1) Schiller traça uma distinção entre poesia antiga ("ingênua") e moderna ("sentimental"), com a primeira representada por Homero e a segunda expressando a subjetividade do sujeito moderno.
2) Na poesia sentimental há uma nostalgia pela natureza, vista como algo perdido, enquanto os poetas antigos viviam em harmonia com a natureza.
3) Schiller elogia a poesia moderna apesar de suas críticas à modernidade, e vê a natureza como inspiração tanto para poetas ingênuos quanto sentiment
1) Schiller traça uma distinção entre poesia antiga ("ingênua") e moderna ("sentimental"), com a primeira representada por Homero e a segunda expressando a subjetividade do sujeito moderno.
2) Na poesia sentimental há uma nostalgia pela natureza, vista como algo perdido, enquanto os poetas antigos viviam em harmonia com a natureza.
3) Schiller elogia a poesia moderna apesar de suas críticas à modernidade, e vê a natureza como inspiração tanto para poetas ingênuos quanto sentiment
1) Schiller traça uma distinção entre poesia antiga ("ingênua") e moderna ("sentimental"), com a primeira representada por Homero e a segunda expressando a subjetividade do sujeito moderno.
2) Na poesia sentimental há uma nostalgia pela natureza, vista como algo perdido, enquanto os poetas antigos viviam em harmonia com a natureza.
3) Schiller elogia a poesia moderna apesar de suas críticas à modernidade, e vê a natureza como inspiração tanto para poetas ingênuos quanto sentiment
Dá seguimento á crítica da modernidade e do sujeito moderno, mas traça toda
uma reflexão estética da arte, nomeadamente de poesia falando de um
oposição entre poesia antiga e moderna, nos seus termos, de poesia ingénua e sentimental. Esta oposição será pensada mais tarde por Schlegel e por Hegel como clássica e romântica. Esta obra constitui-se como a primeira a fazer a distinção da arte da antiguidade, e por outro lado, uma nova arte com características muito diferentes.
Mas esta oposição ingénuo-sentimental é primeiramente traçada por Schiller,
segundo uma nova arte que surge como expressão artística que difere da arte clássica que era concebida como o mais perfeita. Schiller ainda que seja um classicista, fará o elogia do poeta moderno. Schiller sabe – se a si mesmo como um poeta sentimental e daí que faça também o elogia do poeta moderno. No contexto desta obra, na qual Schiller refere que existem dois poetas: O poeta ingénuo, que é o poeta antigo: Homero; O poeta sentimental como poeta moderno. A noção que sustenta esta divisão é a noção de natureza que é sempre pensada como algo que está presente no poeta ingénuo, e por outro lado, a natureza como algo que se perdeu no poeta moderno. Na poesia sentimental ocorre a autoconsciência da perda de algo – que é a natureza. A poesia sentimental define-se pela nostalgia (sehnsucht) porque se defronta com a natureza como algo perdido, encontra-se com um objeto nostálgico. De tal modo que a natureza é perspetivada pelo poeta sentimental como algo que não lhe é imediato mas como algo que ele considera perdido, alheio e que ele quer encontrar. Para Schiller o poeta grego não se surpreende pela natureza porque ela é uma continuidade do poeta. Naiv ( = ingénuo); Sentimentalisch ( = sentimental); Sehnsucht ( = nostalgia). A poesia ingénua corresponde á poesia antiga representada por Homero. A poesia sentimental é a expressão artística do sujeito moderno que se distingue da poesia ingénua porque integra dimensões de subjetividade, autorreflexão, interioridade (Hegel – a arte romântica constitui-se como a arte mais perfeita na medida em que o espírito do sujeito se sabe a si mesmo como finitude e liberdade.) no contexto da arte romântica o espírito abandona todo o condicionamento exterior. O espírito não procura a plena adaptação do sensível e ele quer sobrepor-se como princípio preponderante. A dimensão da poesia moderna é a subjetividade. No contexto desta poesia a base será o mundo interior do poeta. É uma poesia da interioridade ou os próprios sentimentos do poeta [sujeito moderno como um sujeito que possui uma interioridade]. Há uma série de sentimentos próprios do homem moderno – a melancolia – que é um sentimento preponderante do homem/ sujeito moderno que produz arte que vem mais do seu interior, como autorreflexão do sujeito do que a arte, poesia clássica, dita ingénua por Schiller. As noções de interioridade, encontram-se no contexto da poesia sentimental tal como Schiller a entende. Também neste contexto Schiller refere nos o sentimento de nostalgia que é pensado como um sentimento que se