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Propedêutica Mirella Bispo

MED 103
2019.2

Respiratória
Projeções na parede torácica
◊ Pulmões
- Incisura horizontal: linha que acompanha a 4ª costela, passando a 5ª costela quando
cruza a LAM;
- Incisura oblíqua: da interseção da LAM com a 5ª costela até a extremidade anterior
da 6ª costela na LHC; T3;
- Limite inferior: na inspiração é ao nível da articulação da 11ª costela para a 12ª
costela; T10 a T12.
◊ Coração
- No nível da junção da 3ª costela com o esterno, inicia-se uma linha que se estende
para baixo e para fora até o cruzamento do 4º ou 5º EIC com a LHE, curvando-se
para dentro em direção ao processo xifoide;
- BED.
◊ Fígado
- Limite superior: 5º ou 6º EIC até a linha axilar anterior, seguindo deste ponto até a
interseção da 6ª ou 7ª costela com a LAM.
◊ Fundo do estômago
- Espaço semilunar de Traube;
- Limite superior: linha curva de convexidade voltada para baixo com início na 5ª ou 6ª
cartilagem costal até o cruzamento da LAA com a 9ª ou 10ª costela;
- Limite inferior: linha mais ou menos reta que acompanha a reborda costal esquerda.
◊ Baço
- Face lateral do hemitórax esquerdo;
- Limite superior: linha curva de concavidade superior, cujo ápice situa-se no
cruzamento da LAM com a 9ª ou 10ª costela.

Pontos de Referência Anatômicos


◊ T5 está no mesmo nível do ângulo manubrioesternal;
◊ Ângulo manubrioesternal no nível da 2ª costela;
◊ Linha medioesternal, linhas esternais, linhas hemiclaviculares; linha axilar anterior,
linha axilar média, linha axilar posterior; linha medioespinal, linhas escapulares (ângulo
inferior da escápula);

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◊ Região supraclavicular, região clavicular, região infraclavicular (até 3ª articulação
condroesternal), região mamária (até a 6ª articulação condroesternal), região
inframamária (até reborda costal);
◊ Região supraesternal, região esternal superior (até 3ª articulação condroesternal),
região esternal inferior (até processo xifoide);
◊ Região axilar (até linha horizontal que passa pela 6ª articulação condroesternal),
região infra-axilar (até reborda costal);
◊ Região supraescapular, região supraespinhosa, região infraespinhosa, região
infraescapular, região interescapulovertebral (entre borda interna da escápula e
linha medioespinal).

Inspeção Estática
◊ Paciente sentado e médico em pé movimentando-se ao seu redor, paciente pode
estar deitado, tórax desnudo;
◊ Avaliação sempre comparativa; importância da inspeção geral;
◊ Avalia-se o estado da pele e das estruturas superficiais da parede torácica
- Cicatrizes, atrofia, edema, circulação colateral;
◊ Forma do tórax
- Apresenta variações de acordo com idade, sexo e biotipo;
- No adulto, o diâmetro anteroposterior é 2/3 do lateral;
- Chato: reduzido diâmetro anteroposterior, comum nos longilíneos;
- Em tonel, em barril ou globoso: diâmetro anteroposterior praticamente se iguala ao
transversal, enfisema pulmonar ou idosos, síndrome obstrutiva (DPOC);
- Infudibuliforme, escavado, de sapateiro ou pectus excavatum : depressão mais ou
menos acentuada no terço inferior do esterno, congênito ou adquirido, raquitismo;
quando muito acentuado, pode produzir distúrbio pulmonar restritivo; prolapso da
valva mitral;
- Cariniforme ou pectus carinatum : no nível do esterno, saliência em forma de quilha
de navio, congênito (genético) ou adquirido, raquitismo infantil;
- Em sino, cônico ou piriforme: porção inferior alargada, grandes
hepatoesplenomegalias e na ascite volumosa;
- Cifótico: tuberculose, osteomielite, síndrome restritiva;
- Escoliótico: anomalia congênita;
- Cifoescoliótico: pode produzir restrição grave da expansão torácica;
- Instável: fraturadas 2 ou mais costelas em 2 pontos ou mais, gerando movimentos
paradoxais (retalho móvel durante movimentos respiratórios);
◊ Abaulamentos e depressões
- Presente em qualquer região do tórax e indicam uma lesão que aumentou ou reduziu
estruturas da parede ou de órgãos intratorácicos;
- Derrames pleurais: abaulamento na base do hemitórax correspondente;
- Malformações e consolidações de fraturas de costelas exteriorizam-se com
abaulamentos ou depressões da área correspondente;
- Rosário raquítico;

