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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Estabelecer um conceito para texto.
•• Estudar conceitos da Linguística Textual, observando seu percurso históri-
co e suas contribuições.
•• Identificar mecanismos constitutivos do texto, examinando, a partir deles,
os seus processos de construção.
•• Traçar discussões acerca da análise linguística de textos.
•• Diferenciar e compreender os conceitos de tipo textual e gênero textual.
PLANO DE ESTUDO
Olá, caro(a) aluno(a), seja bem vindo (a) ao estudo de ‘Leitura e Produção de Textos”.
Ao longo dos nossos encontros, discutiremos uma série de questões teóricas e
práticas a respeito da leitura e da escrita, especialmente relacionadas ao ambien-
te escolar. Para tanto, nos valeremos de diferentes perspectivas teóricas que tratam
de leitura e de escrita, construindo um percurso interdisciplinar de reflexões. Assim,
vamos nos valer de valiosas contribuições da Análise do Discurso, da Sociolinguística,
da Linguística Aplicada, da Pragmática, da Semiótica Discursiva e, mais especifica-
mente nesse estudo, da linguística Textual.
Ter essa visão ampla no ensino de leitura e produção de textos é importante, pois
o ensino do nosso país ainda não se desvencilhou completamente de uma visão re-
ducionista do ensino de Língua. Ou seja, muitas escolas e professores ainda pensam
que o ensino de habilidades de leitura e escrita abarca tão somente o domínio da
gramática e de normas. O que isso provoca? Alunos precisam fazer atividades de
redação e/ou leitura sem sentido real interativo. Ou seja, estudantes acabam fazendo
tarefas sem significado imediato e assim escrevem o que os professores exigem em
atividades artificiais, que estão desvinculadas do funcionamento real da língua e dos
gêneros textuais.
Pós-Universo 7
Ótima leitura!
8 Pós-Universo
Pós-Universo 9
CONCEITO DE TEXTO
Olá, caro(a) aluno(a). O que é texto? Usamos esse termo de forma bastante gene-
ralizante. Pedimos aos nossos alunos que “escrevam um texto”, usamos expressões
como “li aquele texto” e entre outros exemplos possíveis. Entretanto, para trabalhar,
em sala de aula, a leitura e a produção de textos, é preciso ter um conceito claro do
que seria texto e como são construídos seus sentidos. Essa preocupação é verificá-
vel especialmente nos estudos de Linguística Textual.
Esse ramo da linguística teve o seu desenvolvimento iniciado na Europa, na
década de 60. A premissa inicial para o surgimento deste tipo de estudo “consiste
em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação,
não mais a palavra ou frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma específica
de manifestação da linguagem” (FÁVERO; KOCH, 2008, p. 11). Em outras palavras, a
Linguística Textual tornou-se o estudo das unidades completas de sentido. Assim, ela
não busca estudar apenas palavras ou frases que se encontram isoladas, sem sentido
e sem contexto, mas textos que permitem uma ampla compreensão e interação.
Nessa perspectiva, a prática real da língua se efetiva por meio de textos: homens e
mulheres, sujeitos de um tempo e de um espaço, produzem textos com algum ob-
jetivo de comunicação.
Segundo Fávero e Koch (2008), a partir dos estudos da Linguística Textual, texto
pode ser conceituado como algo que:
““
[...] consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo
significativo, independente de sua extensão. Trata-se, pois, de uma unidade
de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por
um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto – os critérios
ou padrões de textualidade, dentre os quais merecem destaque especial: a
coesão e a coerência (FÁVERO; KOCH, 2008, p. 25).
Dessa forma, ressaltamos que texto é toda unidade de sentido, todo objeto de sig-
nificação: ele nunca será uma frase, a qual depende de outras partes para ter seu
sentido completo, por exemplo. Cabe lembrar o que apontam Fiorin e Savioli (1996)
sobre a etimologia do termo texto: a origem do termo está atrelada ao verbo latino
texo, is, texui, textum, texere, que quer dizer “tecer”. Assim, um texto é como se fosse
um tecido, pois há toda uma organização (procedimentos e mecanismos) que o
10 Pós-Universo
estruturam. Esses são os fatores de textualidade que veremos nos próximos tópicos.
Dessa forma, um tecido não é apenas um amontoado de fios costurado, assim como
o texto não é um mero amontoado aleatório de frases.
