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Direito das sucessões

Unidade I – Introdução

 Conceito:
O termo sucessão provém do latim, sucedere, ou seja, transmissão – “uns depois dos
outros” (sub+cedere). Sucessão é o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra,
substituindo-a na titularidade de determinados bens, direitos e obrigações.
O direito à sucessão é uma garantia constitucional, sendo o ato de suceder um direito da
personalidade. A qualidade de sucessor é inegociável. Inobstante, pode ser negociado o
direito de receber, efetivamente, a herança.
Em suma, direito das sucessões é o complexo de normas e princípios que disciplinam a
transmissão do patrimônio de alguém que morreu a seus sucessores.
 Termos Fundamentais:
Ad Intestato: sem testamento;
Adjudicação: ato pelo qual os herdeiros (ou legatários) incorporam ao seu patrimônio
os bens que representam seu quinhão na herança. É decorrência da partilha, se há mais
de um herdeiro; havendo herdeiro único, basta o auto de adjudicação;
Administrador provisório: pessoa que administrará a herança ate que outrem, ou ele
mesmo, assuma o compromisso de inventariante, sendo nomeado na forma do art. 1.797
do CC;
Adoção: vinculo de parentesco civil entre adotante e adotado. Estabelece os mesmos
direitos que a filiação legitima.
Afinidade: vínculo de parentesco civil que se estabelece em virtude de casamento, entre
um dos cônjuges e os parentes por consanguinidade do outro;
Alta indagação: assunto de grande relevância, envolvendo questão de direito ou de
fato, que depende de provas por meio de pesquisa ou de exame profundo, em ação
ordinária (art. 984 CPC);
Alvará: autorização para se fazer ou praticar algum ato. Em inventario, pode-se
requerer alvará nos próprios autos, em apenso, ou em procedimento autônomo;
Aquestos: bens adquiridos na constância do casamento, podendo ou não comunica-se
ao cônjuge, conforme o regime patrimonial adotado e a natureza dos bens;
Arrolamento sumário: é a forma simplificada de bens inventários, abreviada de
inventario-partilha, nos casos de concordância de todos os herdeiros, desde que maiores
de capazes, não importando o valor dos bens. Independe do consenso entre os herdeiros;
Arrolamento: é a forma simplificada de inventário de bens de pequeno valor, ou seja,
até o limite de 1000 salários-mínimos (art. 1.036 CC);

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Ascendente: pessoa de quem outra procede, em linha reta; os ancestrais: pais, avós,
bisavós; são chamados à sucessão na falta de descendentes do autor da herança.
Ausente: é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem deixar;
Autor da herança: é o falecido. De quem a sucessão se trata;
Colação: ato de restituir à massa da herança os bens recebidos pelos herdeiros com
antecipação em vida do de cujus, para que se obtenha igualdade nas partilhas;
Comoriência: é o caso de mortes simultâneas, em que não se pode verificar a ordem
cronológica dos falecimentos. A comoriência representa o falecimento de duas ou mais
pessoas herdeiras entre si, ao mesmo tempo, sem se poder identificar quem morreu
primeiro;
Direito de Saisine ou Princípio de Saisine: a existência da pessoa natural extingue-se
com a morte, dando-se a sucessão hereditária com o falecimento do titular dos homens.
Abertura a sucessão, transmitem-se, desde logo, a herança aos herdeiros legítimos e
testamentários, nos termos do art. 1.784 CC;
De cujus: é abreviatura da frase “de cujus sucessione”, que significa aquele de cuja
sucessão (ou herança) se trata;
Disponível: porção livre do patrimônio de uma pessoa, que pode ser objeto de
testamento;
Espólio: é a representação patrimonial da herança, representado pelo inventariante ou
administrador provisório; patrimônio deixado por uma pessoa falecida, acervo
hereditário, massa de bens por inveteriar;
Falecido: é o autor da herança ou de cujus;
Herança: espólio = monte mor = acervo hereditário = massa = patrimônio inventariado:
universalidade das relações jurídicas deixadas pelo falecido enquanto não promovida a
partilha aos sucessores (ao adjudicação ao herdeiro único). É o patrimônio do defunto;
conjunto patrimonial transmitido causa mortis; herança é sempre individual; é “a viga
mestra do direito das sucessões”. Equivale a bem imóvel (art. 80, II); conjunto de
direitos e obrigações que se transmitem ao herdeiro; ou monte; traduz a universalidade
de coisas até que a sua individualização pela partilha determine os quinhões ou
pagamentos dos herdeiros. Os bens que se transferem ao sucessor em virtude da morte
de alguém dá-se o nome de herança, isto é, patrimônio que se herda, acervo hereditário
ou espólio;
Herança Jacente: ocorre quando não há herdeiro certo e determinado, ou não se sabe
da existência dele, ou quando a herança é repudiada. É um estado provisório do
patrimônio inventariado, quando ignorado herdeiro que a reclame, no qual se promove a
preservação dos bens acompanhada de investigação sobre a existência de outros
sucessores para, na falta destes promover-se a destinação do acervo patrimonial ao
Poder Público;
Herança Vacante: é aquela que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e
que, juridicamente, foi proclamada de ninguém. O pronunciamento judicial da vacância

