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ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO NEUROESTRATÉGICA E NEUROLIDERANÇA – T2

Módulo

Facilitador

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Publicação autorizada única e exclusivamente para seu uso individual e no contexto do curso de pós-graduação de
GESTÃO NEUROESTRATÉGICA E NEUROLIDERANÇA, em parceria com a FASIPE SINOP.

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APRESENTAÇÃO 3
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 4
MODELOS MENTAIS 7
ASPECTOS GERAIS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 10
JANELA JOHARI 18
COMO ALCANÇAR O AUTOCONHECIMENTO 25
BIBLIOGRAFIA 26
FACILITADOR 27

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É com imensa satisfação que a FASIPE/SINOP o recebe para mais um de seus programas
de educação e capacitação profissional!

É inegável o estado de inquietudes, incertezas e inseguranças desses tempos em que


vivemos. Realidade cada vez mais surpreendente, mudanças cada vez mais frequentes,
transformações cada vez mais profundas. Se, sob a perspectiva do indivíduo, já é fato
consumado toda a sorte de obstáculos a enfrentar, o que dirá das organizações, entidades
bem mais complexas, e cujo papel de sustentáculos da moderna sociedade lança sobre as
mesmas os mais variados e constantes desafios, na exigência de timing preciso de ações e
respostas satisfatórias, que determinarão a sua sobrevivência ou não.

Este evento de treinamento faz parte do curso de pós-graduação em GESTÃO


NEUROESTRATÉGIOCA E NEUROLIDERANÇA, sendo um importante projeto para o
desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento dos talentos humanos que terão uma grande missão
acompanhada de uma importante responsabilidade: intervirem em suas organizações para a
promoção das inovações que a sociedade demanda, a partir de uma formação profissional
qualificada e de alto nível.

O presente módulo – denominado INTELIGÊNCIA EMOCIONAL - foi idealizado com a


finalidade de debater os conceitos relacionados ao entendimento do funcionamento dos
modelos mentais em nossos comportamentos, e a necessidade das organizações em
compreenderem, cada vez mais, a dimensão psicológica em seu time de profissionais.

Esta apostila foi elaborada dentro de uma metodologia que contribuirá para uma maior
assimilação do conteúdo a ser abordado no presente módulo do curso, vindo, também, a
servir de fonte de consultas futuras sobre os conceitos que ora serão apresentados a você e
aos seus colegas.

Em nome da FASIPE/SINOP, desejo a você uma excelente jornada, na qual iremos aproveitar
todos os momentos para a construção conjunta do conhecimento.

Tenha um ótimo curso!

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A inteligência emocional é capacidade de identificar os nossos sentimentos e das pessoas que
nos cercam, base da automotivação e do controle das emoções dentro de nós e em nossos
relacionamentos.

Com a crescente valorização do ambiente de trabalho e a sua real importância nas tomadas das
decisões, a inteligência emocional surge como uma ciência de resultados consistentes e de grande
aplicação no ambiente corporativo.

Aumentar os conhecimentos nesta área é com certeza desenvolver as aptidões emocionais,


ferramentas que são de extrema importância para o conhecimento do administrador.

Frente aos desafios do mundo moderno, as empresas estão investindo cada vez mais em seus
colaboradores. As organizações estão reconhecendo a importância da psicologia e aplicando seus
conhecimentos para melhores resultados. O que é a inteligência emocional?

Inteligência Emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar


emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento;
a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar
emoções para promover o crescimento emocional e intelectual.

Daniel Goleman, psicólogo, PhD de Harvard, autor do best-seller “Inteligência Emocional” (1995),
afirma que temos dois tipos de inteligência distinta: o QI e a QE. Na melhor das hipóteses, o QI
contribui com cerca de 20 por cento para os fatores que determinam o sucesso na vida, o que
deixa 80 por cento por conta de outras variáveis. O QI pode lhe dar o emprego, porém, é o QE que
garantirá as promoções. Isto explica como pessoas com pouco estudo ou insuficiente para o cargo
que exercem, obtém resultados expressivos, alcançando os objetivos propostos, se mantendo na
empresa com boa performance, ativos, com indicadores de desempenho favoráveis, devido a um
alto grau de Quociente Emocional. O QI diz respeito a gerar, planejar boas ideias. O QE relaciona-
se a realização, colocar em prática, ação. O QE não é hereditário, aprende-se a lidar com as
emoções no decorrer da vida. As emoções fortes como raiva ou ansiedade criam um bloqueio na
região frontal do cérebro responsável pelo raciocínio.

Qual a importância da inteligência emocional nas organizações? O que agregará a empresa?


Visando ter mais competitividade no mundo capitalista as organizações veem a necessidade de
investir consideravelmente em seus colaboradores. Os líderes precisam estar preparados para
enfrentar os desafios no ambiente corporativo. Os efeitos causados por um mau temperamento,
trabalhadores intimidados ou ainda chefes arrogantes, são consequências que refletem no nível de
produtividade, perdas de prazo, erros, acidentes, uma série de problemas que vão se acumulando.
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O custo-benefício proporcionado pela ideia da inteligência emocional nas organizações está cada
vez mais evidente. Uma pesquisa entre empregadores americanos (final dos anos 2000) mostrou
que 50% dos funcionários carecem de motivação para continuar aprendendo; 4 em cada 10
pessoas não sabem trabalhar cooperativamente; 19% dos funcionários têm autodisciplina; 70% de
todas as iniciativas fracassam devido a problemas com pessoas.

A ideia de colocar em pratica a inteligência emocional dentro das organizações traz controvérsias
com relação aos comportamentos tradicionais de certas organizações. Ainda hoje predomina em
algumas organizações visão do tipo: no trabalho deve se usar a cabeça e não o coração; a empatia
e a solidariedade podem colocar em conflito as metas organizacionais; se não houver um
distanciamento afetivo não é possível tomar decisões duras.

É exigido cada vez mais do líder competências em comunicação oral e escrita, capacidade de
escutar, negociar, administrar conflitos, estabelecer estratégias, influenciar positivamente o
comportamento das pessoas com quem trabalha. Os líderes precisam de qualidades tais como:
honestidade, ética, energia, flexibilidade, comprometimento, empatia, sensibilidade, bom humor,
consciência e humildade.

Como observou Shoshona Zuboff (“Age of The Smart Machine”, 1991), psicóloga da Harvard
Business School: as empresas passaram por uma radical revolução neste século, e com isso veio
uma correspondente transformação da paisagem emocional. Houve um longo período de
dominação administrativa na hierarquia empresarial, quando se premiava o chefe manipulador,
combatente da selva. Mas essa hierarquia rígida começou a desmoronar na década de 80, sob as
pressões vindas tanto da globalização como da tecnologia de informação. O combatente da selva
hoje simboliza o que as empresas eram ontem. O virtuose em aptidões interpessoais é o que as
empresas serão amanhã.

As emoções são fontes de poder pessoal mais poderosa do que o poder de posição. Os
sentimentos proporcionam informações vitais e podemos crescer todos os dias. A essência de
uma vida plena de significado e sucesso é estar sintonizado com o nosso interior,
consequentemente, estimulando para os outros o EU REAL, ativado pelos nossos valores mais
profundos.

O líder precisa estar consciente de suas responsabilidades, deve e pode influenciar sem
manipulação e sem autoridade. O líder inteligente emocionalmente tem consciência de seus hábitos
e das pressões que sofre no cotidiano. Aprendendo sempre a perceber, relacionar-se, inovar,
priorizar e agir de maneira que leve em consideração a valência emocional, em vez de depender
somente da lógica, do intelecto ou do pensamento concreto.

O ambiente de trabalho é fator de grande importância para o aumento da produtividade, satisfação


pessoal. Imagine um grupo de trabalho onde as pessoas não podem expressar sua raiva e não é
sensível ao que sentem as pessoas à sua volta. Com certeza esse grupo de trabalho será
improdutivo: quando as pessoas estão emocionalmente perturbadas, elas não acompanham, não
aprendem nem tomam decisões com clareza.

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Howard Gardner explora a dimensão da inteligência pessoal, suas teorias enfatizam a percepção,
a compreensão de si e dos outros e na relação com os outros. Gardner (“Multiple Intelligences:
The Theory in Practice, 1993), após dez anos da publicação de sua teoria, destaca as inteligências
inter e intrapessoal. Mas, antes, vamos abordar, de forma resumida, o conjunto das outras
Inteligências Múltiplas, para conhecimento.

ESPACIAL. A inteligência espacial está ligada à capacidade de processar informações


tridimensionais e diferenciar cores, linhas, espaços, figuras e formas. As pessoas que têm essa
competência costumam associar imagens a conteúdos e situações para conseguirem fixar o
contexto, já que são boas observadoras. É predominante em arquitetos, artistas, escultores,
cartógrafos, geógrafos, navegadores e jogadores de xadrez.

