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Antropologia forense

Chapter · May 2017

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3 authors:

Marco Aurelio Guimarães Raffaela Francisco


University of São Paulo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidad…
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Martin Evison
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Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and
Espindula, A. (eds.), Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª
Edição), São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

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Este texto é o manuscrito aceito. O volume final pode ser encontrado aqui.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

ANTROPOLOGIA FORENSE

Prof. Dr. Marco Aurelio Guimarães1, Profa. Dra. Raffaela Arrabaça Francisco2, Dr. Martin Paul
Evison3

1- Professor Associado (MS5) - Centro de Medicina Legal, Departamento de Patologia e Medicina


Legal, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(CEMEL/RPM/FMRP-USP).

2- Pós-doutoranda - Centro de Medicina Legal, Departamento de Patologia e Medicina Legal,


Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (CEMEL/RPM/FMRP-USP).
PROFORENSES CAPES.

3- Director of Northumbria University Centre for Forensic Science (NUCFS) and Professor of Forensic
Science Department: Applied Sciences. Northumbria University Newcastle – UK.

Introdução

“Antropologia é o estudo do ser humano. Ela abrange práticas sociais, linguagem e


comunicação, arqueologia, evolução humana e atributos físicos e biológicos de grupos humanos.
Consequentemente, Antropologia Forense pode referir-se a qualquer ou todas as subáreas
mencionadas, quando aplicadas no interesse da Justiça” (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES,
2013).
Mas, na prática, é aplicada a um campo de trabalho muito mais estrito, que analisa restos
humanos parcial ou totalmente esqueletizados dentro de uma investigação criminal (EVISON,
2009). A Antropologia Forense ainda é definida como o campo de estudo que lida com restos
esqueléticos humanos resultantes de mortes não explicadas quando os tecidos moles estejam
degradados a ponto de que outros especialistas (como médicos patologistas ou legista) não
tenham mais recursos para obter informações importantes como a demografia, a causa da
morte, como esta ocorreu e o intervalo de tempo desde sua ocorrência (BYERS, 2008).
O objetivo primário na análise antropológica forense de um esqueleto humano é oferecer
um perfil bioantropológico individual (sexo, ancestralidade, faixa etária, faixa de estatura, destreza
manual, além de outras características individuais congênitas ou adquiridas) que possa colaborar
para a identificação ou ainda fornecer evidências sobre a causa da morte e como a mesma
ocorreu (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
A Antropologia Forense pode levar à identificação humana em importante percentual de
casos, levando a conclusões probatórias sobre a identidade de um indivíduo. Porém, em uma
proporção razoável de casos torna-se prioritariamente a linha de condução de investigação para
que se alcance a identificação através de métodos primários de identificação (VELLOSO,
FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013; INTERPOL, 2014).
Trata-se de um tipo de trabalho que envolve um grande número de profissionais, desde
técnicos especializados essenciais na recuperação, preparação e organização dos
remanescentes ósseos a serem analisados, até peritos em diferentes áreas do conhecimento
altamente especializados para execução de exames complementares que se façam necessários
nas especificidades de cada caso (Patologia Forense, Imagenologia Médica, Balística, Química e
Toxicologia Forenses, entre outras).
O objetivo maior do protocolo LAF/CEMEL de análise antropológica forense de ossadas foi
organizar uma metodologia, da forma mais completa possível e adequada à realidade local e
nacional, para buscar e coletar os dados necessários na obtenção da identificação individual em
diferentes modalidades de casos forenses.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Metodologia de Coleta e Análise de Dados em Antropologia Forense

Coleta de Dados
Muitos são os métodos de coleta de dados em Antropologia Forense. Porém, quatro são os
de utilização mais frequente: a) Antroposcopia, b) Antropometria, c) Histologia e d) Análises
químicas (BYERS, 2008; VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
a) Antroposcopia: avaliação a olho nu ou com auxílio de lentes dos remanescentes
ósseos. Podem ser usados métodos de imagens como raios-X, tomografia
computadorizada, ressonância magnética, etc. É o método mais prático e mesmo na
dependência da experiência do observador e de alguns elementos de subjetividade
leva a avaliações corretas em mais de 80-90% dos casos (proporção cientificamente
maior que o acaso). É muito usada na avaliação de relevos ósseos como na estimativa
de sexo.
b) Antropometria (ou osteometria): é a medida dos ossos, usando, por exemplo,
paquímetros ou tábua osteométrica. Rotineiramente utilizada na medida de ossos
longos para estimativa de estatura ou de índices faciais (eventualmente úteis para
estimativa de ancestralidade). Rotineiramente usada nos exames antropológicos
forenses.
c) Histologia: utilizada para avaliação da microestrutura óssea. Podem ser utilizados
métodos de rotina, com colorações básicas. Mas também colorações especiais ou
outros métodos mais sofisticados como microscopia eletrônica de varredura (MEV) ou
ainda imunohistoquímica, por exemplo. É muito útil na pesquisa de reações vitais que
podem distinguir lesões como ocorridas peri ou post-mortem ou ainda diagnóstico de
quadros patológicos individuais que podem levar à identificação individual em certas
circunstâncias. Pode ser útil também como forma de triagem qualitativa anterior à
execução de exame de DNA para identificação (SOLER et al., 2011 a e b).
d) Análises químicas: menos comuns na rotina, mas podem ser muito úteis em
circunstâncias especiais. Qualquer método químico pode ser usado na dependência
de casos específicos. Por exemplo, pesquisa de resíduos de chumbo para investigação
de local de alojamento de projéteis, pesquisa de componentes de pólvora (como o
antimônio) que pode revelar disparo de arma de fogo muito próximo ou encostado na
vítima, ou ainda pesquisa de resíduos de substâncias tóxicas as mais variadas possíveis.

Análise de dados
Cinco métodos de análise são os mais utilizados para os dados originados de exames
antropológicos forenses: a) Tabelas de decisão, b) Gráficos de faixa de abrangência, c) Índices,
d) Funções discriminantes, e e) Equações de regressão (BYERS, 2008; VELLOSO, FRANCISCO e
GUIMARÃES, 2013).
a) Tabelas de decisão: Método no qual as variáveis necessárias para analisar uma
característica antropológica são organizadas em uma tabela com possibilidade de
resposta padronizada (presente ou ausente; uma forma ou outra; de um tipo ou outro; ou
ainda de aspecto duvidoso), de tal forma que, ao final da análise, o maior número de
dados indicando uma determinada característica predomina, favorecendo a escolha
desta como sendo o resultado final. Utilizadas na estimativa de sexo pela pelve e pelo
crânio.
b) Gráficos de faixa de abrangência: utilizados para características antropológicas que
possuem um intervalo de abrangência ou variabilidade, como a faixa etária por exemplo.
A partir de diferentes estimativas nas quais são obtidas faixas para cada uma, busca-se
uma única faixa de abrangência que resuma todas de uma maneira inteligível.
c) Índices: métodos estatísticos simples e poderosos baseados em características mensuráveis
que criam uma noção de proporcionalidade. Normalmente são a divisão de uma divisão
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

por outra multiplicada por 100. Extremamente úteis na obtenção de proporções da face
humana.
d) Funções discriminantes: metodologia estatística mais complexa que combina análises de
diferentes medidas simultaneamente. Por exemplo, a elaboração de uma função
matemática que combine a análise simultânea de diferentes índices da face para
obtenção de uma fórmula que permita, com a entrada de dados, chegar à conclusão,
por exemplo, sobre a ancestralidade da ossada. É menos utilizada na rotina e mais na
pesquisa de dados populacionais.
e) Equações de regressão: método utilizado para obtenção de um determinado parâmetro
antropológico que não pode ser obtido com base na sua mensuração direta, mas sim
indiretamente através da medida de elementos ósseos que tenham correspondência com
este parâmetro. É o caso da estimativa da faixa de estatura do indivíduo em vida, que
pode ser obtida através da medida de ossos longos, cuja dimensão e relação com a
estatura final já foram obtidos em estudos populacionais.

