JETHER).
Eu me lembro que uma moça, (...) que fazia (...) mestrado, ela era de Campinas,
ela estava fazendo o exercício dela e ela caiu e fraturou a bacia, faltava um mês
para ela terminar o mestrado dela, deu muito problema para ela (...). Eu não sei se
essa moça sabia dos direitos dela, mas se ela tivesse demandado um processo
contra a Universidade de São Paulo, a Universidade de São Paulo teria que
indenizá-la e altamente porque a Universidade de São Paulo não pode deixar
alguém praticar (...) alguma atividade física num local perigoso, impróprio! A
Universidade de São Paulo não pode oferecer locais impróprios para quem quer
que seja praticar atividade física...tá certo? (ABEL).
Então lá [na última parte do CEFER] foram construídas inicialmente três quadras,
todas quadras descobertas, todas quadras com (...) dimensões inapropriadas e
que tentaram fazer. Aí eu, enquanto supervisor, eu procurei os engenheiros
responsáveis que na época não eram funcionários do Campus, eram funcionários
da COSEAS lá de São Paulo e o escritório deles nem ficava aqui, ficava num
prédio, num prédio lá da cidade, eu fui procura-los e solicitei para eles que
redimensionassem [as] quadras. Então fizeram lá três quadras que ficaram por
muito tempo abandonadas (...). Eles não escutaram a gente, não perguntaram pra
gente se três quadras era bom, se era uma quadra coberta, se era um ginásio, o
que que era melhor, eles não perguntaram pra gente. E fizeram três quadras que
ficaram muito tempo abandonadas as quadras, temos fotografias delas, assim
você vê as tabelas caindo (...), depois, eu pedi pra cobrir uma quadra, aí
transformamos uma das quadras poliesportivas em quadra de tênis e a outra para
quadra de futebol de quadra. (ABEL).
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No caso deste depoimento, pode-se observar a ação do professor Abel, enquanto
supervisor ao contatar os arquitetos responsáveis pela construção das quadras
localizadas ao fundo do Centro, com o intuito de propor uma reestruturação das mesmas
para ser melhor utilizadas. Esta conquista partiu do engajamento e da ação do professor
Abel ao ‘buscar vias’ adequadas e públicas para realizar sua atuação. De modo geral, na
história do CEFER , estas situações são recorrentes, sendo que a desconsideração do
profissional de Educação Física do CEFER pelos dirigentes do Campus se mostra,
inclusive, diante da estrutura física apresentada aos nossos olhos, como o exemplo das
quadras hoje descobertas ao lado da pista de atletismo:
Algumas coisas eles, né? Colocam aqui, mas sem perguntar pros professores que
são profissionais, né? Que é a nossa sala de aula: O (...) que é o melhor? O que é
o mais importante? Quais são as medidas pra construir uma quadra? (...) Aquelas
duas quadras: foram derrubadas árvores centenárias, eu conversando com o
rapaz que tava (...), cortando a árvore, ele tava chorando porque foi o pai dele que
tinha plantado aquelas árvores, (...) que fazia toda sombra pra pista de atletismo,
tinha acho que mais de sete, oito metros de diâmetro o seu tronco. Então eles não
perguntaram pra nós se ali era um bom lugar? Que que nós tamos precisando?
Então, as vezes parece que o CEFER ele é esquecido, ele é jogado de lado, né?
Tem outras prioridades e as vezes a gente sofre com isso. Mas, tirando tudo isso,
é muita paz, muita alegria... (JETHER) .
Ainda:
Um dia nós estávamos (...) no corredor ali embaixo, o Jether estava comigo e viu
alguém derrubar uma árvore que tinha mais de sessenta anos (...). E derrubou
mais algumas outras árvores: jambolões, árvores antigas, quarenta, cinquenta
anos também. Para você ter uma ideia, Ci, essas árvores em conjunto (...) dava,
na época do calor, cerca de oitenta metros de sombra para a pista (...) e facilitava
quem queria correr (...), treinar no horário mais [quente], três, quatro (...) cinco
horas da tarde, a fazer o aquecimento lá na sombra...o Jether quando viu aquelas
árvores sendo arrancadas, ele foi lá perguntar porque que estavam arrancando as
árvores, ele achava que tinha dado alguma doença, estava colocando alguém em
risco e, então, foi mandado derrubar. Mas qual não foi a surpresa nossa quando
nos soubemos que aquelas árvores estavam sendo arrancadas para serem
construídas duas quadras polivalentes. Ninguém sabia que essas quadras seriam
construídas aqui, nós professores de Educação Física, nós não tínhamos o
conhecimento da construção dessas quadras, foi feito sem que a gente opinasse e
construíram aquelas duas quadras (...), aquelas quadras nem ginásio do Estado
mais constrói, aquilo é o fim da picada, aquilo é gastar dinheiro público assim, sem
critério nenhum, quadras que dão de cara para o sol, quadras pequenas... é...
material vagabundo, não são utilizadas porque no calor de Ribeirão Preto [vai]
construir quadra aberta! (ABEL).
Estas narrações ilustram como decisões são tomadas numa estrutura hierárquica,
na qual as ordens são dadas de cima para baixo – muitas vezes sem haver, nem ao
menos, uma simples e objetiva articulação entre a seção do CEFER e a Prefeitura do
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Campus com a finalidade de discutir sobre qual seria o investimento mais benéfico e
necessário para o Centro. Assim, limita as possibilidades de ação dos professores de
Educação Física diante da estrutura apresentada. Como o professor Abel entende esta
questão?
O que me deixou um pouco pasmo, é que além [do ato] dessa prefeita, de fazer
essa quadra sem o nosso conhecimento, de qualquer jeito. O que eu [fico] pasmo
é que os alunos, que seriam os grandes beneficiados e os próprios funcionários
(...) que usam: ninguém abriu a boca, ninguém falou nada, ninguém reclamou, é
como se nada tivesse acontecido. Aliás, eu tenho uma grande reclamação dos
alunos, poucos se interessam (...) pelo que esta acontecendo no CEFER. Eles
querem vir aqui, usar e tá acabado, de qualquer jeito, às vezes o cabo de aço está
quebrado lá na (...) musculação, se você ficar um ano sem trocar, ninguém vai vir
aqui reclamar, reclamar assim no bom sentido, de melhorar as condições, tá
certo? (...) Não estou colocando culpa no supervisor do CEFER porque já foi feito
o pedido para consertar e não sei por que não foi consertado até hoje, mas se
depender de algum aluno, de alguma representação de aluno, de algum
presidente de Associação Atlética, ninguém faz nada. (ABEL).
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Sendo o capital financeiro a medida de valor mais expressiva na sociedade de
mercado, acredita-se que ao cobrar uma taxa simbólica dos usuários do Centro, estes
seriam estimulados a exigirem melhores condições por um serviço agora privatizado, um
serviço pago e consumido, remetendo ao direito do consumidor. Ao propor esta ‘solução’
para valorizar os serviços prestados à comunidade inverte-se um serviço público para
uma lógica de mercado. Dessa forma, se expressa o afastamento em relação ao que seja
considerado domínio do bem comum, ou seja, um bem público, portanto, exigindo uma
participação em primeira pessoa, já que o próprio espaço público remete a diversas ações
no sentido de garantir a autonomia e os direitos civis. Segundo Arendt (2010, p. 64), “(...)
o termo ‘público’ significa o próprio mundo, na medida em que é comum a todos nós e
diferente do lugar que privadamente possuímos nele”:
A instalação da pista de atletismo, nos moldes que tem hoje também foi um
acontecimento, a piscina também foi outra coisa que nós fizemos graças ao nosso
trabalho, então, isso tudo foi feito através de muita luta por que não tinha nada lá,
não tinha pista, não tinha a piscina, as quadras lá em baixo eram descobertas,
entende? Então nós conseguimos espaço, né? Onde tem a musculação, ali não
pertencia à Educação Física, hoje pertence à Educação Física, embora esteja mal
cuidado precisando de aparelhos novos, de pintura, né? Mas isso é outra coisa.
(ELIEZER).
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Parece simples, mas neste relato do professor Battaglion, observa-se a
potencialidade da atividade de extensão, desempenhada pelos professores de Educação
Física do Centro Desportivo. Para melhor visualizar esta potencialidade, é importante
marcar a característica fundamental do profissional de Educação Física, à docência – sem
a qual seria impossível para qualquer profissional de Educação Física algum transmitir as
técnicas corporais, independentemente do público alvo envolvido, considerando todos os
ambientes possíveis, seja numa academia, pista de atletismo, rua, parque, escola, clube,
etc. Entende-se por técnicas corporais a
(...) noção da natureza social do ‘habitus’ (...). Esses ‘hábitos’ variam não
simplesmente com os indivíduos e suas imitações, mas, sobretudo, com as
sociedades, as educações, as conveniências e as modas, com os prestígios. É
preciso ver técnicas e a obra da razão prática coletiva e individual, ali onde o
ordinário veêm-se apenas a alma e suas faculdades de repetição. (LÉVI-
STRAUSS, 1974, p.214)
Por não questionarem o atual modelo social que gera desigualdade pela forma
como organiza a produção da vida material; ‘liberais’ por reforçarem as teses do
liberalismo econômico, tendo uma abordagem tradicional e acrítica. Um de seus
expoentes é a tendência pedagógica. Tecnicista, muito utilizada na área da
Educação Física. O tecnicismo entende que o processo de exclusão social “passa
pelo caminho da formação para o mercado de trabalho, treinando mão-de-obra
acrítica sob a lógica da produção em massa e padronizada. Por outro lado, indo de
encontro com a potencialidade da ação na Educação existem as Tendências
Pedagógicas de cunho Transformador, por estas “advogarem mudanças
substantivas na estrutura social capitalista, visando à constituição de uma
sociedade pautada na ética do bem-comum. (FRANÇA, 2008, p.36).
Poderia ser muito melhor, mas dentro da realidade do que nos era oferecido, né?
Do que nos era dado, em termos de respaldo administrativo, em termos de
instalações, de equipamentos, eu acho que a gente conseguiu bastante. (CÉSAR).
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Neste sentido, claro que não descolado do contexto histórico e como alerta o
professor César, dentro das possibilidades estruturais políticas, foram desenvolvidos
diversos trabalhos por estes professores, relacionados à promoção da saúde, da prática
da Educação Física no Campus, desde a Transferência dos mesmos para o CEFER:
O CEFER teve que se adaptar às novas situações do momento, né? E (...) ele se
adaptou conforme a evolução da Educação Física, também, com várias outras
modalidades, (...) não somente com as esportivas, como as outras práticas de
culturas corporais, né? Por exemplo, a dança, as artes marciais, a ginástica.
Então, houve uma evolução muito grande no desenvolvimento da Educação Física
nesse sentido, pois, antigamente a Educação Física era considerada praticamente
como um esporte só, né? (BATTAGLION).
Então, ai nós fomos mudando o foco! Nós começamos a oferecer cursos para
crianças obesas, crianças asmáticas, gestantes! Então, só pra falar que o CEFER
então partiu pra essas esticadas da área da saúde, esticadas curtas, que agora tá
se retomando alguma coisinha. Eu sei que agora o Serginho tá trabalhando com
gestante, né? (...) O que o CEFER também partiu, pegou um pouquinho a onda,
foi o CEFER começou a realizar, implementar projetos de esportes. Então nós
começamos com o Campeonato de Futebol de Salão, Torneio de Xadrez, a Volta
USP. (ABEL).
Este trecho aponta para apenas duas das diversas possibilidades que compõe a
diversidade da área da Educação Física. Além disso, ao realizar estas atividades
evidencia-se a ação na extensão da Universidade:
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Foi no momento, mais ou menos em que nós fomos convidados pela professora
doutora Iranildes, docente da Escola de Enfermagem, a desenvolver um projeto
com a terceira idade, chamado PIC, esse PIC significa Programa de Integração
Comunitário, (...) porque ela estava preocupada que ela andou fazendo algumas
visitas aos postos de saúde e viu que a demanda (...) dos aposentados em
remédio era muito grande havia vários, várias pessoas idosas, outros aposentados
que iam buscar caixas e caixas de remédios (...) sendo que eles não faziam
atividade física nenhuma, não havia nada voltado à promoção da saúde e ela
preocupada com que estava acontecendo ela então procurou os professores do
CEFER e quem enveredou por esse projeto foram só dois, o Batalhão e eu. Nós
começamos aqui na praça na Vila Tibério, começamos ali com meia dúzia de
senhoras, hoje chegou a ter mais de trezentas pessoas inscritas no projeto PIC
(...) fazemos caminhadas e ginástica durante uma hora, três vezes por semana,
segundas, quartas e sextas das sete às oito. Esse projeto começou a proliferar
tanto dentro de Ribeirão Preto, que os demais postos de saúde de Ribeirão Preto,
através dos seus diretores foram reclamar com o Secretário da Saúde porque que
(...) o posto de saúde da Vila Tibério tinha um programa junto com a USP e eles
não podiam ter? Foi quando a Doutora Iranildes, então, vendeu esse projeto,
passou esse projeto pro Secretário da Saúde de Ribeirão Preto e (...),
concomitantemente com o Secretário de Esportes, pegaram alguns professores de
Educação Física (...) da UNAERP, (...) do Lacerda, mesmo da Faculdade de
Educação Física de Batatais e implantaram nos bairros de Ribeirão Preto o
chamado PIC e esse projeto incendiou em Ribeirão Preto, hoje nós temos até
PICs clandestinos, que não são ligados à Prefeitura Municipal (...). Esse PIC aqui
(...) da USP de Ribeirão Preto nós tiramos o nome de PIC, deixamos a palavra
PIC, o programa PIC só para a Prefeitura Municipal e nós aqui implantamos como
Projeto da Terceira Idade da USP de Ribeirão Preto, eu tenho esse projeto (...) há
mais de quinze anos. (JETHER).
Ainda:
Na época, o Programa de Integração Comunitária, foi criado aqui nesta sala. Esse
nome PIC, foi criado aqui! (...) E esse programa se alastrou na cidade. Esse
programa hoje é um programa de domínio público, que têm verbas Federais. (...)
Através desse programa, um professor nosso, o Ângelo Bataglion, que hoje é o
supervisor do CEFER, através dele e com a ajuda dessa professora [da Escola de
Enfermagem], um ajudava o outro, porque o Batalhão dava as aulas e ele se
envolveu tanto nesse projeto, que ele fez mestrado e doutorado em cima desse
projeto do PIC! Foi, o Batalhão fez mestrado e doutorado com esse projeto, junto
com essa professora, que instituiu esse projeto durante a minha gestão. (ABEL).
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Centro e de seus profissionais, locados como seção técnica de apoio administrativo.
Assim, a força e o alcance maiores de seu potencial acadêmico, antes de serem
institucionalmente estimulados, passaram a depender quase exclusivamente de iniciativas
pessoais de seus profissionais, como ilustra bem a atuação de Bataglion no caso do PIC.
Naquela época, a gente já queria a Escola de Educação Física pra cá, achando
que com uma Escola de Educação Física [haveria] (...) uma sustentação pro nosso
Centro Esportivo e pro nosso Campus, assim, a melhorar tudo dentro da área [da
Educação Física] no Campus, (...) as nossas instalações esportivas sempre foram
precárias. Então, a vinda da [Escola de] Educação Física iria, assim, nesse ponto,
pelo menos nesse ponto, ajudar muito a gente e nós fizemos o estudo e não foi
aprovado. (ABEL).
Ah, só comentários porque em 1980 era pra vir a Educação Física e o Direito aqui.
Trinta anos depois é que o Direito e a Educação Física vieram. Eu acho que basta
[risos] que política (...) não se mexe muito não! (ROMUALDO).
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Este alerta remete a um distanciamento e um possível desentendimento em
relação à participação na dimensão da política, como se não coubesse a atuação dos
professores do CEFER na dimensão da vida ativa. Portanto, a melhor expectativa de dar
autonomia ao Centro se dá pela tentativa realizada pelos professores de Educação Física
do CEFER de criar uma Escola de Educação Física no Campus de Ribeirão Preto no
início da década de 1990, o que acabou por não se efetivar. Tratar-se-ia, finalmente, de
fazer sua a vocação do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.
Então, todos nós [professores do CEFER] ficamos muito felizes, por que o que a
gente queria mesmo era que viesse pra cá a [Escola de] Educação Física. Eu acho
que o Campus, não só os alunos, mas o Campus como um todo vai ganhar muito
com a instalação, com a criação da Escola de Educação Física. (ELIEZER).
Agora veio a [Escola de] Educação Física também e o foco maior da Educação
Física é a saúde e o movimento, tá certo? Há quem diga que a Educação Física
(...) foca só saúde, há quem diga que é só movimento, há quem diga que [são] os
dois! Eu sou mais saúde e movimento, tá certo? (ABEL).
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Como já observado, a criação da EEFERP fomenta uma antiga expectativa em
relação a uma melhora ou uma mudança no que diz respeito à estrutura geral do CEFER:
Não sei se outros colegas têm idéia, por exemplo, o CEFER ir pra Escola de
Educação Física, né? Fazer parte da Escola de Educação Física, também é uma
idéia que poderia ser discutida, né? Por quê aí você valorizaria mais esse aspecto
profissional e sair dessa Coordenadoria, (...) de uma seção, de um serviço. É um
outro status, né? De ir pra Escola de Educação Física. (BATTAGLION).
2
Associação de Docentes da Universidade de São Paulo.
52
Todavia, dentro da atual estrutura que condiciona a articulação entre estas duas
instituições, observe-se como o professor Abel entende a contribuição da EEFERP para o
CEFER.
Enfim a [Escola de] Educação Física tá lá e (...) você me perguntou, porque (...)
tenho a sensação que [a EEFERP] está ajudando o Centro? É, nós estamos
sempre recebendo a visita do Valdir Barbanti aqui e a gente tem recebido dele
notícias, de que a Universidade de São Paulo entrou no espírito olímpico e
destinou uma verba pra desenvolver desporto olímpico aqui! Algum talento que
exista na Universidade, que eu acho que são poucos, porque é complicado você
entrar numa estrutura de Universidade de São Paulo e ser atleta, é bem
complicado. (...) E agora com a saída do restaurante [universitário] (...) eu quero
informar pra vocês que esse [espaço do] restaurante estava sendo loteado, o atual
Coordenador do Campus já estava oferecendo: ‘Quem quer espaço aqui? A
Fisioterapia quer espaço? A Nutrição quer espaço? Não sei quem quer espaço?’.
Estava sendo loteado e eu quero crer que se não fosse a atuação do professor
Valdir Barbanti, eu acho que o CEFER não ficaria com nenhuma sala pra suas
atividades. Muito bem, o professor Valdir já está com o dinheiro em mãos, o
professor Valdir foi contra o loteamento desse espaço que abriu (...) [com a
transferência] do restaurante velho, porque no entender dele: ‘quem quiser fazer
laboratório, que vá fazer na sua Unidade, porque aqui [CEFER] é lugar de esporte
e de pratica de atividades físicas’, e que ele só utilizaria o dinheiro que ele
conseguiu em prol do esporte [se fosse dessa forma] e quando o supervisor do
CEFER, que é o professor Batalhão, voltar de férias (...) nós vamos nos reunir aqui
pra ver como é que a gente quer a reforma e essa reforma vai ficar pro CEFER.
(ABEL).
53
Ao reconhecer o posicionamento do CEFER no organograma da Prefeitura do
Campus junto com as Oficinas que tratam do funcionamento e manutenção das atividades
do Campus, portanto, representam as atividades meio na Universidade, o professor César
alude ao desejo de que o trabalho dos professores de Educação Física no Centro seja
mais reconhecido e valorizado. Ao considerar que a formação dos mesmos exigiu anos de
investimento, ao mesmo tempo, não diminuindo a formação técnica dos funcionários das
oficinas – apenas reconhecendo uma diferença de grau entre formação de nível superior e
formação técnica. Porém esta disposição no organograma do Campus representa uma
degradação da ação e do discurso na atualidade quando, segundo Arendt (2010, p.258),
Todavia, o desejo de valorização profissional não implicou numa crítica e, com isto,
um posicionamento em relação à conjuntura do organograma do Campus. O professor
César, no caso, entende que a valorização do Centro não parte da potencialidade da ação
dos professores do CEFER nem tampouco de uma possível articulação política com
dirigentes para cumprir este fim, mas sim de alguém, ‘um padrinho forte’, que defenda os
interesses dos mesmos perante o Campus, já no domínio político. Este fenômeno
específico remete à “fuga da fragilidade dos assuntos humanos para a solidez da quietude
e da ordem” (ARENDT, 2010, p. 277), sendo que:
Embora, nós [do CEFER] estamos ajudando muito, trabalhando muito (...) junto
com os profissionais da [da Escola de] Educação Física, a Direção, nós temos um
trabalho muito ligado, nesse sentido. Tá com uma sintonia muito boa nesse
sentido. ” (BATTAGLION).
54
(...) o Campus como um todo vai ganhar muito com a instalação, com a criação da
Escola de Educação Física (...). Ganhar no sentido de qualidade pra eles, pros
alunos, por que vocês [alunos da EEFERP], mais um pouquinho vocês vão
começar a trabalhar integrado com a gente, mais cedo ou mais tarde, vocês vão
trabalhar, até pra fazer estágio, até por interesses outros, por pesquisa, vocês vão
acabar enveredando também na qualidade da Escola e hoje também existe uma
tendência de trabalhar (...) multidisciplinar, então, vocês logo logo vão estar
trabalhando com a Medicina, com a Fisioterapia e isso vai ser um ganho muito
grande, quer dizer a qualidade do profissional de educação física ela vai ser muito
mais elevada. (ELIEZER).
Fica mais evidente a potencialidade do que é vivido hoje, nesta nova articulação
entre as duas instituições, ao observar os conceitos de Arendt (2010, p. 238) sobre a
potencialidade da ação, “seja qual for seu conteúdo específico, a ação sempre estabelece
relações, e tem, portanto, a tendência inerente de romper todos os limites e transpor todas
as fronteiras”. A despeito dos limites e fronteiras que, no caso, é considerado a própria
estrutura geral do CEFER, Arendt ainda reforça a potencialidade da ação:
55
No caso, com a história apresentada do CEFER e a vinda da EEFERP, o que é ora
aventado, é um cuidado maior ao estabelecer esta nova articulação – possibilitando o
espaço para que todas as dimensões humanas, de todos os integrantes neste processo,
tenham condições de se manifestarem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
56
que mal podem realizar. Apesar de seu nome3, de sua localização geográfica e de seu
caráter aglutinador dos equipamentos esportivos, do ponto de vista das decisões a serem
tomadas em seu campo de atuação, este “centro” parece ter uma condição marginal no
Campus. Assim, no limite, se os funcionários do CEFER não o constroem, porque não
tomam decisões, insistentemente eles o mantêm porque cumprem suas funções. É isso
que dizem frases ouvidas nas entrevistas como: “Eu penso sempre o seguinte: eu tô lá [no
CEFER], eu fui contratado pra dar aula, não é? Então eu dava as minhas aulas (...). Eu
vou lá dou aula e acabou, fim de papo. ” (ELIEZER).
Neste quadro é observado o posicionamento predominante dos professores de
Educação Física do Centro em relação ao seu envolvimento com o mesmo. Na história
do CEFER, aqui analisada, pode-se concluir com base nos relatos colhidos que, entre as
dimensões da vida activa, é a esfera do animal laborans que se destaca. As outras duas
dimensões, a do homo faber e a da ação, aparecem como subordinadas à esfera do
cuidado com o metabolismo humano, o que se evidencia na ênfase na saúde
compreendida como um recorte fisiológico. Essa ênfase está explicitamente colocada nos
objetivos atribuídos ao centro4, nas palavras dos entrevistados5 e, também, no paralelo
entre estes e a história da Educação Física brasileira nos últimos 40 anos, o que permite
afirmar a saúde na perspectiva do recorte fisiológico. Assim, Gois Junior (2007, p.3) no
artigo cujo subtítulo é ‘um pensamento brasileiro sobre a Educação Física e Saúde’,
observa a influência na área sentida pelo ‘novo’ higienismo.
A base desta tendência é divulgar novos hábitos que não têm somente uma base
técnica na fisiologia, mas também um significado moral e estético. Quando um
“novo higienista”, apoiado pelos meios de comunicação, alerta para a necessidade
de o indivíduo mudar seus hábitos, ele não está fazendo um discurso meramente
técnico. Na verdade, ele é também moral, pois o indivíduo deve ter perseverança,
força de vontade, autocontrole para se afastar dos vícios, dos maus hábitos. É
necessária uma mudança de atitude, que mude sua vida.
3
Verdade seja dita, nem mais em seu nome, já que desde 2010, oficialmente, o CEFER é denominado Seção Técnica de
Práticas Desportivas da Divisão de Atendimento à Comunidade da Prefeitura do Campus da USP de Ribeirão Preto.
4
Segundo grifos da página do CEFER no site da Prefeitura do Campus da USP de Ribeirão Preto: “O CEFER tem por
finalidade orientar, incentivar, estimular e integrar os usuários do Campus da USP de Ribeirão Preto de forma prioritária
através da prática de atividades esportivas e recreativas visando a prevenção e a promoção da saúde (Decreto Lei nº
69.450 de 01/11/1971), bem como, possibilitar a interação entre a Universidade e a comunidade através de projetos,
programas e atividades que buscam a melhoria da qualidade de vida.
5
Na perspectiva de justificar todas as dimensões pelo animal laborans, Romualdo anuncia: “As mudanças foram muitas
(...), além da desse objetivo principal que é a saúde, nós também vimos [que para] a saúde do CEFER era necessário
que ele (...) se adequasse ao meio ambiente, que é a USP.”
57
na submissão do que seja próprio do homo faber, ou seja, a condição de criar algo novo
em cima do tradicional, como, no caso do profissional de Educação Física do Centro, criar
uma nova forma de intervir, uma atividade, ou mesmo criar um novo projeto na ordem da
dimensão do animal laborans, ou seja, na ordem da sobrevivência metabólica. Significa
submeter também à atividade da ação e sua dimensão política à preocupação com a
saúde, que é algo primário e, sim, necessário para a insistência de todo ser humano.
Dessa forma, submete singulares ações de diversas pessoas envolvidas nesta teia de
relações à primária e, quase sempre unânime, preocupação com a saúde, apenas nos
termos metabólicos individualizados. Em outras palavras, a pluralidade que se dá no
ambiente social e passa a ser construído com diversas ações, perde todo seu caráter
potencializador de engajamento em prol do bem comum dentro do domínio público porque
desvirtua o sentido de bem comum, desvirtua a maneira de se posicionar em relação ao
bem comum e passa a priorizar uma única visão: todas as dimensões humanas em busca
da saúde. Confluindo com esta conclusão, Gois Junior (2007, p.2) observa que o aspecto
geral desta tendência higienista, “migra dialeticamente de preocupações com o
indivíduo/privado para o coletivo/público. Em outros termos, a tensão entre o individual e o
coletivo é constitutiva do próprio movimento”, quando os porta-vozes desta tendência
“tanto tentam conciliar os dois pólos quanto assumem definitivamente um deles e
reforçam seus argumentos morais e científicos para orientar a intervenção a partir da
escolha. ”
Uma das consequências observadas a partir deste quadro é a falta de clareza que
estes professores têm a respeito das dimensões humanas, justificadas de forma unânime
a partir da saúde, mutilam-se as outras partes que compõem o ser humano. Por exemplo,
ao limitar a ação com esta finalidade ‘médica’, limita-se a condição de liberdade garantida
pela consciência do ato realizado dentro de uma determinada conjuntura. No limite, dentro
do estudo de caso, isto implica numa falta de entendimento a respeito da própria condição
para atuação e as suas possibilidades. Assim, na história do Centro, isto está
representado quando os professores entendem que seu trabalho é desvalorizado e não se
tem consciência das ações possíveis, junto com a devida articulação política, para
reverter este quadro.
A análise filosófico-política ora realizada, constata a atual permanência de um
passado histórico em que a atuação do profissional de Educação Física foca o animal
laborans. Para concluir, é interessante pontuar que este estudo de caso se baseia na
coleta de relatos de um projeto de extensão em História Oral, cujo subtítulo é ‘entre o
resgate de passado e o sentido do presente’. Portanto, se as expectativas de
58
aperfeiçoamento da área levantadas pelos profissionais do CEFER se colocam na recém-
inaugurada EEFERP, não se pode deixar de incluí-la quando se quer pensar o sentido do
presente. É este sentido que obedece ao propósito de Hannah Arendt de pensar o que
estamos fazendo (ARENDT, 2010, p.6). É o futuro da área que depende disso,
justificando que as questões a serem agora colocadas se voltem ao atual sentido de
formação do profissional de Educação Física. A formação que vigora atende as
possibilidades de mudança? Numa tradução conceitual, isso significa perguntar se a ação
e a esfera do homo faber permanecem ou não submissas ao animal laborans. Isto é, se a
liberdade, a criatividade, a fabricação, a pluralidade, o bem comum se dobram
obedientemente ao bem metabólico, seja a serviço da saúde ou do rendimento esportivo?
Se a formação dos docentes desta Unidade, condição de possibilidade para formação de
seus graduandos atende a estas expectativas? Se os valores que orientam sua prática
docente correspondem ao interesse do ser humano integralmente? Pode-se
verdadeiramente esperar que da condição de insistência – que mutila a fabricação e a
ação – se passe a uma condição existencial digna para esses novos profissionais de
Educação Física e digna para o serviço que pretendem prestar?
59
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60
O USO DA MÚSICA COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DA PRONÚNCIA NA
AULA DA LÍNGUA ESPONHOLA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior, apresentados nas publicações de abril e março da revista
Desenvolvimento Intelectual. O objetivo deste artigo, é propor o uso da música em sala de aula de maneira
diferenciada, aproveitando-a como recurso para a prática da pronúncia e a correção fonética nas aulas de
E/LE. Frequentemente, a música, como instrumento pedagógico das aulas de idioma estrangeiro, é
vinculada apenas aos estudos gramaticais e de ampliação de vocabulário. Observamos que há a
necessidade de elaborar estratégias que, ao mesmo tempo, motivem e propiciem o aprendizado dos sons
da língua espanhola. Por isso, temos na pesquisa empírica deste trabalho a análise de um procedimento
possível em sala de aula para a prática da pronúncia da língua espanhola por meio de músicas.
INTRODUÇÃO
61
Diante dessa dificuldade que o aprendiz brasileiro tem em relação à produção dos
sons da língua espanhola, viemos propor o uso da música como ferramenta didática para
a prática e a correção da pronúncia em E/LE.
O uso de canções nas aulas de espanhol sempre foi uma das opções preferidas
pelos professores, dado seu caráter lúdico, representativo e motivador. Entretanto, o seu
aproveitamento, geralmente, fica restrito a atividades que envolvem conteúdos
gramaticais ou de ampliação de vocabulário. Aproveitar a música como pretexto para
chamar a atenção dos alunos à pronúncia correta das palavras nos parece muito
oportuno, uma vez que daríamos espaço em nossas aulas para a área da fonética,
comumente não trabalhada pela maioria dos professores.
Assim, as inquietações que inspiraram a composição desse trabalho foram as
seguintes:
• O que há de inadequado na pronúncia do espanhol dos estudantes brasileiros?
• Como chamar a atenção dos alunos para a necessidade de policiar-se durante a
fala do espanhol, no que se refere à produção adequada dos sons?
• O quanto a música pode contribuir para a correção fonética?
No intuito de obter respostas a esses questionamentos, elaboramos, inicialmente,
uma parte teórica fundamentada em estudos anteriores a respeito de: competência
comunicativa; principais dificuldades de pronúncia do estudante brasileiro de espanhol;
motivação em sala de aula e a música articulada ao ensino da pronúncia da língua
espanhola. Este tema está publicado no artigo anterior. Discutimos, a princípio, a
deficiência no ensino da língua espanhola provocada pela ausência do trabalho com todos
os aspectos da competência linguística, mais especificamente relacionado à produção dos
sons. Compreendemos o estudo da competência linguística, dentro de competência
comunicativa, segundo a perspectiva de Hymes (1972). Essa lacuna no ensino dirigido da
produção dos sons em espanhol gera uma série de problemas na pronúncia de
estudantes brasileiros. Por isso, dedicamos parte do capítulo inicial para descrever as
dificuldades na produção dos sons em língua espanhola mais recorrentes entre os
estudantes brasileiros. Utilizamos aqui a nomenclatura adotada por Sandes (2009). A falta
de estímulo para que o aluno continue estudando a língua espanhola é, portanto, nosso
próximo tema, pois, a motivação para o aprendizado eficaz de uma determinada língua
está no fato de que para aprender a falá-la é preciso usá-la. Apresentamos, então, o
conceito de motivação relacionada a aprendizagem escolar, trazendo as ideias de
Gardner (1985) e de Dörnyei (2001). Na sequência, abordamos a necessidade de
62
elaborar estratégias que, ao mesmo tempo, motivem e propiciem o aprendizado dos sons
da língua espanhola. Por isso, a música entra como eixo condutor do restante do trabalho.
Agora, neste artigo está a natureza empírica. Traz a análise de duas intervenções
feitas com alunos de espanhol como língua estrangeira, elaboradas com o objetivo de
verificar se o uso de músicas contribui para o aprendizado e correção dos sons da língua
espanhola.
Esperamos que tal estudo seja relevante dentre as pesquisas já existentes sobre o
tema e sirva como fonte de reflexão para novas discussões e ideias dirigidas a estudantes
e professores da língua espanhola.
A PROPOSTA
SUJEITOS DE ESTUDO
Essa experimentação foi realizada com dois estudantes de espanhol com perfis
completamente diferentes, entretanto, ambos com o mesmo tempo de estudos de
63
espanhol: um ano e meio. Isso será interessante no momento em que confrontarmos os
resultados da proposta.
Estudante 1:
- Sexo: masculino
- Idade: 13 anos
- Escolaridade: 8ª série do Ensino Fundamental / 9º ano da Educação Básica
- Instituição em que estuda espanhol: CEL (Centro de Estudos de Línguas)
- Nível: 3º módulo
Estudante 2:
- Sexo: feminino
- Idade: 21 anos
- Escolaridade: Ensino Superior
- Instituição em que estuda espanhol: Trainer Idiomas
- Nível: 3º módulo
PRIMEIRA ETAPA
a) Texto 1:
“Instrucciones para dar cuerda al reloj”
Julio Cortázar
64
Allá al fondo está la muerte, pero no tenga miedo. Sujete el reloj con una mano,
tome con dos dedos la llave de la cuerda, remóntela suavemente. Ahora se abre
otro plazo, los árboles despliegan sus hojas, las barcas corren regatas, el tiempo
como un abanico se va llenando de sí mismo y de él brotan el aire, las brisas de la
tierra, la sombra de una mujer, el perfume del pan.
¿Qué más quiere, qué más quiere? Átelo pronto a su muñeca, déjelo latir en
libertad, imítelo anhelante. El miedo herrumbra las áncoras, cada cosa que pudo
alcanzarse y fue olvidada va corroyendo las venas del reloj, gangrenando la fría
sangre de sus rubíes. Y allá en el fondo está la muerte si no corremos y llegamos
antes y comprendemos que ya no importa.
b) Texto 2:
“Instrucciones para llorar”
Julio Cortázar
c) Texto 3:
“Instrucciones para subir una escalera”
Julio Cortázar
Nadie habrá dejado de observar que con frecuencia el suelo se pliega de manera
tal que una parte sube en ángulo recto con el plano del suelo, y luego la parte
siguiente se coloca paralela a este plano, para dar paso a una nueva
perpendicular, conducta que se repite en espiral o en línea quebrada hasta alturas
sumamente variables. Agachándose y poniendo la mano izquierda en una de las
partes verticales, y la derecha en la horizontal correspondiente, se está en
posesión momentánea de un peldaño o escalón. Cada uno de estos peldaños,
formados como se ve por dos elementos, se sitúa un tanto más arriba y adelante
que el anterior, principio que da sentido a la escalera, ya que cualquiera otra
combinación producirá formas quizá más bellas o pintorescas, pero incapaces de
trasladar de una planta baja a un primer piso.
Las escaleras se suben de frente, pues hacia atrás o de costado resultan
particularmente incómodas. La actitud natural consiste en mantenerse de pie, los
brazos colgando sin esfuerzo, la cabeza erguida aunque no tanto que los ojos
dejen de ver los peldaños inmediatamente superiores al que se pisa, y respirando
lenta y regularmente. Para subir una escalera se comienza por levantar esa parte
del cuerpo situada a la derecha abajo, envuelta casi siempre en cuero o gamuza, y
que salvo excepciones cabe exactamente en el escalón. Puesta en el primer
peldaño dicha parte, que para abreviar llamaremos pie, se recoge la parte
equivalente de la izquierda (también llamada pie, pero que no ha de confundirse
con el pie antes citado), y llevándola a la altura del pie, se le hace seguir hasta
colocarla en el segundo peldaño, con lo cual en éste descansará el pie, y en el
primero descansará el pie. (Los primeros peldaños son siempre los más difíciles,
hasta adquirir la coordinación necesaria. La coincidencia de nombre entre el pie y
el pie hace difícil la explicación. Cuídese especialmente de no levantar al mismo
tiempo el pie y el pie).
65
Llegado en esta forma al segundo peldaño, basta repetir alternadamente los
movimientos hasta encontrarse con el final de la escalera. Se sale de ella
fácilmente, con un ligero golpe de talón que la fija en su sitio, del que no se
moverá hasta el momento del descenso.
Essa primeira leitura foi gravada. Enquanto o aluno fazia a leitura, era anotado no
próprio texto os equívocos de pronúncia cometidos. Caso houvesse necessidade, podia-
se pedir que ele lesse outro texto se na primeira leitura não fosse possível identificar
claramente os equívocos de pronúncia.
SEGUNDA ETAPA
Após a leitura do texto, foi feita a escolha da música com a qual seria trabalhada. A
escolha da música devia ser feita em função das dificuldades de pronúncia apresentadas
pelo aluno. Os critérios para a escolha das músicas foram os mesmos adotados na
seleção dos textos. Portanto, se o aluno apresentasse maiores problemas com a
nasalização durante a leitura do texto, por exemplo, obviamente que seria feito a escolha
para trabalhar uma canção que apresentasse muitas ocorrências desse tipo.
As canções selecionadas são apresentadas a seguir:
a) Canção 1:
“Los Reyes de la Baraja”
(Poema de Federico García Lorca – Interpretado por Teresa Berganza)
Del olivo
me retiro,
del esparto
yo me aparto,
del sarmiento
me arrepiento
de haberte querido tanto.
Debajo de la hoja
de la verbena
tengo a mi amante malo:
¡Jesús, que pena!
66
Debajo de la hoja
de la lechuga
tengo a mi amante malo
con calentura.
Debajo de la hoja
del perejil
tengo a mi amante malo
y no puedo ir.
Coro:
Sí, sí, sí
Que este amor es tan profundo
Que tu eres mi consentida y que lo sepa todo el mundo
(bis)
(Coro)
(Coro)
(Coro)
TERCEIRA ETAPA
QUARTA ETAPA
QUINTA ETAPA
68
Inicialmente, mostraremos o material coletado de cada aluno, individualmente,
para, ao final, fazermos a confrontação dos dois, a modo de comparação, e discutiremos
alguns aspectos que nos chamaram a atenção durante a execução.
Ressaltamos que a classificação dos equívocos na produção dos sons de língua
espanhola aqui adotada foi feita com base na classificação de Sandes (2009).
ESTUDANTE 1
Para o primeiro estudante foi direcionado o texto 1, “Instrucciones para dar cuerda
al reloj”. Os equívocos de pronúncia mais destacados foram os seguintes:
69
TABELA 1 – Problemas na pronúncia do Estudante 1
ESTUDANTE 1
Abertura e fechamento X -
Nasalização X X
Mudança do timbre de vogais no final de
palavra - -
VOGAIS
Vocalização da consoante lateral - -
Ditongação - -
Epêntese em grupos consonantais - -
Vibrante múltipla [r] como fricativa velar
surda [x] X -
Vibrante simples [ɾ] como retroflexa
alveolar sonora [ɹ] - -
Palatização de <d>, <t> X -
Nasal palatal sonora [ɲ] como glide palatal
nasalizado sonoro [ỹ] - -
Lateral palatal sonora [ʎ] como lateral
CONSOANTES
alveolar palatalizada sonora [li] - -
Fricativa velar surda [x] como fricativa
alveolopalatal sonora [ʒ] - -
Africada prepalatal surda [ʧ] como fricativa
alveolopalatal surda [ʃ] - -
Sonorização de <v> X -
Sonorização de <z> ou de <s> X -
FONTE: Feito pelo autor
Legenda da tabela:
ESTUDANTE 2
71
“Que tu eres mi consentida, la niñita de mis ojos
ESTUDANTE 2
Abertura e fechamento X X
Nasalização X X
VOGAIS
Mudança do timbre de vogais no final de
palavra - -
Vocalização da consoante lateral - -
72
Ditongação - -
Epêntese em grupos consonantais - -
Legenda da tabela:
X = ocorrência com problema
- = ocorrência estável
CONFRONTANDO OS DADOS
73
concentrada no fator idade. O primeiro estudante é mais jovem, tem apenas 13 anos,
portanto, se mostrou mais aberto à aceitação das correções e, portanto, à percepção dos
sons. Por sua vez, o segundo estudante, com 21 anos, se mostrou mais propenso à
fossilização, ou seja, muitas vezes não responde às correções e mantém
inconscientemente o erro. Esses conceitos estão em Lenneberg (1967), associados ao
conceito chamado de Período Crítico, momento em que o cérebro infantil está dotado de
uma extraordinária plasticidade que é capaz de mediar, sem esforço consciente, o
aprendizado de novas línguas, possibilitando a crianças maior facilidade para falar novos
sons, enquanto para os adultos tal habilidade é bem restrita.
De qualquer maneira, acreditamos ter atingido nosso objetivo, uma vez que os
estudantes apresentaram melhor desempenho na produção dos sons da língua espanhola
após passarem por um exercício de intervenção fonética, utilizando a música como
ferramenta de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
75
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VIUDEZ, Francisca Castro et al. Ven 1 – Curso de Español para Extranjeros. Edelsa, 1998
77
LÍNGUA INGLESA: INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DO CADERNO DO ALUNO DO 6º
ANO PARA UMA COMPETÊNCIA DE LEITURA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado nos artigos anteriores da revista Desenvolvimento
Intelectual do mês de março e abril. Este artigo objetiva analisar atividades de leitura do Caderno do Aluno
Volume 2, correspondentes à 5ªsérie/6ºano do Ensino Fundamental II. A pesquisa observa se as atividades
atendem as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira – BRASIL (1998),
neste trabalho denominado PCN- LE (1998). A análise é desenvolvida por meio da metodologia de pesquisa
bibliográfica, com base na interpretação das tarefas das unidades.
Os dados observados, após a conclusão do trabalho, mostram que a maior parte das tarefas está em
consonância com aspectos dos PCN-LE (1998).
Palavras-chave: Língua Inglesa; Livro Didático; Caderno Do Aluno; Sexto Ano; Parâmetros Curriculares
Nacionais.
INTRODUÇÃO
78
O agir de forma reflexiva, como o próprio nome do curso propõe, fez com que,
dentre tantos assuntos, eu escolhesse para desenvolver meu artigo o tema “ materiais
didáticos”, especificamente o Caderno do Aluno, material elaborado e distribuído pela
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, porque é com ele que trabalho a
maioria dos dias letivos, esse é o principal recurso com que conto na escola pública.
E também levando em conta a situação do ensino público, no que se refere ao
aprendizado do idioma inglês, os PCN- LE (1998) denotam ênfase nas habilidades de
leitura, e atribui como uma das justificativas para isso o contexto de uso no Brasil, o qual é
específico para o ato de ler. Além de também fortalecer o desempenho do discente na sua
língua nativa, portanto é preciso ter um olhar minucioso para os recursos disponíveis, já
que são ferramentas constantes nas aulas.
Tal afirmação não significa deixar de lado outras situações relevantes, sendo elas
as habilidades que envolvem o aprendizado, e a busca pela melhoria do ensino de inglês
de forma geral, ou seja, tudo que toca essa possibilidade, desde recursos didáticos
compatíveis com um mundo digital até as condições para exercer a profissão. Contudo, o
que fazer de melhor com aquilo que temos de fato?
Por isso, julgo de grande contribuição saber se os materiais didáticos oferecidos
para o ensino público da língua, no que se refere à aquisição de leitura, estão em
consonância com os PCN-LE (1998) para o sexto ano do ensino fundamental. Essa
escolha se dá pelo fato de que na minha prática docente, observo que o aluno dessa série
chega bastante motivado para conhecer um novo idioma, pois é seu primeiro contato com
ele na escola. E conforme Leffa:
Tendo em vista que a motivação inicial parece não perdurar nos próximos anos,
acredito que deve haver um cuidado especial ao ensiná-lo, guiá-lo no desconhecido, de
maneira a fortalecer sua confiança, e desse modo, tornar-se confiante no futuro, ou seja,
no que encontrará nas próximas séries.
Com a finalidade de seguir com esse trabalho, é analisada uma unidade de leitura,
pertence ao Caderno do Aluno Volume 2, correspondente à 5ªsérie/6ºano, assim levanto a
seguinte questão:
79
1.A unidade de leitura do Caderno do Professor/Aluno volume 2, Situated Learning
3, apresenta uma linha teórica em consonância com os PCN-LE (1998), os quais norteiam
o ensino de Inglês da rede pública de educação do estado de São Paulo?
Exponho também uma proposta de uso conjugado, já que há também o livro
didático, e ambos são utilizados por mim nas aulas:
2.Como utilizar os dois materiais, livro didático, e Caderno do Aluno volume 2,
Situated Learning 3, de forma conjugada.
Ao usar os materiais, o docente pode ajustá-los, levando- o a uma abordagem que
complemente suas possíveis faltas. Para isso, é necessário que ele esteja consciente
desses hiatos, e assim possa elaborar formas de compensá-los.
Uma afirmação que condiz com esse pensamento está no Currículo do Estado de
São Paulo, documento que estabelece a matriz curricular das escolas públicas, e é
pautado nos PCN-LE (1998), e traz a seguinte observação:
Realizo a análise a partir das observações dos textos e tarefas contidos no material
objeto deste estudo, confrontando-as com as orientações didáticas indicadas nos PCN –
LE (1998).
A Situated Learnig 3 tem como título “Schools Around The World”, está dividida em
5 tarefas, o exemplar do Caderno do Professor, além das atividades para o discente traz
também sugestões de repostas esperadas para cada exercício.
81
ATIVIDADE 1
FIGURA 1 - Atividade 1
VISÃO DE OBJETIVOS
83
PCN – LE (1998), essa atividade parece se encaixar no que diz respeito aos componentes
de uma tarefa, listados entre outros em:
Os papéis, tanto dos alunos quanto do professor; por exemplo, parceiro num
diálogo ou na solução de um problema, monitor;
a organização, isto é, trabalho em pares, em pequenos grupos ou a classe toda.
(Brasil,1998, p.88).
84
Para a questão C, “About 115 million children and teens in the world don’t go to
school. Can you think of the reasons? ”, o Caderno do Professor adverte que as respostas
dos alunos podem ser bastante diversificadas, oferecendo como opção correta a seguinte
solução:
Para o item c), as hipóteses dos alunos podem ser bem variadas, entre
elas a falta de escolas nas comunidades mais distantes dos centros
urbanos, a falta de transporte, questões culturais etc. (Caderno do
Professor, 2017, p.29).
ATIVIDADE 2
FIGURA 3 - Atividade 2
85
VISÃO DE OBJETIVOS
86
VISÃO DE LINGUAGEM E APRENDIZAGEM
ATIVIDADE 3
Read the texts quickly and match them with the pictures in Activity 2.
a) “I’m Josephine and I live in the rural area near Accra, the capital of my country,
Ghana. I am very happy because I go to school every day. In my country, a lot of
children don’t go to school, especially girls. I really want to learn how to read and
write well.”
b) “Hello! I’m Juan, and I’m 11 years old. I don’t like my school very much. It is like
a prison, and there is no modern equipment in the classrooms. I wear a very clean
uniform (we are punished if it is not). Ah, and our shiny black shoes are very
important: I have shoe polish in my school bag and I shine my shoes at school.”
c) “Hi! I’m Akemi and I’m in the 8th grade at school. There are about 40 students
per class in my school. When teachers enter the classroom, we bow and say
Ohayo gozaimasu (‘Good morning!’). We are very silent in class because we
respect our sensei (the teacher).”
87
VISÃO DE OBJETIVOS
88
respostas: “a) 3 (palavras-chave: rural, Ghana); b) 2 (palavras-chave: uniform, Juan); c) 1
(palavras-chave: expressões em japonês, Akemi). ” (Caderno do Professor, 2017, p.29).
Seguindo as instruções para o desenvolvimento da tarefa, o leitor percebe que
pode encontrar as soluções a partir da compreensão do contexto, quer dizer, os detalhes
não entendidos não são obstáculos à identificação do objetivo proposto, esse desenrolar
da situação, o qual promove a compreensão geral, está em acordo com a visão de
linguagem e aprendizagem observado nesse trecho:
ATIVIDADE 4
4. Read the texts again and answer these questions: Who mentions...
a) uniforms?
b) greeting the teacher?
c) not speaking in class?
d) the number of students in class?
e) positive feelings about the school?
f) negative feelings about the school?
VISÃO DE OBJETIVOS
89
Novamente o Caderno traz uma atividade com a finalidade de levar o aluno a
perceber que: “nem sempre é necessário ler o texto todo, dependendo do propósito da
leitura. ” (Brasil,1998, p.94). Isso porque, nessa tarefa, ele se depara com palavras que
talvez ainda não conheça o significado, porém, não são impeditivos para localizar as
informações solicitadas, desde que seguidas as orientações do Caderno e do docente, as
quais pedem que o educando se apoie no conhecimento prévio e de organização textual
que já possui.
Ao desenvolver o exercício buscando o propósito pedido, ele faz uma leitura
concentrada nos itens de que precisa para respondê-lo, essa estratégia é uma técnica de
leitura denominada scanning6, por meio da qual “é possível scan o texto, isto é, fazer uma
leitura focada à procura das informações específicas de que precisamos” (SANTOS,
2012, p.63).
Desse modo, ao utilizar a estratégia de leitura scan no texto, o estudante está
realizando uma prática qualificada como comum por Santos (2012), como nos exemplos:
6
Scanning: estratégia de leitura focada na procura de informações de que o leitor precisa.
90
VISÃO DE LINGUAGEM E APRENDIZAGEM
Nesta etapa, o docente é orientado a pedir aos estudantes que leiam os textos
rapidamente, a procura dos nomes próprios de pessoas, avaliando o grau de dificuldade
deles em executar a atividade, então, se necessário intervir de modo a auxiliá-los.
O Caderno lança a hipótese de que o aprendiz pode sentir-se desconfortável com a
falta de vocabulário conhecido, e sugere que o professor os acalme, explicando-lhes que
as ilustrações e algumas palavras-chave, encontradas no texto, são suficientes para
identificar a “descrição”.