CORPORAL-CINESTÉSICA. Essa inteligência está relacionada com as pessoas que têm boa
coordenação corporal, reflexos apurados e movimentos precisos. É predominante em atores, ou
naqueles que praticam dança ou esporte.

MUSICAL. Pessoas que têm facilidade para distinguir sons, compor músicas, tocar instrumentos
musicais e aprender ritmos e canções se encaixam nesta categoria. A música também tem relação
com as emoções, ajudando a incentivar a sensibilidade. É predominante em compositores,
maestros, músicos e em críticos de música.

LÓGICO-MATEMÁTICA. Essa é uma das habilidades mais conhecidas e trata da capacidade de


identificar padrões lógicos em linhas de raciocínio. Desse modo, o estilo está
diretamente relacionado aos números. As pessoas que têm esse fator determinante conseguem
desenvolver raciocínios lógicos e solucionar problemas facilmente. É predominante em cientistas,
matemáticos.

LINGUÍSTICA. A linguística é a capacidade de usar a linguagem na transmissão de ideias, tanto na


forma escrita quanto na oral. As pessoas que têm facilidade nessa área conseguem aprender
rapidamente línguas estrangeiras, além de se expressar bem pela fala e escrita. É predominante
em poetas, escritores e linguistas.

EXISTENCIAL. Quem tem a inteligência existencial gosta de abordar assuntos como a formação do
mundo, o sentido da vida e questionar a existência humana. Ela está ligada aos hábitos familiares
e suas crenças. É predominante em líderes espirituais e pensadores filosóficos.

NATURALISTA. Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos


e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas
e gramíneas e toda a variedade de fauna, flora, meio ambiente e seus componentes. É
predominante em biólogos, geólogos, profissionais que vivenciam o seu cotidiano com a natureza.

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva,


como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. As pessoas que trabalham em
vendas, políticos, professores, clínicos e líderes religiosos bem-sucedidos provavelmente são
todos indivíduos com altos graus de inteligência interpessoal.

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A INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL é uma aptidão correlata, voltada para dentro. É uma capacidade
de formar um modelo preciso, verídico, de si mesmo, e poder usá-lo para agir eficazmente na vida.
É se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio do ser humano, pois está ligada a capacidade
de neutralização dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida
profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse, entre outros diversos comandos
de vida que permite a pessoa identificar hábitos inconscientes e transformá-los em atitudes
conscientes.

É o líder o formador de valores, guia e receptor da inteligência emocional. Sabe que está sendo
observado, mesmo de longe, notado nos mínimos detalhes do seu discurso, gestos, sentidos e
comportamentos diários que são percebidos, interpretados e lembrados por quase todos com
quem se relaciona.

Os líderes que desenvolvem a inteligência emocional são visionários, possuem empatia, procura o
desenvolvimento dos outros, autoconhecimento, permite a colaboração, tem iniciativa,
autocontrole, são autoconscientes.

Todo ser humano tem a sua própria forma de enxergar o universo ao seu redor e de reagir a este.
Isso porque somos indivíduos com formações de vida diferentes, formações acadêmicas também
distintas, que vivemos experiências únicas e particulares, tendo tudo isso o grande poder de nos
moldar em nossa totalidade.

Estes pontos que nos definem enquanto indivíduos, acabam por se refletir em nossa forma de
pensar, bem como em nossos comportamentos e atitudes, o que pode trazer resultados positivos
ou negativos para a nossa vida, tudo vai depender da maneira como nos posicionamos diante
desta.

O MODELO MENTAL é um mecanismo do pensamento que representa a realidade externa. Trata-


se de uma das formas mais utilizadas pelas pessoas para representar o mundo e ver e interpretar
os acontecimentos em volta.

São os modelos mentais de cada um que definem como o indivíduo percebe o que acontece à sua
volta, como ele irá se sentir com cada evento, como ele pensa e como irá agir. Cada pessoa tem
seu modelo mental, que é resultado de todas as suas experiências, história de vida e situações.
A maioria das pessoas tem dificuldade para abrir mão de seus modelos mentais, e muitos
acreditam que sua maneira particular de ver as coisas é melhor do que o modelo mental dos
outros. Muitos conflitos podem surgir por conta disso, e é preciso ficar atento para não acabar
preso a um único modelo de pensamento, achando sempre que o seu faz mais sentido do que os
das pessoas ao redor.

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Os modelos mentais são provenientes de quatro fontes. São elas:
Primeiro filtro: SISTEMA NERVOSO
Cada pessoa possui um tipo de limitação fisiológica que a impede de perceber certos
acontecimentos e, como consequência, há o impedimento da capacidade de agir.

Segundo filtro: LINGUAGEM


É por meio dela que se estabelece a comunicação e estrutura a consciência do ser humano. Isso
acontece porque cada indivíduo, ao passar uma informação, irá pintá-las apenas com as cores de
sua percepção.

Terceiro filtro: CULTURA


Grande parte dos autores considera a cultura como um modelo mental coletivo, já que esses
modelos são desenvolvidos com base nas experiências compartilhadas dentro de famílias,
organizações, empresas e nações.

Quarto filtro: HISTÓRIA PESSOAL


Nesse modelo, raça, sexo, nacionalidade, origem étnica e família têm influência na constituição
dos modelos mentais individuais.

Existem algumas frases e argumentos que utilizamos e damos a nós mesmos e às pessoas que
nos rodeiam, e que acabam por bloquear, não só a nossa evolução, mas também a nossa
criatividade, intuição, entre outros aspectos de nossa personalidade. Eles fazem parte do modelo
mental de muitas pessoas, sendo determinantes para seu sucesso ou fracasso:
• Isso nunca vai dar certo;
• Não sou criativo;
• Criatividade é coisa de artistas;
• Já tentei e não deu certo;
• Não vou gostar;
• Em time que está ganhando não se mexe;
• Sempre foi feito assim, para que mudar?;
• Isso é bobagem, pare de inventar.

É essencial termos muito cuidado com as frases acima, pois elas podem bloquear nossas
atividades e impedir nosso crescimento e desenvolvimento. Lembremo-nos que somos capazes
de ampliar os nossos modelos mentais e alcançar tudo aquilo que desejarmos. Sejamos um
ampliador de pensamentos positivos e iremos contribuir de forma significativa para a própria
evolução, para a nossa família, empresa, comunidade e a todos a nossa volta.

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Muitas vezes, nós caímos na armadilha de reproduzir as frases acima de forma completamente
inconsciente. Assim, quando menos percebemos, tudo ao nosso redor não está dando certo,
nossas relações não estão saudáveis, nossa postura diante da vida é apenas de viver reclamando
e não conseguimos enxergar o lado positivo em absolutamente nada.

É preciso tomar bastante cuidado com o que estamos reproduzindo e com os pensamentos que
cultivamos em nossa mente, pois tudo isso vai determinar os resultados que obtemos ao longo de
nossa jornada.

É perfeitamente possível desenvolver um modelo mental positivo, que nos ajude a ter uma vida
muito mais plena e realizada. Vejamos abaixo como isso é possível:
DESENVOLVA SUA INTELIGÊNCIA E HABILIDADES
O primeiro passo que devemos dar rumo ao modelo mental positivo é investirmos no
desenvolvimento de nossa inteligência e habilidades. Devemos investir em práticas que nos
permitam aprimorar os conhecimentos, habilidades e competências que já possuímos, bem como
adquirir novos, para que assim nossos resultados sejam verdadeiramente transformados e, com
isso, comecemos a enxergar que podemos, sim, alcançar as metas e objetivos que tanto
almejamos em nossas vidas.

SUPERE SEUS LIMITES ATRAVÉS DE SEUS APRENDIZADOS


O passo seguinte que devemos dar é no sentido de aproveitarmos os aprendizados que obtemos
durante a nossa existência para superarmos os limites que acreditamos ter. Isso porque são as
experiências pelas quais passamos ao longo da vida, principalmente as negativas, que nos
mostram o quão forte somos e lançam luz justamente sobre habilidades e competências que não
sabíamos que tínhamos até então, nos dando, assim a capacidade de vencer as crenças limitantes,
que nos impedem de crescer e evoluir continuamente.

ACEITE OS DESAFIOS QUE A VIDA TRAZ


Ao ficarmos diante das adversidades que a vida nos traz, muitos de nós tende a se revoltar,
reclamar e não aceitar tudo o que está acontecendo. Entretanto, se queremos desenvolver um
mindset positivo, devemos quebrar este ciclo e enxergar os desafios como grandes oportunidades
de superação e crescimento. Assim, nós precisamos abraçar os desafios, dificuldades e
adversidades que a vida nos trouxer, pois a partir de cada uma delas, nós conseguiremos nos
tornar seres humanos melhores, mais desenvolvidos e poderemos alcançar nossas metas e
objetivos, pessoais e profissionais, de forma muito mais acelerada.