Etapas Prévias ao Exame Antropológico Forense


O encontro de restos mortais humanos parcial ou totalmente esqueletizados, sem que seja
possível ter certeza de sua identidade leva à necessidade do exame antropológico forense.
Etapas bem estabelecidas devem ser seguidas para maximizar as chances de que o
resultado final possa alcançar o objetivo final: a identificação.
As seguintes etapas prévias ao exame devem ser executadas: a coleta de restos mortais e
a preparação para análise (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).

Coleta de Restos Mortais


A coleta de restos humanos deve ser feita da maneira mais cuidadosa possível, visando
não deixar peças ósseas sem ser recolhidas e evitar que material não ósseo seja recolhido
indevidamente (a menos que sejam elementos importantes para o esclarecimento do caso).
Logicamente, é preferível que se levem peças não ósseas para análise (como pedras e
galhos) que podem ser descartados posteriormente no laboratório, em condições de análise
adequadas, do que deixar ossos no local de encontro.
A metodologia de coleta pode variar caso a caso, considerando-se o estado de
preservação dos restos mortais ou ainda as condições de encontro, como na superfície ou ainda
sepultados. Em caso de restos sepultados, técnicas de escavação semelhantes àquelas utilizadas
em arqueologia devem ser utilizadas, com registros os mais detalhados possíveis, incluindo os de
imagens.

Preparação para o Exame Antropológico Forense


Ossos secos, sem remanescentes aderidos podem nem precisar de preparação prévia. Em
caso de resíduos, pode ser utilizada a limpeza seca para retirada de material pulverulento (com
pincéis, escovas e materiais macios que evitam danos). Nos casos de material aderido, pode ser
necessária a lavagem, que deve ser feita criteriosamente, sem utilizar produtos químicos além de
água e, ocasionalmente, detergente neutro.
Mas se o material cadavérico estiver somente parcialmente esqueletizado, com restos de
tecidos putrefeitos, saponificados ou mumificados, a redução de partes moles pode ser
necessária. No LAF/CEMEL utiliza-se o tanque de maceração (ou redução) no qual as peças
ósseas com resíduos são mantidas por até 24 horas em água (sem adição de nenhum produto
químico) com temperatura entre 80-90oC (sem atingir fervura). Este procedimento amolece os
resíduos e facilita a limpeza dos ossos para posterior análise. Esta técnica foi aprimorada no
LAF/CEMEL (SECCHIERI et al., 2011) e reduziu significativamente o tempo de preparação de
esqueletos para análise antropológica forense.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Importante: antes de realizar qualquer procedimento de preparo, amostras para análise


de DNA devem ser coletadas tendo em vista que os procedimentos podem induzir degradação
do material genético. Dentes molares sem restauração são as amostras de primeira escolha.
Secundariamente outros dentes sem restaurações, ou amostras do esterno ou do fêmur podem ser
utilizadas (GUIMARÃES et al., 2009). Amostras do esterno são preferíveis às do fêmur, pois evitam
danos a um osso de maior importância no exame antropológico do que o esterno.
Após o preparo, não se deve utilizar vernizes ou tintas sobre os ossos.
Observação: eventualmente restos não-humanos podem ser encaminhados para análise.
Ossos bovinos, suínos e de aves domésticas são os mais comuns. O conhecimento de anatomia
óssea humana é fundamental para esta distinção, mas nos casos de dúvida (como para animais
silvestres) um profissional habilitado (veterinário ou biólogo) deve ser acionado (SILVA et al., 2013)

O Exame Antropológico Forense

No LAF/CEMEL, a execução do exame antropológico forense segue um protocolo


desenvolvido com o projeto de parceria internacional do “UK – Brazil Scientific Cooperation –
Forensic Anthropology and Identification of Human Remains”, em conjunto com o Dr. Martin Paul
Evison, à época na University of Sheffield e hoje na Univesity of Northumbria em New Castle
(ambas no Reino Unido).
Este ficou conhecido como “Protocolo LAF/CEMEL” e foi planejado e preparado para
atender as necessidades nacionais, levando em conta as peculiaridades da população brasileira,
como a ausência de dados antropométricos confiáveis para uma população tão miscigenada e
heterogênea como a nossa. Ao mesmo tempo, foi selecionado o maior número possível de
características antroposcópicas descritas como confiáveis na literatura para discriminação do
perfil bioantropológico, independente da população de origem.
Protocolo LAF/CEMEL: para sua correta utilização foram desenvolvidos painéis de apoio
para auxiliar na montagem do esqueleto e organização de ossos semelhantes entre si (vértebras e
costelas), além da distinção de lateralidade de costelas, ossos das mãos e dos pés. Do mesmo
modo, dois painéis contendo a sequência do exame antropológico propriamente dito. Estes
painéis foram impressos em tamanho 1,1 X 0,9 m e fixados em uma das paredes do LAF para
facilitar a consulta de dados e evitar manuseio de bibliografia com luvas potencialmente
contaminadas.
O protocolo e os painéis são bilíngues (português-inglês) para atender utilizações
internacionais. Esta característica permitiu a geração de duas publicações internacionais (EVISON
et al., 2012 a e b). O protocolo pode ser encontrado na publicação de FRANÇA (2015). Os
modelos dos painéis encontram-se disponíveis nos anexos 1 a 3.
Seguindo o protocolo LAF/CEMEL, o exame antropológico forense é dividido em 10 etapas:
I- Organização e inventário do esqueleto;
II- Estimativa do sexo;
III- Estimativa da ancestralidade;
IV- Estimativa de faixa etária (jovens e adultos);
V- Estimativa de estatura;
VI- Estimativa de destreza manual;
VII- Avaliação odontológica;
VIII- Avaliação de outros elementos (características ósseas congênitas ou adquiridas);
IX- Registro de imagens;
X- Elaboração do Laudo Antropológico Forense.
Estas etapas serão descritas a seguir de forma a permitir a compreensão individualizada
dos métodos utilizados para cada uma delas.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

I- Organização e inventário do esqueleto


Uma vez recebida uma ossada, a mesma deverá ser organizada em posição anatômica.
Deve-se usar uma mesa destinada para esta finalidade, com tampo de fácil limpeza (como
granito ou aço inox) e de preferência coberta com tecido ou papel absorvente.
Deve-se manter o máximo de atenção na correta distribuição dos ossos conforme a
lateralidade (direita ou esquerda), assim como na distribuição sequencial de ossos com
morfologia semelhante como vértebras e costelas.
Ossos maiores como crânio e ossos longos dos membros superiores e inferiores
normalmente não geram problemas para determinação de lateralidade. Já os ossos menores que
fazem parte das mãos e dos pés, as clavículas, as patelas e as costelas necessitam de maior
atenção e estudo da anatomia para seu correto posicionamento.
Do mesmo modo, a distribuição sequencial das vértebras exige atenção para distinção
entre as da região cervical, torácica ou lombar.
O painel do LAF/CEMEL tem a função de auxiliar nesta etapa. A tabela I abaixo resume
critérios anatômicos de distinção para os pontos críticos da montagem do esqueleto.
Deve-se ter em mente que erros no posicionamento anatômico de um osso podem levar a
interpretações forenses distorcidas. Por exemplo, a marca de um projétil de arma de fogo em uma
costela do lado esquerdo que é interpretada como sendo do lado direito. Isso pode gerar uma
deturpação da interpretação do posicionamento do agressor em relação à vítima e levar a um
julgamento incorreto do caso. De modo similar, uma vértebra ao ser interpretada como
posicionada mais inferior ou superior do que sua posição anatômica correta pode levar à
conclusões errôneas do trajeto e das lesões consequentes (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES,
2013).
Uma vez em posição anatômica, deve-se fazer o inventário dos ossos ausentes e dos
presentes, seguindo a lista presente no protocolo LAF/CEMEL, que vai do segmento cefálico às
extremidades inferiores. Os ossos presentes devem ser descritos como “sem alterações” na
ausência de anormalidades ou com uma descrição minuciosa caso haja alguma alteração
anatômica (deformidades, marcas, presença de elementos cirúrgicos metálicos, etc.) ou lesões
(ante-mortem, peri-mortem ou post-mortem, que serão distinguidas posteriormente). Estas
anotações vão colaborar para a elaboração final do laudo antropológico.
Para estudo e treinamento na organização de esqueletos para análise antropológica
forense seguindo os detalhamentos expostos, recomenda-se a consulta das obras de BASS (1995),
BURNS (1999), FAIRGRIEVE & OOST (2001), WHITE & FOLKENS (2005), BYERS (2008) e WHITE, BLACK &
FOLKENS (2012).
A partir do esqueleto organizado e do inventário ósseo completo, a análise antropológica
deve buscar as características biológicas com maior probabilidade de auxiliar na identificação do
indivíduo ao qual este conjunto de ossos pertenceu. Estas características são o sexo, a
ancestralidade (indevidamente chamada de raça ou etnia), a faixa etária, a estatura
aproximada, a destreza manual, a presença de elementos odontológicos e outros elementos de
especificidade (como traumas antigos ou recentes).
O protocolo LAF-CEMEL buscou selecionar as características antropológicas e os métodos
de avaliação mais confiáveis e de execução mais simples, sem perder o foco na qualidade do
resultado final do trabalho. As etapas a seguir mostram de maneira a mais sucinta possível como é
realizada a análise antropológica seguindo o protocolo LAF-CEMEL.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Tabela 1: Critérios anatômicos de distinção para os pontos críticos da montagem do esqueleto