Nessa perspectiva, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma frase
pichada no muro ou um artigo de opinião serão textos se tiverem sentido comple-
to. Tal sentido só é possível se levarmos em consideração todas as suas partes. Outro
aspecto fundamental para o conceito de texto é o contexto.
O que é contexto? Podemos defini-lo como a relação que uma unidade linguísti-
ca menor estabelece com uma unidade linguística maior. Por exemplo, uma palavra
só tem sentido quando está atrelada a uma frase. Uma frase, por sua vez, encaixa-se
no contexto do parágrafo. Em um livro, um parágrafo se insere no contexto do capí-
tulo. Por sua vez, o capítulo encaixa-se no contexto da obra, a qual faz parte de um
contexto social, linguístico, cultural.
Uma vez que o conceito de texto e os fatores de textualidade foram definidos, os
estudos de linguística textual, especialmente a partir dos anos 90, voltaram-se para a
relação entre texto e conhecimento. A partir dessa época, segundo Marcuschi, podemos
definir Linguística Textual como “o estudo das operações linguísticas, discursivas e cog-
nitivas reguladoras e controladoras da produção, construção e processamento de textos
escritos ou orais em contextos naturais de uso” (MARCUSCHI, 2008, p. 73). Em outras
palavras, seus estudos se preocupam em compreender de que forma os sentidos são
construídos e compreendidos como atos comunicativos (KOCH, 2006).
Nessa perspectiva, podemos considerar textos como fontes de conhecimen-
to. Segundo Koch (2006), textos mobilizam saberes, os constroem e reconstroem a
partir de inúmeras interações. Dessa forma, textos são a matéria-prima para a cons-
trução de categorizações sociais e para representações mentais. Em outras palavras,
os textos permitem que os homens possam organizar o mundo.
Pelo fato de que a capacidade de compreender e interpretar textos é importantes,
Koch (2006) explana que um texto é compreendido a partir de uma intensa ativida-
de interativa que envolve três fatores: o produtor, o texto e o leitor:
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A partir do Quadro 1, podemos afirmar que estudar o texto como uma manifesta-
ção da língua em uso, como um objeto de significações, pode efetivamente auxiliar
no aperfeiçoamento da capacidade e do desempenho linguístico das pessoas en-
quanto leitoras e produtoras de textos.
saiba mais
O TEXTO E SUA
ORGANIZAÇÃO
A textualidade é a propriedade que faz com que o texto seja bem construído e tenha
sentido completo. Segundo Costa Val (2006), foram os estudos de Beaugrande e
Dressler que estruturaram os chamados fatores de textualidade, que são o conjun-
to de características que diferenciam um texto de um mero agrupamento de frases.
Tais fatores podem ser linguísticos, os quais, estão perceptíveis na materialidade,
ou podem ser extralinguísticos, que dizem respeito ao contexto. Observe o quadro
a seguir:
Coesão
Podemos definir coesão como a “costura do texto”, ou seja, é a sua manifestação lin-
guística, o modo como a língua é utilizada para construir sentidos. A coesão é expressa
pelo bom uso da ortografia, morfologia, sintaxe e concordância. Em outras palavras,
a coesão é construída a partir de relações lógico-semânticas que estão aparentes na
superfície do texto (KOCH, 2001b). Podemos verificar a coesão de um texto por meio
da análise dos mecanismos lexicais e gramaticais de construção.
Coerência
A coerência é o fator de textualidade responsável pela unidade de sentido de um
texto, ou seja, um texto, para ser um texto, precisa ter lógica, e não pode apresentar
nenhuma incoerência que, impeça a construção dos sentidos por parte do leitor. Na
coerência, estão envolvidos os fatores lógico-semânticos e cognitivos (KOCH, 2001a).
Analisar a coerência nos faz perceber que um texto nunca existe em si mesmo: ele
precisa estar em um contexto e se constrói na relação que se estabelece entre o
emissor, o receptor e o mundo. Nessa perspectiva, um texto será compreendido
como coerente quando apresentar uma configuração compatível com os conheci-
mentos de mundo de quem o está lendo (COSTA VAL, 2006).
A coesão e a coerência são duas propriedades tão importantes e fundamentais
que serão melhor exploradas nas próximas aulas.
