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Dá seguimento á crítica da modernidade e do sujeito moderno, mas traça toda

uma reflexão estética da arte, nomeadamente de poesia falando de um


oposição entre poesia antiga e moderna, nos seus termos, de poesia ingénua e
sentimental. Esta oposição será pensada mais tarde por Schlegel e por Hegel
como clássica e romântica. Esta obra constitui-se como a primeira a fazer a
distinção da arte da antiguidade, e por outro lado, uma nova arte com
características muito diferentes.

Mas esta oposição ingénuo-sentimental é primeiramente traçada por Schiller,


segundo uma nova arte que surge como expressão artística que difere da arte
clássica que era concebida como o mais perfeita. Schiller ainda que seja um
classicista, fará o elogia do poeta moderno. Schiller sabe – se a si mesmo
como um poeta sentimental e daí que faça também o elogia do poeta moderno.
No contexto desta obra, na qual Schiller refere que existem dois poetas:  O
poeta ingénuo, que é o poeta antigo: Homero;  O poeta sentimental como
poeta moderno. A noção que sustenta esta divisão é a noção de natureza que
é sempre pensada como algo que está presente no poeta ingénuo, e por outro
lado, a natureza como algo que se perdeu no poeta moderno. Na poesia
sentimental ocorre a autoconsciência da perda de algo – que é a natureza. A
poesia sentimental define-se pela  nostalgia (sehnsucht) porque se defronta
com a natureza como algo perdido, encontra-se com um objeto nostálgico. De
tal modo que a natureza é perspetivada pelo poeta sentimental como algo que
não lhe é imediato mas como algo que ele considera perdido, alheio e que ele
quer encontrar.  Para Schiller o poeta grego não se surpreende pela natureza
porque ela é uma continuidade do poeta.  Naiv ( = ingénuo);  Sentimentalisch
( = sentimental);  Sehnsucht ( = nostalgia). A poesia ingénua corresponde á
poesia antiga representada por Homero. A poesia sentimental é a expressão
artística do sujeito moderno que se distingue da poesia ingénua porque integra
dimensões de subjetividade, autorreflexão, interioridade (Hegel – a arte
romântica constitui-se como a arte mais perfeita na medida em que o espírito
do sujeito se sabe a si mesmo como finitude e liberdade.) no contexto da arte
romântica o espírito abandona todo o condicionamento exterior. O espírito não
procura a plena adaptação do sensível e ele quer sobrepor-se como princípio
preponderante. A dimensão da poesia moderna é a subjetividade. No contexto
desta poesia a base será o mundo interior do poeta. É uma poesia da
interioridade ou os próprios sentimentos do poeta [sujeito moderno como um
sujeito que possui uma interioridade]. Há uma série de sentimentos próprios do
homem moderno –  a melancolia – que é um sentimento preponderante do
homem/ sujeito moderno que produz arte que vem mais do seu interior, como
autorreflexão do sujeito do que a arte, poesia clássica, dita ingénua por
Schiller. As noções de interioridade, encontram-se no contexto da poesia
sentimental tal como Schiller a entende. Também neste contexto Schiller refere
nos o sentimento de  nostalgia que é pensado como um sentimento que se
constituí como a noção da perda de algo e articuladamente sustenta-se
segundo uma inclinação para o  infinito. Integra a autoconsciência de uma
perda e a aspiração ao infinito, Schiller liga isto á poesia moderna que se liga
ao sujeito moderno que perde o contacto com a natureza. A aspiração ao
infinito, na medida em que o poeta sentimental se integra na sua obra. Esta
noção de infinito inscrever-se-á na poesia sentimental como uma ideia. A
poesia sentimental é uma poesia de ideias enquanto que a poesia ingénua é de
verdades sensíveis e nesse sentido, Schiller dirá que a poesia sentimental se
constituí como uma produção de reflexão do poeta enquanto a outra é um