constituí como a noção da perda de algo e articuladamente sustenta-se segundo uma inclinação para o infinito. Integra a autoconsciência de uma perda e a aspiração ao infinito, Schiller liga isto á poesia moderna que se liga ao sujeito moderno que perde o contacto com a natureza. A aspiração ao infinito, na medida em que o poeta sentimental se integra na sua obra. Esta noção de infinito inscrever-se-á na poesia sentimental como uma ideia. A poesia sentimental é uma poesia de ideias enquanto que a poesia ingénua é de verdades sensíveis e nesse sentido, Schiller dirá que a poesia sentimental se constituí como uma produção de reflexão do poeta enquanto a outra é um produto feliz da natureza. Singular interesse pela natureza que percorre o sujeito moderno, que se desdobra em amor e comovente respeito, simplesmente porque ela é natureza. Isto é, algo completamente livre de artificialismos e só desse modo a natureza é objeto de interesse que se desdobra em amor e comovente respeito. Schiller acrescenta que o interesse do sujeito moderno pela natureza não é um interesse de pendor estético pelos objetos naturais (eles são insignificantes, não são possíveis de representar o interesse do sujeito) mas em termos morais (aquilo que diz respeito ao sujeito enquanto liberdade). Este sujeito moderno é passado como o sujeito moral, livre de ideias. O interesse pela natureza não é estético é oral. Há uma ideia que a natureza representa e é essa ideia que a determina face ao sujeito com interesse respetivo. A natureza representa uma ideia como se despoletarse uma ideia no sujeito moderno. Que ideia faz a natureza desencadear no sujeito e que desencadeia amor e respeito? o Schiller apresenta o seu pessimismo cultural do artifício. Neste sentido, Schiller escreve qua a natureza aspira aquilo que nós éramos e aquilo que devemos tornar a ser. Assim, a cultura deve levar-nos de novo a ser aquilo que éramos – natureza. Ativa em nós um sentimento de infância perdida. Não somos mais natureza, somos-lhe outro – sentimento de nostalgia A natureza potencia em nós uma certa nostalgia porque nos apresenta o que éramos e o que perdemos. A ideia que a natureza potencia é a ideia de plenitude do humano harmonioso como totalidade em divisa. Nós somos não natureza. Este confronto com a natureza é moral, na medida em que se encontra na esfera das ideias ( conceitos que um sujeito suprassensível, supranatural). A natureza representa para nós o ativar de uma ideia, do homem como um todo individuo. A natureza é pensada como objeto que ativa no sujeito uma ideia de unidade do sujeito que é articulável como sentimento preponderante de nostalgia. O sujeito moderno caracteriza-se por vários sentimentos que não existe no sujeito antigo relativamente á natureza que não é pautada por sentimentos porque este não se coloca perante a natureza. Há uma conformidade entre o homem antigo e a natureza. Por isso, a relação sujeito moderno é um confronto que inclui uma posicionamento face a outro e a natureza é esse outro, não absolutamente outro que fazia parte do homem e que se perdera. Neste sentido, Schiller pensa a natureza não como objeto de pensamento cientifico ou estético, mas pensa a natureza segundo contornos antropológicos. Ora, a perda ou o afastamento de natureza em nós constituía perda da felicidade e perfeição humanos, perdemo-nos a nós mesmos. A humanidade cultivada é deformada, porque é dilacerada, cindida, na qual um só impulso (formal) é preponderante face ao outro. A nostalgia face á natureza é um sentimento de nostalgia de perda da felicidade e perfeição em nós. Ora, Schiller transpõe as conceções da crítica da modernidade e do sujeito moderno para uma teoria crítica da poesia moderna face á poesia antiga ou clássica. É, de facto ainda que Schiller nos aparece como um classicista nomeadamente porque faz uma incisiva crítica na modernidade mas também porque concebe um modelo de formação do ser humano a partir de conceções clássicas – beleza clássica que é plena, una nos impulsos. Todavia, em relação á poesia ainda que neste interesse nostálgico face a natureza se apresente um classicista, na distinção de poeta antigo e sentimental ele fará o elogio do poeta sentimental. O interesse moderno pela natureza é o interesse sentimental e refere – se á sentimentalidade, é doce nostalgia, ao amor e ao respeito com que nos posicionamos perante á natureza. Face a não preferimos abdicar da liberdade conquistada face á natureza como que desejando recuperar a tranquilidade plena do grego na medida em que esta nos surpreende.
