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Editora saraiva
1ª edição
Inclui bibliografia
ISBN 9788502116115
Muitos estudiosos dizem que foi quando o homem começou a trocar a vida nômade e fixar
moradia que a contabilidade nasceu. Como isso se deu? É simples. Isso se deu a partir do
momento que o homem abandona a vida de coleta – em que ficava em um lugar até exauri-lo
e, logo em seguida, partia para outro e recomeça o ciclo -, e troca por um meio de vida mais
seguro, em que aprende a cultivar o alimento, a criar animais e juntar bens para trocá-los por
outros indispensáveis para sua sobrevivência. Nesse instante, surge o desejo de se saber
quanto se possui e qual o valor para, com essas informações, planejar sua vida e negociar
melhor suas trocas. Aparecem os primeiros registros de medição e controle, que seriam os
rudimentos da contabilidade.
Desse momento até o final da Idade Média, a contabilidade praticamente não tem avanços
importantes. Só no Renascimento o método contábil terá um enorme avanço de qualidade.
Essa sessão chamava-se Particularis de computis et scripturis. Apesar de o frei Paciolli não ter
sido o criador do método das partidas dobradas – existem registros dessa escrituração
encontrados mais de cem anos antes -, foi ele o primeiro a codificar a contabilidade, a
descrever e a publicar sobre o tema.
Muitos estudiosos defendem que o livro de Luca Paciolli é o início dopensamento científico
contábil. De qualquer forma, o que se pode dizer é que, mesmo hoje, mais de 500 anos após o
Summa, os comentários do frei continuam relevantes e atuais.
1.2 Evolução da contabilidade
Não é objetivo deste livro elaborar um estudo completo sobre as escolas do pensamento
contábil. Até porque essa temática será mais bem estudada nas cadeiras de teoria contábil que
serão vistas durante o curso de graduação.
Mesmo assim, ao final deste capítulo, indicamos outras leituras, que entendemos
fundamentais na formação do contador.
Na verdade, a contabilidade é fruto de muitas mãos, escolas e países, porém, por questões de
importância e relevância, vamos estudar aqui as duas principais escolas, a italiana e a norte-
americana.
O berço italiano
E, de fato, muito dos termos contábeis utilizados atualmente e que estudaremos no decorrer
deste livro remontam à época do Renascimento: débitos, créditos, razão, balanços e
demonstrações de resultado são alguns exemplos que podem ser citados. Podemos dizer, com
orgulho, que a contabilidade descende de linhagem tão nobre quanto de outras profissões
liberais.
Como já visto, Luca Pacciolli foi o primeiro grande autor da contabilidade. Talvez seja por
isso que até meados do século XX a contabilidade italiana dominou o cenário global. Existem
importantes teóricos e estudiosos contábeis que formaram o arcabouço do estudo contábil,
entre eles podemos citar
Giuseppe Cerooni, Gino Zappa e Fabio Besta, este taivez o mais importante, com sua obra La
ragioneria. Na metade do século XX, com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados
Unidos surgem como uma grande potência econômica e militar. Mais uma vez, um período
histórico que alia desenvolvimento econômico, relativa paz e tolerância é formador de
desenvolvimento intelectual e social.
A visão de que a contabilidade existe apenas para o patrimônio, o excesso de teoria, a perda
do senso prático, a existência de parcos sistemas de controle e de auditoria, e a ênfase no
ensino da contabilidade para o comércio, são características fundamentais da escola italiana,
já que não tinham aderência com à nova realidade e com o novo mundo que começava a
tomar corpo, dominado pelas grandes corporações, pelos grandes projetos de investimento e
pelos conglomerados financeiros.
Descortinava-se, então, um palco em que atuaria um novo ator, uma nova forma de pensar
contabilidade, a chamada escola americana. A contabilidade nos Estados Unidos tem suas
raízes no início da sua industrialização, em fins do século XIX. Como o principal financiador
do crescimento industrial norte-americano era a Inglaterra, é fácil chegar à conclusão de que
os primeiros contadores e auditores, que vinham controlar e medir seus investimentos fossem
COntagores é auartores, que vinnam controtar é e meair seus investimentos rossem ingleses.
Na verdade, na raiz das principais empresas norte-americanas de auditoria estão esses
primeiros contadores ingleses.
O modelo de capitalismo que começa a tomar conta do cenário mundial no início do século
XX, e dá um grande salto no pós-guerra, é baseado em empreendimentos que fazem uso
intensivo de capital. Para atender a esses
Esses fatos aliados ainda ao surgimento de uma associação de contadores públicos atuante, e
um grande esforço de investimento por parte do governo e de universidades em pesquisa
contábil, são os principais fatores que explicam por que atualmente a contabilidade norte-
americana exerce papel de domínio.
EDIÇÃO SARAIVA
9º EDIÇÃO
R37c 9.ed. Ribeiro, Osni Moura Contabilidade geral fácil / Osni Moura Ribeiro. − 9. ed. - São
Paulo: Saraiva, 2013. (Fácil) Apêndice Referências e Respostas ISBN 9788502202023 1.
Contabilidade. I. Título. II. Série. 13-00219
1.2 Conceito
Se no edital do concurso constar bibliografia, será muito importante consultar as obras
citadas, a fim de verificar como os autores conceituam a contabilidade.
Eis alguns conceitos:
“Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de
registro relativas à administração econômica.” — Conceito oficial formulado no Primeiro
Congresso Brasileiro de Contabilistas, realizado no Rio de Janeiro, de 17 a 27 de agosto de
1924.
“A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover
seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.” — Estrutura Conceitual
Básica da Contabilidade — estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras (Ipecafi).
Informações complementares
“Azienda” é uma palavra italiana que corresponde a “fazenda”, e etimologicamente significa
“coisa a fazer”, em geral, negócios, ocupações, afazeres: complexo de obrigações, Bens
materiais e Direitos que constituem um patrimônio, representado em valores ou como objeto
de apreciação econômica, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que tem
sobre ele poderes de administração e disponibilidade.
Esse conceito já está superado e apresentamos apenas para seu conhecimento, levando em
conta que organizadores de concursos mais conservadores costumam incluí-lo em algumas
provas. Convém salientar, ainda, que no aziendalismo (escola italiana — veja “Teoria das
Contas”, no item 1.1 do Apêndice) a contabilidade tinha, por objeto, o patrimônio das
aziendas. Do aprimoramento do aziendalismo temos hoje o patrimonialismo, no qual o objeto
da contabilidade é o patrimônio das entidades econômico-administrativas. A palavra
“azienda”, na literatura contábil brasileira, está em desuso e vem sendo substituída por
“entidade econômico-administrativa”. Veja o conceito no item 1.8 deste capítulo.