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Inspeção Dinâmica
◊ Tipo respiratório
- Observar atentamente a movimentação do toráx e abdome para avaliar em qual
região os movimentos são mais amplos;
- Torácico ou costal superior: sexo feminino, predomínio da ação dos músculos escaleno
e esternocleidomastóideo;
- Toracoabdominal: sexo masculino e crianças de ambos os sexos, importância da
musculatura diafragmática;
◊ Ritmo respiratório
- Observar no mínimo 2 min;
- Respiração dispneica: movimentos respiratórios amplos e quase sempre
desconfortáveis;
- Platipneia: dificuldade para respirar na posição ereta, aliviando na posição deitada;
- Ortopneia: dificuldade para respirar na posição deitada;
- Trepopneia: paciente se sente mais confortável para respirar em decúbito lateral;
- Respiração de Cheyne-Stokes ou dispneia periódica: incursões cada vez mais
profundas até atingirem a amplitude máxima, podendo ocorrer apneia e os
movimentos diminuem gradativamente, repetindo o ciclo; explica-se pelas variações
de tensão de oxigênio e gás carbônico no sangue associadas a uma anormal
sensibilidade do centro bulbar;
- Respiração de Biot: caracterizada pela ocorrência de períodos de apneia que
interrompem as incursões respiratórias, arritmia respiratória com variações na
amplitude dos movimentos torácicos; lesão no centro respiratório (dano cerebral);
- Respiração de Kussmaul: amplas e rápidas inspirações interrompidas por curtos
períodos de apneia após os quais ocorrem expirações profundas e ruidosas, seguidas
de pequenas pausas de apneia; cetoacidose diabética e outras acidoses metabólicas;
- Respiração suspirosa: inspiração mais profunda seguida de expiração mais demorada
interrompendo a sequência regular de incursões respiratórias;
◊ Amplitude respiratória
- Aumento: respiração profunda;
- Redução: respiração superficial;
◊ Frequência respiratória
- Varia principalmente com a idade; em adultos 16 a 20 irpm;
- Eupneia, taquipneia, bradipneia;
◊ Tiragem
- Nas regiões axilares e infra-axilares, os EIC apresentam ligeira depressão durante a
inspiração de maneira fisiológica, mais visível em pessoas magras;
- Dificuldade ou impedimento da entrada do ar por conta de um obstáculo em uma via
respiratória, gerando a não expansão da parte correspondente do pulmão;
- Pode ser localizada em uma área restrita, em todo hemitórax, unilateral ou bilateral
a depender da altura da obstrução;
- Sinal de Hoover ou respiração paradoxal: retração da porção inferior do tórax na
inspiração;

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◊ Inspeção do pescoço
- Observar se há auxílio dos músculos acessórios na respiração;
- Este fato é evidenciado pela retração das fossas supraclaviculares e dos espaços
intercostais;
- Esternocleidomastoideo e trapézio.

Palpação
◊ Estrutura da parede torácica
- Pele, tecido celular subcutâneo, músculos, cartilagens e ossos; sensibilidade,
elasticidade;
- Traqueia: palpa os anéis traqueais em pinça; desvia para o lado sadio no pneumotórax;
◊ Expansibilidade ou mobilidade
- Avaliam-se a expansibilidade dos ápices e bases separadamente;
- Respiração tranquila e incursões profundas;
- Ápice: os polegares devem se tocar levemente em ângulo quase reto no nível da
vértebra proeminente;
- Base: polegares próximos ou mesmo juntos na altura do processo espinhoso de T9 ou
T10;
- Pode ser unilateral ou bilateral;
◊ Frêmito toracovocal
- 33; face anterior, lateral e posterior; sempre comparando regiões homólogas;
- Intensidade sofre variações, mais fracos nas mulheres devido ao timbre de voz, nas
pessoas com parede torácica espessa e nas que têm voz débil;
- A intensidade também varia de acordo com a parte do tórax, sendo mais nítida no
ápice direito e na região interescapulovertebral direita, pois o brônquio direito é de
menor comprimento (hemitórax direito);
- Depende da permeabilidade das vias aéreas; face ulnar da mão nos EIC;
- Aumento: consolidação/condensação pulmonar;
- Redução: presença de líquido, ar.

Percussão
◊ Face anterior e laterais, paciente deitado ou sentado, já na face posterior, paciente
sentado, manobra de Raul; face lateral: paciente com mãos na cabeça;
◊ Percussão digitodigital, som nítido com a menor força possível;
◊ Avaliar som produzido pelo golpe e resistência oferecida ao dedo plexímetro;
◊ Relação entre macicez e maior resistência bem como entre hipersonoridade ou
timpanismo e menor resistências;
◊ Inicia-se pela face anterior, de cima pra baixo em pontos simétricos, seguindo para
regiões laterais e depois face posterior;
◊ Força do golpe precisa ser a mesma quando se percutem regiões simétricas;
◊ Tórax de indivíduos magros ressoa mais que o de musculosos e obesos;