Nós, segundo Schiller como representantes de uma humanidade cindida
quebraríamos a nossa liberdade face á natureza de forma a nos tornarmos plenos prestando homenagem ao grau mais elevado na natureza. No contexto dos gregos a cultura ainda não tinha degenerado de modo a que a cultura grega se erguia sobre verdades sensíveis e não sobre o mecanismo de artifícios. Uma vez que o grego não tinha perdido a natureza na sua humanidade, ele também não podia ser surpreendido por ele não existindo desta forma nenhuma ausência de objetos. Há uma continuidade entre o sujeito e a natureza. Teoria de Schiller sobre a poesia Schiller escreve com os poetas são sempre os conservadores da natureza. O homem moderno encontra a natureza na poesia. A poesia constitui-se como aspiração/ busca de natureza. Conceção de poesia onde a noção da natureza é fundamental. Daí que seja a poesia sentimental. Daqui brotam dois ramos da poesia: 1) Ser natureza; 2) Buscar natureza. Todos os poetas que realmente o são irão corresponder á categoria dos ingénuos ou á categoria dos sentimentais. A poesia dos ingénuos é natural e a poesia como busca da natureza é a sentimental. O poeta ou é natureza ou irá busca-la. Segundo Schiller a natureza constituí a chama única da qual se alimenta o espírito poético. Só ela é que vai buscar o seu poder, só com ela o espírito poético fala. A natureza é o conceito essencial. Ao poeta ingénuo corresponde um certo tipo de homem e ao sentimental outro género de homem. O poeta ingénuo pensado como o homem antigo (grego) e o poeta sentimental é pensado como o homem artístico como o sujeito estético moderno. O poeta ingénuo atua na sua obra como uma unidade indivisa, como um todo harmonioso da humanidade plena, reconciliada comigo mesma. As sua sensações não são um jogo em forma do acaso. Neste caso, a obra de arte é um produto feliz da natureza. O poeta sentimental constitui-se como unidade segundo uma ideia moral. Ele só é uma unidade enquanto ideia. Ele á uno num sentido ideal. Aspira à plenitude de si porque possui essa ideia moral, não é uma unidade efetiva. É esta ideia de unidade, de reconciliação humana ser orientará toda a poesia sentimental ativada pela natureza. Esta ideia de reconciliação humana que determina a poesia sentimental será movida por esta ideia e, nesse sentido, será uma poesia de ideias enquanto que a poesia do humano grego é uma poesia de verdades sensíveis, livre de ideias, de reflexão, de uma interioridade. é filha da vida e produto feliz da natureza. Enquanto que a poesia sentimental como que composta por ideias será compreendida como uma arte muito afastada da natureza mas será uma arte da reflexão subjetiva onde se inscrevem todas as dimensões da interioridade humana, O poeta sentimentalista constitui-se como uma unidade como uma ideia e não algo efetivo. Esta unidade surge como ideia e não como realidade efetiva. Imitação ≠ Ideia O poeta ingénuo é imitador de natureza e o poeta sentimental orienta a sua obra segundo ideias. O poeta ingénuo que constitui a sua obra sobre verdades sensíveis, o seu postulado deverá ser a imitação do real da forma mais completa possível. Livre de contornos subjetivos. O poeta sentimental no estado de cultura, ele deverá procurar representar a ideia ou o ideal. Deverá ascender da realidade ao pleno do ideal. A sua obra distanciar-se-á de realidade de modo a que o seu princípio seja o ideal, a ideia. Enquanto representação da obra de arte não será objetiva mas subjetivo na medida em que é o pleno da ideia/ideal. E, é de facto esta compreensão de que o principio determinante da poesia sentimental é a ideia que afasta a poesia da natureza face a outro mais elevado que fará com que Schiller faça o elogio ao poeta sentimental. Kunst der Begrenzung – arte dos antigos/ arte da limitação Kunst des Unendlicher – arte dos modernos/ arte do infinito «All the new thinking is about loss», Robert Hass (poeta norte- americano). Meditation at Lagunitas.
