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MPF AJUÍZA AÇÃO PARA GARANTIR DEFENSORIA NO SUL DO ES

18/03/2008 -

Da Redação
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública com pedido de liminar
contra a União para garantir o acesso dos moradores do sul do Espírito Santo a
defensores públicos da União. De acordo com o MPF, atualmente, a parcela mais
humilde da população residente na região, que não tem condições de contratar um
advogado particular, não tem como exercer de forma efetiva o direito constitucional de
acesso à Justiça.

Segundo o procurador da República, Sérgio Luiz Pinel Dias, o direito de acesso à


Justiça é fundamental para o exercício pleno da cidadania, e o Estado deve prestar
assistência jurídica integral e gratuita a quem não dispõe de recursos para contratar
advogados particulares.

Para o MPF, o fato de não haver Núcleo de Defensoria Pública da União na Subseção
Judiciária de Cachoeiro de Itapemirim caracteriza inconstitucionalidade patente e
violação aos direitos humanos. A Subseção Judiciária de Cachoeiro é integrada por 30
dos 78 municípios capixabas e atende a 679.588 habitantes.

Atualmente, a Defensoria Pública da União no Espírito Santo só atende os cidadãos


residentes nos municípios que integram a Seção Judiciária de Vitória, tendo inclusive
informado que não prestará atendimento para a Subseção Judiciária de Cachoeiro de
Itapemirim nem mesmo em casos urgentes, tais como o recebimento de prisão em
flagrante.

“Para os mais abastados, os Tribunais, em especial os superiores, vêm chancelando uma


exacerbação do conceito de ampla defesa que, inclusive, o desnatura. Para os mais
necessitados, o estado, em matéria de acesso à Justiça, não garante o mínimo
existencial”, observa Sérgio Pinel.

Para os cidadãos necessitados que residem no sul do Estado, são nomeados advogados
dativos, que, de acordo com o MPF, por vezes conhecem o cliente e a causa só no
momento do interrogatório ou da audiência, o que compromete a defesa.

O MPF quer que a Justiça federal determine, inicialmente em caráter liminar, que sejam
disponibilizados defensores públicos para atendimento ao público duas vezes por
semana, bem como atendimento de prisões em flagrante e outras medidas urgentes.

O procurador da República Sérgio Pinel também requereu a condenação da União à


obrigação de implantar e fazer funcionar um Núcleo da Defensoria Pública da União na
Subseção Judiciária de Cachoeiro, com a lotação de pelo menos um defensor público da
União.
Princípio do acesso à justiça.
O tema do acesso à justiça, dos mais caros aos olhos processualista contemporâneo, não
indica apenas o direito de aceder aos tribunais, mas também o de alcançar, por meio de
um processo cercado das garantias do devido processo legal, a tutela efetiva dos direitos
violados ou ameaçados. Na feliz expressão de Kazuo Watanabe, o acesso à justiça
resulta no acesso à ordem jurídica justa.

Um dos mais sensíveis estudiosos do acesso à justiça – Mauro Cappelletti – identificou


três pontos sensíveis nesse tema, que denominou “ondas renovatórias do direito
processual”:

a – a assistência judiciária, que facilita o acesso à justiça do hipossuficiente;

b – a tutela dos interesses difusos, permitindo que os grandes conflitos de massa sejam
levados aos tribunais;

c – o modo de ser do processo, cuja técnica processual deve utilizar mecanismos que
levem à pacificação do conflito, com justiça.

Percebe-se, assim, que o acesso à justiça para a tutela de interesses transindividuais,


visando à solução de conflitos que, por serem de massa, têm dimensão social e política,
assume feição própria e peculiar no processo coletivo. O princípio que, no processo
individual, diz respeito exclusivamente ao cidadão, objetivando nortear a solução de
controvérsias limitadas ao círculo de interesses da pessoa, no processo coletivo
transmuda-se em princípio de interesse de uma coletividade, formada por centenas,
milhares e às vezes milhões de pessoas.

E o modo de ser do processo, que, quando individual, obedece a esquemas rígidos de


legitimação, difere do modo de ser do processo coletivo, que abre os esquemas da
legitimação, prevendo a titularidade da ação por parte do denominado “representante
adequado”

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