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é uma senteça que encerra a herança jacente e transfere a titularidade do falecido ao
Poder Público.
Herdeiro legitimo: contemplado na ordem de vocação hereditária. Podem ser
necessários ou facultativos;
Herdeiro testamentário: contemplado em testamento.
Inventário: processo judicial tendente a promover a divisão do patrimônio dividido
entro os sucessores. Pode ser substituído por arrolamento.
Legado: bem, ou conjunto de bens individuados que integram a herança, e que o
testador deixa em beneficio de alguém; uma pessoa pode instituir em testamento
herdeiros (deixando coisa indeterminada, es.: 1/3 do patrimônio disponível) ou
legatários (deixado coisa determinada, ex.: carro marca tal, placa tal etc.);
Legatário: aquele em cujo favor o testador dispões de valores ou de objetos
determinados, ou de certa parte deles; quem recebe, por força de testamento, valores ou
objetos determinados, ou certa parte deles; aquele a quem o testador deixa uma coisa ou
quantia, certa, determinada, individuada, a título de legado;
Legítima: parte do patrimônio de uma pessoa reservada para os descendentes, cônjuges
e ascendentes, ou seja, metade que cabe aos herdeiros necessários;
Meação: propriedade do cônjuge, do patrimônio da sociedade conjugal (sempre
condomínio); metade dos bens deixados pelo autor da herança, devida ao cônjuge
supérstite (casamento no regime de comunhão) ou a companheiro, sobre os bens
havidos onerosamente durante a convivência;
Monte partível ou partilhável: é o monte-mor menos a menos a meação do cônjuge
sobrevivente e as dividas e passivos deixados pelo de cujus, ou seja, é o líquido
partilhável;
Ordem de vocação hereditária: é a sequencia de pessoas ligadas ao falecido, por laços
de parentesco ou familiar que, uns na falta dos outros, com exclusividade ou em
conjunto quando da mesma classe, são indicados como herdeiros (art. 1.829 CC);
Pacto sucessório: pacta corvina: contrato que tem por objeto a herança da pessoa viva;
expressamente vedado pelo CC – art. 1.089 CC;
Partilha: a partilha se constitui em completo necessário e lógico do inventário,
especialmente se há sucessores incapazes ou ausentes. É o inventario o procedimento
judicial que tem por fim, em regra geral, chegar-se à partilha dos bens do falecido, com
exceções, ex.: arrolamento. Consiste em relacionar os bens do de cujus e descrevê-los.
A partilha se constitui na complementação do inventario, quando os bens são
distribuídos entre os sucessores do falecido, adjudicando-se a cada um sua cota na
herança;
Petição herança: é o requerimento judicial formulado pelo interessado objetivando o
reconhecimento de sua qualidade de herdeiro e a defesa dos seus direitos sucessórios;
Premoriência: ocorre quando há precedência da morte;