para o exame antropológico forense.
Grupamento Peculiaridade anatômica
ósseo para distinção
Vértebras cervicais
Ausência de corpo vertebral desenvolvido + presença do forame da artéria
C1- Atlas
vertebral nos processos transversos
Processo odontóide no corpo vertebral + presença do forame da artéria
C2- Axis
vertebral nos processos transversos
Corpos vertebrais crescentes de C3-C7 + Presença do forame da artéria
C3-C7
vertebral nos processos transversos
Vértebras torácicas
Corpos vertebrais crescentes de T1-T11+ presença da faceta articular para
T1-T11 costelas nos processos transversos + facetas articulares intervertebrais
anteroposteriores acima e abaixo
Presença da faceta articular para costelas nos processos transversos + facetas
T12
articulares intervertebrais anteroposteriores acima e laterolaterais abaixo
Vértebras lombares
Corpos vertebrais crescentes de L1-L5 + ausência da faceta articular para
L1-L5 costelas nos processos transversos + facetas articulares intervertebrais látero-
laterais acima e abaixo
Costelas - lateralidade
Cabeça posicionada medialmente + sulco da artéria subclávia posicionado

para cima (pouca oscilação quando apoiada na mesa)
Cabeça posicionada medialmente + sulco vásculo-nervoso voltado para
2ª – 12ª
baixo
Costelas – distribuição vertical
1ª Curta, muito recurvada e achatada
Progressivo aumento de tamanho e aumento do ângulo da curvatura +
2ª a 7ª-8ª cabeças gradualmente mais elevadas em relação à superfície de apoio da
mesa
Progressiva redução de tamanho e mais retificadas que as costelas mais
9ª-12ª superiores, 11ª e 12ª são flutuantes e tem extremidades distais mais
pontiagudas
Clavículas - lateralidade
Faceta articular proximal é verticalizada, com área do ligamento costo-
Direita clavicular voltada para baixo, extremidade distal horizontalizada voltada para
direita
Faceta articular proximal é verticalizada, com área do ligamento costo-
Esquerda clavicular voltada para baixo, extremidade distal horizontalizada voltada para
esquerda
Patelas - lateralidade
Segura pela extremidade inferior mais pontiaguda, tomba para o lado direito
Direita
ao ser apoiada em superfície plana
Segura pela extremidade inferior mais pontiaguda, tomba para o lado
Esquerda
esquerdo ao ser apoiada em superfície plana
Distinção entre ossos das mãos e dos pés
Carpo Menores e com formas mais irregulares
Tarso Maiores e com formas mais regulares
Metacarpianos Facetas articulares proximais com superfícies mais irregulares
Metatarsianos Facetas articulares proximais com superfícies mais planas
Falanges das
Diáfises mais achatadas, difíceis de girar entre os dedos no manuseio
mãos
Falanges dos pés Diáfises mais circulares, mais fáceis de girara entre os dedos no manuseio
Lateralidade entre ossos das mãos e dos pés
Recomenda-se estritamente consultar o painel LAF/CEMEL e atlas de osteologia antes de assumir
a lateralidade como correta
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II- Estimativa do sexo


A estimativa do sexo é baseada principalmente em três elementos do esqueleto: pelve,
crânio e mandíbula. A pelve fornece elementos mais fidedignos para esta estimativa, mas o
crânio também tem grande importância. O método utilizado no protocolo LAF-CEMEL para
estimativa do sexo é antroposcópico, com uso de tabelas de decisão. A tabela 2 mostra quais os
elementos ósseos analisados e sua apresentação nos sexos masculino e feminino.

Tabela 2: Modelo de tabela de decisão com as características para estimativa do sexo em exame
antropológico segundo o protocolo LAF-CEMEL, com base na pelve, crânio e mandíbula
(VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
Pelve
Característica Sexo masculino Sexo feminino
Tamanho do ângulo sub-púbico Estreito Largo
Presença do arco ventral (ísquio) Ausente Presente
Presença da crista medial ísquio- Ausente Presente
púbica
Tamanho do sulco isquiático maior Pequeno e estreito Grande e largo
Espessura da asa do sacro Espessa e robusta Fina e delicada
Curvatura do sacro Muito curvo Pouco curvo
Tamanho da superfície auricular Grande e longa Pequena e curta
sacral (articulação sacro-ilíaca)
Projeção da superfície auricular Pouco projetada, tendendo Muito projetada, destaca-se
a plana na superfície do da superfície do osso ilíaco
osso ilíaco
Presença do sulco pré-auricular Ausente Presente

Crânio
Característica Sexo masculino Sexo feminino
Forma da glabela / pontes supra- Ressaltada, destaca-se da Delicada, tende a plana na
orbitais superfície do osso frontal superfície do osso frontal
Presença da protuberância Evidente e bem marcada Pouco evidente e pouco
occipital marcada
Tamanho do processo mastóide Grande e robusto Pequeno e delicado
Presença da crista supramastóide Presente e bem marcada Ausente ou pouco marcada
Altura / robustez do zigomático Altos e robustos Pequenos e delicados

Mandíbula
Característica Sexo masculino Sexo feminino
Tamanho e forma do mento Grande, frente reta, Pequeno, frente curva,
geralmente com duas geralmente com uma única
protuberâncias protuberância central
Abertura do ângulo mandibular Aberto e bastante saliente Pouco aberto e não-saliente
lateralmente lateralmente

Cada uma das características apresentadas na tabela 2 deve ser analisada, marcando-se
a qual sexo cada uma delas corresponde. Ao final, verifica-se a qual sexo foi atribuído o maior
número de características, o que leva à estimativa final sobre o sexo do indivíduo ao qual
pertencia a ossada. Para obtenção de descrição mais detalhada de cada uma das
características apresentadas recomenda-se a consulta das obras de BASS (1995), BURNS (1999),
FAIRGRIEVE & OOST (2001), WHITE & FOLKENS (2005), BYERS (2008) e WHITE, BLACK & FOLKENS
(2012).
Em caso de empate no número de características na tabela de decisão ou presença de
características duvidosas, recomenda-se finalizar a análise com a conclusão de que não foi
possível estimar o sexo no esqueleto. Felizmente esta situação é bastante rara. Desde sua
inauguração, o LAF-CEMEL teve somente um único caso com elementos ósseos preservados no
qual não foi possível realizar a atribuição final de sexo, pois a pelve indicava sexo masculino
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enquanto o crânio indicava feminino (levantou-se a suspeita de que as partes ósseas pudessem
pertencer a pessoas distintas).
Quando possível pode-se complementar o protocolo com a análise de características
menos utilizadas na prática, mas descritas na literatura, como a extremidade distal do úmero,
entre outras, ou ainda, utilizar métodos antropométricos descritos na literatura, mas com a ressalva
de que esses métodos, além de serem muito mais trabalhosos na execução, na sua maioria
carecem de estudos de padronização e validação tanto na forma de coleta das medida (erros
intraobservador e interobservadores) como para aplicação dos resultados para a população
brasileira, reconhecidamente miscigenada. Estudo recente realizado no LAF/CEMEL (Moretto et
al., 2016) mostrou que o método de estimativa de sexo pelo método do triângulo da mastoide no
crânio têm eficiência e eficácia muito limitadas para a amostra de esqueletos brasileiros utilizada,
chegando à conclusão que esta metodologia não é recomendável para estimativa de sexo
tendo em vista a probabilidade elevada de diagnosticar crânios masculinos como femininos.

