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PARNASIANISMO – RAIMUNDO CORREIA

Leia o poema as pombas e responda as questões 1 e 2:

As Pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...


Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada


Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,


Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

*nortada: vento frio que sopra do norte.

In: CORREIA, Raimundo. Poesias completas. Org. pref. e notas Múcio Leão. São Paulo: Ed. Nacional, 1948. v.2, p.3

https://www.youtube.com/watch?v=CjLHO0F80Dw (Declamação do poema As pombas, de Raimundo


Correia.

O tema do soneto é inicialmente o revoar das pombas que acaba por estabelecer uma comparação
com as fases da vida humana.
As pombas, nos versos parnasianos acima, trazem também a tona a efemeridade da vida e o
sentimento de transitoriedade do tempo.
Os dois quartetos iniciais são apenas descritivos da rotina dos pássaros. Nos seis últimos versos, o
autor faz uma associação com o desabrochar do ser humano e o movimento de ida e vinda das pombas.
O soneto carrega uma forte preocupação existencial, e demonstra versos compostos a partir de uma
profundidade psicológica. O viés da escrita é, sem sombra de dúvida, pessimista (enquanto as pombas
efetivamente voltam para os pombais, os corações humanos parecem não retornar ao local de origem).
Em relação a estrutura da composição, Raimundo Correia optou por aderir a uma forma cara ao
movimento a que pertencia: soneto.
ATIVIDADE

1. Registre no caderno a afirmativa que apresenta características desse soneto parnasiano:

(a) Soneto em versos decassílabos, com predominância de descrição e vocabulário seleto.


(b) Versos livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos sonoros.
(c) Versos sem rima, liberdade na expressão de sentimentos e recorrência às imagens.
(d) Soneto com versos livres, exploração do plano imagético e sonoro.
(e) Soneto com rimas raras, com descrição e presença de mitologia grega.

2. Há uma equivalência entre os dois quartetos e os dois tercetos do poema. Registre no caderno o
outro elemento da comparação com a palavra pombas.

(a) A adolescência.
(b) Os sonhos.
(c) Os corações
(d) O envelhecimento.
(e) A desilusão.

3. Registre a afirmativa que melhor interpreta o que os dois últimos versos do poema revelam.

(a) Um enobrecimento da velhice após a realização dos sonhos de juventude.


(b) Uma mentalidade conformista em relação ao amor e às desilusões vividas na juventude.
(c) Uma irritação com a dificuldade de se realizarem os sonhos.
(d) Um relativo desprezo para com os sentimentos humanos vividos na juventude.
(e) Uma visão pessimista da condição humana em relação à vida e ao tempo.

Raimundo da Mota de Azevedo Correia nasceu em


maio de 1859, a bordo de um navio no litoral do
Maranhão.
Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de S.
Francisco, em São Paulo, e exerceu sua profissão no cargo
de Juiz de Direito no interior de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro.

Casou-se com Mariana Sodré, filha de ilustre


família, em 1884. Em 1897 se tornou sócio fundador da
Academia Brasileira de Letras.

Em 1883 publicou o livro “Sinfonias”, completamente voltado à estética parnasiana.


Contudo, sua primeira obra “Primeiros sonhos” ainda estava impregnada das características
românticas.

Pertencia à chamada tríade do Parnasianismo no Brasil, fundada também pelos autores:


Alberto de Oliveira e Olavo Bilac.

Sua temática, como de todo poeta parnasiano, estava concentrada na exaltação das
formas estruturais na composição do poema, na contemplação da natureza, na perfeição dos
objetos, na métrica rígida. Enfocava também um forte pessimismo marca do por desilusão dos
sonhos que podem não ser realizados.
Algumas complicações na saúde levaram Raimundo Correia a ir para Paris em busca de
tratamento, onde faleceu em setembro de 1911.

Obras: Poesias: Sinfonias (1883); Versos e versões (1887); Aleluias (1891); Poesias (1898).

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