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Quinhão hereditário ou quota-parte: é a parcela destinada a cada um dos sucessores
legítimos ou testamentários;
Renúncia abdicativa: trata-se a renúncia abdicativa do efetivo abandono de um direito
em favor do monte ou dos demais herdeiros, feita de forma unilateral, o que vem a
caracterizar a renúncia propriamente disposta no CC;
Renúncia translativa: é a figura de alienação, alheia, portanto, ao campo da renúncia –
reveste-se ela dos mesmos requisitos que se exige para uma transmissão a título gratuito
ou oneroso, exigindo-se, inclusive duas declarações de vontade, uma de quem transmite
algum direito, e a outra de quem o recebe. É o instituto que mais conhecemos como
cessão de direitos;
Sucessores: aqueles que são chamados para continuar as relações jurídicas do falecido.
Podem ser a título universal (herdeiro), que concorrem no todo, ou a título singular
(legatário), que recebe o bem certo e determinado;
Testamento: é o ato revogável, unilateral, pessoal, e solene, pelo qual alguém, de
acordo com a lei, dispõe, no todo ou em parte, dos seus bens, ou faz outras disposições
para depois de sua morte; é o instrumento de manifestação de vontade destinado a
produzir consequências jurídicas com a morte da pessoa; constitui ato jurídico de ultima
vontade, com marcantes características: a)unilateral, porque depende unicamente da
vontade do testador; b) pessoal, por não admitir atuação ou intervenção de terceiro nos
atos de disposição; c) revogável, uma vez que o testador pode tornar sem efeito o ato, no
todo ou em parte, a qualquer tempo; d) formal ou solene, porque exige modelo próprio,
dentre as espécies previstas na lei, com verdadeiro ritual na sua elaboração: instrumento
escrito, testemunhas etc.; e) de eficácia contida, pois somente se aplica após a morte do
testador;
 Histórico:
IDADE ANTIGA: propriedade da família. herdeiros homens. Religião doméstica e só
homens poderia sem sacerdotes.
• Roma conheceu a sucessão legítima e a testamentária.
DIREITO GERMÂNICO: desconhecia a sucessão testamentária. Só eram herdeiros os
parentes consanguíneos.
DIREITO SUCESSÓRIO CONTEMPORÂNEO: sucessão testamentária e legítima,
respeitando-se os herdeiros necessário.
OBS.: Após a Rev. Francesa, aboliu-se a primogenitura e o privilégio da masculinidade.
DROIT DE SAISINE: instituto de origem germânica segundo o qual a propriedade e a
posse do patrimônio passam imediatamente para os herdeiros com a morte do
hereditando.
NO DIREITO BRASILEIRO:
Consolidação das leis civis (art. 978) e CC/16 (art. 1.572): “Aberta a sucessão, o
domínio e a posse da herança transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
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CC/16: descendentes -> ascendentes -> cônjuge sobrevivente -> colaterais até 6º grau ->
o fisco
Em 1946: alteração legal -> colaterais até 4º grau
CF/88: art. 5º, XXX e art. 227, § 6º
CC/02:
• Ordem de vocação hereditária: descendentes em concorrência com o cônjuge
-> ascendentes em concorrência com o cônjuge -> cônjuge sobrevivente ->
colateral até 4º grau -> fisco
• Inclusão do cônjuge como herdeiro necessário
 Fundamentos Legais:

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Anotações

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Unidade II – Abertura da Sucessão

 Momento da abertura da sucessão:


O princípio da “saisine” é um instituto do direito das sucessões, previsto do art. 1.784
do CC, consistente em uma ficção jurídica que proporciona aos herdeiros a posse do
patrimônio deixado causa mortis pelo falecido.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Instituído na França desde o sec. XIII, o droit de saisine determina que, no momento da
morte do autor da herança, transmitem-se, automaticamente, o domínio e a posse dos
seus bens aos herdeiros, independentemente de quaisquer formalidades, formando-se
um condomínio forçado ou necessário da herança do de cujus.