III- Estimativa da ancestralidade


Ancestralidade é atualmente o termo mais aceito mundialmente pelos profissionais da
Antropologia Forense em relação aos dois outros termos que já foram utilizados – etnia e raça. O
termo etnia incorpora em sua definição elementos relacionados à cultura, que não são passíveis
de análise antropológica forense do esqueleto. O termo raça, apesar de ser tratado como
sinônimo com ancestralidade passou a ter uma conotação duvidosa em virtude dos preconceitos
sociais. No protocolo LAF-CEMEL prefere-se utilizar o termo ancestralidade em consonância com
esta tendência mundial.
Deve-se sempre manter o foco no fato de que a estimativa de ancestralidade constitui um
dos objetivos mais difíceis da análise antropológica forense. A estimativa é realizada
prioritariamente pela avaliação do crânio. Existe uma enorme lista de características passíveis de
utilização para esta estimativa.
Trabalha-se predominantemente com as ancestralidades europeia (caucasiana), negroide
(africana), oriental/indígena (mongoloide).
Há uma dificuldade em se distinguir as ancestralidades oriental e indígena, reconhecida
na literatura da área de Antropologia Forense. Isto se deve à possível origem histórica dos
indígenas do continente americano como provenientes de populações ancestrais do extremo
oriente asiático que teriam migrado pelo estreito de Bering (entre os atuais Alasca e Sibéria)
durante a época da glaciação. Assim, estes dois grupos populacionais teriam uma origem
comum, o que geraria traços ósseos e odontológicos semelhantes e dificuldade de distinção entre
eles (TURNER, 1985 e 1994).
No protocolo LAF-CEMEL não foi incluída uma tabela de decisão rígida para a estimativa
de ancestralidade. Isso porque, no Brasil, existe uma grande miscigenação de diferentes
ancestralidades, sendo que os padrões de características anatômicas para as possíveis
combinações e seus efeitos ao longo de gerações ainda não foram descritos na literatura
mundial. A ausência de publicações nacionais contemporâneas indexadas também dificulta este
processo de análise.
Assim, na tabela 3 são apresentadas algumas das características usadas no protocolo LAF-
CEMEL para estimativa de ancestralidade, não esquecendo que podem ser acrescentadas novas
características, inclusive que não sejam do crânio, nesta avaliação, de acordo com as
necessidades específicas de cada caso. Exemplos de crânios de diferentes ancestralidades com
bases nos dados da tabela 3 são apresentados na figura 1.
Como pode ser notado na tabela 3 não são previstas características para tipos
miscigenados. Em nossa experiência na execução do protocolo LAF-CEMEL constatou-se que em
casos de ossadas que foram identificadas e os indivíduos tinham ancestralidade mista, havia uma
composição de características das ancestralidades fundamentais, mais do que a presença de um
tipo intermediário entre estas. Portanto, indivíduos miscigenados parecem ser um “mosaico” das
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

diferentes características e não o resultado intermediário de mistura dessas características


(VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
O exemplo mais comum observado na prática é no caso da miscigenação europeia e
africana na qual se observa, por exemplo, menor largura nasal (característica caucasiana)
juntamente com a presença de depressão no pós-bregma (característica africana) ou vice-versa.
No caso da tabela de decisão, observam-se resultados tanto para uma ancestralidade
como para outra. Mais do que considerar o resultado duvidoso, no Brasil deve-se interpretar a
ocorrência de miscigenação nesses casos.
Na figura 2 são apresentadas imagens de crânios nos quais foram detectados sinais de
miscigenação de ancestralidades com características morfológicas compostas como
anteriormente descritas.
As considerações sobre os aspectos de crânios miscigenados são observações que se
baseia nas evidências das análises realizadas no LAF-CEMEL, principalmente na dissertação de
mestrado de VELLOSO (2012). O manuscrito para publicação encontra-se em fase final de
preparação.

Tabela 3: Lista de algumas das características para estimativa de ancestralidade no exame


antropológico segundo o protocolo LAF-CEMEL, com base na pelve, crânio e mandíbula
(VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
Crânio
Característica Caucasiana Africana Mongoloide
Comprimento Intermediário Longo Curto
Formato Arredondado Baixo e longo Curto e alto

Nariz
Característica Caucasiana Africana Mongoloide
Topo Alto e estreito Baixo e largo Intermediário
Dorso Alto Baixo Baixo
Base (espinha nasal) Pronunciada Pequena Pequena
Borda inferior Em sela Sulcada Plana
Largura Estreita Larga Média

Face
Característica Caucasiana Africana Mongoloide
Perfil Reto Projetado Intermediário
Forma Estreita Estreita Larga
Forma das órbitas Angular Retangular Arredondadas
Borda inferior das órbitas Retraída Retraída Projetada

Abóboda craniana
Característica Caucasiana Africana Mongoloide
Borda superior das órbitas (superciliares) Pronunciada Suave Suave
Marcas musculares Evidentes Suaves Suaves
Desenhos das suturas Simples Simples Complexos
Pós-bregma Plano Deprimido Plano

Mandíbulas e dentes
Característica Caucasiana Africana Mongoloide
Tamanho da mandíbula Pequena Grande Grande
Forma do palato Parabólico Hiperbólico Elíptico
Incisivos superiores Espatulado Espatulado Arredondado

Nos casos de ausência ou dano extenso do crânio, outros elementos ósseos como pelve,
escápula e fêmur, podem ser utilizados para estimativa de ancestralidade, mas com menor
confiabilidade.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Para estudos mais aprofundados sobre características de ancestralidade recomenda-se a


leitura das obras de BASS (1995), BURNS (1999), FAIRGRIEVE & OOST (2001), GILL & RHINE (1990),
WHITE & FOLKENS (2005), BYERS (2008) e WHITE, BLACK & FOLKENS (2012).
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

A B

C D

E F

Figura 1: A e B - Crânio com características de ancestralidade caucasiana, frente e perfil; C e D -


Crânio com características de ancestralidade africanas, frente e perfil; E e F- Crânio com
características de ancestralidade oriental/indígena, frente e perfil. Reproduzido e adaptado de
Francisco (2011).
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

A B

C D

E F

Figura 2: A e B - Aspecto de crânio feminino com elementos sugestivos de miscigenação


caucasiana e africana, frente e perfil; C e D - Aspecto de crânio masculino com elementos
sugestivos de miscigenação caucasiana e africana, mas com aspecto distinto do anterior, frente
e perfil; E e F - Aspecto de crânio masculino com elementos sugestivos de miscigenação
caucasiana e mongolóide, frente e perfil.

IV- Estimativa de faixa etária (jovens e adultos)


No protocolo LAF-CEMEL, para estimativa de idade em jovens (subadultos) são utilizados os
gráficos de fechamento de cartilagens epifisárias dos trabalhos de MCKERN & STEWART (1957) e
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