APRENDA COM SEUS ERROS


Outra coisa com a qual temos grande dificuldade de lidar é com os erros e com as falhas que
acontecem e que cometemos. Geralmente tendemos a ficar revoltados, comportamento este que
não ajuda em nada, pelo contrário, só nos faz permanecer no mesmo lugar. Temos que passar a
enxergar os nossos erros como grandes oportunidades de aprendizado e crescimento, pois a partir
deles nós saberemos onde estávamos falhando e poderemos corrigir nas próximas vezes que
tentarmos.

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Atualmente, as empresas de sucesso já perceberam a importância de ter, em seus quadros,
profissionais com habilidades comportamentais que vão além das competências técnicas. Sabem
que treinar um jovem profissional em conhecimentos técnicos é tarefa relativamente simples,
bastando muitas vezes alguns cursos de aperfeiçoamento ou uma pós-graduação. No entanto,
encontrar profissionais que tenham perfil empreendedor, sejam bons comunicadores, tenham
atitude de vencedores e saibam superar desafios é bem mais complicado.

É comum encontrar, profissionais que apesar de serem extremamente competentes do ponto de


vista técnico, encontram grandes resistências nas organizações em que trabalham e também por
parte dos clientes. Estes demonstram ter baixa Inteligência Emocional, refletida em sua
incapacidade de trabalhar em equipe, dificuldade de comunicação, mau humor frequente, entre
outras limitações comportamentais.

No seu livro "Inteligência Emocional", Daniel Goleman parte de uma pesquisa científica para afirmar
que o controle das emoções contribui de forma essencial para o desenvolvimento da inteligência
do indivíduo. Essa tese científica revela de que modo a incapacidade de lidar com as próprias
emoções pode dificultar ou até destruir nossas vidas. O autor ressalta que a crise que a
humanidade vive hoje, com aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma
cultura que se preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa. Fica
registrada a afirmativa de que existem duas mentes: a que raciocina e a que sente.

Esses dois modos de conhecimento diferentes interagem na construção de nossa vida mental.
Um, a mente racional, é o modo de compreensão, de que quase sempre temos consciência, é
mais destacado na consciência, mais atento, capaz de ponderar e refletir. Já, o outro modo, a
mente emocional, é um sistema de conhecimento impulsivo. Na maior parte do tempo, essas duas
mentes operam em harmonia, mesclando seus modos de conhecimento para que nos orientemos
no mundo. Em muitos momentos, essas mentes se coordenam; os sentimentos são essenciais
para o pensamento e vice-versa. Mas quando as paixões surgem, esse equilíbrio se desfaz. E então
a mente emocional assume o comando.

Muitas das nossas ações são determinadas pelas emoções que têm sua razão e uma lógica
peculiares. A mente emocional é muito mais rápida do que a racional, levando à ação, sem dar
tempo para pensar. Essa rapidez não permite a reflexão que caracteriza a mente racional.
Provavelmente, essa rapidez na ação, se explique, no curso da evolução humana, como um meio
de preservação da vida, da necessidade de defesa diante do perigo. As ações que provêm da mente
emocional trazem uma sólida sensação de certeza, permitem que determinadas coisas sejam
encaradas de forma simplificada, coisas essas que, para a mente racional seriam intrigantes e
questionáveis. Passado o momento de ímpeto, surgirá um questionamento sobre o motivo da ação;
aí está o sinal da percepção da mente racional. As emoções se apossam de nós com muita rapidez,
antes mesmo de nos darmos conta de que já se instalaram em nós. O autor Ekman, citado por
Goleman, afirma que o auge da emoção dura um momento breve, segundos apenas. Segundo ele,
as emoções teriam um mau resultado caso se apoderassem do cérebro e do corpo por muito
tempo. Se as emoções nos tomassem por muito tempo, os sentimentos gerados por elas seriam
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péssimos orientadores para a ação. Para que as emoções permaneçam em nós, é preciso que se
mantenha o gatilho, ou seja, o sentimento que as desencadearam. A mente racional demora mais
para registrar os fatos e para reagir a eles do que a mente emocional. Em circunstâncias emotivas,
o primeiro impulso vem do coração e não da cabeça. Existe também o tipo de reação emocional
que não é tão rápida, desenvolve-se e fermenta-se no pensamento até configurar-se como
sentimento. Esse caminho é mais deliberado e permite que se tenha consciência do raciocínio que
leva à eclosão da emoção. Nesse caso, a reação que se desencadeia é precedida de uma avaliação
extensa que engloba o pensamento, o processo cognitivo. Nesse processo mais lento, um
pensamento mais articulado precede o sentimento e surge a resposta emocional adequada. No
processo de resposta rápida, ao contrário, o sentimento precede ou é simultâneo ao pensamento.
Essa reação emocional assume o comando em situações de urgência, por isso, essa reação tem
o poder de mobilizar-nos quando se trata de sobreviver a um iminente perigo.

Da mesma forma que há caminhos rápidos e lentos para o desencadeamento de uma emoção, há
emoções que alimentamos e que convidamos para permanecer conosco. São sensações
provocadas propositalmente. Embora não saibamos, com certeza, qual o tipo de emoção que um
pensamento pode desencadear, podemos escolher em que pensar. A mente racional, por outro
lado, não decide que emoções devemos ter. Diante disso, o que a mente racional pode fazer é
controlar o curso da nossa reação, pois não podemos decidir quando ficar tristes, furiosos, alegres,
etc. A mente emocional considera que suas crenças são totalmente verdadeiras e assim despreza
qualquer coisa que lhe seja contrária. Por isso, é muito difícil fazer com que uma pessoa, sob
perturbação emocional, raciocine; não há argumento do ponto de vista lógico que o demova de
suas convicções. A mente emocional reage, no presente, a um fato, como reagiu no passado a
esse mesmo fato. Assim, se na infância, uma fisionomia raivosa nos causou medo, sentiremos
medo, hoje, ao depararmos uma fisionomia semelhante. Se as sensações são fortes, então as
reações que causam são claras. Mas, se são vagas ou sutis, é possível que as emoções não sejam
percebidas com clareza. Talvez, não saibamos que emoção estamos sentindo. A tarefa de uma
mente emocional é, em sua essência, determinar um estado emocional específico, ditado por
determinadas sensações que são dominantes num certo momento. No campo da emoção, cada
sentimento tem um diferente repertório de pensamentos. A maneira como pensamos e agimos
quando nos sentimos românticos é diferente da forma como nos comportamos quando estamos
abatidos ou com raiva.

O conjunto das competências comportamentais, segundo Goleman, é o que podemos chamar de


Inteligência Emocional. Elas têm cinco componentes – ou habilidades - principais:
• Autopercepção – capacidade das pessoas conhecerem a si próprias, em termos de seus
comportamentos frente às situações de sua vida social e profissional, além do relacionamento
consigo mesmo;
• Autocontrole – ou capacidade de gerir as próprias emoções, seu estado de espírito e seu bom
humor;
• Automotivação – capacidade de motivar a si mesmo, e realizar as tarefas e ações necessárias
para alcançar seus objetivos, independente das circunstâncias;
• Empatia – habilidade de comunicação interpessoal de forma espontânea e não verbal, e de
harmonizar-se com as pessoas;

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• Práticas sociais – capacidade de relacionamento interpessoal e de trabalho em equipe.

As três primeiras são habilidades intrapessoais e as duas últimas, interpessoais. Tanto quanto as
três primeiras são essenciais ao autoconhecimento, estas duas últimas são importantes em:
1. Organização de grupos - habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e
coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o
reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.
2. Negociação de soluções - característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
3. Empatia - é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos
indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.
4. Sensibilidade social - é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das
pessoas.

A seguir, são apresentadas sete competências que são essenciais e poderão determinar o sucesso
no desempenho profissional:

1ª Competência Essencial - Atitude Profissional Positiva e Empreendedora


A vida de todo profissional é recheada de momentos difíceis, desafios, pressões de todos os lados.
O sucesso é o troféu a ser conquistado, e para trilhar o caminho que nos leva ao sucesso,
precisamos estar sempre motivados. Mas como nos manter motivados, pessoal e
profissionalmente, a despeito de todos os contratempos, dificuldades e pressões de nossa vida
cotidiana? Primeiro é preciso ter paixão pela profissão que abraçou. Em segundo lugar é preciso
desenvolver a capacidade de motivar a si próprio, mesmo diante de dificuldades e obstáculos
profissionais, pois a pessoa, para ter sucesso, precisará assumir riscos e enfrentar dificuldades
para superar as etapas necessárias ao desenvolvimento de seu projeto ou empreendimento.

Você é um profissional Cão ou um profissional Gato?