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A morte, então, é o pressuposto para a transmissão da herança. A lei, por ficção jurídica,
torna-as coincidentes em termos cronológicos, presumindo que o próprio falecido
investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio. Tal
circunstancia se justifica na máxima de que não a direito subjetivo sem titular, logo, não
pode haver patrimônio sem dono.
É também, no momento morte, que é fixada a lei que rege a sucessão, bem como a
capacidade sucessória (capacidade para suceder), na oportunidade, serão identificados
herdeiros como sendo aqueles existentes na data da abertura, com algumas exceções:
 O nascituro
 Pessoa jurídica constituída com o patrimônio
 Prole eventual
O nascituro é o ente concebido no útero materno. Prole eventual é o filho que alguém
vai ter. se, no testamento, o autor da herança não estabelece o prazo de espera, o juiz
pode determinar.
Assim, no instante em que falece o hereditando, o patrimônio se transmite,
automaticamente, aos herdeiros legítimos e testamentários, ou seja, aqueles que, no
referido momento, tenham legitimação para suceder conforme a lei em vigor.
A abertura da sucessão, ainda, dita a alíquota do imposta a ser pago pela transmissão
causa mortis. Nesse aspecto, a súmula 112, do STF estabelece que “o imposto de
transmissão “causa mortis” é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da
sucessão”.

 Efeitos da abertura da sucessão:


1- No momento da abertura da sucessão é que se verifica a capacidade para suceder, de
acordo com a lei em vigor.
2- O herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que venha a falecer no instante seguinte,
faz sua a herança por aquela deixada, e, após sua morte, sua parte na herança se
transmitirá imediatamente aos seus sucessores.
3- Em relação ao legatário a regra é a seguinte:

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 Evento morte:
Tradicionalmente, a extinção da pessoa física ou natural opera-se em virtude da parada
total do aparelho cardiorrespiratório. No entanto, a comunidade cientifica mundial,
assim como o Conselho Federal de Medicina (resolução 1.480/97), tem afirmado que o
marco mais seguro para se aferir a extinção da pessoa física é a morte encefálica, que é
irreversível (a parada cardiorrespiratória é reversível).
A morte, portanto, deve ser declarada por profissional da medicina, admitindo-se, na
ausência deste, nos termos da Lei 6.015/73 (LRP), que a declaração de óbito possa ser
feita por duas testemunhas.
É a partir do registro da declaração da morte no cartório de registro de pessoa natural
que se tem a certidão de óbito. O mais comum é a ocorrência da morte real, no entanto,
há hipóteses de morte presumida que pode decorrer da ausência ou das situações
prevista do art. 07º do CC.
Art. 6º - Espécies de morte:
Morte real: é aquela em que há um corpo, cujas funções vitais cessaram. Existe
prova da materialidade. Para fins de doação de órgão, basta que se cesse uma função
vital: cerebral.
Morte civil ou fictícia: significa tratar uma pessoa que está viva como se ela
estivesse morta. Atualmente, no nosso ordenamento, não existe a morte civil ou fictícia,
pois ela afronta a dignidade da pessoa humanda. Porém, existem resquícios da morte
civil no nosso ordenamento: direitos sucessórios > exclusão do herdeiro por indignidade
e na deserdação.
Morte presumida: ocorre quando não há corpo. Não há prova da materialidade
do fato. Decorre de uma declaração judicial. (no caso de morte presumida é feito o
inventario e a partilha definitiva, caso o individuo retorne receberá os bens no estado em
que se encontrem)
 Herança:
O que se transmite:
Transmite-se: os bens do finado bem como as suas dívidas, ativos e passivos;
O que não se transmite:
a) os direitos personalíssimos com a tutela e os direitos políticos; b) os direitos de
família puros ou sem cunho patrimonial (ex.: poder familiar, direito de reconhecer
filho ...); c) algumas relações jurídicas patrimoniais ligadas a pessoa, tais como: o
usufruto, a habitação, o mandato...; d) a pensão alimentícia destinada ao filho do
devedor;
Herança X Meação:

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 Local da abertura da Sucessão:
A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido; não se cogita do lugar em
que se deu o óbito, mas do ultimo domicilio do de cujus.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do
falecido.
Obs.: domicílio é o lugar onde estabeleceu sua residência com ânimo definitivo; se o
falecido não tinha residência habitual, ou empregava sua vida em viagens, sem ponte
central de negócios, o domicilio será o lugar onde era encontrado; se ele tinha diversas
residências, onde vivia alternadamente, ou vários centro de ocupações, qualquer desses
lugares será tido como seu domicílio.
Lugar da abertura da sucessão determina a competência para processar o inventario e
partilha dos bens e todas as ações referentes a herança.
Dá-se a abertura da sucessão determinada no local correspondente ao último domicílio
do de cujus. E a lei desse local é que será aplicável para regular a sucessão dos bens
deixados pelo de cujus, ainda que somente tenha ele, no momento da morte, bens
moveis.
• Se o falecido tiver mais de um domicílio? Art. 71, CC
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas.
• Se o óbito tiver ocorrido no estrangeiro? Art. 48, CPC
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é
o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o

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cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação
ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em
que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no
estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio
certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer
destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer
dos bens do espólio

• Se o autor da herança não possuía domicílio certo? Art. 48, p. único, CPC
•Se o de cujus for estrangeiro? Art. 10, caput, LINDB
•Se o de cujus estrangeiro tiver sucessores brasileiros, como fica a sucessão dos
bens situados no Brasil? Art. 10, § 1º, LINDB

Anotações

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Efeitos do princípio da saisine

1. a) regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da


abertura daquela (CC, art. 1.787);
2. b) o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, com os
mesmos caracteres (art. 1.206);
3. c) o herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os
bens deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida;
4. d) abre-se a sucessão no lugar do último domicílio do falecido (art. 1.785), que é
o foro competente para o processamento do inventário.

Anotações

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Não existe patrimônio sem titular, dessa forma, a sucessão é ato pelo qual alguém
exerce a titularidade sobre os bens do de cujus. (de cujus = morto).

Princípio de saisine: o patrimônio do de cujus se transmite imediatamente no momento


da morte para seus herdeiros, sejam eles legítimos ou testamentários.

Art. 1784 CC.

Obs.: segundo o artigo 1784 e o princípio da saisine, o legatário não recebe


imediatamente o patrimônio que lhe cabe, pois só pode ser constituído pelo testamento,
recebendo o bem na sua integralidade.
Momento da abertura da sucessão = momento da morte.

Lugar da abertura da sucessão = último domicílio do de cujus (mesmo que tenha


falecido no estrangeiro). Art 1785 CC.
Segundo o art 48 CPC:
- caso o falecido tenha mais de um domicílio, a sucessão poderá ser aberta em
qualquer um deles. Obs: o juízo será aquele em que primeiramente ocorre a
distribuição da petição inicial (art 59 CPC).
- caso o falecido não tenha domicílio, a sucessão será aberta onde estiverem seus
bens imóveis.
- caso o falecido não tenha nem domicílio nem bens imóveis, será onde estiverem
seus bens móveis.
Obs: importante, o art 76 do CC determina que o incapaz, o servidor público, o militar,
o marítimo e o preso tem domicílio necessário.

Lei aplicável à sucessão = lei vigente no momento da morte (do fato gerador da
sucessão). Art 1787 CC.
Obs: caso o de cujus for estrangeiro e tiver bens no brasil, aplicar-se-á a lei mais
favorável ao filho ou ao cônjuge.

