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Edison Carneiro RELIGIOES NEGRAS Notas de einograt 32 edigaio NEGROS BANTOS Notas de einograti ede fa) 3? edigao eee TEU TTT eee E EEE eee eee T ee NOTA Este tlvro, produto da observagio direta dos candomblés ¢ do folclore negro da Bakia, foi escrito ao acaso, no escuro. Proeza audactora, j6 que negro do sul da Afri u possfvel sexto sentido, nos livros de Nina Re Exte livio mio passa, por isso mesmo, de um segundo ca demo de noias sobre os costumes do negro da Bahia, — jé ‘ou nicnos prometido ent trabalia anterior, — desde que continuo a achar prematuro qualquer ensaio de conjunto sobre © papet -0 do negro no Brasil. O material aqui reunido abre caminho para novas, para mais aniglas pesqiiisas..Faliard, lélo_como ele merece, Eui até onde tal. livro, obtive 0 mais eficiente concur: dos pais-de-santo Joto da Pedra Preta, do cardomblé da Go- rmdig, Manuel Paim, do Alto do Abacaxi, ¢ do casal Germi- nae Manuel Lupércio do Espirito Santo, do Forno, no que se refere ds sobrevivéncias religiosas; de Samuel “Querido de quanto & capoeira de Angola; de e, para 0 samba; do velho Macério, , parn 0 batugue; te Amor, para as sessdes de ca 120 Alora ax notas que aponko d margem dos fatos, este li: bro, na verdade, thes pertence. Néo quero deixar de agradecer, de piibtico, a camarada: gem do prof. Donald Pierson, da Universidade de delrar de homenagear 0 prof. Mariintano do compankeiro de Nina Rodrlgues, que me hon 7a com a sua amizade, flor de uma vida toda volada ‘acéo social € humana da sua raga milenarmente explora teressados nos estudes afro-brasileiras, todos me fornecenda sugestves ¢ me facilitanda 6 coutato mais tutimo com o negro da Baia? Servime, ainda, das teses com ado, 0 trabalho de desbravar 0 mundo desco- 70 banto, se fot grande, se fol dif jol uma obra cote! ito mais importante. notes, de classificar izagto do material recolhido. O resultado foi este livto, que somente Procura conseguir um lugar ao sot para o negro banto da Bahia. EC. Introducao OS NEGROS BANTOS NA BAHIA Aconteceu que o Brasil fosse descoberto mesmo na era lusitana das navegagbes. Ora, Portugal eta 0 senhor incon- testedo dos mares © a gente portuguesa era invencivel nos ni des trabalhos das aventuras marinhas, tanto que Luis de Car mes (ui, 47) pode dizer imbéra dela hao medo os elementos. que © dominio portugués se estendera, jé na época do desco- brimento, por tertas de Africa ¢ de Asta. As raus, as galé & as caravelas de Portugal singravam os mares ounea dantes na- vvegados, conseguindo pare 0 porto de Lisboa 0 readoto comér- ‘cio de especiarias do Oriente e levando, as terras desconheci- das de além-mar, a Cruz do, Cristo. ‘Cambes —'o°mais delicioso dos eronistas cas glérias de Portugal, — poe na boca de Vasco da Gama (¥, 10) a histé- tia episSdica do contato dos 1usos com 0 continente africanc: Por aqui rodeando a larga parte a provincia Jatofo, que reparte por diversas nacdes a negra gente: @ mui grande Mandinga, por euja arte logramos' 0 metal rico e luzente, que do curvo Gambeia as aguas bebe a5 quis 0 largo Allintico recebe Pouco adiante (¥, 13), 0 Lusfada fala da ineurstio dos por- tugueses na Africa do Sul, a Africa dos negtos bantos: Ali o mui grande reino esté de Congo, por nds jd convertide & fé de Cristo... Ora, se essa “conversio” ja era uma reatidade quando da viagem do Gama, a ia da gente portuguesa sobre os negros sul-africanos deveria ser muito maior quando se inten- sificou 0 trdfico de eseravos