Continuando, o professor anota na lousa a tradução de algumas expressões que
estão no texto, e só nesse momento ele explica o enunciado da tarefa, a qual é
desenvolvida em dupla.
Finalizando, o professor corrige as repostas oralmente.
Respostas:
7
Palavras transparentes são conhecidas também como cognatos, ou seja, palavras que têm a sua ortografia
muito parecida com o idioma português e cujo significado permanece o mesmo em inglês ou em português.
91
Logo, no desenvolver dessa atividade, o aluno reúne todas as informações e as
filtra através dos três tipos de conhecimento, nesse processo ele faz comparações e
correlações com sua Língua Materna, com o conhecimento textual e de estrutura das
línguas, extraindo aquilo que for necessário à solução do problema.
Parece-me possível comparar o desenvolvimento da leitura ao de uma filtragem, o
leitor passa as informações pelo funil, elas passam pelas membranas de extração, as
quais corresponderiam à representação dos três conhecimentos, os quais agem de forma
integrada. O resultado desse processo é a construção do significado.
Por outro lado, o resultado se agrega às membranas, porque esse significado gera
mais conhecimento, é como se elas estivessem em constante aprimoramento e expansão,
conforme esquema ilustrativo:
ILUSTRAÇÃO 1
OBJETIVO DA PROPOSTA
94
Assim, a tentativa é de privilegiar o aspecto relevante na aquisição da leitura em
LE, de que o aprendiz mobilize seus conhecimentos para chegar aos objetivos, ao mesmo
tempo que lhe é dada a oportunidade de ser o protagonista do seu aprendizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
95
O material usado para a aprendizagem da língua deve ser autêntico. [...] O uso de
textos simplificados deve ser evitado, porque prejudicaria a autenticidade do
material; simplificar a tarefa, se necessário, mas não simplificar a
língua. (LEFFA,1988, p.21-22).
Contudo, a atividade não deve ser descartada, pois o aluno do sexto ano está
dando os primeiros passos no aprendizado formal da língua, por
isso esses textos podem ser um preparo para os autênticos, uma espécie de porta de
entrada para um contexto real. Lembrando que na cidade em que leciono não é oferecido
o segundo idioma na educação básica infantil pública, por conseguinte, eles chegam ao
Ensino Fundamental II apenas com o conhecimento informal do idioma.
Em vista de tudo que foi apreciado na pesquisa, chego à conclusão de
que conhecer profundamente o material de trabalho, permite ao profissional de educação
ajustá-lo às necessidades do aluno, assim como ganhar tempo para preparar as aulas,
além de elevar a qualidade do ensino oferecido.
Antes de frequentar o curso Práticas Reflexivas e Ensino Aprendizagem de
Inglês na Escola Pública, minhas aulas de leitura baseavam-se em um dos
materiais. Por meio de um novo olhar para minha prática, uni os dois recursos, de maneira
a facilitar o uso do material autêntico para um discente que ainda não tem intimidade com
o idioma, e creio eu, preparando-o de uma forma mais efetiva para o uso da língua
inglesa.
96
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97
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língua inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 191-201.
98
POSSIBILIDADES DO DESENHO PARA ALÉM DO
LÁPIS E PAPEL
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado na revista Desenvolvimento Intelectual no mês de março de
2021. Neste artigo, serão abordadas questões relevantes sobre o modo de olhar o desenho infantil. A saber,
alguns percursos criativos no desenho, possibilidades do desenho para além do lápis e papel, como desenhar
utilizando linha e movimento, bem como algumas dicas de como organizar o trabalho pedagógico, estratégias e
materiais para desenho. Realizei uma pesquisa de campo em minha sala de aula para a comprovação do tema.
Considero que não devemos criticar sem saber o contexto e o momento em que a criança se encontra em
determinada obra e acima de tudo, valorizar suas produções e promover sua potencialidade criativa. Portanto,
espero que esta pesquisa possa demonstrar algumas práticas educativas a fim de estender o olhar sensível,
sobretudo dos que atuam com crianças de 0 a 6 anos, para as inúmeras possibilidades de expressão que o
desenho e a arte proporcionam para a formação de um cidadão, sua cultura e construção de seu olhar sobre o
mundo.
INTRODUÇÃO
99
Dentro destas percepções, analisei alguns desenhos e criações. É conciso que os
rabiscos ganham complexidade conforme as crianças crescem e, ao mesmo tempo, dão asas a
seu desenvolvimento cognitivo e expressivo.
100
Logo em seguida o autor expõe um quadro detalhando a porcentagem referente a
cada comportamento em coerência com meses e anos de vida, segundo Montagner.
Então, completa com o pensamento de que comportamentos de conflito ou de
relacionamento se desenvolvem assim como a própria pulsação da vida, gradativamente,
e respeitar e compreender este processo é fundamental para o crescimento e valorização
deste decurso criativo.
De fato, todos os documentos da Rede de Ensino do Município de São Paulo,
bem como todas as considerações bibliográficas que fazem conexão para melhor
compreensão do documento inicial deste artigo, a saber, A Rede em Rede: A Formação
Continuada na Educação Infantil em seu segundo fascículo da série Cadernos da Rede
Formação de Professores, destacou o tema Percursos de Aprendizagens: Um Olhar Para
O Desenho, que discorre sobre o fato de que o desenho é uma das linguagens mais
associadas às atividades infantis, considerando o ato de desenhar como a marca de uma
trajetória, pois por meio dele imprimimos nossa marca e delineamos nossa
individualidade. Considerando então que toda criança desenha, diante deste fato, é
necessário ter sensibilidade para analisar a expressão através dos traços, se ela desenha
para brincar, contar uma história, registrar sua fala, examinar também como ela organiza
o espaço e participa do processo de criação, para isto é fundamental a prática da escuta
por parte do professor, bem como um planejamento que garanta a escolha de como se
expressar.
Os adultos tendem a valorizar apenas o desenho figurativo, depreciando que o
que importa para a criança é o prazer em brincar com o próprio corpo e sua interação
com os materiais, seus pares e o adulto que é sua maior referência, e estas
experiências vão promovendo novos prazeres e desafios, e ao adquirir domínio sobre
seu corpo e seus movimentos, vão alcançando ensejo para atuar sobre a plasticidade da
matéria, em seguida, vem a percepção de que seus gestos produzem marcas estáveis,
até que se suas marcas venham a constituir-se no desenho.
À vista de tudo o que já foi denotado, destacamos alguns pontos solenes que o
documento elaborou por tópicos, sendo eles as “Possibilidades do Desenho para Além do
Lápis e Papel”, que implica em proporcionar uma diversidade de recursos artísticos;
“Desenho: Expressão de Linha e Movimento”, os traços, gestos e movimentos precisam
ser observados e valorizados; “A Continuidade como Critério de Planejamento”, indica que
educar o olhar é uma atitude constante de construção de repertórios por meio de
101
experiências sensíveis; “Para Organização do Trabalho”, é preciso organização de
tempos, espaços e materiais, pensados em favorecer aprendizagem significativa.
Galgar por esta formação, bem como por toda documentação e concepção durante
esta pesquisa, foi de extrema relevância para minha formação, e sensibilização do meu
olhar para percorrer o percurso como educador, promovendo aprendizagens significativas,
reconhecendo o desenho e suas marcas para este processo, portanto, apresentarei a
prática desta formação que foi por mim aplicada em sala de aula.
Segue então uma epígrafe, apresentada no documento, para reflexão, e em
seguida o passo a passo deste percurso criativo.
OBJETIVOS:
• Desenvolver a criatividade;
CONTEÚDO:
• Exploração e manipulação de tinta guache com pincel, papel A3, Kraft,utilizando como
suporte gráfico chão, parede ou mesas;
• Exploração de diferentes movimentos, visando a produção de marcasgráficas.
ORGANIZAÇÃO:
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO:
1ª) Coloquei papel Kraft preso no chão e também na parede da sala. Depois coloquei as
tintas em forminhas de isopor e dei um pincel para cada um.
2ª) Coloquei duas mesinhas de atividades na sala, fixei as folhas A3 com durex. Tanto
nas mesas como nas paredes. Depois peguei os pincéis, as forminhas de isopor e
coloquei as tintas, disponibilizei diversas cores. Ex: branco, preto, vermelho, azul e
amarelo.
MATERIAIS UTILIZADOS:
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL:
Quando eles foram chegando, viram a sala diferente e eu dizia que teríamos
atividade com tinta e que nossa manhã seria muito divertida. Falei da utilização do pincel
e diversas vezes que não era para colocar na boca, que não era de comer e que era para
pintar os papéis e fazer um lindo desenho.
103
AVALIAÇÃO
Na 1ª atividade eles podiam ficar mais soltos pela organização do espaço, podiam
criar livremente. Mas eles não exploraram todos os locais disponíveis. A liberdade e o
prazer do contato fez com que eles ficassem fascinados.
Na 2ª atividade solicitei a eles que criassem um desenho, mas limitei-os, pois
fizeram na mesinha sentada, mas logo um se levantou para pintar em pé e depois
descobriu os outros locais como o espelho e a parede. Com a descoberta, os outros
alunos o seguiram para experimentar outras possibilidades de criação.
A emoção que senti em perceber a felicidade dos meus alunos em explorar algo
novo, seus olhares e sorrisos foi emocionante. A sensação maravilhosa de poder
proporcionar o acesso ao conhecimento, de permitir-lhes a exploração da arte é algo que
ficará guardado em minha memória.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
104
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São Paulo. SME/DOT São Paulo-SP, 2006.
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Paulo: 2007.
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MARTINS, Miriam Celeste. ET AL. Didática do ensino da arte/ a língua do mundo: poetizar, fruir e
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<https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be>. Acesso em: 30 de out. de 2016.
105
CONCEITO DE ÉTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado na revista Desenvolvimento Intelectual no mês de abril
de 2021. Este artigo se trata de uma pesquisa qualitativa sobre o conceito de Ética e Educação: um estudo
sobre a formação ética nas relações docente. Onde ela aparece no currículo das faculdades de São Paulo.
O objetivo deste estudo foi descobrir com são os projetos de formação de professores desenvolvidos no
curso de pedagogia das instituições, tendo como referência identidade ética que procuram desenvolver nas
relações docentes dentro da escola. O problema colocado é: Se ética é importante para a formação de
professores. Não é necessário que tenha uma disciplina especifica como, Ética na educação no currículo do
curso de pedagogia. Este trabalho justifica pelo pressuposto que a educação deve se preocupar com a
formação ética dos estudantes em todos os níveis inclusive no ensino superior. A necessidade de discutir
esse tema se dá no fato de que não se tem uma disciplina especifica nas faculdades particulares sobre ética
na formação de professores. Para busca de respostas foram feitos estudos teóricos de alguns autores que
discutem o tema, bem como levantamento de respostas por meio de entrevista e enquete e analises das
mesmas. Na análise percebeu-se que, que os sujeitos da pesquisa sentem uma necessidade de uma
formação ética, mas não acreditam que uma disciplina irá sanar essa necessidade. Conclui-se que uma
disciplina ética e educação no currículo do curso de pedagogia ajudam a formação, porém soluciona a falta
de ética nas relações docente, pois ética também constrói na ação de todos envolvidos.
INTRODUÇÃO
108
INSTITUIÇÃO I
INSTITUIÇÃO II
109
INSTITUIÇÃO III
Voltada para uma educação que tem como base a fé cristã, esta instituição,
também segue alguns princípios, que até cita a formação ética. No relacionamento
interpessoal: lealdade, respeito mútuo, compreensão, honestidade e humildade;
• No exercício da atividade profissional: ética, competência, criatividade,
disciplina, dedicação e disposição para o trabalho voluntário;
• No processo de decisão: busca de consenso, de justiça, de verdade, de
igualdade de oportunidades para todos;
• No relacionamento com outras instituições: responsabilidade, independência
e transparência.
Estes princípios estão presentes no currículo da instituição, que além de ter uma
postura cristã, prepara os alunos para a cidadania e exigências do mundo atual.
TABELA 1
Segundo os entrevistados a ética está relacionada à
princípios morais, tanto no que se refere a um contexto
social como nas atitudes individuais dos sujeitos.
O que você entende sobre ética na
ação do professor?
110
A maior parte dos entrevistados respondeu que
estudaram ética na disciplina de filosofia no segundo
semestre da faculdade. O simples fato de se estudar
uma disciplina não fornece aos profissionais, atitudes
de respeito e princípios, isso depende muito de cada
Qual é a sua opinião sobre os cursos
pessoa. Acredito que seja uma questão de valores que
de pedagogia não ter essa disciplina
faz parte da formação do indivíduo desde a tenra idade,
no seu currículo. Você acredita que a
de maneira que uma disciplina cursada na faculdade
prática ética se desenvolve na relação
não cria em uma pessoa noções de moral. É
com os outros, ou já é da natureza de
fundamental que todas as disciplinas trabalhem
cada sujeito?
abordando fundamentos éticos, e mais que isso, que
todos os educadores independentes do nível que
lecionam tenham consciência que a atitude vale muito
mais que uma disciplina no currículo
Diante das pesquisas realizadas com os alunos, pude observar que a grande
maioria não entende muito bem o conceito de ética, fazendo certa confusão ao termo
111
moral. O que se explica que ambos os termos se assemelham, embora tenha a mesma
relação, não tem o mesmo significado.
Para explicar essa “certa” confusão e os motivos que isso acontece
corriqueiramente, recorro ao quadro teórico desta pesquisa em que La Taille, Souza e
Vizioli, explica:
É a reflexão que nos fará ver a consistência até de nossa própria conceituação, é
que, articulada a nossa ação, estará permanentemente transformando o processo
social, o processo educativo, em busca de uma significação, mais profunda para a
vida e para o trabalho. (RIOS, 1999. pg.67).
113
FIGURA 1
25%
sim
não
75%
Os dados analisados, relativos aos alunos, mostram que estes não acreditam que
uma disciplina específica vá atender as necessidades de uma formação ética para os
profissionais da educação, assim como mostra a figura I.
Estas enquetes foram aplicadas nas instituições, estive diretamente em contato
com os sujeitos da pesquisa. Isso me possibilitou fazer algumas observações nos
comportamentos dos alunos conforme respondiam as enquetes.
FIGURA 2
Resultado da enquete
sobre o que os alunos
pensam em relação a
disciplina filosofia.Ela
garante uma formação…
18%
si
82% m
114
O resultado da segunda pergunta demonstrada na figura II aponta que os alunos
sentem uma defasagem na formação recebida, a partir de filosofia da educação na área
de ética, que apenas essa disciplina não é suficiente para a formação da ética nas
relações docentes.
116
A ética e a formação do profissional da educação são um tema intrigante. Esta é uma
formação que reforça uma perspectiva ética assente numa fundamentação intrínseca, numa
reflexão crítica e criativa, que perpassa pela teoria e pela pratica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo dos objetivos traçados nessa pesquisa, das bases teóricas adotadas (no
artigo Educação e Ética) e dos resultados obtidos mediante às entrevistas e suas
respectivas análises, indicarei agora as minhas conclusões.
É importante voltar aos motivos que me levaram a realizar essa pesquisa, pois
foram as inquietações para traçar esse percurso em buscas de respostas para um
problema que atinge a educação. Ética na formação de professores.
Tendo em vista a preocupação que a educação é de extrema importância na
construção e formação ética do sujeito e que esta formação se refletirá na sala de aula e
nas relações com o outro. Pensar em estudar e entender como se dá esse processo, me
inquietou bastante. Desta forma, para entender os motivos, que levam a não existir uma
disciplina Ética nos cursos de pedagogia, as hipóteses levantadas foram.
• Não existe, pois, parte do pressuposto que os professores já vêm
carregados de ética.
• A disciplina filosofia que trata de ética dá conta de favorecer essa formação.
Para responder a essas hipóteses, apontei no quadro teórico qual o conceito da
ética do ponto de vista de vários autores, para que na análise pudesse perceber o que
alunos, professores e coordenadores pensam sobre essa formação no curso de
pedagogia.
A partir de resultados obtidos nas análises, cheguei às seguintes considerações:
Os sujeitos da pesquisa percebem a ética, por uma vertente mais voltada para a moral, as
respostas que obtive foram pautadas nas relações e condutas, não para uma ética voltada
para às relações docentes dentro da escola.
De acordo o estudo realizado, cheguei ainda à seguinte resposta: Que ética é
importante e necessária nas relações docente dentro da escola, no entanto, uma
disciplina com denominação ética no curso pedagogia não é suficiente para solucionar os
problemas da falta de ética que atinge essa relação docente, é fato que, muitos dos
profissionais da educação, não possuem uma ética na relação com o outro, não possuem
um respeito na construção do conhecimento, que tendo essa disciplina ajudaria no
117
entendimento ao conceito, todavia, a disciplina ética no currículo do curso de pedagogia
não funcionaria sozinha, pois o fato de ter uma disciplina ética, não significa que o
professor venha a ser um profissional com posturas éticas, se ele também não tomar
consciência de seus atos e atitudes, o fato de ser professor ou está preparando para esse
exercício não evidência que são éticos, uma vez que a ética também se constrói a partir
da ação e das relações com o outro.
Considero ainda, mesmo que a filosofia proporcione um enfoque à ética, ela não é
suficiente para a construção da ética na formação de professores, pois o seu olhar para a
ética é, portanto, direcionada a um olhar amplo e social, aclarando essa resposta, recorro
às falas de professores, alunos e coordenadores do curso de pedagogia, que dizem sentir
essa necessidade.
Desta forma, posso afirmar que formação do profissional da educação reforça uma
perspectiva ética assente numa fundamentação intrínseca, numa postura, reflexiva,
crítica, criativa, contudo também numa postura aberta e flexível ao respeito pelo outro, na
sua relação com o outro, na sua pratica que dela emergem princípios e valores, que ainda
precisa ser entendida e compreendida.
Deste modo, preconiza-se a necessidade de uma ética que opera criativamente na
relação entre essas várias perspectivas: em que haja uma ética da compreensão, pela
reflexão, equânime, que se ajusta com uma ética do cuidado, pela valorização do outro e
das consequências dos atos.
Assim, nessa perspectiva das dimensões éticas, pela qual se acentua o seu caráter
obtido, a formação de professor e o estudo surgem como fontes de formação ética, mas
mencionada por vezes de um modo vago e sem muita ênfase.
O desenvolvimento deste trabalho me permitiu uma reflexão sobre minha prática, e
qual minha contribuição para o desenvolvimento ético dos meus alunos. Foi um processo
que me oportunizou repensar as minhas ações e até mesmo voltar atrás em escolhas
profissional que antes já havia feito.
Espero assim, que esta pesquisa sirva para que as instituições de ensino superior,
frente à tão necessidade de formar professores éticos, repensem suas estruturas
curriculares, suas práticas e seus objetivos.
118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLINI, L. M.; RUIZ, A. R. Moralidade, ética, autonomia e educação. Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos. Brasília, v. 78, n.188/189/190, p. 216-235, jan./dez. 1997.
CAETANO, Ana Paula, SILVA, Maria de Lurdes. Ética profissional e Formação de Professores. Tese de
doutorado. Abril 2009.
CLAUDINEI, José, GOERGEN, Pedro. Reflexões filosóficas e históricas. Campinas, São Paulo. 2005.
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia. Parecer cne/cp nº: 5/2005. Aprovado em
13/12/2005-Breve histórico do curso de pedagogia.
LA TAILLE, Yves de; Souza, Lucimara Silva de; Vizioli, Letícia. Ética e educação: uma revisão da literatura
educacional. São Paulo, 2003.
Novak, Fernanda Helman. A construção de valores no ensino superior: um estudo sobre a formação ética
dos estudantes universitários. São Paulo, Feusp, 2008. (Dissertação de Mestrado).
RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e competência. 7ed. São Paulo. Cortez, 1999(coleção questões da nossa
época, v.16).
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho Científico. 23º ed. Revisada e atualizada – São
Paulo: Cortez, 2007.
119
FOTOGRAFIA NO BRASIL E SUA FORMA DE ARTE: ASPECTOS HISTÓRICOS
MARCELA SOARES
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior, publicado pela revista Desenvolvimento Intelectual no mês de
abril, intitulado Fotografia, uma forma de arte: Aspectos Históricos. Neste artigo, será apresentado aspectos
históricos da fotografia no Brasil e o impacto que ela causou até os dias atuais, no Brasil e no mundo todo.
INTRODUÇÃO
É preciso ter visto a coisa com os seus próprios olhos para se fazer idéia da
rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, o chafariz do Largo
do Paço, a Praça. Do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam
reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a
cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem a intervenção do artista.
(Jornal do Commércio, 17.01.1840, p.2).
121
1922. Os Senhores do Café e a sociedade como um todo, tinham uma visão de mundo
infinitamente estreita e só poderiam conceber a fotografia como mágica divertida, mais
uma invenção européia maluca.
Após uma demonstração feita pelo abade Louis Compte, Dom Pedro II tornou-se
um grande entusiasta da daguerreotipia e, antes mesmo de completar 15 anos de idade,
começa a fotografar e colecionar fotografias;
No Brasil, a fotografia como arte surge por volta de 1939, a partir da organização
dos primeiros fotoclubes. Essa corrente viveu o seu apogeu entre as décadas 1950 e
1960, introduziu o modernismo à fotografia brasileira e revelou toda uma geração de
influentes artistas, como Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, German Lorca e Eduardo
Salvatore. A produção era baseada na experimentação, com fotomontagens, colagens e
intervenções diretas no negativo. Com grande influência do dadaísmo e do surrealismo,
esses fotógrafos experimentavam justaposições e processos alternativos que abriam
espaço para a livre interpretação do observador, permitindo significados múltiplos e
desfazendo a ideia de fotografia como representação do real. Somando-se a isso, havia
uma forte tendência de explorar as formas geométricas, através de linhas e diagonais, o
que resultava em contrastes facilmente encontrados no cenário urbano.
O golpe militar de 1964 inibiu a fotografia como forma de expressão e a fez voltar
para o campo da fotorreportagem. Poucos artistas, como Anna Bella Geiger e Miguel Rio
Branco, arriscaram-se a se expressar através de suas imagens nesse período. A
retomada ocorreu na década de 1980, quando do processo de redemocratização, que
serviu como um redirecionamento contemporâneo na arte de forma geral.
A partir dos anos 90, as ideias do pós-modernismo florescem no país e a cena
artística começa a atestar a fotografia como expressão, incluindo-a no processo criativo.
O tema passou a ser debatido no âmbito acadêmico, e, em 2002, o Ministério da
Educação aprovou o primeiro bacharelado em fotografia, desenvolvido pelo Senac de São
Paulo. Atualmente, temos cursos de graduação e de pós-graduação por todo o país, o
que permite o surgimento de um maior número de trabalhos artísticos embasados em
pesquisas e estudos.
123
A DESCOBERTA ISOLADA NO BRASIL
Por mais paradoxal que seja, foi justamente dentro desse cenário que o Brasil, do
outro lado do Atlântico, disparava na frente das grandes metrópoles europeias,
descobrindo a fotografia no interior do Estado de São Paulo, em 15 de agosto de 1832.
A quase inexistência de recursos para impressão gráfica daquela época, levou
Hércules Romuald Florence, desenhista francês, radicado no Brasil, a realizar pesquisas
para encontrar fórmulas alternativas de impressão por meio da luz solar.
Francês, natural de Nice, Florence chegou ao Brasil em 1824 e durante os 55 anos
que aqui viveu até a sua morte, na antiga Vila de São Carlos – Atual Campinas/SP,
dedicou-se a uma série de invenções. Entre 1825 e 1829, participou como desenhista de
uma expedição científica, para registrar a Fauna e Flora Brasileira, chefiada pelo Barão
Georg Heirich von Langsdorff, cônsul geral da Rússia no Brasil. De volta da expedição,
Florence, casou-se com Maria Angélica Alvares Machado e Vasconcelos, em 1830.
Durante a década de 30, Florence deu sentido prático à sua descoberta que ele
próprio denominou de “Photographie”: imprimia fotograficamente diplomas maçônicos,
rótulos de medicamentos, bem como fotografara desde 1832 alguns aspectos de sua Vila,
isto é, cinco anos antes do Inglês John Herschel, a quem a história sempre atribuiu o
mérito de ter criado o vocábulo.
Em 1833 Florence aprimora seu invento, e passa a fotografar com chapa de vidro e
papel pré-sensibilizado para contato.
Foi o primeiro a usar a técnica “Negativo/Positivo” empregado até hoje. Enfim, totalmente
isolado, contando apenas com os seus conhecimentos e habilidade, e sem saber as
conquistas de seus contemporâneos europeus, Népce, Daguerre e Talbot, Florence
obteve em terras brasileiras o primeiro resultado fotográfico da história.
O Nitrato de Prata, agente sensibilizante e princípio ativo da invenção de Florence,
tinha um pequeno inconveniente: a imagem após revelada, passava por uma solução
“fixadora” que removia os sais não revelados, mantendo a durabilidade da imagem.
Constatou que a amônia além de ter essa função, também reagia com os sais oxidados
durante a revelação, rebaixando o contraste da imagem final. Conforme em seu diário,
passou a usar a urina, rico em amônia como fixador “fiz isso por acaso”! De fato, um dia
enquanto revelava, esqueceu de preparar o Fixador tradicional. Como a vontade de urinar
apareceu de repente, não poderia abrir a porta de seu laboratório, com risco de velar seus
filmes. Acabou urinando em uma banheira e na confusão, acidentalmente passou suas
chapas para lá. Além de descobrir a própria fotografia, descobriu também o processo mais
124
adequado para a fixação da imagem, que atualmente foi substituído pelo “Tiossulfato de
Amônia” utilizado atualmente na fotografia Preto & Branco, Colorida, Cinema, Artes
Gráficas e Radiologia.
Alguns exemplares das imagens de Florence existem até hoje, e podem ser vistos
no Museu da Imagem e do Som, SP. Sua contribuição, entretanto, só ficou sendo
conhecida pelos habitantes de sua cidade, e por algumas pessoas na Capital de São
Paulo e Rio de Janeiro, não surtindo, na época, qualquer outro tipo de efeito, conforme
exaustivas pesquisas e investigações do historiador paulistano Boris Kossoy.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Artes, e Escola: é um programa de Ação Artística de caráter Educativo Realizado no Sesc Santana. O
projeto tem como parceria da Secretaria da Educação Do Estado De São Paulo.
B823p Brasil : Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : arte / Secretaria
de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf> Acesso em: 01 nov. 2020.
COELHO, Maria Beatriz Ramos de Vasconcelos. A Construção da imagem da nação Brasileira pela
fotodocumentação: 1940-1999. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio deJaneiro: UFRJ, 1995.
FOTOPINTURA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural,
2019. Disponível em:<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3871/fotopintura>. Acesso em: 16 de Nov.
2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Leite , Enio Prof .Dr.: Trecho da Tese de Livre Docência FOCUS Escola de Fotografia. Disponível em:
<http://focusfoto.com.br>. Acesso em: 16 de Nov. 2019.
OMAR, Arthur, VENDRAMINI, Cláudia (coord.). ANTROPOLOGIA DA FACE GLORIOSA. Tradução John
Norman. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
OTOGRAFIA no Brasil. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2019. Disponível em:
RENNÓ, Rosângela. Rosângela Rennó. Apresentação Felipe Chaimovich; texto Paulo Herkenhoff. São
Paulo: Edusp, 1998. (Artistas da Usp, 9).
Ray, Man em Paris : Museu de Artes , Ministério da Cidadania e Centro cultural Banco do Brasil
apresentam.
RIO BRANCO, Miguel. Silent Book. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
ZANINI, Walter (Coord.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles: Fundação
Djalma Guimarães, 1983. v.2.
130
A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado no artigo da revista Desenvolvimento Intelectual do
mês de abril, intitulado A Filosofia: Conceitualização Na Forma De Educar. Este artigo busca uma reflexão
sobre a utilização da filosofia na educação e sua importância na formação da criança. Aqui, será
apresentado alguns dados históricos de contribuições de grandes nomes da filosofia dentro da educação
escolar. Para tanto, foi examinado as considerações que fundamentam a educação e a filosofia poderem
caminhar juntas com o intuito de desenvolver nos educandos o ato de reflexão. Recorri à história da
humanidade em busca da concepção de alguns filósofos clássicos sobre a infância, como também alguns
pensadores atuais. Neste estudo, encontrei Matthew Lipman, o qual inclui a proposta norte-americana do
Programa Filosofia para Crianças, destacando-o como importante para a formação dos educandos foram
investigados também os conceitos da infância e a possibilidade cognitiva da criança ter condições, durante
o período da alfabetização, aprenderem a refletir, estudando os filósofos. Em seguida, foi considerado que
há outros meios para viabilizar uma reflexão contínua.
INTRODUÇÃO
Este estudo nasceu de uma paixão pelo ato de pensar e o desejo de questionar e
melhorar o modelo contemporâneo da escola que deslancham infindáveis conteúdos, sem
ao menos preocupar-se com a reflexão e a crítica do indivíduo. Por sua vez, a sociedade
encontra-se prejudicada devida essa composição de cidadãos que não reconhecem seu
lugar no todo.
É notável a dificuldade de compreensão de nossos jovens e isso ocorre por terem
passado pela infância sem que houvesse o questionamento, por não terem ensinado a
eles o ato de pensar reflexamente, de ser crítico e de criar.
A Filosofia propõe reflexões que permitem compreender melhor as relações
histórico-sociais e, ao mesmo tempo, inserir o discente no universo das representações
simbólicas.
Para Lipman (1998) a escola deve não somente ensinar os conteúdos,
devendo também ser racional e sensata, o que significa que o processo educativo deve
dedicar-se a cultivar o raciocínio e o julgamento, reconhecendo que a aprendizagem é um
aspecto importante da educação. A filosofia é um exemplo disso, pois seu objetivo é
131
buscar as características do raciocínio, permitindo definir, classificar, deduzir verdades e
significações.
Foi observado, então, a importância de formar discentes reflexivos a partir de seu
próprio conhecimento. Para andar, precisamos de uma fase de exercício e aprendizado;
para pensar, precisamos de um critério de clareza; para filosofar, precisamos aprender as
ciências do mergulho em nós mesmos. Pois, se um indivíduo é passivo intelectualmente
não conseguirá ser livre moralmente.
O CONCEITO DA INFÂNCIA
A filosofia da infância tem uns vinte anos de vida. Parece pouco tempo na história
toda da humanidade. Mas é assim mesmo. Os filósofos não têm se preocupado
sistematicamente com a infância, a não ser recentemente. Ocorreram certamente,
por milênios, referências esporádicas, aforísticas, como por exemplo, em Lao Tse,
Heráclito, Aristóteles ou Montaigne (KOHAN e KENEDDY, 1999, p. 9).
132
integração do meio social. Isso também abrange as crianças de classe mais privilegiadas,
tratadas sem haver considerações sobre a existência de uma identidade pessoal.
Demorou muito tempo até que se dessa conta de que as crianças não são homens
ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que
essa consciência se impusesse também em relação às bonecas. É sabido que
mesmo as roupas infantis só muito tardiamente se emanciparam das adultas.
(BENJAMIN, 2002, p. 86).
Os filósofos, de forma geral, não davam importância à infância, por acreditarem que
não havia significado em uma criança, ser humano em miniatura e inacabado. Mas no
final do século XVII, o conceito de criança passou a ser discutido. A criança passou a ter
seu espaço em debates, discussões e experiências, para assim, ter um melhor
aprendizado, contando com ações pedagógicas que contribuem para esse
desenvolvimento.
Assim como Aranha (1995) já mencionava, em tal ambiente não existia lugar para
sentimento da infância. Isso não significa que as crianças não são amadas ou atendidas
nas suas necessidades, mas que elas não vivem em um mundo à parte, separado do
mundo adulto.
Era comum vermos pessoas de classe nobre enviar seus filhos para aprenderem
boas maneiras, como portar-se frente às visitas, sentar-se à mesa, vestir-se
adequadamente, seguindo sempre os moldes por eles estipulados e a prestar serviço
para outras famílias, como lavadeiras, passadeiras, entre outras. Podia notar que dos sete
aos quatorze anos, a criança aprendia diretamente pela prática, em seus afazeres
domésticos e cotidianos.
Sendo assim, quando a criança saía de sua própria família, restavam somente
laços de natureza moral e social, mais do que laços afetivos. A estrutura familiar não
previa a demonstração de sentimentos. A perda de um filho era como um acontecimento
comum, e não abalava a estrutura dos pais. Os índices de mortalidade infantil eram
elevados e os índices de vida dos adultos, eram mínimos.
Essa mesma forma de pensar também ocorria nas escolas. As aulas eram
ministradas com alunos novos ao lado de jovens, adultos e idosos que estavam dispostos
e interessados em aprender, sem haver distinção de faixa etária, até mesmo nos
133
prontuários e nos documentos medievais não se fazia menção à idade dos alunos, pois
era um fator que não possuía importância.
A duração da infância era reduzida ao seu período mais frágil enquanto o filhote
do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum
desembaraço físico, era logo misturado aos adultos, e partilhava de seus trabalhos
e jogos. De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em um
homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem
praticadas antes da Idade Média e que se tornaram essenciais nas sociedades
evoluídas. (ARIÈS, 1981, p.10).
134
poderia ser o dono de si próprio. A educação naturalista baseia-se também na não
aceitação de uma educação intelectualista, ressaltando em dizer que o homem não se
constitui apenas do intelectual, pois existiam disposições primitivas presentes, como as
emoções, os sentidos, os instintos e os sentimentos existentes antes de um pensamento
elaborado, pensamento este, que muitas vezes, fora forjado pela sociedade. Essas
dimensões são para ele, mais dignas de confiança, pois está sendo gerado naturalmente,
sem essas tais imposições.
Para Rousseau, a criança é um ser com características próprias em suas ideias e
interesses, sendo assim, não mais podia ser vista como um adulto em miniatura, não
sendo educada para Deus, nem para a vida em sociedade, mas sim, para si mesma.
Ressaltando que a educação não vem de fora e a sua finalidade era ensinar a criança a
viver e aprender a exercer a liberdade, sendo assim, ao terminar os ensinos escolares,
não será um magistrado, soldado ou sacerdote, será, antes de tudo, um homem. E por ser
diferente do adulto, a criança tinha suas características próprias e individuais, o que era
necessário uma mudança na concepção do adulto, respeitando a individualidade e a
necessidade dela, como o brincar, o brinquedo e os esportes.
Passou a desmentir a ideia de que a educação é um processo no qual a criança
adquire conhecimentos, hábitos e atitudes guardados e transmitidos pela sociedade, sem
que haja modificação. Em cada fase da vida há uma modificação de acordo com sua
característica própria e deve ser respeitada com suas peculiaridades, tornando assim, a
educação não mais considerada preparatória para a vida.
A fase da infância, até os cinco anos é correspondida com uma fase inicial, com o
aparecimento de sentimento. Aos doze anos, na fase da adolescência, a pessoa torna-se
consciente de si mesmo, despertando assim, o racional, por ser um ser isolado, não
desfruta ainda da moralidade. Na fase da puberdade surge a vida social do indivíduo. Na
fase da maturidade, o surgimento dos mais altos sentimentos, evoluindo naturalmente a
moralidade.
Rousseau formulou ideias com princípios educacionais que vimos sua permanência
até a nossa atualidade.
“Por meio da educação, a criança vai se reconhecer como um membro vivo do todo. ”
(Froebel).
O alemão Froebel (1782-1852) foi um dos primeiros educadores a considerar o
início da infância como uma base de importância decisiva na formação das pessoas.
135
Como fundador dos jardins-de-infância, destinado aos menores de oito anos. O nome
reflete um princípio que Froebel compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de
que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos
para que cresça de maneira saudável. Ele procurava na infância o elo que igualaria todos
os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio social.
Froebel previu uma educação que ao mesmo tempo permite o treino de habilidades
que as crianças já possuem e o surgimento de novas. Para Froebel, a educação se
desenvolve espontaneamente. Quanto mais ativa é a mente da criança, mais ela é
receptiva a novos conhecimentos. Portanto, a educação teria como fundamento a
percepção, da maneira como ela ocorre naturalmente nos pequenos. A criança, segundo
o educador, trazia em si a semente divina de tudo o que há de melhor no ser humano.
Cabia à educação desenvolver esses germes e não deixar que se perdesse.
O educador acreditava que as crianças trazem consigo uma metodologia natural
que as levam a aprender de acordo com seus interesses e por meio de atividades
práticas. Froebel defendia a educação sem imposições às crianças porque, segundo sua
teoria, elas passam por diferentes estágios de capacidade de aprendizado, com
características especificas.
As atividades e o material escolar eram determinados de antemão, a oferecer o
máximo de oportunidades e tirar proveito educativo da atividade lúdica. As brincadeiras
eram acompanhadas de músicas, versos e danças. Para uma formação satisfatória o
caminho seria deixar a criança livre para expressar seu interior e perseguir seus
interesses.
136
Pode parecer que o nosso século tenha dado um passo adiante e, longe de querer
ver nas crianças pequenos homens ou mulheres, reluta inclusive em aceitá-las
como pequenos seres humanos. (JOBIM E SOUZA, 2000, p. 86).
137
Benjamin ao destacar esse olhar cinematográfico que a criança tem, revela-nos
com sensibilidade e beleza como os objetos se tornam para ela um reino de enigmas que
podem ser decifrados em diversas direções. O sensorial, frequentemente empobrecido na
experiência dos adultos, torna-se para a criança uma realidade que anula a diferença
entre objetos inanimados e seres vivos.
Acredita que “jamais são os adultos que executam a correção mais eficaz dos
brinquedos – sejam eles pedagogos, fabricantes ou literatos –, mas as crianças mesmas,
no próprio ato de brincar” (BENJAMIN, 2002, p 87), pois os adultos buscam de uma forma
materialista transpor uma possibilidade de significação para a criança, a qual, não preza
por essa qualificação no brinquedo, deixando de lado o materialismo e libertando sua
imaginação a ponto de poder transformar na brincadeira de um lápis em um avião,
transferindo essa previsibilidade sua autonomia no brincar como resposta da criança ao
brinquedo, sendo a proposta pedagógica do educador, tornando assim, um par dialético,
traduzindo o relacionamento entre o adulto e a criança.
138
ativo, seja ação por interesse ou necessidade, só poderá chegar ao absoluto rendimento
se forem despertados nela individuais motivos da atividade.
MATTHEW LIPMAN
GIORGIO AGAMBEN
141
Agamben (2005) compreende a infância como condição da existência humana e
não apenas como uma etapa cronológica e passageira do desenvolvimento. Ressaltando
que a ausência de voz – en-fant – não significa uma falta, e sim uma vez que é na infância
que nos constituímos como sujeitos naturais e pela linguagem. O único animal com a
capacidade de falar é o ser humano, e o mesmo não o faria sem a infância, pois nela que
interrompe aquilo que é natureza e aquilo que é cultura, entre língua e discurso, podendo
assim, continuar a viver, transformando, no cotidiano, a língua em discurso que propicie
uma situação de criador de cultura.
(...) a infância que aqui está em questão, não pode ser simplesmente algo que
precede cronologicamente a linguagem e que, a certa altura, cessa de existir para
versar-se na palavra, não é um paraíso que, em um determinado momento,
abandonamos para sempre a fim de falar, mas coexiste originalmente com a
linguagem, constitui-se, aliás, ela mesma na expropriação que dela efetua,
produzindo a cada vez o homem como sujeito. (AGAMBEN, 2005, p. 59).
Sendo assim, torna-se possível dizer que para Agamben, há história porque há
infância e, para Freire, há infância devido à condição de inacabamento do ser humano.
Portanto, no sentido agambeniano, é uma das manifestações do inacabamento do
homem, uma expressão de esperança, pois se o ser humano nascesse com o poder de
um discurso, ou seja, falante, seria já natureza, não haveria algo do qual devesse se
apropriar, com isso, um homem sem infância, nada tendo a aprender, tornando-o um
homem sem história, conceito este denominado historicidade do ser humano.
Este inacabamento fundamentado por Agamben é o que nos torna abertos ao
mundo, curiosos, inquietos, criativos, capazes de pensar em outro mundo, construir nova
história, de sermos sujeitos de experiência, que se constrói na medida em que se dispõe a
sair da condição de não falante, de transformar língua em discurso, de ser um sujeito e
constrói sua cultura.
Considerando as concepções de Agamben, o sujeito infante é um ser humano
capaz de transver o mundo, pois em sua educação, o educando aprendeu o processo de
construção do conhecimento, não baseado em uma mera reprodução, mas, a partir de
uma convivência baseada nos diálogos, conflitos, reflexões, usos problematizados e
politizados da imaginação, dos desejos, entre outros.
Encontramos aqui uma possibilidade de transformação em nossa sociedade, no
mundo e na história, com quem é capaz de transver o mundo, deformando-o para
reconstruir com maior beleza, justiça e sentido.
142
A CRIANÇA: NA VISÃO DA PSICOLOGIA
8
Psicologia russa tem como principais representantes L.C. Vygotsky e seus seguidores, Alexis N. Leontiev e
A. R. Lúria. Em grande parte de suas pesquisas, esses estudiosos se dedicaram à investigação da origem e
o funcionamento das funções mentais superiores.
143
De conformidade com Vilanova (2003), esse período é considerado como “o
período de maior formação de sinapse”, onde as crianças têm maior propensão para
distintas aprendizagens. As sinapses, processo de conexão entre os neurônios, garantem
ao cérebro uma constituição mais potente, em maior número a sinapse aumenta a
capacidade cerebral. Pois, por intermédio da sua formação biológica é que se garante
neurologicamente a capacidade de aprender.
Contudo, o aspecto biológico precisa ser incitado externamente com estímulos que
instiguem a maturação e não que a antecipem de modo inapropriado, porque a
plasticidade cerebral, característica desta época de amadurecimento interno, faz com que
estímulos adequados sejam necessários ao desenvolvimento em curso.
O período compreendido entre zero e seis anos de idade é denominado pré-lógico
e corresponde a época em que o hemisfério direito do cérebro, lado responsável pela
sensibilidade, amadurece com mais intensidade. O interesse pela arte e o potencial para
criatividade submetem-se a ele. Até os sete anos há o amadurecimento do lado esquerdo,
o que abre caminho para o pensamento lógico, a capacidade de reversibilidade, a leitura e
a escrita. Aqui, o acordo coerente entre o amadurecimento biológico e o oferecimento de
atividades apropriadas, possibilita às crianças um bom aproveitamento de suas
potencialidades.
Diante disto, não podemos considerar a infância como um período incapaz ao
aprendizado, pois, suas possibilidades, de acordo com as nossas leituras e com nossa
experiência, nos mostram que a criança é um ser curioso e questionador, desde bem
pequenino. Aproximando a criança do filósofo, ou seja, o espírito natural e inquisitivo e a
capacidade de deslumbramento que ambos têm frente à realidade.
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147
A INSERÇÃO DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado pela revista Desenvolvimento Intelectual no mês de
abril de 2021, intitulado O papel da música na educação. A pesquisa deste artigo apresenta a importância
da música despertar emoções e sentimentos de acordo com a capacidade de percepção que ele possui
para assimilar a mesma. A música nos mostra que não é somente uma associação de sons e palavras, mas
sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino, pois, ela desperta o
indivíduo paraum mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo, que facilita a aprendizagem e
também a socialização do mesmo. Enfim, a música no cotidiano escolar pode não somente ajudar as
crianças no aprendizado, mas também nos casos de crianças que tenham problemas de relacionamentos
ou inibição, para isso, é preciso aliar música e movimento. Entre as linguagens artísticas, a música é uma
das mais acessíveis e presentes no cotidiano dos alunos. A escola, no entanto, tem um papel muito
importante no contato da criança com esse tipo de manifestação cultural. A ela, cabe garantir que se
tome consciência dos elementos que fazem parte da linguagem musical. A inserção do lúdico na
Educação Infantil vai além de estabelecer e implantar currículos ou aplicá-los para as crianças sem nenhum
recurso que chama sua atenção, isso implica numa renovação da formação continuada do professor. E é
por isso, que brincar é a melhor forma da criança aprender, porque quando brinca se diverte, e concentra
maior atenção por aquiloque faz.
INTRODUÇÃO
O QUE É MÚSICA?
O significado da música:
149
Desta forma, é interessante unir esses dois pontos de ciência e arte e com
criatividade, empenho, conhecimento, recursos, didática, boas metodologias e práticas
voltadas para os saberes. Para auxiliar na aprendizagem do aluno, a música se torna um
fator essencial nesse sentido e um agente positivo.
150
aptidões, por isso se toma um relevante recurso didático, devendo estar presente cada
vez mais em sala de aula.
É interessante verificarmos a quantidade de habilidades que estão sendo
desenvolvidas no ato de cantar em grupo. Brito (2003), reforça a ideia acima, “cantando
coletivamente, aprendemos a ouvir nós mesmos, ao outro e ao grupo todo”.
Por meio dessa coletividade conseguimos encontrar algo que seja comum e
unificador para o grupo naquele momento. Pensando na integração do som com o corpo e
nas reações que este apresenta na presença do primeiro, se faz necessário dar liberdade
para as crianças se expressarem por meio do canto.
152
Temporal porque essa ligação modifica ou acrescenta algo ao que era, ou não era
antes dessa apreensão.
Desenvolvimento refere-se a um processo construtivo que, ao se voltar para
dentro, inclui, ao mesmo tempo amplifica-se, desdobra-se para fora. Ao envolver, marca
sua função espacial, reversível, de abertura para todas as possibilidades ou combinações;
ao se negar, expressa sua condição necessária, irreversível e histórica que, inserida no
fluxo de existir, só pode desenrolar-se conservando sua identidade no jogo de suas
transformações.
Na dimensão lúdica temos o hábito de classificar os jogos e brincadeiras, ou
musicalização na aprendizagem, sejam por seus conteúdos, materiais, preferências ou
estruturas.
Nesse artigo, a ideia é sugerir indicadores para inferir a dimensão lúdica. Antes
disso, talvez, seja interessante lembrar a diferença entre julgamentos com base em
conceitos (que nos possibilitam fazer classificações) e julgamentos com base em
conceitos (que nos permitam fazer observações, ajustamentos e avaliações não
conceituais). Quando se trabalha com indicadores, o desafio é aprender a observar
partes, elementos, detalhes que nos permitem supor um todo que só pode ser
apresentado de modo incompleto, que não pode ser percebido totalmente. Possibilita,
também, antecipar ou corrigir algo que ainda não é, que ainda não se realizou
completamente.
O objetivo é apresentar cinco indicadores que permitam inferir a presença do
lúdico nos processos de aprendizagem ou desenvolvimento. Favorecendo a observação
da dimensão lúdica nas atividades escolares.
Para isso, se defende que, na perspectiva das crianças, elas apresentem as
seguintes qualidades:
153
Valorizar o lúdico nos processos de aprendizagem significa, entre outras coisas,
considerá-lo na perspectiva das crianças. Para elas, apenas o que é lúdico faz sentido.
154
capacidades como a atenção, a imaginação, a memória, a imitação e madurece também
algumas capacidades de socialização por meio dessa interação.
Conforme o artigo “A musicalização no processo ensino-aprendizagem na
Educação Infantil e séries iniciais” (BINOW, 2010), a música tem um papel importante no
processo de formação de um indivíduo. É muito valioso que as crianças tenham contato
com esta arte desde pequena, e que ela seja inserida no currículo escolar. No ato de
cantar, as crianças fazem sinais, gestos e representam a letra da música. Desta forma, a
música favorece a autoestima das crianças, auxiliando a superar progressivamente as
suas aquisições de uma forma criativa, porque a música dentro e fora da sala de aula
contribui para a interiorização de determinados modelos de adultos em grupos sociais.
Muitos professores usam a música para ensinar conteúdos em sala de aula,
enfim, ao processo de alfabetização, porque brincando com as letras em forma de música
chama a atenção dos alunos, isso acontece mais na Educação Infantil, porque o professor
exerce um papel importante nesse contexto e cabe a ele intermediar esta comunicação,
podendo assim, encaminhar os alunos a enxergarem a questão da beleza estética da
música e seus valores.
De acordo como (RCNEI),
Segundo o RCNEI,
Ainda:
155
Produção – centrada na experimentação e na imitação, tendo como produtos
musicais a interpretação, a improvisação e a composição;
Apreciação – recepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e
organizações musicais, buscando desenvolver por meio do prazer da escuta, a
capacidade de observação, análise e conhecimento;
Reflexão – sobre questões referentes à organização, criação, produtos e
produtores musicais (BRASIL, 1998, p.48).
156
[...] ela pode proporcionar condições para uma apreciação rica e ampla, onde o
aluno aprenda a valorizar os momentos importantes em que a música se inscreve
no tempo e na história (BRASIL, 1997, p.56).
Ainda:
Nesse sentido, o professor tem um papel: é ele que desestabiliza, que estimula,
que promove oportunidades de o aluno realizar suas trocas com o meio social. Que
desequilibra, que desafia, enfim, ele deixa de ser detentor de todo o saber e autoridade
para se tornar um interlocutor que auxilia na busca de soluções para conflitos cognitivos
ou, numa palavra, assume o papel de mediador.
157
De modo geral, a criança inicia esta etapa apresentando um desenvolvimento
limitado de linguagem e da habilidade da fala.
Entretanto, aos 5 anos seu vocabulário já está bem aumentado e a maior parte
das dificuldades de articulação está superada. Naturalmente, a entrada para a escola
(jardim de infância) promove um rápido crescimento da linguagem e da habilidade da fala.
Quanto ao sistema muscular, os músculos maiores estão mais desenvolvidos do
que os menores. A criança tem necessidades de atividade física constante e sua
lateralidade deve estabelecer-se neste período.
A atenção é relativamente curta à princípio. A fixação da atenção vai depender do
interesse e da atividade que se lhe propõe. A criança comumente se mostra ativa e
afetuosa, mas é por vezes agressiva quando contrariada. Algumas são tímidas e
encontram dificuldades para expressar ideias e sentimentos. São muito egocêntricas e
individualistas.
Quando em grupo, a comunicação entre elas fica num plano rudimentar e ligam-
se mais a ações materiais. Assim como os jardins de infância foram criados para preparar
a criança para receber melhor e mais adequadamente o ensino primário, também a
educação musical de uma criança deve ser precedida de atividades que desenvolvam
nela o senso do ritmo musical, a audição (no seu nível sensorial e rítmico - melódico), de
modo a aguar-lhe a sensibilidade auditiva e memória com elementos musicais
elementares e necessários ao desenvolvimento da musicalidade.
Musicalizar a criança nada mais é do que lhe desperta a expressão espontânea e
as potencialidades latentes (MÁRSICO,1982, p.39).
A música pode e deve entrar como uma educação não formal, valorizando e
facilitando o ensino-aprendizagem. No entanto, as atividades de musicalização favorecem
a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo seu caráter lúdico e de
livre expressão, não apresentam pressões nem cobranças de resultados. Auxilia a
percepção, estimula a memória e a inteligência. Favorece o bem-estar das
potencialidades dos alunos, pois ela fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções. A
música treina o cérebro para formas relevantes de raciocínio.