Unidade III – Espécies de Sucessor

 Espécies de Sucessão:

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- Quanto à Fonte:
A sucessão causa mortis dá-se por disposição de ultima vontade, ou em virtude
da lei. No primeiro caso, denomina-se sucessão testamentária, ou seja, conforme
disposições constantes do testamento e, no segundo caso, sucessão legitima (art.
1.786 CC/02).
É possível a existência simultânea das duas formas de sucessão. A sucessão será
legítima quando não houver testamento, quando este for julgado nulo ou caducar
e quando não esgotar o patrimônio do hereditando. No entanto, as disposições
testamentarias não poderão afastar a sucessão legítima quando houver herdeiros
necessários.
• Sucessão Legítima: é chamada legítima porque decorre de lei, conforme o art. 1.786
do CC: “A sucessão dá-se por lei ou por disposição de ultima vontade”.
Obs.: decorre de lei, o CC que decide quem irá receber o patrimônio.
Diz-se legítima a sucessão decorrente de disposição da lei, em comando normativo a
indicar quem deve receber a herança, numa ordem sucessória que atende a princípios de
politica legislativa. Contrapõe-se à sucessão testamentaria, que resulta de ato de vontade
do autor da herança, na indicação das pessoas que devam sucedê-lo na percepção de
bens. Por isso também se chama, a sucessão legitima, de sucessão ad intestato, tendo em
vista que só ocorre quando o autor da herança não tenha deixado testamento, ou, se
deixou, naquilo em que o testamento não dispõe. (Euclides de Oliveira)
Dá-se a sucessão legitima em caso de inexistência, ineficácia ou caducidade de
testamento e, também, em relação aos bens nele não compreendidos. Nestes casos a lei
defere a herança a pessoas da família do de cujus e, na falta destas, ao Poder Público.
(Carlos Roberto Gonçalves)
Obs.: sucessão legítima: sucessão decorrente de lei XX “A” legítima: 50% do
patrimônio do de cujus tem que ser destinado aos herdeiros necessários.
 A sucessão legitima tem o seu fundamento na existência de vinculo familiar, ou,
na falta de elementos de família e de cláusula testamentária, de vínculo estatal.
 Caso o autor da herança tenha deixado testamento, aplica-se a sucessão legitima
naquilo em que o testamento não dispôs.
 A sucessão legitima será sempre a título universal, por compreender todo o
patrimônio do de cujus, e somente ocorrerá por causa mortis, tendo em vista que
o herdeiro a representa e sucede em todos os direitos e obrigações.

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• Sucessão Testamentária: a sucessão testamentária funda-se na autonomia da vontade,
manifestada através do testamento, definido como um ato personalíssimo, unilateral,
gratuito, solene e revogável, pelo qual alguém, segundo as prescrições da lei, dispõe,
total ou parcialmente, de seu patrimônio para depois da sua morte, ou nomeia tutores
para seus filhos; ou reconhece filhos naturais; ou faz outras declarações de ultima
vontade.
Obs.: manifestação da vontade do morto – depende da vontade do morto documentada:
testamento.
 Pode ser a título universal ou a título singular.
 Tudo ocorre em razão da vontade manifestada pelo autor da herança, mediante
testamento- favorecendo as pessoas nomeadas pelo testador, com ressalva da
metade da herança que cabe aos herdeiros necessários.
 Deve-se observar a vontade do de cujus que somente não terá liberdade absoluta
de testas caso tenha herdeiros necessários, isto é, ascendentes, descendentes ou
cônjuge sobrevivente (art. 1.845, CC). Nestes casos, ele somente poderá dispor
da metade de seus bens (art. 1.846 e 1.789, CC), pois a outra metade pertence de
pleno direito aos herdeiros necessários e constitui a legítima.
 Não se pode esquecer que se o de cujus era casado, será retirado do patrimônio
do casal o valor da meação cabível ao cônjuge sobrevivente, que será calculado
de acordo com o regime de bens adotado, e o restante, ou seja, o patrimônio
menos a meação, corresponderá à totalidade dos bens do de cujus e sobre essa
totalidade o testador, se tiver herdeiros necessários, terá direito de dispor da
metade.
 A legítima é, portanto, intangível, não podendo ser diminuída na essência, ou no
valor, por nenhuma cláusula testamentária.

