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ESTUDO DE CASOS

A mentira na criança
ISABEL ADRADOS '-,

Se considerarmos a mentira como uma alteração intencional,


voluntária da verdade, podemos dizer que a criança durante a pri-
meira infância não mente propriamente: em geral ela deturpa os
fatos, quase sempre por excesso de imaginação. Muitas vêzes, par-
tindo de um fato real, a imaginação faz o resto, misturando os sonhos
à realidade. LEIF acha que a mentira é o equivalente verbal do sonho.
A criança cria aquilo que precisa para satisfazer suas necessidades
naturais. Assim, o filho único inventa um irmãozinho e com êle fala
e brinca, às vêzes, por dias a fio. Os meninos muito sozinhos, que
são pressionados pelos pais e não têm quase contato com outras
crianças, inventam um amigo. O mesmo faz a Criança rejeitada
pelo grupo infantil: cria o amigo ideal e com êle brinca horas e
horas ...
* Psicóloga do ISOP, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.

Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro. 22 (1) :41-47, jan./mar. 1970
Quando a mãe surpreende essas crianças falando sozinhas, cos-
tumam responder que estão brincando disto ou daquilo com seu
amigo X; quando assim falam, não estão mentindo, pois para elas
esse amigo existe.
O Zêzinho do Meu pé de Laranja Lima é um bom exemplo disso;
quando êsse menino, bem descrito por JosÉ MAURO DE VASCONCELOS,
fala com o pé de laranja, êle antropomorfiza a árvore, que para êle
existe, tem vida, é o bom amigo das horas difíceis.
Os pais, portanto, não devem ficar intranqüilos se a criança
confabula; até os 7 anos é normal, forma parte de sua própria vida.
Mesmo mais tarde, até os 11 ou 12 anos, as crianças inventam per-
sonagens e situações: é a fase da ficção, e que não quer dizer que
elas estejam fora da realidade. Há, isso sim, uma adulteração da
verdade que, embora voluntária, é feita de boa fé. Não há propria-
mente a intenção de enganar, a não ser a si próprios; essa atitude,
quase sempre, indica uma tentativa de reajustamento, é, por assim
dizer, a confabulação a serviço da atividade; nesses casos, as crian-
ças não precisam de ninguém e muito menos dos adultos para es-
cutar suas fantasias.
Todavia, já temos visto casos em que a criança exige a partici-
pação e colaboração do adulto na sua fabulação; nesses casos é ne-
cessário levar essas crianças ao terreno da realidade, suavemente,
sem traumatizá-Ias, pois é sabido que, quando apresentam êsse tipo
de fabulação, obedecem a uma necessidade afetiva. Alguns estudio-
sos do assunto acham que se a criança fôr desmascarada brutalmente
e, portanto, humilhada, pode refugiar-se, ainda mais intensamente,
na mentira.
É difícil encontrarmos uma criança que não minta ou que não
tenha mentido, em alguma fase. As crianças sentem-se esmagadas
pela realidade, não têm ainda resistência para aceitá-la, pelo que
mentem, de certa forma, como uma proteção, ou talvez como se a
mentira fôsse um mecanismo de compensação.
Até aqui estamos nos referindo à forma mais simples e benigna
de mentira.
Outras vêzes a criança quer ocultar alguma coisa que sabe que
será condenada pela ética dos adultos. Nesse caso, pode também
apresentar o fato, mas modificado pela imaginação de forma a ser
do agrado das pessoas que a cercam. Tem mêdo de confessar certas
ações, sabe que será punida, mente na defensiva, tentando evitar a
punição. Temos visto pais que se mostram complacentes com outros
defeitos ou problemas de conduta, sendo, porém, rigorosos quando
se trata de mentira. Dessa forma, a criança mente também pelo
mêdo, que sente, de perder o afeto ou a benevolência das pessoas de
quem mais gosta, os próprios pais.
tsse tipo de mentira surge em ambientes demasiado exigentes
e moralizadores, quando a disciplina severa demais seja despropor·
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donada às causas que motivem o castigo. Tais pais acham que a
franqueza é necessária a qualquer preço, mesmo quando ela venha a
ferir a sensibilidade alheia; entretanto, sabemos que existem verdades
que são mais penosas que certas mentiras. Achamos que, da mesma
forma e ao mesmo tempo que educamos a criança no sentido de
dizer sempre a verdade, devemos orientá-la para que tenha consciên-
da de que às vêzes, em determinadas circunstâncias, a mentira pode
ser generosa. Aqui entraria por exemplo a mentira leal proferida para
proteger um amigo. Outro tipo de mentiroso é o inferiorizado. Usa a
mentira como uma compensação, procura vangloriar-se perante os
colegas de coisas que nunca fêz ou inventa sôbre seus pais e fami-
liares. Para o psicólogo infantil a análise dessas fantasias é impor-
tante, pois quase sempre representam o que gostariam que existisse
na realidade. Assim, a mentira pode ser uma saída para a frustração