Dada a importância que a música assume para o homem, ouvir e fazer música
passou a ser para as pessoas uma possibilidade capaz de proporcionar a alegria da
realização pessoal, o enriquecimento de seu mundo interior, uma nova forma de
comunicação. Gainza (1988), nos mostra que não são somente as crianças que devem
ser educadas e que a educação precisa continuar durante toda a vida. Porém, quando
não temos mais o interesse em aprender, não sentimos ânimo, é sinal de que nossa
alegria e plenitude estão se esgotando, nossa força vital está sumindo. E a música é um
158
fator chave que nos ajudará nesse processo de conservação para mantermos viva nossa
curiosidade pelo saber e para o nosso constante desenvolvimento.
De acordo com Gainza (1988), atualmente a Pedagogia é marcada pelo crescente
amadurecimento dos conhecimentos psicológicos. E o ensino por meio da música é um
fator muito relevante nesse sentido, e que é utilizada também como forma de motivação
tanto no processo cognitivo, como também nos processos de crescimento psicológicos
dos alunos e despertando a atenção dos educadores para a importância da educação
musical e musicoterapia. A educação musical tem como um de seus objetivos estimular o
aluno e fazer com que melhore sua atenção e sua concentração. E também orientar o
aluno nesse processo e assim aumentar a qualidade e a quantidade de seus alimentos
musicais.
Para Piaget (apud GAINZA, 1988, p.28):
Para Gainza (1988), por meio da educação musical os fatores são vários que
podem ser observados, como a sensibilidade, a afetividade, a personalidade, o
desenvolvimento pessoal, a capacidade motora e mental, a imaginação, etc.
Características positivas e também negativas, mas que fazem parte do desenvolvimento
do aluno e permite ao professor a análise do aluno com uma série de traços que indicam
a personalidade básica de cada um. E assim, mediante essas diversidades o professor
crie possibilidades que contribua para o crescimento do aluno e explore o que ele tem de
melhor, para seu desenvolvimento. Toda atividade musical é uma atividade a qual o
indivíduo se mostra, e permite, portanto, que o observador treinado, o observe e perceba
seus aspectos positivos e negativos, seus bloqueios, seus conflitos, suas dificuldades,
etc...
Ainda:
A música nas escolas virou sinônimo de folclore, barulho e música barata não se
reconhecendo seu verdadeiro valor e significado. Desta maneira, se entende que a
musicalização tem grande efeito de melhora na 26 educação, para tanto existe
então a necessidade de uma mudança rápida que traga benefícios na
aprendizagem dos alunos e melhores condições de trabalho para os professores
(GAINZA, 1988).
160
Para tanto, que percebam a importância da educação musical e construam seu
conhecimento num geral, e que todos construam formas de desenvolvimento de
aulas proveitosas, que aprendam a apreciar a música, e extrair o que de melhor
ela tem a oferecer para o ensino (GAINZA, 1988).
161
Cabe aos educadores organizar as aprendizagens fundamentais da linguagem
musical para que os alunos construam conhecimento crítico e sensível, para além da
vivência de jogos musicais e das aprendizagens da escrita musical que, evidentemente,
integram um bom planejamento do ensino de música até o final do Ensino Fundamental.
Para Gardner (1995, p.21), as inteligências múltiplas sugerem que existe um conjunto de
habilidades, que cada indivíduo as possui em grau e em combinações diferentes.
Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar
produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.
São, a princípio, sete: inteligência musical, corporal-sinestésica, lógica
matemática, linguística, espacial, interpessoal e intrapessoal. A inteligência musical é
caracterizada pela habilidade para reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar um
instrumento musical.
Gardner destaca, ainda, que as inteligências fazem parte da herança genética
humana, todas se manifestam em algum grau em todas as crianças, independente da
educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano possui certas capacidades
essenciais em cada uma das inteligências, mas, mesmo que um indivíduo possua grande
potencial biológico para determinada habilidade, ele precisa de oportunidades para
explorar e desenvolvê-la.
Gardner (1995), em resumo, a cultura circundante desempenha um papel
predominante na determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é
realizado. Sendo assim, a escola deve respeitar as habilidades de cada um, e também
propiciar o contato com atividades que trabalhem as outras inteligências, mesmo porque,
segundo o autor, todas as atividades que realizamos utilizam mais do que uma
inteligência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
163
Durante o percurso desta pesquisa, foram apresentados fatos históricos e
abordagens teóricas que por séculos permearam o ensino de arte e a educação musical.
Durante anos as aulas de arte permaneceram relegadas a segundo plano, constando no
currículo apenas como "diversão" como se estas aulas não pudessem de forma alguma
contribuir para o desenvolvimento do ser humano. Com o advento de leis tanto no que
tange o ensino de arte como o ensino de música tornou-se possível discussões a respeito
das temáticas, abrindo espaço para o reconhecimento delas enquanto fator importante
para promover o desenvolvimento cultural e social dos indivíduos. Ainda assim, é
perceptível que a grande maioria das instituições de ensino não implementaram de fato
estas disciplinas e quando o fizeram não deram a elas o seu verdadeiro significado,
priorizando apenas os aspectos lúdicos e disciplinares.
A música está presente na vida dos seres humanos desde muito cedo, no entanto é
uma arte que ao longo dos anos vem sendo esquecida nas escolas. O propósito deste
trabalho foi investigar as contribuições da música para o ensino fundamental.
Durante a pesquisa, procurou-se investigar como ocorriam as práticas educativas,
a relação dos educandos com a música, a formação dos professores e os materiais de
ensino disponíveis para a execução das aulas. A partir das experiências vividas com a
música na escola percebeu-se que a educação musical não existe apenas para o prazer,
pois o esforço criativo em dar forma estética e artística nos espaços de ensino-
aprendizagem proporciona aos alunos a desenvolverem o raciocínio, a criatividade e a
percepção além de promover a autodisciplina, favorecendo assim, a interpretação e a
compreensão do mundo. A partir dos conhecimentos apreendidos e aqui esboçados,
podemos conceber que o ensino e aprendizagem de música na instituição vêm sendo
reconhecido como um grande aliado no desenvolvimento cognitivo, emocional e social
das crianças. Possibilitando o constante interesse dos alunos e o resgate da alegria
musical, oportunizando um aprendizado integral e prazeroso.
À medida que nos aprofundávamos em nossa reflexão sobre o ensino da música
como prática educativa pôde-se constatar que a música se constitui num instrumento
pedagógico, de grande relevância no cotidiano escolar favorecendo o equilíbrio entre
corpo e mente, oportunizando uma educação integral, re- significando a aprendizagem de
forma criativa e participativa dos alunos.
164
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165
O GRAFITE COMO ARTE SOCIAL
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado na revista Desenvolvimento Intelectual, intitulado A Arte
Urbana e sua Contextualização. Este artigo é um sonho de levar para dentro das escolas a possibilidade de
fazer alunos repensarem sobre as formas mais simples de manifestações e que a arte acima de tudo
precisa ser pensada e questionadora, provocar nas pessoas formas de interação com quem as produz e
com a própria obra, tendo como aporte formas de transformar o mundo em que vive, tornando esse lugar
mais agradável e de fácil convívio, para construir um mundo melhor e mais saudável. Muitos temas poderão
ser abordados e de responsabilidade social, prestando à sociedade subsídios de utilidade pública.
INTRODUÇÃO
166
vezes, se o local onde estão é apropriado para divulgarem seus trabalhos ou não.
Querem é expressar e mostrar sua arte já têm dificuldades em locais reservados e por
terem necessidades de serem apreciado por grande parte da sociedade independente da
classe social a que pertençam.
Essas expressões artísticas populares atraem os olhares de curiosos que circulam
no calçadão e também de pessoas que realmente apreciam esse trabalho.
A história do grafite tem origem no império romano, onde faziam inscrições nas
paredes.
Para ser considerado grafite, pode ser qualquer tipo de desenho, pintura, inscrição
caligrafada em um local, suporte ou qualquer objeto não específico para isso.
Nessa mesma linha existem os grafismos que apresentam vários tipos de técnicas,
como: estêncil, areografia, bubble style, 3D e pichação.
No Brasil, o grafite surgiu na década de 70, na cidade de São Paulo, período
conturbado pelo abalo da ditadura, quando a censura era aporte dos militares no poder.
Segundo Gitahy (1999, p. 12), um dos precursores da arte do grafite no Brasil foi
Maurício Villaça que “partilhava a ideia de que graffiti são também as garatujas que
fazemos desde a mais tenra idade, os rabiscos e gravações feitos em bancos de praças,
banheiros, e até mesmo aqueles que surgem quando falamos ao telefone”. Villaça era
receptivo à pichação, conforme comenta:
167
O Grafite parece ser o primeiro tipo de arte urbana que nos vem à mente, talvez
porque permaneça nas ruas como um registro. Aos poucos, vai alastrando-se
pelas cidades e passando a ser uma forma de interferência na paisagem urbana,
constituindo uma cadeia comunicativa entre o grafite, o grafiteiro, o morador da
cidade e o entorno. Esta forma de expressão artística está espalhada por vários
lugares atraindo muitos olhares. De certa forma abre-se uma discussão quanto à
influência que causa ao território urbano e à opinião das pessoas em relação a
essa arte (SCOTTO, 2008).
O grafite nos museus e instituições culturais nos faz questionar o papel desse meio,
e, segundo a abordagem de Canclini (2006):
O que dominava antigamente eram as letras. Hoje temos uma cultura que se
expandiu: novas formas são exploradas, e personagens, símbolos e abstrações
começam a proliferar. [...] O estilo de cada artista é desenvolvido sem nenhuma
restrição, com a utilização de stickers (etiquetas), pôsteres, estênceis, aerógrafos,
pastéis oleosos, todas as variedades de tinta e até mesmo de esculturas. (GANZ,
2008, p.7).
[...] não se limitam a traçar uma linha divisória separando os objetos artísticos e os
não artísticos; não se contentam em criar uma “reserva” de arte. eles intervêm, por
assim dizer, na disposição relativa dos objetos artísticos pretendem ensinar- nos
que tal obra tem mais interesse do que outra, que tal livro ou filme é melhor que
outro, que tal sinfonia é mais admirável que outra: isto é, cria uma hierarquia dos
objetos artísticos. (COLI, 1995, p.13).
168
A praça é de domínio público e coletivo para a cidade, segundo Caldeira
(2007). Desde a Roma antiga este era o local mais importante da cidade, como
também aconteceu no Brasil nas cidades coloniais. Com o tempo, as cidades estão
crescendo e as modernidades oferecidas pelas mesmas como cinemas,
restaurantes, parques fechados com brinquedos, clubes sociais e shoppings, estão
atraindo o público, diminuindo assim a ocupação de espaços abertos e públicos.
A praça que foi abordada no urbanismo modernista utiliza os grandes
espaços livres ao invés dos locais fechados, mas é criticada pela sua falta de
ocupação.
TIPOS DE GRAFITES
169
busca confundir as autoridades dificultando a identificação do grafiteiro ou seu
grupo.
Bomber: Conhecido também como Vômito e Throw-up. Possui letras de
aparência gorda, aparentemente vivas, realizadas com duas ou três cores. Os
pichadores começam normalmente fazendo uso desta técnica. Há presença
também de uso combinado de técnicas de pintura como tinta látex e de rolinhos
com outros materiais como o spray ou o pincel atômico.
Letras grafitadas: É uma mistura entre grafite e pichação, normalmente mais
sofisticadas que o bomber. A letra grafitada é uma assinatura de grupo, assim
comoo trow-up e o hip hop.
Grafite artístico ou livre figuração: Nesse estilo se encontra de tudo como,
caricaturas, personagens de história em quadrinhos, figurações realistas e também
elementos abstratos. Baseia-se no uso do traço à mão livre e liberdade de
exploração de temas. Também utiliza cores com contrastes e encontra-se
altamente influenciado por vídeo clipes e vídeo games.
Grafites com máscaras e spray: Esta técnica facilita a realização do mural
e a disseminação do Tag, seja individual ou de um grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi muito prazeroso realizar este artigo, pois ao mesmo tempo que podemos
conhecer um pouco mais sobre a arte urbana, pudemos perceber o quanto esta arte vem
tentando se fixar na legalidade, ser realmente reconhecida como qualquer outro tipo de
arte chamada de clássica. Em especial, o grafite possui reflexos e expressões de acordo
com a dinâmica e faz parte do desenvolvimento da sociedade urbana, que tem seus
problemas e que de alguma forma necessitam manifestá-los.
O grafite aqui foi visto de forma irreverente, como veículo de comunicação da
classe menos favorecida e tão pouco desgastada, mas ativa e consciente dos problemas
existentes na sua localidade.
Proporcionar à comunidade e aos artistas de rua um espaço para cultura digno e
com infraestrutura adequada para a realização e a valorização das atividades artísticas
que vêm se desenvolvendo e se instalando em lugares inapropriados, dificultando o
andamento dos locais de grande fluxo de pedestres da zona central, já que a cidade
dispõe de lugares públicos com a possibilidade de ser adequado para receber tais
atividades.
170
A Arte de Rua passaria a possibilitar a convivência e a troca de informações entre
as pessoas, agregando um crescimento cultural coletivo, essencial para a formação de
uma sociedade mais crítica e participativa.
171
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMO, H. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. In: Revista Brasileira de
Educação n. 5 – 6, maio – dez, 1997. P. 25 – 36.
CALDEIRA, Junia Marques. O papel da praça pública, da Colônia ao Brasil moderno. Disponível em: .
Acesso em:10 jun 2014.
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. São
Paulo: EDUSP, 2006.
GANZ, N. O Mundo do Grafite: arte urbana dos cinco continentes. Tradução Rogério
https://www.google.com.br/search?q=arte+urbana&biw=1366&bih=643&source=lnms
&tbm=isch&sa=X&ei=rwBjVJKACoengwStyYGIBQ&ved=0CAYQ_AUoAQ (acessado em 11/11/2014).
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. 2ª. Edição. São Paulo: Editora Senac, São Paulo, 1998.
RAMOS, C. Grafite, Pichação e Cia. São Paulo: Annablume, 1994. RANCIÈRE, J. A Partilha do Sensível.
São Paulo: 34, 2009.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço – técnica e tempo-razão e emoção. São Paulo: Ed. Hucitec, 1996.
307p.
SCOTTO, Ruth Regina. GRAFFITI: ESCRITA URBANA NAS RUAS DE PELOTAS. Artigo
publicado no XVII Congresso de Iniciação Científica e X Encontro de Pósgraduação da UFPel. Pelotas,
2008. Disponível em: . Acesso em:15 jun 2014.
ZANELLA, A. Psicologia Social... arte... relações estéticas... processos de criação...: fios de uma trajetória
de pesquisa e alguns de seus movimentos. In: ZANELLA, A.; MAHEIRIE, K. (Org.). Diálogos em Psicologia
Social e Arte. Curitiba: CRV, 2010.
172
ANEXOS
ANEXO 1 ANEXO 2
ANEXO 3 ANEXO 4
ANEXO 5
173
A PRÁTICA DA LEITURA E SEUS BENEFÍCIOS DESDE O ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado em dois artigos nos meses de março e abril de 2021 na
revista Desenvolvimento Intelectual. O primeiro artigo intitulado O Ato De Ler: Ler, Interpretar E Produzir Na
Escola e o segundo artigo O Desenvolvimento Da Produção Textual Através Da Leitura E Suas
Contribuições. Sendo assim, este artigo é a conclusão destes artigos. A partir dessa abordagem teórica, são
apresentadas aos leitores, algumas propostas como contribuição para o trabalho com as atividades
referentes às práticas de leitura dentro e fora da sala de aula. Nessa perspectiva, pretende-se verificar o
entremeio teoria e prática de ensino, no que se refere à utilização dos gêneros discursivos para a formação
de bons leitores.
INTRODUÇÃO
Segundo Andaló (2000, p. 66), a produção de texto tem por objetivo formar alunos-
escritores competentes, capazes de criar textos coerentes, coesos e eficazes.
Algumas escolas oferecem, ainda hoje, um ensino de redação centrado no discurso
do professor, isto é, o aluno redige para o professor, seu único leitor, tentando responder
ao que lhe é pedido: escrever textos a partir do nada e que tenham clareza, coesão,
coerência, concisão, estilo, e, acima de tudo, rigor gramatical. O resultado será sempre:
“Não sei escrever”, “Detesto redação”, “Professor, me dá um começo, por favor! ”
176
Diante disso, como eliminar de alguns alunos a insegurança e angústia diante do ato de
escrever? Como formar um aluno-escritor competente, capaz de reconhecer diferentes
tipos de textos e de escolher aquele que é apropriado aos seus objetivos numa
determinada situação? Como formar um aluno-escritor capaz de perceber se seu texto
está ou não confuso, incompleto, sem sentido e que se proponha a revisá-lo e reescrevê-
lo até considerá-lo adequado a seus objetivos?
A habilidade desenvolvida pelo ensino escolar da leitura foi ultrapassada por um
conjunto de estratégias diversificadas, adequadas a cada uma das situações sociais do
aluno. (BARBOSA, 1992, p.126).
Enfim, o ensino de produção de textos deve promover uma prática constante de
leitura, organizada em torno de uma diversidade de textos. Textos de qualidade podem
tornar-se boas referências para os alunos, além de constituírem motivação para o ato de
escrever.
A formação de um aluno-escritor depende, portanto, de duas práticas continuadas:
a de produção e a de leitura. Afinal, não existe uma fórmula pronta para ensinar a ler ou
formar leitores, mas existe um conjunto de fatores que favorecem esta formação.
Na escola, o professor deve ser o impulsionador da leitura, criando condições para
os alunos lerem e serem valorizados pelo que leem, pois aquele que desenvolve
diferentes processos e estratégias de acordo com a situação e o objeto da leitura passa a
ser considerado um bom leitor, pois o interesse pelas informações lidas e o objetivo ao
qual pretende alcançar é que vão determinar o tipo de leitura que se faz.
Essa flexibilidade no “ato de ler” se refere à possibilidade de utilização de
estratégias de leituras, visando atender melhor aos objetivos de leitura diante de textos
variados.
Nessa perspectiva, uma condição fundamental de leitura é o conhecimento prévio.
A relação entre o que o aluno já sabe, já possui em sua estrutura cognitiva, e o “novo” é
que determina o procedimento que ele vai usar, pois quando o aluno já possui um
conhecimento prévio acerca do que vai ler, tende a fazer associações, nega ou confirma
hipóteses. Não usa tanto a informação visual e mais o conhecimento antes adquirido.
O tipo de leitura influencia a escolha das estratégias que o leitor (o aluno) utiliza,
sendo que o processo de aprendizagem da leitura, tal como processo de desenvolvimento
humano, realiza-se marcado por evoluções do desenvolvimento individual e social de
cada aluno, devendo professor e aluno estarem dispostos a mudar e enriquecer seus
conhecimentos.
177
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre a leitura, chega-se à conclusão de que não há fórmula pronta para isso, mas
existem metodologias e fatores sociais que influenciam a formação de leitores. A atividade
com a leitura deve levar o aluno a refletir continuamente sobre esse uso e avaliar seu
próprio desempenho.
Cabe aos professores, tornar possível o acesso a uma gama enorme de textos com
estruturas diversificadas, relacionados às várias áreas do conhecimento: jornais, revistas,
livros, etc. Assim, estarão incentivando a leitura, produção e interpretação da diversidade
textual, como por exemplo, o uso dos diversos gêneros textuais. É imprescindível que a
leitura não seja condicionada apenas ao ambiente escolar. Deve-se ler para se informar e
manter-se informado, para consultas, estudos e até mesmo para saber agir em
determinadas situações. A leitura é também uma forma de entretenimento, além de
proporcionar imenso prazer estético.
Em síntese, tornar-se leitor significa perceber o caráter utilitário do “ato de ler”,
favorecendo a ação numa perspectiva humanizadora, que convida a refletir, a pensar
sobre o sentido da vida, tanto no aspecto individual quanto no coletivo. Estas questões
remetem à responsabilidade social que tem no sentido de provocar a autorreflexão crítica,
produzindo situações nas quais se torne possível ajudar a adquirir consciência de si
próprio da indiferença do outro, respeitando quem lê e como lê.
Enfim, é importante ressaltar que os professores trabalhem com o aluno uma
prática em que haja interação entre o texto e o leitor. Só assim o aluno terá acesso à
escrita, produzindo com autonomia e criticidade, fazendo parte de um mundo letrado.
Portanto, o convite é descobrir um novo caminho. Um caminho que leve à vontade
de aprender a ler, interpretar e produzir, capaz de tornar-se um ser reflexivo, pleno e
múltiplo que possa caminhar sempre em grupo, sabendo ouvir e compartilhar com
entusiasmo todos os momentos vividos em sala de aula.
178
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDALÓ, Carmem Silva de Arruda. Fala professora: repensando o aperfeiçoamento docente. Petrópolis:
Vozes, 2000.
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1992.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. 10 ed. São Paulo: Scipione, 1997.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1992.
JOBIM e SOUZA, S. Infância e linguagem - Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. São Paulo: Papirus, 1994.
SMOLKA, Ana Luíza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
ZILBEMAN, Regina. Leitura literária e outras leituras. In: Leituras práticas, impressos letramentos. Belo
Horizonte: Autêntica, 1999.
179
A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior publicado nos artigos de março intitulado As Possíveis Causas
Da Violência Escolar e de abril de 2021 o Histórico Da Violência Na Educação publicado pela revista
Desenvolvimento Intelectual. A violência é uma realidade encontrada nas escolas e que não pode ser
negada, por isso faz-se necessário que a comunidade se uma para possam ir de frente a este problema.
Desta maneira a escola também terá que adequar seus conteúdos e projetos para que possam trabalhar
com os alunos de maneira que se conscientizem quando ao problema, pois muitas famílias também deixam
de lado a obrigação de educar seus filhos passando essa responsabilidade as escolas. Sabe-se que em
todo o mundo nas escolas vários alunos passam por agressões e violências que são classificadas como
brincadeira, e com isso a violência e o Bullying aumentam a cada dia mais acarretando diversos problemas
ao bom desenvolvimento dos alunos levando ao baixo rendimento escolar, a baixa autoestima e até muitas
vezes a tragédias ou abandono escolar.
INTRODUÇÃO
180
De qual maneira a violência entra em nossa sociedade? Qual o papel da educação
diante da violência? Esses são apenas alguns questionamentos fundamentais.
Nos dias de hoje, a violência pode ser vista em grandes centros por todo o nosso país
apresentando-se em diferentes formas. E com isso, Telles (1996), diz que é mais fácil
falar sobre violências no plural, sendo essa violência uma violência urbana, policial,
familiar ou escolar.
A violência é um assunto bem conhecido em nossas escolas, esse problema com a
violência é visto pelos gestores como um problema que tomou grandes proporções nos
últimos tempos e tornou-se uma questão de utilidade pública.
A violência vem se expandindo e passando por diferentes relações sociais e também
aparecendo em meios de comunicação de massa como a televisão. Alguns programas
enfatizam muito e também reproduzem situações com atos de violência que levam ao
aguçamento humano.
181
Promover o entrosamento entre os pais, alunos, professores e membros da
comunidade, através de atividades sócias - educativa - cultural - desportivas, de comum
acordo com a Direção do estabelecimento de ensino e aprovação do Conselho Escolar.
Contribuir para a melhoria e conservação do aparelhamento do estabelecimento
escolar, sempre dentro de critérios de prioridade, sendo as condições dos educandos
fator de máxima prioridade. Promover palestras, conferências e círculos de estudos
envolvendo pais e professores, a partir de necessidades apontadas por esses segmentos.
Salienta-se que a questão da participação está centrada na busca da justiça, da
liberdade, de democracia e do coletivismo nas decisões. Trata-se de colocar em prática a
atuação dos pais nos debates escolares, sem perder a eficácia de qualquer sistema
educacional.
Trata-se, ainda, de unir aqueles que pensam sem fazer, com aqueles que fazem sem
pensar, de tal forma que a escola se socorra das teorias e metodologias científicas,
aplicando-as na prática, visando a uma educação de qualidade. Passar do discurso à
prática deve ser nosso caminho, com ações que aproximem a escola da comunidade.
Essa escola pode, e deve trabalhar para atender às aspirações populares, seus
problemas e o encaminhamento de possíveis soluções, revendo valores, desativando
mecanismos possivelmente inúteis, e ativando novos, que possam consolidar a estreita
relação escola-povo no cotidiano das ações intra e extraescolares. Essas aspirações
podem causar mudanças nas injustas condições sociais e passa a ser, portanto, a grande
possibilidade de que a luta conjunta trará frutos, se construirmos a vivência participativa.
Se o povo sentir que sua cultura e valores são respeitados na sua escola, a teoria se
transformará em práticas democráticas.
Daí que, entrada e permanência, são as primeiras condições de valorização do aluno
e da comunidade. A escola precisa rever suas ações para que não "expulsem" os pais e
alunos. Por isso, precisamos diagnosticar o saber e o pensar do povo, que quer, sim,
escolas públicas com qualidade.
Os projetos desenvolvidos nas escolas mostram que é possível a realização de uma
política pública que previna e combata a violência trazendo melhores condições para
todos e para o acesso e convívio na escola.
Portanto, é muito importante que haja ima melhoria na escola para que os
participantes dessa escola sejam todos tratados da mesma forma da maneira como todos
gostariam de serem tratados.
Todas as escolas devem trabalhar para construir caminhos que resgatem esses
alunos violentos, sempre observando neles seus potenciais, e suas limitações para obter
um trabalho de sucesso, pois sabemos que não há receita pronta para trabalhar a
violência.
182
A sociedade passa por constantes transformações e as famílias que são
responsáveis pela educação de seus filhos acabam passando esse papel para a escola
que é o lugar onde as crianças passam a maior parte do tempo.
Alguns pesquisadores colaboram na condição de que é o pedagogo que se encontra
em local de destaque entre as pessoas da comunidade escolar e também na escola, pois
é o responsável pela boa integração entre os envolvidos no sentido de ser ele quem
propõe possibilidades e meios para o bem-estar de todos.
Porém, para que haja uma gestão de sucesso nenhuma outra instituição deve trocar
as condições educativas das famílias e nem transferir essa responsabilidade para a
escola para que ela não seja a única a ensinar os valores necessários às crianças, os pais
e as famílias também devem estar presentes na educação da criança.
A escola é local de aprendizagem, mas no sentido de conteúdos programáticos que
são cobrados pelo ministério da educação, já a função de educar é uma função dos pais e
da família, não podendo a escola passar a ter essa função que deve acontecer desde a
infância da criança.
Sabemos que é na escola que a criança praticamente imita tudo o que ela vê, como
as agressões físicas e psicológicas, portanto, é de se saber que a baixa escolarização e a
pobreza andam de mãos dadas.
Somos uma sociedade democrática e responsável pelas nossas ações, portanto, é
necessário que haja uma ajuda financeira do governo para que criem programas de
conscientização e combate contra a violência e também contra a exclusão social para que
as mesmas tenham um bom resultado em seus trabalhos de combate.
Nós seres humanos, devemos acolher o próximo e não deixar que nossas crianças
sofram para que no futuro não se tornem crianças violentas ou marginais por falta de uma
educação adequada desde cedo, sabemos que as crianças precisam de carinho e afeto
sempre.
Temos consciência também de que a violência é um tema que abrange grandes
contextos e por isso é necessário na escola que haja um acompanhamento de um
psicólogo para auxiliar as crianças e demais funcionários da escola quanto a importância
de se combater tal violência.
Por isso, o trabalho do psicopedagogo é muito importante em nossas escolas, onde
poderá auxiliar os professores da melhor maneira possível para a elaboração de um plano
de aula para que os alunos entendam mais as aulas.
Também poderá auxiliar na elaboração de projetos pedagógicos de conscientização,
realizar diagnósticos periódicos para detectar possíveis problemas existentes nas escolas,
encaminhar alunos que necessitem de uma atenção especial, para especialistas da área
como: psicólogos e fonoaudiólogos.
183
A PREVENÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA SOCIAL E ESCOLAR
Perante as leis a violência é vista como uma violação de direitos humanos por
desrespeitar quaisquer princípios, a liberdade e a igualdade, por isso, é preciso criar
soluções e respostas para evitar a violência entre os jovens criando também
oportunidades para que os jovens possam ter melhores condições de vida para
desenvolverem sua cidadania.
Com o aumento da violência na sociedade aumenta uma série de consequências
refletindo na vida das famílias onde afeta diretamente a educação dos filhos.
A violência é confundida com agressão e indisciplina quando se refere à escola, mas
violência é violência, na escola a violência é denominada como bullying que é um tipo de
agressão gerado dentro do ambiente escolar.
Segundo Beaudoim (2006), o Termo bullying “está ligado ao comportamento
agressivo envolvendo a agressão física ou psicológica que pode ser praticada tanto de
forma individual como de forma em grupo. ”
O bullying é um comportamento propriamente gerado nas relações interpessoais, em
que os jovens considerados mais fortes dominam os mais fracos ou os mais frágeis,
fazendo dos mesmos objetos de diversão e prazer com brincadeiras que disfarçam o
propósito de maltratar e intimidar.
Beaudoim (2006) afirma ainda que o bullying não é um problema atual, porém,
somente agora está aparecendo e sendo conhecido pela sociedade como causa de
grandes danos e merecedor de medidas especiais para a sua prevenção.
A palavra bullying tem origem inglesa e foi usada por diversos países para identificar
atos e comportamentos de agressão e é muito usado por estudiosos que pesquisam os
problemas de violência escolar que acontece de maneira descontrolada através de atos
intimidatórios, cruéis e repetitivos contra uma mesma vítima.
O Bullying tem um grande poder de destruição, pois atinge o psicológico da vítima
que em muitas vezes não consegue superar as agressões sofridas. Estas ações vêm
crescendo em escolas de diversas regiões em nosso pais e por todo o mundo.
184
A escola é o lugar de referência para as crianças e jovens e portanto, um local próprio
para se fazer amigos, brincarem, estudarem e se integrarem, onde os jovens parecem
apenas jovens, o que não é o que atualmente parece. Nas escolas, os educadores, pais e
a sociedade estão constantemente preocupados com a violência entre os alunos devido à
inúmeros atos de violência física, e atualmente está aparecendo um novo problema nas
escolas chamado de bullying que vem ocupando um espaço muito importante nesse meio.
Segundo ABRAMOVAY (2002), a preocupação com a violência dentro da escola
surgiu em estudos acadêmicos a partir dos anos 80, sendo assim, percebemos que a
preocupação com a violência escolar em nosso país é bem recente.
Abramovay (2002), nos mostra que os jovens e as crianças de hoje em dia, que
frequentam as escolas trazem uns históricos diversificados, muitos vêm de famílias
problemáticas, pobres e violentas, e como já visto pelos estudiosos, chegam com
problemas de indisciplina, delinquência e problemas na relação professor e aluno ou
mesmo aluno e aluno.
Sabe-se então, que é muito difícil que essa realidade seja modificada de imediato nas
salas de aulas, mesmo com a urgência que é necessária, esse problema vem sendo
trabalhado para que possa atender as necessidades dos estudantes em situação de
desvantagem ou risco social cujo principal problema se refere à desigualdade social e a
inúmeras dificuldades como, baixo rendimento escolar, manifestações de humilhações e a
interação social.
Esse tipo de comportamento agressivo que vem acontecendo entre jovens e crianças
nas escolas é um problema que acontece em todo o mundo atualmente, e mesmo assim é
ignorado pelos adultos que classificam como brincadeiras certas atitudes de agressões
escolares.
A violência é uma ação encontrada por todos nós em vários contextos e lugares,
tornando-se necessário uma mediação educacional para que essa ação seja trabalhada
de forma a ser reduzida, mas essas ações não devem ser apenas direcionadas aos
jovens e sim a todos os cidadãos de nossa sociedade, pois toda a sociedade atual este
envolvida nessa onda de violência.
Em uma sociedade onde o predominante é apenas o consumo e a competitividade
sabemos que os únicos que têm oportunidades são aqueles que já possuem algo em
suas vidas, fazendo com que assim, as pessoas que possuem menor poder aquisitivo a
terem menores chances de sucesso e emprego e com isso o desemprego torna-se maior
a cada dia, levando jovens a tentarem ganhar a vida de outras maneiras como tráfico de
drogas e roubos, gerando dessa forma, uma onda de violência urbana.
185
E de fato, esses jovens ao entrarem nessa vida de crime passam a não terem mais
condições ou chances de receberem a aprendizagem necessária para sobreviverem de
suas maneiras, pois passam a assumirem papeis agressivos.
Pode-se dizer que fica difícil pensar em uma rápida mudança nessa situação já que
são tantos os envolvidos nessa violência que é feita por pessoas que possuem vontade
própria, ideias, necessidades diferentes para uma sociedade também tão mudada.
Nesse processo de mudança, o campo educacional deve estar inserido de forma a se
destacar na participação e na responsabilidade pela gestão em nível da comunidade
escolar e da sociedade como um todo, no âmbito da escola pública. Nota-se, hoje,
claramente, como fruto inconteste das mudanças vivenciadas pela escola, uma grande
preocupação dos dirigentes e profissionais com sua responsabilidade na prestação de
contas aos seus usuários mais próximos; os alunos e seus pais, e com a necessidade de
contar com a participação da comunidade escolar na gestão institucional, numa
perspectiva mais abrangente.
Existem vários modelos de prevenções educativas que já foram aplicadas na
educação, porém, muitas sem sucesso devido a não terem sido aplicadas
adequadamente.
O papel do educador é muito importante, portanto, ele deve em seu dia a dia
trabalhar com as crianças e jovens sobre a importância de respeitar um ao outro, e
aprendendo que o mais importante é o respeito entre eles e não o ato de violência.
Atualmente, nas escolas estão presentes os professores mediadores que fazem o
trabalho de conscientização e ajudam no controle da indisciplina e violência, conversando
com os alunos e convocando os pais ou responsáveis quando necessário.
O assunto violência é um tema vivido constantemente em nosso cotidiano, e com isso
a escola acaba não escapando desse problema. Para muitos, a violência é gerada na
própria escola e para outros, a escola torna-se o espelho da violência, sendo que na
verdade os próprios alunos, os professores e os próprios pais estão sujeitos e tornam-se
objetos dessa violência.
Para os alunos, caso a escola não ofereça o espaço e o tempo da sociabilidade, ela
se tornará completamente impossível de se conviver, tornando-se insuportável e as salas
de aula virarão um cárcere.
Esses medos são causados pela falta de objetivos da escola com a realidade, sendo
que o que a escola deseja é que o próprio aluno seja o objetivo deles mesmos. A escola
leva o aluno a aprender que o mais importante é se viver e vencer.
A violência é realidade e isso já sabemos, é necessário que seja trabalhado nas
escolas esse problema de maneira que recupere os alunos agressivos ou violentos.
186
Partindo disso, a escola deve se moldar contra esse problema ajustando seus projetos e
conteúdos para que atenda ao problema e eduque os alunos.
Com o aumento da violência, algumas famílias passam para a escola a
responsabilidade de educar seus filhos e nessa confusão estão as crianças que fazem e
agem conforme veem as coisas, por isso, que a partir dos projetos e conteúdos
trabalhados nas escolas essas crianças terão um resultado positivo e aceitável perante a
sociedade em que vivem.
Nos dias de hoje é comum se ouvir que crianças do mundo todo passam por casos
de agressões e violências e que são mascaradas pelos governos que definem essas
agressões como brincadeira entre crianças.
Mas alguns recentes estudos mostram que esse mesmo tipo de agressão há pouco
tempo, era classificado como bullying, que é um problema que pode acarretar uma série
de consequências na pessoa que sofre agressão como, a perda da autoestima, o
abandono escolar e em casos mais graves, até o suicídio.
Ao falar em violência escolar, todo esforço no entendimento dos motivos que geram a
violência nas escolas, é necessariamente passado por uma análise onde a sociedade e
também a escola estão inseridas, nos aspectos sociais, econômicos e culturais.
Em uma sociedade onde o importante é somente lucros, a desigualdade cresce
exageradamente e com isso surge a violência gerada pela insegurança. Com a sociedade
insegura em que nós vivemos a violência é gerada nas escolas devido a um contexto
institucionalizado, onde podemos dizer que esta violência está virando uma epidemia
escolar.
Tanto a escola como a sociedade esperam que através de laços entre si, possam,
uma e a outra serem recebidas com um resultado de uma relação de mão dupla, e assim
sendo, a escola reproduz, repete e também reflete todos os aspectos da sociedade,
sendo eles positivos ou negativos.
Não existem soluções para a violência, mas a mesma é defendida como uma
mudança de postura dos que sofrem qualquer violência ou bullying, por isso faz-se
necessário que denunciem qualquer manifestação de violência ou bullying gerada em
todos os lugares inclusive nos ambientes escolares.
188
No entanto, quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, “são os
próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam
exercê-la sobre os professores, confrontando-os”, acusa.
189
como uma arma na sua disputa emocional, ameaçando retirar-lhe o afeto caso ela
demonstre preferência pela parte contrária. Vítima dessa chantagem, a criança acaba por
sentir-se tão rejeitada e sem amor quanto a criança abandonada.
Esses fatores interferem na formação da personalidade das crianças e adolescentes
e, muitas vezes, contribuem para que se tornem agressivas e problemáticas.
Infelizmente, o problema da disciplina nas escolas não se cinge aos casos extremos
em que ela assume a forma de pura violência. Em todas elas, independentemente das
zonas onde estão implantadas, se verifica mais ou menos a existência de uma indisciplina
larvar, insidiosa, que subverte por completo o ambiente de ordem e tranquilidade
absolutamente indispensável à aprendizagem. Em todas elas os professores são
desrespeitados, insultados e veem todos os dias a sua autoridade escarnecida por
crianças e adolescentes totalmente falhos da mais elementar educação e totalmente
desprovidos da mais básica noção de dever. Conheço professores que dão aulas no
centro de Lisboa e nem assim se atrevem a estacionar o carro nas imediações da escola,
por receio de que lhes furem os pneus ou vandalizem os automóveis.
Para as gerações atuais, a escola é uma "seca" e, sendo assim, nada mais justo e
natural, para as cabeças das angélicas criancinhas, do que fazerem dela um recreio
permanente. Em suma: a indisciplina que gessa hoje em dia nas escolas torna
radicalmente impossível ensinar lá o que quer que seja.
Ao aprofundarmos nossa reflexão, veremos claramente que o bullying, fenômeno
cruel e silencioso, não traz somente consequências negativas para o ambiente escolar.
Na lição do educador Içami Tiba,
190
direcionar a formulação de políticas públicas e para delinear as técnicas multidisciplinares
de intervenção que possam reduzir esse problema de forma eficaz.
Para o tema, não há que se discutir aqui a quem compete à responsabilidade na
educação de crianças e adolescentes. Diante do desrespeito flagrante e a ausência de
noções básicas de civilidade, todos devem “ficar de castigo”, pais e professores. Em um
país como o Brasil, onde o incentivo à melhoria da educação de seu povo se tornou um
instrumento socializador e de desenvolvimento, onde grande parte das políticas sociais é
voltada para a inclusão escolar, as escolas passaram a ser espaço próprio e mais
adequado para a construção coletiva e permanente das condições favoráveis para o pleno
exercício da cidadania.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após tantas análises, é possível dizer que nossa sociedade necessita urgentemente
que seja feito alguma coisa pelos jovens e crianças da nossa sociedade, onde seja
combatido ou solucionado tantos casos de violência entre nossos jovens agressores ou
agredidos.
Sabe-se que eliminar a violência por completo, estabelecendo a paz entre todos é
uma realidade impossível, sendo violência tão ampla e tendo as mais diversas causas e
manifestações diversas.
O gestor, o psicopedagogo e o professor podem e devem promover entre os pais,
comunidade e escola, projetos e campanhas para conscientizá-los quanto à violência
escolar ou o bullying, para que todos possam saber identifica-la quando a criança ou
jovem está sofrendo ou cometendo o bullying ou a violência.
É muito importante que os pais saibam identificar possíveis mudanças de
comportamento como mau humor, irritação muito frequente nos jovens e crianças, isso
pode ser sinal de que algo está errado podendo a criança ou o jovem estar sofrendo
violência ou bullying na rua ou na escola. Os casos de muito choro, falta de sono e de
atenção, e dores que façam a criança ou o jovem a faltar na aula também devem ser
considerados, pois é um aviso de que há algo errado também com o jovem ou a criança.
192
Faz-se necessário que, os governantes criem programas de favorecimento à
socialização entre as crianças para que sejam reduzidos os problemas de indisciplina,
comportamento e violência escolar.
A partir de ações que previnam a violência sabemos que o bullying diminuirá nas
escolas a partir do momento em que a escola passe a ser um local onde haja um clima de
atenção e de afeto entre os alunos.
O trabalho individual que o mediador ou o psicopedagogo exerce com a criança é
muito importante pois, torna sua convivência com os colegas mais fácil, devido ao
trabalho individual não trazer constrangimentos à criança frente aos seus colegas.
Devemos acreditar no combate ao bullying nas escolas, para isso é necessário que
haja a devida conscientização e planejamento por parte dos projetos e estratégias
psicopedagógicas que devem ser bem elaboradas para seu efetivo sucesso.
A educação escolar precisa criar meios para que haja entre os alunos a paz, a
solidariedade e o companheirismo, para isso, é preciso que isso esteja primeiramente no
coração de cada educador, para que os mesmos possam transmitir de maneira prazerosa
todos esses sentimentos aos seus alunos para que os mesmos cresçam capazes de
conviverem em uma melhor sociedade e saudáveis emocionalmente.
A sociedade tem passado a sofrer significativas transformações. A família, núcleo
primordial de educação, tem passado dissimuladamente, a delegar esse papel para a
escola, dado que é no contexto educativo que as crianças passam a maior parte do dia.
Todavia, nenhuma outra instituição poderá jamais substituir as condições
educativas da família, nem parece ser razoável que seja unicamente a escola a ensinar
valores tão necessários para o normal desenvolvimento da criança tais como: a
democracia, as regras para a sã convivência, o respeito pelo outro, a solidariedade, a
tolerância, o esforço pessoal, etc. A escola não pode pedir que além de ensinar os
conteúdos programáticos exigidos pelo Ministério da Educação, tenha também que ter a
função educativa que compete aos pais. No meio de tudo isto, a verdade é que a violência
continua a existir e a registrar-se cada vez mais na população jovem. A escola não pode
ignorar que os conflitos e problemas sociais existem, e por isso tem vindo a adaptar-se
como pode. E é precisamente na escola que as crianças imitem comportamentos que
diariamente observam. Meios onde proliferam os maus tratos físicos e psicológicos, onde
as privações, a promiscuidade, a baixa escolarização, a pobreza, andam de mãos dadas.
Neste campo, surge uma intervenção conjunta realmente eficaz, fornecendo à
população em riscos modelos de conduta adequados ao desenvolvimento afetivo,
intelectual e moral de todos os implicados. Nós, sociedade democrática, somos
responsáveis pelas consequências educativas das nossas ações. Terá que haver um
esforço financeiro governamental, não só econômico, mas também a nível de recursos
193
humanos para que programas de combate à violência e exclusão social sejam realmente
concretizados e obtenham bons resultados. Não podemos deixar que as crianças se
transformem em futuros inadaptados ou futuros marginais, só porque não tiveram
referências positivas na infância e porque as diversas entidades educativas foram sendo
esquecidas que essas crianças também necessitam de carinho, de afeto, que também
são seres humanos como todas as outras crianças.
Consciente de que este trabalho é insuficiente na abordagem desta temática, pois
muito mais haveria a dizer, dado que o fenômeno da violência é muito amplo e surge em
variadíssimos contextos, resta então cogitar que toda a sociedade se deveria mobilizar
para proteger os cidadãos de amanhã, para que não tenham um futuro sombrio,
enredados em sofrimento, privações e sem projetos de vida.
194
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, S. Violência: Um Retrato em Branco e Preto. In Revista Idéias nº. 21, São Paulo: FDE, 1994.
AMARAL, Silvia (coord). Psicopedagogia: um portal para a inserção social. Editora Vozes, Petrópolis, 2003.
BARRETO, V. Educação e Violência: Reflexões Preliminares, Violência e Educação. São Paulo. Cortez,
1992.
195
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
INTRODUÇÃO
196
A BRINCADEIRA COMO FERRAMENTA DA EDUCAÇÃO
A infância é a fase que as crianças mais brincam. É necessário antes de mais nada
se entender as fases da infância.
A PRIMEIRA INFÂNCIA
197
Corpo representado: Esta fase segue até os doze anos e seu maior marco é que a criança
aprende a interpretar sentimentos, entender tudo à sua volta e ter pleno conhecimento e
noção acerca do próprio corpo.
É através das brincadeiras que elas se realizam, expressam seus desejos e
sentimentos. O lúdico é uma das formas mais eficientes para envolver as crianças nas
atividades escolares porque a brincadeira é inerente à própria criança.
O lúdico na educação infantil dá ao professor a oportunidade de compreender os
significados e a importância das brincadeiras para a educação. O reconhecimento da
maneira como seus educandos respondem melhor a isso do que ao ensinamento
engessado e mecânico.
Sneyders (1996 p.36) afirma que "Educar é ir em direção à alegria". Ou seja, a
euforia gerada pelo brincar faz com que a adesão da criança ao que lhe foi transmitido
seja muito maior. Educação sem ludicidade é desestimulante e não apresenta qualquer
interesse àqueles que o brincar sempre terá um apelo deveras maior, através disso é
fundamental que o educador utilize-se do uso de jogos e brincadeiras ao longo do
processo pedagógico porque os conteúdos podem ser ministrados de forma agradável e
cativante, é necessário salientar que as brincadeiras são sempre dirigidas e com todo um
papel educacional por detrás das mesmas, existem diferentes maneiras de se avaliar a
apercepção a cerca de uma mesma atividade, levando-se sempre em consideração a
idade da criança a qual tal demanda está sendo ofertada.
Usando renomados estudiosos da educação infantil como Negrine (1994),
Sneyders (1996), Vygotsky (1984), Santos (1999), Marcellino (1990),Piaget (1975), que
frisam a ideia de que por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode
expressar-se, criticar e transformar a realidade. Para que a ludicidade avance na
educação é preciso fazer-se uma reflexão sobre o processo de ensinar e aprender.
De acordo com Winnicott (1975) e Piaget (1975), conceitos como brinquedo, jogo e
brincadeira são formados ao longo de nossa vida. É a forma peculiar que cada criança
define suas brincadeiras como fonte de divertimento.
PSICOMOTRICIDADE
199
por exemplo, junto à consciência e o conhecimento, a organização dinâmica, e o uso do
próprio corpo, devem ser a chave de toda a educação da criança.
É necessário antes de mais nada entender a importância do profissional que cerca
a criança durante todo este processo de autoconhecimento, o mesmo é de suma
importância para que a criança possa atingir seu pleno desenvolvimento, afinal os
estímulos corretos garantem melhores resultados.
Assim sendo, cabe ao mesmo avaliar e determinar todas as limitações e
potencialidades psicomotoras da faixa etária a qual se destina seu processo de interação
educacional, conceituamos, portanto, a importância da capacitação de profissionais para
esta área. É necessário que o educador esteja atento para todas as necessidades do seu
grupo, sempre focando tanto no contexto geral quanto no desenvolvimento de cada qual,
respeitando o tempo da criança e permitindo que a mesma se desenvolva ao seu próprio
tempo. Somente após todo este processo de observação é possível criar um plano de
ação que vise ensinar ao grupo o que é previamente definido pelo educador, todas as
atividades dirigidas devem sempre buscar a integralidade das crianças, caso contrário, o
objetivo central jamais será alcançado. Muitas vezes, ainda mais se tratando da educação
infantil, a melhor ferramenta a utilizar-se neste processo são as brincadeiras
Utilizando-nos das ideias de Piaget (2002) desde os primeiros anos de vida até os
sete anos acontecem a educação psicomotriz, portanto é necessário exercer essa prática
na educação infantil com eficácia, pois nesse período ocorre todo o processo de
aprendizagem. Em outras palavras, a criança se desenvolve através da prática, quanto
maior o estímulo maior a aprendizagem e isto é indiscutível.
A criança demonstra através de sua expressão corporal seus sentimentos sejam
eles positivos ou negativos, seus sentimentos serão sempre determinados por
movimentos corporais sejam os mesmos intencionais ou não, se é movimento o termo
psicomotricidade é apropriado. O termo psicomotricidade foi utilizado pela primeira vez em
meados do século XIX quando surgiu a necessidade de especificar áreas do córtex
cerebral, foi apenas no século XX, porém que a mesma passou a ser considerada
indissociável do processo prático da ação.
Segundo Fonseca (2009), a psicomotricidade tem um papel fundamental para o
pleno desenvolvimento da criança na aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos,
mental, afetivo-emocional e contribuindo para seu processo de formação de
personalidade.
Baseando-nos na abordagem dos autores acima citados, a psicomotricidade tem
como objetivo, possibilitar a interação da criança, possibilitando seu pleno
desenvolvimento não apenas físico como cognitivo, afetivo e corporal. Ressaltando que a
200
mesma deve ser amplamente trabalhada em todos os momentos da criança, frisando a
importância do mesmo na primeira infância para um pleno desenvolvimento posterior.
Portanto, a psicomotricidade tem um papel de base em todo o processo
educacional, pois a mesma viabiliza a comunicação da criança em toda sua fase não
verbal, torna a mesma integrante do grupo, viabilizando e facilitando todo o processo de
aprendizagem dos mesmos. É necessário ressaltar, portanto, que o brincar e o lúdico
devem ser amplamente exaltados em todo o processo educacional, a criança que cria,
que excede suas limitações, que conhece suas limitações corporais tem uma ampla
capacidade de adaptabilidade, o que lhes viabiliza e facilita todo o processo de
aprendizagem.
Uma criança sem brinquedo pode ficar apática, triste e sem vida. O brinquedo está
para a criança, assim como a água está para o peixe. O ato de brincar dá a criança mais
uma oportunidade de ser feliz. De acordo com Chateau (1987, p.11),
Considerando estes aspectos, Schiller (apud Chateau, 1987, p.11) afirma que o
“homem só é completo quando brinca”, ou seja, a brincadeira fundamental para a
construção da identidade da criança enquanto sujeito. FroebeL (apud Kishimoto, 2008,
p.68) determina o brincar como a fase mais importante da infância, onde a mesma por
meio desta atividade desenvolve uma representação auto-ativa do interno, respondendo
assim as necessidades e impulsos internos.
Compreender a importância do brincar envolve o entendimento sobre o porquê a
criança brinca e quais as necessidades por detrás do brincar.
Alguns estudiosos defendem que a criança brinca simplesmente por gostar, outros
atribuem ao brincar uma necessidade que a criança desenvolve para dominar conflitos da
vida diária, muitas vezes a criança recria situações de seu cotidiano, responde a elas da
maneira como lhe é correto. Santos (2008, p.111), alega que alguns autores defendem
que a criança brinca por prazer, outros dizem que ela brinca para dominar angústias ou
dar vazão à agressividade. Assim sendo, é possível perceber que o desenvolvimento
201
infantil encontra no brincar mecanismos para todo o cotidiano da criança, quer seja pelo
gostar, para dar vasão à sentimentos bons ou ruins, ou utilizado como ferramenta
educacional. O lúdico está para criança como o ensinar está para o professor, algo
inerente à sua natureza.