produto feliz da natureza. Singular interesse pela natureza que percorre o
sujeito moderno, que se desdobra em  amor  e  comovente respeito,
simplesmente porque ela é natureza. Isto é, algo completamente livre de
artificialismos e só desse modo a natureza é objeto de interesse que se
desdobra em amor e comovente respeito. Schiller acrescenta que o interesse
do sujeito moderno pela natureza não é um interesse de pendor estético pelos
objetos naturais (eles são insignificantes, não são possíveis de representar o
interesse do sujeito) mas em termos morais (aquilo que diz respeito ao sujeito
enquanto liberdade). Este sujeito moderno é passado como o sujeito moral,
livre de ideias. O interesse pela natureza não é estético é oral. Há uma ideia
que a natureza representa e é essa ideia que a determina face ao sujeito com
interesse respetivo. A natureza representa uma ideia como se despoletarse
uma ideia no sujeito moderno.  Que ideia faz a natureza desencadear no
sujeito e que desencadeia amor e respeito? o Schiller apresenta o seu
pessimismo cultural do artifício. Neste sentido, Schiller escreve qua a natureza
aspira aquilo que nós éramos e aquilo que devemos tornar a ser. Assim, a
cultura deve levar-nos de novo a ser aquilo que éramos – natureza. Ativa em
nós um sentimento de infância perdida. Não somos mais natureza, somos-lhe
outro – sentimento de nostalgia A natureza potencia em nós uma certa
nostalgia porque nos apresenta o que éramos e o que perdemos. A ideia que a
natureza potencia é a ideia de  plenitude do humano harmonioso como
totalidade em divisa. Nós somos não natureza. Este confronto com a natureza
é moral, na medida em que se encontra na esfera das ideias ( conceitos que
um sujeito suprassensível, supranatural). A natureza representa para nós o
ativar de uma ideia, do homem como um todo individuo. A natureza é pensada
como objeto que ativa no sujeito uma ideia de unidade do sujeito que é
articulável como sentimento preponderante de nostalgia. O sujeito moderno
caracteriza-se por vários sentimentos que não existe no sujeito antigo
relativamente á natureza que não é  pautada por sentimentos porque este não
se coloca perante a natureza. Há uma conformidade entre o homem antigo e a
natureza. Por isso, a relação sujeito moderno é um confronto que inclui uma
posicionamento face a outro e a natureza é esse outro, não absolutamente
outro que fazia parte do homem e que se perdera. Neste sentido, Schiller
pensa a natureza não como objeto de pensamento cientifico ou estético, mas
pensa a natureza segundo contornos antropológicos. Ora, a perda ou o
afastamento de natureza em nós constituía perda da felicidade e perfeição
humanos, perdemo-nos a nós mesmos. A humanidade cultivada é deformada,
porque é dilacerada, cindida, na qual um só impulso (formal) é preponderante
face ao outro. A nostalgia face á natureza é um sentimento de nostalgia de
perda da felicidade e perfeição em nós. Ora, Schiller transpõe as conceções da
crítica da modernidade e do sujeito moderno para uma teoria crítica da poesia
moderna face á poesia antiga ou clássica. É, de facto ainda que Schiller nos
aparece como um classicista nomeadamente porque faz uma incisiva crítica na
modernidade mas também porque concebe um modelo de formação do ser
humano a partir de conceções clássicas – beleza clássica que é plena, una nos
impulsos. Todavia, em relação á poesia ainda que neste interesse nostálgico
face a natureza se apresente um classicista, na distinção de poeta antigo e
sentimental ele fará o elogio do poeta sentimental. O interesse moderno pela
natureza é o interesse sentimental e refere – se á sentimentalidade, é doce
nostalgia, ao amor e ao respeito com que nos posicionamos perante á
natureza. Face a não preferimos abdicar da liberdade conquistada face á
natureza como que desejando recuperar a tranquilidade plena do grego na
medida em que esta nos surpreende.