BUIKSTRA & UBELAKER (1994) reproduzidos em WHITE & FOLKENS (2005) e WHITE, BLACK & FOLKENS
(2012).
Já para a estimativa de idade em adultos o protocolo LAF-CEMEL faz uso de seis
metodologias de estimativa de idade descritas na literatura mundial e utilizadas em laboratórios
de Antropologia Forense. São elas: a) Fechamento da cartilagem da epífise medial das clavículas,
b) Superfície da sínfise púbica, c) Superfície da articulação sacroilíaca (auricular do ilíaco), d)
Extremidade distal (esternal) da quarta costela, e) Fechamento das suturas cranianas e, f)
Alterações anatômicas das vértebras.
Tanto na estimativa de idade de esqueletos de jovens como na de adultos utiliza-se a
antroposcopia com resultados analisados através de gráficos de faixa de abrangência. As
descrições resumidas a seguir foram apresentadas em VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES (2013)
e atualizadas para este texto.
a) Fechamento da cartilagem da epífise medial das clavículas: é a primeira característica a
ser avaliada para estimativa de idade. Estas cartilagens têm seu fechamento entre os 15 e
os 32 anos de idade, mas geralmente se encontra fechada ao redor dos 23 anos. É a
última cartilagem epifisária a se fechar (BURNS, 1999) e por este motivo, se forem
verificadas como abertas, justifica-se a continuidade da investigação de idade como para
indivíduos jovens. Caso estejam fechadas, como para indivíduos adultos.
b) Superfície da sínfise púbica: Tem seis estágios de faixa etária determinados por BROOKS &
SUCHEY (1990) (in: BUIKSTRA & UBELAKER, 1994; WHITE & FOLKENS, 2005; WHITE, BLACK &
FOLKENS, 2012), para os sexos masculino e feminino, com características próprias. Em
termos gerais evolui de uma superfície densa com relevo ondulado horizontal bem
marcado com bordas mal delineadas nos adultos jovens, passando por uma superfície
densa, plana com bordas delineadas regulares nos adultos plenos e evoluindo para uma
superfície porosa, deprimida, com bordas delineadas irregulares nos adultos mais velhos.
c) Superfície da articulação sacroilíaca (auricular do ilíaco): Tem oito estágios evolutivos de
faixa etária descritos por LOVEJOY et al. em 1985 (WHITE & FOLKENS, 2005; WHITE, BLACK &
FOLKENS, 2012) para os dois sexos sem distinção. Evolui de uma superfície granulosa fina
com relevo ondulado nos adultos jovens para uma superfície granulosa evidente com
estrias nos adultos plenos e tende a uma superfície irregular com perda da granularidade e
marcada atividade óssea nas bordas nos adultos mais velhos.
d) Extremidade distal (esternal) da quarta costela: Tem oito estágios evolutivos de faixas
etárias, descritos por ISÇAN, LOTH & WRIGHT (1984 a; 1984 b e 1985 in: BASS, 1995) para os
sexos masculino e feminino, com características próprias. Evolui de uma superfície plana e
sem bordas nos mais jovens para um formato de taça com centro deprimido e bordas finas
mais elevadas com o avanço da idade. Quanto mais avança a idade há a tendência de
formação de espículas ósseas nas bordas que se tornam cada vez mais irregulares.
e) Fechamento das suturas cranianas: utiliza a análise da superfície externa de suturas
cranianas determinadas numeradas de 1 a 10, através da atribuição de notas (scores),
distribuídas em dois grupos segundo a descrição de BUIKSTRA & UBELAKER em 1994 (WHITE
& FOLKENS, 2005; WHITE, BLACK & FOLKENS, 2012). Para sutura aberta é atribuída nota zero
(0); para sutura fechada, mas com linha visível é atribuída nota um (1); para sutura
fechada com pontes de tecido ósseo entre os lados é atribuída nota dois (2); para sutura
fechada com linha apagada é atribuída nota três (3). Faz-se a somatória das notas das
suturas de 1 a 7 em um grupo e a somatória das notas das suturas de 6 a 10 em outro
grupo. Cada somatória gera um valor que permite a estimativa de uma faixa etária.
f) Alterações anatômicas das vértebras: descritas desde o fechamento do anel epifisário nos
jovens até a formação de alterações osteoartríticas (osteofitos) nos adultos a partir dos 30
anos, por ALBERT & MAPLES em 1995 (in: BURNS, 1999). É o mais impreciso dos seis métodos,
por distinguir somente duas décadas de vida, mas serve principalmente como a
confirmação de idade adulta e envelhecimento.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Para cada um dos métodos é obtida uma faixa etária. Estas faixas devem ser distribuídas em
um gráfico de faixas de abrangência para então se obter a faixa etária final que resuma todas as
análises. Geralmente calcula-se um valor que á a idade média aproximada do indivíduo, mas que
tem valor meramente ilustrativo para divulgação, sendo mais importante a variação que a idade
pode atingir.
Deve ser salientado que a variação na idade não deve ser interpretada unicamente como
imprecisão do método. Na análise antropológica forense, deve-se considerar que é preferível ter
mais famílias procurando por uma mesma ossada (para posterior exclusão dos que não são os
reais familiares) do que ter famílias que não a procurem porque a estimativa da faixa etária foi
muito estreita e não foi considerada uma margem de erro de um ou dois anos para mais ou para
menos. Uma faixa etária com amplitude aproximada de 10 anos (5 anos acima e abaixo da
média) ainda é aceitável para fins forenses.
Mais detalhes sobre estimativa de idade podem ser obtidos em BASS (1995), BURNS (1999),
BYERS (2008), EVISON (2009), FAIRGRIEVE & OOST (2001), WHITE & FOLKENS (2005) e WHITE, BLACK &
FOLKENS (2012).

V- Estimativa de estatura
A estimativa de estatura no esqueleto é feita prioritariamente através da antropometria e
aplicação das medidas ósseas de ossos longos em equações de regressão estabelecidas na
literatura. Os ossos longos devem ser medidos utilizando-se uma tábua osteométrica e
respeitando-se as regras de medida peculiares a cada osso conforme padronizado
internacionalmente e apresentado painel LAF-CEMEL.
Por convenção, prioriza-se medir ossos do lado direito. Em escala de importância e
precisão de resultados utiliza-se primeiramente o fêmur, seguido de tíbia, fíbula, úmero, ulna e
rádio nesta sequência.
Existem várias tabelas com equações de regressão para estimativa de estatura produzidas
por diferentes autores. A mais conhecida e utilizada é a de TROTTER & GLESER de 1952 e 1977
(BURNS, 1999), sendo esta a selecionada para utilização no protocolo LAF-CEMEL.
As fórmulas de regressão foram geradas a partir de estudos populacionais em que ossos
longos de pessoas com estatura conhecida (em vida) foram medidos. Estas medidas permitiram a
elaboração de fórmulas nas quais se multiplicam a medida do osso longo (em centímetros) por
um valor estabelecido matematicamente, sendo este resultado somado a um fator de correção,
que gera um valor (também em centímetros) que corresponde à estatura em vida. A este valor
deve ser subtraído e adicionado o valor do desvio padrão populacional, o que fornece uma faixa
de estatura, com valores mínimo e máximo.
As equações de regressão levam em consideração o sexo e a ancestralidade da pessoa.
Por isso essas duas características antropológicas devem ser estimadas antes da avaliação da
estatura para que a equação correta seja aplicada.
No Brasil, como ainda não há estudos concretos sobre o efeito do padrão de
miscigenação nos cálculos para estimativa de estatura, recomenda-se que sejam calculadas as
faixas de estatura para cada ancestralidade possível na miscigenação avaliada. Em seguida, que
seja utilizado o valor mínimo obtido para a ancestralidade que gerar a menor estatura e,
opostamente, o valor máximo obtido para a ancestralidade que gerar a maior estatura,
oferecendo a média entre os dois valores como a estatura média (unicamente para fins de
divulgação).
Um trabalho desenvolvido no LAF-CEMEL por FERNANDES et al. (2010) demonstrou que o
primeiro metacarpiano tem relação de isometria com o fêmur, correspondendo à um décimo do
comprimento deste último, o que permite estimar a estatura usando os mesmos cálculos válidos
para o fêmur com base na multiplicação do comprimento do primeiro metacarpiano por 10.
Recomenda-se a leitura de BASS (1995), BURNS (1999), BYERS (2008), EVISON (2009),
FAIRGRIEVE & OOST (2001), WHITE & FOLKENS (2005) e WHITE, BLACK & FOLKENS (2012) para melhor
entendimento e aplicação das equações de regressão nas estimativas de estatura.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

VI- Estimativa de destreza manual


A estimativa da destreza manual é importante na análise antropológica. Apesar de se
conhecer que a maioria da população é destra, a detecção de indivíduos sinistros (“canhotos”)
pode favorecer muito o processo de identificação individual ou, no mínimo, levar à exclusão de
indivíduos.
Para isso, utiliza-se a combinação de antroposcopia e antropometria com resultados
analisados em uma tabela de decisão, conforme padronizado no protocolo LAF-CEMEL. Salienta-
se que para esta estimativa é estritamente necessário comparar as mesmas características nos
ossos dos membros superiores direito e esquerdo.
Na ausência ou dano de ossos de um dos lados, a característica a ser avaliada deve ser
considerada como “prejudicada”.
A tabela 4 apresenta estas características para análise nos diferentes ossos do membro
superior, para estimativa de destreza manual.