Sendo assim, já podemos vislumbrar a junção do lúdico a educação “convencional”,
tratar uma criança como criança, trará uma resposta mais rápida e satisfatória a tudo
aquilo que lhe for ofertado, impulsionando seu processo de aprendizagem além de
estimular as noções de autoconhecimento, integração, convivência em sociedade, papel
social e o pleno desenvolvimento motor e cognitivo.
O brincar estimula todas as funções cerebrais, atingindo assim, níveis de
excelência que possivelmente não seriam atingidos por ouros métodos.
De acordo com Piaget (1975) (apud Kishimoto, 2001, p. 59),
Quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com
a realidade. É o meio pelo qual esta consegue conhecer, expressar-se e evoluir
enquanto ser humano ativo.
Friedmann (1998, p. 30) afirma que “as brincadeiras fazem parte do patrimônio
lúdico cultural, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos”. O
brincar é um direito da criança, pois brincar segundo ela, é uma atividade que integra a
vida social das mesmas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
202
outros que muito contribuíram para o seu enriquecimento, tornando possível a realização
do mesmo.
203
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.
SANTOS, Santa Marli pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro:
Vozes, 1999.
https://www.opas.org.br/desenvolvimento-infantil-o-que-e-e-as-4-fases-de-jean-piaget/. Acesso em
07/05/2019 ás 19:53.
204
UMA BREVE BIOGRAFIA DO COLÉGIO NOVO ALVORECER
RESUMO
O Colégio Novo Alvorecer foi criado com o propósito de contribuir para a formação plena de seus alunos,
tendo como objetivo primordial trabalhar a afetividade, a cognição e o desenvolvimento social. Partindo de
pressupostos pedagógicos, atribuímos total importância ao desenvolvimento da criança, respeitando os
estágios de desenvolvimento pelos quais ela passa e valorizando o tempo como fundamental dentro desse
processo. Sabe-se que a infância é o período em que a criança vai se apropriando do conhecimento de
mundo por meio das relações que estabelece com o outro, seja outra criança ou adulto. Desse modo, no
Colégio Novo Alvorecer valoriza-se as interações com o grupo por meio de atividades lúdicas (faz de conta,
imitação, brincadeiras dirigidas ou não, contação de história) que permita a criança reconhecer sua própria
identidade na medida em que vai construindo também sua autonomia. Assim, o propósito do Colégio Novo
Alvorecer, é o de colocar, sempre, a criança no centro do processo pedagógico. Reconhecendo-a como
cidadã de direito que é, para que ela cresça sabendo ser, por meio da linguagem, do brincar, da imitação,
da oposição e da apropriação da imagem corporal, tornando-a no presente e no futuro uma cidadã
autônoma.
INTRODUÇÃO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que será publicado nos artigos pela
revista Desenvolvimento Intelectual que serão publicados nos meses de junho e julho.
Portanto, este artigo foi divido em 3 partes para uma melhor compreensão, sendo que
este é a primeira parte onde descrevo a identificação, caracterização, em como uma
breve biografia do Colégio Novo Alvorecer.
Ø IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA
205
Ø ATOS LEGAIS
Ø DIREÇÃO
• Cibeli Lopes (Licenciada em Pedagogia e Pós-Graduada em
Neuropsicopedagogia).
Ø COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
• Miriam Bianchi (Licenciada em Pedagogia e Pós-Graduada em Libras).
CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA
Ø A COMUNIDADE
Ø A CLIENTELA
208
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo faz parte de um trabalho maior que serão publicados nos artigos pela
revista Desenvolvimento Intelectual que serão publicados nos meses de junho e julho.
Portanto, este artigo foi divido em 3 partes para uma melhor compreensão, sendo que
este é a primeira parte onde descrevo a identificação, caracterização, em como uma
breve biografia do Colégio Novo Alvorecer.
209
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
________. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: formação pessoal e social. Volume 2.
Brasília, 1998.
________. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: conhecimento de mundo. Volume 3.
Brasília, 1998.
DIAS, Rosa Maria. Nietzche Educador. Série Pensamento e Ação no Magistério. 2ª Ed. Ed. Scipione. Pg.
15. São Paulo,SP.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 40ª ed. São Paulo: Paz
e Terra, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo : Loyola, 1990.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 2ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
UNESCO, 2011.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Projeto Político-Pedagógico (PPP): guia prático para construção participativa.
1.ed. São Paulo: Érica, 2009.
OLIVEIRA, Marinalva de.NEGRELLI, Ana Lúcia Rocha. LIMA, Deucelia Nunes de. BORGES, Isabel Cristina
Nache. (Orgs.) Reorientação Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo; 2011
210
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. Série
Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Scipione, 1993.
O MELHOR DO BAIRRO. História – O melhor do bairro de Freguesia do Ó – Zona Norte – SÃO PAULO –
SP – BRASIL. Disponível em:< http://www.omelhordobairro.com.br/freguesiadoo/historia> . Acesso em: 1 set
2012.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar.Porto Alegre: Artmed, 2000.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Cultura. Bairro Freguesia do. Disponível
em:<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z
/thalescastanhodeandrade/index.php?p=5570>. Acesso em: 25 ag. 2012.
RIOS, Terezinha Azeredo. Compreender e Ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 8ª ed. - São
Paulo: Cortez, 2010.
RODRIGUES, André Figueiredo. Como Elaborar Referências Bibliográfica. 3ª ed. ver. Humanitas: São
Paulo, 2004.
UOL EDUCAÇÃO. Pesquisa Escolar – Água potável: Apenas 3% das águas são doces. Disponível
em:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/agua-potavel-apenas-3-das-aguas-sao-doces.htm.
Acesso em: 22 out. 2012.
ZABALZA, Miguel A.. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998
211
O PAPEL DA ARTE NA EDUCAÇÃO
RESUMO
Esse artigo tem como objetivo mostrar a importância da arte na educação infantil e sua contribuição para o
desenvolvimento da criança. Para desenvolver o estudo, a metodologia utilizada constituiu-se de pesquisas
bibliográficas. O resultado foi buscar nos autores que fundamentam esse trabalho referências a respeito,
bem como a importância do desenho e o quanto o fazer artístico é significativo para esse processo. Para
finalizar, apresentamos nas considerações finais, uma reflexão do tema.
INTRODUÇÃO
Ensinar e aprender são ações que só terão significado quando professor e aluno
questionam, observam, refletem e agem de uma forma que possam ampliar o
conhecimento.
A arte está presente na vida do homem desde a pré-história quando as primeiras
pinturas eram feitas nas cavernas.
Para atingir a intenção proposta nesta investigação, o artigo fundamenta a arte na
educação infantil, importante para o desenvolvimento cognitivo, emocional e perceptivo da
criança. O professor como incentivador nas criações, valorizando as diferentes formas de
comunicação e expressão, ensinando a criança a valorizar o trabalho do outro, respeitando a
diversidade cultural.
ARTE E EDUCAÇÃO
Ignoramos como a arte começou, tanto quanto desconhecemos como teve início a
linguagem. Se aceitarmos que arte significa o exercício de atividades tais como a
edificação de templos e casas, a realização de pinturas e esculturas, ou a tessitura
de padrões, nenhum povo existe no mundo sem arte.
“A magia da arte está em que, nesse processo de recriação, ela mostra a realidade como
passível de ser transformada, dominada e tornada brinquedo” (E. FISCHER).
A arte é fundamental na educação, pois, envolve aspectos culturais, sensíveis e
cognitivos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 garante o espaço da arte na
educação infantil. “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
alunos (FERRAZ E FUZARI, 1999, p. 15).
Uma das mais importantes formas de expressão da criança que ainda não domina
a linguagem escrita, através de riscos e rabiscos, seja capaz de exercitar habilidades
através da qual irá desenvolver condições afetivas e cognitivas, objetivando uma
alfabetização prazerosa, trabalhando a coordenação motora e sua capacidade de atenção
213
e concentração que será aperfeiçoada nas escolas de educação infantil, que é um espaço
pronto para favorecer os processos através da exploração e da experimentação,
valorizando a imaginação e a descoberta do desenho como uma atividade escolar,
quando a criança desenha cria concepções do mundo no qual está inserida, valorizando o
novo, permitindo a construção e reconstrução de seu pensamento.
Desde a pré-história os homens têm a mesma necessidade de comunicação,
transmitir o que estavam pensando e sentindo. Fizeram isso de várias formas e duas
delas foi desenhando e pintando.
O trabalho com arte na educação infantil ajuda a criança a aprender, imaginar,
abrindo portas para novos conhecimentos, proporcionando a leitura e a interpretação do
mundo em sua volta, possibilitando transformações.
De acordo com Ferraz e Fuzari, somos apresentados a muitas manifestações
artísticas desde o nosso nascimento, interagimos com diferentes formas de artes, e
mesmo sem perceber, produzimos arte.
A importância da arte na educação é explicada por Ferraz e Fuzari (1999, p.15):
Segundo Ana Mae Barbosa (1991, p.4): “A arte deve ser uma fonte de alegria e
prazer para a criança, quando permite que a organizem seus pensamentos e sentimentos
presentes em suas atividades criadoras”. Por isso, a atividade artística como influência
importante na personalidade infantil deve ser estimulada por meio de atividades lúdicas
para que possa ser ampliada as possibilidades criadoras, afetivas, cognitivas e sociais da
criança.
Ainda a autora afirma que:
Ao artista é indispensável a coragem de ver a vida inteira como no tempo que era
criança, pois a perda dessa condição nos priva da possibilidade de uma maneira
de expressão original, isto é, pessoal.
214
O potencial de criação, a sensibilidade e a imaginação precisam ser valorizados
para que a aprendizagem infantil tenha sucesso. A criança precisa ser incentivada a
desenvolver atividades como pintar, desenhar, modelar, utilizando-se de recursos como
sucatas ou papéis coloridos e com texturas diferenciadas. De acordo com o Referencial
Curricular Nacional:
215
trabalhe com a apreciação de obras de artes e para isso é preciso que instigue o assunto
que irá trabalhar.
As informações sobre os procedimentos, os materiais utilizados na produção da
obra de arte, bem como, o contexto histórico e a biografia do artista podem ou não
melhorar o trabalho com as crianças dependendo de como serão abordados e se o
trabalho do artista será melhor compreendido com essas informações. Se for necessário
falar sobre o contexto histórico deve ser feito de uma forma acessível, ou seja, ao invés
de dizer o século, poderemos dizer que foi há muito tempo, quando ainda não existia
celular ou televisão para que a criança possa compreender melhor.
O olhar da criança tende a ser aberto a novas descobertas e o contato com a arte
ajuda nesse interesse. Quando apresentamos arte para crianças temos que analisar a
obra, falar as imagens, dar tempo para que todos observem e se expressem fazendo uma
leitura compartilhada.
Rubem Alves (2004), compara entre a forma como adultos e crianças utilizam seus
olhos.
Estudar uma obra de arte exige aprofundamento, não basta a biografia do artista ou
leituras de críticos a respeito da obra. É preciso observar o trabalho, contemplar a relação
da obra com o ambiente, com as pessoas e sempre se perguntar o que chama atenção e
o que incomoda naquela obra.
Cada vez que se olha a mesma obra de arte é possível se ter uma interpretação
diferente, capaz de levantar questionamentos, derrubar tabus e proporcionar conexões
com o nosso dia a dia.
No material educativo da exposição “Em nome dos artistas”, da Fundação Bienal
de São Paulo, em 2011, apresenta a seguinte afirmação:
216
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção deste artigo foi apresentar alguns aspectos da arte na educação e como
elas podem andar juntas e beneficiar grandemente as crianças.
Muitos não têm noção do quanto a arte pode ser benéfica em nossas vidas e que
seria incrível se nos incentivassem a aderi-la desde a nossa infância, pois ela pode nos
transformar, de certa forma, já que como a pesquisa aponta, ela pode ser interpretada de
diversas maneiras sob diferentes pontos de vistas. Isto porque a arte pode inspirar cada
um de nós de acordo com as nossas vivências e sentimentos.
Arte e Educação são dois componentes que se trabalhadas juntas podem atingir
excelentes resultados no desenvolvimento infantil.
217
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância?. São Paulo: Blucher, 2012.
CAVALCANTI, Zélia (cood). Arte na Sala de Aula. Porto Alegre: Artmed, 1995.
COX, Maureen. Desenho da Criança. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
MOREIRA, Angélica Albano. O Espaço do Desenho. 3.ed. São Paulo: Loyola, 1984.
VON OECH, Roger. “Um Toc na cuca”: Técnicas para quem quer ter mais criatividade na vida. 18.ed. São
Paulo: Cultura, 2006.
218
UM BREVE ESTUDO SOBRE A GEOGRAFIA E SUA IMPORTÂNCIA
RESUMO
Este artigo vem buscar reflexões da disciplina de geografia e sua importância em relação às outras
disciplinas. A disciplina de Geografia tem uma vantagem distinta no desenvolvimento de uma compreensão
mais holística dos desafios ambientais globais, na medida em que atinge todas as ciências (incluindo
ciências sociais e humanas).
INTRODUÇÃO
219
culturas e sociedades criam lugares muito diferentes. A geografia é mais do que um
estudo das pessoas em seus ambientes, mas envolve problemas e questões
contemporâneas usando uma variedade de habilidades e uma perspectiva espacial
única. Essas habilidades e perspectivas, portanto, permitem que novos entendimentos e
soluções sejam encontrados.
220
queima de combustíveis fósseis. Mas reparou na palavra que falta aqui? Não oferecem e
não podem oferecer porcentagens ou declarações absolutas. Em vez disso, eles
apontarão o que a "evidência sugere". O que isso significa é que nossa compreensão das
mudanças climáticas pode e irá mudar à medida que mais coleta de dados e evidências
vierem à tona. Isso se aplica a outras teorias científicas importantes, como evolução, big
bang, placas tectônicas e outras.
221
Os geógrafos também estão preocupados com questões de espaço. Em particular,
eles estão preocupados com o que existe entre os espaços. As características entre os
espaços são relacionadas ou semelhantes entre si ou diferentes? A 1ª Lei da Geografia
afirma que eles provavelmente estão relacionados, mas nem sempre é esse o caso. As
redes estão preocupadas com o movimento ou fluxo de um objeto através do espaço e do
tempo. Isso pode se aplicar a transporte, migração, comércio, fluxo de rios, geleiras ou a
atmosfera, e também o fluxo de redes cibernéticas.
Geografia é sobre compreensão espacial, o que requer um sistema de grade
precisa para determinar a localização absoluta e relativa. A localização absoluta é a
coordenada xey exata na Terra. A localização relativa é a localização de algo em relação
a outras entidades. Por exemplo, quando você usa seu GPS em seu smartphone ou carro,
digamos Google Maps, você coloca uma localização absoluta. Mas quando você começa
a dirigir, o dispositivo lhe diz para virar à direita ou à esquerda em relação aos objetos no
solo: "Vire à esquerda na saída 202" é relativo aos outros pontos de saída. Ou se você dá
instruções para chegar à sua casa, geralmente usa localizações relativas para ajudá-los a
entender como chegar até sua casa.
222
Muitos geógrafos hoje ensinam e pesquisam sobre conceitos que são relevantes
para a vida cotidiana. Este conhecimento geográfico nos permite entender as coisas que
fazemos diariamente ou de outra forma episódica, e como as ações cotidianas (como
viajar para o trabalho) afetam o mundo ao nosso redor (por exemplo, poluição de
automóveis que contribui para o aquecimento global). Essa ênfase coloca as atividades
cotidianas em um contexto mais amplo - notavelmente espacial - e, ao fazê-lo, visa
aumentar nossa consciência de nossas vidas e atividades pessoais e seus contextos
sócio espaciais em escalas que vão da vizinhança ao global. Frequentemente
presumimos que não há necessidade de aprender esse tipo de geografia porque já a
"conhecemos"! "Grande parte da geografia é apenas senso comum" dizem nossos
praticantes ingênuos - enquanto eles conduzem alegremente comportamentos que
provam sem dúvida que seu conhecimento geográfico ingênuo é falso ou terrivelmente
incompleto.
Muitas pessoas se recusam a acreditar que precisam conhecer conceitos
geográficos como localização, reconhecimento de local, avaliação à distância, associação
de distribuição e contexto regional.
O estudo da geografia desenvolve uma melhor consciência espacial. É importante
aprender o sentido de mapas e as habilidades de leitura do globo, embora essas
atividades tenham praticamente desaparecido da educação hoje. Ao estudar geografia e
habilidades de mapeamento, promovemos o desenvolvimento da consciência espacial e
também criamos o vínculo para a compreensão da eficácia dos principais sistemas
geográficos espaciais, como o GPS.
223
disponibilidade de água, recursos naturais e outros, são muito mais fáceis de entender por
quem conhece bem a geografia.
Visto que o ensino da geografia passou por mudanças constantes, até ser incluída
nos currículos das escolas de educação básica, que foram mudanças significativas
e que fazem com que os educadores reflitam sobre a importância da geografia no
cotidiano dos alunos. A mesma não deve ser ensinada de maneira tradicionalista,
neste aspecto o professor deve estar atento e ao mesmo tempo ser um mediador.
Quando uma criança ou adulto estuda geografia, eles estão ainda mais no caminho
para se tornar um cidadão global. Aqueles que entendem de geografia e como ela tornou
o mundo do jeito que é hoje têm maior probabilidade de compreender nossa
interdependência global. Eles são mais propensos a participar da comunidade global.
224
globalização. Globalização é o processo de culturas que viajam globalmente e afetam
outras pessoas. Estudar geografia nos ajuda a entender onde a globalização pode nos
levar.
A interdependência global é a ideia de que todas as áreas do mundo são
interdependentes umas das outras. Cada país, continente e região depende de outro para
recursos e paz. Esses países dependem de outros e assim por diante - estamos todos
conectados e dependendo uns dos outros de alguma forma.
Estudar geografia o ajudará a entender e apreciar diferentes culturas ao redor do
globo. Aprender sobre a terra, a disponibilidade de recursos e como isso moldou uma
cultura do jeito que é hoje ajuda a entender a singularidade de uma cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
225
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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228
O USO DAS TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO: UMA BREVE
INTRODUÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior divido em duas partes. A primeira faz parte deste artigo e a
segunda faz parte do artigo que será publicado em junho de 2021 pela revista Desenvolvimento Intelectual.
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral analisar os desafios e as possibilidades do uso das
tecnologias da educação e informação no processo de ensino-aprendizagem, analisando vivências
realizadas em uma escola estadual da zona leste de São Paulo com alunos de 2º e 3º ano do Ensino Médio.
Por meio de um formulário on-line com 45 alunos e também levando em consideração a experiência em sala
de aula, procurou-se compreender a maneira com a qual esses jovens lidam com tecnologias digitais e
como aprendem com ela ou como a utilizam para aprendem e desenvolver tarefas relacionadas à educação.
O resultado dessa pesquisa nos permitiu constatar que os jovens têm noções de utilização, porém ainda
precisam de um melhor direcionamento para o que o aprendizado seja mais significativo. Essa realidade
demonstra que os alunos são encorajados a fazer uso das Tic´s em suas tarefas educacionais diárias.
INTRODUÇÃO
229
Dentro deste cenário, de tecnologias inseridas no contexto escolar e as
mudanças de paradigmas em relação ao papel do professor, buscamos compreender a
maneira com a qual os jovens lidam com a tecnologia e como aprendem com ela ou como a
utilizam para aprenderem e desenvolver tarefas relacionadas à educação, associando o
interesse do aluno à tecnologia e sua relação dialógica e de comunicação, relacionando o
espaço e tempo social em que estão inseridos e como se dá interação sócio- econômica e
cultural do público alvo da pesquisa.
CAMINHOS TEÓRICOS
230
todos inseridos nos permite acesso a uma incalculável quantidade de informações e
recursos que podemos buscar através da internet.
Sendo assim, a escola ainda encontra dificuldades em aproximar os elementos
que rodeiam o processo educativo, levando em consideração sua estrutura e os
participantes do processo, com o contexto tecnológico atual. Esse cenário não admite
mais uma escola não tecnológica, incluindo discentes e principalmente docentes.
A escola precisa formar o aluno para que ele possa construir seu aprendizado,
desenvolvendo sua capacidade de adaptação ao novo momento tecnológico. A
internet é uma ferramenta que cria oportunidades pedagógicas que não podem ser
perdidas, devemos utilizá-la para pesquisa, aquisição e assimilação de
conhecimento, levando em consideração os diversos recursos cognitivos que são
ativados com o uso direcionado dessa ferramenta. Além de aspectos cognitivos,
através da internet são despertados aspectos afetivos, na medida em que o
aprender através da combinação de imagens, sons, vídeos, animações se torna
mais atraente. (SANTOS, ARAÚJO, 2014).
Ainda:
Para essa sociedade que se comunica em rede e que criou novos espaços de
produção de conhecimento e que considera como uma nova forma de pensar a cultura
planetária/ cultura digital, o professor precisa estar preparado para intervir e mediar à
aprendizagem por esse novo contexto.
A escola precisa formar o aluno para que ele possa se adaptar a esse mundo
tecnológico e para que ele seja capaz de construir seu conhecimento e não apenas fixar
conteúdo. Nesse processo o papel do professor vem sendo redimensionado, tornando-se
aquele que instiga a aventura, incentiva e anima, supervisiona o processo.
O mundo evolui e a escola tem que acompanhar, porém sem substituir algumas de
suas principais finalidades. A escola precisa rever a formação docente, flexibilizar
231
currículos e como está organizada. Rever a cultura do currículo é uma necessidade
primordial.
A escola por sua vez para se adaptar ampliou o seu campo de conhecimento
com a utilização de novas tecnologias.
Não podemos contestar a importância das TIC na rotina escolar e como elas
têm aprimorado os processos educativos, mas ainda assim seriamos inocentes de
pensarmos que as TIC resolverão sozinhas todos os impasses e questões educacionais.
“Deve-se pensar como inseri-las de maneira efetiva na escola para proporcionar
aos alunos uma aprendizagem significativa”. (BIZELLI, HEREDERO, 2016, p. 4).
“Assim, são fundamentais as reflexões e debates sobre o uso de TIC em sala
de aula e seu processo de implantação nas escolas”. (CUNHA, BIZELLI, 2016, p. 4).
232
[...] para que ocorra essa integração, é preciso que conhecimentos, valores,
hábitos, atitudes e comportamentos do grupo sejam ensinados e aprendidos, ou
seja, que se utilize a educação para ensinar sobre as tecnologias que estão na
base da identidade e da ação do grupo e que se faça uso delas para ensinar as
bases dessa educação. (KENSKI, 2012, p.43).
[...] 3 hipóteses para o não uso de TIC em sala de aula: a resistência do professor
com o uso de TIC e novas possibilidades na educação; a insegurança do
professor, fator que pode estar relacionado com as poucas formações para uso e;
a falta de tempo para estudo e preparo das aulas utilizando TIC. (CUNHA;
BIZELLI, 2016, p. 10).
As novas tecnologias não são apenas meros suportes tecnológicos. Elas têm suas
próprias lógicas, suas linguagens e maneiras particulares de comunicar-se com as
capacidades perceptivas, emocionais, cognitivas intuitivas e comunicativas das
pessoas. (KENSKI, 2007, p.39).
Para que o uso das TIC seja consolidado, é preciso um planejamento das
escolas e a formação do professor para utilização de forma crítica e construtiva.
[...] é preciso repensar práticas escolares, entender TIC como meio a mais de
fomentar discussão crítica entre professores a fim de traçar caminhos que
orientem prática docente criativa e reflexiva, em que TIC poderiam ser
compreendidas como espaço de possibilidade de criação, individual ou
colaborativa e não apenas utilizada como forma de chamar a atenção de alunos
ou de sensibilizá-los aos conteúdos propostos na aula. (CUNHA, BIZELLI, 2016).
233
E por fim, Kenski menciona as diversas possibilidades que as redes de
comunicação trazem à educação.
CAMINHOS METODOLÓGICOS
234
GRÁFICO 1- Qual a sua posição na escola
GRÁFICO 3- Para o caso de menor de 18 anos, seu responsável legal (pai, mãe ou
outros) autoriza você a responder esse questionário?
235
As três primeiras perguntas visavam conhecer o aluno que estava respondendo
e se o mesmo tinha autorização para realizar a pesquisa.
As perguntas 5,6 e 7 buscavam questionar a relação do aluno com a internet,
se o aluno possui acesso, quanto tempo dispõe durante o dia utilizando o recurso e que
tipos de atividades desenvolve na internet.
As demais perguntas eram relacionas à utilização da internet como recurso
para a aprendizagem, questionando como o aluno a utiliza para aprender.
A escola que os alunos que responderam à pesquisa frequentam é de
dependência administrativa pública/ estadual. Localizada na periferia da cidade de São
Paulo, em um bairro que dispõe de poucos atrativos de entretenimento e se torna um
referencial para o seu público. É aberta também aos sábados e domingos para receber as
atividades do Programa Escola da Família, onde alunos e comunidade desenvolvem entre
outras atividades, aulas de dança, artes marciais e esportes.
A escola é bem estruturada, tem 18 salas de aulas, quadra poliesportiva
coberta, salas de Leitura e Vídeo (Multimídia), além de laboratório de Informática e
Ciências, possui um palco no pátio, que é uma área ampla e também utilizada para
eventos e festas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
237
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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agosto de 2018.
238
APÊNDICE
239
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS LEGISLAÇÕES VIGENTES
RESUMO
Ao longo da história surgem leis de defesa e proteção dos deficientes, ampliam-se os sistemas de educação
especial, buscava-se, assim, resgatar à pessoa com deficiência, de qualquer tipo de deficiência, a
possibilidade de pertencer à sociedade, com as devidas ressalvas. Sendo as famílias os primeiros grupos
de contatos sócios para as crianças, investigamos seu papel para a contribuição do desenvolvimento pleno
da educação inclusiva. Para isso, foram utilizados os pensamentos dos autores Marcia Aparecida Gobbi,
Lev. S. Vygotsky, Luciane GruppelliLoponte. Nota-se, a existência de diversas leis que conduzem e
orientam sobre a importância de garantir uma educação inclusiva
INTRODUÇÃO
A inclusão e a diversidade são temas que vem sendo difundidos entre educadores
em diversos congressos, reuniões e discussões que visam à realização de uma educação
de qualidade propagada às pessoas com necessidades educacionais especiais.
Diante desse fato, é assegurado por lei que o oferecimento de vagas a esses
alunos no ensino regular seja cumprido, mas sabemos que esbarramos em vários pontos
e contrapontos a esse respeito.
De acordo com Mantoan(2001, p. 23), “A verdade é que o ensino escolar
brasileiro continua aberto a poucos, e essa situação se acentua drasticamente no caso
dos alunos com deficiência”.
Ainda acredita-se ser a inclusão a evolução natural do sistema integrativo,
entretanto não se pode considerar tal ideia como verdadeira tendo em vista que, quando
se fala em uma escola integrativa, trata-se de uma escola em tudo semelhante a uma
escola tradicional em que os alunos com deficiência recebiam um tratamento especial.
Observa-se mais intensamente nas últimas duas décadas, o surgimento de produções
teóricas e investigações empíricas que receberam forte influência dos movimentos civis
organizados pelas próprias pessoas com deficiências e seus familiares. Nessas, no que
respeita às especificidades das pessoas com deficiência intelectual, nota-se o
240
crescimento da preocupação com a consideração de natureza social, numa espécie de
redescoberta de um novo ser, que deve ser tratado a partir de suas características
orgânicas e do seu meio social.
O resgate acadêmico de sua cidadania, entretanto, não foi suficiente para a
promoção de significativas alterações nas práticas profissionais, assim como ainda não
atingiu satisfatoriamente as esferas políticas e sociais. Há de convir que exista uma
diferenciação explícita, negativa aos deficientes intelectuais, em termos de expectativas e
propostas que assegurem a igualdade e participação social plena às pessoas com
deficiências de um modo geral.
Obviamente não se deve desconsiderar que vivemos num ambiente social em que
a capacidade intelectual é um dos atributos mais valorizados, já que persiste a noção de
que tal atributo habilita as pessoas a enfrentarem os mais variados desafios impostos por
uma sociedade competitiva e de grande desenvolvimento tecnológico.
A partir disto, esta pesquisa de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em
atendimento educacional especializado, tomou como metodologia, uma pesquisa de
abordagem qualitativa utilizando-se como base legislações vigentes que nos trazem luz
sobre o tema.
O objetivo específico deste artigo é refletir sobre o papel das legislações vigentes na
garantia de uma educação inclusiva de qualidade
"Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma nova
história.(Gandhi)".
Em alteração da Lei n° 4. 024/61, em 1971 a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDBEN, Lei n° 5.692/71, garantindo atendimento educacional para
alunos com deficiências em classes e escolas especiais. Para Cristina Abranches Mota
Batista e Maria Teresa EglerMantoan (BATISTA e MANTOAN, 2006, p. 8).
242
têm os mesmos direitos. Não há razão para alguns serem mais iguais que os outros”,
(BRASIL, 1997, p. 106).
A Lei n° 10.436/02(BRASIL, 2002) reconhece a Língua Brasileira de Sinais como
segunda língua oficial do Brasil com estrutura gramatical própria e meio de comunicação
de ideias e fatos, usada pelos surdos devendo ser divulgada e fazer parte do currículo na
formação de professores e fonoaudiólogos.
[...] considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo
prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas
barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na
sociedade. (BRASIL, 2010, p. 21).
Muitos, por não conhecerem certas leis, não percebem que são alvo de injustiças.
Não conhecem seus direitos; se os conhecessem, teriam melhores condições de
lutar para que fossem respeitados.
A inclusão escolar não se refere apenas a matrícula de alunos com NEE em salas
regulares por que todos os alunos têm direito de estudarem juntos, ela é entendida
como uma reformulação do sistema de ensino visando buscar o desenvolvimento
dos alunos, respeitar suas particularidades e fornecer o atendimento especializado
caso ele necessite.
243
É importante lembrar que no Brasil existem várias leis voltadas para as pessoas
com deficiência, “No entanto, mesmo após decretadas, as leis são implantadas de modo
lento e parcial, sendo ignoradas pela maior parte da população”. (REDONDO e
CARVALHO, 2001, p. 5).
Atualmente, apesar da LIBRAS ser reconhecida como segunda língua oficial do
Brasil pela Lei 10.436 de abril de 2002, ela ainda é pouco conhecida pela população e por
apresentarem ausência de oralidade os surdos brasileiros são marginalizados pela
sociedade, sendo a língua portuguesa a mais utilizada pela maioria das pessoas inclusive
nas práticas escolares.
244
período, o egocentrismo ainda é muito forte e isso pode ocasionar dificuldade de
convivência no ambiente escolar. Na adolescência, desenvolvimento global do
adolescente com síndrome de down vai acontecer de maneira muito próxima a de
uma criança normal, seus órgãos reprodutores podem ter seus tamanhos
alterados devido a oscilação de hormônios, porém, suas vontades serão
semelhantes a de um adolescente normal. Dificilmente terá a mesma liberdade e
autonomia, pois devido sua dificuldade em se locomover, permanecerão por mais
tempo junto à família. Este é um período de muito estresse, a defasagem do
desenvolvimento cognitivo, a falta ou baixa realização sexual, e outros conflitos
podem trazer sério sentimento de frustração para o indivíduo, tornando-o mais
agressivo e desmotivado. (CASARIN, 2007).
Desta forma fica clara a importância dos estímulos para desenvolver habilidades
básicas, muitas vezes, pequenas oportunidades cotidianas podem devolver a dignidade
ao jovem com Síndrome de Down, como, por exemplo: tomar banho sozinho, em
particular; escolher que roupa vestir hoje; ter um lugar em que possa ficar sozinho; ser
capaz de fazer escolhas; ter seu dinheiro; ter opinião própria e expressá-la. As pessoas
com Síndrome de Down que não são capazes dessas atividades podem ser levadas a
desenvolvê-las por intermédio de orientação clara e de uma atitude de confiança por parte
da família. Puberdade não significa desenvolvimento sexual, mas envolve o
desenvolvimento de uma autoimagem positiva e de uma identidade definida enquanto
homem ou mulher.
245
O CONCEITO DE ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL DE VYGOSTSKY
Johan Huizinga (HUIZINGA, 1951) caracteriza o jogo, como algo descontraído, não
se referindo a uma menor importância da atividade, mas sim salientando o riso, o cômico,
que acompanha o ato lúdico. Considera também o jogo de natureza livre e o coloca como
atividade voluntária do indivíduo, deixando de ser jogo numa situação de imposição.
Tizuko Morchida ressalta a imaginação contida no jogo de papel, na construção da
representação mental e da realidade, porém destina estas discussões ao olhar e atenção
psicológico. “Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, entra no
mundo imaginário”. (KISHIMOTO, 2011, p. 37).
Conforme Ana Beatriz Cerisara (apud KISHIMOTO, 2008, p. 125), para Vygotsky,
Desta forma cria o que Lev. Vygotsky determina como atividade criadora na
imaginação, depende diretamente da riqueza e da diversidade da experiência anterior,
porque essa experiência constitui o material com que se criam as construções da fantasia.
246
Ou seja, quanto mais rica é a experiência da pessoa, tanto mais material está disponível
para a imaginação dela.
Uma segunda forma expressa por Vygotsky (2009) amplia e ressignifica a anterior,
pois vê a relação dos produtos realizados pela fantasia e certos fenômenos complexos da
realidade. O produto reside na combinação entre imaginação e os elementos da realidade
adquiridos pela experiência alheia, absorvidos pelo sujeito, através de relatos, descrições
etc. Assim, a experiência vai se apoiar na imaginação, dependendo da capacidade do
sujeito imaginar algo que não viveu.
A terceira forma acrescenta a emoção à fantasia e a realidade, e que poderão
manifestar-se de duas formas: os sentimentos influenciarem a imaginação e outro a
imaginação influir no sentimento. No primeiro caso, as imagens se combinam, não pelo
fator comum, mas por possuírem um componente afetivo comum. No segundo caso, a
imaginação empresta imagens aos sentimentos, pois respondem ao estado de ânimo
interior dos sujeitos e não a lógica exterior das imagens. Neste aspecto o autor salienta
que a criação humana é movida por sentimentos e pensamentos.
247
A quarta forma de vinculação entre realidade e a imaginação, consiste que uma
nova criação pode representar um algo inteiramente novo, sem semelhança a um objeto
real, nem existente na experiência humana. Porém, se converter esta imagem em objeto,
este começa a existir no mundo real passando a influenciar em novas organizações
outros objetos. O autor salienta que esta forma de imaginação pode ocorrer no campo da
esfera científica, técnica e da vida prática e artística, sendo esta última capaz de
influenciar a consciência social em razão de sua lógica interna.
Portanto, através destes entendimentos acerca do mecanismo psicológicos da
imaginação pode-se compreender os movimentos dialéticos que envolvem a esfera da
imaginação, e suas implicações. Segundo o autor, as crianças pequenas se envolvem
num mundo imaginário e ilusório, para realizar os desejos que não podem realizar e,
desta forma, é importante que o educador tenha clara a concepção e percepção de que a
“Zona de Desenvolvimento Proximal” em que a criança se encontra, influencia
diretamente nas capacidades imaginárias momentâneas, nas quais se encontra.
Conforme explica Suely Amaral Mello (MELLO, 1999) para Vygotsky, o bom ensino
deve incidir na zona de desenvolvimento proximal e nesse sentido impulsionar o
desenvolvimento, pois ao estudar as formas tradicionais de avaliação do desenvolvimento
infantil, o teórico percebeu que, o indicador utilizado, considerava aquilo que a criança era
capaz de fazer sozinha (zona de desenvolvimento real). No entanto, para concepção
dialética, existe um outro indicador, que deve ser considerado que é aquilo que a criança
não é capaz de fazer sozinha, mas consegue em colaboração de um parceiro mais
experiente, denominado de Zona de Desenvolvimento Proximal. Isto não quer dizer que o
educador deva fazer as atividades por e nem pelas crianças e sim, mediar, fazer com
elas, atuando no papel de parceiro mais experiente que atua em colaboração e não no
lugar da criança. A criança ao realizar com a ajuda de adultos ou parceiro mais
experiente, tarefas que superam seu nível de desenvolvimento, ela se prepara para
realizá-las sozinha, pois o aprendizado desperta processos de desenvolvimento que,
gradativamente, vão se tornando parte das possibilidades reais da criança. Este conceito
elaborado por Vygotsky deixa claro o valor da experiência social no desenvolvimento
cognitivo. O valor das interações e trocas de experiências com os que sabem mais, deve
ser viabilizado pelo professor.
Conforme afirma Marta Kohl de Oliveira (1993, p. 60),
248
Assim, entende-se que, é o percurso entre as ações que uma criança já domina e
as atividades nas quais ela ainda depende de ajuda, sendo no caminho entre esses dois
pontos que ela pode se desenvolver mentalmente por meio da interação e da troca de
experiências.
Por estas concepções, Tizuko morchida Kishimoto, (2008, p. 151), considera que o
papel do agente adulto é auxiliar no desenvolvimento infantil, utilizando-se da brincadeira.
Assim:
Através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem
como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão
desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio,
o pensamento e a linguagem. (FELIPE, 2001, p. 27).
249
Fortalecendo as considerações citadas, Pimentel apresentou que:
Sendo esta capaz somente de imitar um modelo que esteja presente, pois ainda
não apresenta a capacidade imaginativa desenvolvida.
Para o autor, as atribuições da consciência aparecem originalmente da ação, sendo
esta estimulada pela necessidade que no caso do jogo poderia ser saciada na
transferência da realidade por intermédio de uma situação imaginária.
Segundo Vygotsky (1998, p.125),
Observa-se ainda que, a ação numa situação imaginária ensina a criança a guiar
seu comportamento, não somente pela percepção, ou situação que o afeta,
imediata dos objetos, mas ainda pelo significado dessa situação, enriquecendo o
momento do brincar, permitindo que o objeto substitua sua inata essência,
conferindo-lhe novos e significativos atributos (VYGOTSKY, 1998).
Jane Felipe (2001) apresentou, que para a criança pequena, a imaginação era
elaborada também pela imitação, sendo uma ação muito praticada por ela, ressaltando
que esta prática não deveria ser interpretada como reprodução de um modelo e sim como
uma reconstrução individual das vivências observada ao seu redor.
250
Ressaltando a afirmação, em sua obra, A formação social da mente, Vygotsky
relata que
a criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo
contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às
restrições situacionais. (VYGOTSKY, 1998, p.130).
[...] a criação de uma situação imaginária pode ser considerada como um meio
para desenvolver o pensamento abstrato. O desenvolvimento correspondente de
regras conduz a ações, com base nas quais torna-se possível a divisão entre
trabalho e brinquedo, divisão esta encontrada na idade escolar como um fato
fundamental. Neste aspecto, o autor elucida que é a aprendizagem que permite e
conduz a sequência do desenvolvimento, pois o aprendizado humano pressupõe
uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças
penetram na vida intelectual daquelas que as cercam no ambiente de realidade da
vivencia cotidiana. (VYGOTSKY, 1998, p.136).
Em consonância com esta autora, Janet R. Moyles (2002, p. 25) manifestou que o
“brincar é sempre estruturado pelos materiais disponíveis para os participantes”,
tonificando a importante noção do professor como um mediador e promotor de novas
aprendizagens na proposta educacional, reforçando que o “acesso ao brincar livre [...] a
oportunidade de explorar e investigar materiais e situações sozinho - pode ser o precursor
do brincar mais desafiador”.
KISHIMOTO (2011) valeu-se de um olhar minucioso quanto ao processo
educacional, delineando que o brincar em seu aspecto lúdico e com sua influência quanto
ao prazer promovido, contrapunha-se aos conceitos tradicionais da educação, os quais
salientavam a “aquisição de conhecimento, a disciplina e a ordem” como fundamentais
práticas a serem desenvolvidas na escola.
253
A autora observa que as contribuições de Vygotsky quanto ao conceito em que se
analisa o momento cognitivo em que a criança se encontra e o potencial
momentâneo o qual está acessível a mesma, permitiram nova compreensão
quanto ao momento da brincadeira na educação, no qual o professor tornar-se-ia o
responsável pela organização e enriquecimento das propostas, valorizando ao
máximo o conhecimento da criança, seu ritmo e nível de desenvolvimento,
objetivando a elaboração do seu conhecimento (KISHIMOTO, 2011).
A função do professor deveria ser revista, pois deixaria “de ser visto como um
agente exclusivo de informação e formação dos alunos, uma vez que as
interações estabelecidas entre as crianças também têm um papel fundamental na
promoção de avanços no desenvolvimento individual” (REGO, 1995, p.115).
254
crianças, promovendo a troca de conhecimentos entre os alunos e que consintam à
aprendizagem das diversas formas de aquisição do conhecimento.
Segundo Rego, como a pratica pedagógica do educador deve partir de uma nova
postura do professor, na qual é:
[...] preciso que, no cotidiano, o professor estabeleça uma relação de diálogo com
as crianças e que crie situações em que elas possam expressar aquilo que já
sabem. Enfim, é necessário que o professor se disponha a ouvir e anotar as
manifestações infantis (REGO, 1995, p.116).
255
bem definidos, de modo que a atividade favoreça a intencionalidade, o desenvolvimento e,
consequentemente, a aprendizagem de cada criança e no grupo de interação.
Validada esta concepção fica para o professor, em sua prática educacional, um
convite ao brincar, envolvendo atenção para com o trabalho proposto; respeito pelas
crianças, protagonistas dinâmicas neste processo de aprendizagem, bem como uma ação
investigativa, proporcionando significativos momentos de desenvolvimento para todos os
envolvidos neste processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
256
O educador irá promover por meio da curiosidade da criança a aprendizagem sobre
a saúde, pois sabe-se a importância social que os cuidados corporais e sociais
representam em nossa sociedade, gerando cidadãos atuantes e críticos.
Dessa maneira é possível compreender que tanto a teoria quanto a prática são
essenciais na educação, mas a base inicial é o sustento da formação continuada e a
preocupação teórica sobre assuntos relacionados à inclusão social deve ser entre outros,
um fator de grande preocupação nos cursos de graduação para que os futuros
educadores.
Assim sendo, tanto a área especializada na educação especial e no atendimento a
pessoas com deficiência, quanto na luta da sociedade civil por garantias do direito e
defesas de interesses desta parcela da população, o discurso predileto considera o
indivíduo com deficiência intelectual como cidadão, como um ser social repleto de direitos,
ou seja, trata estas pessoas com deficiência a partir de uma condição dignificante, capaz
de satisfazê-lo o mais plenamente possível no exercício de sua cidadania.
257
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262
O IMPACTO DAS ERAS INDUSTRIAIS SOBRE A CIBERGUERRA
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que foi divido em três partes. A primeira faz parte deste artigo, a
segunda faz parte do artigo que será publicado em junho de 2021 e a terceira em julho de 2021 pela revista
Desenvolvimento Intelectual. Este artigo tratará alguns aspectos históricos da ciberguerra.
INTRODUÇÃO
263
Sendo assim, não é de se estranhar que as últimas guerras do século XX
(sobretudo a primeira Guerra do Golfo) já apresentassem características da terceira
revolução industrial. A computação possibilitou o uso de GPS, aviões inteligentes e
artilharia avançada em um conflito. A precisão da artilharia avançou a tal grau que fez
com que nascesse o termo “guerra cirúrgica”, ou seja, aquela que se estabelece com uma
maior precisão dos armamentos desenvolvidos a partir de então. Porém, as tecnologias
oriundas da revolução informacional foram utilizadas na última década do século XX
somente como suporte para melhorar armas e, concomitante, estratégias militares já
existentes.
É no século XXI, com a latente importância das redes de informáticas e
computadores e da dependência dos Estados e sociedade sobre estas que nasce uma
nova forma de guerra, a Ciberguerra. A Ciberguerra seria uma das novas formas de
choque entre os Estados, o choque pelo meio cibernético, pelas redes cibernéticas.
JUSTIFICATIVA
MATERIAL E PROCEDIMENTO
Para elaborar o presente artigo, foi encontrado uma certa dificuldade a pouca
bibliografia a respeito do assunto Ciberguerra, uma vez que este é ainda um tema muito
novo e, consequentemente, ainda pouco estudado. Devido a essa problemática, estruturei
o artigo em três diferentes períodos para que melhor entendêssemos a Ciberguerra.
Neste artigo será relatado apenas um período.
Em uma primeira parte, foi estudado como as diversas revoluções no domínio de
novas técnicas estão relacionadas às mudanças da sociedade como um todo e sobretudo
264
novos tipos de conflitos; importância da internet para a contemporaneidade, gênese e
vulnerabilidade das redes. Para tanto, utilizarei alguns autores que debruçaram seus
estudos sobre o ciberespaço; o filósofo Paul Virilio, com sua obra “O Espaço Crítico”, o
sociólogo Manuel Castells, em “A Sociedade em Redes”, e geógrafo Milton Santos, em
“Por uma Geografia das Redes”.
Junto com Paul Virilio, Manuel Castell é outro autor que estuda o impacto da
informática e suas redes nas sociedades atuais; sobre o tema, Castell destaca:
A morte, a guerra e o tempo são sócios seculares, e uma das características mais
surpreendentes do paradigma tecnológico emergente é que essa associação seja
fundamentalmente alterada ... (CASTELLS, 2000, p. 547).
Sendo assim, o tempo de duração de uma guerra e a própria forma de fazer uma
guerra foram alterados, as grandes carnificinas da primeira e segunda guerras mundiais e
conflitos antecessores, juntamente com batalhas de longa duração de meses e anos,
foram substituídos pela “Guerra instantânea”.
No pós-segunda Guerra Mundial e pungência da Guerra Fria, uma nova fase da
história da humanidade e consequentemente das guerras foi escrita, as grandes potências
adquiriram tamanha capacidade militar, ou capacidade tecnológica nuclear, que o choque
267
entre os “Estados Potência” poderia representar a autodestruição mútua, junto à enorme
quantidade e capacidade de destruição dos seus arsenais, um grande conflito entre as
potências que colocaria em perigo todo o planeta. Com isso, o advento da tecnologia
nuclear impossibilitou grandes conflitos entre as potências, sendo assim, enormes perdas
humanas, como verificado em períodos antecessores à segunda guerra mundial,
tornaram-se cada vez mais difíceis de acontecer.
É importante salientar que, no final da Segunda Grande Guerra, não só a
tecnologia nuclear foi desenvolvida, mas também, de forma geral, a guerra propiciou um
grande avanço tecnológico militar e civil. Os meios de comunicação se desenvolveram
com o fim da guerra; a televisão, por exemplo, se popularizou na década de 50. Com o
desenvolvimento dos meios de comunicação, qualquer guerra poderia ficar mais próxima
da opinião pública, de modo que imagens e acontecimentos de um conflito poderiam ser
melhor transmitidos, visualizados e chegariam mais rápido à população. Junto ao
desenvolvimento dos meios de comunicação, e a consequente veiculação de milhares de
mortes de pais, maridos, filhos e irmãos em guerra fez com que a opinião pública
passasse a ser um obstáculo cada vez maior para um conflito nos moldes da
Primeira/Segunda Guerra e antecessoras. A Guerra do Vietnã e o movimento hippies são
exemplo de como a opinião pública pode interferir em um combate.
As possibilidades de “holocausto planetário” por meio de armas nucleares, junto
com a força da opinião pública, podem ter sido fatores determinantes para evitar grandes
conflitos armados entre as potências na segunda metade do século XX.
Estaríamos, então, em uma nova fase dos conflitos militares, a fase das guerras
instantâneas. Uma nova fase, gerada por avanços tecnológicos, sobretudo na esfera da
tecnologia nuclear, só pôde ser concretizada por avanços em tecnologia de ponta e novas
268
estratégias militares. Porém, acredito que avanços na tecnologia militar podem ser vistos
no mínimo de duas maneiras:
Vale ressaltar que, conforme VIRILIO (1993), as redes de informação são um tipo
de energia junto a outras como o gás, carvão, petróleo e eletricidade; tais energias teriam
grande importância no decorrer da história da humanidade e várias batalhas ocorreram
pela disputa do controle dessas. Sendo os fluxos de informação, hoje, tão importantes
para a contemporaneidade (como tais energias), logo os fluxos de informação (tecnologia
de informação) são alvo dos Estados.
Considerando que o atual sistema capitalista passa por uma reformulação
promovida pela revolução informacional, ou terceira revolução industrial, hoje
seguramente não se poderia imaginar a economia capitalista sem a existência da internet.
No presente, vivemos sobre a lógica da economia capitalista globalizada, mercados
financeiros, bolsas de valores, imensa quantidade de fortunas inexistentes senão em telas
de computadores são o reflexo do momento vivido.
Este novo mundo em que passamos a viver na Era Digital vem permitindo às
grandes potências mundiais a organização de uma nova ordem mundial,
representada pela padronização e aglutina-ção de tudo aquilo que marca a vida da
sociedade global: moe-da, usos e costumes, hábitos alimentares e até a própria
maneira de pensar. (LUCCI, 2011, p. 13).
270
FIGURA 2: Uso da internet no mundo em 1998
271
Estatística). No mesmo ano, “O número de aparelhos celulares ativos no Brasil, chegou a
267 milhões”, segundo dados da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).
Ainda em um estudo realizado pela ComScore , em 2012, encomendado pela IAB
Brasil (InteractiveAdvertising Bureau Brasil), apresenta dados que mostram a preferência
dos o brasileiro, que tem acesso à internet e outras mídias pela primeira. O estudo revela
também que 42% dos brasileiros passam pelo menos duas horas por dia conectados à
internet. Comparado com a televisão, somente 25% dos brasileiros, com acesso à internet
e televisão, passam 2 horas ou mais em frente à TV; já se pode afirmar que entre os
brasileiros com acesso a mídias como televisão, rádio e internet, a internet é a favorita.
O Brasil também ganha destaque no número de smartphones com as vendas deste tipo
de aparelho aumentando todo ano (Fig. 4). O país já é o quarto do mundo com 70 milhões
de aparelhos, segundo dados da consultoria Morgan Stanley. Ainda segundo esta
consultoria, um usuário de smartphone a consulta, em média, 150 vezes por dia. Em
reportagem do portal G1, já se destacava em 2012 que o número de smartphones no
mundo iria triplicar até 2018 conforme prevê a fabricante de equipamentos de
telecomunicações Ericsson, sendo que o número de smartphones no mundo já somava
1,1 bilhão naquele ano (PORTAL G1, 2012).
