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Unidade III – Parte II

- Hidrodinâmica

3.3 Equação da energia


3.3.1- Equação geral da energia
3.3.2 - Teorema de Bernoulli para líquidos perfeitos
3.3.3 - Teorema de Bernoulli para líquidos reais - (casos práticos)

1
Hidráulica

3.3.1 Equação geral de energia


A forma mais geral da equação da energia para um volume de controle aplicado a um sistema
aberto é:

Onde:
Variação de energia com o tempo
Representa o de calor no interior (do fluido) ou do sistema

Representa o trabalho mecânico

Devido a conservação de energia 𝑑𝐸 𝑑𝑡 = 0, e como já dito anteriormente não há realização


de trabalho e transferência de calor, logo 𝑄 = 0 e 𝑊 = 0:

Devido a conservação de massa ṁ𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = ṁ𝑠𝑎𝑖 , logo a vazão mássica pode dividir:

2
Hidráulica

3.3.1 Equação geral de energia

A energia do fluido no volume de controle pode ser classificada em 3 formas:

𝑃
Energia interna ℎ=𝑢+
𝜌
Energia potencial 𝑔𝑧

Energia cinética V²/2

O volume de controle com apenas uma entrada e uma saída e interações de energia.

VOLUME
DE CONTROLE
3.3.2 Equação de Bernoulli

𝑃 * 𝑢 é a energia interna e para muitos fluidos, a energia interna é uma


ℎ=𝑢+
𝜌 função da temperatura apenas com boa aproximação.

Considerando 𝑢 = cte, podemos cancelar em ambos os lados da equação.

Denominando os pontos de entrada e saída como 1 e 2, teremos a equação de Bernoulli .


1
.
𝑔

Na engenharia civil normalmente utilizamos a equação de Bernoulli em unidades de


comprimento, sendo assim a equação anterior é multiplicada por 𝟏 𝒈 em ambos os lados.

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3.3.2 Equação de Bernoulli

A equação da energia expressa o princípio da conservação da energia para o fluido em


movimento.
A maior porção de energia de um fluido em movimento está contida em três formas básicas:

- energia cinética (da velocidade);


- energia piezométrica (da pressão);
- energia potencial (da posição);

Adotando-se algumas simplificações, ou seja, desconsiderando as outras formas de energia,


como por exemplo, a energia interna (função em geral da temperatura e das velocidades de
dilatação do fluido) a energia nuclear, a magnética e etc, chega-se na equação da energia
simplificada também conhecida por:
Equação de Bernoulli ou Teorema de Bernoulli;
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3.3.2 Equação de Bernoulli

A Equação de Bernoulli é uma forma simplificada da Equação de Energia.

As hipóteses utilizadas são as seguintes:

• Regime estacionário
• Escoamento sem atrito
• Não há realização de trabalho
• Não há transferência de calor
• Sistemas de uma única entrada e uma única saída

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3.3.2 Equação de Bernoulli
- Teorema de Bernoulli para líquidos perfeitos

No escoamento permanente de um fluido perfeito a energia total permanece constante.

Aplicado aos líquidos perfeitos (incompressíveis e de viscosidade nula) em movimento


permanente, e em dois pontos de uma tubulação, expressa o princípio da conservação da
energia:

Energia total = Energia de velocidade + Energia de pressão + Energia de posição

2
v1 2
v2
𝒑𝟏 𝒑𝟐
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
2g 𝜸 2g 𝜸

Em que:
v2 1
- energia cinética (da velocidade);
𝟐𝒈 2
p
𝜸
- energia piezométrica (da pressão = efetiva = manométrica);
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z - energia potencial (da posição);
3.3.2 Equação de Bernoulli

Energia total = Energia de velocidade + Energia de pressão + Energia de posição

v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
2g 𝜸 2g 𝜸

Cada termo da equação de Bernoulli pode ser expresso em metros de coluna de água (mca):

v2 (𝒎 𝒔)
𝟐
𝒎𝟐 /𝒔𝟐 𝒎𝟐 𝒔𝟐
= = = . = 𝒎 metro de coluna de água  altura ou carga de velocidade;
𝟐𝒈 𝒎/𝒔𝟐 𝒎/𝒔𝟐 𝒔𝟐 𝒎

p 𝑵 𝒎𝟐 𝑵 𝒎𝟑
= = . = 𝒎 metro de coluna de água  altura ou carga de pressão;
𝜸 𝑵/𝒎𝟑 𝒎𝟐 𝑵

z = 𝒎 metro de coluna de água  altura ou carga de posição;