O gato é seria aquele profissional habilidoso, que planeja seus passos e foca seus objetivos. O cão
seria aquele profissional motivado, com atitude, capaz de defender sua organização a todo custo.
O cão se sacrifica até a morte para defender sua casa. O Profissional cão defende sua empresa
em qualquer circunstância e atende seu cliente, o dono, com alegria e motivação a qualquer hora
do dia ou da noite. Já o gato, apesar de inteligente e habilidoso, e extremamente acomodado, não
tem atitude, é egoísta e não se sacrifica por ninguém. Talvez o ideal seja que as organizações
pudessem contratar uma mistura dos dois profissionais. Um profissional ao mesmo tempo
inteligente e habilidoso, como o gato, mas que tivesse atitude, raça e motivação, como o cão. Que
fosse capaz de sacrifícios pela equipe e que atendesse o cliente bem independente das
circunstâncias. No entanto, se tiver de optar por um dos profissionais, sem dúvida o profissional
cão é muito mais útil a uma organização, pois ele cativa os clientes, e dá vitalidade à empresa, ao
passo que o profissional gato, representa o interesse individual acima do coletivo, representa a
acomodação.

2ª Competência Essencial – Capacidade de Relacionamento Interpessoal e Trabalho e Equipe


Goleman explicou que a inteligência social é a aplicação da inteligência emocional nas relações
interpessoais, ou seja, alguém ser socialmente inteligente significa possuir alto grau de empatia e
de consciência social. É preciso compreender os sentimentos dos outros e reagir de forma
adequada a esta compreensão. Esta inteligência tem um forte impacto na produtividade dentro da
uma organização e como fator de persuasão e convencimento nas relações com os clientes.

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3ª Competência Essencial – Capacidade de Persuasão e Comunicação Interpessoal
A comunicação envolve muito mais do que apenas palavras. Na verdade, as palavras representam
apenas uma pequena parte de nossa forma de expressão como pessoa. Estudos demonstram que
a comunicação não verbal, aquela que se realiza através do tom de voz e da expressão corporal,
tem um impacto bem maior na influência que exerce nas pessoas do que as palavras utilizadas. A
persuasão é um componente específico da comunicação e visa fazer as pessoas agirem apelando
não apenas para o seu lado racional, mas também para suas emoções.

4ª Competência Essencial – Capacidade de Negociação e Flexibilidade Pessoal


Em geral as empresas vivem situações de conflitos causados pela própria dinâmica do
empreendimento. Por isto, destaca-se a importância que têm a habilidade de negociação, a
flexibilidade comportamental para resolver problemas de forma adequada, levando-se em conta o
interesse coletivo acima dos interesses individuais para a solução de conflitos. Como diz o
consultor americano William Ury, fundador e diretor do curso de Negociação da Harvard Business
School, e considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto, o principal atributo de
um bom negociador é ouvir o outro lado e entender quais são seus reais interesses. Esta não é
uma tarefa tão fácil, pois normalmente quando as pessoas se envolvem em uma negociação, cada
lado fica pensando apenas em seus próprios interesses e problemas.

5ª Competência Essencial – Capacidade de Inovação e Criatividade


A busca constante de diferenciação profissional, a criação de novos processos de atendimento,
descoberta de novas demandas, novas necessidades não atendidas de clientes, são fatores
competitivos fundamentais para superar a concorrência. Mas estas inovações só serão possíveis
para o profissional que sistematicamente desenvolver sua criatividade e capacidade de inovação
criando continuamente mudanças com o objetivo de atender cada vez melhor seus clientes e
ocupar espaços de mercados inexplorados.

6ª Competência Essencial – Conhecimento de Gestão de Negócios e de Tendências Sociais


Atualmente qualquer profissional para ter sucesso precisa desenvolver a capacidade de gerir sua
própria carreira, seu negócio e ser uma pessoa atualizada do ponto de vista das situações sociais.
O profissional que não conseguir trafegar facilmente pelos caminhos da internet estará fora dos
negócios em futuro breve. Aquele que não estiver atualizado com as tendências sociais, e em
novas demandas de sua organização e do setor que ela estiver inserida, perderá oportunidades de
crescimento profissional e estará em desvantagem com os profissionais modernos.

7ª Competência Essencial – Capacidade de Focar e Perseguir Objetivos


Como os felinos que têm grande capacidade de planejar suas ações, focar e perseguir objetivos,
o profissional moderno precisa desenvolver esta habilidade. Para ter sucesso, é essencial que
desenvolva sua capacidade de focar objetivos específicos, que sejam reais e desafiadores, e
persegui-los com determinação e persistência. É preciso que saiba encontrar nichos de mercados
atraentes, que saiba traçar seus planos e objetivos tanto pessoais como profissional e realizar o
planejamento necessário para alcançá-los.

Estas competências apresentadas deverão ser analisadas por cada profissional, fazendo uma auto-
avaliação honesta de sua atual condição em relação a cada uma destas habilidades. Uma vez
identificada uma falha significativa em qualquer um destes pontos, é preciso começar um programa
de desenvolvimento pessoal para criar as condições ideais para o seu sucesso profissional.
Portanto é preciso realizar uma mudança de atitude e de foco na hora de se preparar para enfrentar

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os desafios da profissão. Qualquer profissional para ser competitivo precisa incorporar estas sete
competências essenciais, além da sua formação técnica, como condição para obterem sucesso
profissional.

É um tema relativamente simples... porque sabemos que as pessoas são diferentes... porém, o
sabemos racionalmente... mas lidar emocionalmente é que é a dificuldade... Criam-se expectativas
e vem frustrações... é algo do tipo: se as pessoas fossem como eu, o mundo seria muito melhor...
talvez fosse possível se os outros fossem “clones” nossos, mas como não o são, reagem de forma
diferente, tem perspectivas diferentes

Dois grandes pilares: VOCÊ – que “lente” você utiliza para enxergar os outros? De que perspectiva
você lê os outros? Você vai acabar julgando os outros... OUTROS: vejamos a metáfora do tabuleiro
de xadrez... baseado nas movimentações diferentes das peças, você desenvolve uma estratégia
diferente para avançar no tabuleiro – ninguém levanta questões do tipo “se o cavalo anda em L por
que o bispo não pode fazer assim também?” – sabemos que cada peça tem uma característica
única, um potencial diferente e sobre esses potenciais diferentes nós montamos a estratégia –
mas quando olhamos as pessoas com que convivemos, as nossas equipes, às vezes esquecemos
disso e passamos a sofrer de uma ilusão de ótica: é olhar para esses potenciais e criar uma
expectativa, um pano de fundo, de que um dia “esse cavalo poderá andar tal qual um bispo, etc.”
– “vamos treinar esse bispo porque, treinando bem, ele vai andar que nem a torre” – a mais comum
das ilusões é a seguinte: se um pode, os outros também podem.

Por exemplo: você conhece pessoas que gostam de falar com as outras? Mais até do que o
considerado normal? Para elas, passar uma semana inteira falando com os outros não as cansa,
não gasta energia... cansá-las é deixá-las paradas, quietas... a atividade se torna auto renovável...
se você não é esse tipo de pessoa, essa mesma estratégia não vai dar certo...

Uma pesquisa do Instituto Gallup apontou que 72% da força de trabalho no Brasil se encontra
desengajada... significado disso: sentimento de desconexão com a organização ou com a atividade.
Isso ocorre porque tentamos usar recursos que nos são escassos, mas que sobram em outras
pessoas... isso leva a um “esgotamento” pessoal, gerando essa desconexão no trabalho.

Contudo, existe, sim, um conjunto de recursos, que mesmo não tendo todos eles, ainda sim faz
toda a diferença, porque aquele que tivermos, se nós o utilizarmos para executar as nossas
atividades, nós iremos obter elevado desempenho... por que isso? Porque a estratégia passa a ser
autossustentável, porque a gente não gasta energia, é uma coisa nossa própria. O vínculo com o
que se faz dá todo o sentido, todo o significado para a atividade.

Neurociência e o cérebro... nada chega aos pés da complexidade do cérebro humano. O cérebro
processa 400 bilhões de bits por segundo, mas só temos consciência de apenas 2.000 bits por
segundo → 0,0000005%.
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Mais de 80% do processamento do nosso cérebro fica no inconsciente. Os outros 20% ficam no
subconsciente, abaixo do consciente, mas pode emergir... por exemplo, a nossa respiração... ela
está sendo comandada pelo nosso subconsciente, mas nós podemos nos tornar consciente dela...
se eu perguntar: como é que está a sua respiração agora? Você percebeu que no ato de observar
a sua respiração, você interferiu nela? O que foi feito nesse momento: se trouxe uma informação
do subconsciente para o consciente... e quando trazemos para o consciente, passamos a ter a
possibilidade de administrar. Assim também são as nossas emoções.

Quem escolhe esses 2000 bits que processamos por segundo?