Outro estudo divulgado pela revista EXAME, com base no mesmo relatório da
fabricante de equipamentos de telecomunicações Ericsson, diz que metade da população
mundial estará utilizando internet 3G até 2017:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos perceber, o espaço virtual tornou-se condição sine qua non para o
funcionamento das sociedades atuais na era do capitalismo financeiro. Desse modo, a
dependência gerada pela revolução informacional sobre as redes nunca havia atingido
tamanha imensidão como podemos constatar hoje, tendência essa que não para de
aumentar. Os limites territoriais, os bens naturais e mesmo o espaço geográfico sem
dúvida algumas são peças fundamentais para a geopolítica, porém pode estar “entrando
em cena” uma nova questão a ser considerada, o ciberespaço e, sobretudo, os conflitos
ocorridos dentro deste.
Uma vez que as diversas revoluções industriais e o domínio de novas técnicas
marcaram novos períodos, as próprias guerras apresentam traços dessas mudanças; até
mesmo o advento da tecnologia nuclear e desenvolvimentos de meios de comunicação
273
podem ter feito com que houvesse mudanças substancias nas guerras tradicionais, dando
lugar à “Guerra Instantânea” proposta por Castells; a Ciberguerra vem como fruto desse
novo período e vê que negligenciar as batalhas no ciberespaço pode ser um tanto quando
perigoso para a maioria dos países da contemporaneidade.
Como retratado, a internet surgiu nos meios militares com o principal objetivo de
defesa e, posteriormente, nas décadas de 80 e 90, com os desdobramentos da revolução
informacional, ela foi aprimorada e ampliada pelos poucos civis usuários da rede. Não
demorou muito para que essas novas tecnologias, oriundas dos meios acadêmicos e
militares, fossem empregadas em guerras ou ao menos incorporadas a arsenais militares
de diversas potências mundiais.
Se esse grande desenvolvimento tecnológico vivido por parte das potências
mundiais, sobretudo ocidentais, permitiu armas mais avançadas e eficientes na contenta
entre Estados, ele também tornou a guerra muito mais próxima do cidadão comum; a
transmissão de uma guerra pela televisão, internet ou mesmo por rádio fez com que os
horrores de uma guerra pudessem ser vistos quase que de perto pela opinião pública.
Isso vem, segundo Castells, colocando limites aos Estados e seus governantes, e
tornando o ato de declaração de guerra, ou mesmo o próprio modo de se guerrear, mais
distantes das tomadas de decisões dos países em relação à antes do desenvolvimento
das tecnologias de informação.
Partindo-se do pressuposto de que ainda existem e provavelmente haverá novos
conflitos, os Estados possivelmente teriam que adaptar ou encontrar novas formas de se
fazer a guerra. Soma-se a essa necessidade o pungente crescimento e dependências dos
países sobre as novas tecnologias e a rede mundial de computadores, a internet, de
modo que teremos, possivelmente, um novo espaço vital para se fazer a guerra. Embora,
seja quase que utópico imaginar que os países deixarão de se enfrentar em suas
fronteiras para guerrear somente pelas redes de computadores, as redes (graças a sua
imensa importância) vêm se tornando um novo palco de conflitos e a Ciberguerra pode
ser vista como uma etapa, e ou, nova forma de batalha dentro das “Guerras
Instantâneas”.
Mesmo que nenhum Estado tenha assumido algum ciberataque, as evidências e os
fatos tornam-se imperiosos para apontar o envolvimento de setores governamentais na
criação de vírus como o Stuxnet, Frame, Glauss e Duqu; soma-se a isso os maiores
investimentos estatais em proteção das redes e criação de setores militares responsáveis
por estas.
Com a revolução tecno-cientifica-informacional, o ciberespaço tornou-se
peça importante para o funcionamento dos atuais Estados, do sistema financeiro ou
mesmo da ampla gama de novas tecnologias desenvolvidas e aprimoradas todos os dias.
274
Talvez agora seja tempo de olharmos para o ciberespaço de outra forma,
sobretudo na geopolítica devemos considerar não só a influência do ciberespaço nas
novas tecnologias e na forma dos conflitos, como também a própria guerra dentro desse
universo, a ciberguerra.
275
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277
WAACK, W. Guerras do Golfo. In: Demétrio, M. História das guerras. São Paulo: Edi-tora contexto, 2013. p.
453-477.
ANEXOS
ANEXO 1
ANEXO 2
278
ANEXO 3
ANEXO 4
279
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ASPECTOS LEGISLATIVO
RESUMO
Este estudo se refere a uma revisão bibliográfica. Aborda aspectos históricos e atuais da Educação Especial
e Educação Inclusiva. Buscou-se compreender a utilização do termo “Inclusão” e a sua relação entre o
cuidar e o educar no cotidiano destes espaços educativos. A inclusão de crianças com deficiência na
Educação Infantil é um processo que tem enfrentado inúmeros obstáculos, como a escassez de vagas, o
preconceito e a falta de informação e formação dos profissionais, assim como de estrutura física e
pedagógica das instituições de ensino. Essas são situações evidenciadas que carecem de intervenção
urgente em prol de uma verdadeira e efetiva educação inclusiva.
INTRODUÇÃO
280
Todavia são ainda poucos os estudos que identificam as concepções inclusivistas dos
professores que trabalham com este público.
A educação de pessoas deficientes é um processo que se inicia no cenário mundial
no século XVII. Este trabalho educacional esbarrou em inúmeros empecilhos, baseados
em questões religiosas, místicas e sociais, cuja concepção que se tinha da pessoa com
deficiência era que esta possuía uma espécie de carma, ou era pecadora, ou um peso
morto para a sociedade e o mercado de trabalho.
Essas concepções, inseridas num contexto histórico e social, fizeram com que o
trabalho educacional com as pessoas deficientes encontrasse vários obstáculos que
contribuíram para que estas tivessem negado o seu direito à educação na prática escolar.
Além disso, por ter sido um processo segregacionista fez com que não se
acreditassem nas potencialidades das pessoas com deficiência.
A partir do advento de uma nova visão de homem, mundo e sociedade a educação
das pessoas com deficiência vem sofrendo profundas transformações que têm
beneficiado a todos de um modo geral, as pessoas deficientes são vistas como indivíduos
dotados de potencial criativo, intelectual e construtivo saindo dos guetos, tornando-se
cidadãos que lutam por seus direitos previstos em lei. Há alguns anos não se acreditava
ser possível que pessoas com deficiência auditiva, surdez, deficiência visual, cegueira,
deficiência física, dentre outras, concluíssem o ensino infantil, fundamental e médio com
um grau de aprendizagem aceitável.
A inclusão da creche nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de
1996, como a primeira etapa da Educação Básica juntamente com a Pré-Escola, trouxe
um novo significado a essa instituição, que deixou de ser vista como uma segunda casa,
aspecto assistencialista, para ocupar um espaço dentro da educação e cuidado com as
crianças. A Educação Infantil, ao longo dos anos, tem sido desconsiderada diante da
implantação de políticas públicas voltadas para a infância. As crianças, filhos de
trabalhadores das classes mais baixas, disputam um verdadeiro combate para obter
acesso a esta etapa da escolarização, o que resulta, em sua maioria, na primeira
exclusão vivenciada pelas crianças e suas famílias.
É importante que a inclusão no sistema educacional se inicie na Educação Infantil.
Este é um local no qual as questões suscitadas a respeito da diversidade e o encontro
com o diferente acontecem em situações corriqueiras, diferente do que ocorre em outros
níveis educacionais. A primeira infância é um lócus excepcional, este é o começo da
escolarização, a partir do qual devemos discorrer e praticar uma verdadeira educação
emancipatória.
281
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Uma investigação sobre essas medidas mostra que até o final do século XIX
diversas expressões eram utilizadas para referir-se ao atendimento educacional
dos portadores de deficiência: Pedagogia de Anormais, Pedagogia Teratológica,
Pedagogia Curativa ou terapêutica, Pedagogia da Assistência Social, Pedagogia
Emendativa. Algumas dessas expressões, ainda hoje, são utilizadas, a despeito
de sua impropriedade. (MAZZOTA, 2001, p.17 apud DRAGO, 2011, p.61).
282
emprego, à assistência social, aos esportes e à cidadania; proclamando a igualdade de
condições e oportunidades de vida diante da sociedade, eliminando preconceitos e
discriminações.
A atual Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 ressalta que os sistemas educacionais
devem possibilitar o acesso de alunos deficientes às classes regulares, oferecendo
suporte teórico e prático, favorecendo desta forma a inclusão escolar:
[...] há uma grande preocupação no que diz respeito a uma política inclusivista de
pessoas deficientes no seio da escola regular, com apoio técnico, um atendimento
digno e de qualidade em relação a recursos materiais, físicos e profissionais.
(DRAGO, 2011, p.67).
Além disso, este mesmo documento sustenta que o serviço especializado para o
atendimento às características especiais dos educandos só deverá ser instaurado se
necessário. A Lei nº 10.172/01 que instituiu o Plano Nacional de Educação frisa que a
inclusão das pessoas com deficiência deve acontecer no sistema regular de ensino:
“[...] a educação especial, como modalidade de educação escolar, terá que ser promovida
sistematicamente nos diferentes níveis de ensino” (BRASIL, 2001, p.126).
No capítulo 8, item 8.3, deste mesmo documento denominado Objetivos e metas
referentes à educação especial, evidencia uma serie de objetivos e metas a serem
atingidos na próxima década, relacionados a essa modalidade de ensino, sendo que um
desses objetivos é:
Contudo, Drago (2011) ressalta que a LDB 9.394/96 traz, ainda consigo, resquícios
das suas antecessoras nº 4.024/61 e nº 5.692/71, especialmente quando se refere ao
termo “preferencialmente”, que induz a diversas interpretações segundo a política
governante, isso por que:
Deixando explicito que a educação especial deve ser entendida como uma
modalidade de ensino que perpassa todos os outros níveis, as modalidades e as etapas
do processo educacional, além de orientar sobre as propostas de atendimento
educacional especializado, disponibilização de recursos e serviços e contribuições
metodológicas e de implementação.
Apesar de toda a legislação vigente sobre a pessoa com deficiência ainda não se
tem um consenso sobre uma imensidão de termos, de paradigmas, de propostas e ações,
que levam pesquisadores, instituições educacionais, sistemas de ensino, dentre outros
atores do processo a dúvida sobre o trabalho desenvolvido no contexto da escola.
Portanto, é preciso entender o que significa os termos “Necessidade
Educativa/Educacional Especial”, “Pessoa Deficiente”, “Classe Especial”, “Educação
Especial” e “Integração e Inclusão”.
284
NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS, PORTADORES DE NECESSIDADES
ESPECIAIS
[...] o sintagma “necessidades especiais” não deve ser tomado como sinônimo de
deficiência (mentais, sensoriais, físicas ou múltiplas), [...] Eventualmente as
necessidades especiais podem ser educacionais, ou seja, pertinentes ao campo
da educação (FERREIA; GUIMARÃES, 2003 p.30 apud DRAGO, 2011, p.80).
Ainda:
O conceito de portador de necessidade educativa especial, por sua vez traz a ideia
de alguém que porta alguma coisa e que logo pode ser deixado de lado a qualquer
momento, aspectos físicos, mentais, sensoriais não se podem fazem parte da vida
do indivíduo com deficiência. Atualmente, este conceito tem sido abolido da
literatura científica graças a uma maior criticidade e análise etimológica, contudo,
ainda está presente na fala de pais, educadores, pedagogos e sociedade civil
(DRAGO, 2011).
285
A utilização dos ternos deficiente/deficiência e/ou sua nomeação própria, como
destacam a Resolução 4, de 2009, e a Política Nacional de Educação especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) que também traz essa nomenclatura
específica quando salienta que trata da educação de pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade/superdotação, dá-se por
concordar com autores que afirmam que esses termos são mais apropriados a
literatura cientifica pelo fato de reconhecerem nesses indivíduos suas
características especificas e, a partir delas, propor mudanças na escola como um
todo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
287
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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f. Dissertação (Mestrado em Educação).
– Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2007.
288
FRACASSO ESCOLAR: MEDICALIZAÇÃO E PSICOPEDAGOGIA
RESUMO
O presente artigo visa apresentar uma reflexão, bem como um breve estudo de campo, de natureza
qualitativa, a respeito da medicalização nas escolas e de como a psicopedagogia pode intervir para a
diminuição das diferenças de aprendizado apresentadas pela heterogeneidade dos alunos que as
compõem. Para tanto, foram realizados levantamento bibliográfico e leituras pertinentes ao assunto, seleção
de documentos e entrevistas em uma escola pública de São Paulo.
INTRODUÇÃO
289
A medicalização ocorre segundo uma concepção de ciência médica que discute o
processo saúde-doença como centrado no indivíduo, privilegiando a abordagem
biológica, organicista. (..) omite-se que o processo saúde-doença é determinado
pela inserção social do indivíduo, sendo, ao mesmo tempo, a expressão do
individual e do coletivo. (COLLARES, 1994b, p.25).
290
ao se popularizar, acaba fugindo ao controle dos especialistas e pode até mesmo abrir
portas para outras drogas.
A CRISE EDUCACIONAL
Não bastasse o fato das manifestações subjetivas dos alunos não serem
compreendidas, ainda tenta-se julgá-las por meio de explicações psicológicas que
sustentam a culpa das crianças e das famílias pelo fracasso escolar.
Belintane (2010) afirma que são raros os casos de instituições escolares que
conseguem elaborar diagnósticos das várias posições subjetivas possíveis deste ou
daquele aluno. Se a criança ou adolescente não se comporta devidamente, tem
dificuldade de se concentrar na aula, ou se apresenta algum problema de escrita ou de
fala, a equipe educacional tende a delegar a responsabilidade a outros profissionais: “são
casos de indicação”, dizem.
291
[...] os professores não somente procuram nas descrições sobre os quadros dos
transtornos mentais, difundidas pela mídia, material para classificarem seus
alunos, como estão crentes de que a variação no uso do remédio é responsável
pela variação dos comportamentos e estados psíquicos das crianças, reduzindo a
relação desta com mudanças ou experiências no cotidiano escolar. (VOLTOLINI,
2009, p.240).
Nos anos 60, divagar – perder-se no pensamento e pelo mundo – era um valor
positivo da contracultura. Terminada essa fase, voltamos então a “prezar o olhar
focado do predador”. (CALLIGARIS, 2010).
FIGURA 1
293
Indo ao encontro desses conceitos, há no discurso dos professores, ideias como a
de que a criança não aprende devido a sua origem social, étnica ou racial, ou porque
apresenta características como a preguiça - preconceitos que reforçam o processo de
patologização do ensino.
Como destaca Collares (1994a), esse tipo de pensamento “biologicizante” acaba
por suscitar atrocidades para a humanidade, como o período em que a ciência tentou
comprovar a superioridade intelectual do branco em relação ao negro, determinada
geneticamente.
Nota-se que professores e diretores se esquivam de sua obrigação no que concerne ao ato
de ensinar. É como se não pudessem fazer nada em relação à não-aprendizagem do aluno, sob a
alegação de que há uma aprendizagem autônoma, inata à criança, independente da ação do
professor.
A principal providência tomada pelos diretores das escolas, em relação ao fracasso
escolar, tem sido o encaminhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem aos
serviços de saúde. O atendimento médico, por sua vez, acaba, por vezes, reforçando e
confirmando os diagnósticos realizados na escola, contribuindo dessa forma, com uma
ação muito mais rotuladora do que diagnóstica.
Esses rótulos fazem com que as crianças passem por um processo de
escolarização traumático, marcado por consultas e exames médicos afim de se obter um
diagnóstico retificando a causa de sua não-aprendizagem. Como consequência, essas
crianças acabam acreditando que são incapazes de aprender por conta de uma doença
que as impedem de ler e escrever, acarretando em um grave bloqueio.
294
Em uma pesquisa realizada em nove escolas, Collares (1994) constatou que no
primeiro bimestre do ano letivo, as crianças que irão fracassar já são identificadas pelos
professores. Essa situação é bastante negativa, tendo em vista que:
No momento em que se define os que não irão aprender, legitima-se sua exclusão
futura do rol de cidadãos. Uma exclusão que já estava definida muito antes, pelo
estrato social em que nasceu. Mas que, de todo modo, necessita do aval de
alguma instância, reconhecida como competente, para poder se manter por
gerações e gerações. E aqui, a exclusão está sendo avalizada pela instituição
escolar (COLLARES e MOISÉS, 1989 apud COLLARES, 1994a, p.42).
Outro fato importante explicitado por Belintane (2010) é que, em cada 30 alunos da
primeira série, nas escolas públicas e privadas, há no mínimo quatro ou cinco que não conseguem
prestar atenção nas aulas, ficar sentado em seu lugar e conter sua agitação, ou seja, apresentam
características de TDAH. Talvez, destaca, não seja por acaso que boa parte das crianças que
tomam ritalina e fazem terapias tenham dez ou onze anos de idade.
1 1° X X X
2 2° X X
10
Deficiência intelectual
11
Deficiência física
12
Deficiência visual
13
Deficiência mental
14
Deficiência auditiva
15
Múltiplas deficiências
296
3 2° X X X
4 2º X X
5 2º X X X Transtorno
misto para
execução das
habilidades
escolares
6 4° X X
7 3° X X
8 3° X X X Em avaliação
na UBS
9 3° X X X Perda
condutiva leve
10 2° X X
11 2° X
12 2° X X X Baixa visão
Suspeita de
deficiência
intelectual
13 2° X X X Convulsões
14 2° X X
15 3° X
16 3° X X
17 4° X
18 5º X X
19 5º X Alteração no
processamento
auditivo
Todos os alunos relacionados foram ou estão sendo atendidos pela UBS ou Caps.
297
A partir da análise da entrevista realizada com a Coordenação da escola, é
possível observar logo de início que não há, por parte da equipe gestora, uma clareza
conceitual em relação aos distúrbios de aprendizagem. A coordenadora, quando
questionada sobre como define os alunos com distúrbios de aprendizagem, responde que
são os alunos que aprendem mais lentamente.
Conforme Tarnopol (1980), os distúrbios de aprendizagem são causados por
disfunções leves do sistema nervoso central, caracterizadas pela dislexia (dificuldade na
leitura por conta de trocas, inversões e/ou omissões de letras), disgrafia (normalmente
associada a dislexia por causa das trocas e/ou inversões de letra que geram dificuldades
na escrita), discalculia (dificuldade com cálculos e números), dislalia (dificuldade na
emissão da fala, com pronúncia inadequada e trocas de fonemas e sons), disortografia
(dificuldade na escrita também associada a dislexia) e o Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade – TDAH (sintomas como inquietude, falta de atenção e/ou concentração
e impulsividade).
De acordo com essa conceituação, a ideia de alunos com distúrbios de
aprendizagem sendo associada àqueles que aprendem mais lentamente torna-se muito
vaga, e denota desconhecimento por parte da coordenadora do que realmente sejam os
distúrbios e quando é de fato necessário o encaminhamento dos alunos para tratamento
dessas dificuldades.
Ao tratar do diagnóstico, a coordenadora inicialmente afirma que ele deveria ser
realizado por vários profissionais. No entanto, percebe-se que o responsável inicial por
esse processo é o professor, que irá discutir os casos com a coordenadora, e então
simplesmente notificar a família – como se o diagnóstico prévio não pudesse ser
questionado – para que ela realize o encaminhamento para a área da saúde.
Não se coloca em xeque, a partir dessa resposta, a possibilidade de o professor ou
a coordenadora realizarem um diagnóstico equivocado do aluno. Pelo contrário, os
diagnósticos se mostram inquestionáveis na medida em que a coordenadora coloca que
os pais, erroneamente, não aceitam que os filhos tenham algum problema que atrapalhe
seu desempenho. Essa afirmação dos pais não é levada em conta, uma vez que o
diagnóstico realizado pelos professores e pela coordenadora parece à prova de erros.
Além da opinião dos pais ser ignorada, a escola dispõe de mecanismos de coação
quando eles se recusam a levar seus filhos para encaminhamento médico, sobretudo
lançando mão da ameaça de encaminhar as crianças para o Conselho Tutelar.
Por fim, é possível verificar que os benefícios do processo de medicação dos
alunos também são muito vagos, como constatei ao conversar com a Coordenadora. A
mesma afirmou que quando está medicado o aluno permanece sentado e tenta fazer as
298
atividades solicitadas, quando não, fica muito agressivo com os colegas e profissionais da
escola.
Permanecer sentado, fazer as atividades e não ser agressivo com os colegas é
parte de um discurso que demonstra o tipo de comportamento considerado adequado e
que se espera em uma sala de aula. Tudo que foge a esse padrão, aceito socialmente,
deve ser remediado, de modo a diminuir as diferenças de comportamento e de
aprendizagem. Conforme afirma Durkhein (2007), só é possível pensar em um
comportamento desviante se houver uma normalidade instituída.
Os professores, por sua vez, se atem à função de diagnosticar um problema,
reconhecendo sintomas e envolvendo-se na identificação e profilaxia das doenças,
reduzindo a problemática da aprendizagem e do fracasso, que envolvem uma série de
questões que deveriam ser consideradas, à incapacidade neurológica do aluno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
299
dos alunos em questão, embasado em conversas, entrevistas com familiares, aplicação de
testes se necessário, para um possível diagnóstico e intervenção.
Nesse sentido, é possível constatar a importância da ampliação da atuação do
psicopedagogo, já que muitas instituições escolares ainda não contam com o apoio desses
profissionais, que desempenham papel importante também na busca por estratégias de
ensino mais adequadas à heterogeneidade de alunos que as compõem.
Pesquisas que divulguem o processo de medicalização do ensino e a realização de
discussões a esse respeito, em reuniões pedagógicas e cursos de formação continuada,
são fundamentais para que os professores reflitam sobre a sua prática diante da
problemática do fracasso escolar e suas consequentes implicações ideológicas, ou seja,
repensem na possibilidade de estarem reforçando a estigmatização, a discriminação e a
segregação de indivíduos que, normalmente, não se inserem no modelo valorizado pela
sociedade.
Aos profissionais de saúde, por sua vez, cabe realizarem semelhante tarefa, pois
também estão sujeitos a apresentar um discurso e uma atuação altamente dicotômica,
reforçando concepções errôneas acerca dos fenômenos psicológicos individuais e das
relações humanas na sociedade.
300
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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301
A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I
RESUMO
O presente artigo busca conhecer e compreender qual a função da avaliação no ensino fundamental I, o
que ela está avaliando hoje e compreender as concepções que alunos, professores e professoras possuem
sobre a avaliação da aprendizagem. Tendo como sujeito da pesquisa dados sobre a avaliação em uma
escola pública do município de São Paulo. A parte teórica está embasada em autores como, Hoffman
Jussara e Luckesi Cipriano. Os dados foram coletados por meio de observações, questionário dissertativo e
conversas com alunos, professores e professores coordenadores sobre o tema, ao final foi feito uma
apreciação entre teórico e os dados. A partir da análise realizada, percebe-se que a avaliação quando feita
de forma contínua, visando o desenvolvimento pleno do aluno é uma excelente ferramenta para a
aprendizagem do educando. Os professores e professores coordenadores tem uma concepção da atual
avaliação, contudo, na prática encontram dificuldades para avaliar o aluno de forma global, isso contribui
muito para a visão aterrorizada que o aluno tem das ferramentas avaliativas como prova e trabalhos as
quais na concepção deles são as únicas formas de avaliar.
INTRODUÇÃO
HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO
Toda vez que pensamos sobre a educação ligamos imediatamente com a avaliação
da aprendizagem, e quando falamos de avaliação, automaticamente nos remetemos ato
de aprovação e reprovação de aluno.
Com o ensino Jesuíta em 1549 surgem os primeiros sinais de um sistema de
avaliação da aprendizagem. O ensino Jesuítico era tradicional, o professor era o foco, o
ensino não era baseado com a vida social, ao contrário, era um ensino que distanciava o
aluno da sociedade, pois não se trabalhava nada da realidade do aluno e da cotidiana.
Segundo Libâneo:
Cabia aos alunos desse período somente decorar as lições que estavam no livro,
era um ensino centralizado só na memorização.
303
A avaliação da aprendizagem aparece de forma sistematizada no período
republicano, onde os alunos começaram a ser constantemente avaliados com provas de
forma escrita, prática e oral. Avaliar era aprovar e reprovar aluno. Em 1904 a avaliação
passou a ser sistematiza a partir de notas que iam de 0 a 5.
Em 1920 teve início à primeira república, nesse período começou as discussões
sobre o sistema de ensino pensado somente para a classe dominante e uma
aprendizagem mecanizada. Em 1932 surge o Manifesto dos Pioneiros aumentando a luta
por uma escola democrática para todos, um dos idealizadores desse manifesto foi Anísio
Teixeira. Com a escola Nova se muda o jeito de se pensar o ensinar, o professor passa a
trabalhar com o interesse do aluno, não é mais somente um transmissor de
conhecimentos. E a avaliação era feita de forma individual.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns:
304
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
(Revogado)
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre
a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013,
de 2009)
(Revogado)
305
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional.
Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos professores e pela escola
como parte integrante da proposta curricular e da implementação do currículo, é
redimensionadora da ação pedagógica e deve:
I – Assumir um caráter processual, formativo e participativo, ser contínua,
cumulativa e diagnóstica, com vistas a:
a) identificar potencialidades e dificuldades de aprendizagem e detectar problemas
de ensino;
b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e abordagens de acordo
com as necessidades dos alunos, criar condições de intervir de modo imediato e a
mais longo prazo para sanar dificuldades e redirecionar o trabalho docente;
c) manter a família informada sobre o desempenho dos alunos
d) reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os resultados de avaliação,
inclusive em instâncias superiores à escola, revendo procedimentos sempre que
as reivindicações forem procedentes.
II – Utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como a observação, o
registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os portfólios,
exercícios, provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua adequação
à faixa etária e às características de desenvolvimento do educando;
III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da aprendizagem do aluno sobre os
quantitativos, bem como os resultados ao longo do período sobre os de eventuais
provas finais, tal como determina a alínea “a” do inciso V do art. 24 da Lei nº
9.394/96;
IV – Assegurar tempos e espaços diversos para que os alunos com menor
rendimento tenham condições de ser devidamente atendidos ao longo do ano
letivo;
V – Prover, obrigatoriamente, períodos de recuperação, de preferência paralelos
ao período letivo, como determina a Lei nº 9.394/96;
VI – Assegurar tempos e espaços de reposição dos conteúdos curriculares, ao
longo do ano letivo, aos alunos com frequência insuficiente, evitando, sempre que
possível, a retenção por faltas;
VII – possibilitar a aceleração de estudos para os alunos com defasagem idade-
série.
Art. 33 Os procedimentos de avaliação adotados pelos professores e pela escola
serão articulados às avaliações realizadas em nível nacional e às congêneres nos
diferentes Estados e Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar os sistemas
de ensino e as escolas nos esforços de melhoria da qualidade da educação e da
aprendizagem dos alunos.
§ 1º A análise do rendimento dos alunos com base nos indicadores produzidos por
essas avaliações deve auxiliar os sistemas de ensino e a comunidade escolar a
redimensionarem as práticas educativas com vistas ao alcance de melhores
resultados.
§ 2º A avaliação externa do rendimento dos alunos refere-se apenas a uma
parcela restrita do que é trabalhado nas escolas, de sorte que as referências para
o currículo devem continuar sendo as contidas nas propostas político-pedagógicas
das escolas, articuladas às orientações e propostas curriculares dos sistemas,
sem reduzir os seus propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala.
Art. 34 Os sistemas, as redes de ensino e os projetos político- pedagógicos das
escolas devem expressar com clareza o que é esperado dos alunos em relação à
sua aprendizagem.
Art. 35 Os resultados de aprendizagem dos alunos devem ser aliados à avaliação
das escolas e de seus professores, tendo em conta os parâmetros de referência
dos insumos básicos necessários à educação de qualidade para todos nesta etapa
da educação e respectivo custo aluno-qualidade inicial (CAQi), consideradas
inclusive as suas modalidades e as formas diferenciadas de atendimento como a
Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar
Quilombola e as escolas de tempo integral.
Parágrafo único. A melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos e da
qualidade da educação obriga:
306
I – Os sistemas de ensino a incrementarem os dispositivos da carreira e de
condições de exercício e valorização do magistério e dos demais profissionais da
educação e a oferecerem os recursos e apoios que demandam as escolas e seus
profissionais para melhorar a sua atuação;
II – As escolas a uma apreciação mais ampla das oportunidades educativas por
elas oferecidas aos educandos, reforçando a sua responsabilidade de propiciar
renovadas oportunidades e incentivos aos que delas mais necessitem.
TIPOS DE AVALIAÇÃO
Luckesi (1995) diz que quando fala em avaliação da aprendizagem, prefere defini-la
como sendo um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão,
a concepção de avaliação que marca a relação de professor e alunos.
Segundo Hoffmann (1996), é a avaliação que define essa ação como julgamento
de valor de resultados alcançados. Atualmente, a avaliação na maioria das escolas,
encontra-se centrada no professor e se caracteriza pelo autoritarismo, onde avaliar é
classificar, é aprovar e reprovar. Hoffmann (1996), diz que os professores percebem a
ação de educar e avaliar como momentos distintos e não relacionados. Deste modo, por
não dar a importância necessária que a avaliação deve possuir dentro do processo de
aprendizagem, os professores exercem as ações acima citadas, de forma diferenciada.
Assim sendo, mesmo procurando inovar, o professor “dá” matéria, aplica prova escrita,
atribui nota e encerra o ato da avaliação.
Luckesi (1995) diz que, deste modo, avaliar é criar oportunidade de ação/reflexão,
em um constante acompanhamento pelo professor que instigará o aluno a novas
questões problemas, a partir das respostas apresentadas.
Nesta perspectiva, a avaliação deixa de ser momento terminal do processo-ensino
aprendizagem, para se transformar em momentos constantes de busca de compreensão
das dificuldades do educando e no oferecimento de novas oportunidades de aquisição de
conhecimento.
De acordo com Hoffmann (1996):
Avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com
os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa
que conhecemos desde século XIX e tornada indissociável do ensino de massa
que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória.
307
De acordo com Souza (1992, p.57), ao se referir ao assunto diz que a avaliação
exerce um poderoso controle sobre o conhecimento, porque o aluno “estuda” para fazer
prova, responde corretamente aquilo que nem mesmo compreendeu, sem esquecer que
as questões são mal formuladas e permitem várias interpretações. Desta maneira,
professor e aluno não interagem, fazendo-se sujeitos do processo educativo. O processo
de construção do conhecimento, por meio de aquisição gradual de saberes, não é levado
em consideração. O professor trabalha com situações fechadas e orientadas para a
memorização e condicionamento, cabendo ao aluno à função de obedecer às normas pré-
estabelecidas e repetir no momento exato o conteúdo determinando e narrado por esse
docente, por meio de respostas que serão consideradas certas ou erradas, conforme
critérios por ele estabelecidos. Essa é a avaliação da aprendizagem em uma perspectiva
de construção do conhecimento. Hoffmann (1996) propõe para a realização da avaliação,
na perspectiva de construção, duas premissas básicas:
a) Confiança na possibilidade do aluno construir as suas próprias verdades;
b) Valorização de suas manifestações e interesses.
Quando se pensa na avaliação na perspectiva de construção do conhecimento, se
desprende da ideia de que o erro é sinal de fracasso e que ter dúvida significa não saber.
Mas, que o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos, numa dimensão dos alunos,
numa dimensão educativa é um elemento altamente significativo ao desenvolvimento da
ação educacional, pois permitirá ao docente a observação e investigação de como se
posiciona diante do mundo ao construir suas percepções e verdades. Considerando esse
aluno como um indivíduo livre para tomar suas próprias decisões.
Gadotti, (1984, p.23),
308
elemento docente a observação e investigação de como o aluno se posiciona diante do
mundo ao construir suas verdades.
Considerando esse aluno como indivíduo livre para tomar suas próprias decisões:
Ø AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
A avaliação tem como um dos seus principais aspectos a prevenção, já que por
meio dela se conhece o real estado e necessita da aprendizagem do aluno e a partir disso
se trabalha para atender essas necessidades. Outra característica é que a avaliação
possibilita conhecer as causas das dificuldades de aprendizagens que persistem em
alguns alunos.
Segundo Luckesi (s.d) seus resultados servem para explorar, identificar, adaptar e
predizer acerca das competências e aprendizagens dos alunos.
Ø AVALIAÇÃO FORMATIVA
309
Uma das principais características da avaliação formativa é sua agilidade em
encontrar e dar respostas sobre o processo de ensino-aprendizagem e possibilitar a
proximidade, o conhecimento mútuo e o diálogo entre o aluno e o professor.
Segundo Luckesi, seus resultados servem para apoiar, reforçar, compreender,
facilitar, harmonizar as competências e aprendizagem dos alunos.
Ø AVALIAÇÃO SOMATIVA
311
sabermos quantas andam em relação ao que deve ser oferecido em termos de educação
básica às nossas crianças. As duas óticas têm que se complementar: a do exame escolar,
em suas condições individuais, e a verificação de todo o sistema, com seus pontos altos e
baixos, para que possam ser tomadas as devidas providências. Assim, serão
contempladas as exigências básicas da avaliação em educação, de conhecer os pontos
fracos da realidade, para poder atender às suas necessidades.
Outro aspecto que merece destaque, ainda que rápido, no cenário atual da
chamada cultura da avaliação é o que se refere ao professor. Em uma época em que se
discutem amplamente as questões ligadas à profissionalização do professor, torna-se
imprescindível que ele se auto avalie e se submeta também às avaliações externas, cujos
critérios que pautem pela valorização da carreira e do status do profissional do magistério.
O professor continua sendo, junto com a escola, a figura central no processo
ensino-aprendizagem, a despeito da inegável contribuição trazida pelo desenvolvimento
tecnológico, que não pode ser desconhecida, mas não chega a abalar a centralidade do
papel do professor. O exercício da avaliação pode ser um processo poderoso auxiliar para
esclarecer o significado e as implicações dessa missão, não só para o professor, mas
para todos os setores da sociedade necessariamente nela envolvidos.
Segundo as observações que são confirmadas por muitos autores, podemos dizer,
apontando, que de modo geral a avaliação serve: para classificar, castigar, definir o
destino dos alunos de acordo com as normas escolares. Pode-se afirmar que a avaliação
tem assumido, e já há muito tempo, uma função seletiva, uma função de exclusão
daqueles que costumam serem rotulados “menos capazes com problemas familiares, com
problemas de aprendizagem, sem vontade de estudar, sem assistência familiar” e muitos
outros termos parecidos.
De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a avaliação
da culpa. Aponta, ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidades de
classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que se
deseja atingir.
Os currículos de nossas escolas têm sido propostos para atender a massificação
do ensino. Não se planeja para cada aluno, mas para muitas turmas de alunos numa
hierarquia de séries, por idades, mas esperamos de uma classe com trinta ou mais de
quarenta alunos uma única resposta certa.
312
Segundo Perrenoud (2000), normalmente, define-se o fracasso escolar como a
consequência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma “falta
objetiva” de conhecimentos e de competências. Essa visão “naturaliza” o fracasso,
impede a compreensão de que ele resulta de formas e de normas de excelência que
foram instituídas pela escola, cuja execução revela algumas arbitrariedades, entre qual a
definição do nível de exigência do qual depende o limitar que separa daqueles que têm
êxito daqueles que não têm. As formas de excelência que a escola valoriza se tornam
critérios e categorias que incidem sobre a aprovação ou reprovação do aluno.
Continua Perrenoud (2000):
Para não ser autoritária e conservadora avaliação tem a tarefa de ser diagnóstica,
ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento de
identificação de novos rumos”.
Na página 44, o autor coloca que “a avaliação deverá verificar a aprendizagem não
só a partir dos mínimos possíveis, mas a partir dos mínimos necessários” [1]. Enfatiza
também a importância dos critérios, pois a avaliação não poderá ser praticada sobre
dados inventados pelo professor, apesar da definição desses critérios não serem fixos e
imutáveis, modificando-se de acordo com a necessidade de alunos e professores.
314
Modificar a forma de avaliar implica na reformulação do processo didático-
pedagógico, deslocando também a ideia da avaliação do ensino para a avaliação da
aprendizagem.
Saviani, (2000, p.41), afirma, que o caminho do conhecimento:
“O importante não ‘é fazer como se’ cada um houvesse aprendido, mas permitir a
cada um aprender”. (Perrenoud, p.165,1999).
O que é avaliar?
Na visão da professora coordenadora, a avaliação é um processo natural que
acontece para que o professor tenha uma noção dos conteúdos assimilados pelos alunos,
bem como saber se as metodologias de ensino adotadas por ele estão surtindo efeito na
aprendizagem dos alunos. O importante é entender que avaliar não consiste somente em
fazer provas de nota, avaliar é um processo pedagógico contínuo que ocorre dia após dia,
buscando corrigir erros e construir novos conhecimentos. Nesse processo da avaliação, o
professor deve conhecer os seus alunos, seus avanços e dificuldades, e também que o
próprio aluno deve aprender a se avaliar e descobrir o que é preciso mudar para garantir
melhor desempenho.
Para uma professora, a avaliação é conhecer o seu aluno e seu trabalho. Por meio
dos diferentes tipos de avaliações é possível conhecer os resultados do seu trabalho e
dos conhecimentos e necessidades dos seus alunos. Avaliar é a forma de conhecer qual
será o ponto de partida, o caminho e a reta final do desenvolvimento da aprendizagem do
aluno.
Para os alunos, avaliar é fazer provas para se saber se sabem os conteúdos ou se
não sabem e serve para indicar quem vai passar de ano ou não.
2). Quais os instrumentos de avaliações que permeiam o cotidiano escolar?
Para a coordenadora pedagógica, os instrumentos de avaliação de aprendizagem
devem ser largamente utilizados ao longo do período letivo. Esses instrumentos de
avaliação devem permitir ao professor, colher informações sobre a capacidade de
aprendizado dos alunos, medida, em especial, pela tomada de decisões. Não existem
315
instrumentos específicos de avaliação capazes de detectar a totalidade de
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Alguns instrumentos de avaliação são:
observação, registro/fichas, auto avaliação, trabalho em grupo, participação em sala de
aula e prova objetiva.
Para as professoras, são diversos instrumentos que permeiam o cotidiano escolar,
contudo, para resultado visando elaboração de materiais e medir o nível do
desenvolvimento escolar, somente as avaliações externas e sondagens para os
governantes. A singularidade de cada aluno, turma ou escola acaba não sendo levada
em consideração, somete os resultados de avaliações padronizadas para todos os
estudantes.
É relevante citar que as concepções avaliativas são discutidas nas reuniões
pedagógicas e grupos de estudos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito do presente artigo, foi investigar a função da avaliação escolar, para isso,
o objeto de pesquisa foi uma escola pública de ensino fundamental I, explicitando
diferentes concepções dos autores que abordam o tema, como compreenderem o que
professor coordenador, professores e alunos atendem a respeito da avalição da
aprendizagem e a função dela.
Hoje, a avaliação está sendo pensada de forma a acrescentar na aprendizagem do
aluno, sendo alvo de muita discussão entre pessoas ligadas à educação.
Percebi que existe uma preocupação muito grande dos envolvidos nesse processo,
seja do estado, dos professores e coordenadores de que por meio da avaliação se tenha
um diagnóstico real do nível de aprendizagem que se encontra o aluno, uma avaliação
contínua e assim por meio dos resultados elaborarem um planejamento, ação afim de
suprir as necessidades de aprendizagem do indivíduo.
Conclui que a avaliação é uma ferramenta muito importante na aprendizagem do
aluno, quando é uma avaliação que possibilita uma construção e uma reflexão, quando
existe um retorno, ou seja, quando ela é pensada para ajudar o desenvolvimento do aluno
na aprendizagem. A aprendizagem deve ser qualitativa, isso significa que a avaliação não
possa ser quantitativa, no entanto, jamais deve ser somente quantitativa, classificando e
selecionando; a avaliação precisa avaliar o aluno em um todo e deve respeitar o contexto
da escola, somente assim ela será significativa. A avaliação muitas vezes é confundida
com suas ferramentas, uma delas a prova que serve ou pelo menos deveria servir como
ferramenta para analisar e se for o caso repensar algumas práticas pedagógicas. A
função da avaliação, hoje no ensino fundamental, é servir como diagnóstico para
316
identificar, fazer interversões, planejamento e replanejamento visando à aprendizagem do
aluno. Contudo, ela ainda é classificatória e punitiva. Ressalvo a importância de o aluno
ter a real noção do que é uma avaliação e tudo que a norteia e é feito com os resultados e
dos professores saberem o que querem alcançar com as avaliações e que essas
avaliações devem ser plurais, os alunos são singulares e as avaliações devem obedecer a
essas singularidades para serem justas e construtivas.
317
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996.
CARNOY, Martin & CASTRO, Cláudio M. Como anda a reforma da educação na América Latina? Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Coleção Magistério – 2º Grau – Série Formação do Professor. São Paulo:
Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem. 19.ed.- São Paulo. Cortez, 2008; Filosofia da
Educação. São Paulo. Cortez,1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez,
1999.
WERNECK, H. Prova, provão, camisa de força da educação: uma crítica aos sistemas de avaliação crivada
de humor e propostas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995
318
A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CENÁRIO DO DISTANCIAMENTO SOCIAL
RESUMO
Este artigo tem como objeto de estudo a Educação Infantil mediante à necessidade de distanciamento
social causado pela crise pandêmica originada pela doença COVID-19. O problema da investigação é saber
se as crianças que tiveram suas rotinas alteradas, e não estão frequentando o ambiente escolar estão tendo
suas aprendizagens comprometidas. A hipótese é de que as crianças que passaram a ficar em casa devido
ao distanciamento social podem não estar se desenvolvendo de forma integral. A metodologia inclui uma
análise documental com teóricos que estudam a Educação Infantil, além de sites sobre educação que
passaram a discutir sobre os desafios da educação em tempos de distanciamento social. É possível afirmar
que práticas pedagógicas significativas são capazes de acontecer de forma remota, desde que haja a
colaboração das famílias. Constatamos a importância da relação escola-família em tempos de
distanciamento social, e como as famílias podem colaborar com as aprendizagens das crianças através da
contação de história, teatro de fantoche, música e pintura.
INTRODUÇÃO
319
medida essencial para se evitar a propagação da contaminação do novo coronavírus,
tendo em vista que a escola é um ambiente de natural contato.
Para a compreensão do objeto, é necessário problematizá-lo a partir de
questionamentos como: É possível desenvolver a Educação Infantil de forma remota?
Como a parceria escola-família pode colaborar com o desenvolvimento das crianças em
tempo de distanciamento social? Quais atividades as famílias podem desenvolver com as
crianças pensando em uma formação integral em tempo de distanciamento social?
A hipótese é de que as crianças que passaram a ficar em casa, devido ao
distanciamento social causado pelo coronavírus podem ter suas aprendizagens
impactadas de alguma forma.
De abordagem qualitativa, a pesquisa tem por objetivo geral, analisar os desafios
enfrentados pela Educação Infantil durante o distanciamento social, e como conduzir as
aulas de forma remota para essa modalidade. Os objetivos específicos são refletir sobre a
relação escola-família em tempos de distanciamento social, e como as famílias podem
colaborar com as aprendizagens das crianças através da contação de história, teatro de
fantoche, música e pintura.
O presente artigo, respalda-se em analisar a imposição do distanciamento social
causado pelo novo coronavírus no segmento da Educação Infantil. Se fundamentou
teoricamente a partir das políticas, legislações oficiais e teóricos que pesquisam sobre a
Educação Infantil, além de estudos recentes para essa questão de distanciamento social.
320
Na década de 90, ocorreram várias discussões sobre a concepção de criança,
procurando entender a criança como um ser histórico social, capaz de aprender pelas
interações com seu meio social. Essas discussões avançaram para um fortalecimento de
uma nova concepção de infância, a criança passou a ter em lei os direitos enquanto
cidadã. Foi criado a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e a Educação Infantil foi
incorporada como nível da Educação Básica, sendo assim, formalizada.
Um dos avanços da Educação Infantil foi a criação do Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil (RCNEI), em 1998, ele norteia o trabalho realizado com
crianças de 0 a 6 anos, e representa um avanço na busca de se estruturar melhor o papel
da Educação Infantil, trazendo uma proposta que integra o cuidar e o educar, o que é hoje
um dos maiores desafios da Educação Infantil.
A etapa da Educação Infantil é de fundamental importância para o desenvolvimento
humano e social da criança, é nessa etapa que a criança evolui de forma cognitiva, tem
contato com a arte, a ciência, a cultura, favorecendo o desenvolvimento da sua
criatividade.
Com a necessidade de suspensão das aulas presenciais imposta pelo novo
coronavírus, uma preocupação tomou conta dessa etapa da educação: como desenvolver
práticas pedagógicas de forma remota? A Somos Educação é uma plataforma digital de
soluções educacionais, que oferece um amplo portfólio de soluções pedagógicas, essa
plataforma promoveu um webinário cujo tema foi: Como dar aulas, fazer atividades,
engajar e ensinar os alunos da Educação Infantil em tempos de isolamento social?
Samantha Ladeira, psicopedagoga, pós-graduada em Gestão Escolar e especialista em
Educação Infantil, participou desse webinário e indicou que, “para lidar com situações
novas, é preciso informação e formação. ”
A educadora destacou que os documentos normativos e as legislações ressaltam o
que tem que levar em conta para o desenvolvimento da Educação Infantil. Samantha
reforça que mesmo com o distanciamento social a criança tem o direito de ser atendida, e
destaca o trecho da legislação pontuando que a educação é um dever conjunto, “do
Estado e da família, incentivada com a colaboração da sociedade “.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 determina
que, o Ensino Fundamental deve ser presencial, a legislação não permite aulas à
distância da Educação Infantil até o 9º ano. Com a imposição do distanciamento social
essa modalidade de ensino foi a única opção para continuidade das aulas, e por isso, foi
implantada tanto nas escolas públicas quanto nas escolas particulares.
321
EDUCAÇÃO INFANTIL DE FORMA REMOTA: PRÓS E CONTRAS
O blog Educação Infantil desenvolvido por AIX sistemas, publicou um artigo com o
tema: Educação Infantil à distância: isso é possível? Nele foi destacado os prós e contras
da Educação Infantil de forma remota. Esse debate tem sido acirrado nos últimos meses
no campo educacional, o blog destaca que entre os críticos contra esse formato estão as
especificidades da infância. Segundo Oliveira (2002), as propostas pedagógicas para as
crianças, envolvem organizar condições para que elas interajam com adultos e outras
crianças, em situações variadas. Entendemos que a livre utilização dos recursos e
ferramentas digitais podem comprometer essas interações.
Esse artigo publicado pelo Blog Educação Infantil, também destacou que a
Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a exposição das crianças às telas de
aparelhos digitais deve ser limitada em até uma hora por dia nas crianças de 2 a 5 anos, e
as crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas.
Entendemos que o trabalho pedagógico na Educação Infantil tem como destaque a
interação, que ocorre com organização de experiências e vivências, sem listagens de
conteúdos previamente definidos. Assim:
322
PARCERIA ESCOLA-FAMÍLIA EM TEMPOS DE PANDEMIA
323
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita
coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda
recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar
a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar,
reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega-se até
mesmo a uma divisão de responsabilidades [...]. (PIAGET, 2007, p.50).
A educação não é uma tarefa que a escola possa realizar sozinha sem a
cooperação de outras instituições e, a nosso ver, a família é a instituição que mais perto
se encontra da escola. Marchesi (2004) destaca a importância da educação ser
desenvolvida em cooperação com outras instituições, e nesse caso, a família é a
instituição mais próxima da escola. Família e escola tem os mesmos objetivos, colaborar
com o desenvolvimento das crianças. Reis (2007) destaca que:
Uma boa relação entre a família e a escola deve estar presente em qualquer
trabalho educativo. O bom desempenho escolar das crianças deve ser discutido entre
escola e família. A escola deve também exercer sua função educativa junto aos pais,
324
discutindo, informando, orientando sobre os mais variados assuntos, para que em
reciprocidade, escola e família possam proporcionar um bom desempenho escolar e
social às crianças. Sendo assim, faz-se necessário nesse cenário de pandemia que a
escola repense suas práticas pedagógicas, para melhor atender a singularidade das
crianças, o que obriga uma parceria ainda mais centrada com a família, de forma a atingir
os objetivos educativos.
A professora Mara Mansani, ainda destaca que mesmo com muitos anos de
trabalho como professora não se lembra de ter tido formação que orientasse em como
desenvolver essa parceria entre escola e família. A professora relata que:
A pandemia causada pelo novo coronavírus tem nos impostos situações nunca
vividas. Muito se questionou sobre a relevância de praticar a educação remota na
Educação Infantil, mas poucos se aventuram a responder essas questões porque nunca
pensamos e nunca vivemos esse tipo de situação.
AS ATIVIDADES REMOTAS
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 9.394, seção II, destaca
que
De acordo com Shudo e Sallum (2016), ingressar na escola antes do 1º ano tem
um efeito positivo sobre o desempenho escolar, levando a resultados significativos. A
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), afirma que a Educação Infantil deve assegurar
325
seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a saber: conviver, brincar, participar,
explorar, expressar e conhecer-se. Impõe-se o questionamento: Como assegurar estes
direitos em meio a pandemia causada pelo novo coronavírus, e por meio do ensino
remoto? Para Araujo & Reszka (2016), cada vez mais cedo as crianças são iniciadas nas
tecnologias digitas, mas a finalidade em geral é o entretenimento e o brincar.
Em junho de 2020, o Ministério da Educação (MEC), recomendou para as
instituições educacionais que ofereçam ensino remoto para as crianças da Educação
Infantil, e que considerem atividades para estreitar vínculos. A orientação é de que os
educadores criem ambientes lúdicos e diversificados, para que as crianças consigam se
envolver com as aulas e consigam realmente aprender no tempo em que estão
conectadas orientadas pelas suas famílias.
Segundo a Associação Brasileira de Mentoras de Ensino Superior (ABMES):
326
Para as crianças da Educação Infantil, o espaço físico é insubstituível, portanto,
mesmo que de forma remota, manter esse vínculo é importante para que o sentimento de
pertencimento do grupo não se perca.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) diz que a Educação Infantil deve
ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças,
diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira
complementar à educação familiar.
Com isso, as aulas remotas para a Educação Infantil tiveram que ser
ressignificadas, as trocas de experiências foram inovadas, e com o auxílio de lives e
videoconferências professores foram esclarecendo suas incertezas e aderindo ao que
chamamos de “novo normal”.
Partindo da própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da imposição do
distanciamento social, cabe à reflexão de que escola e família devem caminhar juntas,
com a mediação tecnológica, de modo a garantir que as ações pedagógicas sejam
realizadas em casa.
As aulas remotas na Educação Infantil seguem com a preocupação do tempo de
exposição das crianças às telas, e com disponibilidade dos pais em orientar as crianças
para desenvolver as atividades. Pensando no contexto remoto, é importante que a escola
garanta experiências que gerem memórias inesquecíveis desenvolvida nos seus lares,
com o acompanhamento das famílias.