Nós, segundo Schiller como representantes de uma humanidade cindida


quebraríamos a nossa liberdade face á natureza de forma a nos tornarmos
plenos prestando homenagem ao grau mais elevado na natureza. No contexto
dos gregos a cultura ainda não tinha degenerado de modo a que a cultura
grega se erguia sobre verdades sensíveis e não sobre o mecanismo de
artifícios. Uma vez que o grego não tinha perdido a natureza na sua
humanidade, ele também não podia ser surpreendido por ele não existindo
desta forma nenhuma ausência de objetos. Há uma continuidade entre o
sujeito e a natureza. Teoria de Schiller sobre a poesia Schiller escreve com os
poetas são sempre os conservadores da natureza. O homem moderno
encontra a natureza na poesia. A poesia constitui-se como aspiração/ busca de
natureza. Conceção de poesia onde a noção da natureza é fundamental. Daí
que seja a poesia sentimental. Daqui brotam dois ramos da poesia: 1) Ser
natureza; 2) Buscar natureza. Todos os poetas que realmente o são irão
corresponder á  categoria dos ingénuos  ou á  categoria dos sentimentais. A
poesia dos ingénuos é natural e a poesia como busca da natureza é a
sentimental. O poeta ou é natureza ou irá busca-la. Segundo Schiller a
natureza constituí a chama única da qual se alimenta o espírito poético. Só ela
é que vai buscar o seu poder, só com ela o espírito poético fala. A natureza é o
conceito essencial. Ao poeta ingénuo corresponde um certo tipo de homem e
ao sentimental outro género de homem. O poeta ingénuo pensado como o
homem antigo (grego) e o poeta sentimental é pensado como o homem
artístico como o sujeito estético moderno. O poeta ingénuo atua na sua obra
como uma unidade indivisa, como um todo harmonioso da humanidade plena,
reconciliada comigo mesma. As sua sensações não são um jogo em forma do
acaso.  Neste caso, a obra de arte é um produto feliz da natureza. O poeta
sentimental constitui-se como unidade segundo uma ideia moral. Ele só é uma
unidade enquanto ideia. Ele á uno num sentido ideal. Aspira à plenitude de si
porque possui essa ideia moral, não é uma unidade efetiva. É esta ideia de
unidade, de reconciliação humana ser orientará toda a poesia sentimental
ativada pela natureza. Esta ideia de reconciliação humana que determina a
poesia sentimental será movida por esta ideia e, nesse sentido, será uma
poesia de ideias enquanto que a poesia do humano grego é uma poesia de
verdades sensíveis, livre de ideias, de reflexão, de uma interioridade. é filha da
vida e produto feliz da natureza. Enquanto que a poesia sentimental como que
composta por ideias será compreendida como uma arte muito afastada da
natureza mas será uma arte da reflexão subjetiva onde se inscrevem todas as
dimensões da interioridade humana, O poeta sentimentalista constitui-se como
uma unidade como uma ideia e não algo efetivo. Esta unidade surge como
ideia e não como realidade efetiva. Imitação ≠ Ideia O poeta ingénuo é imitador
de natureza e o poeta sentimental orienta a sua obra segundo ideias. O poeta
ingénuo que constitui a sua obra sobre verdades sensíveis, o seu postulado
deverá ser a imitação do real da forma mais completa possível. Livre de
contornos subjetivos. O poeta sentimental no estado de cultura, ele deverá
procurar representar a ideia ou o ideal. Deverá ascender da realidade ao pleno
do ideal. A sua obra distanciar-se-á de realidade de modo a que o seu princípio
seja o ideal, a ideia. Enquanto representação da obra de arte não será objetiva
mas subjetivo na medida em que é o pleno da ideia/ideal. E, é de facto esta
compreensão de que o principio determinante da poesia sentimental é a ideia
que afasta a poesia da natureza face a outro mais elevado que fará com que
Schiller faça o elogio ao poeta sentimental.  Kunst der Begrenzung – arte dos
antigos/ arte da limitação  Kunst des Unendlicher – arte dos modernos/ arte do
infinito «All the new thinking is about loss», Robert Hass (poeta norte-
americano). Meditation at Lagunitas.