para 0 Brasil Erao, sem divida, Alewns ani i fante D. de descaberto 0 Brasil (1568), 0 Jn- ebastido podia, em toda a seguranga, assinar-se, nos — “Dom Sebastitio por graca de Deus, Rei de Portugal, € dos Algarves, daquém, e dalém mar em A\rica, Sechor de G: navegacio, comércio de Os negros bantos, chegados a0 Brasil, procediam, prin- cipalmente, de Angola, do Congo, de Benguela, de Cabinda, de Mossamedes, na Africa Ocidental, ¢ de Mogambique ¢ do Quetimane, na Contra-Coste. O trafico os fez dar com os costa- dos no Maranhfio, em Pernambuco ¢ no Rio de Janeiro, don- de se expatharam parn as Alagoas, para as © Estado do Rio, para Sio Paulo, para o litoral do Paré. Nao havia, naturalmente, método algum a seguir na Io- aglio desses negros. Assim, muito negro jeje, muito negro nnag6, muito negro haugsé, confundia a sua naggo com 0 porio ate origem, passou pornegro banio, Daf, os restos de religid 126 jeje-nagés € malés do Recife e do Rio de Janeiro no meio da rivel trapalhada das religides sul-africanas alii aclimadss, precariamente, Para a Bahia, 0 tréfico trouxe mumerosos negros bantos. Nina Rodrigues, estudando as cifras do movimento comercial do porto da Bahia, colhidas em velhos jomaist, conseguiu es- tabcleccr em 38.532 0 nimero total de esctavos importados ire 1812 € 1820, Destes, 20.841 eram negros bentos, che- zados do Congo Zaire, de Cabinda, de Angola, de Mocambi- que, do Quelimane, do Cabo Lopes, de Malambo, do rio Am is © até de Zanzibar. O niimero de navios negreifos & tam- im maior para os negros bantos do que para os sudaneses (69 para 68). Nina Rocrigues, entretanto, adverte que, “a da- tar de 1816, 0 comércio de escravas, até entfo feito, sob a pressio dos inglescs pessou a converter-se em trifico". De mneira que Nina accita como cifras verdadelras somente as lativas aos anos de 1812 a 1815, que acusam 17.307 ne- gros sucaneses para 3.645 negros\ bantos. Estas cifras. nfo aborreciem, até entdo, os seahores ingleses. Pelos tratados de Paris e de Aix-la-Chapelte (1817-1818), diz Nina Rodrigues que “o comércio de esctavos portugues estava limitado, nz costa oriental da Africa, entre Cabo Del- ues ¢, na costa ocidental, entre 0 8.° ¢ Se ies desse comércio estavain estreitamente Jgiados pela Armada briténica, Aqui, talvez, 2 explicagio da presenca de tanto negro do sul no porto da Bshia, Nao pedendo comerciar com os negros de acima do equador, 05 capitdes dos navies negreiros deram para comerciar com os demais... O trdtico ilegal, naturalmente, continuou. Muito negro do Sudio desembarcou, clandes ithe dos Frades ov 0 Chega-Nego, na praia de Ttapot... TT Wins Rade es, OF afrieanot no Pradl. pp. $8 RT Vv Principalmente de Angola e do Congo. Estas duas nacdes africenas is, multe coisa ere sas, AG mesmo po- portuguesa de Angola traz 0 nome do seu conquistador, yassato do rei do Congo... Vv Nina Rodrigues, estudando © problema do negro no Bre- sil, ndo deu 2 importincia merecida A contribuigao do negio banto. Para ele, o problema do negro era, mals exatemente, © problema do negro sudanés, principalmente dos negras jejes ¢ ages, cujos aspectos culturais ele conseguiu, antes de mais ninguém, sistematizar e extudar, com a nunca desmentida sc iar. O velho Nine nao desconheceu, life, 0 negio banto. Aqui € ali, no curso das suas pesqp! le fol encontrando 0 traco do. negro sul-africano, ora nos cucumbis, ora nos ranchos to! {as dos quilombos do Brasil. Negio da Bahia’ para Grigues, era, apesar de tudo, negro sudanés, Os de existéncia