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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DISCIPLINA: COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO E INOVAÇÃO
PROFESSORA: ROSILENE LLARENA
ALUNO: ISAAC R FERREIRA

BELUZZO, R. C. B. Competência em informação no Brasil: cenários e espectros.


São Paulo: ABECIN, 2018.

A competência da informação é antes de tudo uma urgência social

O livro “Competência em Informação no Brasil: cenários e espectros”


traçou um panorama da produção em competência em informação (CoInfo) no
Brasil, fazendo uma revisão de literatura em artigos periódicos, teses e
dissertações, eventos na área, grupos de pesquisa e livros publicados sobre o
assunto, no período de 2000 a 2016. No capítulo um, a autora realiza uma
fundamentação teórica sobre as origens do termo competência. Em seguida,
discute o termo em inglês Information Literacy e suas conotações, trata sobre
as diferentes concepções da CoInfo: digital, informação propriamente dita e
social. Reforça o papel da CoInfo de potencializar as competências dos sujeitos
sociais junto à informação. No capítulo dois, são descritos os procedimentos
utilizados na pesquisa. Revisão de literatura e construção de indicadores, que
são 13: questões terminológicas; contextos e abordagens teóricas; políticas e
estratégias; inclusão social e digital; ambiente de trabalho; cidadania e
aprendizado ao longo da vida; busca e uso da informação; boas práticas;
gestão da informação, gestão do conhecimento e inteligência competitiva;
bibliotecas, bibliotecários e arquivistas; mídia e tecnologias; diferentes grupos
ou comunidades e tendências e perspectivas.

No capítulo três, a autora apresenta os resultados: em artigos e


periódicos, o indicador mais identificado foi “bibliotecas, bibliotecários e
arquivistas”. Nas teses e dissertações, o mais encontrado foi “diferentes
grupos/comunidades”; nos grupos de pesquisa analisados, não foram
identificados interesses nos indicadores “questões terminológicas”, “ambiente
de trabalho”, “boas práticas” e “diferentes grupos/comunidades”. Nos eventos
sobre CoInfo, o crescimento foi de 2004 a 2015, com resultados significativos.
No tocante aos livros pesquisados, a maior concentração de publicação foi de
2006 a 2016, o indicador mais ocorrido foi “contextos teóricos/abordagens”. No
último capítulo, nas reflexões finais, a autora ao mesmo tempo em que
comemora o número de eventos com visibilidade e a força dos grupos de
pesquisa, recomenda um papel mais proativo dos pesquisadores para estudos
brasileiros. Por fim, deseja ter incitado novas reflexões e que a discussão não
se encerre naquele trabalho, visto a dinamicidade própria da área em constante
expansão. O livro traz de fato uma contribuição importante para a comunidade
científica, pois além de fazer um rico levantamento dos estudos em CoInfo,
num período significativo de 16 anos, a pesquisa reforça a consolidação da
CoInfo como disciplina essencial na Ciência da Informação (CI), como campo
de estudo principalmente pelo seu aspecto social.

Como colocam Righetto, Vitorino e Muriel-Torrado (2018), “a


competência em informação é um dos componentes de emancipação cognitiva
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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DISCIPLINA: COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO E INOVAÇÃO
PROFESSORA: ROSILENE LLARENA
ALUNO: ISAAC R FERREIRA

dos indivíduos. Hoje, e, considerando a vulnerabilidade social, a predisposição


de localizar informações, assimilá-las e incorporá-las como conhecimento
adquirido, seja em âmbito profissional e/ou pessoal, tem valor inestimável”. O
reconhecimento da importância social da CoInfo é uma das contribuições mais
significativas do livro, pois a partir do momento em que as pessoas são
capacitadas a utilizar a informação de maneira consciente, levando em
consideração seu contexto social, muita coisa se transforma. Esse aspecto
social está presente não apenas na CoInfo, mas na base da própria CI, como
lembram Lucca e Vitorino, 2020, sobre os paradigmas da CI de Capurro (2003).
"O paradigma social forma-se para atribuir ao sujeito um papel ativo no
processo de construção do conhecimento. Esse sujeito é possuidor de uma
historicidade social, influencia e recebe influências do meio social. É integrado
ao mundo exterior".

Diante da disseminação virtual das ditas “fake news” e atuação de um


grupo popularmente conhecido como “gabinete do ódio”, que auxiliou a vitória,
no Brasil, de um bloco antidemocrático, se percebe a urgência de uma
competência em informação como uma prática social como é presente na
pesquisa, levando em consideração o acesso a tecnologias, cada vez mais
atuante e abrangente, extramuros das universidades. Como afirmam Ribeiro,
Franco e Soares (2018), ao pesquisar sobre a CoInfo e as fake news no
contexto da vacinação brasileira, “a CoInfo é um instrumento fundamental para
combater a onda de desinformação provocada pelas campanhas
antivacinação, que difundem fakes news nas mídias sociais, que acabam por
ser sua ancoragem principal.” De minha parte, afirmo que não apenas no
combate à situação citada específica e grave da área de saúde, mas de
qualquer aspecto da sociedade em que estamos inseridos.

Por fim, a pesquisa se mostra relevante também pela riqueza e


detalhamento da metodologia, servindo também de repositório para se
encontrar periódicos e trabalhos sobre a temática, além de eventos e grupos de
pesquisa existentes, ou seja, um auxílio significativo para quem está se
aventurando nos estudos.

RIBEIRO, B. C. M. D. S.; FRANCO, I. M.; SOARES, C. C. Competência em informação: as fake


news no contexto da vacinação. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, n. Especial,
[????]. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/106451. Acesso em: 03 jun.
2021.

RIGHETTO, G. G.; VITORINO, E. V.; MURIEL-TORRADO, E. Competência em informação no


contexto da vulnerabilidade social: conexões possíveis. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v. 28, n.
1, p. 77-90, jan./abr. 2018.

LUCCA, D. M.; VITORINO, E. V. Competência em informação e suas raízes teórico-


epistemológicas da Ciência da Informação: em foco, a fenomenologia. Perspectivas em
Ciência da Informação.:Est., Florianópolis, v.25, número 3, p. 22-48, set./2020.

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