Sobre Poesia Ingénua e Sentimental‘: nesta obra, Schiller nomeia uma


oposição entre a arte dos antigos e a arte dos modernos segundo uma teoria
da poesia a partir de oposição entre poesia ingénua (antigos) e , por outro lado,
a poesia sentimental (poesia dos modernos). Schiller delineia a sua conceção
de poeta sentimental sustentando-se sobre o sujeito moderno como homem
cindido que se configura enquanto sujeito abandonando a dimensão sensível.
Segundo Schiller a poesia sentimental é a expressão poética do sujeito
moderno tal como Schiller a concebe. Nesse sentido há uma ideia subjacente a
esta poesia sentimental –  a ideia de perda, «All the new thinking is about
loss», Robert Hass (poeta norte-americano). Meditation at Lagunitas. A poesia
sentimental integra a experiência moderna de perda de algo, que é a natureza
(dimensão sensível do homem que se perdera na configuração do sujeito
moderno). A natureza é pensada antropologicamente, como uma dimensão de
configuração do sujeito que se perdera. Esta conceção de poesia sentimental
como estética moderna de perda. A natureza constitui para o poeta sentimental
um sentimento de nostalgia que poderá ser compreendido por duas dimensões:
1) Autoconsciência de perda; 2) Aspiração a um desejo de infinito. Estas suas
dimensões estão integradas no sentimento de nostalgia. Está aqui a estudar-se
o modo como o poeta sentimental se posiciona perante a natureza com
sentimentos. A relação entre a poesia sentimental e a natureza tem por base a
lógica sujeito- objeto. Para o poeta sentimental a natureza aparece como algo
surpreendente perante ele. Enquanto que no poeta antigo a natureza é algo
íntimo, imediato, próximo. O poeta ingénuo não se sabe outro da natureza.
Entre o homem antigo e a natureza não existe continuidade, logo a natureza
nunca o surpreende pois a natureza é algo que não lhe é exterior. É o poeta
sentimental aquele que se posiciona face a outro. Face á natureza como um
outro de si que se perdera, o poeta sentimental desenvolve sentimentos
nomeadamente a nostalgia. O poeta ingénuo configura uma expressão de
humano de liberdade plena, harmoniosa. Ele atua na sua obra poética como
uma unidade indivisa, como uma unidade de plenitude. É o homem grego que
configura a expressão plena de humanidade, que se apresenta como um todo
harmonioso. Este poeta ingénuo que se apresenta conforme a natureza produz
essa poesia ingénua como um produto feliz, como filha da vida, que se
constituí como uma obra de arte que se constituí como uma obra de arte que
se constitui pela objetividade,livre de todos os subjetivismos e se constitui
como uma obra de arte da natureza. A poesia ingénua é natureza, é uma obra
de arte objetiva, isenta de objetividade, afigurando-se como natureza. A poesia
pode ser concebida como natural é então é ingénua ou pode ser a busca da
natureza e então é sentimental. A poesia sentimental é a que se sustenta numa
procura pela natureza, pelo perdido, o que está em causa é a natureza.
Segundo Schiller os poetas são os conservadores da natureza e , nesse
sentido temos dois poetas e duas poesias. Considerando o poeta ingénuo
como expressão de humanidade reconciliada consigo mesma e o poeta
sentimental como o humano que está em contínuo diferendo consigo mesmo
porque está dominado apenas por um impulso – o formal. O sujeito moderno
nunca se constitui como uma unidade reconciliada a não ser no plano ideal. 
Isto é, enquanto que o poeta ingénuo/ antigo se constitui como unidade una e
harmoniosa, o poeta sentimental/ moderno não o é efetivamente. Ele não se
configura uma real unidade do seu ser. Essa unidade é para o poeta
sentimental algo que ele aspira como ideal. A unidade do poeta sentimental é
uma unidade que não existindo efetivamente só pode ser desejada no plano do
ideal. Neste sentido, Schiller diz que a unidade do poeta sentimental se
constitui como uma unidade moral, como uma unidade que não é real, somente
moral (no sentido kantiano). A moralidade em Kant diz respeito à dimensão da
liberdade do sujeito e diz respeito á razão como faculdade que expressa a
liberdade e as ideias que em Kant são conceitos para os quais não existem
intuições sensíveis apropriadas. Neste sentido, podemos pensar que as ideias
são conceitos sem determinação sensível, são suprassensíveis. A unidade da
poesia sentimental é uma unidade moral no sentido kantiano dizendo respeito
ao sujeito enquanto liberdade. A tarefa que o poeta ingénuo deverá cumprir é a
da imitação da realidade que expressai a ausência de cisões, a reconciliação
desse homem antigo. O real expressa a unidade, harmonia do sujeito antigo,
nesse sentido, a poesia ingénua sustenta-se neste postulado da realidade, da
imitação. Por outro lado, o postulado da poesia sentimental é a da
representação do ideal, da ideia. Nesse sentido, a poesia ingénua é de
verdades sensíveis enquanto que a poesia sentimental é uma poesia de ideias.
Os poetas ingénuos comovem-nos através da natureza sensível, os poetas
sentimentais através das ideias. A poesia ingénua constitui-se como natureza,
poesia de presença viva, como obra de arte pensada como natureza enquanto
que a poesia sentimental se constitui como busca da natureza, realizando a
harmonia perdida do homem através das ideias.