legal no quiadro étnico, social 0 ri do que Nina foi Manuel Querino, que nem sabia des- sas divisdes dos negros da Africa, Ble foi em tomo de si, com a falta de intelig’ Tacierizou, sem indagar nada, mas tentando on Para os casos observados. De maneita que a lizar © material eterno por ele trazi Tal ro aconteceu, felizmente, com Arthur Ramos, 0 de reebilitador da escola baiana de Nina Rodrigues, tem 18 da a nossa meior autoridade na matéria, No que so refere a Bahia, Arthur Ramos apenas se limitow a notar, ¢ isso mesmo. de passagem, sobrevivéncias rel et : ; Os acgros bantos, na Dubie, introduziram os cucumbis (0 zato dos Congos) a Sao Benedito, dangas de con} Recdncavo © me Sa Se eee g “candomblés oe he joso da wt -gf0S bantos se espatharam, de agticar ¢ de fume do a mesmo, — com os erros e tais a todes as generalizagdes, — que esses.nezros eee ee ete ‘Wade da Bala, 36 nos fias do século x iriam cles gankar a uma importancia, sob o porto de vista religiso, e iso mesmo 4 usta de conersses (que alls 0s inferiorzaram diate do seus irmios da Costa ’Africa) ao felichismo jeje-nag6. todo- poderoso, Tal néo econteceu com o folclore ban Joie que eles faziam anuaimente 0 seu Rareko do Bol, jogavam a sua capoeira ¢ 0 seu batuque, dancavam alegremente 0 seu samba, enchendo de poesia a cidade patriarcal, ; ade patle por causa desses negroes quena-Cida- gunhou'aTama de lider entre as cidades pitorescas do BREE, contro obrigatério de todos os estudos sobfe 0 pro- Rg elema do negra brasileizo, tornando-a “a Roma afticana’? de (Aninba), do. Cer Sao Gongalo do_Ratifo. [s Este fato social por Sosfgenes Costa®: gue a Africa te concebs O pranto de nossas dores te enchett de noite de orvatho. Mas és a rosa aberta junto do m A grande sombra do negro eseravo — do sul € do norte, a, realea a pai- sagem social da Bahia, como uma grande reserva de forga, de poesia, de humanidade, 2 Bita Roma claro que 6 a Roma Papo. ‘Tenko para mim que zAninka ¢e. ccainfand) Aa Primeira Parte SOBREVIVENCIAS RELIGIOSAS 1) OS CANDOMBLES DE CABOCLO bre os candomblés de cabocto, resultado da fusio da mitologia dos negros bantos, jA contaminada por influéncias jejenagis e malts, com a rgia dos sali América Portuguesa. 7 nvém notar, de infelo, que a designacio ge~ ral “candomblés de caboclo", empregeda para indicar aqueles candomblés onde se nota, mesmo & primeira vista, promuncia- ddas influsncias bantes, 6 uma designacde arbitréria, quo sb se j por visar a maior facilidade possivel de estudo, H4 a “istinguir, com efeito, entre 05 candombiés puramente bantos € 0s chamados “de caboclo”, onde 2 mitica banta se encontra mesclada com a amerindia, O que di vestimenta dos orixés,_quese”todoxtantasiatos —de~ selvagens, com aico, flecha, cocar, etc., © 0 aparecimento sempre cres- cente de novos orixés. Bstes’ orixts novos, desconheeidos do flOw-saitctortom negre cGmo do amerfadio, parecer-me apenas espfrites familiares a certas tribos indigenes ou tipos delas re~ presentativos, encarnando as suas virtudes, espititos familiares ivinizados pelos negros e por eles elevados & altura de orixés, quase tho poderoscs como os outros. Talvez 6 aja, na Babia, um candomblé afro-banto, néo-caboclo,. — 0 candomblé.de Santa Bérbara, do_pal-de-santo Manuel Bernardino da Paixdo,, no Bate-Folka. Dal a designacdo geral de “‘caadomblés de ca- 4 Belson Carnelro, Religides negras, pp. 62-70. por mim adotada para todos os candomblés basitos onis- na Bahia, Pode-se dizer que, na Bahia, os negcos banios_esaueces