Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
Ao ler essa obra podemos perceber que a relação intertextual é destacada logo
no início, especificamente em seu título, pois está parafraseado que a carta que foi
enviada para o rei de Portugal é de Pero Vaz. Logo, podemos perceber que Mendes
faz o uso da ironia quando o eu-lírico cita algumas riquezas de forma exagerada que
poderão ser extraídas do Brasil e, nesse momento, há uma crítica aos portugueses,
devido à exploração humana e material que ocorreu naquela época.
José de Alencar também irá mencionar traços da Carta de Caminha em seu
romance indianista “Iracema”, obra na qual o índio é visto como um “bom selvagem”,
por serem descritos como puros, dóceis e submissos, não pondo dificuldades nas
imposições dos colonizadores portugueses, além de exaltar a fauna e flora do território
brasileiro recém descoberto, como se observa no trecho em destaque:
3
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não
era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado. (ALENCAR, 1959).
XXI
XXII
Pero Vaz de Caminha desenvolve seu texto narrando a Dom Manuel I (rei de
Portugal e Algarves entre 1945 e 1521) a riqueza natural presente na terra, a
diversidade de aves e o povo que vivia no local. Percebe-se a interação das duas
obras, em relação à estrofe XXI de Caramuru, quando na Carta de Caminha é narrado
o momento em que a tripulação se encontra com um grupo de indígenas no litoral,
vestidos de forma diferente do costume dos portugueses, o que já lhes causa
estranhamento:
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos
sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles
os pousaram. (CAMINHA, 2021, p. 2).
4
Num primeiro olhar, H Mauro, busca com a câmera fazer o que Pero Vaz de
Caminha fez com a pena, ou seja, contar o fato como se fosse um repórter
filmando dentro do barco do Cabral. No filme este desejo se expressa logo
nas primeiras cenas onde são apresentados os personagens e onde Caminha
ganha destaque. No entanto, o tempo e a perspectiva do olhar fizeram com
que o filme conferisse à Carta outros significados. (LINO, 2001).
5
3. Considerações Finais
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 35ª ed. São Paulo:
Cultrix,1994.
MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.