Intertextualidade
Nenhum texto é construído do “nada”: ele sempre remete ao que existe no mundo ou
há outros textos que existiram antes dele. Em outras palavras, todo texto é atravessa-
do pela intertextualidade, que é a propriedade de um texto se comunicar com outros
textos em sua configuração textual. A intertextualidade pode ser explícita, quando
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há uma menção aparente, ou implícita. Para Bakhtin (2003, p. 291), “cada enunciado
é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”, ou seja, todo texto pro-
duzido se comunica com outros textos que já foram produzidos.
Intencionalidade
A intencionalidade recupera o papel do emissor, do produtor, do autor do texto.
Quando um texto é produzido, é possível perceber que ele encaminha sentidos e
apresenta pistas linguísticas claras do posicionamento e das intenções de quem o
produziu. Um texto bem produzido não deixa escapar sentidos não pretendidos pelo
produtor. Assim, o texto que resulta será compatível com as intenções de quem o
produziu. Marcuschi (2008) afirma que a intencionalidade nada mais é do que a in-
tenção linguística de um emissor em produzir uma manifestação linguística que seja
coesiva e coerente.
atenção
Aceitabilidade
Se a intencionalidade refere-se ao emissor, a aceitabilidade recupera a figura do re-
ceptor, o leitor, aquele que interpreta os sentidos que estão postos. A aceitabilidade
é a propriedade de um texto que o torna compatível com a expectativa de um re-
ceptor ou que possui as chaves que tornam possíveis a sua interpretação. O receptor
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Informatividade
Informatividade é a propriedade do texto em trazer novas informações condensadas
a interpretações conhecidas e, assim, permitir a entrada do receptor para a constru-
ção dos sentidos. A informatividade está relacionada com o que se espera de um
texto: dessa forma, um discurso que apresenta menos previsibilidade possui um grau
maior de informatividade. Antunes (2007) pontua que é preciso haver um equilíbrio,
já que o interesse que um texto pode despertar depende muito do grau de impre-
visibilidade que ele apresenta. Assim, ele não pode nem ser muito óbvio, que não
fomentará sua leitura, nem apresentar informações novas demais, pois o leitor não
conseguirá prosseguir na leitura. Dessa forma, o ideal é a busca do meio termo: o
texto precisa ter novas informações, mas atreladas a dados conhecidos.
Situacionalidade
Percebemos que o contexto é fundamental para a compreensão dos textos. A situa-
cionalidade é a propriedade do texto que se comunica com o contexto. Em outras
palavras, um texto apresenta situacionalidade quando está adequado a uma situa-
ção comunicativa, um contexto. Por exemplo: um texto científico com um alto grau
de informatividade será compreendido quando publicado em uma revista científi-
ca, pois o contexto exige que publicações tenham uma linguagem aprofundada.
Contudo, o mesmo texto, se fosse publicado em um jornal popular, teria problemas
de situacionalidade, pois, nesse caso, os leitores não estariam adaptados com esse
tipo de linguagem. Dessa forma, os sentidos do texto não seriam interpretados em
sua totalidade.
De modo geral, assim como pontua Marcuschi (2008), a situação comunicativa
interfere na interpretação do texto.
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A CONSTRUÇÃO DE
SENTIDOS NO TEXTO
Caro(a) aluno(a), nas seções anteriores, verificamos o conceito de texto e seus fatores
de textualidade. Entretanto, a existência de um texto pressupõe a existência de um
leitor, alguém capaz de codificar e compreender o sentido de um texto. Para isso
acontecer, é preciso agir sobre o discurso, ou seja, o leitor precisa compreender as
relações aí apresentadas.
Koch (2006) explica que, para a produção e leitura de textos, nós precisamos mo-
bilizar, essencialmente, quatro grandes sistemas de conhecimento: o linguístico, o
enciclopédico, o interacional e os modelos textuais globais.
Conhecimento Linguístico
Todo falante de um idioma passa a ter conhecimento linguístico. Pode ser devido a
habilidade de extrair sentidos a partir de uma língua, ou seja, exige conhecimento
léxico (as palavras, os significados, os duplos sentidos) e gramatical (a forma sintática
que frases e orações podem ser combinadas, as regras de gramática). O conhecimen-
to linguístico é o que auxilia o produtor de um texto na amarração do texto por meio
da coesão e auxilia o leitor na interpretação dos elementos da coesão e da coerência.