Podemos assim compreender a poesia sentimental como poesia das ideias


como subjetiva ao contrário da poesia ingénua que se constitui como
objetividade, idêntica á natureza. A poesia sentimental expressa ideias do
sujeito, sendo por isso subjetiva na medida em que esta poesia expressa ideias
e é preponderantemente subjetiva, ela é de fato uma poesia das ideias e de
reflexão, constituindo um movimento de reflexão do sujeito sobre si próprio na
medida em que não é mimética á realidade, ela não é natureza. É reflexão do
sujeito sobre si próprio (Hegel escreve que a arte romântica se constitui como
esse momento artístico em que os espírito se sabe a si mesmo como
subjetividade que se determina pelo abandono do natural e se impõe pela
interioridade). Schiller é o primeiro a compreender a poesia sentimental como
essa arte das ideias, da autorreflexão, da subjetividade. A representação da
ideia é o propósito da poesia sentimental. Há outra oposição que podemos
pensar – a poesia ingénua será imitação e a poesia sentimental será pensada
como a arte do infinito/ infinitude. A poesia ingénua é a mimésis do real, da
limitação e a poesia sentimental será pensada como a arte do infinito. A noção
positiva para o grego é o limitado e o ilimitado é uma noção negativa. O belo é
a forma limitada e possui uma aceção ética. O sábio é aquele que é moderado,
subsistente. Para o grego o limitado é positivo tanto numa aceção ética como
numa aceção estética. Para o homem moderno a infinitude é a noção positiva
muito devido ao cristianismo que nos apresenta a noção de ilimitação e
infinitude mas também porque o Universo é infinito ao contrário do que
pensava Aristóteles. A noção de infinito constitui-se como  a noção positiva. O
infinito em Schiller é a ideia, que é pensada segundo a ideia de infinitude. Se a
arte antiga é limite, a arte moderna porque integra ideias constitui-se como o 
infinito remetido pela ideia. A ideia é sempre pensada segundo Kant, como algo
infinito, algo que não pode compreender-se num tempo e espaço definido. O
poeta ingénuo é poderoso através do limite e o sentimental é a através do
infinito. Porque a arte antiga é a do limite, a escultura adquire um maior
significado porque a escultura se encontra dentro da dimensão do limite e
nesse sentido os gregos foram os seus mestres. As artes plásticas, por sua
vez, são uma outra forma de arte que não se apresenta condicionada como
limite. Segundo Schiller a arte preponderantemente moderna é a poesia. (Para
Hegel, também a poesia se constituía como a maior arte de todas, a mais
elevada).

