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São
Paulo: Companhias das Letras, 1995. 2°ed (p.106 – 140).
As ideias expressas pelo autor ainda são relevantes para o mundo atual,
pois, em todas as épocas e lugares os indivíduos procuram saber suas origens,
sua história, a história do seu povo. Darcy Ribeiro nos fornece um pouco de
quem somos, pois, não tem como explicar em apenas um livro “quem somos”,
representamos uma mistura de torturador e torturado, de escravo e senhor, de
negro e branco. Ou seja, a história dos brasileiros é marcada por sofrimentos,
misérias, torturas, submissão, egocentrismo- por parte dos europeus. Se por um
lado o autor mostra que dar necessidade de querer pertencer a um povo, a ter
uma identidade, de fazer parte de algo, de se encaixar em algum canto, é daí
que surge o povo brasileiro. Nesse sentido, muitos desses mulatos, caboclos e
curibocas não tinham um povo a quem pertencer, eram desprezados por aqueles
que tinham uma identidade. No meu ponto de vista, eles deveriam sentir-se
solitários, em busca de algo que os preenchessem. Então, é dessa busca por
algo que surge a vontade de superarem tudo isso, sozinhos. Segundo Sérgio
Buarque de Holanda, em seu livro: Raízes do Brasil (2015, p. 37), para os
espanhóis o índice do valor de um homem infere-se, na extensão em que não
precise mais depender dos demais, em que não necessite de ninguém, em que
se baste. Dentro desse contexto, acredito que, os brasileiros se encaixem nessa
visão, justamente pelos mestiços não pertencer a nenhum povo, por estarem
solitários é que perceberam a necessidade de criar uma nova identidade. Os
mamelucos, talvez, foram os primeiros a pensarem dessa forma. Contudo, eles
não foram os únicos, os negros exerceram sua influência e importância para a
formação do povo brasileiro. A contribuição dos negros para a formação do
território brasileiro, ainda é um assunto muito debatido. Alguns estudiosos
ajudaram a difundir a ideia da inferioridade dos negros, e da sua contribuição
negativa para a formação dos brasileiros – por exemplo Nina Rodrigues e
Oliveira Viana- a difusão dessas ideias contribuiu para a efetivação do racismo
e do preconceito. Mas quando os africanos foram tirados das suas terras, eles
não tinham mais ninguém, não tinham mais um povo, uma língua. O mesmo
sentimento de “não pertencimento” aquele povo que os mamelucos sentiram, os
negros escravizados também sentiram. Ainda pior, pois, agora eles eram
tratados como “animais” que só serviam para o trabalho e para serem
castigados, e até mesmo como objeto sexual de seus senhores1.