ram os seus_préprigs grixds, Bste fato, facil de ser notado mes- tio ® primeira vista, expli ia das suas conce; provarei, vegas e impr , Zh Canjira-Mungongo ¢ possivelmente outros 5 methantes, originarios do Congo e de Angola, e a d Calunga, empregeda no seu sentido maior, de ma, tal qual sbundo, No tendo orixis a’ adorar, os negros dearam a dificuldade adeptando, 3 suas pré- as_fetichistas,.08..orixis.dos_cultos.jeje-riagOsp SUARESES-een ips familiares” 26 rates braslenes, B iversat_menelras. Ora decompondo © 1od0s” de ser. Tal caso do orixd Ogum, que as vezes Ogum Scte Espa- des €, até, as vezes, Ogum Marinho, Ora elevando, & al dos demais orixés, santos catélicos, Tal 0 caso de Sao B ede Sio Salvador®, que, nesses candombiés, so, respectiva- © Santo da Cobra ¢ Salavd. Ora deificando espfritos in- A one ‘Vumbe, as almas, e a Caipora. lois grupos de orixds, 9s trazidos da Africa, facilmante i céveisy OF que aqui nascerai, seja sob'a Inllubncla da Miticd i do-catolicismo, — todos hz- \deia”” fetichistas que 03 negros sul-africa~ 10 trouxeram das sues terras de otjgem, — a excegdo dos j4 citados anteriormente, —- perderam-so, ‘ninguém mais sabe deles, tio esquecidos estio... . 2 bitando, Os orixés ‘com 1 ve ser pioduto de um e1ro, sllés, comum. Ssbe-se ia, além cesie nome, tem os de Cidade do Salvador » do Salvador do Mundo eda Humanidede) ¢ de ‘mssmo os baianos confundem este Salvador com Dat, talvec, a divintzaglo desse ‘herdi como orixt, que rao est6'o santo entre os batalhadores da Tgreja populares. aq candomblés,_pelo-menos_na Bahia, traz mx. - sagundo & recordagées do prof. Martiniano do Bomfiz, 0 primeiro candomblé de caboclo da Bahia foi o de Naninka, uma mulata que dirigi ‘no Moiaho da antiga Se esforou por . Dal, reiros” de cabocio, nasceram todos 03 candom- blés que eslamos estudando. Segundo 0} temuinhos, nas festas da “aldela’, por essa mesma época, niio se tocaya tabeque, usando-se, apenas, ‘0 ganzd, 0 betimbau ¢ o chocalho. Entretanto, segundo 0 prof. iano do Bomfim, era dos negros angoles 0 costume de maiores do que os mento primitivo escaichados nele, 0 tabaque deitedo a0 com- prido no chéo. ‘Ainda o prof. Martiniano do Bomfim recorda a seriedade Gregério Magilende Ievava adiante as josas da_nacdo Congo, seriedade $6 igualeda pelo ‘Bernardino, do Bate-Fol A “forga"” dos orixds caboclos seré muito discuttvel. Em Hapoa, om junho de 1936, certo cavalo de Ogum do Jado de Mariim Pescador me afirmou, em converse sobre as diferentes espécies de candomblés da Bahia: chega ¢ arranca o tele. Vem o angola, tira a foia. O cabodl, mais forte, leva logo a raiz... Hé a noter que a distinglo entre os orixds trazidos da Africa e 0s nescidos no Brasil nfo me pertence. Os negros bantos chamam, aos primoiros, sartoz, c, aos ciltimos, caboctos, ‘emprestando maior poder aos orixés surgidos do ventre fecu do de lemanjé. Para © para a magia da atual mitologia afro-banta da Bahia gia dos candomblés de cabeclo, dois sub-ramos 135 Anicas concorreran grandemente, — o ijéx4 (nag6) © okbtie Geje), ambos sudaneses, {nflu€acia dos negros de Ijexé (Nigéria, Africa Ociden- tal) se nota principalmente na liturgia, por certas partic dades de miisica e de dangs. A influénein kéte, nfo contente ce wualmente sobre a liturgia banta, vei até o terreno da snttologla. Alls, devo notar que, nos pouicos candomblés jejes da Bahia, 0 sub-ramo kétu 6 em regra, ditador. Estas cias predominantes serio esiudades, oportunamente, no curso cas petquicas etnogrifices aqui