Sobre Poesia Ingénua e Sentimental‘: nesta obra, Schiller nomeia uma
oposição entre a arte dos antigos e a arte dos modernos segundo uma teoria da poesia a partir de oposição entre poesia ingénua (antigos) e , por outro lado, a poesia sentimental (poesia dos modernos). Schiller delineia a sua conceção de poeta sentimental sustentando-se sobre o sujeito moderno como homem cindido que se configura enquanto sujeito abandonando a dimensão sensível. Segundo Schiller a poesia sentimental é a expressão poética do sujeito moderno tal como Schiller a concebe. Nesse sentido há uma ideia subjacente a esta poesia sentimental – a ideia de perda, «All the new thinking is about loss», Robert Hass (poeta norte-americano). Meditation at Lagunitas. A poesia sentimental integra a experiência moderna de perda de algo, que é a natureza (dimensão sensível do homem que se perdera na configuração do sujeito moderno). A natureza é pensada antropologicamente, como uma dimensão de configuração do sujeito que se perdera. Esta conceção de poesia sentimental como estética moderna de perda. A natureza constitui para o poeta sentimental um sentimento de nostalgia que poderá ser compreendido por duas dimensões: 1) Autoconsciência de perda; 2) Aspiração a um desejo de infinito. Estas suas dimensões estão integradas no sentimento de nostalgia. Está aqui a estudar-se o modo como o poeta sentimental se posiciona perante a natureza com sentimentos. A relação entre a poesia sentimental e a natureza tem por base a lógica sujeito- objeto. Para o poeta sentimental a natureza aparece como algo surpreendente perante ele. Enquanto que no poeta antigo a natureza é algo íntimo, imediato, próximo. O poeta ingénuo não se sabe outro da natureza. Entre o homem antigo e a natureza não existe continuidade, logo a natureza nunca o surpreende pois a natureza é algo que não lhe é exterior. É o poeta sentimental aquele que se posiciona face a outro. Face á natureza como um outro de si que se perdera, o poeta sentimental desenvolve sentimentos nomeadamente a nostalgia. O poeta ingénuo configura uma expressão de humano de liberdade plena, harmoniosa. Ele atua na sua obra poética como uma unidade indivisa, como uma unidade de plenitude. É o homem grego que configura a expressão plena de humanidade, que se apresenta como um todo harmonioso. Este poeta ingénuo que se apresenta conforme a natureza produz essa poesia ingénua como um produto feliz, como filha da vida, que se constituí como uma obra de arte que se constituí como uma obra de arte que se constitui pela objetividade,livre de todos os subjetivismos e se constitui como uma obra de arte da natureza. A poesia ingénua é natureza, é uma obra de arte objetiva, isenta de objetividade, afigurando-se como natureza. A poesia pode ser concebida como natural é então é ingénua ou pode ser a busca da natureza e então é sentimental. A poesia sentimental é a que se sustenta numa procura pela natureza, pelo perdido, o que está em causa é a natureza. Segundo Schiller os poetas são os conservadores da natureza e , nesse sentido temos dois poetas e duas poesias. Considerando o poeta ingénuo como expressão de humanidade reconciliada consigo mesma e o poeta sentimental como o humano que está em contínuo diferendo consigo mesmo porque está dominado apenas por um impulso – o formal. O sujeito moderno nunca se constitui como uma unidade reconciliada a não ser no plano ideal. Isto é, enquanto que o poeta ingénuo/ antigo se constitui como unidade una e harmoniosa, o poeta sentimental/ moderno não o é efetivamente. Ele não se configura uma real unidade do seu ser. Essa unidade é para o poeta sentimental algo que ele aspira como ideal. A unidade do poeta sentimental é uma unidade que não existindo efetivamente só pode ser desejada no plano do ideal. Neste sentido, Schiller diz que a unidade do poeta sentimental se constitui como uma unidade moral, como uma unidade que