Essa escolha e feita pelas redes neurais – neurônios. O nosso cérebro funciona com essas milhares
de células nervosas chamadas neurônios. Quando disparam juntos por meio de um processo
bioquímico trazem para o lóbulo frontal, que é a sede da nossa consciência, uma imagem ou uma
informação específica... é quando uma rede neural está ativa, é quando você tem uma percepção
da realidade... para você perceber algo específico da realidade, você precisa ter uma rede neural
previamente instalada no seu cérebro... se você não tem essa rede neural, você percebe outra
coisa ou aquilo que estiver instalado no seu cérebro

O que faz com que uma rede neural tenha uma relação de longo prazo com a pessoa e faça parte
da sua identidade? Segundo a neurociência: é a presença de um componente emocional. A maior
parte da nossa memória tem um pano de fundo emocional. Temos coisas que gostaríamos de
esquecer, mas não conseguimos porque existe um vínculo emocional.

Quando temos um componente emocional, nós criamos vínculo nas redes neurais. As emoções
são a bioquímica do nosso cérebro, que cria essa liga entre as redes neurais... nós vemos o que
nós queremos ver, conscientemente ou não... a maior parte de nós, não... não é consciente o
processo de programação, mas eu enxergo cada vez mais aquilo que eu tenho vínculo.

O que aparece na sua “janela mental” quando você olha para os seus colegas de trabalho? As
qualidades ou os defeitos? Porque os dois existem... por que optamos por enxergar apenas um
deles? Imagine uma relação conjugal... e você só tem 2000 bits para enxergar os defeitos do
outro... isso é mais comum do que gostaríamos de admitir.

Chamamos de realidade aquilo que vem para o cérebro (2000 bits ou 0,0000005%). “Por que você
não olha por outro ponto de vista? Ahh, não tem outro ponto de vista!” Se você acredita nisso, é
assim que vai ser, porque você acabou de fazer vínculo com essa realidade, e ela vai começar a
habitar essa consciência... porque quando você fizer outros vínculos, outras coisas começam a
ocupar a sua consciência.

Na dose certa, as emoções vão estar ligadas a esses 2000 bits e vão trazer para a consciência
vínculo com as nossas intenções... o que a gente quer... a gente vai ver o que a gente quer... o
cérebro é como um Google, que rastreia aquilo que tem sentido e significado pra nós... e traz pra
sua janela mental aquilo com o qual a gente se vincula... vamos chamar isso de vínculos, do que
você quer, as suas reais intenções, de competência emocional.

Todos nós temos vínculos com o que nós queremos. Quando agimos vinculados com o que a
gente quer, somos “óleo na engrenagem”. Mas quando a dose de manifestação de uma emoção

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está em excesso vira um vício emocional... as nossas janelas mentais, as nossas redes neurais
serão muito mais ocupadas pelo nosso comportamento.

Quando somos julgados pelo nosso comportamento e não pelas nossas intenções vira “areia na
engrenagem”. Quando a emoção fala mais alto do que deveria, você não age mais sobre as suas
intenções, mas sobre essa emoção em excesso. Quando a gente se encontra nessa situação, é
frustração com os outros, é ser mal compreendido... o problema é que perdemos o vínculo... é a
emoção em excesso.

Para muitos autores, considerando um mix de suas proposições, existem 9 competências


emocionais. Ninguém possui todas elas, sendo mais provável que tenhamos naturalmente de 3 a
4 delas. Em contrapartida, são identificadas, pelos autores, 9 vícios emocionais, onde um deles
pelo menos todos nós temos, certamente - eles sequestram tanto a nossa consciência que
chamamos isso de normal... imagine a pessoa ansiosa – nervosa com a calmaria dos outros...

Vejamos quais são essas competências e vícios emocionais:

1CE: PERSISTÊNCIA... esforço, autoexigência, tenacidade, arregaçar as mangas e fazer as coisas


acontecerem... é atraente estar com uma pessoa dessas;
1VE: PERFECCIONISMO... é o excesso... super exigência, o perfeccionismo, a procura de todos
os detalhes, não reconhecer quem não se esforça... é o apego a indignação, a um nível excessivo
de exigência que a realidade não alcança... imagine receber um feedback de alguém assim? Quer
saber se você está na persistência ou na raiva? Você tem se surpreendido positivamente com as
pessoas, com os colegas, com as situações? Se isso não ocorre, o seu nível de exigência deve
estar muito alto e a realidade não lhe alcança... nessa hora, a única solução que vem à mente é
mudar a realidade... se você depende de mudanças na realidade externa para ser feliz, as coisas
vão ficar bem difíceis;

2CE: SENTIR-SE CAPAZ... autoestima elevada... são aquelas pessoas que olham para o mundo de
frente... “não sei, mas aprendo”... lidam com as coisas de frente... você influencia as pessoas ao
seu redor com a frequência emocional que você vibra... se você é ansioso, você deixa as outras
pessoas ansiosas... filho faz o que pai faz e não o que ele fala... se a pessoa diz para outra “você
vai conseguir” não é o que ela diz mas sim ser ela quem está dizendo (a pessoa sai pilhada, se
achando... depois, pode até duvidar um pouco);
2VE: ORGULHO... sem a minha pessoa, as coisas não funcionariam... é uma autoestima exagerada,
a última bolacha do pacote, o eixo desse planeta... não deixa as pessoas trabalharem porque tem
que dar o último pitaco... ao invés de estimular a autonomia, o desenvolvimento dos outros,
estimula a dependência... não conscientemente a pessoa busca situações que dependam dela para
satisfazer esse vício emocional;

3CE: ADEQUAÇÃO... percepção do adequado e do inadequado... muito útil na área de


comunicação... quem não tem essa CE, “para bom entendedor, meia palavra basta” – quer dizer,
porque você falou o outro tem que entender? Hoje está mais moderno: “mas mandei email”... isso
é só enviar não é comunicar... comunicar tem a ver com a forma como eu vou falar com a pessoa...
“uma verdade dita de forma inadequada passa por mentira”... “e uma mentira dita de forma
adequada passa por verdade”... como nos sentimos ao ouvirmos uma crítica?... a maior parte das
pessoas responde” “depende... de como é feita e por quem é feita”... às vezes, podemos dar um

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feedback por outra pessoa como estratégia se essa pessoa que irá receber o feedback tem uma
certa resistência conosco;
3VE: POLITICAMENTE CORRETO... paixão pela imagem... a pessoa fica tão formal que quer falar
aquilo que emplaca... aquilo que os outros querem ouvir... o famoso “vaselina”... com o tempo,
isso é logo percebido pelos outros... fica muito apegado a imagem do politicamente correto;

4CE: INTROVERSÃO... estímulo para olhar para si – se remete a timidez, nada mais longe da
verdade... consciência mais extrovertida: todo mundo tá fazendo, ah, eu também quero: eu decido
a partir do movimento externo – alguns de nós temos a consciência que verte para dentro: todo
mundo tá fazendo... hum, deixe eu pensar... deixe eu ver se eu quero isso... se eu gosto, se me
faz sentido... esse olhar para dentro te capacita a enxergar melhor a realidade, de conhecer a si
próprio, de lidar com as situações... quem tem essa CE tem o hábito de se observar, de olhar para
si, de olhar para as suas emoções... você percebe uma flutuação de humor durante a semana ou
se vê mais estável? Se você se vê mais estável, é porque não tem se observado com frequência,
porque todos nós temos uma flutuação de humor maior do que gostaríamos de admitir dias de
sol/chuva, um café-da-manhã pesado, se não almoçou, se é segunda-feira/sexta-feira... tudo isso
interfere no nosso humor só que está no subconsciente... a gente acha que estamos tomando
nossas decisões conscientemente mas o subconsciente está interferindo dramaticamente...
começa a observar como são as outras pessoas, como elas se encaixam, todos nós temos uma
singularidade;
4VE: INVEJA... desvalorização do que se tem... um olhar na vida para o que não está lá... quem
foca na vida no que não tem não é capaz de enxergar aquilo que tem nem que esteja na sua frente
– e se enxerga, tá fora de foco – “a grama do vizinho é sempre mais verde”... cai na máxima “a
gente só dá valor quando perde”... se a gente coloca os 2000 bits focados no que temos, podemos
fazer melhor com isso que temos... tem gente que agarra o problema, não larga mais;

5CE: DESIDENTIFICAÇÃO... é uma das menos comuns em nós brasileiros... somos muito
identificados com as coisas... “meu amigo pede dinheiro, eu tiro do meu cheque especial, estamos
os dois no Serasa agora”... estamos muito identificados com os outros... a desidentificação é um
olhar mais macro, esse olhar mais amplo – o exemplo do amigo (ajudando a organizar as contas
dele e não apenas dar dinheiro)... quem tem a visão macro sabe cada passo, cada degrau na
escadaria da onde se quer chegar... é pensar grande, em longo prazo, não no imediato;
5VE: RACIONALIDADE EXTREMA... tem a visão macro mas não compartilha... muita racionalidade...
a história da mulher que reclama do “eu te amo” do marido... sem vínculo emocional, a razão fica
empobrecida... fica achando razão para qualquer coisa... emoção e razão são as duas asas do
mesmo avião;