Conhecimento Enciclopédico
É o conhecimento que acumulamos ao longo da nossa vida intelectual. Ele se encon-
tra na memória dos indivíduos e também recebe outras denominações, tais como
“conhecimento de mundo”.
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Conhecimento Interacional
É o conhecimento obtido pela interação por meio da linguagem. Acontece toda vez
que há o contato com textos e operações linguísticas, o qual opera um tipo de co-
nhecimento. Ele pode ser ilocucional, comunicacional ou metacomunicativo.
O ilocucional é o conhecimento suficiente para reconhecer, em um texto, quais
são as intenções e propósitos de seu produtor. É perceber quando um texto possui
marcas ideológicas e intencionalidade. Por sua vez, o conhecimento comunicacional
é a capacidade de um leitor em entender a importância de compreender o contex-
to para a interpretação de um texto, ou seja, entender o volume de informações que
um texto precisa ter para ser compreendido. Isso envolve a escolha correta de uma
variante da língua adequada para cada situação comunicativa. O conhecimento me-
tacomunicativo diz respeito à compreensão do que é texto e como seus objetivos
podem ser alcançados.
reflita
(Mikhail Bakhtin)
ESTRATÉGIAS
TEXTUAL-DISCURSIVAS
PARA A CONSTRUÇÃO
DE SENTIDOS NO TEXTO
Assim como já estudamos, dois fatores de textualidade fundamentais para a cons-
trução dos sentidos do texto são a coesão e a coerência. Eles são mobilizados por
meio de estratégias textuais e discursivas. Por isso, nessa seção, dedicaremo-nos a
compreender melhor esses conceitos.
atenção
Referência
É a forma mais importante de se estabelecer coesão em um texto. Sempre haverá
referência quando um elemento não pode ser interpretado por si próprio e remete
a outro elemento do discurso para ser compreendido. Há duas formas de fazer refe-
rência: a endofórica e a exofórica. Acompanhe os exemplos no quadro a seguir:
Quadro 3 – Diferenças entre referências endofóricas e exofóricas
Substituição
Como o termo já anuncia, é quando um elemento é completamente substituído por
outro, para evitar uma repetição. Por exemplo: Juliana chorou assistindo o filme. Rosa
também. O termo “também” substitui o “chorando assistindo o filme”. De acordo com
Halliday e Hasan (1976), é possível diferenciar a referência e substituição, pois esta
exige uma readaptação sintática a novos sujeitos ou há outras especificações. Por
exemplo: Eu quero comer mandioca cozida. No entanto, minha namorada prefere
frita (há alteração dos sujeitos e do tipo de mandioca).
Elipse
É quando um termo ou oração são omitidos. Por exemplo: Você quer pizza? – Não.
(A resposta completa seria “não quero pizza”, mas o “quero pizza” pode ser omitido,
pois ele fica implícito).
Conjunção
É o tipo de coesão operado pelo uso das preposições e conjunções. Acontece quando
conectores são usados para relacionar períodos (e, mas, depois, entre outros).
Coesão lexical
É a coesão obtida por meio de relações lexicais, ou seja, pelas palavras. Pode ocorrer
tanto por meio da repetição de um elemento de um mesmo item lexical quanto pelo
uso de palavras equivalentes, tal como sinônimos, pronomes, heterônimos.
•• Exemplo de coesão lexical por palavras do mesmo item lexical: Meu chefe
chegou para o jantar da empresa. Ele veio acompanhado de sua filha.
das girafas. Em outras palavras: um texto que trata de vários assuntos, sem nenhum
ponto comum, não apresenta continuidade e isso o torna incoerente. Todo texto
coerente apresenta continuidade semântica e, por isso, há a necessidade de meca-
nismos de coesão (pronomes, sinônimos, retomadas, referências) para a construção
da coerência. Da mesma forma, se houver algum elemento coesivo referencial que
não tenha nenhum remetente expresso na superfície textual, o texto se tornará in-
coerente. Por exemplo: a expressão “aquele problema” deve retomar algo já citado.
Se nada foi citado, teremos um trecho incoerente e que pode prejudicar a coerên-
cia do texto como um todo.