Tabela 4: Modelo de tabela de decisão com as características para estimativa de destreza


manual em exame antropológico segundo o protocolo LAF-CEMEL, com base em ossos do
membro superior (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
Clavícula
Característica Destro Sinistro
Comprimento máximo MENOR à direita MENOR à esquerda
Área de ligação do ligamento costo-clavicular Maior à direita Maior à esquerda

Úmero
Característica Destro Sinistro
Máxima distância biepicondilar Maior à direita Maior à esquerda
Largura do sulco intertubercular Maior à direita Maior à esquerda
Diâmetro do forame nutriente Maior à direita Maior à esquerda

Rádio
Característica Destro Sinistro
Distância do tubérculo dorsal ao processo estiloide Maior à direita Maior à esquerda
Área de ligação do bíceps Maior à direita Maior à esquerda
Somatória dos comprimentos do úmero e do rádio Maior à direita Maior à esquerda

Notar que na tabela 4, no item comprimento máximo da clavícula, evidenciou-se em letras


maiúsculas que este osso é menor do lado dominante, enquanto em todos os outros itens as
dimensões são maiores no lado dominante. Isso se deve ao fato de que a clavícula é um osso
com formato aproximado de “S”, que acentua suas curvaturas quanto maior sua utilização, o que
leva a um encurtamento que pode chegar a cerca de 0,5 cm em relação ao lado não
dominante (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).
Mais informações sobre estimativa de destreza manual podem ser obtidas em BASS (1995),
BURNS (1999), BYERS (2008), EVISON (2009), FAIRGRIEVE & OOST (2001), WHITE & FOLKENS (2005) e
WHITE, BLACK & FOLKENS (2012).

VII- Avaliação odontológica


A avaliação dos elementos dentários e estruturas relacionadas é prevista no protocolo LAF-
CEMEL. Deve-se verificar a presença ou ausência de dentes, seu estado de conservação ou
reparo, alinhamento, desgaste, presença de aparelhos ortodônticos, próteses, implantes, etc.
No caso de indivíduos jovens, a sequência de erupção dos dentes é de grande valia para
maior precisão da estimativa de idade, como reconhecido na literatura nacional e internacional.
Todavia, mesmo que realizada cuidadosamente dentro do protocolo, considera-se que
esta seja uma avaliação preliminar. Sempre é solicitada a avaliação especializada de um
profissional da área de odontologia para que o exame odontológico seja confiável e respeite os
limites ético-profissionais entre a área médica e odontológica.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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Deve-se lembrar de que nos dias atuais, por se tratar de método primário de identificação
conforme a INTERPOL (2014), cerca de 60% dos casos de identificação forense em casos de
desastres em massa deve-se a análise odontológica forense e por isso reforça-se a necessidade
da avaliação profissional específica, já que esta constitui capítulo à parte dentro das ciências
forenses.

VIII- Avaliação de outros elementos (características ósseas congênitas ou adquiridas)


Além das características pré-estabelecidas no protocolo LAF-CEMEL, outras que sejam
detectadas devem ser anotadas, quando presentes.
Deformidades ou patologias ósseas sempre devem ser descritas em função de sua
particularidade, que pode, às vezes, levar à identificação individual com maior facilidade do que
o conjunto do exame antropológico como um todo. Registros fotográficos são essenciais para
comparação com prontuários médicos e exames de imagens obtidos por familiares.
Fraturas devem ser distinguidas, sempre que possível, como ocorridas: a) ante-mortem; b)
peri-mortem; ou c) post-mortem (Figura 3).
a) Fraturas ante-mortem: são aquelas em que o indivíduo estava vivo quando ocorreram e
houve tempo suficiente para sua reparação, cicatrização e formação de calo ósseo, que
é sua principal característica morfológica a ser detectada no exame antropológico.
b) Fraturas peri-mortem: são aquelas de ocorrência associada ao momento da morte e
podem guardar relação com a causa de morte do indivíduo. De uma forma grosseira, são
diagnosticadas através de sua coloração, pois nesta situação as superfícies fraturadas
geralmente têm a mesma coloração da superfície dos ossos, o que indica que o processo
de putrefação dos tecidos ocorreu também na linha de fratura impregnada por sangue
extravasado nos últimos momentos de vida ou imediatamente após a morte.
c) Fraturas post-mortem: são aquelas ocorridas algum tempo após a morte, quando o
processo de putrefação já aconteceu totalmente ou em sua maior parte. São fraturas
ocasionadas geralmente de forma acidental, nos ossos sem tecidos moles. A superfície das
linhas de fratura normalmente são mais claras que a superfície dos ossos, pois não houve
impregnação por sangue no local e nem ação da putrefação.
Lesões peculiares dos ossos, como orifícios de entrada e saída de projéteis de armas de fogo
devem ser detalhadamente descritas e fotografadas, uma vez que constituem evidência nítida
da causa de morte e permitem, às vezes, estimar o trajeto do projétil, órgãos lesados, posição da
vítima em relação ao agressor, etc. O mesmo raciocínio é valido para lesões produzidas por outros
tipos de instrumento lesivos (perfurantes, cortantes, pérfuro-cortantes, contundentes e corto-
contundentes).
A presença de artefatos cirúrgicos nos ossos exige especial atenção. Placas metálicas,
parafusos, hastes intramedulares, fios metálicos ou outros materiais, geralmente de uso ortopédico,
são elementos que podem levar à identificação. A descrição cuidadosa e o registro fotográfico
são fundamentais, pois há clara indicação de que a pessoa vitimada recebeu tratamento
médico hospitalar durante a vida e que há um prontuário e possivelmente registros de exames
médicos por imagens que podem ser obtidos por familiares para viabilizar a identificação.
Pertences, peças de vestuário e outros objetos encontrados juntamente com os ossos devem
ser cuidadosamente descritos, com tamanho ou numeração, cor, forma, modelo, etc. O registro
fotográfico deve ser feito mostrando as peças em diferentes ângulos para facilitar seu
reconhecimento.
No caso de corpos em putrefação que foram previamente submetidos ao processo de
redução de tecidos, algumas peculiaridades como cor ou aspecto dos cabelos, presença de
barba ou bigode, mamas, tatuagens, entre outras, que possam ter sido observadas, devem ser
descritas e sempre fotografadas para inclusão no laudo. Estes dados devem ser incluídos nas
seções “D” e “E” do protocolo LAF-CEMEL.
Estes são somente alguns exemplos dentro das vastas possibilidades de elementos que
podem surgir em um exame antropológico forense. O importante é sempre manter a atenção
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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para pequenos detalhes, pois qualquer um deles pode ser responsável pela identificação de um
indivíduo.

Figura 3: Costelas com diferentes tipos de fratura. A- Fratura ante-mortem com calo ósseo (seta
larga); B- Fratura peri-mortem, com coloração da linha de fratura igual à da superfície óssea; C-
Fratura post-mortem com linha de fratura mais clara que a superfície óssea (setas estreitas).
Reproduzido de Francisco (2011).

IX- Registro de imagens


Todos os registros de imagens de um exame antropológico forense devem ser
propriamente identificados como pertencentes a uma ossada em particular. Sempre que possível,
a imagem deve conter o número de referência do caso e uma escala de medida para que se
tenha a noção aproximada do tamanho da peça fotografada.
Se necessário, podem ser incluídos elementos gráficos como setas, números ou letras para
indicar diferentes pontos de interesse em uma mesma imagem.
A figura 4 mostra exemplos de imagens de casos do LAF-CEMEL com estas características.
Nunca é demais relembrar que uma imagem diz mais que mil palavras. Um laudo
ricamente ilustrado pode ser mais esclarecedor do que outro somente descritivo.
O registro fotográfico dos pertences encontrados associados aos remanescentes ósseos
pode colaborar de forma decisiva para que familiares ou conhecidos da vítima venham a
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reclamar seus restos mortais, ou ainda, que a causa da morte seja esclarecida. Essas imagens
também devem constar do laudo, do mesmo modo que sua descrição detalhada no corpo do
laudo e de forma sumarizada no resumo da primeira página.