- Quanto aos efeitos:


• À título Universal: é deixado parte do patrimônio; pode ser testamentária ou legitima;
 É aquela em que o herdeiro é chamado a suceder na totalidade dos bens do de
cujus em uma determinada quota dos bens que não os individualiza (1/2, ¼,
20%, 40%, de todos os moveis, todos os bens semoventes, todo o ativo, etc.)
 O patrimônio do falecido transmite-se como um todo ao seu sucessor,
compreendendo o ativo e o passivo, isto é, créditos, débitos, obrigações e
direitos e deveres, na proporção da herança herdada. Apenas os direitos
personalíssimos não são transmitidos, mesmo os de cunho econômico.

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 O sucessor à título universal é chamado de herdeiro, pois sucede no todo ou em
parte da herança – porque a herança é uma universalidade, aquele que é o
beneficiário a título universal é herdeiro.
 Em todas as sucessões legitimas a sucessão se dá a título universal, - o que nem
sempre ocorre na sucessão testamentária.
• À título Singular: é deixado um bem especifico da herança.
 É aquela em que o beneficiário é chamado a suceder a um determinado bem
certo, individualizado, discriminado e caracterizado, seja móvel, imóvel,
créditos ou direitos.
 Ocorre somente pela via do testamento, pois o testador deve individualizar,
discriminar e caracterizar o bem ou os bens a serem transmitidos, bem como o
legatário beneficiário.
 O sucessor a titulo singular é chamado de legatário e o bem deixado denomina-
se legado.
 A sucessão a titulo singular poderá ocorrer tanto por causa mortis como por ato
inter vivos, como numa doação ou adiantamento de legitima.
 O legado pode ser composto de mais de um bem, não fica restrito a um único
bem.

 Espécies de Sucessores:

• Herdeiros Legítimos: são aqueles eleitos pela legislação, através da ordem de vocação
hereditária (art. 1.829), ou por regra especial, como ocorre na sucessão entre
companheiros decorrente da união estável (art. 1.790).
• Herdeiros Testamentários: são aqueles indicados como beneficiários da herança por
disposição de ultima vontade, podendo, inclusive, ser também herdeiros legítimos,
quando se quer favorece-los mais do que os outros da mesma classe de preferência.

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• Legatários: recebe tratamento jurídico próprio, são os sucessores instituídos por
testamento para receber determinado bem, certo e individualizado, e a título singular
• Herdeiro necessário: é o sucessor legitimo com direito a uma parcela mínima de 50%
do acervo, da qual não pode ser privado por disposição de ultima vontade. Essa classe é
composta pelo cônjuge, descendentes, ascendentes. São os sucessores que não podem
ser excluídos da herança por vontade do testador, salvo em casos específicos de
deserdação, previstos em lei.
• Herdeiro Universal: qualifica-se como herdeiro universal o sucessor único de toda a
herança, aquele que recebe, com exclusividade, a integralidade do acervo, sem
concorrência com outra pessoa.
 Sucessões irregulares ou anômalas;
Não seguem as regras gerais, seguem regras específicas, por exemplo: direitos autorais.
Obs.: sucessão contratual: não é admitida, porque não é um objeto licito – não dá para
fazer contrato de uma coisa que ainda não existe, ou seja, a herança só passa a existir
após o evento morte e morto não pode assinar contrato, portanto é um objeto ilícito.

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Anotações

sucessão contratual: Não é admitida pelo nosso ordenamento, por estarem proibidos os


pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato herança de pessoa viva (art.
426). Exceção: podem os pais, por atos entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os
descendentes (art. 2.018).
Sucessão anômala ou irregular: É a disciplinada por normas peculiares e próprias, não
observando a ordem da vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 para a sucessão
legítima. Assim, p. ex., o art. 520 prescreve que o direito de preferência, estipulado no
contrato de compra e venda, não passa aos herdeiros. A CF (art. 5º, XXXI) estabelece
benefício ao cônjuge ou filhos brasileiros, na sucessão de bens de estrangeiros situados
no País, permitindo a aplicação da lei pessoal do de cujus, se mais favorável.