6CE: PRUDÊNCIA... busca de meios seguros – tem plano B – gosta de fazer roteiro em viagem –
imprime o voucher da reserva do hotel e se manda por email para o caso de perder a que tem em
mãos... estar ao lado de quem tem prudência nos faz sentir seguros... cria a sensação de juntos
venceremos... “se foi o fulano que falou, então pode ter certeza que foi isso mesmo”;
6VE: MEDO... busca de segurança – a pessoa começa a virar um controlador – “quem vai? Como
é que vai fazer? Não, é só pra saber”... Gerente: “email para outros departamentos da empresa
quero com cópia oculta para mim” – o que esse gerente acabou de falar nas entrelinhas: não confio
em vocês... se alguém acusa-lo disso, ele – que fez isso inconscientemente – retruca: “não é isso,
é só pra saber”... “quem não deve não teme”... a pessoa não percebe que esse sequestro da
consciência começa a engessar a vida, as relações, os meios e não acredita que as coisas
aconteçam sem que se tenha um controle absoluto e começa a colocar coleira nas pessoas... olhas

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as pessoas como bandidos... a história do jogar verde... o medo é uma emoção básica na nossa
vida mas quando ela vira um VE ela dirige a sua vida, você não consegue fazer nada que não esteja
previamente sob controle;

7CE: CURIOSIDADE... estímulo ao novo, esse olha interessado...os brasileiros tem muito essa CE...
que livro o sujeito está lendo?... nós achamos que o prazer está nas coisas, mas nunca esteve......
muito do prazer está no nosso olhar... a pessoa tem interesse em mudar de ideia;
7VE: VICIADO PELO NOVO... gula por ideias, necessidade de muitos estímulos... viciado no novo,
muita iniciativa e pouca acabativa;

8CE: ÍMPETO... gosto pela superação... não fico na minha zona de conforto... esse gosto de lidar
com as situações e mudá-las... abrir mão de hábitos que não te levam para onde você deseja...
ajuda as pessoas ao redor a entrar em contatos com os seus próprios desafios... a pessoa com
ímpeto possui uma liderança tamanha que só de chegar perto já consegue alinhar as coisas...
assertividade;
8VE: DOMINÂNCIA... dominância e intimidação... a pessoa vira mandão... “vai ser do meu jeito ou
não vai ser de jeito nenhum... e se não gostou, a porta está bem ali”;

9CE: TOLERÂNCIA... harmonia e mediação... vamos fazer o nosso trabalho, cada dia está melhor,
a hora vai chegar... consegue unir ritmos diferentes, complementar;
9VE: INDOLÊNCIA... apatia e indiferença... a pessoa começa a fugir do conflito... quando se
começa a fugir do conflito, as pessoas começam a te emparedar... é levar a vida em cima do
muro... não se deve deixar de se posicionar, de se colocar o próprio ponto de vista... a pessoa
sem posição é uma pessoa insossa, sem gosto... é o famoso “deixa a vida me levar, vida leva eu”.

Racionalmente, ninguém escolheria ser ansioso, depressivo, explosivo ou machucar alguém que
ama — mas a maioria das pessoas faz isso constantemente. E, se essas reações não são
escolhidas, por que as pessoas não têm controle sobre elas?

De modo geral, isso acontece porque o cérebro emocional é muito mais rápido que o cérebro
racional. Enquanto as emoções levam o ser humano à ação, sua razão continua pensando e
analisando. Quantas coisas em sua vida pessoal ou profissional você quer mudar, sabe o que fazer,
mas continua repetindo as mesmas experiências?

Nesse sentido, entender que somos movidos principalmente pela emoção é o primeiro passo para
começar a desenvolver a Inteligência Emocional.

Como principais benefícios da Inteligência Emocional, podemos destacar:


- Aumento da autoestima e autoconfiança;
- Redução de conflitos em relacionamentos interpessoais;
- Direcionamento competente das emoções;
- Aumento do nível de comprometimento com metas de vida;
- Senso de responsabilidade e melhor visão de futuro;
- Compreensão da visão de mundo e dos sentimentos das outras pessoas;
- Enriquecimento dos relacionamentos interpessoais; - Equilíbrio Emocional;
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- Desenvolvimento da comunicação e poder de influência;
- Aumento do nível de felicidade;
- Superação de barreiras;
- Clareza nos objetivos e ações;
- Melhora na comunicação e em seu poder de influência;
- Melhora na capacidade de tomada de decisão;
- Melhor administração do tempo e melhora significativa da produtividade;
- Diminuição dos níveis de estresse;
- Maior realização pessoal, familiar e profissional;
- Aumento da qualidade de vida, mais disposição, vitalidade e bem-estar.

Saber reconhecer as emoções e como elas influenciam suas ações é fundamental para ter mais
qualidade de vida e equilíbrio. O que muitos não sabem é que todas as pessoas possuem a
habilidade de desenvolver cada uma de suas emoções — conhecendo, percebendo e
administrando melhor os estímulos que chegam ao cérebro emocional.

O segredo para se tornar uma pessoa emocionalmente inteligente é desenvolver seu


autoconhecimento. Conhecer a si próprio e sua história de vida é o pilar base para adquirir um
controle maior em todos os tipos de situações da vida cotidiana, já que conhecer a si mesmo é
um exercício básico para estimular o autocontrole mental.

É difícil entender a complexidade da personalidade humana, especialmente em suas relações com


os outros. Compreender, corretamente, o que somos e fazemos não é uma tarefa fácil, pois não
vivemos isoladamente e a nossa existência é percebida pelas pessoas que estão a nossa volta –
seja essa percepção na forma positiva ou negativa. Em boa parte das vezes, as pessoas
desenvolvem uma compreensão a nosso respeito que nos surpreende, com o apontamento de
comportamentos, posturas e atitudes que prontamente afirmamos não ter. A maneira como nos
vemos e vemos os outros e vice-versa é o principal desafio na construção cotidiana das relações
pessoais.

Dois pesquisadores americanos, Joseph Luft e Harrington Ingham, desenvolveram, em 1955, um


instrumento de avaliação psicológica denominado JANELA JOHARI ou JANELA DE JOHARI – a
palavra JOHARI tem a sua origem na composição dos prenomes dos seus criadores: JO (Joseph)
e HARI (Harrington)

A JANELA JOHARI tem como objetivo auxiliar no entendimento da comunicação interpessoal e nos
relacionamentos com um grupo. Este conceito pode aplicar-se ao estudo a interação e das relações
interpessoais em várias situações, nomeadamente, entre indivíduos, grupos ou organizações.

O conceito tem um modelo de representação, que permite, revelar o grau de lucidez nas relações
interpessoais, relativamente a um dado ego, classificando os elementos que as dominam, num
gráfico de duas entradas (janela): busca de feedback versus auto-exposição, subdividido em quatro
áreas:

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• Área LIVRE ou EU ABERTO;
• Área CEGA ou EU CEGO;
• Área SECRETA ou EU SECRETO;
• Área INCONSCIENTE ou EU DESCONHECIDO.

O que eu sei O que eu não sei


sobre mim sobre mim
Coisas que os
outros sabem
sobre mim

Coisas que os
outros não sabem
sobre mim

Para compreender o modelo de representação, imagine uma janela com quatro "vidros" e em que
cada "vidro", corresponde a uma área anteriormente descrita, sendo a definição de cada uma delas:
• Área LIVRE ou EU ABERTO – zona que integra conhecimento do ego (eu) e também dos outros;
• Área CEGA ou EU CEGO – zona de conhecimento apenas detido pelos outros e, portanto,
desconhecido do ego;
• Área SECRETA ou EU SECRETO – zona de conhecimento pertencente ao ego e que não partilha
com os outros;
• Área INCONSCIENTE ou EU DESCONHECIDO – zona que detêm os elementos de uma relação
em que nem o ego, nem os outros têm consciência ou conhecimento.

O EU ABERTO (área LIVRE) constitui o nosso comportamento em muitas atividades, conhecido


por nós e por qualquer um que nos observe. Este comportamento varia enormemente conforme
nossa estimativa do que é correto em um ambiente específico e com diferentes grupos de pessoas.
Esta área limita-se aquilo de que nossos parentes e amigos próximos estão conscientes e ao que
nós consideramos óbvio, tais como nossas características, nossa maneira de falar, nossa atitude
geral, algumas de nossas habilidades, etc.