A B

C D

E
Figura 4: Exemplos de registros de imagens para
o exame antropológico forense. A- Orifício de
entrada de projétil de arma de fogo; B- Orifício
de saída de projétil de arma de fogo; C-
Fratura craniana por instrumento contundente,
seta negra mostra o ponto de impacto, setas
brancas as fraturas irradiadas; D- Equimose
subperiostal por instrumento contundente na
área circulada da tíbia; E- Projéteis de arma de
fogo, primeiro à esquerda de calibre distinto
dos demais.

X- Elaboração do Laudo Antropológico Forense


O laudo antropológico forense, com base no protocolo LAF-CEMEL, apresenta um relatório
completo contendo todas as características descritas e analisadas apresentadas até aqui. A
descrição utilizando o vocabulário científico e anatômico é necessária para correta compreensão
e interpretação por outros profissionais da área pericial.
Porém, na primeira página do laudo existe um espaço reservado especificamente para
uma descrição sumarizada de tudo que foi encontrado no exame, em um linguajar simples e
inteligível ao maior número de pessoas possível. Deve-se lembrar que as autoridades que solicitam
o exame antropológico forense não têm necessariamente a obrigação de conhecer e entender
o vocabulário médico, odontológico e antropológico envolvido no exame.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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Do mesmo modo, a divulgação desse resumo em linguagem mais clara e acessível possível
para a população em geral é que permitirá que familiares ou conhecidos da vítima procurem o
LAF e se apresentem para reclamar a sua identificação.
O laudo deve ser lido e revisado por todos aqueles que participaram e efetivamente
contribuíram para sua elaboração, tendo seus nomes constantes no mesmo.
O responsável pelo laboratório de Antropologia Forense deve assinar os laudos para
encaminhamento às autoridades solicitantes.

Outras Considerações sobre o Exame Antropológico Forense

Divulgação dos resultados


A divulgação dos resultados de um exame antropológico forense é tão necessária quanto
a sua execução. Deve-se procurar sempre manter um bom contato com os profissionais da
imprensa que colaboram para a sua ampla divulgação. Imprensa escrita, rádio, televisão, internet
são veículos de mídia importantes e necessários para esta finalidade.
Um exame antropológico muito bem executado, com um laudo precisamente elaborado,
mas não corretamente divulgado, torna todo o trabalho desenvolvido inútil.
Após uma divulgação efetiva e eficiente, espera-se que familiares ou conhecidos
procurem o serviço para reclamar a identificação de uma ossada suspeita de pertencer a uma
determinada pessoa. A partir daí começa a fase de coleta de informações ante mortem para
comparação com os dados obtido no exame dos restos mortais.

Comparação dos resultados


As informações fornecidas por familiares ou conhecidos são registradas em um
questionário padronizado que permite a comparação com os dados obtidos no exame
antropológico.
Este questionário visa as mesmas informações do protocolo LAF-CEMEL organizadas de
uma maneira que melhore o potencial para a identificação. Inclui a solicitação de registros
complementares como fotos do indivíduo em vida, imagens de raios-X ou outros exames de
imagens, prontuários médicos e odontológicos entre outros.
Obtidas as informações, a comparação é feita e pode-se concluir pela identificação
propriamente dita, pela suspeita de identificação, pela possibilidade de identificação ou
improbabilidade ou exclusão de identificação. Por isso a necessidade de coleta de amostras para
exames de DNA antes do início dos procedimentos.
Importante salientar que muitas famílias procuram o LAF-CEMEL à procura de ossadas
como potenciais familiares. Mas nem todas as pessoas desaparecidas deram entrada nessa
situação, ou como um cadáver putrefeito irreconhecível e não identificado. Muitos indivíduos dão
entrada quer pelo Instituto Médico Legal (como não identificados, ou seja, desconhecidos), quer
pelo Serviço de Verificação de Óbitos (como indigentes, ou seja, identificados, mas não
reclamados).
Antes do LAF-CEMEL todos eram sepultados em um cemitério municipal, inviabilizando
futuras chances de identificação. Após o LAF-CEMEL, todos os corpos com rostos relativamente
bem preservados são fotografados e seus dados mantidos em um livro de registros, que permite
que familiares realizem uma busca de reconhecimento (Figura 5).
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

A B

Figura 5: A- Imagem do livro de registros de


desconhecidos e indigentes, que deram
entrada com faces relativamente bem
preservadas, com potencial de
reconhecimento para identificação.
A- Aspecto do volume 3, atualmente em uso.
B e C- Imagens de dois casos registrados que
foram identificados. Notam-se, além da foto da
face, todas as informações que permitem que
se localize o corpo para retorno aos familiares.
As tarjas nas imagens foram colocadas para
preservação da imagem das faces. Os dados
não foram ocultados por serem de domínio
público.

Este procedimento simples, mas fundamental, viabilizou o reconhecimento e a


identificação de muitos indivíduos por parte de familiares, que puderam recuperar seus restos
mortais do cemitério municipal e dar a eles as suas homenagens e destino definitivo, tendo assim
importante função humanitária, além da científica e social. Esta atividade é mantida
principalmente pelo trabalho de SILVEIRA, (MARTIN et al., 2008).
Além disso, o estudo controlado de 120 exumações realizado no LAF/CEMEL por
FRANCISCO (2015) com o apoio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão
Preto (CODERP), órgão responsável pela administração do Cemitério Bom Pastor, colaborador da
pesquisa, mostrou a importância da antropologia forense na identificação humana, mas também
as modificações necessárias que devem ser feitas para que este processo ocorra da maneira mais
rápida e eficaz.
Este estudo não só validou o Protocolo LAF/CEMEL para a utilização em populações
miscigenadas, como também demonstrou as lacunas atualmente existentes nas documentações
de cemitérios que podem ser facilmente corrigidas. Isso permitiu fazer sugestões de modificações
nas guias de sepultamento, como a inclusão dos parâmetros estatura e destreza manual nas
mesmas, o que viabilizará a longo prazo estudos controlados de maior qualidade em
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Antropologia Forense, além de chamar a atenção para o fato da importância que se tem um
preenchimento correto deste documento para casos de futuras investigações de identidade.

Questões de difícil elucidação


Existem várias perguntas que o exame antropológico pode não responder sobre uma
pessoa a qual pertencia uma ossada. Mas há duas que se repetem com mais frequência nas
solicitações desse tipo de exame.
A primeira pergunta é sobre o intervalo de tempo entre a morte e o encontro dos restos
mortais. Quanto maior o tempo entre a morte e o encontro mais imprecisa será sua estimativa, ao
ponto de que, quando a putrefação estiver muito avançada ou só restarem elementos ósseos,
isso se torne inviável (dentro de limites de confiança) na prática. Na maioria dos casos somente é
possível estimar o tempo de morte para intervalos de tempo pequenos, entre horas e alguns dias,
no máximo poucas semanas, eventualmente.
No Brasil, com sua diversidade climática, pode-se imediatamente deduzir que o processo
de putrefação será mais rápido em lugares mais quentes e mais lento em locais com
temperaturas mais baixas. Chuvas, sepultamento na terra ou em túmulos cimentados, exposição
ao sol, acesso de insetos e outros animais predadores modificam drasticamente a estimativa do
tempo de morte. Seriam necessários estudos regionais envolvendo todas as variáveis tafonômicas
mencionadas para se estabelecer parâmetros confiáveis, o que ainda não é observado na
literatura.
A segunda pergunta, menos frequente que a anterior, é sobre o peso corporal do indivíduo
em vida. Apesar de alguns trabalhos publicados sobre o assunto, ainda não há elementos ósseos
cientificamente reconhecidos na literatura para permitir este tipo de estimativa com
confiabilidade.