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Exemplo: Em um canal de concreto, a profundidade é de 1,20 m e as águas escoam com uma
velocidade média de 2,40 m/s, até um certo ponto onde, devido a uma queda, a velocidade se eleva a
12 m/s, reduzindo-se a profundidade a 0,60 m. Determinar a diferença de nível entre as duas partes do
canal. Considere o escoamento sem atrito e gágua = 9810 N/m3;

v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
2g 𝜸 2g 𝜸

 Considerando líquido sem atrito = sem perda = líquido perfeito

p1 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)


p2 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)
v12 𝑝1 v22 𝑝2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2
Dados: 2g 𝛾 2g 𝛾

v1 = 2,40 m/s
v2 = 12 m/s 2,402 0 122 0
+ + 𝑦 + 1,20 = + + 0,60
2 . (9,81) 𝛾 2 . (9,81) 𝛾
Plano de referência: 122 2,402
𝑦 = 2 . 9,81 +0,60 − 2 . 9,81 -1,2
ao longo do fundo do canal no final da queda
z1 = y + 1,20
𝑦 = 6,45 𝑚 9
z2 = 0,60 m
Exemplo: De uma pequena barragem, parte uma canalização de 250 mm de diâmetro, com poucos
metros de extensão, havendo depois uma redução para 125 mm; do tubo de 125 mm, a água passa
para a atmosfera sob a forma de jato. A vazão foi medida, encontrando-se 105 L/s. Calcular a pressão
na seção inicial da tubulação de 250 mm e a altura H na barragem.
Considere o escoamento sem atrito e gágua = 9810 N/m3;
PARTE I:
Considerando os seguintes pontos:
1 - na entrada da tubulação
2 - na saída da tubulação
 Considerando líquido sem atrito = sem perda = líquido perfeito

v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
2g 𝜸 2g 𝜸

 Lei de Stevin  p = g . H (líquido repouso)


p1 = ? Não pode ser Aplicada em líquidos em movimento.
p2 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)

Plano de referência: eixo da tubulação: z1 = z2 = 0

Fornecido: Q = 105 L/s = 105 dm3/s = 105.10-3 m3/s

Considerando um regime estacionário (permanente) temos, que:


Q1 = Q2 = Q = 105 . 10-3 m3/s 10
Exemplo: De uma pequena barragem, parte uma canalização de 250 mm de diâmetro, com poucos
metros de extensão, havendo depois uma redução para 125 mm; do tubo de 125 mm, a água passa
para a atmosfera sob a forma de jato. A vazão foi medida, encontrando-se 105 L/s. Calcular a pressão
na seção inicial da tubulação de 250 mm e a altura H na barragem.
Considere o escoamento sem atrito e gágua = 9810 N/m3;
PARTE I:
v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
2g 𝜸 2g 𝜸
p1 = ?
p2 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)

Plano de referência: eixo da tubulação: z1 = z2 = 0


v12 𝑝1 v22 𝑝2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2
Q1 = Q2 = Q = 105 . 10-3 m3/s 2g 𝛾 2g 𝛾

2,142 𝑝1 8,562 0
v1 = ? v2 = ? + +0= + +0
2 . (9,81) 𝛾 2 . (9,81) 𝛾
Q=A.v
105.10

3 𝑝1 2,142 8,562
V1 = = 2,14 𝑚/𝑠 =− + = -0,23 +3,73 = 3,50m
𝜋(0,252 ) 𝛾 2 . (9,81) 2 . (9,81)
𝑄 𝑄
V = A = 𝜋(𝐷2) 4
𝑝1
4
105.10