analisedas, franca decomposicéo, Pareceré paradoxal, mas a verdade 6 que esses candom- bles, ndo a intromissdo de vérios elementos estranhos, embora de fando igualmente mégico, em vex de se revitaliza. rem, vio so degradando, peidendo a’ sua precéria independén- cia, Muito provavel serd, portanto, a afirmacio de que esses candomblés #6 se mantenham & cust bigs jeje-negds, aproveitendo a sua maf é mesmo as Jergas facifidedes que se permi- ‘tem 08 negros banios concorrem, snormemente, para a di do cherlatanismo. Por isso tudo, torna-se provivel que esses caboclo estejum sobre 0 caminko do desapareci- almente se se resolverein — como tem aconteci- do, — em cSpias servis das sessSes espiritas. .. &sombra dos candom- Sa IL. PRESENGA DE DEUS ‘A wemérla que apresentei ao Congeesso Afro-Brasileiro ia (1937) dizia, @ carta altura: oe i pensamento de Nina Rodrigues, ¢ depois dele, de Athor Ralaes © me, que o# ae3r08 Bate ole conti, aim, 0 CéurDeus, 0 Criador de tudo o que exist, pom 0 Jembravam mais do mito africeno sobre 0 8 dos i, pouc Artur Ramos? retificou as sve sae Pcs) dlzzndo tor ouvido, no Nordeste, a velba de- Sgnogfo africana do grande oxixi, Lntretanto, Oloruan_con inact, ofielalmente, desconhecido na Bable,_— a we TEL vestigios da crenga em um deus superior em meltos candomblés afro-bantos da Dabia, Pode register, no, candom- Bie de Daim, no Alto do Abacaxi, a preseaga de, Olona, fgeradora do mando, Noutros candon! i>. Guimaries péde, posteriotmeats, registar 0 Ba fato. No citado candomblé do Paim, havia a seguinte jnserigao, numa das paredes da casa: LA’ max p’Onrxk ABk TOUTOU do Rei, if nforme Paim, que, “ackma da Cora iy i omndombté de Bernardino, no Bate-Folba, exo To arthur Ramos, 0 foliclore negro do Bresil, p. 1S. domblé congo, o barrack domblé congo, o basrcio das feta tem, >MASARINACHUU com a seguiats tredugio logo abaixo: eo candomblé da Goméia, re; © termo nagé Ole hot, diigido @ um ser superior, na corta Deus, hepato mess mo reptar a expresso jardin, 0 quarto do Seahoy, om Beit fee eesaner 0 pei do eanomt. Anda a ea designar Deas. este chao, shee ter apna ee iment © Deus 2 a a lcs totalmente com 0 Devs dos ets, oth © mesmo Sec ‘Deus mais do que tudo”, iva Deus, miaha gentet Deus que governa sei Das aa 1 mundot Particular, nfo se deve d i 3 lesprozar a ii i de 1936, om Itapod, registel 0 seguinte ca: Ala Ald de Deus! lat Em jun} que pode ficar ao lado dest i r te, no candomblé do Gantoig ANAS ma recentemen- Aidt 016 atat Babé quara dat a, e esquecer” que Olorum, a ani tx te aa dem a ae 2 que mesmo nos eandomblés jeje-nagds. ee ve, portonto, —se @ que jf nto Rly — a 5 4 us Deut spac, im Desa ue ose olde dee 9 Cfiador do mundo, Suponho, porém, que exataments 138 numa des paredes, esse deus um jaou na massa por todas essas qualidades, ¢ mais por const tnorme esforgo de absiracio, 0 eulto nfo so —"e por isso mesmo se perdeu. ‘Na falta de um deus supremo por assim dizer “palpavei", a, jeje-nagés ou bantos, adoram Oxald, — mora mesmo no mo na Africa. Nos canidomblés afro-ben- registei as expressées nagds Orixé-Babé (sanio- Oké (grande Pei), empregadas para designar 0 Pai da Patria, Este orixé possui, aliés, grande variedade de nomes, Reginaldo Guimardes regisioa os nomes de Kassuté, Lembi, Lembarengange, etc., ¢ eu, ne cendomblé de Pal a expressio conguesa Kassubékd, todos empregados para ind ixé a quem esto afetes as funcdes da reprodugao. Um ciintico, por mim recolhido em Ttapoa, — eft & uma verdadeira “chamada” dos vé- ios