Exame antropológico forense em fetos e crianças


Fetos e crianças apresentam características relacionadas ao crescimento e
desenvolvimento de ossos e cartilagens tão peculiares que necessitam de análise separada.
Há compêndios e dados científicos publicados sobre este tema que permitem obter dados
importantes sobre a fase inicial do desenvolvimento do ser humano que são de interesse forense.
Todavia, este tipo de análise antropológica requer um capítulo à parte para seu entendimento e
constitui uma ultra especialização dentro da Antropologia Forense, tema este que foge ao
escopo deste texto.
As poucas análise realizadas no LAF-CEMEL basearam-se nas informações publicadas por
SCHEUER & BLACK (2004) e BAKER, DUPRAS & TOCHERI. (2005).

Considerações finais

A Antropologia Forense é uma área do conhecimento dentro da Medicina Legal e


Ciências Forenses que permite obter, através da análise do esqueleto humano, informações sobre
o sexo, a ancestralidade, a idade, a estatura, a destreza manual, características odontológicas,
alterações anatômicas, lesões e seus tratamentos médicos, entre outras características. Sua
correta execução e a redação de laudos os mais completos possíveis, bem descritos e ilustrados
contribui efetivamente para identificação de pessoas.
Além disso, possui um relevante papel social para as famílias, que podem dar um destino
digno aos restos mortais de seus entes queridos e pleitear seus direitos legais. Pior do que ter uma
pessoa morta na família é ter uma pessoa desaparecida. O sofrimento só cessará quando houver
a certeza do que aconteceu com o desaparecido. Mesmo que a morte não seja a melhor
notícia, ela será melhor do que a constante busca na incerteza (VELLOSO, FRANCISCO e
GUIMARÃES, 2013).
No LAF-CEMEL as chances de identificação de uma ossada bem preservada com
elementos ósseos suficientes para análise variam de 73,8% a 90,5%. Pode não ser atingida a
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

situação desejada de identificação de todos os casos, mas é uma perspectiva muito melhor do
que aquela anterior a 2005, quando o LAF-CEMEL foi implantado, em que as chances de
identificação de ossadas eram praticamente nulas (VELLOSO, FRANCISCO e GUIMARÃES, 2013).

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VELLOSO, A.P.S.; FRANCISCO, R.A.; GUIMARÃES, M.A. - Capítulo 4: Antropologia Forense. Livro:
Ciências Forenses - uma introdução às principais áreas da criminalística moderna - 2a Edição.
Organizadores: Jesus Antonio Velho, Gustavo Caminoto Geiser, Alberi Espíndula. ISBN: 978-85-7625-
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Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
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São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1
LEGENDAS PARA ANEXOS

Anexos 1 a 3

Painéis de apoio para execução do exame antropológico forense de acordo com o Protocolo LAF/CEMEL.

Anexo 1

Painel para orientação sobre organização do esqueleto em posição anatômica, com ilustrações facilitadoras para
ossos irregulares, de padrão repetitivo como vértebras e costelas e de orientação sobre lateralidade.

Anexo 2

Painel para orientação ilustrada sobre metodologias utilizadas no Protocolo LAF/CEMEL sobre estimativa de sexo
pela pelve, pelo crânio, ancestralidade e idade em adultos.

Anexo 3

Painel para orientação ilustrada sobre metodologias utilizadas no Protocolo LAF/CEMEL sobre estimativa de idade
em jovens, estatura, destreza manual e orientações básicas sobre exame odontológico.
Guimarães, M.A., Francisco, R.A. and Evison, M.P. Antropologia Forense. In Velho, J.A., Geiser, G.C. and Espindula, A. (eds.),
Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Elaborado pelo Prof. Dr. Marco Aurelio Guimarães, para o projeto “ UK-Brazil Scientific Cooperation – Forensic Anthropology and Identification of Human Remains”.
® Reprodução e utilização permitidas desde que mencionada a fonte, sem fins comerciais.

Skeleton Hand Foot

Falanges

Falanges

Metacarpianos Metatarsianos

Lados para os Metacarpianos

Lados para os Metatarsianos

Escafóide Semi-lunar

Vertebral
Column

Talus Calcâneo

Piramidal Pisiforme

Cubóide Navicular

Trapézio
Trapézóide

Capitato Hamato Cuneiforme Intermédio

Cuneiforme medial

Ribs

Patella

Cuneiforme lateral

Referências /
References
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and field manual, 4th edition.
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Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
São Paulo, SP: Millennium Editora, p. 57-82 [in Portuguese]. ISBN 978-85-7625-347-1

Elaborado pelo Prof. Dr. Marco Aurelio Guimarães, para o projeto “ UK-Brazil Scientific Cooperation – Forensic Anthropology and Identification of Human Remains”.
® Reprodução e utilização permitidas desde que mencionada a fonte, sem fins comerciais.

Sexing of pelvis Sexing of skull Idade em adultos / Age in adults Idade em adultos / Age in adults
Pelve: visão geral / Pelvis: general Final esternal da 4ª costela / 4th sternal rib
view Crânio: visão geral / Cranium: general view Epífise medial da clavícula / Medial clavicle end
epiphysis

♂ ♀

Dos 15 aos 32 anos / From 15 to 32


y.o.

♂ ♀ ♂
Sínfise púbica / Pubic symphysis

Tamanho do ângulo sub-púbico / Size of subpubic


angle

Forma da glabela / crista supra-orbital / Shape of glabella / supraorbital


ridges
Presença da protuberância occipital / Presence of occipital protruberance
Tamanho do processo mastóide / Size of mastoid processes
Tamanho e forma do mento / Size and shape of mentum

♂ ♀
Presença do arco ventral / Presence of ventral
arc

♂ ♀

Presença da crista medial isquio-púbica /


Presence of medial ischio-pubic ridge

Presença da crista supra-mastóide / Presence of supramastoid crest


Altura / robustez do zigomático / Height / robusticity of zygomatic
Alargamento do ângulo mandibular / Flaring of mandibular angle

♂ ♀

Tamanho do sulco isquiático maior


/
Size of greater sciatic notch

Suturas cranianas / Cranial sutures

♀ ♂
Auricular do ilíaco / Auricular ilium

Espessura da asa do sacro / Width of sacral alae


Mais espessa no sexo masculino, mais fina e delicada no feminino. Ancestry

Crânio / Cranium

Curvatura do sacro / Curvature of sacrum


Tamanho da superfície auricular sacral /
Extent of sacral auricular surface

Mudanças nas vértebras / Changes in


vertebrae

♂ ♀

Projeção da superfície auricular / Projection of auricular surface


Presença do sulco pré-auricular / Presence of preauricular sulcus

Referências /
References
♂ ♀ Bass, W: Human Osteology – A laboratory
and field manual, 4th edition.
Burns, KR: Forensic Anthropology
Training Manual.
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Ciências Forenses-Uma introdução às principais áreas da Criminalistica Moderna (3ª Edição),
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Elaborado pelo Prof. Dr. Marco Aurelio Guimarães, para o projeto “ UK-Brazil Scientific Cooperation – Forensic Anthropology and Identification of Human Remains”.
® Reprodução e utilização permitidas desde que mencionada a fonte, sem fins comerciais.

Handedness Dentition
Idade em jovens / Age in Juveniles
Clavícula / Clavicle
Comprimento máximo (menor no lado dominante)
Max length (shorter on dominant side)

Clavícula / Clavicle
Área de ligação do ligamento costo-clavicular/
Area of costoclavicular ligament attachment

Úmero / Humerus
Máxima distância biepicondilar/ Max biepicondylar breadth
Largura do sulco intertubercular/ Breadth of inter-tubercular grove
Diâmetro do forame nutriente/ Diameter of nutrient foramen

Idade estimada pela dentição/ age estimated from the dentition

Fórmulas de estatura / Stature


formulae

♂ ♀ Rádio / Radius
Úmero + rádio comprimentos máximos somados /
Humerus + radius summed maximum lengths
Distância do tubérculo dorsal ao processo estilóide /
Breath from dorsal tubercle to styloid process

Área de ligação do bíceps / Area of biceps attachment

♂ ♀

Área de ligação do
bíceps / Area of biceps
attachment

Medidas padrão / Standard


measurements

Escápula / Scapulae

Referências /
References
Bass, W: Human Osteology – A laboratory
and field manual, 4th edition.
Burns, KR: Forensic Anthropology
Training Manual.
White, TD & Folkens PA: Human
Osteology, 2nd edition.
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