não é real, somente moral (no sentido kantiano). A moralidade em Kant diz respeito à dimensão da liberdade do sujeito e diz respeito á razão como faculdade que expressa a liberdade e as ideias que em Kant são conceitos para os quais não existem intuições sensíveis apropriadas. Neste sentido, podemos pensar que as ideias são conceitos sem determinação sensível, são suprassensíveis. A unidade da poesia sentimental é uma unidade moral no sentido kantiano dizendo respeito ao sujeito enquanto liberdade. A tarefa que o poeta ingénuo deverá cumprir é a da imitação da realidade que expressai a ausência de cisões, a reconciliação desse homem antigo. O real expressa a unidade, harmonia do sujeito antigo, nesse sentido, a poesia ingénua sustenta-se neste postulado da realidade, da imitação. Por outro lado, o postulado da poesia sentimental é a da representação do ideal, da ideia. Nesse sentido, a poesia ingénua é de verdades sensíveis enquanto que a poesia sentimental é uma poesia de ideias. Os poetas ingénuos comovem-nos através da natureza sensível, os poetas sentimentais através das ideias. A poesia ingénua constitui-se como natureza, poesia de presença viva, como obra de arte pensada como natureza enquanto que a poesia sentimental se constitui como busca da natureza, realizando a harmonia perdida do homem através das ideias.
Podemos assim compreender a poesia sentimental como poesia das ideias
como subjetiva ao contrário da poesia ingénua que se constitui como objetividade, idêntica á natureza. A poesia sentimental expressa ideias do sujeito, sendo por isso subjetiva na medida em que esta poesia expressa ideias e é preponderantemente subjetiva, ela é de fato uma poesia das ideias e de reflexão, constituindo um movimento de reflexão do sujeito sobre si próprio na medida em que não é mimética á realidade, ela não é natureza. É reflexão do sujeito sobre si próprio (Hegel escreve que a arte romântica se constitui como esse momento artístico em que os espírito se sabe a si mesmo como subjetividade que se determina pelo abandono do natural e se impõe pela interioridade). Schiller é o primeiro a compreender a poesia sentimental como essa arte das ideias, da autorreflexão, da subjetividade. A representação da ideia é o propósito da poesia sentimental. Há outra oposição que podemos pensar – a poesia ingénua será imitação e a poesia sentimental será pensada como a arte do infinito/ infinitude. A poesia ingénua é a mimésis do real, da limitação e a poesia sentimental será pensada como a arte do infinito. A noção positiva para o grego é o limitado e o ilimitado é uma noção negativa. O belo é a forma limitada e possui uma aceção ética. O sábio é aquele que é moderado, subsistente. Para o grego o limitado é positivo tanto numa aceção ética como numa aceção estética. Para o homem moderno a infinitude é a noção positiva muito devido ao cristianismo que nos apresenta a noção de ilimitação e infinitude mas também porque o Universo é infinito ao contrário do que pensava Aristóteles. A noção de infinito constitui-se como a noção positiva. O infinito em Schiller é a ideia, que é pensada segundo a ideia de infinitude. Se a arte antiga é limite, a arte moderna porque integra ideias constitui-se como o infinito remetido pela ideia. A ideia é sempre pensada segundo Kant, como algo infinito, algo que não pode compreender-se num tempo e espaço definido. O poeta ingénuo é poderoso através do limite e o sentimental é a através do infinito. Porque a arte antiga é a do limite, a escultura adquire um maior significado porque a escultura se encontra dentro da dimensão do limite e nesse sentido os gregos foram os seus mestres. As artes plásticas, por sua vez, são uma outra forma de arte que não se apresenta condicionada como limite. Segundo Schiller a arte preponderantemente moderna é a poesia. (Para Hegel, também a poesia se constituía como a maior arte de todas, a mais elevada).