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◊ Macicez hepática: 5º ou 6º EIC, hemitórax direito, submaciço no 4º EIC;
◊ Macicez cardíaca: face anterior do tórax, junto a BEE, percorrendo linhas paralelas
até atingir a LHE; 3º EIC;
◊ Submacicez esplênica: paciente em decúbito lateral direito e mão esquerda na
cabeça e percute face lateral esquerda do tórax; o limite superior encontra-se no 11º
EIC;
◊ Timpanismo no espaço de Traube: face anterior do hemitórax esquerdo, seguindo
linhas paralelas da borda esternal até a LAA;
◊ Som claro pulmonar ou som claro atimpânico nas demais regiões: nota de percussão
não é igual em todo tórax, nas faces anterior e laterais é maior que na face
posterior, no ápice direito é mais claro que no esquerdo e, nas bases, menor que no
restante do tórax;
◊ Alterações na percussão: hipersonoridade pulmonar (nota de percussão mais intensa
devido ao aumento de ar nos álveolos); submacicez e macicez (redução ou
inexistência da sonoridade pulmonar e de ar nos álveolos, além de aumento da
resistência oferecida pela parede ao dedo plexímetro); som timpânico (ar aprisionado
no espaço pleural ou em uma grande cavidade intrapulmonar).

Ausculta
◊ Paciente preferencialmente sentado (pode ser em decúbito dorsal, lateral ou em
posição ortostática) com tórax total ou parcialmente descoberto;
◊ Solicitar ao paciente que respire um pouco mais profundamente com boca
entreaberta, tossir;
◊ Receptor de diafragma; ausculta indireta;
◊ Quatro dedos abaixo do ângulo inferior da escápula está a base pulmonar;
◊ Sons normais
- Som traqueal: região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal; pausa
entre o componente inspiratório e o expiratório, sendo este mais forte e mais
prolongado;
- Respiração brônquica: zona de projeção de brônquios de maior calibre nas
proximidades do esterno; semelhante ao som traqueal, mas com componente
expiratório menos intenso;
- Murmúrio vesicular: maior parte do tórax; resultado da passagem do ar por cavidades
de tamanhos diferentes; componente inspiratório mais intenso, duradouro, alto e
sem pausa entre os dois componentes; mais forte na parede anterossuperior, nas
axilas e regiões infraescapulares;
- Respiração broncovesicular: regiões esternal superior, interescapulovertebral direita
e no nível entre T3 e T4; inspiração e expiração têm mesma intensidade e duração,
pausa???;

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◊ Sons anormais descontínuos
- Superpõem-se aos sons normais;
- Estertores finos (crepitantes): final da inspiração, agudos, curta duração, não se
modificam com a tosse, "velcro", audível nas bases (gravidade), variam ou desaparecem
com a posição;
- Estertores grossos (bolhosos): início da inspiração e toda expiração, graves, duração maior,
se modificam com a tosse, audível em todas regiões do tórax, não variam com a posição;
◊ Sons anormais contínuos
- Roncos: sons graves originários nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo
gasoso quando há estreitamento dos ductos, predominam na expiração, são fugazes e
mutáveis;
- Sibilos: sons agudos originários nas vibrações das paredes bronquiolares e do conteúdo
gasoso, predominam na expiração, são múltiplos, disseminados ou localizados;
- Estridor: ruído basicamente inspiratório produzido por obstrução da laringe, traqueia ou
brônquio fonte; som agudo e o aumento do fluxo do ar provoca significativo aumento de
intensidade;
◊ Som anormal de origem pleural
- Atrito pleural: ruído irregular, descontínuo, mais intenso no término da inspiração e
começo da expiração, "ranger de couro atritado"; duração maior e grave para distingui-los
dos estertores; regiões axilares inferiores, onde o pulmão realiza movimentação mais
ampla; pleurite seca, desaparecendo com derrame pleural.

Ausculta da Voz
◊ Voz falada e voz cochichada, 33, comparando regiões homólogas;
◊ Ressonância vocal;
◊ Em condições normais, sons incompreensíveis, ou seja, não distingue sílabas, pois o
parênquima pulmonar saudável absorve muitos sons; mais intensa no ápice do pulmão
direito, nas regiões interescapulovertebrais e esternal superior, ou seja, nas regiões onde
há respiração broncovesicular;
◊ Mais forte em homens que em mulheres e crianças por conta do timbre da voz;
◊ Broncofonia: aumento de ressonância vocal, porém voz ainda confusa, só sendo possível
identificar algumas sílabas;
◊ Pectorilóquia fônica: voz falada;
◊ Pectorilóquia áfonica: voz cochichada;
◊ Egofonia: tipo de broncofonia com som anasalado e metálico; comparado ao balido de
cabra, pois "iiiiiiiiiiii" vira "éééééé".

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