TIPOS E GÊNEROS
TEXTUAIS/DISCURSIVOS
Caro(a) aluno(a), assim como já estudamos, um dos conhecimentos importantes
para a leitura e produção de texto é o conhecimento dos modelos textuais. Ele é ex-
presso por meio do domínio que um produtor possui em escrever textos dentro dos
moldes de um gênero textual. Portanto, é fundamental, no contexto de nossas aulas,
lançarmos um foco maior em relação ao conceito de gênero textual.
Nosso suporte teórico se direciona a Bakhtin (2003), visto que esse filósofo carrega
o mérito de ser um dos primeiros estudiosos a falar em gênero. O autor aponta que “o
emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e
únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana”.
Assim, todo ser humano apenas se comunica, escreve e fala por meio de gêneros,
que são reflexos das características únicas de esfera de comunicação. O autor russo
explica que existem três elementos fundamentais para que possamos considerar a
existência de um gênero: conteúdo temático, estilo e construção composicional. No
quadro a seguir, apresentamos as características de cada elemento,expondo exem-
plos de como eles são identificáveis em dois gêneros: artigo de opinião e bilhete.
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Quadro 3 – Elementos
Conteúdo temáticode um gênero
Estilo Construção Composicional
Faz referência às esco- O modo com que o conteú- Refere-se ao aspecto formal
lhas do produtor, os temas do é apresentado. do gênero. É como os enun-
abarcados e quais são seus ciados estão estruturados.
propósitos comunicativos.
Exemplo: no caso de um Exemplo: um artigo de Exemplo: um artigo de
artigo de opinião, o con- opinião precisa ter uma opinião tem a seguinte es-
teúdo temático estará em linguagem culta, objeti- trutura: introdução, em que
torno do convencimen- va e bastante coesiva, para o tema é descrito, desen-
to do receptor sobre um “prender” a atenção do volvimento, em que há a
ponto de vista. No caso leitor de forma efetiva. Já abordagem de diferentes
de um bilhete, será o de o gênero bilhete permite argumentos, e a conclusão
deixar claro um recado para um estilo mais coloquial, final. Já o gênero bilhete
alguém. adequado à capacidade é construído por meio de
linguística para quem é frases imperativas, ordens
endereçado. ou pedidos.
Há algum tempo que a perspectiva de trabalhar textos por meio de gêneros está
avançando nas escolas. No entanto, no passado recente (e, infelizmente, pode acon-
tecer ainda no presente), o ensino de textos era estruturado apenas em torno do que
definimos como tipos textuais (narração, descrição e dissertação). Nesse ensino, os
alunos meramente deveriam reconhecer a que tipologia textual pertencia determi-
nados gênero.
Tipos são as formas de usar a linguagem que pode ser expressa nos textos. Eles
podem ser classificados cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e in-
junção. Um gênero pode ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo: um
artigo de opinião é marcadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena histó-
ria em sua constituição.
Os gêneros são infinitos, pois eles se definem pela sua função social. Marcuschi
(2010, p. 23) os define como “textos materializados que encontramos em nossa vida
diária e que apresentem características sociocomunicativas definidas por conteúdos,
propriedades funcionais, estilo e composição característica”. Assim, quando os traba-
lhamos textos na perspectiva de gêneros, refletimos sobre a função comunicativa
dos textos, as razões particulares que fazem cada gênero ser do jeito que é. Dessa
forma, os alunos entendem a importância de cada gênero para a sua vida prática.
Pós-Universo 29
quadro resumo
Nesta aula, utilizamos duas nomenclaturas para tratar de gênero: Gênero Textual e
Gênero Discursivo. Imagino que você, caro(a) aluno(a), deve estar confuso: qual é a
forma correta? Bem, as duas estão e cada uma delas apresenta uma perspectiva di-
ferente sobre o conceito de gênero. Neste estudo, utilizamos as duas nomenclaturas,
pois construímos um diálogo entre autores de perspectivas diferentes, a fim de tra-
çarmos um panorama sobre o conceito de gênero. No entanto, saiba que cada uma
delas apresenta implicações diferentes e você, aluno(a), deve ficar atento em suas
futuras análises e publicações.
Ambos os conceitos têm, como base, o conceito de gênero de Bakhtin (2003),
mas apresentam diferenças na metodologia de análise. O termo “gêneros do discurso”
é usado por analistas do discurso e mobiliza um aporte teórico de base enunciativa.