Schiller escreve, tomando tudo isto em consideração que a tarefa do poeta
antigo/ ingénuo é possível de ser realizada enquanto que a tarefa do poeta moderno/ sentimental é algo impossível de se realizar. O que está em causa pensar é a efetiva realização do poeta ingénuo que tem uma tarefa mimética enquanto que o poeta sentimental não atingirá a realização da sua tarefa porque ela é infinita. O poeta sentimental é aquele que reflete e escreve a sua obra segundo ideias. O poeta sentimental não se configura conforme a natureza, conforme a realidade. Existe uma tensão entre a realidade e a ideia como infinito. Com o poeta ingénuo não existe uma descontinuidade entre o poeta e a realidade, como acontece no poeta sentimental. Este não acolhe em si a realidade como algo continuo e sobrepõe-se-lhe a ideia. Daí que seja o poeta que elabora a sua obra a partir do ideal em vez de ser a partir da realidade. O poeta sentimental é aquele que reflete sobre algo. O poeta sentimental é descrito por Schiller através de 3 poetas alemães contemporâneos: Haller; Kleist; Klopstock. Eles comovem-nos pela natureza, não com a natureza. Não faz parte do seu caráter capturar as coisas com tranquilidade. A imaginação impõe-se á sensação. O ânimo não recebe impressões sem se observar a si mesmo, sem reflexão. O ânimo do poeta sentimental não é preponderantemente recetivo. Desta forma, nunca recebemos o objeto mas apenas o entendimento reflexivo que o poeta faz do objeto. Pensar o ânimo como algo que produz uma obra que nunca é o imediato é sempre o resultado do ânimo reflexivo do poeta sentimental, nunca estamos, portanto, perante uma objetividade mas perante o resultado do ânimo reflexivo. As sias sensações não são transmitidas mas sima a reflexão acerca das suas sensações. A poesia ingénua comove-nos por meio da natureza, da sensibilidade, enquanto que a poesia sentimental nos comove através de ideias de uma elevada reflexividade. Schiller acabara por fazer o elogio do poeta sentimental, sendo ele, contudo um classicista. Ele fará o elogio da tarefa do poeta sentimental que é uma tarefa infinita. Está em causa neste elogiar não tanto a postulação de superioridade do poeta sentimental em relação ao poeta ingénuo, mas o elogio da arte moderna como projeto de reconciliação do sujeito decadente moderno. Isto é, não se estabelece uma superioridade entre os poetas mas sim um elogio á arte como potencia de reconciliação da humanidade através da arte moderna decadente considerando a incisiva crítica da modernidade decadente, em todo o caso, Schiller é um homem das luzes, humanista que acredita na perfetibilidade humana que para ele poderá ser encontrada na arte e daí que ele faço o elogio do poeta sentimental num contexto de decadência. Nesse sentido, elogia o poeta e a tarefa sentimental na medida em que esta poesia que aspira ao infinito, nunca é de facto realizada enquanto que a tarefa do poeta ingénuo é realizável por ser mimética. A tarefa do poeta sentimental é mais elevada e nunca realizável. O poeta ingénuo está submetido á realidade, sempre dependente da realidade. O poeta sentimental é independente da realidade, esta fica aquém do real, daí que a sua tarefa seja mais elevada. O ânimo do poeta sentimental está expandido para lá do real através da infinitude da ideia na medida em que nada do que existe pode preencher a ideia.