O site do Instituto NeuroSaber reúne grandes especialistas para gerar conteúdos
sobre o comportamento e neurodesenvolvimento da infância e adolescente, buscam
capacitar pais, professores e profissionais colaborando para o desenvolvimento das
crianças. Em julho de 2020 foi publicado em sua página, um artigo com o título: Quais são
os métodos para ensino infantil à distância? Nesse artigo, a equipe destaca a importância
do tempo que as crianças ficam em frente às telas, e a dificuldade que a criança tem em
se concentrar fora das aulas presenciais, eles recomendam que o tempo das aulas deve
ser curto, cerca de 30 minutos a 1 hora.
O mais importante entre o tempo de conexão da escola com as crianças é manter a
rotina de rever a professora e os colegas. O artigo destaca que é possível nesse período
propor práticas pedagógicas simples e significativas colaborando com o desenvolvimento
das crianças.
327
Como recursos para o ensino à distância, os especialistas do site Instituto
NeuroSaber destacam que as videoaulas possibilitam manter a rotina que foi interrompida
pelo distanciamento social, e que as imagens, animações, histórias interativas e jogos
educativos servem de materiais de apoio nesse processo.
Com as escolas fechadas, professores e famílias compartilharam as dificuldades de
desenvolver atividades em casa. Para as crianças é fundamental que exista uma rotina,
isso colabora com o controle das atividades que irão acontecer.
328
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
TEATRO DE FANTOCHES
329
crianças, os fantoches instigam a criatividade e imaginação, além de colaborar com o
raciocínio lógico.
Quando a criança manipula o fantoche ela se comunica e expressa com mais
espontaneidade. Segundo Reis (2004, p. 17):
[…] Através de um fantoche: pode ser superada uma timidez que dificultava a
comunicação. Podem ser expressos sentimentos antes difíceis de exprimir, porque
o fantoche passa a ser o foco da atenção, em vez da criança que o manipula. Ela
fala através dele, fala com ele, e às vezes, atribui-lhe papéis que não têm nada a
ver com a sua caraterização. O processo criativo que envolve a manipulação de
fantoches estimula o desenvolvimento da linguagem e do pensamento e faz com
que a criança aprenda a tomar decisões, a expressar-se, para além de: canalizar a
imaginação infantil; descarregar tensões emocionais; resolver conflitos de ordem
afetivo emocional; ampliar as experiências; ampliar o vocabulário; desenvolver a
atenção, a observação, a imaginação, a percepção da relação entre causa e
efeito, a percepção do BEM e do MAL, de outros valores e o interesse por histórias
e teatro. (DIREÇÃO GERAL DO ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO, 1998; P.55 E
56).
MÚSICA
330
expressão e para estabelecer regras, relações sociais, diversão e aprendizagem. A
música é muito importante na rotina das crianças, seja ela na escola ou na família.
Em tempos de distanciamento social a música pode favorecer a saúde mental das
crianças, pois estas, de maneira geral, expressam as emoções mais facilmente pela
música do que pelas palavras. A música se encontra presente na rotina das crianças, seja
na hora do almoço ou do lanche, as crianças e os professores fazem uso de cantos
repetitivos. A família pode incorporar isso na rotina da criança no sentido de criar um clima
relacional gostoso em tempos de pandemia, e favorecer positivamente o psicoemocional
da criança.
Em tempos de distanciamento social a música pode possibilitar a interação das
crianças com o mundo do adulto. Em relação a isso o Referencial Curricular Nacional da
Educação Infantil (1998) explica que:
PINTURA
Ainda:
Educar pela arte é um movimento educativo e cultural que pensa no ser em sua
plenitude, um ser completo, que tem valorizados seus aspectos intelectuais,
emocionais, morais e estéticos, com a finalidade de incentivar a individualidade em
harmonia com a coletividade do grupo social do qual faz parte (Nascimento, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
333
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 19
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335
DANÇA NA ESCOLA: UMA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO
RESUMO
O presente artigo tratará a respeito da dança na escola, realizando uma discussão principalmente a respeito
do gênero. É preciso dar importância às atividades elaboradas a partir das linguagens artísticas, pois ao
mesmo tempo que põem em ação, empenham por completo as energias das crianças, sendo este um
convite para o aprendizado, a criação lúdica, a percepção, intuição, raciocínio, flexibilidade e sensibilidade,
e todos esses fatores são condições fundamentais para a aprendizagem. As linguagens artísticas como a
música, dança e o canto, as artes visuais, a arte literária e tudo que se refere à expressão corporal não são
apenas aulas extras, como geralmente são trabalhadas, mas partes fundamentais para o desenvolvimento
humano que abordaremos mais tarde. Visando proporcionar à criança e ao jovem o desabrochar
harmonioso de todas as suas capacidades, interligando as esferas física, emocional e espiritual em sua
concepção de homem, sem analisar especificamente o gênero.
INTRODUÇÃO
GÊNERO
Da mesma forma, podemos dizer que o currículo, assim como as demais práticas
e/ou objetos culturais trabalha no sentido de produzir os sujeitos.
Segundo Tomaz Tadeu da Silva (1995, p.195):
O Feminismo foi, sem dúvida, um importante movimento social que começou a ter
visibilidade no final do século XIX com o sufragismo. Posteriormente (final da década de
60) o movimento, no processo que passou a ser considerado como segunda onda do
feminismo, se expandiu para além do seu sentido reivindicatório, não só exigindo a
340
igualdade de direitos, em termos políticos e sociais, mas constituindo-se também em
crítica teórica. Obviamente este não foi um movimento isolado, mas somou-se a outros
movimentos igualmente importantes, como os movimentos estudantis, negros e outros,
principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França. Stuart Hall (1997,
p.49-50) mostra que o Feminismo introduziu aspectos inteiramente novos na sua luta de
contestação política, na medida em que abordou temas como família, sexualidade,
trabalho doméstico, o cuidado com as crianças, etc. Além disso.
Os estudos de gênero não se limitam, portanto, aos estudos de/sobre mulheres
mas incluem também a discussão em torno da construção das masculinidades,
problematizando de que forma elas têm sido colocadas em discurso, como apontam os
trabalhos de Connel (1995), Corrigan, Connel e Lee (1985), Heward (1988), Messner
(1992 b), Morrel (1994), Kibby (1997), Louro (1995) e Peres (1995), entre outros.
No entanto, o conceito de gênero tem sido utilizado de diversas maneiras, às vezes
de forma equivocada ou mesmo banalizada, como argumenta Maria Jesús Izquierdo
(1994). Alguns trabalhos, por exemplo, apresentam enfoques neutralizantes e fixos,
colocando o conceito de gênero como sinônimo de papéis sexuais, estereótipos sexuais
ou de identidades sexuais. É o caso do Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, em seu volume 2 (Brasil, 1999, p. 17-20), ao afirmar que por volta dos cinco e seis
anos a questão de gênero ocupa papel central na construção da identidade e que ocorre
uma separação espontânea entre meninos e meninas. Pode-se perceber nesta afirmação
um enfoque essencialista, através da naturalização dos comportamentos de meninos e
meninas, desconsiderando assim as construções históricas, sociais e culturais que levam
a este tipo de situação. Desta forma, o documento parece não estar preocupado em
contemplar as discussões mais recentes na área dos estudos de gênero, uma vez que se
refere ao conceito de papéis, estereótipos, identidade sexual e gênero sem a devida
problematização. Mesmo quando o ambiente é flexível quanto às possibilidades de
exploração dos papéis sociais, os estereótipos podem surgir entre as próprias crianças,
fruto do meio em que vivem, ou reflexo da fase em que a divisão entre meninos e meninas
torna-se uma forma de se apropriar da identidade sexual (Brasil, 1999: 42).
“Muitas autoras e autores têm afirmado a limitação do conceito de papéis, pois os
mesmos não permitem uma discussão mais ampla a respeito de poder, violência e
desigualdade”. (Scott, 1995; Louro, 2003, Costa, 1994).
Um dos problemas relacionados à abordagem de papéis, é que estes se
restringem a formas muito específicas (como por exemplo, o papel de esposa, de mãe),
sendo usados para se referir a um ideal normativo de comportamento ou mesmo designar
estereótipos de papéis em relação ao homem e à mulher.
341
Lia Zanota Machado (1992:26) observa que “o conceito de gênero supera o de
papel sexual, por sua demarcação mais frontal contra o determinismo biológico”. O
mesmo pode ser dito em relação ao conceito de estereótipo, pois como assinala Tomaz
Tadeu da Silva (1997: 21) em seu artigo A poética e a política do currículo como
representação, a noção de estereótipo, ao contrário da noção de representação
enfatizada pela análise cultural, está focalizada na representação mental. Nesse
movimento individualizante, deixa-se de focalizar, precisamente, aquilo que na análise
cultural é central: a cumplicidade entre representação e poder. Nessa perspectiva, o
estereótipo é combatido por uma terapêutica da atitude. Sem negar que a mudança de
atitude possa ter algum papel numa estratégia política global, o interesse da análise
cultural está centrado nas dimensões discursivas, textuais, institucionais da representação
e não nas suas dimensões individuais, psicológicas.
É importante assinalar que a categoria “gênero” tem passado por significativas
transformações, possibilitando-lhe assim um caráter mais dinâmico. A princípio, vinculada
a uma variável binária arbitrária, que reforçava dicotomias rígidas, passou a ser
compreendida como uma categoria relacional e contextual, na tentativa de contemplar as
complexidades e conflitos existentes na formação dos sujeitos. No entanto, ao invés de
ser encarada como uma desvantagem, estas ressignificações do conceito, extremamente
necessárias, trazem uma maior vitalidade para a compreensão das relações de gênero.
Para Sandra Harding (1993, p.11) é possível aprender a aceitar a instabilidade das
categorias analíticas, encontrar nelas a desejada reflexão teórica sobre determinados
aspectos da realidade política em que vivemos e pensamos, usar as próprias
instabilidades como recurso de pensamento e prática. As categorias analíticas feministas
devem ser instáveis - teorias coerentes e consistentes em um mundo instável e incoerente
são obstáculos tanto ao conhecimento quanto às práticas sociais. Tal instabilidade nos
remete também ao conceito de identidade, pois este tem sido formulado a partir de
diferentes abordagens teóricas. Algumas interpretações que buscam explicar como se
produzem as identidades de gênero ou mesmo as identidades sexuais, se baseiam em
estruturas de interação muito restritas (a esfera familiar, por exemplo), ignorando o fato de
que as relações de gênero estão conectadas a outros sistemas sociais, econômicos,
políticos ou de poder, como salienta Joan Scott (1995).
Nota-se no decorrer dos estudos que, os mesmos voltados para a educação da
criança pequena têm aumentado consideravelmente nos últimos anos, porém grande
parte deles remete-se principalmente às questões de desenvolvimento motor, afetivo e
cognitivo da criança, bem como a questões mais ligadas à formação de profissionais,
propostas pedagógicas e curriculares e políticas públicas para a faixa etária de zero a seis
anos. Muitos desses trabalhos são relatos de experiências vivenciadas no cotidiano das
342
escolas infantis, porém não chegam a tratar das relações de gênero ali presentes. Nota-
se, portanto, que a produção acadêmica brasileira carece de estudos nesta área. Como
refere Fulvia Rosemberg (1990, 1994), pouco se escreveu sobre a educação de meninos
e meninas, principalmente na educação infantil. Ela observa que alguns trabalhos têm se
limitado a discutir a relação professor/ex-aluno/a ou então o sexíssimo nos livros
didáticos.
Marina Subirats (1988, 1995) observou que na Espanha há poucos estudos sobre
relações de gênero na escola. Ao pesquisar turmas de crianças entre 4 e 6 anos de idade,
procurou mostrar que, desde a escola infantil, a criança aprende a desvalorizar todos as
atividades consideradas femininas. Através da análise dos registros verbais das
professoras, constatou que o gênero feminino era afetado por uma negação constante,
desde a linguagem utilizada, referindo-se às crianças sempre no masculino, até mesmo à
negação sistemática de toda e qualquer conduta que pudesse ser identificada com
comportamentos considerados “femininos”. Ela concluiu que a suposta igualdade
existente na escola não surgia pela integração das características presentes em ambos os
gêneros, mas pela negação ou exclusão de um deles. A autora afirma que é preciso
aguçar o olhar para perceber novas formas de discriminação, que têm se tornado cada
vez mais sutis. Os estudos de Naima Browne e Pauline France (1988), desenvolvidos na
Inglaterra, enfatizam o quanto sexismo e racismo se manifestam nas ações, na
representação visual dos sexos e na utilização da linguagem. Browne, por exemplo,
analisa a história do atendimento às crianças desde o século XIX até a década de 70,
procurando demonstrar como algumas teorias científicas têm se preocupado em explicar
as diferenças entre pessoas ou grupos tomando como base a herança biológica ou o
ambiente. Elas observam ainda que desde o berçário as crianças são tratadas de forma
diferente em função do sexo, listando uma série de áreas ou situações em que isto se dá.
Em relação ao choro, por exemplo, as autoras observam que os bebês masculinos são
atendidos mais rapidamente quando choram, uma vez que muitas atendentes acham que
meninos não devem/podem chorar, tratando, desta forma, de suprir as suas
necessidades. Já o choro das meninas, ao contrário, é mais tolerado.
Valerie Walkerdine (1989, 1995) também traz uma importante contribuição para o
entendimento das questões de gênero e poder presentes nas escolas infantis. Em sua
análise, feita em algumas escolas inglesas, observou que os meninos costumavam
assumir, através da linguagem, uma posição de autoridade frente às meninas, e também
entre eles, através da competitividade. Estes estudos nos permitem observar o quanto os
comportamentos são construídos a partir das concepções presentes numa dada
sociedade, determinando assim efeitos de verdade que vão constituir os indivíduos.
343
Com relação à identidade de gênero e à identidade sexual também é possível
entender que estas são plurais e estão em constante transformação. Tais identidades,
embora intimamente relacionadas, não são uma só “coisa”. Para Guacira Lopes Louro
(2003), enquanto a identidade de gênero liga-se à identificação histórica e social dos
sujeitos, que se reconhecem como femininos ou masculinos, a identidade sexual está
relacionada diretamente à maneira com que os indivíduos experenciam seus desejos
corporais, das mais diversas formas: sozinhos/as, com parceiros do mesmo sexo ou não,
etc. Débora Britzman (1996:74) mostra que as identidades sexuais não são fixas, nem se
instalam de forma automática nos indivíduos, mas vão se construindo ao longo da vida,
pois, segundo esta autora, a identidade sexual está sendo constantemente rearranjada,
desestabilizada e desfeita pelas complexidades da experiência vivida, pela cultura
popular, pelo conhecimento escolar e pelas múltiplas e mutáveis histórias de marcadores
sociais como gênero, raça, geração, nacionalidade, aparência física e estilo popular.
Tanto as identidades de gênero quanto as identidades sexuais podem ser caracterizadas
pela instabilidade, sendo, portanto, passíveis de transformações. Desta forma, torna-se
temerário estabelecer um momento determinado para que as identidades de gênero e as
identidades sexuais sejam “instaladas” ou “assentadas” nos indivíduos (Louro, 2003).
Desde que nascemos, estamos nos constituindo como sujeitos, com múltiplas identidades
(de gênero, de etnia, religiosas, sexuais, etc), embora muitas vezes estes aspectos sejam
ignorados, sendo vistos apenas sob a perspectiva essencialista.
A sexualidade, por exemplo, tem sido colocada como central à nossa existência,
como é possível depreender do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
ao afirmar que ela “tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das
pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutora, relaciona-se com o
prazer, necessidade fundamental dos seres humanos” (Brasil, 1998, p.17).
Esse discurso naturalizante e universal em torno da sexualidade tem produzido
poderosos efeitos de verdade. No entanto, pode-se observar que a sexualidade, embora
tendo como suporte um corpo biológico, deve ser vista como uma construção social, uma
invenção histórica, pois o sentido e o peso que lhe é atribuído são modelados em
situações sociais concretas. A sexualidade é tida como “a verdade definitiva sobre nós
mesmos e sobre nossos corpos: ao invés disso, ela nos diz algo mais sobre a verdade da
nossa cultura”. A sexualidade tem sido alvo de constante controle por parte da família, da
escola e dos diversos aparatos culturais, incluindo-se aqui os livros didáticos e
paradidáticos, como nos mostra o exemplo a seguir:
“É possível observar que mesmo tendo sido colocada em discurso de forma tão
intensa nas últimas décadas, ela mais do que nunca tem sido vigiada e controlada”.
(Felipe, 1998). Em relação à escola, por exemplo, muitas/os educadoras/es têm tomado
para si a responsabilidade de atuarem como “vigilantes” da sexualidade infantil, na
tentativa de moldarem os comportamentos que consideram mais apropriados para
meninos e meninas.
DANÇA
O corpo existe e pode ser pego. É suficientemente opaco para que possa velo. Se
ficar olhando anos você pode ver crescer o cabelo. O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio. O corpo existe, dado que exala cheiro. E em
cada extremidade existe um dedo. O corpo se cortado espirra um líquido
vermelho. O corpo tem alguém como recheio (ANTUNES, 1993, p. 23).
Assim, como desprezar este elemento que pulsa, que tem vida e pede movimento?
347
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348
MONUMENTOS HISTÓRICOS POLÊMICOS E A LUTA CONTRA O RACISMO
RESUMO
Este artigo procura apresentar a problemática que envolve os Monumentos Históricos que são considerados
polêmicos por retratar personagens escravocratas e genocidas do passado como grandes desbravadores
do Brasil. Movimentos Antirracistas ganharam destaques nas redes sociais por contestar a permanência ou
destruição desses monumentos. Esta árdua luta contra o racismo pertence a toda sociedade e está longe
de terminar, e nesse sentido, a escola deve ser protagonista e desenvolver estratégias que garantam a
inclusão. A escola que romantizou o passado histórico e transformou carrascos em heróis, agora precisa
assumir a responsabilidade pela desconstrução desse mito e aplicar em suas práticas pedagógicas ações
de valorização das culturas indígenas e africanas e de luta contra a discriminação, preconceito e racismo.
INTRODUÇÃO
349
houve a manifestação de grupos conservadores que veem os monumentos como um
patrimônio que merecem respeito e preservação.
Para aprofundar no assunto, direcionei a pesquisa para o passado histórico do
Brasil, a escravização e genocídio de indígenas e africanos desde a colonização.
Resgatar a história auxilia na reflexão acerca do poder de dominação e crueldade que o
homem branco teve sobre esses povos, e fez com que suas crenças e culturas fossem
esmagadas e muitas vidas ceifadas por considerar a superioridade de uma raça sobre as
demais.
Considero imprescindível refletir o papel dos monumentos históricos de uma
sociedade, questionar o porquê da sua existência e para quem foram destinados, assim
como as ideologias que neles existem e a perpetuação da ideia do poder de dominação
de um povo sobre os demais que um artefato pode carregar.
Abordarei alguns personagens históricos que receberam homenagens de grandes
heróis por ter desenvolvido um trabalho notório no desenvolvimento do território e no
crescimento do interior pautado na reflexão que todo o progresso conquistado por estes
homens teve um custo humano muito alto, o de sequestro, escravização e a dizimação,
contudo este lado da história não está exposto nesses monumentos.
352
Em 10 de junho de 1988 foi criado um monumento de Pedro Álvares Cabral por
Luis Morrone, a partir de um projeto de Agostinho Vidal da Rocha, localizado no Parque
do Ibirapuera, em São Paulo. A escultura do descobridor do Brasil tem seu corpo de
bronze, mede cerca de 5 metros de altura e representa o início das comemorações no
Brasil dos “500 anos do Descobrimento”. Personagem principal da invasão portuguesa ao
Brasil, quando o território era habitado por diversos povos indígenas que a partir de então
sofreram sistemático genocídio. Segundo dados publicados pela FUNAI, a população
indígena em 1500 era de aproximadamente 3.000.000 habitantes. Em 1650, esse número
caiu para cerca de 700.000 indígenas, chegando a 70.000 em 1957. De acordo com
Darcy Ribeiro, antropólogo brasileiro, conhecido por estudar os índios, cerca de 80 povos
indígenas desapareceram no Brasil no século XX.
Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, trata-se de um monumento que
apesenta muita ideologia revelada em sua composição, está localizado em frente ao
Colégio José de Anchieta, na região central de São Paulo. A escultura é constituída por
um grande pedestal de granito, de onde surge uma coluna de granito rosa. No alto está
uma figura feminina, feita em bronze, que representa a cidade de São Paulo. Logo abaixo
há figuras que representam indígenas em trabalho braçal e estão esmagados pela
estrutura vertical. A escultura foi feita pelo escultor italiano Amadeo Zani, tem 25 metros
de altura e foi concebida em 1925.
O Monumento à Duque de Caxias é uma estátua de bronze platinado (cavalo e
cavaleiro) acima e granito Mauá no pedestal, localizado na Praça Princesa Isabel na
cidade de São Paulo, o monumento projetado por Victor Brecheret mede 48 metros de
altura, sendo considerado o maior monumento equestre do mundo. A estátua homenageia
o imperialista e escravocrata, responsável por liderar tropas que provocaram mortes de
negros, pobres e indígenas em diversas revoltas do período regencial e imperial, como a
Balaiada e o Massacre de Porongos.
Escultura-símbolo da capital paulista, Monumento às Bandeiras, retrata os
bandeirantes em postura de progresso. No entanto, os bandeirantes foram os
responsáveis pelas violentas expedições que adentravam o território paulista em busca de
sequestrar e escravizar indígenas hostis à colonização. Também foram responsáveis pela
destruição de quilombos formados por negros e indígenas fugidos dos núcleos coloniais,
além da busca insaciável por metais preciosos. O monumento foi executado por Victor
Brecheret e está localizado na Praça Armando Salles de Oliveira, em frente ao Palácio
Nove de Julho, sede da Assembleia Legislativa e ao Parque do Ibirapuera. A escultura foi
inaugurada em 1954, juntamente com o Parque e tem 240 blocos de granito, cada um
pesando 50 toneladas. Já foi palco de manifestações antirracistas, como no ato em que
amanheceu manchada por tinta em 2016.
353
O explorador de minas e sertanista bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva foi
batizado pelos indígenas de “Anhanguera” que significa “diabo velho” devido a sua
crueldade e o seu caráter genocida. Assim como seu pai, penetrava pelo sertão de Goiás
em busca de ouro e indígenas para cativar e vender como escravos. Foi homenageado
em uma escultura entalhada em mármore pelo escultor italiano Luigi Brizzolara, em
Gênova, e inaugurado em 11 de agosto de 1924 e encontra-se localizada no Parque
Trianon, em frente ao MASP.
Outro bandeirante, Borba Gato, foi homenageado com uma imensa estátua,
inaugurada em 27 de janeiro de 1963, e está localizada na Avenida Santo Amaro, região
sul da capital paulista. Projetada por Júlio Guerra, a obra tem 12,5 metros de altura, pesa
30 toneladas. Muito questionada pela questão estética, a estrutura bruta de concreto é
apoiada sobre dois trilhos de bonde. No revestimento, há mosaicos de basalto e mármore.
O sertanista, genro de Fernão Dias, fez fortuna na segunda metade do século 18,
liderando ações de violência e escravização de indígenas pelos sertões do país.
Uma homenagem recente aconteceu em Santana de Parnaíba (SP), o Monumento
aos Bandeirantes, inaugurado em 2006, criado e feito por Murilo Sá Toledo, morador
local, em comemoração aos 426 anos da cidade. A grandiosa obra é um conjunto
escultórico que possui 60 metros de comprimento e 20 metros de largura, com figuras
feitas em bronze retratam os bandeirantes Anhanguera (Bartolomeu Bueno da Silva),
Domingos Jorge Velho, Raposo Tavares e Fernão Dias. O monumento também retrata um
negro escravizado puxando um barco com a fundadora da cidade Suzana Dias e seu filho
André Fernandes.
Há muitos monumentos históricos que consagram os Bandeirantes como heróis
destemidos e estão perpetuados não só em esculturas, mas em nomes de importantes
vias como a Rodovia dos Bandeirantes que foi inaugurada em 1978, pelo presidente
Ernesto Geisel, construída no mesmo trajeto utilizado pelos sertanistas para ir do litoral ao
interior paulista. A Via Anhanguera, outro bandeirante homenageado em um complexo
viário, forma com a Rodovia dos Bandeirantes um dos corredores mais importantes e
movimentados do país, o sistema Anhanguera-Bandeirantes.
Encontra-se em São Paulo muitas outras homenagens como Brás Leme, Cunha
Gago, Fernão Dias, Raposo Tavares. O edifício-sede do Governo do Estado e residência
oficial do governador foi nomeado como Palácio dos Bandeirantes, em tributo aos
pioneiros que expandiram as fronteiras brasileiras, assim consta no portal do governo de
São Paulo, sendo assim, saudados como os heróis desbravadores.
A concepção da imagem dos Bandeirantes como heróis desbravadores,
principalmente pelos paulistas, muito se deve às expedições que costumeiramente
partiam de São Paulo com objetivo de encontrar ouro, pedras preciosas além de capturar
354
indígenas. A expansão do território e tempo depois o progresso econômico cafeeiro que
transformou São Paulo na “terra do trabalho” difundido pela elite paulista que se
considerava herdeiros dos "heróicos bandeirantes" e por carregar no sangue a
descendência desses homens valentes e destemidos, justificando assim, o mito do porquê
os paulistas eram considerados trabalhadores incessantes.
Faltam representações negras na cidade e, quando existem, podem reforçar
estereótipos racistas, caso da "Mãe Preta". A estátua que se encontra no Largo do
Paissandu, ao lado da Igreja do Rosário no centro da capital, projetada por Júlio Guerra,
foi inaugurada em 23 de janeiro de 1955, como parte das comemorações de
encerramento do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Considerada uma representação
equivocada em suas formas disforme e grotescas com os pés enormes, a cabeça
pequena e o seio exposto que reforça o racismo contra a mulher negra que ainda é
estereotipada como ideal subalternidade e servilismo.
MOVIMENTOS ANTIRRACISTAS
356
A escola precisa assumir seu papel na luta contra o preconceito e na defesa das
minorias e seu currículo precisa abranger temas voltados à diversidade, às relações
étnicas, à ética, à justiça entre outros e o primeiro passo que a escola precisa dar é
admitir que contribuiu com a discriminação quando assumiu a ideia de que a escola é
igual para todos, sendo assim, implicitamente reportou a responsabilidade ao afirmar que
cada indivíduo chega onde sua capacidade e esforço pessoal lhe permitem, sendo
ignorados os pontos cruciais de desigualdades impostos pela sociedade.
[...] para obter êxito, a escola e seus professores não podem improvisar. Têm que
desfazer a mentalidade racista e discriminadora secular, superando o
etnocentrismo europeu, reestruturando relações étnico-raciais e sociais,
desalienando processos pedagógicos. Isto não pode ficar reduzido a palavras e a
raciocínios desvinculados da experiência de ser inferiorizados, vivida pelos negros
e indígenas, tampouco das baixas classificações que lhe são atribuídas nas
escalas de desigualdades sociais, econômicas, educativas e políticas. A luta pela
superação do racismo e da discriminação racial é, pois, tarefa de todo e qualquer
educador, independentemente do seu pertencimento étnico-racial, crença religiosa
ou posição política. (BRASIL, 2004, p. 15).
Define-se assim, o currículo como uma rica ferramenta de discussão das relações
étnico-raciais e para a desconstrução do racismo, preconceito e discriminação. Todo
educador precisa de constantes formações sobre o tema, pois como agentes
responsáveis da luta contra desigualdade, necessitam estar preparados para que as
práticas pedagógicas sejam eficazes na valorização e fortalecimento das culturas afro-
indígenas. As primeiras ações para construir relações educacionais de respeito e
valorização das diversas etnias estão em inserir nas escolas espaços de experienciação
de vivências democráticas de produção de conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
359
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de jul.de 2020.
361
PEDAGOGIA TEATRAL NO ENSINO REGULAR
EVERTON DA SILVA
RESUMO
A pedagogia teatral é um assunto amplo e que permite diferentes abordagens e assuntos específicos.
Dentro dos temas aqui trabalhados, estão a leitura dramática, dança-teatro, recursos vocais e cenografia.
Enfatizam-se as aplicações desses estudos no ensino regular da disciplina de arte, considerando também a
capacidade interdisciplinar do teatro. A partir de autores e autoras que trabalham com o teatro é feita uma
relação com as aplicações pedagógicas possíveis do conhecimento da linguagem. A pesquisa passa
também por aspectos históricos como teatro grego e surgimento da dança-teatro, além de relacionar a arte
com questões sociais. Partindo do ponto de que o teatro na educação pode trabalhar elementos lúdicos e
fabulares, a pedagogia teatral pode ser um recurso para trazer o envolvimento e foco dentro das salas de
aula. Revelando potenciais e apresentando inúmeras maneiras de ver o mundo dentro da diversidade do
teatro. Embora o ensino de teatro na escola possua inúmeros desafios é possível pesquisar e revelar
possíveis caminhos de atuação neste universo.
INTRODUÇÃO
362
A prática teatral é extremamente ampla e como linguagem funde diversas outras
artes dentro dela – como a música, a dança e o cinema. Além de possuir elementos
próprios diversos como interpretação, iluminação, cenografia, figurino e outros.
Devido aos inúmeros aspectos do teatro, é possível que o educador promova
diferentes recortes de acordo com o interesse de estudo. Este trabalho se constrói dentro
dessa potencialidade - de recortes de interesse de pesquisa teatral. Delineando
possibilidades inúmeras que possam alcançar um teatro pedagógico no ensino regular,
sobretudo, no ensino fundamental II e Médio. Constituindo um processo dinâmico e aberto
de pesquisa que pode ser acrescentado de outros estudos dentro do teatro escolar.
Assim, neste trabalho são escolhidas temáticas dentro do universo do ensino
teatral. Como, por exemplo, a leitura como recurso dramático e de aprendizagem. Além
de outros temas como tragédia grega, cenografia na escola e recursos vocais, focando
diversas possibilidades para aprendizagem e para vivência artística na escola.
363
Logo o teatro, desde a Grécia Antiga, teria uma função de controle e dominação
social. Reforçando ideias, processos e explorando estéticas com intenções de
manutenção da ordem social hierárquica.
Atualmente, o estudante pode perceber essa relação de influência e dominação em
diversos meios de comunicação. Pensar o teatro e diversos meios cênicos, como a
televisão e o cinema, já pode trazer novas compreensões a respeito da sociedade. Como
a aristocracia se apropria até hoje desse meio cênico como maneira de propagação de
seus valores. Outro destaque importante que Boal nos revela é da capacidade dos
expectadores se apropriarem do teatro, saindo inclusive de seu papel passivo e sendo
também atores e atrizes, discutindo e colaborando no processo teatral. Vide exemplo do
jogo Teatro-Julgamento, trecho que o autor demonstra um processo participativo do
público em que os atores interpretam do jeito que o espectador define.
Pede-se aos participantes que façam combinações, propostas que devem depois
ser ensaiadas pelos atores e criticadas por todos os presentes. Assim se poderá
perceber, graficamente, que as ações humanas não são fruto exclusivo nem
primordial da psicologia individual: quase sempre, através do indivíduo, fala a sua
classe! (BOAL, 1991, p. 178).
364
sentir, nos questionam, nos permitem ter acesso a outras experiências e tentar
compreender outras subjetividades. (ANDRUETTO, 2017, p. 140).
365
A leitura dramática pode ter inúmeros modos de leitura, também segundo Pavis
(2008, p. 228), sendo útil analisar a espacialização e a vocalização. A espacialização seria
a apresentação de nova peça, sem figurino ou cenário. Já a vocalização seria o aprender
do texto, no começo dos ensaios, antes de definir marcação, entonação e enunciação.
Esta pesquisa utiliza a ideia de leitura dramática para possíveis aplicações durante
a encenação teatral. Portanto, poderia questionar-se o uso do termo “leitura dramática”,
uma vez que essa se constrói, por hábito, em um momento prévio da encenação.
No entanto, como coloca Patrice Pavis, a leitura dramática pode existir dentro do conceito
de “apresentação à um público reduzido”, como mencionado acima. Já seria, então,
teatro, pois teria público e ator encenando. Neste sentido de apresentação é interessante
já pensar na característica teatral da leitura dramática. Ainda mais quando se trabalham
com processos teatrais que não definem um momento exato em que a obra de arte já está
definida como pronta.
Considera-se para essa pesquisa, o interesse em como utilizar a leitura dramática
em cena, apresentando para os espectadores. Pensando, a partir disso, nos elementos
teatrais para essa especificidade da leitura em grupo como iluminação, cenário e outros.
Além de preparação de atores e outras questões que emergem dessa prática.
Uma possibilidade, por exemplo, seria tornar o texto um objeto cênico que dialoga
com a prática. Um texto que se dobra na folha de papel, que está escrito no objeto, que
descola do figurino do ator, texto projetado em vídeo e outros. Diversos recursos podem
ser utilizados de maneira que a leitura se torne dinâmica e estimulante para quem assiste
a cena.
No contexto escolar, a leitura dramática pode ser utilizada na preparação dos
alunos-atores, mas também no momento da apresentação. Muitos estudantes têm
dificuldade na memorização de textos e essa também pode ser vista como uma
abordagem enfadonha do ensino teatro. A leitura dramática, nesse sentido, pode ser
utilizada como facilitadora na hora de apresentar a cena.
É possível usar a ideia de leitura dramática como um momento em que todos se
concentram no que é dito e o estudante pode descobrir o aspecto lúdico e de apreciação
do texto. Colhendo todos os benefícios da prática de leitura como interpretação do texto,
ampliação de vocabulário, capacidade de comunicação e tantas outras. Aponta-se,
portanto, o recurso da leitura dramática de interessante pesquisa seja para o ator
profissional e também para o estudante. Seja a leitura dramática utilizada como
apropriação do texto e principalmente como elemento a ser experimentado nas
apresentações cênicas.
366
A DANÇA-TEATRO E SEU POTENCIAL DE PESQUISA NA ESCOLA
Umas das possibilidades de trabalhar com arte na escola é o trabalho com “dança-teatro”,
termo utilizado por Rudolf von Laban em seu trabalho que misturava as duas linguagens.
Elabora-se nesta parte do artigo, argumentos sobre pertinência e possibilidades do uso da
dança-teatro como ferramenta pedagógica.
Historicamente, a dança-teatro tem a sua aparição recente no início do século XX.
Ciane Fernandes (2017), escreve que a partir de 1920 Rudolf von Laban desenvolve a
pesquisa da dança-teatro. Em que, além do movimento cotidiano os dançarinos também
usam movimentos abstratos de diversas formas, inclusive narrativa. Faz-se também o uso
de pequenos textos e improvisações. Além de outros nomes importantes, surge mais
tarde o trabalho de Pina Bausch, nascida na Alemanha, mas que desenvolve parte da sua
dança nos Estados Unidos. Muitos artistas, então na década de 1960, misturam a arte
com o cotidiano e trazem pautas humanistas. A dança moderna mescla-se cada vez mais
com as artes plásticas e, neste contexto, Pina Bausch cria um trabalho único.
367
Explorando-se, enquanto Simbólica, a dança também aborda temas de relevância
social. Nas obras de Bausch, o grupo de dançarinos não cria apenas uma
composição coreográfica formal, mas constitui uma metáfora da sociedade, com
trajes e gestos sociais. Nas longas filas de dançarinos repetindo uma mesma
sequência em uníssono, a sociedade é retratada como mecânica e sobrepondo-se
à expressão individual. (FERNANDES, 2017, p. 75).
Cenas como essa, podem ser vistas em vídeo e debatidas com os estudantes na
escola regular - colhendo percepções, olhares e lançando nos questionamentos para
comunidade escolar. Sendo possível também a proposta de elaboração de jogos e cenas
semelhantes às propostas por Bausch.
Com diversas contribuições, como de Laban e Pina Bausch, a dança-teatro
apresenta-se como uma linguagem proveitosa para estudos do gesto, do movimento,
lugares sociais e muito mais. Consolidando, portanto, a arte em seu papel questionador
como pesquisa potente de aprendizagem na sala de aula – sobretudo através da dança-
teatro.
Que outras vozes um ator precisa desenvolver em cena? Como o educando pode
construir uma voz para leitura dramática e interpretação teatral? Ao se deparar com a
leitura em voz alta na sala de aula é comum que o grupo execute uma espécie de leitura
“robotizada”, arrastada, mais parecendo uma ladainha desanimada. No entanto, o teatro
solicita outra relação com a leitura.
A leitura dramática possibilita apropriação expressiva do texto. Esta leitura já pode
trazer elementos cênicos: características sonoras próprias de cada personagem, lugares e
situações. Logo, o trabalho na escola precisar ser diferenciado para uma leitura cênica.
Como, então, compreender e treinar os recursos vocais em cena?
É comum tais questões surgirem durante a preparação vocal no teatro, na
elaboração junto ao ator de uma ou várias vozes cênicas. Na construção vocal do
368
personagem muitas vozes são possíveis, até as consideradas esteticamente
desagradáveis ou mesmo com características semelhantes à voz disfônica. O ator, por
sua vez, precisa estar disponível durante seu processo criativo, desde as primeiras
leituras da peça até a estreia, a investigar várias maneiras de expressar vocalmente o
personagem na montagem do texto teatral.
“Na busca da voz do personagem seria desejável que nenhuma restrição fosse
imposta, possibilitando o máximo de experimentações pelo ator. ” (GAYOTTO, 2015, p.
21).
A ideia do subtexto, um outro texto não dito, mas tecido no seu subsolo, abre para
a criação um imenso campo de possibilidades. O subtexto permite ao ator emitir
recados, num texto não visível, mas que está sendo ouvido de diferentes
maneiras, percebido pelos sentidos dos presentes. O autor, ao escrever o texto,
deu a ele a dimensão do seu tempo, dentro do contexto e objetivos que ele
pretendia atingir. Mas por meio do subtexto é possível criar e até ampliar
perspectivas sugeridas pelo autor, que vão dar contemporaneidade ao texto.
(GAYOTTO, 2015, p. 34).
370
teatral. Um tema amplo, que pode ter diversos aspectos de análise e relação com outros
elementos cênicos.
O próprio conceito de cenografia já é interessante material de estudo. O conceito
de algo varia conforme sua transformação histórica. Portanto, na medida em que a arte se
transformou seus elementos também sofrem mudanças de conceitos, da mesma forma a
ideia de cenografia.
Por muitas décadas nos contentamos com a definição vinda do grego: “Cenografia
é a grafia da cena”; ou com a que consta no Aurélio: “Arte e técnica de projetar e
dirigir a execução de cenários”. Com o tempo, o cenário e a cenografia evoluíram
para outras possibilidades, e não podemos mais nos contentar com essas
definições. Cenografia hoje é muito mais que isso. (SERRONI, 2015, p. 241).
Existem inúmeras definições atuais do que é cenografia e grande parte delas não
encerra o conceito e não deverá encerrar. Segundo Serroni (2015, p. 268), “Cenografia é
a dramatização do espaço, sempre complementada pela atuação”.
A cenografia não se restringe em ser um trabalho de execução técnica de um
painel ou algo parecido. Cenógrafos atuam, hoje, muitas vezes, conceituando e
participando do processo criativo, juntamente com elenco, diretoras ou diretores.
Ressalta-se também a relevância do ator para existência da arte teatral. A
cenografia deve dialogar com as pessoas em cena, colaborando para a revelação da
história. A arquitetura constrói relações seja no palco ou nas cidades, modifica os corpos,
restringe alcance de sonoridades, define lugares, caminhos e obstáculos.
A experiência cenográfica pode ir além da representação fiel da realidade,
ajudando a construir poéticas únicas dentro do teatro. Uma cadeira pode ser um barco,
um caixa de supermercado ou uma casa. Estas e outras capacidades teatrais de criar
significação podem revelar a expressão poética do cenógrafo e grupo teatral.
Quando trabalhamos com realismo na cenografia, parece que estamos legendando
os cenários, traduzindo aquele espaço para o público. Isso parece empobrecedor para os
espectadores.
Os cenógrafos que me instigam são aqueles que falam por signos, permitindo que
o público “monte” suas reações, faça suas próprias leituras, imagine! Por isso,
costumo dizer, em tom de brincadeira, que “odeio” o realismo no teatro e
aconselho os aprendizes a fugir dele. (SERRONI, 2015, p. 375).
371
Esta pesquisa artística passa também pela escolha do espaço. Neste sentido, faz
sentido resgatar memórias, histórias que já se impõe pelo local escolhido. Em vez de
encenar em um teatro convencional grupos têm trabalhado em outros espaços como
antigas prisões, casas, fábricas e até mesmo dentro dos rios em cima de barcos.
Pesquisar, por exemplo, um bar pode fazer emergir histórias de encontros
amorosos, além de importantes contextos históricos da época da construção. Podendo
revelar memórias de condições humanas de outras épocas que obviamente encontram
ressonâncias com questões atuais a serem debatidas.
A escolha do espaço tem uma complexidade grande de elementos a serem
pensados além das questões cênicas, como a segurança física para os espectadores. O
que tornaria inviável muitos espaços que pareçam ser promissores num primeiro
momento.
No entanto, os espaços tradicionais e seus entornos podem servir também para
encenação. Os arredores de teatros, por exemplo, podem oferecer diversas
possibilidades:
372
Além do conhecimento artístico, os educandos podem repensar seu papel de cidadão e
de transformação social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
373
as obras da artista e a vida em sociedade. Dessa forma, é possível o estudante
estabelecer conexões entre arte e vida de maneira a repensa- lá.
Outro tema abordado no artigo, é o trabalho com as vozes dos estudantes. Uma
pesquisa que permite uma abordagem diferenciada do texto na escola, ampliando para o
conhecimento de preparação vocal.
Ao reconhecer as diferentes ênfases e destaques de uma frase, por exemplo, o
educando pode descobrir expressões múltiplas do texto lido. Trabalhando assim, a
liberdade expressão e capacidade de comunicação no mundo.
Destaca-se também o estudo sobre subtexto, que possibilita o entendimento sobre
a intenção da comunicação vocal. Ao descobrir a capacidade de ampliar ou modificar
significados do texto, o educando percebe as diferentes intenções e a complexidade da
comunicação social.
374
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRUETTO, María Teresa. A leitura, outra revolução. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2017.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. 16ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1991.
FERNANDES, Ciane. Pina Bausch e o Wuppertal dança-teatro: Repetição e transformação. 3ª Ed. São
Paulo: Annablume, 2017.
GAYOTTO, Lucia Helena. Voz, partitura da ação. 4ª Ed. São Paulo: Plexus, 2015.
HOWARD, Pamela. O que é cenografia? São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015.
SERRONI, José Carlos. Cenografia brasileira: Notas de um cenógrafo. 1ª Ed. São Paulo: Edições Sesc São
Paulo, 2015.
DESGRANGES, F.. Pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. 4ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2017.
SPOLIN, V.. Jogos teatrais na sala de aula: um manual para o professor. São Paulo: Perspectiva, 2017.
375
A RELAÇÃO INTERPESSOAL INTERFERINDO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
DE CRIANÇAS
RESUMO
Este artigo faz parte de um trabalho maior que foram dividos em três partes. A primeira parte começa com
este artigo, a segunda e a terceira partes serão publicadas nos artigos posteriores no mês de junho e julho
de 2021 pela revista Desenvolvimento Intelectual. Este estudo tem o objetivo de examinar as inter-relações
entre as influências biológicas e sociais no desenvolvimento das crianças considerando as implicações na
adaptação positiva à escola e vida externa. O desenvolvimento emocional e os processos de regulação da
emoção são vistos como influenciando e sendo influenciados pelo desenvolvimento das funções cognitivas
executivas. Dado o tempo que as crianças passam na escola, é necessário compreender melhor os
contextos e processos normativos dentro das escolas que podem melhorar a adaptação positiva de crianças
com problemas comportamentais significativos. Sendo o desenvolvimento entendido como um reflexo de um
equilíbrio emergente entre os processos de estimulação emocional e regulação cognitiva, os resultados de
pesquisa são discutidos à luz da teoria e dos esforços de prevenção e intervenção baseados em escolas.
INTRODUÇÃO
376
Mesmo com apenas uma ou duas dessas condições, as crianças se saem
consideravelmente melhor na escola.
As famílias também se beneficiam, pois os pais desenvolvem mais confiança na
escola. Os professores que trabalham com ter opiniões mais elevadas sobre eles como
pais e maiores expectativas em relação aos filhos também. Como resultado, os pais
desenvolvem mais confiança não apenas em ajudar seus filhos a aprender casa, mas
sobre si mesmos como pais.
A pesquisa de estudo se divide vagamente em duas categorias: intervenções e
estudos que examinam os processos familiares, como as maneiras como as famílias se
comportam e interagem com seus filhos, na relação entre antecedentes familiares (por
exemplo, renda, nível de educação, etnia) e a realização do aluno nas características dos
ambientes de aprendizagem em casa (por exemplo, monitoramento do dever de casa,
leitura, comer refeições juntos) e seus efeitos no desempenho dos alunos, a classe e
"incompatibilidade" cultural, ou o que acontece quando a origem das crianças não
corresponder às expectativas das escolas.
377
lar, a família; e outro lugar de relações intencionais, racionais, de treinamento específico,
de controle e regulamentação explícita, que expressa uma visão masculina da educação a
escola.
Os modos de educação e de reprodução social variam ao longo da história e em
diferentes sociedades, bem como entre os grupos e classes de uma mesma sociedade.
“Historicamente, educar, no sentido geral de criar crianças não é atribuição
exclusiva dos pais/mães biológicos, quer da família, quer da escola. ” (Williams,1983).
O cuidado dos mais jovens, a transmissão da cultura do grupo social (o ensino de
modos de conhecimento, produção, relação e participação) e a preparação para os papéis
adultos (na guerra, trabalho, sexualidade, família e cidadania) eram tarefas educativas
assumidas por vários indivíduos, grupos e instituições (mães, pais, idosos/as,
professores/as, famílias extensas, clãs, tribo, vizinhança, comunidade, igrejas e escolas)
por meio de uma variedade de arranjos. Antes do surgimento da escola como um lugar
separado e especializado de educação formal, as crianças e jovens educavam-se na
família e na comunidade, inclusive pela participação nas práticas produtivas e rituais
coletivos.
A educação como transmissão cultural distinguia-se em popular (oral e prática) e
erudita (letrada, formal, sinônimo de cultura), sendo esta última reservada às elites – em
casa com mestres e mestras residentes, ou em colégios internos. Nas sociedades ditas
primitivas, a educação das crianças era uma tarefa comunitária, informal e imersa na vida
prática, como ainda ocorre hoje em áreas rurais e urbanas das regiões pobres do mundo.
Na Europa pré-moderna, as crianças eram criadas por outros adultos que não os
pais/mães biológicos. A educação formal, sinal de distinção cultural e de classe, era
exclusiva dos que tinham nascido no ápice da escala social. O filósofo francês Michel de
Montaigne, nascido em 1533 numa família de senhores de terra, foi criado inicialmente
por servos antes de ser considerado pronto para a educação formal, inicialmente em casa
com tutores exclusivos e, depois, dos 6 aos 13 anos, no melhor colégio da França,
quando concluiu seus estudos.
Semelhantemente, nas colônias como o Brasil, as elites educavam os filhos e filhas
(de maneira diferenciada) em casa, com tutores/as vindos da Europa, e em colégios
religiosos, em regime de internato. Portanto, as maneiras de transmitir valores,
sentimentos, disposições, conhecimentos e habilidades socialmente valorizados (o
currículo) têm variado em relação à organização e práticas (onde, quando, como, por
quanto tempo), conteúdos (quais os saberes que se devem tornar hábitos, habilidades,
matérias escolares), agências e agentes encarregados (quem é responsável pela
organização e ensino) e sujeitos-alvo (de acordo com categorias como idade, sexo, classe
e raça).
378
Mulheres, pessoas pobres, negras e indígenas foram por muito tempo excluídas da
escola, ou tiveram acesso à escolas e currículos diferenciados. A educação escolar
tornou-se o modo de educação predominante nas sociedades modernas, democráticas, a
partir da escolarização compulsória em fins do século XIX, com uma organização
específica: currículo seriado, sistema de avaliação, níveis, diplomas, professores,
professoras e outros profissionais especializados. Entretanto, como um processo
multifacetado de aprendizagem e desenvolvimento humano pela experiência e
participação nas várias práticas e espaços sociais ao longo de toda a vida, a educação
deve ser distinguida da escolarização.
Ainda:
379
Com a especialização das instituições de reprodução social e a separação da vida
pública e privada, as famílias e lares (de acordo com o modelo das classes médias) foram
redefinidos como local estritamente de reprodução sexual, física e psíquica, domínio
exclusivo do afeto e da intimidade.
As escolas, lugar da educação pública (em contraste com a educação doméstica),
foram encarregadas da reprodução da cultura letrada (dominante), dos valores
sociopolíticos e da qualificação para o trabalho, assumindo funções econômicas e
ideológicas.
Gradualmente, à medida que as famílias se nuclearizaram e se isolaram, e pais e
mães passaram a trabalhar fora de casa, num movimento que reduzia suas funções
reprodutivas culturais e sociais, a escolarização cresceu como um modo sistemático e
especializado de educação, e tornou-se o contexto central do desenvolvimento individual
das crianças e jovens, assumindo posteriormente funções sociais e emocionais
adicionais.
A instituição de um sistema estatal de escolaridade compulsória, de massa, a partir
do final do século XIX no mundo ocidental, representou, de acordo com um historiador
britânico (Musgrove apud Tyack, 1976), o triunfo da influência formativa das instâncias
públicas sobre as privadas na vida social e desenvolvimento individual, o reconhecimento
da obsolescência da família como educadora, sua inadequação para cuidar e treinar as
crianças na sociedade moderna.
“Na Sociologia, Durkheim também apontou a superioridade da escola sobre a
família na função de socialização para a vida moderna. (Bidwell, 1991)”. E, de fato, tanto
de uma perspectiva macro quanto micro, o advento da escola de massas representou
uma solução para a reprodução social e educação individual na nova ordem urbano-
industrial, substituindo a família e a comunidade. Concretamente, a provisão escolar
atendeu às necessidades de cuidado, instrução e liberação das crianças – uma solução
tanto para o lazer dos privilegiados quanto para a exploração dos numerosos pobres – à
medida que o trabalho infantil era erradicado, o ingresso dos jovens no mercado de
trabalho era crescentemente adiado, e o trabalho das mães, além daquele dos pais,
afastava-as de casa.
A bandeira da educação para todos – em fins do século XIX nos países ricos, em
fins do século XX nos países pobres – convida os excluídos a participarem do projeto
democrático pelo acesso ao conhecimento, como condição para participação política,
produtividade, empregabilidade (nos termos de hoje), e usufruto pessoal.
A contrapartida da escolarização compulsória era a ideologia da educação como a
grande panaceia social, combinando progresso socioeconômico, mobilidade social
380
ascendente, a isca para a escola e, através dela, o acesso ao mercado de trabalho, à vida
democrática, correspondendo às aspirações de parte das classes baixas e trabalhadoras-
urbanas a uma vida digna.