Schiller escreve, tomando tudo isto em consideração que a tarefa do poeta


antigo/ ingénuo é possível de ser realizada enquanto que a tarefa do poeta
moderno/ sentimental é algo impossível de se realizar. O que está em causa
pensar é a efetiva realização do poeta ingénuo que tem uma tarefa mimética
enquanto que o poeta sentimental não atingirá a realização da sua tarefa
porque ela é infinita. O poeta sentimental é aquele que reflete e escreve a sua
obra segundo ideias. O poeta sentimental não se configura conforme a
natureza, conforme a realidade. Existe uma tensão entre a realidade e a ideia
como infinito. Com o poeta ingénuo não existe uma descontinuidade entre o
poeta e a realidade, como acontece  no poeta sentimental. Este não acolhe em
si a realidade como algo continuo e sobrepõe-se-lhe a  ideia. Daí que seja o
poeta que elabora a sua obra a partir do ideal em vez de ser a partir da
realidade. O poeta sentimental é aquele que reflete sobre algo. O poeta
sentimental é descrito por Schiller através de 3 poetas alemães
contemporâneos:  Haller;  Kleist;  Klopstock. Eles comovem-nos pela
natureza, não com a natureza. Não faz parte do seu caráter capturar as coisas
com tranquilidade. A imaginação impõe-se á sensação. O ânimo não recebe
impressões sem se observar a si mesmo, sem reflexão. O ânimo do poeta
sentimental não é preponderantemente recetivo. Desta forma, nunca
recebemos o objeto mas apenas o entendimento reflexivo que o poeta  faz do
objeto. Pensar o ânimo como algo que produz uma obra que nunca é o
imediato é sempre o resultado do ânimo reflexivo do poeta sentimental, nunca
estamos, portanto, perante uma objetividade mas perante o resultado do ânimo
reflexivo. As sias sensações não são transmitidas mas sima a reflexão acerca
das suas sensações. A poesia ingénua comove-nos por meio da natureza, da
sensibilidade, enquanto que a poesia sentimental nos comove através de ideias
de uma elevada reflexividade. Schiller acabara por fazer o elogio do poeta
sentimental, sendo ele, contudo um classicista. Ele fará o elogio da tarefa do
poeta sentimental que é uma tarefa infinita. Está em causa neste elogiar não
tanto a postulação de superioridade do poeta sentimental em relação ao poeta
ingénuo, mas o elogio da arte moderna como projeto de reconciliação do
sujeito decadente moderno. Isto é, não se estabelece uma superioridade entre
os poetas mas sim um elogio á arte como potencia de reconciliação da
humanidade através da arte moderna decadente considerando a incisiva crítica
da modernidade decadente, em todo o caso, Schiller é um homem das luzes,
humanista que acredita na perfetibilidade humana que para ele poderá ser
encontrada na arte e daí que ele faço o elogio do poeta sentimental num
contexto de decadência.  Nesse sentido, elogia o poeta e a tarefa sentimental
na medida em que esta poesia que aspira ao infinito, nunca é de facto
realizada enquanto que a tarefa do poeta ingénuo é realizável por ser mimética.
A tarefa do poeta sentimental é mais elevada e nunca realizável. O poeta
ingénuo está submetido á realidade, sempre dependente da realidade. O poeta
sentimental é independente da realidade, esta fica aquém do real, daí que a
sua tarefa seja mais elevada. O ânimo do poeta sentimental está expandido
para lá do real através da infinitude da ideia na medida em que nada do que
existe pode preencher a ideia.

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