que a realidade determina.
Parecida com a anterior é a mentira por vaidade, quando a crian-
ça mente para atrair atenção sôbre si; são quase sempre exageros
em tôrno da realidade. Em geral a criança conta vantagens em tôrno
daquilo de que carece.
Em nosso histórico de crianças que mentem, há uma constante
bastante significativa de pais que também mentem. Trata-se da
mentira por imitação. Desde a mais tenra idade que as crianças
observam os adultos e suas reações, mesmo quando pareça que es-
tejam intensamente envolvidas num jôgo. É fato bastante comum a
mãe pedir a colaboração do filho para ocultar do pai tal e qual fato,
ou dizer "se o papai perguntar tal coisa responde tal outra", numa
idade em que a criança já tem discernimento para avaliar os fatos;
situação similar ocorrerá com o pai, embora com menos freqüência.
É comum que os pais, recebendo um chamado ao telefone, façam
dizer por uma outra pessoa que não estão em casa. ~ste é um exem-
plo muito suave, mas situações e fatos de falseamento da realidade
existem nas relações interfamiliares, muito mais graves, e que levam
a criança, não apenas a mentir por imitação, como também a perder
a confiança nos pais.
É por isso que é difícil controlar a mentira. A própria sociedade
vive delas, como muito bem diz MARIA MONTESORI: A mentira é a
fantasia do espírito que facilita ao homem a adaptação aos desvios
organizados pela sociedade e que lentamente tenham transformado
em ódio o que era amor." E mais adiante: "Uma das contribuições
mais brilhantes apontadas pela psicanálise na história da alma hu-
mana é a interpretação das fantasias do subconsciente."
Até aqui pode parecer que estamos querendo tirar importância
à mentira ou defender a criança que minta. De fato, não nos parece
tão condenável, especialmente durante a primeira infância, mesmo
porque, modificadas as condições ambientais, a mentira regride fàcil-
mente, até desaparecer.
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Todavia, existe um tipo de mentira inteligente proferida com a
intenção de prejudicar alguém. HAIM GRÜNSPUN acha que essa men-
tira tem aspecto de delinqüência; trata-se de crianças jã próximas
à fase pré-puberal, que mentem deliberadamente. Quando não sejam
encaminhadas à terapia, essa atitude se afirmarã na adolescência,
persistindo pelo resto da vida.
Precisamos conhecer os motivos que levam a criança a mentir
para poder agir sôbre ela. A etiologia da mentira pode estar centrada
na criança ou no ambiente. O mais comum é que ambos para ela con-
correm. Descobrir se a criança mente, ou não, e porque mente, é
tarefa difícil e exige paciência e colaboração dos educadores e
dos pais.
Conhecida a causa, devemos envidar esforços para corrigir o
que estã errado, planejando uma orientação para a criança e os fami-
liares, e que vise à superação do hãbito.
Quando a causa é excesso de imaginação, propiciaremos à
criança situações e oportunidades para canalizar sua fantasia cria-
dora. As Escolinhas de Arte, teatro, atividades em grupo, esco-
tismo, brinquedos atraentes, onde a criança, ao mesmo tempo que
brinca, usa intensamente de sua imaginação, são recomendãveis.
Quando confabula por não poder suportar a realidade, hã em
geral um envolvimento afetivo que precisamos levar em conta, se
não quisermos traumatizar a criança. Lembramos o caso de uma
menina que perdeu o pai em desastre de aviação. Jã tinham trans-
corrido três meses do fato e a criança no jardim de infância falava
do pai como se fôsse vivo, confabulando situações com tais porme-
nores, que a professôra alarmada com o sintoma pediu a colaboração
de um psicólogo.
Submetida a diversos exames, constatou-se o perfeito ajusta-
mento à realidade e condições psíquicas excelentes; apenas em re-
lação à ausência do pai, a quem era muito chegada, é que mantinha
atitude confabulatória, negando-se a aceitar a realidade. Tanto a
mãe como a professôra foram orientadas no sentido de não favo-
recer suas tendências à confabulação, participando dela, mas pro-
curando sem contradizê-la ou desmenti-la, desviã-Ia do assunto. Essa
situação se manteve por dois anos, quando a mãe se casou de nôvo,
e a criança comunicou a seus colegas e à professôra que o pai tinha
voltado da última viagem, diferente, mas mais carinhoso do que
nunca, e com muitos brinquedos. Aceitou muito bem a nova figura
paterna, não como nova, mas encarando a que ela tão profunda-
mente tinha interiorizado
Pais demasiado exigentes, ou rigorosos nas suas normas de
educação, costumam ser a causa da mentira defensiva. O ambiente
deve ser modificado, propiciando à criança um clima familiar mais
compreensivo; a rigidez unicamente pode prejudicar o desenvolvi-
mento e livre expansão da criança que precisa da aceitação e ter-