O EU CEGO (área CEGA) representa nossas características de comportamento que são facilmente
percebidas pelos outros, mas das quais, geralmente, não estamos cientes. Há evidências que é
nessa área que, frequentemente, somos mais críticos com o comportamento dos outros sem
percebemos que nós estamos comportando da mesma forma.

O EU SECRETO (área SECRETA) representa as coisas sobre nós mesmos que conhecemos, mas
que escondemos dos outros. Estas podem variar desde assuntos inconsequentes até os de grande
importância. Numa situação “fechada”, ou relativamente autoritária, é provável que haja muito mais
deste aspecto do que numa situação “aberta” ou sem autoritarismo. É nesta área e na área CEGA
(EU CEGO) que algumas modificações comportamentais podem ser conseguidas entre indivíduos
trabalhando juntos, experimentalmente, com espírito de cooperação e compreensão.

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O EU DESCONHECIDO (área INCONSCIENTE) inclui coisas das quais não estamos cônscios e das
quais nem os outros o estão. Constitui-se de memórias de infância, potencialidades latentes e
aspectos desconhecidos da dinâmica interpessoal. Algumas coisas estão muito escondidas e talvez
nunca se tornem conscientes; outras mais superficiais e com o aumento da abertura e feedback
poderão tornar-se conscientes.

O modelo gráfico da JANELA JOHARI permite apreciar o fluxo de informações decorrentes de duas
fontes – EU E OS OUTROS – bem como as tendências individuais que facilitam ou dificultam a
direção e a extensão deste fluxo.

Os processos principais que regulam o fluxo interpessoal eu-outros, determinando o tamanho e o


formato de cara área da JANELA JOHARI, são os seguintes:
• Busca de feedback: consiste em solicitar e receber reações dos outros, em termos verbais
ou não-verbais, para conhecer como o seu comportamento está afetando os outros, isto é,
ver-se com os olhos dos outros;
• Autoexposição: consiste em dar feedback aos outros, revelando os seus próprios
pensamentos, percepções e sentimentos de como o comportamento dos outros o está
afetando.

A utilização desses dois processos de forma equilibrada e ampla propicia desenvolvimento


individual e de competência interpessoal. Ainda que teoricamente os dois processos possam ser
usados igualmente, isto não ocorre nas situações reais, onde um deles é preferido em detrimento
do outro, trazendo, assim, um estado de desequilíbrio que se manifesta por tensões, hostilidades
e ressentimentos, prejudiciais ao relacionamento e à produtividade.

Os processos de SOLICITAR FEEDBACK e de AUTOEXPOSIÇÃO podem revelar preferências


consistentes na utilização no comportamento interpessoal. Estas tendências, representadas
graficamente na JANELA JOHARI, mostram aspectos importantes do relacionamento eu-outros sob
a forma de estilos interpessoais de comunicação.

A representação gráfica desse estilo, na JANELA JOHARI, é a seguinte:

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A JANELA JOHARI, pelo formato e proporções de suas áreas (quadrantes), evidencia o predomínio
da área DESCONHECIDA com seu potencial inexplorado, criatividade reprimida e psicodinâmica
pessoal preponderante.

Os dois processos são usados em grau reduzido, trazendo um relacionamento praticamente


impessoal. A pessoa parece ter uma “armadura” em torno de si, exibindo comportamento rígido e
aversão a assumir riscos, ficando retraída e observando mais do que participando.

Este estilo parece estar relacionado a sentimentos de ansiedade interpessoal e busca de segurança,
canalizando sua energia para manter-se quase como um sistema fechado, ao invés de utiliza-la
para autodescoberta e crescimento pessoal.

O estilo tende a gerar hostilidade nos outros, pois a falta de relacionamento é, geralmente,
interpretada em função das necessidades das outras pessoas e esta lacuna afeta a sua satisfação.
É encontrado, com frequência, em organizações excessivamente burocráticas, onde, muitas vezes,
é até conveniente evitar abertura e desenvolvimento.

A representação gráfica desse estilo, na JANELA JOHARI, é a seguinte:

Caracteriza-se por uma tendência a perguntar muito sobre si mesmo, como os outros o percebem,
o que acham de suas ideias e atos, utilizando preferencialmente o processo de solicitar feedback.
Ao mesmo tempo, indica pouco desejo de se expor, ou pouca abertura, o que pode ser interpretado
como sinal de desconfiança dos outros.

Diferencia-se do estilo interpessoal EU DESCONHECIDO pela vontade expressa de manter relações


com nível razoável de participação no grupo, através de pedidos frequentes de feedback,
solicitando informações quanto a ideias, opiniões e sentimentos dos outros. Procura, geralmente,
saber a posição dos outros antes de comprometer-se, o que, a longo prazo, acaba levando as
outras pessoas a se irritarem ou se retraírem, gerando sentimentos de desconfiança, reserva,
ansiedade, desgosto e hostilidade.

Quanto mais utilizado o processo de solicitar feedback e menos o de autoexposição, mais aumenta
e se consolida o EU SECRETO, porquanto, o tamanho de sua área (quadrante) está inversamente
proporcional à quantidade de informação fluindo do indivíduo. Nesse estilo interpessoal, a pessoa
pode ser vista como superficial e distante.

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Há, certamente, inúmeras razões para a pessoa não se expor e usar menos o processo de dar
informações sobre si mesma. Uma delas pode ser o medo de ser rejeitada ou agredida, outra é
não receber aprovação ou apoio se os outros conhecerem os seus verdadeiros pensamentos e
sentimentos. O fator subjacente, em ambas as razões, é a concepção de julgamento negativo de
sua pessoa, o que poderia estar relacionado com auto-imagem depreciada e sentimentos de
insegurança e, no outro extremo, com motivação de auto-afirmação e desejo de manipular ou
controlas as outras pessoas através da retenção proposital de informações esclarecedoras. Os
outros podem interpretar as motivações das pessoas dos dois modos. Consideram a falta de
abertura com sinal de insegurança, passando a desprezar ou menosprezar a pessoa, ou como falta
de confiança e tentativa de controle dos outros pelo fato de deixá-los sem pontos de referência
quanto à sua posição e reações.

Nas situações de trabalho, pode-se criar um clima de permissividade indevida ou excessiva, em


que todos opinam e dão feedback ao superior, sem que este complemente o processo como
autoexposição, o que tende a ser disfuncional na comunicação, gerando tensões e sentimentos
negativos.

A representação gráfica desse estilo, na JANELA JOHARI, é a seguinte:

O indivíduo utiliza intensamente o processo de autoexposição e muito pouco o de solicitar


feedback. Sua participação no grupo é atuante, dando informações, mas solicitando pouco. Diz às
pessoas o que pensa delas, como se sente em relação a elas, sua posição no grupo, podendo
criticar frequentemente a todos, na convicção de que está sendo franco, honesto e construtivo.

Os outros podem percebê-lo como egocêntrico, com exagerada confiança nas próprias opiniões e
valorizando sua autoridade, além de insensível ao feedback que lhe fornecem. Consequentemente,
os outros tendem a sentir-se lesados em seus direitos, sem receber a devida consideração, e
podem desenvolver sentimentos de insegurança, hostilidade, ressentimento e defensividade com
relação á pessoa.

Este estilo interpessoal tende a conservar e ampliar o EU CEGO, pois os outros passam a sonegar
informações importantes ou dar feedback seletivo e, assim, concorrer para perpetuar
comportamentos ineficazes, uma vez que o indivíduo não consegue se beneficiar da função
corretiva do feedback dos outros.

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A menor solicitação e recebimento de feedback também tem razões psicologicamente válidas,
correspondendo a reações interpessoais a tensões variadas, tais como receio de conhecer a sua
imagem pelos outros, necessidade de não perder o poder, autoritarismo, etc.. Mesmo exercendo
função protetora, este estilo interpessoal provoca reações disfuncionais na comunicação
interpessoal e prejudica a produtividade pelos ressentimentos, hostilidades, e finalmente apatia
decorrente do processo, afastando a confiança mútua e a criatividade das situações de trabalho.

O usuário desse estilo interpessoal, entretanto, não se apercebe de seu papel como fator principal
desse estado de coisas, pois a tendência é fortalecer e aumentar a sua “área cega”.

A representação gráfica desse estilo, na JANELA JOHARI, é a seguinte:

Caracteriza-se pela utilização ampla e equilibrada de busca de feedback e de autoexposição,


permitindo franqueza e empatia pelas necessidades dos outros. O comportamento da pessoa, em
sua maior parte, é claro e aberto para o grupo, provocando menos erros de interpretação por parte
dos outros.

A área (quadrante) maior é a do EU ABERTO, ou de livre atividade, gerando expectativas de maior


produtividade, através da redução de conjecturas sobre o que a pessoa está tentando fazer ou
comunicar.