3 = 3,50 𝑚 → 𝑝1 = (9810 ). 3,50 = 34335 𝑁/𝑚2
V2 = 𝜋(0,1252) = 8,56 𝑚/𝑠 𝛾
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4
Exemplo: De uma pequena barragem, parte uma canalização de 250 mm de diâmetro, com poucos metros
de extensão, havendo depois uma redução para 125 mm; do tubo de 125 mm, a água passa para a
atmosfera sob a forma de jato. A vazão foi medida, encontrando-se 105 L/s. Calcular a pressão na seção
inicial da tubulação de 250 mm e a altura H na barragem.
Considere o escoamento sem atrito e gágua = 9810 N/m3;
PARTE II:

Considerando os seguintes pontos:


1 - na superfície da água na barragem
2 - na saída da tubulação
 Considerando líquido sem atrito = sem perda = líquido perfeito

v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐 V1 = 0
+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐
2g 𝜸 2g 𝜸 105.10

3
V2 = ? V2 = 𝜋(0,1252) = 8,56 𝑚/𝑠
4
H=?
p1 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)
v12 𝑝1 v22 𝑝2
p2 = 0 (por estar em contato com a atmosfera) + + 𝑧1 = + + 𝑧2
2g 𝛾 2g 𝛾

Plano de referência: eixo da tubulação: z1 = H; z2 = 0 02 8,562 0


+0 + 𝐻 = + +0
2 . 9,81 2 . 9,81 𝛾
Q = Q2 = Q = 105 . 10-3 m3/s

𝐻 = 3,735 𝑚 12
3.3.2 Equação de Bernoulli
- Teorema de Bernoulli para líquidos reais

No caso de um líquido real, que apresenta certa viscosidade (atrito), existe dissipação de energia
durante o movimento. Devido à dissipação da energia (perda de carga), a soma das três componentes
da energia total não é constante, sendo esta dada por::

Perda de carga

v12 𝒑𝟏 v22 𝒑𝟐 hf1_2


+ + 𝒛𝟏 = + + 𝒛𝟐 + 𝒉𝒇𝟏_𝟐
2g 𝜸 2g 𝜸

Em que:
v2
- energia cinética (da velocidade);
𝟐𝒈
p
- energia piezométrica (da pressão = efetiva = manométrica);
𝜸

z - energia potencial (da posição);


𝒉𝒇𝟏_𝟐 - a perda de carga (energia) entre os dois pontos considerados; 13
- Teorema de Bernoulli para líquidos reais  casos práticos
Exemplo: Determine a velocidade da água no ponto indicada na figura a seguir . Considerar uma perda
de carga de 0,0017 mca/m por metro de canalização, uma pressão de 8,0 mca no ponto indicado na
figura e canalização com 150 mm de diâmetro. Considere gágua = 9810 N/m3;
 Considerando líquido COM atrito = sem perda = líquido real
Considerando os seguintes pontos:
1 - na superfície da água do reservatório
2 - no ponto da tubulação indicada com p=8mca

Plano de referência: ponto da tubulação indicada:


z1 = 1,5 + 6,0 + 1,5 = 9,0 m; z2 = 0

p1 = 0 (por estar em contato com a atmosfera)


p2 = 8 mca = p2 /g
2
v1 2
v2
𝑝1 𝑝
v1 = 0 (por estar na superfície do líquido); v2 = ? + + 𝑧1 = + 2 + 𝑧2 +hf1-2
2g 𝛾 2g 𝛾

Ltotal = 6 + 1,5 + 245 = 252,5 m v22


0 0
+ +9 = +8 + 0,43
𝒉𝒇𝟏_𝟐 = perda ao longo da tubulação até o ponto indicado: 2 . (9,81) 𝛾 (2 . 9,81)

𝒉𝒇𝟏_𝟐 = 0,0017 mca/m . 252,5 m = 0,43 m v2 = 3,34 𝑚/𝑠


Hidráulica

Bibliografia para leitura complementar:

 AZEVEDO NETTO, J.M.et al. Manual de Hidráulica. 9 ed. São Paulo: Blucher, 2018.

 SYLVIO R. BISTAFA. Mecânica dos fluidos. Noções e aplicações, 2 ed revista e ampliada. São
Paulo: Blucher, 2018.

 POST, SCOOT. Mecânica dos Fluidos Aplicada e Computacional, RJ, LTC, 2013.

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