Assim, a escola pública (compulsória) materializava um novo contrato social (ou
seja, uma troca de interesses institucionalizada), oferecendo um terreno (supostamente
neutro) para a aquisição de um conhecimento comum, secular, não familiar, que apagaria
as distinções culturais e sociais ligadas à família, classe social, etnia e religião de origem,
consolidando a nova ordem democrática. A universalização da escola básica, onde ela
aconteceu, significou democratização (limitada) da cultura formal, mas também
uniformização cultural; democratização no nível inferior da escolaridade e seleção
(baseada em gênero, raça e classe) no nível superior; meritocracia como justificativa para
a seleção, e mobilidade social ascendente limitada a códigos culturais específicos.
Depois de um século de escola para todos, mesmo nos países ricos, o sucesso
escolar não acontece para todos e a escolarização bem-sucedida não eliminou a
desigualdade social. Há duas histórias da educação relacionadas à classe social e
à interação família– escola (Carvalho, 2000). Uma história é aquela de uma classe
que criou o valor da escola de acordo com uma concepção particular (utilitária) de
educação: a escola como extensão da família da classe média. Outra história é
aquela em que a escola, um modo de educação não familiar, foi imposta a uma
classe como meio de salvação via aculturação, competição dos jovens de classe
média por diplomas, enquanto a última é a história do fracasso escolar que
legitima a exclusão socioeconômica e que continua a alimentar as políticas
compensatórias destinadas aos estudantes em situação de risco. (Cravens, 1993).
PROCESSOS FAMILIARES
As crianças passam cerca de 70% de suas horas fora da escola, esse tempo gasto
pode ter uma influência poderosa sobre o que e quanto as crianças aprendem. As
principais orientações de motivação e incentivo ao intelecto são:
Ainda:
382
ESCOLA PÚBLICA X PRIVADA, UMA RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO COM A CLASSE
ECONÔMICA DOS PAIS
Embora estilos parentais que produzem alto desempenho possam ser encontrados
em famílias de todas as origens, o melhor desempenho ainda está fortemente associado a
mais educação e maior renda. Alunos de baixa renda que estudam em escolas públicas
cujos pais fornecem um ambiente de aprendizagem em casa forte e continuam envolvidos
com a escola ainda não vão tão bem à escola quanto os alunos com alto nível
socioeconômico de escolas privadas de similares ambientes domésticos. Não apenas as
famílias de classe média tem tempo, dinheiro e recursos para serem parceiros ativos da
escola, a educação permitiu que eles se sentissem mais confortáveis em lidar com
professores. A classe trabalhadora, que tem sentimentos igualmente fortes sobre a
importância da educação, por conta da realidade vivida de forma diferente por conta de
tempo devem fazer arranjos complicados para o transporte, creche e para assistir às
reuniões na escola. Indo mais além, podemos dizer que as diferenças em como as
famílias se relacionam com a escola estão enraizadas não apenas nas divisões de classe,
mas também na diversidade étnica. Quando pais e a escola colaboram para ajudar as
crianças a se ajustarem ao mundo da escola, criando uma ponte entre a cultura em casa
e a escola convencional, filhos de todos os fundos tendem a se dar bem. Como James
Comer aponta, “as crianças aprendem com as pessoas que tem vínculo.” Se as crianças
sabem que seus pais e professores se entendem e se respeitam que compartilham
expectativas semelhantes e permanecem em contato, as crianças se sentem confortáveis
com quem eles são e podem reconciliar mais facilmente suas experiências em casa e na
escola.
Pode-se concluir que, em relação aos processos familiares, o ambiente doméstico
tem uma influência poderosa não apenas no desempenho das crianças, mas também
sobre o quão longe eles vão na escola. Se a abordagem da família para a vida e
aprendizagem é muito diferente da escola, as crianças têm dificuldade de integrar as duas
experiências e pode cair fora. Por outro lado, cultural ou classe social não rigidamente
determina o destino de uma criança. O que os pais fazem em casa para apoiar a
aprendizagem, sendo independente no desempenho das crianças. Mas sim, os pais estão
em uma posição bem melhor para ajudar seus filhos, se forem mantidos informados sobre
como estão indo na escola e as melhores maneiras para encorajá-los.
383
CLASSE SOCIAL, GÊNERO E RELAÇÕES COM A ESCOLA
Também são as mães que dão uma palavrinha com a professora quando
entregam o filho ou filha na escola, a exemplo do episódio retratado na cartilha.
Minhas alunas de Pedagogia, que são professoras de escolas públicas,
descrevem assim os alunos e alunas que sempre fazem o dever de casa:
“participantes, atentos, que têm ajuda, que têm pais e mães presentes,
interessados/as, com boas condições financeiras, que são exigidos pela escola,
com boa relação familiar, com pais e mães escolarizados/as”.
Em contraste, alunos e alunas que não costumam fazer o dever de casa “possuem
pais e mães ausentes, pais e mães analfabetos, não têm ajuda, alunos que
trabalham, alunos bagunceiros, são desorganizados, brincalhões,
rebeldes”.(Carvalho, 2003).
Ainda:
Capital econômico se traduz em tempo livre (e boa qualidade de vida) para que o
pai ou mãe se dedique ao acompanhamento dos filhos/filhas ou, na falta de tempo,
dinheiro para pagar uma professora particular em casa ou aulas de reforço. Capital
cultural significa cultura acadêmica (científica) e conhecimento atualizado dos conteúdos
curriculares e de pedagogia.
Assim, a escola (a professora) espera que mães e pais arranjem tempo para
monitorar o dever de casa diariamente e atender algumas demandas escolares
eventualmente (como providenciar materiais para projetos especiais ou dar assistência a
trabalhos de grupo nos fins de semana), tempo após a jornada diária de trabalho e que
sobra do atendimento de suas próprias necessidades, obrigações e opções quanto à
divisão do trabalho doméstico, horários de descanso, programas de lazer, com os quais o
dever de casa supostamente não interfere.
A escola (a professora) supõe também que os pais/mães gostariam de se atualizar
em relação ao currículo escolar ou voltar à escola (ou iniciar os estudos, no caso dos não-
escolarizados), a fim de participar do projeto da educação pública e do desenvolvimento
384
dos seus filhos/as, o que seria, sem dúvida, desejável, mas nem sempre é possível.
Essas condições favoráveis à participação dos pais na educação escolar apontam
para um modelo de família particular, que conta com um adulto, geralmente a mãe, com
tempo livre, conhecimento e uma disposição especial para educar.
Este é o modelo tradicional de família de classe média, que não corresponde às
condições de vida da maioria das famílias pobres, trabalhadoras, e que está
desaparecendo na própria classe média, com o ingresso das mulheres em ocupações
remuneradas.
Então, se o dever de casa (e o sucesso escolar) tem dependido da doação do
tempo (trabalho gratuito) das mães, sobrecarregando aquelas que exercem trabalho
remunerado fora de casa, por que incentivar a participação dos pais na educação dos
filhos/as em casa e na escola? Ainda mais quando sabemos que o incentivo se dirige
justamente àqueles que não participam por falta de condições e possibilidades, ou, como
às vezes se supõe, por falta de uma cultura familiar que valorize os estudos.
Para entender por que essa política de envolvimento dos pais na escola parece
legítima e desejável, convém examinar brevemente a história da educação e das relações
entre família e escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
386
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388
BRINCADEIRAS, BRINQUEDOS, JOGOS E A MÍDIA DIGITAL
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Este é um Artigo de Revisão de teorias, pesquisas e de outros trabalhos sobre o assunto, na busca da
melhor compreensão sobre como lidar com o aprendizado das crianças, suas fases de desenvolvimento e
para que tipo de aprendizagem estão prontas em cada fase. A Educação Infantil atualmente abrange
crianças de 0 a 5 anos e 11 meses. Esse é o tempo de adaptação inicial ao meio onde nasceu e vai tentar
sobreviver e habitar. Crianças são filhotes humanos e naturalmente são alegres, gostam de brincar, interagir
desde a gestação, nascem aprendendo e o fazem até o último instante da vida adulta. O desenvolvimento
infantil passa por etapas que devem ser respeitadas e nenhuma delas deve ser desprezada sob pena de
levar resquícios para a vida adulta. Nem mesmo em nome da tecnologia tem-se o direito de tentar acelerar o
que a natureza biologicamente não formou. São essas fases que são analisadas neste Artigo, na certeza de
que “Não se abre uma flor com os dedos. ”
INTRODUÇÃO
As moradias nas grandes cidades tendem a ser cada vez menores e quintais já não
existem. Nas plantas de imóveis à venda, é possível observar que os espaços internos,
mesmo quando oferecem mais de um dormitório, são mínimos, só comportando móveis
feitos sob medida, para acondicionar apenas o mínimo necessário. Vivemos numa
sociedade cada vez mais minimalista, como se a residência fosse apenas para dormir.
Nos prédios há espaços comuns de lazer, salão de festa, churrasqueira, quadra,
piscina, playground, cuja utilização precisa ser agendada, pois, mesmo nos menores dos
condomínios, se um terço dos moradores resolverem usar ao mesmo tempo esses
espaços, não será possível.
Quem desenha e idealiza esses espaços certamente conta com a hipótese de que
a maioria trabalha o dia todo fora de casa e as crianças vão para creches, escolas, a
maior parte do dia. Nos finais de semana e férias essas pessoas viajam. Às crianças, se
não podem descer para a pequena área de lazer que o prédio dispõe, resta ficar diante
das telas de TV, celular, tablet.
389
Nas periferias os imóveis também vêm se apequenando e o lazer é a pracinha do
bairro, com seus aparelhos de ginástica e playgrounds construídos pela Prefeitura local,
onde as crianças precisam estar constantemente acompanhadas por um adulto para
frequentar, dado os perigos que rondam em toda parte.
Nas classes menos abastadas, são os barracos, de madeira ou de alvenaria e sem
reboque, moradias pequenas e apinhadas de gente dividindo um espaço que não há,
muitas vezes construídas aos poucos, do jeito que o curto dinheiro permite, em terrenos
invadidos. O lazer é no campinho próximo onde se brinca e se joga futebol.
Em todas as classes sociais, sempre há a possibilidade de ter ao menos uma tela
de TV, diante da qual as crianças passam as horas, atraídas pelo colorido e movimento
rápido das imagens e das falas.
Assim, o que resta às crianças de classe média e baixa é o espaço escolar
oferecido pelas creches e escolas de educação infantil, para aprender, merendar e
brincar. Lá sim, há amiguinhos, brinquedos, brincadeiras e jogos, e uma pseudo liberdade
segura.
Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, esses espaços residenciais
diminuíram muito mais - seja pelo fato de muitos estarem trabalhando em casa, seja
porque muitos estão desempregados, seja pelo fato das escolas e creches estarem
fechadas ou ainda porque o distanciamento social não permite aglomerações nas ruas e
praças como antes. Assim, as residências, que já não eram espaçosas, não comportam
tantas pessoas ao mesmo tempo dividindo o mesmo espaço o tempo todo, dificultando a
convivência. Quem perde mais nessa situação são as crianças.
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
390
TABELA 1- Educação Infantil
Berçário 1 1 mês a 1 ano e 1 mês
FONTE: BNCC/2018
A criança nasce frágil e dependente de sua própria espécie para sobreviver, porém,
a natureza compensa essa fragilidade com a predisposição, que lhe é nata, para aprender
e construir estratégias de sobrevivência.
Desde os primeiros instantes de vida está inserida em um contexto social onde vai
interagir, que é formado a princípio pela família, depois pela comunidade. Nessas
interações vai aprendendo sobre e com tudo e todos os que a cercam, e assim, vai
criando sua visão de mundo.
Ao chegar na creche, ela já leva consigo sua pequena bagagem de conhecimentos
e é por essa razão que a Educação Infantil deve organizar os novos conhecimentos que
vai oferecer em cada fase de desenvolvimento, tentando partir sempre daqueles que a
sua clientela já possui, o que certamente facilitará a adaptação das crianças.
O que também é inegável é que toda criança gosta de explorar e de brincar. É
manuseando objetos, explorando as possibilidades de movimentos desses objetos - que
ela, muitas vezes, acaba transformando em brinquedos –é que está implícito muito de
aprendizagem sobre o que a cerca.
Segundo Piaget (1980):
BRINQUEDO
Brinquedo pode ser qualquer objeto, tenha ele sido criado para isso ou não. Tudo,
a princípio é apenas objeto. O que vai transformá-lo em brinquedo é o sentido lúdico que
a criança der a ele ao explorar suas possibilidades ou incorporá-lo ao contexto da
brincadeira.
392
Muitas vezes um brinquedo idealizado para determinado fim pode adquirir um ou
vários sentidos lúdicos completamente diferentes, nas cabecinhas e mãozinhas infantis.
Uma boneca médica, que vem com apetrechos e teria sido idealizada para que a criança
brincasse imaginando que a boneca seria a médica, pode extrapolar seu significado. A
criança vai então encher a seringa de água e usá-la como chuveiro para dar banho em
bonecas menores, aguar as plantinhas, fazer de conta que é veterinária e sair dando
injeção nos bichinhos de pelúcia etc.
O brincar e o brinquedo estão muito ligados à cultura, ao conhecimento de mundo
da criança. Se ela não conhece chuveiro e só toma banho de rio, não terá esse referencial
para “fazer de conta”, que a seringa de injeção pode ser usada para dar banho na
bonequinha.
O ATO DE BRINCAR
Todo filhote brinca porque é uma forma de conhecer e interagir com o que o rodeia.
Segundo Moyles (2002), “o brincar ocorre sem nenhum propósito real, sem nenhum
objetivo e pode fazer a criança avançar um ou outro estágio de aprendizado. ”
A exploração, na verdade, precede o domínio e este precede o brincar. Assim,
primeiro a criança explora, depois domina e então brinca. Dessa forma, sem o
constrangimento e o direcionamento do ensino explícito, estará descobrindo mecanismos
por si mesma e aprendendo muito mais do que se alguém estivesse ensinando a ela.
O mais positivo da aprendizagem pelo brincar é o aprender sem ameaça, a partir
do que dá errado. O brincar deve ser visto como um processo e não como um resultado.
Na verdade, as crianças precisam de tempo não só para refletir sobre novos
conhecimentos, mas também para formular suas próprias perguntas, memorizar
informações e reformular conceitos.
Zanluchi (2005, p. 89) afirma que:
Quando brinca, a criança prepara-se para a vida, pois é através de sua atividade
lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai
compreendendo como são e como funcionam as coisas.
393
BRINCADEIRA
O JOGO
A palavra Jogo tem muitas conotações. Pode ser uma atividade física ou mental,
fundamentada em um sistema de regras que definem a perda ou o ganho. Aqui será
abordado quanto ao seu papel em relação à Educação Infantil.
Para os psicólogos, o papel dos jogos infantis tem a ver com a constituição das
representações mentais e os efeitos que causam no desenvolvimento da criança de todas
as faixas etárias, principalmente de 0 a 6 anos.
Quando se brinca com a criança muito pequena escondendo o rosto e aparecendo
novamente, isso é um jogo.
Jogos de peças grandes para montar, dão espaço para a imaginação se
manifestar; quebra cabeças que formam figuras e jogos da memória ajudam no
desenvolvimento da parte cognitiva; dominó desenvolve a noção de números., lembrando
que esse tipo de atividade ajuda na concentração e na coordenação motora.
394
Rabiscar um papel, colorir desenhos são formas de retratar o pensamento, a forma
como vê o mundo, as pessoas, as coisas. Tanto é que ao ser perguntada sobre seu
desenho ela vai dizer o que está ali desenhado, embora o adulto não consiga distinguir.
Os jogos esportivos, de movimento, como atividade física, representam a
possibilidade de eliminar o excesso de energia represada na criança. Todo jogo tem
regras a serem seguidas e isso contribui para a formação do caráter, prepara para a vida
futura, contribuindo para o bom senso e o equilíbrio emocional.
397
a criança vai rir ou chorar, as ações continuam. Então não há interação. A ação que
prevalece é a da tela. Isso prejudicará a formação dos processos de identificações da
criança, podendo torná-la rígida e estereotipada nas relações.
A noção de Limite também é comprometida, pois nas imagens em movimento
acelerado nas telas, não existem pausas e nem descanso para o relaxamento e as
mudanças entre o que é o começo e o que é o final de qualquer tarefa das rotinas diárias,
não denota a diferença entre o “acabou” e o “de novo”.
O limite é dado artificialmente e não vem do cuidador da criança, não existe um
“NÂO” explícito, só acaba quando é desligado o equipamento ou desconectado da “fonte
de energia”. Esse tipo de situação impede que a criança aprenda e experimente quais são
seus próprios limites corporais e o que não pode fazer e diferencie do que é permitido
fazer.
Segundo Machado (2017):
Os pais devem estabelecer regras e limites para que os filhos usem a Internet e
nunca podem ‘abandoná-los’ na frente de uma TV ou de uma tela de notebook ou
smartphone, sem saber o que eles estão vendo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a pesquisa que originou este artigo, ficou evidente que a exposição às
mídias digitais de crianças na idade pré-escolar é perigosa para o seu desenvolvimento.
Que poderá ser introduzida depois dos quatro anos de idade, não como um brinquedo a
que ela possa ter acesso quando e por quanto tempo quiser, mas de forma moderada,
399
monitorada e não com o intuito de conseguir que a criança se aquiete para que os adultos
possam se dedicar a outros afazeres ou até mesmo ficarem nas redes sociais.
A criança é naturalmente observadora e imita os adultos, seja para agradá-los ou
simplesmente para se adaptarem ao meio em que vivem, mas não são adultos em
miniatura e sim seres em formação, que se transformam a cada dia.
Diante das elucidações sobre as etapas de desenvolvimento cognitivo da criança
ficou claro que, embora a criança nasça com a habilidade de aprender, esse aprendizado
tem que ser gradativo, conforme as etapas, porque depende da maturidade biológica.
Novos aprendizados tornam-se possíveis à medida em que seu corpo vai se fortalecendo,
desenvolvendo, evoluindo, por dentro e por fora, permitindo que seu corpo adquira novos
movimentos e sua mente consiga fazer novas conexões neurológicas. Isso explica a
transformação pela qual todos passamos durante a vida, diariamente, do nascimento até
à morte.
Segundo Martinez (2012) afirmou em uma palestra pelo Lions Embu Guaçu, na EE
do Bairro dos Penteados, hoje EE Prof. Levi Pereira Martins, aos pais, professores, alunos
e comunidade, durante o Programa Escola da Família:
400
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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do-computador-ou-celular-alerta-medicaAcessado em: 17/04/2021.
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ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da
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401
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PRÁTICA LEITORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
MEDIAÇÃO E METODOLOGIA
RESUMO
Entender a prática leitora como parte integrante no desenvolvimento infantil é colaborar com metodologias
ativas que integram as dimensões do ensino-aprendizagem. Para tanto, faz necessário atrelar às vivências
de cada criança concatenado com a proposta lúdica leitura, caracterizando as experimentações
intencionais, que visam complementar a práxis-pedagógica, assim, o trabalho do professor integrado aos
conhecimentos prévios, conexões e inferências na atitude leitora potencializam a especificidades de cada
criança. O Currículo da Cidade vem de encontro com os referencias teóricos que subsidiam a prática do
cotidiano, integrando e norteando os pontos a serem articulados pensando na formação integral do ensino e
de que forma ocorrerá a mediação do aluno com a sua dimensão leitora. Não podemos nos esquecer do
advento da ciberliteratura e como esse “boom digital”, transformou a prática leitora no cotidiano das nossas
crianças, e o que antes era o livro físico ou a leitura direta, passou a ser o midiaticamente mediado, assim, a
educação precisou se readequar para compreender o cenário atual e como a prática leitora seria inserida
nesta nova realidade. Sob esta ótica o campo da mediação e da metodologia ativa na busca da formação
leitora caminha de encontro com as novas tendências e vivências do cotidiano, fazendo com que cada
criança se aproprie da formação leitora e das possibilidades de práticas integrais.
INTRODUÇÃO
402
processo, perpassam por intencionalidades direcionadas para as metodologias ativas e a
medição seja por meio físico ou digital.
Para entender como a prática leitora na primeira infância tornou-se uma ferramenta
poderosa no processo de ensino - aprendizagem é necessário conhecer a base literária e
como os contos tomaram espaço na construção do aprendizado.
Historicamente, os primeiros livros voltados para as crianças surgiram no século
XVII, com La Fontaine e Charles Perrault, que desenvolviam obras para este público alvo,
focando principalmente nos contos de fadas. Com esta premissa outros autores foram
surgindo, mas, este tipo de literatura era visto com “olhos” mercadológicos. De acordo
com Cademartori (1986), o primeiro livro voltado para o público infantil foi no século XIX,
com a história “A menina do nariz arrebitado” escrito por Monteiro Lobato, que era um
grande nacionalista, que caracterizou suas obras com as características sociais da época.
Com o passar dos anos as histórias infantis -pensando no contexto das obras
brasileiras- passaram por grandes transformações, sendo reenquadradas em novos
contextos e consequentemente grandes autores sugiram e suas multimodalidades
influenciaram na prática leitora.
Atualmente, entende-se que ler para uma criança é reconhecer a importância das
contribuições literárias no contexto da primeira infância, estendendo para a formação
social, emocional e cognitiva de cada ouvinte. A prática leitora na educação infantil como
instrumento metodológico, oportuniza a formação integral das crianças, isto é, realizar
vivências leitoras ativam habilidades e competências no campo da linguagem, englobando
a escuta, fala, o pensamento e a imaginação. Pensar neste processo sistêmico dentro da
proposta pedagógica voltado para o público alvo, requer regularidades pressupostas nos
planejamentos diários, semanais, mensais e anuais. Sob a ótica da Educação Infantil a
prática leitora se torna um arcabouço que visa criar experimentações que levam o ouvinte
a perceber o mundo a sua volta. Paulo Freire (1989), elucida muito bem os aspectos da
mediação na primeira infância,
A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (Paulo Freire
1989).
403
Todo o processo no mundo leitor navega por vivências e estimulações, que trazem
benefícios para aqueles que participam desta mobilização, pois fortalecem vínculos,
desenvolvem as múltiplas linguagens, trabalham as questões ligadas a percepção e
sentimentos, imaginação, curiosidade e criatividade, além de trabalhar no
desenvolvimento da empatia.
Buscar metodologias ativas e mediações diretas para construir a prática leitora é
uma jornada compartilhada, norteando a integralidade do aprendizado.
As crianças são seres sociais, têm uma história, estabelecem relações segundo
seu contexto de origem, têm uma linguagem, ocupam um espaço geográfico e são
valorizadas de acordo com os padrões do seu contexto familiar e com a sua
própria inserção nesse contexto.
Mesmo sem saber ler, as crianças têm acesso a literatura pelo caminho da escuta.
A prática leitora além de ser a porta de acesso para a escrita, potencializa as
habilidades orais, visuais, cenestésicas e aciona o senso crítico do ouvinte.
404
[...] aprende a voz escrita, aprende a sintaxe escrita, aprende as palavras escritas.
Somente assim podemos considerar que a alfabetização (ou o letramento) é uma
condição fundamental da educação infantil. (Britto, 2005 p. 18-19).
405
Solé (1998, p.91), (apud Coelho e Machado, 2015, p.7) ainda reforça sobre essa
tríade de ligações que geram direcionamentos para uma leitura efetiva, deixando a
criança como protagonista
A situação de leitura mais motivadora também são as mais reais: isto é, aquelas
em que a criança lê para se libertar, para sentir o prazer de ler quando se
aproxima do cantinho de biblioteca ou recorre a ela. Ou aquelas em que, com um
objeto claro –resolve uma dúvida, um problema ou adquirir a informação
necessária para determinado projeto – aborda um texto e pode manejá-lo à
vontade, sem a pressão de uma audiência Solé.
[...]. Entendemos que o ensino de leitura deve ir além do ato monótono que é
aplicado em muitas escolas, de forma mecânica e muitas vezes
descontextualizado, mas um processo que deve contribuir para a formação de
pessoas críticas e conscientes, capazes de interpretar a realidade, bem como
participar ativamente da sociedade.
A mediação também não acaba quando acaba a leitura do livro, ela vai além. Uma
boa mediação envolve uma boa conversa sobre o livro lido, que vá para além do
óbvio, do “literal” do texto, que estimule os participantes a falarem o que sentiram,
o que pensaram, que chame a atenção para pontos fortes do livro, que visite
novamente algumas páginas, releia trechos etc.
A literatura é matéria privilegiada para motivar e formar leitores, por ser linguagem
que se oferece a múltiplas interpretações. Ela funde harmoniosamente realidade e
fantasia — sendo um material inestimável na formação do indivíduo em sociedade
—toca primeiro a emoção e depois leva à reflexão, à análise, à interpretação e até
mesmo à produção de outros textos. América dos Anjos Marinho (2005) De Livros,
Leituras e Leitores. Cenpec.
407
Cabe lembrar que na BNCC a prática leitora, no contexto da escuta, fala,
pensamento e imaginação reforçam a importância do contato com o ato de ler, mesmo
para as crianças não alfabetizadas, deixando em foco toda a primeira infância e como de
dará o processo da linguagem dentro da Educação Infantil.
O documento também elucida a questão da escuta de histórias como
potencializador para as múltiplas linguagens, conforme o adendo abaixo:
408
FIGURA 2 - Capa do Currículo da Cidade: Educação Infantil
As experiências com a leitura e a escrita têm importância social, mas devem ser
principalmente prazerosas, lúdicas, criativas, inteligentes, mostrando para as
crianças que nos diferentes escritos algo se comunica e se revela. Nessa
perspectiva, a cena a seguir tem o objetivo de que a criança perceba os diversos
motivos pelos quais escrevemos. (Currículo da Cidade, 2019 p. 171).
409
Momentos da rotina, como selecionar e colocar as fichas do nome no quadro;
Brincadeiras de caçar a agenda; Construção coletiva da rotina (escrita
diariamente); Leitura dos bilhetes que são enviados para casa. (Currículo da
Cidade, 2019 p. 176).
Discutir com as crianças sobre a intenção de enviar livros para a casa para leitura
com membros das famílias/responsáveis; Conversar com as famílias/responsáveis
sobre a possibilidade de realizar a atividade em casa, com o envolvimento das
crianças; Demonstrar às famílias/responsáveis e às crianças formas de leitura e
conversas a partir da leitura compartilhada; sugerir que registros sejam feitos em
casa para discussão em sala com os pares e adultos; Elaborar painéis e murais
que contem sobre a experiência de cada uma das crianças; Apoiar aquelas
crianças cujas famílias/responsáveis tenham limitações mais expressivas com este
tipo de atividade.(Currículo da Cidade, 2019 p. 184 - 185).
Sabemos que a educação é um elo entre valores e culturas, onde cada vez mais é
evidente a necessidade de agregar o processo de ensino com os aspectos digitais.
Pensando nesse viés, a formação integral de cada criança perpassa pela tríade social
família-escola-mídia, conforme apresenta Barrenechea (2012, p. 4) “Assim como a família
e a escola, a mídia também desempenha um papel central na formação das crianças e
jovens. ”
Ainda Barrenecha (2012, p.1), defende o sentido da mídia como produtora de
saberes, como relatado abaixo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
412
Mediar as histórias contadas visando a Educação Infantil é abrir as portas do
conhecimento que carrega o elo entre o cidadão consciente capaz de interpretar textos,
respeitar a opinião alheia e entender diferentes tipos de comunicação.
Abramocih (1993, p.16) elucida bem este contexto, onde em seus estudos reforçam
a importância deste contato literário para com a criança desde muito cedo, criando
possibilidades de aprendizagens por meio da troca e da mediação.
Devemos levar em consideração as mudanças na educação e como isso afeta as
metodologias linguísticas, onde, a mediação tornou-se mais além do que só criar bons
hábitos de leitura. Pensando assim, a ciberliteratura vem de encontro com processo de
ensino e estimula as várias facetas da aprendizagem.
É necessário apontar também o acesso destas famílias para com os meios digitais
e como esta leitura tem sido recebida nas casas da comunidade escolar, é preciso criar
reflexões diárias para compreender a melhor forma de levar as práticas de leitura para
cada criança envolvida neste processo.
O ato de ler ou ouvir narrativas deve ser algo libertador e inclusivo, cada
participante necessita ter os recursos midiáticos ou impressos para a prática de leitura
acontecer. Explanar sobre a importância de escutar narrativas, mas não possuir os
instrumentos para a ação, é o mesmo que deixar a ideia somente na teoria.
Em suma, criar metodologias ativas pensando na prática leitora é de fato desenvolver os
estímulos cognitivos e sensórias que trabalham as questões ligadas ao desenvolvimento
integral, e o papel de professor é mediar esses conhecimentos, criando propósitos de
comunicação e preservar o sentido da leitura em sua função social, atentando-se para a
inclusão leitora.
413
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414
ARTIGO X. NOVA ESCOLA. 5 PRÁTICAS INSPIRADORAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Disponível
em: 5 práticas inspiradoras para a Educação Infantil. Acesso em: 22 mar. 2021.
ARTIGO XV. REVISTA EDUCAÇÃO. COMO FAZER UMA BOA MEDIAÇÃO E FORMAR NOVOS
LEITORES. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br2018/04/16/
como-fazer-uma-boa-mediacao-e-formar-novos-leitores/. Acesso em: 21 mar. 2021.
ARTIGO XVI. ROBERTO, Michele Aparecida da Rocha; SANTIAGO, Gilberto da Silva; FERREIRA, Geraldo
Generoso. A leitura na Educação Infantil: uma prática plural. EDUCAÇÃO PÚBLICA, v. 20, nº 40, 20 de
outubro de 2020. Disponível em: <https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/40/a-leitura-na-
educacao-infantil-uma pratica-plural> Acesso em: 26 de mar. de 2021.
ARTIGO XVII. RODRIGUES et al. LITERATURA INFANTIL: ORIGENS E TENDÊNCIAS. SP Disponível em:
https://home.unicruz.edu. br/mercosul/ pagina/anais/2013
LINGUAGEM%20E%2ODESENVOLVIMENTO%20SOCIOCULTURAL/ARTIGOS/LI-
TERATURA%20INFANTIL%200RIGENS%20E%20TENDENCIAS.PDF. Acesso em: 26 mar. 2021.
ARTIGO XVIII. SILVA, Débora; TORRES, Rui. TEXTUALIDADES EM MÍDIAS DIGITAIS: ESTÉTICAS
INTERMÍDIA E CIBERLITERATURA: APRESENTAÇÃO DOS ORGANIZADORES. SC. Disponível em:
https://bdigital.ufp. pt//bitstream10284/6608
/1/silva-torres 27336-90547-1-PB.pdf. Acesso em: 28 mar. 2021.
ARTIGO XIX. THADEU, Victor. COMO A LITERATURA APARECE NA BNCC? SP. Disponível em:
https://www.edocente.com.br/blog/2019/10/07/literatura-bncc/.Acesso em: 25 mar. 2021.
415
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
RESUMO
O artigo tem por objetivo discutir a relevância de se trabalhar, em sala de aula, temas que contemplem as
relações existentes no contexto científico-tecnológico e social. No mundo atual, a tecnologia tem se
apresentado como o principal fator de progresso e de desenvolvimento. No paradigma vigente, ela é
assumida como um bem social e, juntamente com a ciência, é o meio para a agregação de valores aos mais
diversos produtos, tornando-se chave para a competitividade estratégica e para o desenvolvimento social e
econômico de uma região. Iremos evidenciar a origem e disseminação da tecnologia, como ela sofre e
causa transformações profundas de caráter político, social, econômico e filosófico na história do século XVII
em diante, salientando a necessidade de se pensar o desenvolvimento científico e tecnológico numa
perspectiva social.
INTRODUÇÃO
416
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE TECNOLOGIA
A tecnologia moderna não pode ser considerada um mero estudo da técnica. Ela
representa mais que isso, pois nasceu quando a ciência, a partir do renascimento,
aliou-se à técnica, com o fim de promover a junção entre o saber e o fazer (teoria e
prática).
Segundo a autora:
Por quê? Essa é uma das perguntas que as crianças fazem com bastante
frequência. Elas têm curiosidade em saber a origem das coisas e as causas dos
fenômenos da natureza e em explorar aquilo que lhes parecem diferente,
intrigante. A disciplina de Ciências, quando bem trabalhada na escola, ajuda os
alunos a encontrar respostas para muitas questões e faz com que eles estejam em
permanente exercício de raciocínio.
Pela importância da área para a Educação, o Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa) - exame que mede o nível de ensino em diversos países, de três
em três anos - investiga como os estudantes de 15 anos estão em relação ao
aprendizado desses conhecimentos. Infelizmente, o resultado do Brasil deixa a
desejar: em 2006, o país ficou em 52º lugar (de um total de 57 nações
participantes). Uma das principais causas apontadas para o fracasso é a maneira
de ensinar a disciplina, que muitas vezes é apoiada em concepções equivocadas
e não desperta o interesse das turmas.
"Trabalhar os conteúdos de Ciências é dar oportunidade a crianças e jovens de
entender o mundo e interpretar as ações e os fenômenos que observam e
vivenciam no dia a dia", diz Luciana Hubner, formadora de professores e
selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Com a tecnologia mais
presente na vida das pessoas, ter conhecimento científico também significa estar
preparado para analisar as questões da contemporaneidade e se posicionar frente
a elas - alguns dos objetivos da disciplina.
A percepção sobre a importância da área de Ciências na escola e na formação
dos alunos é relativamente recente. Basta notar como ela demorou em ser
incorporada ao currículo. Na concepção que vigorou do século 19 à década de
1950, impregnada de ideias positivistas, predominava o pensamento de que essa
área do conhecimento era sempre neutra em suas descobertas e que os saberes
delas decorrentes seriam verdades únicas e definitivas.
A maneira de ensinar também passou décadas apoiada na reprodução dos
mesmos padrões. Acreditava-se que os fenômenos naturais poderiam ser
compreendidos com base apenas na observação e no raciocínio, bastando para
isso que os estudantes fossem levados a conhecer todo o patrimônio científico
417
produzido até então e a memorizar conceitos. A metodologia que tem no professor
e no livro didático o centro da transmissão de saberes ficou conhecida como
tradicional ou conteudista - e ainda hoje está presente nas salas de aula.
No cenário mundial, havia uma disputa econômica acirrada entre os países e entre
blocos econômicos. Portanto, desenvolver tecnologias e saber usá-las para produzir
riquezas começou a ser fundamental para o sucesso de uma nação. Era preciso formar
mais e mais pessoas com capacidade de criar produtos, métodos e procedimentos que
gerassem divisas. Nas escolas, era necessário incentivar a formação de profissionais com
esse perfil e acreditou-se que o caminho para isso era levar os alunos a reproduzir os
passos que cientistas já haviam trilhado ao fazer suas descobertas. Veremos como foi
essa progressão no Brasil:
418
TEORIA E PRÁTICA NO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO
Não é prática versus teoria, mas é prática com teoria o tempo todo. Os conteúdos
não precisam necessariamente estar dispostos de maneira linear, mas
organizados como uma rede de informações.
Para entrar em contato com essa maneira de estudar, o aluno deve aprender a
levantar hipóteses, interpretar os resultados, elaborar problemas, recolher dados,
pesquisar, fazer registros, planejar a ação e aplicá-las a novas circunstâncias.
O pontapé inicial é a exposição de uma situação-problema, um impasse do dia-a-
dia para o qual a turma mobiliza o que já sabe para tentar solucioná-la. Perguntas do tipo
"por que o leite derrama quando ferve?" E "por que os alimentos cozinham mais rápido na
panela de pressão?" São alguns exemplos.
Para encontrar a solução, o aluno se vale de ideias e conhecimentos que já tem
antes de procurar explicações nos livros. Ele agora participa ativamente da aula,
planejada para propiciar e valorizar sua iniciativa. O professor, além de ser fonte de
informação, passa a ter a função de orientar as ações. O livro didático torna-se apenas
um dos materiais de consulta. Para Antônio Carlos Pavão, docente da Universidade
Federal de Pernambuco e diretor do Espaço Ciência, tanto o estudante como o docente
419
assumem o papel de pesquisador, ficando esse último com a função também de conduzir
a investigação e instrumentalizar a criança para que ela aprenda com autonomia. Internet,
museus, revistas, livros científicos e paradidáticos e programas de televisão fazem parte
do material de pesquisa.
Pavão, afirma:
Falar e escrever sobre as descobertas são parte do caminho para dominar e usar a
linguagem específica que aparece em textos científicos, gráficos e tabelas. "Enquanto o
aluno re-elabora sua percepção anterior de mundo, ao entrar em contato com a visão
trazida pelo conhecimento científico, ele também se apropria de novas linguagens", diz
Luís Carlos de Menezes em um dos capítulos do livro O Desafio de Ensinar Ciências no
Século XXI.
A observação e a investigação são fundamentais para entender os fenômenos
naturais ou produzidos em laboratório. Contudo, o valor didático da experiência ou de uma
saída da escola para estudo depende da forma como elas são realizadas. Os
experimentos (antes usados somente para comprovar conhecimentos já recebidos em
aulas teóricas) agora assumem a função de permitir o relacionamento entre conteúdos e
de facilitar a formulação de conceitos, sempre com a intervenção do professor.
Pela metodologia investigativa, a avaliação faz parte do processo de aprendizagem
do aluno e do redirecionamento do planejamento do professor: mais do que verificar se os
conteúdos foram aprendidos, ela contribui na identificação das dificuldades e no trabalho
de aperfeiçoamento dos procedimentos de ensino. As Orientações Curriculares propostas
pela prefeitura de São Paulo dizem que "erros, conflitos e soluções de problemas se
mostram como aspectos positivos na aquisição de novos conhecimentos e fazem parte do
cotidiano da escola". Mais que as respostas corretas ou erradas, o processo de avanço de
cada um dos alunos também deve ser levado em conta.
TRADICIONAL
Também chamada de conteudista ou convencional. Predominou desde o século
19 até 1950 e, embora não seja considerada a mais adequada para as práticas
atuais, ainda é adotada.
Foco: Tomar contato com os conhecimentos existentes sobre determinado tema.
Estratégia de ensino: Aulas expositivas, sendo o professor e o livro didático as
únicas fontes de informação. Incentivo à memorização de definições. A
experimentação em laboratório serve para comprovar a teoria.
TECNICISTA
420
Surgiu na década de 1950 para se contrapor à concepção tradicional.
Foco: Reproduzir o método científico.
Estratégia de ensino: Aulas experimentais, em laboratório, com ênfase na
reprodução dos passos feitos pelos cientistas.
INVESTIGATIVA
Criada por volta de 1970, mesclou algumas características das concepções
anteriores e colocou o aluno no centro do aprendizado.
Foco: Resolução de problemas que exigem levantamento de hipóteses,
observação, investigação, pesquisa em diversas fontes e registros ao longo de
todo o processo de aprendizagem.
Estratégia de ensino: Apresentação de situação-problema para que o aluno
mobilize seus conhecimentos e vá em busca de novos para resolvê-la.
Disponibilização de várias fontes de pesquisa. (BEATRIZ SANTOMAURO, 2016).
Uma atividade prática não carrega em si todos os conteúdos que se quer ensinar,
assim como não é necessariamente o procedimento principal ou obrigatório no ensino de
Ciências. As aulas em laboratório devem fazer parte de uma sequência didática que
envolva exposições teóricas, registros dos alunos e confrontações de ideias.
Ø Experiência, só em laboratório
Aula prática não depende de equipamentos de alta tecnologia. Com material
alternativo também é possível produzir experimentos que levam à construção de
conceitos pelos alunos. Observações de fenômenos podem ser feitas no pátio da escola
ou na vizinhança.
Ø Memorizar nunca mais
É um erro reduzir os aprendizados de Ciências a apenas uma lista de enunciados a serem
decorados. Porém a memorização às vezes é importante depois de entender os
conteúdos. Nem toda terminologia deve ser abandonada. Ela tem sentido e deve ser
valorizada por meio de objetivos claros.
As orientações curriculares da prefeitura de São Paulo recomendam, entre outros
itens, que ao fim do 5º ano os alunos sejam capazes de:
• Localizar os órgãos internos do corpo humano, reconhecendo as relações entre as
funções biológicas.
• Reconhecer a necessidade de manutenção das atividades básicas do corpo para a
preservação da saúde.
• Identificar doenças contagiosas e epidemias que aconteceram na cidade em
passado recente, assim como as formas de preveni-las.
• Comparar elementos físicos e biológicos de ambientes urbanos naturais e
transformados.
• Pesquisar os destinos dados aos resíduos sólidos urbanos - lixões, aterros,
incineração, reciclagem - e comparar benefícios e riscos.
421
• Conhecer a importância do saneamento público para a saúde e a qualidade de vida
da população.
• Argumentar sobre as vantagens e desvantagens da utilização de diferentes meios
de transporte.
• Realizar experimentalmente formas simples e domésticas de tratamento de água,
como filtração e cloração.
O documento prevê ainda que os estudantes, ao fim do 9º ano, saibam:
• Organizar, individualmente e em grupo, relatos orais e registros sobre questões
ambientais, estabelecendo relações entre as informações obtidas em fontes
diversas e elaborando sínteses em tabelas, gráficos, esquemas, textos e
maquetes.
• Relacionar a fotossíntese, a respiração celular e a combustão nos ciclos do
carbono e do oxigênio para compreender o papel da vegetação, do desmatamento
e das queimadas na atmosfera.
• Relacionar os sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) ao sistema nervoso.
• Reconhecer os agravos à saúde física e mental no uso e abuso de drogas, no sexo
desprotegido, nas ações violentas e nos esportes radicais, considerando fatores
psicológicos, culturais e sociais.
• Compreender o corpo humano e sua saúde como um todo integrado por
dimensões biológicas, afetivas e sociais.
Identificar símbolos e outras representações de aparelhos elétricos, como potência e
tensão.
• Compreender a relação entre velocidade e energia de movimento.
• Comparar diferentes combustíveis, suas origens e seus usos.
• Sequenciar algumas transformações de energia que ocorrem em máquinas e
equipamentos, como nos veículos, na iluminação e em eletrodomésticos.
• Comparar principais fontes e consumos de energia presentes na matriz energética
brasileira.
• Investigar e comparar diferentes modelos explicativos da constituição da matéria ao
longo da história.
• Identificar e estimar ordens de grandeza de espaço e tempo em escala
astronômica, situando a Terra e o sistema solar.
• Reconhecer a existência da força gravitacional, associando-a a atração entre
objetos na Terra e no universo e relacionando-a as suas massas e respectivas
distâncias.
422
• Comparar os modelos geocêntrico e heliocêntrico do sistema solar, relacionando-
se a diferentes visões e a aspectos sociais, culturais e filosóficos.
Por fazer parte de um contexto social em constante movimento e mutação, é
possível afirmar que a educação precisa sofrer transformações de forma cada vez mais
rápida, haja vista a nova compreensão que se tem sobre o papel da escola como
elemento de desenvolvimento social, estimulada pela incorporação de novos
conhecimentos, sejam científicos ou tecnológicos. Estes conhecimentos têm sido
produzidos num volume avassalador, constantemente superados, colocando novos
parâmetros para a formação do cidadão, pois conhecer não significa acumular
conhecimentos. Dessa forma, a atual sociedade, marcada pela revolução tecnológica,
vem exigir da escola que esta possa criar oportunidades para a formação de
competências básicas, tanto no exercício da cidadania como no desempenho de
atividades profissionais. Tal exigência é estabelecida na Constituição Brasileira de 1988,
por meio do seguinte dispositivo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
423
seguimentos sociais com vistas à nova imagem da ciência e da tecnologia tem seu
elemento chave na renovação educativa de metodologias e técnicas didáticas.
O conhecimento não foi considerado algo pronto e transmitido somente pelo
professor. O aprender se construía à medida que o aluno tinha sua curiosidade aguçada.
Sob essa premissa, Freire (1996, p. 77) afirma que:
[...] aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do
que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir,
constatar para mudar [...].
424
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAZZO, Walter Antônio (1998): Ciência, tecnologia e sociedade: e o contexto da educação tecnológica.
Florianópolis: UFSC.
BEATRIZ SANTOMAURO (Brasil) (ed.). A TENDÊNCIA ATUAL DA DISCIPLINA É FAZER COM QUE O
ALUNO OBSERVE, PESQUISE EM DIVERSAS FONTES, QUESTIONE E REGISTRE PARA APRENDER.
2016. Disponível em: https://atunos.wordpress.com/2016/11/03/o-que-ensinar-em-ciencias/. Acesso em: 01
fev. 2020.
GRINSPUN, Mirian P. S. (1999): "Educação tecnológica", in: Mirian P. S. Grinspun: Educação tecnológica:
desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez.
MARTÍN GORDILLO, Mariano, ARRIBAS RAMÍREZ, Ricardo, CAMACHO ÁLVAREZ, Ángel e FERNÁNDEZ
GARCÍA, Eloy (2001): Ciência, tecnologia y sociedad. Madrid: Grupo Editorial Norte.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco (2003): "A formação do cidadão e o
ensino de CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade", in Educação em química: compromisso com a
cidadania. 3.ª ed., cap. 3., pp.57-90. Ijuí: Unijuí.
425
O PRECONCEITO LINGUÍSTICO E A EXCLUSÃO SOCIAL
RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir o tema da exclusão social através do preconceito linguístico, pois estamos
diante de uma sociedade que exclui e marginaliza os falantes da língua não – padrão, aceitando apenas
aquilo que a gramática normativa impõe como correto, criam o falso estereótipo de quem não segue as
regras é porque não estudou, não compreendem que as variações da língua ocorrem por vários fatores, e
não é uma exclusividade do português do Brasil, outra falsa crença é que o Brasileiro não fala correto e com
isso excluem os que não se “adequam” às regras. Neste Trabalho vamos apresentar dados bibliográficos
que possam desmistificar essa falsa ideia, trabalhando de forma clara e objetiva a diferença entre o uso das
variantes de menos prestigio e a língua padrão.
INTRODUÇÃO
426
As diferenças mais importantes entre os diletos estão menos ligadas à variação
dos recursos gramaticais e mais à avaliação passa em geral, pelo valor atribuído
pela sociedade aos usuários típicos de cada dialeto. Ou seja, quanto menos valor
(isto é, prestigio) têm os falantes na escala social, menos valor tem o dialeto que
falam. (POSSENTI; SIRIO; 1996, p.30).
427
forma preconceituosa, e ao tratarmos da língua ele ocorre diante da não aceitação das
variações que a mesma possui, entendendo como errado tudo aquilo que não está no
“padrão” embutido nas pessoas.
O preconceito linguístico carrega em si a ideia de que a língua está ligada ao uso
da gramática normativa, ou seja, a fala deveria seguir as mesmas regras exigidas por
essas normas, contudo, assim como diz o autor Marcos Bagno “a língua é apenas a ponta
do iceberg e a gramática normativa é uma tentativa de descreve-la”, surgindo desse
modo, a norma culta da língua, sendo assim, podemos entender que a língua é muito
mais ampla e grandiosa do que possamos imaginar e a gramática normativa descreve
apenas parte dessa grandiosidade, porém, não podemos desmerecer a importância do
uso dessas normas, entretanto, também não podemos utilizá-las de forma autoritária, a
vendo apenas como a correta, pois como já foi dito, essas regras descrevem apenas parte
da língua.
Esse autoritarismo que determina que devemos utilizar apenas o que as regras
dizem, que acabam criando falsos mitos e gerando assim um preconceito, porém, a língua
vista diante de outras teorias linguísticas é vista mais amplamente e compreendida além
das suas regras habituais, pois a língua está em constante mudança e essas gramáticas,
não estão conseguindo acompanhar essa grande evolução, ficando presas as descrições
feitas anos atrás.
De acordo com Sirio Possenti em relação ao uso da gramática normativa:
Com isso, podemos afirmar que o preconceito linguístico nada mais é do que a
falsa crença de um grupo que acredita como única verdade que apenas deve-se dar
prestígio a norma culta, sendo a única a ser estudada e excluindo através dos mitos
criados os falantes de variantes de menor valor social.
O autor Marcos Bagno em seu livro “O Preconceito Linguístico, como é como se
faz”, ele descreve 8 tipos de mitos que foram criados diante do uso da Língua Portuguesa,
o mesmo cita que os preconceitos estão embasados na obrigação que as pessoas têm
em memorizar as regras, e não com seu uso real, ou seja, se as pessoas não se
preocupassem com essas questões jamais ouviríamos que fulano ou ciclano fala errado.
428
O que devemos compreender de fato é que, o português falado no Brasil, é muito
diversificado, pois sofreu influências de todos os povos que passaram por aqui que
acabaram deixando um pouco das suas particularidades em cada parte do nosso país,
gerando assim, vários dialetos.
O que a escola com seu papel transformador não consegue admitir, e que
ensinando apenas a linguagem padrão como se fosse comum à todos, poderá dar menos
valor às variações da língua. A escola cobra que os alunos saibam utilizar a normatização
imposta na língua, não respeitando muitas vezes à realidade da língua que é falada no
nosso país.
Possenti diz em seu livro que:
A tese de natureza político – cultural diz basicamente que é uma violência, ou uma
injustiça, impor a um grupo social os valores de outro grupo. Ela valeria tanto para
guiar as reações entre brancos e índios quanto para guiar as relações entre – para
simplificar um pouco – pobres e ricos, privilegiados e ‘descamisados’. Dado que a
chamada língua padrão é de fato o dialeto dos grupos sociais mais favorecidos,
tornar seu ensino obrigatório para grupos sociais menos favorecidos, como se
fosse o único dialeto valido, seria uma violência cultural. Isso porque, juntamente
com as formas linguística (como a sintaxe, a morfologia, a pronuncia, a escrita),
também seriam impostos os valores culturais ligados às formas ditas cultas de
falar e escrever, o que de não perceber que os menos favorecidos socialmente só
têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e escrever, desde que se
aceite que a mesma língua possa servir mais de uma ideologia, a mais de uma
função, [...] (POSSENTI; SIRIO; 1996. p. 12.).
Por conta dessa forma que a língua é vista, muitas vezes ouvimos dizer que pobre
fala errado porque não tem instrução, que pessoas que falam “Craudia ou Parca”
possuem algum tipo de distúrbio mental, entre outras coisas, essas sempre ligadas às
imagens ruins, sendo assim, quem se utilizada de variantes menos privilegiadas são
sempre marginalizadas, colocada em situações de menos merecimento.
São vários os mitos ligados ao preconceito linguístico, tais como o brasileiro não
saber português, somente em Portugal que se fala corretamente, como podemos dizer
que uma pessoa não fala sua língua materna, uma vez que a mesma consegue se
comunicar diante da sua sociedade, ela cumpriu a principal função da língua que é a
comunicação. Bagno explica isso dizendo que o português usado no Brasil pelas
influências sofridas é totalmente diferente do falado em Portugal, que a língua do nosso
país só carrega esse nome por influência histórica, tanto que os linguistas diferenciam
dizendo português brasileiro, que já sofreu alteração nas suas regras de funcionalidade.
Outro mito muito embutido ideologicamente nas pessoas é que é preciso saber gramática
para se falar bem, porém, o que as pessoas não compreendem é que a gramática é
fundamental para se utilizar a norma padrão da língua, como já citamos, a gramática é
uma tentativa de descrever apenas parte da mesma, sendo assim, as pessoas esquecem
que falar bem é saber comunicar-se bem.