orixés, — ja, No tempo de Nina Rodrigues, favia, em Fist “GH in! morro a que os negros adoravam, sob o some de Oks, ©, quando 0 velho Nina perguntava por que 0 Senhor do Bon- finer Mentificedo com Oxald, os negros The respondiam que "no alto de um monte, — a colina do Bonfim, — , Obatall?, Daf, talver, desses dois fatos, a oxpressio Babd-dké, ¢ —~ por que nfo? —~ 0 cari acini tanscrito, Nesse efntico, Oxalf, embora “por detrés Go monte, volta a ter a mesma represeatagio que tinha pars os negros da Costa d’Airica. ‘Os negros bantos da Bahia chamam a igreja do Bonfim icaté de Vov6. Se se estuder a posigio de Oxalé na far fos Drixds da Costa dos Eseravos, ver-se-4 que lhe cabe + OU, 8€ S¢ quiser, de bisavd, o que, alids, o % Nina Rodilgues, O iste doe negros bahianos, p17. 10 fei 139 No carinhoso — vovd — faz. sapor. Os megtos, por- no esqueceram a seria¢lo mitica dos orixds’, Aqui encontrei, também, 9 orixd bento ZAmbi ou Zérmbi- ampungu; “O deus principal dos negros bantos, Z4mbi, em Angola, ampungu, no Congo, naquelas partes da Aftica ident. mo deus dos cristios, também existe na Bahia, como © domonstrou Arthur Ramos. Alguns povos da Lunda até crucifixos ce metal, imagens e regisires de papel, a q mana Zémbit. Na istei a presenga do ‘Zémbi ¢ de Zambiapombo, portant de Angola © do Congo, com fe mesma significagio que tm na Afiica. Na Bahia, esses ori- xés equivalem a Jesus Cristo... O erro na ter u Espirito San Também, no candomblé de Paim, rogistei o nome de Zém- biampongo, dado ao orixd, ©, noutros candomblés airo-ban- . este chntica: D 8 boa noite, Como passou, Ganga Zomba? Ora, Ganga Zomba no € mais do que uma corruptela de Ngana Zémbi (o senhor Deus), como algumas tritos de An- gola chamam o orix4. Este deus banto, no Brasil, tomou os nomes de Ganga Zumba? e Ganga Zona’, no Rio de Janciro, € Gananzambi* (ond:?), no processo geral de “aclimagio” dos decuses afticanos a estes partes do mundo, Edison Carmeico, Uma revisdo no ethnographis reiigiosa ofro- brasileira (rabatho apreientado a Congresso Afio-Drasilero da Bahn), 40 Arthur Ramos, O negro brasileiro, pp. 9-92, 8 Edison Cerneiro, op, cit. © Luciano Gallet, Ertudor de folklore, p. 59. — O termo slgnl- fea, eprd Nina Redriguss (Or afécais no Bros p. 138), Grande 1 Arthur Ramos, op. cit, p. & 8 Sylvio Romere, opud Nina Rod: p. 189, ies, Os afrleanos ro Bras, 140 ‘Também consegul registar a presenga de Ngaue Zémbi na Bahia, neste Antico para Katendé: Katendé ngana Zdinbi 0 maiwé. “ous estas deuoinagSes nfo falbem o negro, banto. de Bahia de ender eutto a5 ses divdades,naioes, Tar, Boe vérlo, basta citar 0 caso de Oxalé, 4 = ee ioe Mterreiroe””e 2 todos ‘0s pejis, mesmo daque- les especialmente dedicados a outros orixfs i Y size Cb fePreventagion mal 2 ize es forgas contrétias a0 homem -as as Hate espatt, rl donfnis mea eae, EB NdeM to cle cumlabos. cos do sala a fazer diabruras pelo 142 ¥0 7, a0 qual as relgibes © candombié, torze ou Arthur Remos, 0 erro © POTMOUAS aS Ch cloner 0 pide, Tate ee homem das encruzilhad: 0 poder desse De fato, , Ora, any mundo Por isso mesm por igo meno, cotiga por tse Hivel Ctikd no pertui ss. ._,Fm_diversos eandomblés, brasileiro, Para que ele, vendo-se sol I/O HOMEM DA RUA o sempre gravado com © seu teino é enorme, las, por todos os Ingare paw or ane Ge nee ipliando-lhe 0 raio de ago, 4 € to temivel que o famente imprescindi- rhe.-marcha nomad realizar. O pai-de-santo, dangando ao redor de wm cope

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