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nura dos pais como base para sua segurança interna. Se a criança
é humilhada e apanha tõda vez que o boletim apresenta resultados
que não sejam coerentes com as expectativas paternas, essa criança
poderá esconder, perder ou falsificar o boletim para defender-se da
fúria do pai. Nesse caso específico, cabe ao pai procurar conhecer
os motivos que levaram o filho a fracassar, para então tomar as
providências necessárias, no sentido de sua recuperação. A severi-
dade exagerada cria ansiedade e insegurança. Também o excesso de
condescendência pode originar os mesmos sintomas.
Quando a criança mente pela necessidade de compensar seu
complexo de inferioridade, proporcionaremos situações e daremos
oportunidades para que se afirme realmente naqueles aspectos por que
tenha maior aptidão e interêsse (música, pintura, esporte), levando-a
assim a sentir orgulho de si mesma, sem ter que recorrer à mentira.
Uma criança pode ser pouco dotada intelectualmente e sentir difi-
culdades na escola a ponto de precisar repetir um ano, e de tal forma
que, às vêzes, um irmão menor pode igualar-se a ela nos estudos e
até ultrapassar seu nível. Tarde ou cedo começa a ressentir-se no
seu amor próprio e desenvolve sentimento de inferioridade.
Nesse caso, deve ser submetida a testes com a finalidade de
ver em que atividade poderá obter pleno êxito, para compensar nessa
atividade paralela aos estudos regulares, sua falta de realização esco-
lar. No entretanto, o que costuma acontecer é justamente o contrá-
rio, quando uma criança apresenta dificuldade nos estudos fica proi-
bida pelos pais de praticar outras atividades que sejam estritamente
referentes aos estudos. A orientação dada pelo psicólogo no sentido
de que a criança precisa ampliar a esfera dos seus interêsses, até
encontrar um setor em que possa sobressair-se, oferece forte resis-
, tência por parte dos pais, que assim condenam o filho ao fracasso.
Quando a criança mente por imitação, a orientação é bastante
delicada: torna-se difícil orientar os pais sem melindrá-los, no sentido
de que deva reinar no ambiente do lar um clima de lealdade que
evite falseamento de situações ou o exagêro dos fatos.
Finalmente, a mentira patológica, quase sempre de caráter com-
pulsivo, precisa de cuidados especiais; sempre vem acompanhada de
vasta sintomatologia que caracteriza os quadros predeliqüenciais,
carentes de tratamento psicoterápico.
O seguinte caso exemplifica quando a criança mente por excesso
de rigor, o que a leva a ter mêdo, não apenas dos pais, mas da auto-
ridade de modo geral.
Tratá-se de criança de 7 anos, filho único; os pais apresentaram
os seguintes motivos de queixa: é displicente nos seus hábitos higiê-
nicos: não tem mêdo do perigo; mente muito, especialmente desde
que começou a vida escolar; destrói objetos, corta roupas e papéis
que têm valor; tem dificuldade de adaptação escolar, tanto em rela-
ção a rendimento nos estudos como no aspecto social.
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Além das entrevistas e de exame médico, foi submetido aos se-
guintes testes:
Inteligência - WISC - Escore verbal .114; escore de exe~
cução . 120; escore total . 118. Classificou-se como "Normal brilhan-
te" nos aspectos verbal e global, e "Superior" no de execução.
Personalidade - Machover - Personalidade desajustada por
se encontrar profundamente reprimida, apresentando ainda caracte-
rísticas de fixação a fases anteriores do seu desenvolvimento. As
associações verbais vinculadas a perguntas sôbre o mêdo nos levam
a levantar como hipótese a presença de traços auto-agressivos que
contribuem para o Or. adotar uma atitude de aparente indiferença
e alheamento ao perigo.
Teste de Koch: Personalidade inibida, bloqueada, emotiva e
impressionável, imatura e hiperexcitada do ponto de vista motor.
Sente-se pressionada e oprimida pelo ambiente, havendo indí-
cios de uma atitude de mêdo em face da autoridade. Apesar de apre-
sentar boa capacidade de adaptação social, ela se apresenta, no mo-
mento, prejudicada.
Outrossim, a grande oscilação no tamanho da árvore e da fi·
gura humana fazem pensar num temperamento cic1otímico (figura
humana diminuída, árvore do tamanho da fôlha de papel) .
Madeleine Thomas: Personalidade com dificuldade de ajusta-
mento ao grupo infantil, cuja agressividade teme. Receia também a
exteriorização de seu próprio potencial agressivo, que mantém sob
contrôle. Essa repressão da agressividade, em relação às pessoas,
parece vinculada às suas relações com a figura paterna que teme
por percebê-la como punitiva e ameaçadora.
Há indícios de frustração oral e de perturbação da emoção pri-
mária do mêdo.
Observação psicológica: Personalidade do tipo instável, imaturo
e inseguro com provável problemática familiar; revelando grande
dificuldade em seu processo de ajustamento.
Exame médico: Defeitos fisiológicos: obesidade, genuvalgum.
pés chatos.
Entrevistas: O orientando foi desejado pelos pais, a gestação
foi normal e o nascimento a têrmo. Com um ano e pouco, começou
a ter dificuldade para dormir; acordava a tôda hora, chorando; o
médico constatou fimose quase completa. Operado, ficou fisica-
mente bom, porém traumatizado. Teve que operar amígdalas e ade-
nóides com 5 anos. Vida escolar normal durante o primeiro ano;
aprendeu a ler e escrever ràpidamente.
Sempre foi carinhoso e mimadíssimo pelos pais e familiares,
mas ao mesmo tempo coagido e muito disciplinado. Viveu sempre
em apartamento muito pequeno; muito recriminado, desenvolveu sen-