429
O autor Possenti argumenta que:
O mais importante é que o aluno possa vir a dominar efetivamente o maior número
possível de regras, isto é, que se torne capaz de expressar –se nas mais diversas
circunstâncias, segundo as experiências e convenções dessas circunstâncias.
Nesse sentido o papel da escola não é ensinar uma variedade no lugar da outra,
mas criar condições para que os alunos aprendam também as variedades que não
conhecem. (POSSENTI, 1996. P. 82- 83).
O preconceito linguístico está atribuído à falsa ideia que as pessoas tem sobre
determinadas formas de se falar, ou seja, a essa velha mania que as pessoas têm de o
que está certo ou errado, porém esquecemos que a função social de uma língua é a
efetiva comunicação, que nas escolas os alunos devem ser ensinados que existe uma
língua padrão e que a mesma possui variações, que não se tratam de erros, o ensino de
gramática deve respeitar a existência da bagagem linguística dos educandos, ou seja,
apenas dar suporte para que esses possam criar discursos que sejam capazes de inseri-
los em qualquer situações de mundo, o que significa que em ocasiões que requeiram uma
conversa com uma linguagem formal, ou em uma roda de conversa entre amigos onde
não há necessidade de formalidades da língua, sendo assim, o preconceito linguístico não
está em quem fala, mas sim em quem fala o quê, isto é, tudo é decorrente e um
preconceito também social decorrente de um círculo vicioso que se forma a partir da
gramática tradicional x ensino tradicional x livros didático.
Esses três elementos contribuem para criação desses mitos, pois diante dessas
práticas não é admitido erros, uma vez que se seguem regras e não segui-las
caracteriza–se em um erro, porém, já nos dias atuais os próprios parâmetros curriculares
reconhecem que há necessidade de reconhecer as variações que existem dentro da
nossa língua e respeitá-las.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino
fundamental que os alunos sejam capazes de:
O preconceito linguístico está ligado, em boa média, à confusão que foi criada, no
curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é
desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um
vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo. Também a gramática
não é a língua. (Bagno, 2012, p. 09).
431
“Avaliado positivamente, como se fosse culto, inteligente, enquanto o agredido é
avaliado negativamente, como se fosse ignorante e estúpido”. (Britto, 2004+6, p. 132).
O mais importante é que o aluno possa vir a dominar efetivamente o maior número
possível de regras, isto é, que se torne capaz de expressar-se nas mais diversas
circunstâncias, segundo as experiências e convenções dessas circunstâncias.
Nesse sentido, o papel da escola não é o de ensinar uma variedade no lugar da
outra, mas de criar condições para que os alunos aprendam também as
variedades que não conhecem. (POSSENTI, 1996, p. 82-83).
Supomos então que, todo sujeito possui um pré-conceito, podendo causar algum
tipo de prejuízo ao sujeito que sofre como vítima, uma vez que antes fazemos um pré-
julgamento da mesma. Outros autores não tratam como um julgamento ao outro, mas sim
de uma forma de conhecer o outro. O que tornaria diferente entre julgar e conhecer? Um
trecho de um texto clássico de Erving Goffman nos auxilia na reflexão sobre esse tema.
Segundo ele:
432
confirmar a normalidade de outrem, portanto, ele não é, em si mesmo, nem
honroso, nem desonroso. ” (GOFFMAN, 1988, p. 7-13).
Isso tudo deixa claro a questão central diante do preconceito discriminatório, além
do mais, sobre as contribuições de reflexões e tentativas de superar um dos maiores
problemas da sociedade atual, que veio deixada de herança, a violência que está cada
vez mais introduzida nas relações sócias que tratam as diferenças. As ciências sociais
contribuem no pensar sobre as diferenças, que explicitam as dimensões da categoria
sociológica.
Existe um círculo vicioso composto por três elementos, um trata-se do ensino
tradicional, a gramática tradicionalista que tem a função apenas de explicar regras e por
último os livros didáticos. A gramática tradicional norteia o ensino, que traz a aparição de
livros didáticos onde os seus autores, e assim fechando esse círculo, utilizam a gramática
normativa como fonte de suas analises teóricas, diante dessas considerações, “a
pluralidade cultural e a rejeição aos preconceitos linguísticos são valores que precisam
ser cultivados a partir da educação infantil e do ensino fundamental”. (BORTONI-
RICARDO, 2004, p. 35), que ainda é praticada no ensino.
Segundo o autor Marcos Bagno (2012), é impressionante o poder de influência que
causam os meios de comunicação e recursos de informática, os mesmos poderiam ser de
grande utilidade se esses fossem utilizados como forma de combate de velhos mitos
presentes nas questões linguísticas dos brasileiros, com a divulgação do que realmente
seria essencial e fascinante ao estudamos a língua portuguesa
Concluímos então que a discriminação, ocorre diante da não aceitação que toda
língua possui variações, descriminar e excluir as pessoas que não utilizam a norma
padrão faz parte de um círculo vicioso, que só será desfeito através da escola ao ensinar
a língua com sua prática real, e aceitar as variantes de menos prestígios e ensinar a
norma culta como meio, ou passaporte de interação em todas as situações de
comunicação, ou seja, diante de uma situação formal o educando possa a ser capaz de
selecionar o que vai ser dito, e não ocorra mais descriminação onde o mesmo deixe de
participar de situações linguísticas em que envolvam sua comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
433
distanciamento entre a língua padrão e as variedades encontradas, bem como a
efetivação de forma culta como língua correta e única.
Ao descrever os principais conceitos relacionados ao preconceito linguístico, que
são um dos causadores da discriminação social, observamos que os usos da língua são
objeto essencial na formação e manutenção do poder na sociedade, sendo a principal
forma de comunicação. A língua está sujeita aos mais diversos tipos de variações e não
deve ser vista apenas sob as imposições da norma culta e depreciar as demais, pois,
dessa forma, estaremos criando discriminação e exclusão dos indivíduos que fazem uso
dela.
Salientamos as questões referentes à vivência do ser humano, notamos então que
o mesmo demonstra uma certa dificuldade para lidar com as diferenças, principalmente as
que estão presentes na linguagem. Ao se deparar com a diversidade, o indivíduo
desenvolve vários comportamentos, esses podem ser estigmatizantes em relação às
variantes que fogem às regras gramaticais estabelecidas como “certas”. Infelizmente,
esse preconceito encontra-se envolto na relação social e o indivíduo passa a negar e
discriminar o outro, medindo o seu valor através da sua forma de falar.
Há necessidade por parte dos professores de investigar melhor a língua, onde ele
possa ter uma melhor compreensão da língua, respeitando assim, os diversos “falares”,
identificando quais os pontos essenciais do ensino da língua portuguesa e suas
contribuições, só através dessa reflexão poderemos colaborar para a construção de uma
sociedade de pessoas leitoras e críticas, só assim então estaremos ensinando o uso real
da língua, pois o papel do professor é evidenciar ao uso da norma padrão e que em
outros tipos de situação ele pode fazer o uso das variações, devemos formar alunos
capazes de refletir sobre o uso da linguagem e sua verdadeira intenção.
Foi também constatado que ainda existe um trabalho árduo diante desse
preconceito, contudo, devemos iniciá-los urgentemente. É função do professor não deixar
que essas questões passem desapercebidas, a aula é um grande instrumento para
combater o preconceito linguístico, tornando nossos educandos falantes críticos que
consigam utilizar as variações de acordo com a situação que o mesmo estiver inserido.
Concluímos então que, a forma de acabarmos este preconceito é combatê-lo com o
ensino de nossos alunos, e que esses compreendam que toda língua possui variações,
desmistificando essa história de bonito ou feio, ou seja, o aluno deve compreender que
existe uma norma culta, porém, deve-se respeitar a bagagem cultural e linguística de cada
pessoa, sem essa ideia de trocar o certo pelo errado, o papel central da escola é de
acabar com esses mitos, pois além de desenvolver as competência e habilidades dos
alunos também deve ser fonte para diminuir as desigualdades.
434
Sendo assim, é necessário que seja respeitado o fato de muitas vezes a língua ser
diferente da escrita. O problema está nas situações vivenciadas no Brasil como as
injustiças, exclusões e desigualdades, outro grande problema é o político e só através de
mudanças sociais será capaz de resolvê-los. Quando respeitamos as variações
linguísticas das pessoas, estamos acima de tudo respeitado sua integridade física, ou
seja, estamos a respeitando como um ser humano digno de respeito, e tudo que
premiamos é através da língua, pois nossa língua é o jeito ou a forma na qual definimos e
enxergamos o mundo.
435
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo. Loyola, 2000.
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VIANA, Nildo. Educação, Linguagem e Preconceito linguístico. Plurais. Vol. 01, nº 1. Jul./dez. 2014
436
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E DA SOCIEDADE NO CONTEXTO FAMILIAR E
NO CENÁRIO EDUCACIONAL
RESUMO
O sistema educacional tem um processo de evolução, portanto, quando os resultados escolares não vão
bem é porque há insuficiência no processo pedagógico, e deve ser urgentemente corrigido. Nas escolas,
verifica-se o emprego de um ensino “mecanizado”, que remetem à época militar, em que o conceito de
ensino é relacionado diretamente à uma “cadeia de produção”, onde o professor é o detentor de todo o
ensino dentro da sala de aula, e o aluno não é educado a pensar criticamente sobre o mundo que o rodeia.
O objetivo do presente artigo, se encontra na necessidade de analisar mais profundamente a importância da
afetividade da escola, ressaltando conceitos segundo às ideias de Vygotsky que destaca a importância das
relações sociais no processo de aprendizagem. Em relação à problemática tratada neste estudo, cabe
realizar a seguinte indagação: de que maneira as relações afetivas podem contribuir para o
desenvolvimento da aprendizagem? A metodologia da presente pesquisa será essencialmente, relacionada
à pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida por meio de material já elaborado (livros, artigos, periódicos,
jornais, etc).
INTRODUÇÃO
O ESPAÇO DA ESCOLA
Os alunos formam seu próprio conhecimento por diferentes meios: por sua
participação em experiências diversas, por exploração sistemática do meio físico
ou social, ao escutar atentamente um relato ou uma exposição feita por alguém
sobre um determinado tema, ao assistir um programa de televisão, ao ler um livro,
ao observar os demais e os objetos com certa curiosidade e ao aprender
conteúdos escolares propostos por seu professor na escola.
439
A escola não pode ser propriedade de um partido; e o mestre faltará em seus
deveres quando empregue a autoridade de que dispõe para atrair seus alunos à
rotina de seus preconceitos pessoais, por mais justificados que lhes pareçam”.
DURKHEIM (1978, p. 49).
440
Se a aprendizagem, em sala de aula, for uma experiência de sucesso, o aluno
constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. Se ao contrário, for uma
experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se transformar em ameaça. O aluno
ao se considerar fracassado, vai buscar os culpados pelo seu conceito negativo e começa
a achar que o professor é chato e que as lições não servem para nada.
Procura-se, portanto, romper as diferenças de professor e aluno consagrados pela
escola tradicional. Os papéis tradicionalmente desempenhados pelo professor que é o de
ensinar, transmitir e dominar e pelo aluno que é o de aprender, receber passivamente e
obedecer devem ser mudados. Só assim a escola poderá efetivamente atender a sua
mais elevada finalidade: permitir o aluno a chegar ao conhecimento.
Nesse contexto, a qualidade de atuação da escola não pode depender somente da
vontade de um ou outro professor. É preciso a participação conjunta da escola, da família,
do aluno e dos profissionais ligados à educação, assim como, o professor deve
reorganizar suas ideias e reconhecer que o aluno não é um sujeito que só faz receber
informações, suas capacidades vão além do conhecimento que lhes é “depositado”. Para
tanto, o professor não mais será o “dono do saber” e passará a ser um orientador, alguém
que acompanha e participa do processo de construção de novas aprendizagens.
Como bem destaca CECCON (1998),
Para que a sociedade possa mudar é preciso que nós provoquemos mudanças de
forma significativa para o indivíduo. Entende-se, portanto, que as escolas devem
comparar sua relação com a comunidade e ainda, criar um clima favorável ao
aprendizado, onde a contribuição e o compromisso são peças fundamentais para
obtermos a verdadeira escola, isto é, uma escola democrática, onde todos tenham
acesso à coletividade.
Ainda:
Somente uma outra maneira de agir e de pensar pode levar-nos a viver uma outra
educação que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus
professores, mas sim uma atividade permanente, assumida por todos os membros
de cada comunidade e associada de todas as dimensões da vida cotidiana de
seus membros. FREIRE (1980, p.117).
441
durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do
Brasil.
Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade
dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma
rede de colégios de reconhecida qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer
modalidades de estudos equivalentes ao nível superior.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um
enorme vazio que não seria preenchido nas décadas subsequentes. As medidas tomadas
pelo Ministro de D. José I - o Marquês de Pombal - sobretudo a instituição do Subsídio
Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiram nenhum efeito. Só
no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e
a vinda da Família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomariam um novo
impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos
primeiros cursos superiores (como os de Medicina nos Estados do Rio de Janeiro e da
Bahia).
Todavia, a obra educacional de D. João VI, meritória em muitos aspectos, voltou-se
para as necessidades imediatas da Corte Portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados,
em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional.
Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação
superior brasileira. Acrescente-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na
medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da Corte, deu
continuidade à marginalização do ensino primário.
Com a Independência do país, conquistada em 1822, algumas mudanças no
panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de
política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associa
sufrágio universal e educação popular - uma como base do outro. Também é debatida a
criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas.
Como resultado desse movimento de ideias, surge o compromisso do Império, na
Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos",
confirmado logo depois pela Lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de
escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três
instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse
sido implementada.
Da mesma forma, a ideia de fundação de universidades não prosperou, surgindo
em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido
profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois
da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de
442
legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação
básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de
assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e
ação, indispensável, face às características de formação cultural e política do País,
acabaria por comprometer a política imperial de educação.
A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela
República, impedindo o Governo Central de assumir posição estratégica de formulação e
coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que
então se passava nas nações européias, nos Estados Unidos e no Japão. Em
decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas
sociais populares.
Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que
se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começa a se repensar. Em diversos
setores sociais, mudanças são debatidas e anunciadas. O setor educacional participa do
movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário são feitas em âmbito
estadual. Surge a primeira grande geração de educadores - Anísio Teixeira, Fernando de
Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lidera o movimento, tenta
implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulga o Manifesto dos Pioneiros em
1932, documento histórico que sintetiza os pontos centrais desse movimento de ideias,
redefinindo o papel do Estado em matéria educacional.
Surgem nesse período, as primeiras Universidades Brasileiras, do Rio de Janeiro-
(1920), Minas Gerais-(1927), Porto Alegre-(1934) e Universidade de São Paulo-(1934).
Esta última constitui o primeiro projeto consistente de universidade no Brasil, daria início a
uma trajetória cultural e científica sem precedentes.
A Constituição promulgada após a Revolução de 1930, em 1934, consigna avanços
significativos na área educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em
anos anteriores. No entanto, em 1937, instaura-se o Estado Novo outorgando ao País
uma Constituição autoritária, registrando-se em decorrência um grande retrocesso.
Após a queda do Estado Novo, em 1945, muitos dos ideais são retomados e
consubstanciados no Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enviado
ao Congresso Nacional em 1948 que, após difícil trajetória, foi finalmente aprovado em
1961 (Lei nº 4024).
No período que vai da queda do Estado Novo, em 1945, até a Revolução de 1964,
quando se inaugura um novo período autoritário, o sistema educacional brasileiro passará
por mudanças significativas, destacando-se entre elas o surgimento, em 1951, da atual
Fundação CAPES (Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior), a
instalação do Conselho Federal de Educação, em 1961, campanhas e movimentos de
443
alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. Na fase que
precedeu a aprovação da LDB/61, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola
pública, universal e gratuita.
O movimento de 1964 interrompe essa tendência. Em 1969 e 1971, são aprovadas
respectivamente a Lei 5540/68 e 5692/71, introduzindo mudanças significativas na
estrutura do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus, cujos diplomas estão
basicamente em vigor até os dias atuais.
A Constituição de 1988, promulgado após amplo movimento pela redemocratização
do País, procurou introduzir inovações e compromissos, com destaque para a
universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo.
Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente
marcante na educação, foi o trabalho do economista e Ministro da Educação Paulo
Renato de Souza. Logo no início de sua gestão, através de uma Medida Provisória
extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de Educação,
vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos
burocrático e mais político.
Mesmo que possamos não concordar com a forma como foram executados alguns
programas, temos que reconhecer que, em toda a História da Educação no Brasil,
contada a partir do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos na área da
educação numa só administração.
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a
educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do
mundo, que é mais o de manter o "status quo", para aqueles que frequentam os bancos
escolares, e menos de oferecer conhecimentos básicos, para serem aproveitados pelos
estudantes em suas vidas práticas.
444
A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores (art. 22). Ela pode ser oferecida no ensino
regular e nas modalidades de educação de jovens e adultos, educação especial e
educação profissional, sendo que esta última pode ser também uma modalidade da
educação superior.
Turmas numerosas, faltas de condições materiais, estrutura física inadequada, falta
de recursos financeiros. Com o crescente aumento da oferta de vagas nas escolas
públicas para o ensino fundamental e médio, não houve uma estruturação adequada que
acompanhasse esse crescimento.
Observando nossas escolas em seu cotidiano, nos deparamos corriqueiramente
com situações aceitas pacificamente como: salas inadequadas, com iluminação
deficiente, carteiras e cadeiras sem conforto, sucatadas, alunos de 7ª e 8ª séries, por
exemplo, em cadeiras mais apropriadas para a educação infantil, que mal cabem suas
pernas, pátios pequenos e sem cobertura, sem refeitório, quadras esportivas sem
cobertura, isso quando elas existem, pois nem toda escola conta com essa melhoria.
A própria organização do tempo escolar é desmotivadora. Horários rígidos,
atividades repetitivas, o intervalo fracionado, quando uns estão no pátio, outros estão
estudando, dependendo da logística do prédio escolar torna-se impossível qualquer
aproveitamento pedagógico, pois o trânsito e o barulho de alunos nos corredores e no
pátio atrapalham e causam ansiedade e indisciplina nos que ainda estão em sala.
As próprias relações entre seus membros se dão de cima para baixo; alunos que
obedecem ao professor que obedece ao coordenador, que obedece ao diretor, que
obedece à secretaria de estado e assim por diante. Isso acaba por gerar
descontentamento, que inconscientemente, ou não, reflete nas relações em sala de aula.
Sendo assim o comportamento indisciplinar não é simplesmente uma ação, mas uma
reação aos fatores externos ao aluno.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional define para a educação básica,
nos níveis fundamental e médio, a carga horária mínima anual de oitocentas horas,
distribuídas por um mínimo de duzentos dias letivos de efetivo trabalho escolar, excluído o
tempo reservado para os exames finais; para a educação superior, o ano letivo regular
tem a duração de, no mínimo, duzentos dias de efetivo trabalho acadêmico, também
excluído o tempo destinado aos exames finais.
445
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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447
EDUCAR PARA INCLUIR
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de discutir sobre a inclusão na educação e em como isso pode ser aplicado
através do envolvimento de professores em sala de aula. Ele também nos faz ter um novo olhar sobre a
inclusão pois ela não se refere apenas às pessoas portadoras de deficiência físicas e sim a todos que
precisam ter acesso ao ensino básico de educação como por exemplo pessoas de classes baixas, entre
outros. Aqui, estão pontuados leis e descrições de cada uma delas, salientando as suas importâncias em
nossa sociedade.
INTRODUÇÃO
448
O que caracteriza a educação inclusiva é o fato de que é preciso que todas as
crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, permanência e aproveitamento na
escola, isto independente de qualquer característica específica que o educando possua.
Sendo detectadas as deficiências, os alunos necessitam do apoio técnico,
acessibilidade e contato com recursos pedagógicos que auxiliem no desenvolvimento das
atividades de forma que aprendam, cada um a seu tempo, as tarefas que são comuns aos
demais alunos da classe.
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Entende-se por inclusão o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder
incluir, em seus sistemas sociais gerais, todas as pessoas com necessidades especiais, e
estas são preparadas para assumir um lugar na sociedade.
Assim, a inclusão é um processo onde as pessoas excluídas e a sociedade
buscam juntas um recurso para solucionar problemas, decidir os acontecimentos e dar
oportunidades iguais à todos.
Muito se fala em Educação Inclusiva, porém, mais do que não deixar ninguém fora
da escola, significa permitir que todos participem do processo ensino-aprendizagem.
Contudo, de nada adianta estar dentro de uma sala de aula sem que se possa participar
da brincadeira que é aprender.
Uma educação verdadeiramente inclusiva não inclui somente o aluno com alguma
deficiência, mas, sim, a todos os envolvidos neste processo: alunos (com necessidades
especiais ou não), professores, pais, pessoal administrativo, comunidade escolar em geral
e sociedade.
O primeiro passo para mudar este cenário no Brasil veio com a criação, no Rio de
Janeiro, do Imperial Instituto dos Meninos Cegos e do Instituto dos Surdos-Mudos, ambos
da década de 1850. Apesar desses espaços proporcionarem conhecimento sistematizado
aos seus estudantes, ainda eram locais com caráter excludente e voltados aos públicos
muito específicos.
Com o tempo, outras ações foram tomadas e podemos destacar a Lei 9.394, ou
Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, criada em 1996. Nela consta que todas as
crianças e os adolescentes têm direito ao ensino escolar. O problema é que a lei não
enfatiza a questão da inclusão, deixando claro que nem sempre será possível favorecer a
integração dos alunos nas classes de ensino regular.
Essa situação muda com a chegada do Plano Nacional de Educação (PNE)
aprovado em 2014. Por meio dele, fica garantido um “sistema educacional inclusivo em
todos os níveis, etapas e modalidades”.
449
O QUE A ESCOLA INCLUSIVA DEVE PROPORCIONAR
450
O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da
educação, obriga a inserção de escolas especiais, públicas e privadas, no sistema
educacional e a oferta, obrigatória e gratuita da Educação Especial em estabelecimento
público de ensino. Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela
matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de
ensino, ou seja, excluía da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não
são capazes de se relacionar socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a
material, merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto.
• 1990 - Lei nº 8.069
Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a lei garante, entre
outras, o atendimento educacional especializado às crianças com deficiência
preferencialmente na rede regular de ensino; trabalho protegido ao adolescente com
deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e
proteção para familiares com crianças e adolescentes nessas condições.
• 1994 - Política Nacional de Educação Especial
Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a
chamada "integração institucional", um processo que permite que ingressem em classes
regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que
Ou seja, a política excluía grande parte dos alunos com deficiência do sistema
regular de ensino, empurrando-os para a Educação Especial.
• 1996 - Lei nº 9.394
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em vigor tem capítulo específico
para a Educação Especial.
Nele afirma-se que "haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado,
na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial".
Também afirma que:
453
gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio individualizadas e
efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo
com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de Educação Especial deve se dar
preferencialmente na rede regular de ensino.
• 2011 - Decreto nº 7.480
Até 2011, os rumos da educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria
de Educação Especial (SEESP), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está
vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI).
• 2012 - Lei nº 12.764
A lei institui a Política Nacional dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.
• 2014 - Plano Nacional de Educação (PNE)
A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de
número 4. Sua redação é:
454
substituir a política Nacional de Educação especial na Perspectiva Inclusiva, estimulando
a matrícula em escolas especiais, em que os estudantes com deficiência ficam
segregados.
455
Segundo Spozati (2000), o não fracasso significa um indicador de inclusão.
Alfabetizar-se, qualidade de escolarização, escola próxima à residência, assegurar o
cumprimento dos programas pedagógicos ao longo de escolarização, ter acesso à escola
e ter aulas, ajustar os conteúdos pedagógicos à realidade da criança de classes
populares, todos esses aspectos são indicadores de inclusão.
Consequentemente, estar incluído demanda a superação da exclusão escolar que
[...] muito mais do que mero direito a vaga e permanência, demanda a superação
dos valores que segregam e banem o indivíduo no cotidiano de uma experiência
em que jamais consegue superar os limites do intolerável, do fracasso eminente"
(SENNA, 2008, p. 202).
456
apoia desde os professores até os funcionários em geral, para que obtenham sucesso
nesta corrente educativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
458
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde, 1996.
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Cidadão. Brasília, 2004.
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133, p. 195-219, abr. 2021.
SPOZATI, Aldaíza (Coord.). Mapa da exclusão/inclusão social da cidade de São Paulo. São Paulo: EDUC,
1996.
459
O MOMENTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO HATHA-YOGA
RESUMO
Para conhecermos um “objeto” é necessário saber sua história. Esse artigo é apenas uma iniciação da
investigação da história da Hatha Yoga. Ele tenta elucidar aos iniciantes da prática de Yoga, e a
comunidade em geral, o surgimento dessa atividade. Após um processo evolutivo autóctone, iniciado na
região noroeste do subcontinente indiano na época neolítica, desenvolveu-se no III milênio a.C., ao longo do
curso do rio Indo (daí o nome “vale do Indo”), uma florescente civilização vinculada ao comércio, que
alcançou seu máximo esplendor entre 2.300 e 1.800 a.C. As escavações feitas em Mohenjodaro e Harappa
indicam a existência de uma civilização que vivia em cidades bem planejadas. Figuras de barro foram
encontradas representando a Deusa Mãe, mais tarde personificada como Kali, e também uma
representação masculina, com três faces, sentada em atitude de yoga. O declínio da civilização do vale do
Indo, iniciado em 1.800 e 1.700 a.C., é atribuído a mudanças climáticas e geomorfológicas, bem como à
chegada das árias, que contribuíram para acelerar o fim da antiga cultura. No século VI a.C., nasceram
Buda e Jaina, fundadores do Budismo e jainismo. Por volta de 320 a.C. se inicia, com Candragupta, a
dinastia dos Maurias, alicerçada num sistema administrativo bastante centralizado. Seu expoente mais
insigne foi Ashoka, coroado entre 239 e 264 a.C. A partir do século II a.C., apareceram novos invasores na
região noroeste: os indo-gregos, e vários povos da estepe, como os Shatas (os citas), os Pahlavas (os
partos) e os Kushanas, estes últimos de cronologia incerta. No período entre 320 e 480 d.C., conhecido
como Era Dourada dos Guptas, a Índia vivenciou o desenvolvimento da arte, cultura, literatura e da ciência.
A partir do século VII d.C. se difunde um sistema de tipo “feudal”. Qutub-ud-din Aibak da dinastia escrava,
lançou a base do governo muçulmano na Índia no século XIII. A era posterior ao período clássico,
conhecida como Tântrica, corresponde ao período medieval ocidental, estendendo-se até cerca de 1.300
d.C. Foram os adeptos do Tantrismo que apresentaram atitude em relação ao corpo humano e à existência
corpórea em geral. Gorakhnāth é o primeiro sistematizador das técnicas do Hatha Yoga, aproximadamente
no ano 1.100 d.C. Os tratados de hatha-yoga dependem, de uma forma ou de outra, da literatura dos
seguidores de Gorakhnāth ou da que passa por tal. Gorakhnāth passa por autor de um tratado hoje
desaparecido, o Hathayoga, e de um texto que foi conservado, o Goraksa Śataka. O Goraksa Paddhati,
explica a palavra hatha (literalmente “violência, esforço violento”) por há= Sol e tha= Lua; a união da Lua e
Sol seria o Yoga. Através do presente estudo, concluímos, que no período “medievo” indiano, surgiu o
Hatha- Yoga, o qual enfatiza a preparação do corpo como canal importante para as experiências mais
elevadas.
INTRODUÇÃO
460
Hoje, com tantas informações disseminadas nos meios de comunicação e de uma
maneira geral no senso comum, é difícil ao praticante saber o que é “modismo”, ou se
existe uma tradição. Mesmo quando falamos em tradição, vem as perguntas: “Tradição
baseada em quê”, “De onde vem? ”, entre outras. Para conhecermos um “objeto” que
desperta algum interesse (acadêmico ou prático), é necessário sabermos aspectos de sua
história. Com esse estudo tentaremos esclarecer o momento que surgiu o Hatha-Yoga na
Índia.
Como procuramos apresentar ao longo desse texto, foram os adeptos do Tantrismo
que apresentaram pela primeira vez uma visão dinâmica do universo, e foram eles
também que inauguraram uma nova atitude em relação ao corpo humano e à existência
corpórea em geral. O Hatha-Yoga, na perspectiva que buscaremos apresentar, é
considerado o elogio do corpo.
Como foram utilizadas várias fontes de referência bibliográfica que não apresentam
conceitos e nomes com a mesma grafia (na tradução do sânscrito para o português, ou
mesmo do sânscrito para outras línguas e depois vertido para o português), será utilizada
a grafia de referência consultada e faremos a notação da fonte, quando for o caso.
OBJETIVO
HISTÓRIA DA ÍNDIA
Quando a Terra estava se formando, a Índia era uma ilha e ao chocar com o
continente deu-se a formação do Himalaia. Foram encontrados fósseis de animais
marinhos e conchas em suas terras. Isso ocorreu vinte ou trinta milhões de anos
atrás, antes do aparecimento de humanos na Terra.
461
Segundo ALBANESE (2006, P.50):
Segundo ALBANESE (2006, p.50) “A escrita do vale do indo ainda não pôde ser
decifrada; portanto, as hipóteses sobre os conteúdos da civilização local se baseiam nas
imagens de numerosos selos encontrados”.
462
ALBANESE (2006, p.50):
A civilização Védica foi criação dos árias, que elaboraram uma série de hinos
religiosos que foram organizados e são conhecidos como os “Vedas”. Essas
escrituras são o fundamento do Hinduísmo, absolutamente intrínseco à própria
história da Índia.
463
Em História da Índia (2007):
A ordem social que reflete a assimilação dos Árias e a supremacia dos sacerdotes
se consolidou no sistema de castas, que sobrevive até hoje de certa forma. O
controle sobre a ordem social foi mantido por regras estritas destinadas a
assegurar a posição dos Brâmanes, os sacerdotes. Foram elaborados tabus
concernentes a casamentos, dietas, e convívio social.
No período entre 320 e 480 d.C., conhecido por Era Dourada dos Guptas, a Índia
vivenciou o desenvolvimento da arte, cultura, literatura e da ciência. Foram
escritos tratados eruditos sobre assuntos desde a medicina e a matemática, a
astronomia e até mesmo, acerca do amor, “o famoso Kamasutra” (História da
Índia, 2007).
464
ALBANESE (2006, p.51):
Deve a Candragupta I o início da era gupta, em 320 d.C., e o desenvolvimento do
primeiro núcleo do reino na bacia do Ganges, ampliado progressivamente pelos
soberanos seguintes de Bengala ao Indo e dos contrafortes montanhosos
nepaleses ao rio Narmada. Quando da morte do último soberano, em 497 d.C., o
território se fracionou em numerosos reinos independentes. O império gupta,
considerado o momento mais esplêndido da civilização indiana, era formado por
uma região central sob a administração direta do rei, rodeada por um cinturão de
monarquias tributárias, e mais além, pelas regiões tribais não subjugadas. As
condições econômicas eram boas, e o comércio prosperou. Os funcionários reais
recebiam um salário fixo e não doações de terras, como ocorreria depois. Por toda
a parte circulavam moedas oficiais de prata, enquanto em âmbito local eram
usadas moedas de cobre e conchas. O sistema de castas estava plenamente
consolidado e discriminava fortemente os intocáveis, mas a Coroa efetuava
doações a todas as congregações religiosas. Em 510 d.C. abateu-se sobre a Índia
o flagelo dos Hunos, que impuseram um domínio cruel sobre o Punjab, Caxemira,
Rajastão e a parte ocidental de Uttar Pradesh. Finalmente em 528 d.C. uma
coalizão dirigida por Yashodharman, soberano de Malva, obrigou-os a deixar a
Índia. A última aventura imperial no norte foi a empreendida por Harsha da dinastia
Vardhana, de Thanesar, uma localidade ao norte de Délhi, o qual em 606 d.C.
converteu Kanauj e Doab, as terras localizadas entre o Ganges e o Jumna, no
centro de gravidade da Índia setentrional. A partir do século VII d.C. se difunde um
sistema de tipo “feudal”, no qual as concessões de terras se tornam a recompensa
habitual pelos serviços. Para contrabalançar o poder dos feudatários, o rei
aumentou as doações de terras e de prebendas à casta sacerdotal e promoveu a
construção de templos fiéis à coroa. Chegou-se assim a formação de inumeráveis
reinos regionais, situação que por um lado determinou a instabilidade política da
Índia e por outro enriqueceu com uma série de obras-primas produzidas pelas
diversas dinastias. Uma das linhagens mais importantes do norte foi a dos Gurjara-
Pratihara, cujo declínio abriu o caminho para as hordas muçulmanas que
venceram em Tarain em 1192 d.C. O sul, separado das regiões setentrionais por
uma barreira de montes e bosques, experimentara um desenvolvimento próprio, e
só em época mais recente estabelecera contatos políticos com o norte; era, no
entanto, conhecido por gregos e romanos, com os quais manteve um florescente
comércio. Uma das dinastias mais poderosas foi a de Cola, cuja influência se
estendeu pelo sudeste asiático e Indochina. Em 1311 d.C., no entanto, o sul
também sofreu a invasão muçulmana.
465
FUNDAMENTOS DO HATHA- YOGA
Foram os adeptos do Tantrismo que apresentaram pela primeira vez uma visão
dinâmica do universo, e foram eles também que inauguraram uma nova atitude em
relação ao corpo humano e à existência corpórea em geral. Na era pré-tântrica, o
corpo era costumeiramente encarado à moda gnóstica, como a fonte da corrupção
e o inimigo do espírito. Os mestres tântricos aspiravam, por outro lado, à criação
de um corpo transubstanciado, que chamavam de “adamantino” (vajra) ou “divino”
(daiva) - um corpo feito não de carne, mas de substância imortal, de Luz, Em vez
de ver o corpo como um tubo alimentar fadado à doença e à morte, eles o viam
como a morada de Deus e como o caminho alquímico em que se haveria de
realizar a perfeição espiritual. Para eles, a iluminação era um acontecimento do
corpo inteiro. O ideal do corpo de diamante estava no âmago de um amplo
movimento cultural comparável, talvez, ao movimento de “culto ao corpo” dos anos
1970 e 1980. Foi chamado culto Idos Siddhas, que floresceu entre os séculos VIII
e XII e foi um dos fatores essenciais para a conclusão da grande síntese pan-
indiana dos ensinamentos espirituais do hinduísmo, do Budismo e do Jainismo,
bem como da alquimia e da magia popular. O nome siddha significa “realizado” ou
“perfeito” e refere-se ao adepto do Tantra que alcançou a iluminação, ou seja, a
perfeição (siddhi) suprema, e possui também poderes paranormais (siddhi) de todo
tipo. O siddha é uma alquimista espiritual que opera sobre a matéria impura, o
corpo-mente do ser humano, e a transmuta em ouro puro, na essência espiritual
imortal. Entretanto, diz-se que ele é capaz também de transmutar literalmente a
matéria. O processo Yogue que caracteriza essa tradição tântrica, comum ao
Hinduísmo e ao Budismo, chama-se kâya-sâdhana ou “cultivo do corpo”. Foi daí
que nasceu o Hatha-Yoga. As escolas mais importantes do movimento siddha
foram as dos nâthas e dos Maheshvaaras. Segundo a tradição tibetana, o primeiro
e o maior dos oitenta e quatro siddhas foi Luipâ, que alguns estudiosos identificam
com Matsyendra Nâtha, famoso mestre do famosíssimo Goraksha Nâtha. A
tradição hindu associa a criação do Hatha-Yoga a Goraksha Nâtha (hindi:
Gorakhnâth) e ao mestre deste Matsyendra Nâtha, ambos nascidos em Bengala.
No Tantra-Âloka, Abhinava Gupta presta homenagem a Matsyendra como a seu
guru, o que significa que Matsyendra deve ter vivido antes da metade do século X
d.C. Matsyendra foi um dos maiores representantes, senão mesmo o criador, do
que se convencionou chamar Nâthismo. Mas o próprio Shiva é considerado o
originador da linguagem Nâtha e é invocado como Âdinâtha ou “Senhor
Primordial”. O termo nâtha significa simplesmente “senhor” ou “mestre” e refere-se
ao yogue adepto que goza ao mesmo tempo da libertação (mukti) e de poderes
paranormais. Esses nâthas são conhecidos como seres imortais que vagam pela
região do Himalaia. O próprio Matsyendra é venerado como a divindade protetora
de Katmandu, sob a forma de Shveta Matsyendra (“Matsyendra Branco”), cuja
essência transcendente é o bodhisattva Avalokiteshvara. Os seguidores desses
mestres – especialmente os de Goraksha- também são chamados de Nâthas, e o
Nâthismo é reconhecido como um dos fios que constituem a tapeçaria do
Tantrismo contemporâneo.
467
O Vedānta mescla-se ao Yoga, mas a justificação filosófica ocupa lugar pouco
importante nestes escritos sumários, dedicados quase inteiramente às regras
técnicas. Os estados de consciência correspondentes aos diversos exercícios não
são mencionados, a não ser raramente e de maneira rudimentar. São sobretudo a
física e a fisiologia da meditação que interessam aos autores. Trinta e dois āsanas
são descritos na Gheranda-samhitā e quinze no Hatha-yoga-pradīpikā; já a Śiva-
samhitā menciona oitenta e quatro asanas, mas trata apenas de quatro. (ELIADE,
1996, p.193 e 194).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
469
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RODRIGUES, M.R. et. al. Estudos sobre o yoga. São Paulo, Phorte, 2006.
SILVA, G.D. Curso básico de yoga: teórico prático. São Paulo, 2007.
470
OS PRESSUPOSTOS DA AVALIAÇÃO COMO PRÁTICA REFLEXIVA
RESUMO
A cada ano, a avaliação da aprendizagem escolar tem ocupado um lugar de destaque nas discussões de
especialistas em educação, assim como por aqueles que mais a praticam no âmbito escolar: os professores.
Refletir que o ato de avaliar está presente na vida de todas as pessoas, pois constantemente o ser humano
está refletindo sobre uma determinada conduta para conseguir uma melhor qualidade sobre o objeto
avaliado em questão. Assim, se faz necessário que o docente faça uma reflexão sobre o que foi obtido com
a avaliação, para a partir deles, planejar sua prática pedagógica, com o intuito de corrigir rotas e conduzi-los
à aprendizagem. Desta forma, este artigo, tem como objetivo analisar os diferentes conceitos de avaliação e
seus pressupostos. Os referenciais bibliográficos consultados proporcionaram perceber que a avaliação nos
diferentes espaços de produção do conhecimento, têm sido tradicionalmente considerados como um fator
que ocorre no final do processo de produção do conhecimento. Conclui-se que a avaliação não pode ser um
instrumento de exclusão, precisa ser democrática, favorecendo o desenvolvimento e a capacidade do aluno.
INTRODUÇÃO
A avaliação como processo contínuo e não como momento único e isolado deve
levar em conta tudo ao avaliar e não servir apenas para aprovar ou reprovar. Os
resultados finais, assim como todo o processo têm que ser considerados. Compreender e
explicar o processo de aprendizagem leva ao entendimento de como este se deu, à
identificação de problemas e facilita a busca de soluções e de caminhos para superação
dos mesmos. Assim, a avaliação passa a ser um instrumento facilitador da construção do
conhecimento.
Os educadores reconhecem a complexidade da avaliação no processo de ensino
aprendizagem, a qual deveria ter como função o acompanhamento crítico do trabalho
pedagógico, permitindo a alunos e professores uma visão sobre as dificuldades
enfrentadas, visando a melhoria do processo educativo. Percebe-se, contudo, um
obscurecimento dessa função, à medida que, historicamente, se valoriza apenas a nota,
os papéis, os registros, as provas ou exames, e não a avaliação da aprendizagem, do
processo de ensino e o incentivo às melhorias.
471
Concebemos a avaliação da aprendizagem, como mecanismo de formar o
indivíduo, respeitando suas diferenças e individualidade. O ato de avaliar não deve
ocorrer somente no momento da prova para atribuir uma nota ao possível conhecimento
adquirido pelo aluno, deve ser contínuo, ocorrendo de forma processual e não em
momentos estanques, que priorizam o medir e o testar.
Dessa forma, a avaliação institucional torna-se um instrumento de reorientação do
trabalho educativo com base na construção coletiva de uma concepção de avaliação
democrática e formativa, capaz de intervir efetivamente na realidade educacional, no
sentido de contrapor-se à crescente exclusão e ao aprofundamento das desigualdades
sociais.
Em face do exposto, foi delineado o seguinte problema, cuja delimitação assim se
consubstancia: como se caracteriza a avaliação da qualidade do ensino e da
aprendizagem a partir das concepções de avaliação e de seu uso para a evolução do
rendimento escolar do educando.
Para tanto, destaca-se neste texto apenas a pesquisa bibliográfica referente ao
conceito de avaliação fundamentado por vários autores, entre eles: Hoffmann (1995);
Luckesi (1997); Perrenoud (1999); entre outros. O tema se faz relevante porque, como
profissional da educação é essencial entender as concepções e os significados atribuídos
ao conceito de avaliação, afinal, o ato de avaliar se faz presente constantemente nas
ações e atitudes do cotidiano, bem como nas ações pedagógicas existentes nas
instituições escolares. Diante do exposto, este estudo tem por objetivo analisar os
diferentes conceitos de avaliação e seus pressupostos.
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
Para isso, ela deve ser contínua, realizada em diferentes momentos, oportunizando
um acompanhamento sistematizado da aprendizagem do aluno pelo professor. Assim,
surgem propostas de avaliação diagnóstica, formativa, contínua, dentre outras. Toda a
resposta do aluno articula-se a alguma sequência de raciocínio e é prenúncio de um novo
entendimento. Dessa forma o processo avaliativo não pode seguir o modelo de tempo
linear, porque cada tarefa ou teste relaciona-se aos anteriores e posteriores numa
evolução constante, por certo o olhar do professor precisa acompanhar a trajetória do
aluno, do seu desenvolvimento, sem perder de vista que, o ser humano é único e singular
e que nenhum aluno aprende da mesma forma que o outro.
TIPOS DE AVALIAÇÃO
Avaliar é edificar subsídios para a escola refletir sobre sua prática pedagógica,
respeitando e evidenciando o conhecimento prévio do aluno, auxiliando-o a ser autônomo
e, de fato, um cidadão. Diante desse prisma a avaliação deverá ser condizente com o
método utilizado pelo professor. Assim, ensinar e avaliar deve ter correspondências
quanto aos níveis de complexidade adotados, ou seja, não se deve ser simplista ao
ensinar e complexo ao avaliar, ou vice-versa. ” (PACHECO, 2010).
A avaliação da aprendizagem é uma das atividades mais importantes inerentes à
prática pedagógica, e determinante, no sentido de nortear os trabalhos pedagógicos, pois,
se bem-feita, traz ao professor uma visão real da situação de aprendizagem do aluno e
ainda lhe permite perceber se sua atuação docente tem ou não contribuído para o alcance
dos objetivos propostos. Ela pode ser classificada como Avaliação diagnóstica, Avaliação
formativa e Avaliação somativa.
473
A Avaliação Diagnóstica baseia-se no conhecimento do aluno, nas suas estratégias
e experiências pessoais para detectar suas necessidades e dificuldades, permitindo ao
professor uma análise mais detalhada do processo da aprendizagem. Ela pode ser
realizada no início, durante e até mesmo no final de um determinado período. No início, é
considerada uma sondagem, pois se verifica o conhecimento prévio dos alunos em
relação a matéria nova. Durante o processo ensino-aprendizagem, fornece informações
importantes para o professor desde o progresso dos alunos, até mesmo em relação a sua
metodologia, ou seja, se sua linguagem, seus métodos e materiais estão adequados. No
final, ela assume o papel de avaliar os resultados.
Sendo o principal objetivo a aprendizagem, a avaliação diagnóstica tem a função
de diagnóstico, assumindo dois propósitos que são, em primeiro lugar, determinar o nível
de aprendizado pelo educando e em segundo descobrir as causas ou circunstâncias que
dificultam a aprendizagem no decorrer do processo de aprendizagem. É importante
sabermos que avaliação diagnóstica tem o objetivo de levantar, verificar e diagnosticar os
pontos fortes e também fracos do aluno durante o processo de construção do
conhecimento para que os mesmos possam corrigi-los quando necessário.
Nessa perspectiva, a avaliação é considerada como um diagnóstico para o
crescimento dos potenciais dos alunos, para aprimorar o seu desenvolvimento, seu
entendimento e potencializando os conhecimentos que já tem. Ela precisa estar
preocupada com o crescimento do aluno, e ser levada em consideração pelo seu
significado construtivo.
A modalidade formativa informa o professor e o aluno sobre resultados da
aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. O educador a utiliza no
decorrer do ano letivo. Essa avaliação tem papel de corrigir rumos, rever, melhorar,
reformar, adequar o ensino de forma que os alunos atinjam os objetivos da aprendizagem.
Segundo Oliveira (2002), “a avaliação formativa é realizada pelo professor diariamente,
ocasionalmente e periodicamente”.
De acordo com Sant Anna (2004), a classificação do aluno tem como parâmetro os
objetivos previstos servindo como base os objetivos individuais e conforme a autora, a
base não deve ser somente isto, o rendimento do grupo também deve ser verificado. Por
exemplo, se um número de alunos não conseguiu alcançar um resultado desejado em
uma determinada área, o professor deveria questionar seu trabalho docente, utilizar novos
procedimentos didáticos e retomar este conteúdo de maneira que as dúvidas fossem
sanadas e que seus alunos obtivessem êxito na aprendizagem. O professor deve procurar
novos caminhos na tentativa de obter resultados satisfatórios no que diz respeito à
aprendizagem dos alunos, lembrando sempre de respeitar o ritmo, as características e as
diferenças de cada aluno.
Ludke (1992) propõe que se lance um olhar sociológico sobre a avaliação não só
para enxergar melhor a sua função controladora, mas, sobretudo, para tentar entender
como se traduzem no dia a dia das ações e relações escolares, os seus mecanismos de
poder. Para esse mesmo autor, essas formas de mensurar o aprendizado devem ser
475
aplicadas de forma interligada, sendo a avaliação diagnóstica a primeira, seguida da
avaliação formativa e, finalmente, classificando os alunos de acordo com seu
aproveitamento utilizando a avaliação somativa.
Não é possível falar de avaliação sem falar de objetivos, isto é “não há avaliação
correta sem a definição de objetivos claros” (Valadares, 1998, p. 58). “De fato, não é
possível determinar o que se conseguiu atingir durante o processo ensino-aprendizagem
se não soubermos desde o início onde queremos chegar”. (Domingos et al., 1987). Para
Ribeiro (1997, p.22), “um ensino sem objetivos seria um ensino cego e ao acaso; sem
avaliação seria um ensino pouco empenhado na melhoria da qualidade da educação”.
É importante ressaltar algumas funções essenciais da avaliação, tais como: o
fornecimento de bases para o desenvolvimento da aprendizagem, o ajuste dos conteúdos
às práticas curriculares de cada escola, a facilitação do diagnóstico de cada aluno, o
aprimoramento da aprendizagem e do ensino. A construção do conhecimento científico
deverá basear-se em situações problemáticas, provocando a curiosidade e a dúvida. Esse
processo deve ser trabalhado em conjunto, levando-o em consideração todos os
conhecimentos que foram adquiridos durante toda a vida.
Conforme as reflexões de Luckesi (2011, p.166), a avaliação da aprendizagem
necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a
construção da aprendizagem bem-sucedida.
A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser
utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do
educando, e assuma o papel de auxiliar o crescimento. ” Essa prática é relevante
para incidir o equilíbrio entre as dificuldades diagnosticadas pelo professor e o
bom desempenho no aprendizado dos alunos.
Atualmente, nas escolas, a avaliação é feita através de trabalhos e provas que irão
se converter em notas, e por sua vez vai determinar a classificação do estudante, se está
aprovado ou reprovado, então, a realidade não mudou, o termo foi alterado, mas a prática
continua a mesma, autoritária, objetiva, não possibilitando o educando a refletir a questão,
debater e dialogar com o professor. É necessário que o educador passe a ter uma nova
perspectiva sobre o ato de avaliar, que adquira uma postura comprometida não só com o
pedagógico, mas com o social, que se preocupe com a educação e veja que a avaliação
deve ser conjunta num processo de acompanhamento, não só a nota alcançada pelo
educando.
Segundo DEMO (2008, p. 16):
477
sobre sua realidade e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória
de construção do conhecimento”. Por isso, apontamos a necessidade de uma avaliação
na qual se descreva mais detalhadamente possível o processo de construção do
conhecimento, dificuldades e avanços durante o processo de escolarização.
A avaliação está relacionada à atenção que o educador dá aos processos e às
aprendizagens dos educandos. Seu processo não é para dar uma nota, pois de acordo
com avaliação formativa a nota é apenas uma consequência do processo e não o seu fim.
Nesta lógica, o educador tem a compreensão de que a avaliação é importante para dar
seguimento ao desenvolvimento da aprendizagem, fazendo parte do dia a dia das
atividades, das práticas realizadas nas salas de aulas.
A avaliação como metodologia de ensino/aprendizagem é fundamental tanto para o
educando, assim como para o educador. No caso do educando, é indispensável saber o
fruto do seu empenho e persistência, não somente pelo contentamento da aprendizagem,
mas com destino ao âmbito de suas aptidões, sendo estas essenciais em aprendizagens
futuras. Já para o educador, a avaliação é imprescindível, pois o rendimento do aluno dá
suporte para uma análise de seus métodos pedagógicos. Nesse sentido, Libâneo (1999)
ressalta que a “avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho
docente”.
Precisamos, enfim, praticar a avaliação a serviço do nosso plano de ação docente,
a serviço da obtenção dos resultados esperados, usar a avaliação como recurso de
diagnóstico da aprendizagem dos nossos educandos, de modo a orientar nossas
intervenções para a melhoria dos resultados desejados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
478
compreendido pelo aluno, na avaliação não pode exigir do aluno um conhecimento não
adquirido na sala de aula.
Portanto, o momento de avaliar deveria ser um período que contemplasse todas as
singularidades dos discentes, pois, na sala de aula encontram-se alunos que durante o
processo de ensino e aprendizagem adquirem os conhecimentos de modos diferentes. O
respeito a esta singularidade deveria ser repensado no momento de avaliar. Deixando de
lado toda forma de exclusão e possibilitando ao educando repensar nos pontos os quais
houve dificuldade e dando as condições necessárias para o mesmo refletir sobre as
questões mais complexas que dificultam o seu processo de aquisição do conhecimento.
Com estes argumentos, verifica-se que o ato de avaliar não pretende somente
aferir o domínio dos conteúdos, mas, sobretudo, verificar o desenvolvimento das
capacidades e habilidades dos alunos, das competências e outros aspectos cognitivos,
afetivos, espirituais, psicológicos e motor, possibilitando dar direção à autonomia pessoal
desse sujeito que atua na sua própria vida e na sociedade.
479
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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480