Assim quando um gênero discursivo é analisado, o que tem destaque são as marcas
linguísticas que são determinadas por meio das situações de enunciação que, por
sua vez, produzem significações e temas relevantes no discurso. Já gênero textual
é usado por analistas textuais, que têm, como principal base teórica, a Linguística
textual ou os Estudos de Charles Bazerman (2007). Esse conceito privilegia a análise
da forma composicional, que está presente na composição dos textos dos gêneros.
Para ter ainda mais clareza em relação a diferença, Marcuschi (2010, p. 25) aponta a
importância de não se confundir texto e discurso, pois “texto é uma entidade con-
creta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é
aquilo que um texto produz, ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim,
o discurso se realiza em textos”. Então, caro(a) aluno(a), fique atento!
atividades de estudo
( ) Coerência e coesão são elementos extralinguísticos, pois estão fora dos domí-
nios do texto.
A sequência correta é:
a) F, F, F, V, F.
b) V, V, V, F, V.
c) V, V, V, V, F.
d) F, V, V, V, V.
e) F, F, F, F, F.
atividades de estudo
A princesa azul
Era uma vez uma linda mosquinha. Ela era muito feia e tinha um grande sonho. De
virar uma borboleta. Até que um dia sentiu um grande sono e acabou adormecen-
do. Sentiu o mundo se voltando para dentro de sim e quando despertou...havia se
convertido em uma belíssima borboleta amarela.
4. João precisa escrever uma redação de vestibular sobre respeito no trânsito. No seu
texto, depois de introduzir o tema e apontar a importância de motoristas terem res-
ponsabilidade, João contou uma pequena história sobre um motorista alcoolizado,
para, assim, ilustrar melhor seus argumentos. Em relação a experiência de João, analise
as seguintes assertivas:
Iniciamos o nosso estudo estabelecendo um conceito para texto. O ramo da linguística que mais
trouxe contribuições para o estudo e o conceito de texto foi a Linguística Textual, por isso, seus
estudos foram o ponto de partida para as nossas discussões. Texto é toda unidade de sentido,
todo objeto de significação, ou seja, ele nunca será uma frase, que depende de outras partes
para ter sentido completo. Além disso, um texto precisa apresentar textualidade e ela é estabe-
lecida de sete maneiras: coesão, coerência, intertextualidade, intencionalidade, aceitabilidade,
informatividade e situacionalidade. Analisamos brevemente cada uma das características citadas,
mostrando que algumas são internas ao texto. Já outras são pragmáticas, dizem respeito ao ato
comunicativo estabelecido na leitura do texto.
Em seguida, refletimos sobre quais são os conhecimentos necessários e que devem ser mobiliza-
dos para a construção, produção e leitura de textos. Abordamos quatro tipos de conhecimentos:
o linguístico, o enciclopédico, o interacional e o de modelos de textos, que são, respectivamen-
te, conhecimento da língua para escrever textos coesos e coerentes, conhecimento de mundo,
conhecimento obtido por meio das interações e do ato comunicativo e o conhecimento sobre
gêneros e estruturas textuais.
Com o intuito de se ter uma maior compreensão em relação as estratégias textuais e discursivas
para a construção de sentidos do texto, detalhamos melhor os conceitos de coesão e coerência.
Dessa forma, constatamos que Halliday e Hasan apontam que há cinco mecanismos de coesão.
Entretanto, os estudos de Ingedore Koch irão agrupar os mecanismos em apenas duas classifi-
cações: coesão referencial e coesão sequencial.
Na última parte do nosso estudo, tratamos sobre o nosso conhecimento de modelos de texto,
mais especificamente em relação aos gêneros e tipos textuais.
material complementar
Editora: Contexto
ANTUNES, I. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São
Paulo: Parábola, 2007.
BAZERMAN, C. Atos de fala, gêneros textuais e sistemas de atividade: como os textos organizam
atividades e pessoas. In: BAZERMAN, C.; HOFFNAGEL, J. C.; DIONISIO, A. P. (coord.). Escrita, gênero
e interação social. São Paulo: Cortez, 2007. p. 19-46.
FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. São Paulo: Cortez, 2008.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.
______. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
resolução de exercícios
2. d) F,V,V,V,V