Inicialmente, este estilo interpessoal pode conduzir à defensividade nos outros, por não estarem
habituados a relações interpessoais autênticas, o que pode ser ameaçador ou inadequado até em
algumas situações ou contextos. A médio e longo prazos, entretanto, a tendência é para esclarecer
normas de franqueza recíproca, de tal modo que confiança mútua e criatividade possam ser
desenvolvidas para um relacionamento significativo e eficaz.

O objetivo principal dos processos de busca de feedback e autoexposição consiste em movimentar


informações das áreas (quadrantes) CEGA e SECRETA para a área LIVRE, onde serão úteis a todos.
Nestes processos, algumas informações podem mover-se da área DESCONHECIDA para a área
LIVRE. Uma pessoa, por exemplo, pode alcançar um insight quando percebe, subitamente, uma
relação entre um evento aqui-e-agora no grupo e um acontecimento passado, resultante de
feedback e reflexão conducente à abertura, frequentemente observado em treinamentos, etc..

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Autoconsciência é ter uma dose de compreensão de que o mundo tem uma forma de se revelar. Pouca
consciência é resistir e ter uma noção irreal de que as coisas devem sempre ocorrer exatamente como
previmos. Temos que aceitar que o cenário a nossa volta não irá mudar e que nós é que teremos que
nos conhecer melhor e nos gerenciarmos se quisermos viver bem dentro desse mundo. Então, o que
fazer para se autoconhecer? A ideia é que possamos desenvolver a nossa inteligência emocional para
que possamos usufruir de dias melhores. Vamos às dicas:

DURMA NO MÍNIMO 7 HORAS POR NOITE... um cérebro cansado usa menos sangue no córtex pré-
frontal, o que torna mais difícil reagir, de forma inteligente, ao inesperado, minimizando a possibilidade
de ideias para resolver os problemas e de manter a calma sob estresse.

RESERVE MOMENTOS PARA VOCÊ NO INÍCIO DO DIA... ao começar um novo dia, não saia correndo
para o trabalho, reserve algum momento para você, para uma reflexão, o que irá ajudar a se entender
melhor e ter maior domínio sobre as suas emoções. Pense: durante o dia, que pessoas irei encontrar?
Que situações irei enfrentar? Como fazer para que tudo aconteça da melhor maneira possível? Reflita
sobre as suas preocupações: são reais ou infundadas, exageradas? Considerando as minhas
prioridades hoje, em quais devo concentrar mais a minha atenção?

FAÇA EXERCÍCIOS... uma pesquisa realizada em 10 anos pela Universidade de Harvard comprovou que
existe um forte elo entre os exercícios e as funções cerebrais. Eles melhoram o humor e a motivação.
Inclusive, o período dedicado aos exercícios pode muito bem ser utilizado para a reflexão que
abordamos anteriormente.

MEDITE... nada tem a ver com monges usando roupas coloridas em um mosteiro... a meditação – ou
atenção plena - é empregada hoje em dia por instituições como o GOOGLE e o EXÉRCITO AMERICANO,
para melhorar o raciocínio, a resiliência, a concentração e o autocontrole. Existem muitas formas de se
meditar. Um por exemplo, é fazer uma pausa, de 10 minutos, em um local isolado, e concentrar a
atenção em algo – um objeto – e retornar a ele quando a atenção estiver esmorecendo... ou seja, pausa,
foco e retorno. Pode, também por exemplo, fechar os olhos e prestar a atenção em seus pensamentos.

CUIDE DE SEU HUMOR LOGO NO INÍCIO DO DIA... a nossa percepção de mundo pode ser influenciada
pelo nosso mau humor. O mau humor faz o cérebro evidenciar as preocupações, que irão influenciar
a nossa relação com os outros.

REFLITA DIARIAMENTE SOBRE AS SUAS EMOÇÕES... muitas pessoas expressam as suas emoções
por meio da escrita... ou o fazem por meio da oração. De qualquer forma, se trata de ratificar as próprias
emoções, compreendendo-as melhor, por meio da reflexão.

REFLITA EM GRUPO... a reflexão coletiva também é uma forma de agilizar a resolução de problemas
pelo fato dessa situação ser debatida em grupo, trazendo à luz experiências e práticas que ajudarão a
encontrar a solução.

IMPREVISTOS SÃO INEVITÁVEIS... é importante sabermos enfrentar a realidade dura dos fatos.
Devemos evitar o negativismo, mas, também, o positivismo exagerado e ilusório. Como os
navegadores, “não podemos mudar o vento, mas podemos ajustar as velas do nosso barco para que
possamos chegar aonde desejamos.

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ACHOR, SHAWN. O jeito Harvard de ser feliz. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRADBERRY, TRAVIS & GREAVES, JEAN. Inteligência Emocional 2.0: você saber usar a
sua? São Paulo: HSM, Editora, 2016.

BUCKINGHAM, MARCUS & CLIFTON, DONALD O.. Descubra os seus pontos fortes. Rio
de Janeiro, Sextante, 2008.

COVEY, STEPHEN R.. Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. Rio de Janeiro, Best
Seller, 2008.

DUHIGG, CHARLES. Porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2012.

DWECK, CAROL S. Mindset: a nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2017.

GOLEMAN, DANIEL. Inteligência Emocional: a teoria que redefine o que é ser inteligente.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

MOSCOVICI, FELA. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

SLIVNIK, ALEXANDRE. O poder da atitude. São Paulo: Editora Gente, 2012.


____________________. O poder de ser você. São Paulo: Editora Gente: 2014.

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Formado em Administração de Empresas e pós-graduado em Marketing, Liderança e Tecnologia da
Informação. Atua há mais de 30 anos em consultoria e projetos nas áreas de Liderança, Motivação e
Aspectos Comportamentais, Reestruturação Organizacional, Planejamento Estratégico, Planejamento de
Sistemas de Informação, Modelagem de Processos de Trabalho, Qualidade Total, Gestão de Negócios e
Serviços, Gestão da Qualidade, Marketing e Estratégias Empresariais, Gestão de Vendas, Gestão do
Conhecimento, Gestão de Projetos, dentre outras. Atua como professor de cursos de extensão,
graduação e pós-graduação há 32 anos, incluindo instituições como a prestigiada FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS (FGV MANAGEMENT). Já prestou serviços de consultoria para organizações tais como:
SEBRAE, Ministério do Planejamento, Governo do Distrito Federal, Caixa Econômica Federal, ASBACE –
Associação dos Bancos Comerciais e Estaduais, Universidade de Brasília, Banco Central do Brasil,
Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Ministério do Exército, Imprensa Nacional, CNPq – Conselho
Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, como principais destaques. No Mato Grosso, desde 2003,
prestou serviços de consultoria e de capacitação profissional, com destaques para a CONCEITO
PESAGENS, PB LEINER, MONSANTO, SADIA, SICREDI, LOJAS MARTINELLO, FUNDAÇÃO MT/TMG,
GRUPO OTAVIANO PIVETA, BRASIL CENTRAL NEGÓCIOS AGROPECUÁRIOS, SERTÃO AGRÍCOLA,
GUIMARÃES AGRÍCOLA, VALTRA PAMPA, AGROMAVE, PIONEIRA AGRÍCOLA, FAZENDAS
POSSAMAI, HBB CONTABILIDADE, Câmaras Municipais, Secretarias Municipais, dentre outros, além de
treinamentos e palestras em outras localidades do estado tais como Sorriso, Lucas do Rio Verde, Sinop,
Rondonópolis, Nova Mutum, Tangará da Serra, Campo Verde, Matupá, Ipiranga do Norte, Campo Novo
do Parecis, Boa Esperança do Norte, Terra Nova do Norte e Guarantã do Norte. Foi professor da
UNIC/FAIS (Sorriso) nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Tecnologia em Gestão do
Agronegócio e Tecnologia em Gestão Financeira e lecionou também na UNIVERDE (Faculdade de Lucas
do Rio Verde) nos cursos de Administração, de Ciências Contábeis e de Turismo e na FACEM –
Faculdade Centro Matogrossense, nos cursos de Estética e Educação Física. É professor de
pósgraduação da UNIC (Universidade de Cuiabá), LA SALLE (Lucas do Rio Verde/MT) UNIC/FAIS
(Sorriso/MT), UNIC (Sinop – Tangará da Serra), da FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE GUARANTÃ
DO NORTE – FCSGN (Guarantã do Norte/MT) e da ÁGORA TREINAMENTOS. É palestrante em
associações comerciais de Mato Grosso. Ministra palestras e cursos para empresas e instituições
em geral. É designer de jogos empresariais e comportamentais e desenvolve projetos de gamificação.
Foi Diretor Geral do ALLIANCE MEDICAL CENTER. Foi co-autor no livro PESSOAS: FOCO E
DESENVOLVIMENTO, no capítulo sobre GAMIFICAÇÃO (Editora Umanos – Cuiabá/MT – 2016).

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