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timento de culpa; sente-se inseguro e provoca situações para ser cas-
tigado. Mente muito, nega os fatos mais evidentes, até que os pais,
irritados, o castigam.
Os pais têm 38 e 44 anos; são rígidos com êles mesmos, muito.
moralistas.
Diagnóstico: criança desajustada ao ambiente familiar em de~
corrência da falta de compreensão e orientação sadia em sua
educação.
Aos pais aconselhamos uma atitude mais compreensiva e calma,
menos rigor e maior aceitação, exigir menos nos estudos e propiciar
um ambiente de maior liberdade ao ar livre e em contato com outras
crianças da mesma idade (escotismo).
Freqüentar Escolinha de Arte, praticar natação.
Consultar um endocrinologista. O Or. voltou com 12 anos, ti-
nha superado todos os problemas, menos sua displicência em relação
aos estudos.
Em entrevistas separadas, dos pais e do Or., constatamos que
o desinterêsse pelos estudos era originado pela intervenção da mãe.
Os deveres eram pràticamente feitos pela mãe e, como muito bem
esclareceu a criança, não tinha ela oportunidade nem de pensar so-
zinha, pois a mãe pensava por ela. E acrescentou: "O pior é que
pensa errado, pois já ganhei 2 zeros esta semana, por ela ter me orien-
tado de maneira errada."
Incentivamos a mãe a controlar o rendimento do Or. imica-
mente pelo boletim escolar, levando-o a responder por seus êxitos
e fracassos.

Bibliografia
LEIF, Joseph e DELAY, Jean. Psicologia y educacion deI nino, Buenos Aires, 1968.
MONTESSORI, Maria. EI Nino.
HURLOCK, Elisabeth. Desarrollo Psicológico deI Nino.
GRÜNSPUN, Haim. Distúrbios Psiquiátricos da Criança, S. Paulo, 1961.

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