Espécies de herdeiros

—  legítimo: é o indicado pela lei, em ordem preferencial (art. 1.829);

— testamentário ou instituído: é o beneficiado pelo testador no ato de última vontade


com uma parte ideal do acervo, sem individuação de bens; a pessoa contemplada com
coisa certa não é herdeiro, mas legatário;

— necessário (legitimário ou reservatário): é o descendente ou ascendente sucessível e o


cônjuge (art. 1.845);

— universal: costuma-se assim chamar o herdeiro único, que recebe a totalidade da


herança, mediante auto de adjudicação lavrado no inventário.

18
Anotações

Espécies de sucessões:
- sucessão testamentária: a sucessão segue o que está disposto no testamento.Pode
ser a título universal (é um quinhão/porcentagem/fração) ou a título singular.
- sucessão legítima: determinada pela lei, a qual determina quem e quando vai
herdar. É sempre a título universal. Subsidiária, só ocorre em 4 casos: quando
não tem testamento, quando o testamento não dispõe sobre todos os bens do de
cujus, quando o testamento caduca em todo ou em parte ou quando o testamento
foi feito de forma errada e, por ser um ato solene, se torna nulo. Art 1788 CC.

Espécie de sucessores:
- legatário: herda algo específico, só se constitui com testamento.
- herdeiro: herda uma porcentagem/fração do patrimônio do de cujus. Divide-se
em dois tipos: o legítimo (por determinação da lei) ou o testamentário (por
determinação do testamento).

Herdeiros legítimos (ordem de preferência):

19
Obs: art 2018 CC: pode-se dispor, em vida, da forma que desejar, entretanto, a legítima
deve ser respeitada.

Importante: sucessão contratual/pacto sucessório é a negociação sobre a herança de


alguém que está vivo (expectativa de direito). Não é permitida no direito brasileiro art
426 CC.

Questões:

1- Maria, carioca, funcionária pública do município de fortaleza, vive em caucaia com


seu marido e seus dois filhos e, durante um final de semana com os filhos na casa de
praia em aquiraz se acidentou e faleceu. Onde deverá ser aberta sua sucessão:
a) caucaia
b) aquiraz
c) fortaleza
d) rio de janeiro

2- Em relação ao direito sucessório:


a) a sucessão abre-se no lugar do óbito do autor da herança.
b) havendo herdeiros, de qualquer natureza, o testador só poderá dispor de metade
da herança.
c) aberta a sucessão, a herança transmite-se com a propositura do pedido de
arrolamento ou de inventário, tanto dos herdeiros legítimos como dos
testamentários.
d) a lei a ser utilizada na sucessão será a que vigia ao tempo da abertura da
sucessão

3- Paulo, Pedro e João firmaram um contrato, estabelecendo que, quando seu pai, ainda
vivo, falecer, a herança será assim distribuída: metade para Paulo, 1/4 para Pedro e
1/4 para João. Esse contrato é
a) sempre válido.
b) anulável.
c) nulo.
d) válido se não existirem outros herdeiros.

CDC

20
Unidade IV – A herança e sua administração

No momento da abertura da sucessão a herança não fica sem dono, não existirá essa
possibilidade, pelo menos quando houver herdeiros, de que a herança fique sem
dono/beneficiário.
Dentro disso, existira uma fase chamada: Aceitação ou Adição da herança. Essa fase
consiste em um ato unilateral pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade em ficar com
o patrimônio - é um ato unilateral porque independe da aceitação da parte contraria -.
Essa fase terá efeito ex tunc, ou seja, retroativos a data da abertura da sucessão, pode ser
que essa manifestação de vontade unilateral não ocorra no momento em que ocorreu a
abertura da sucessão, é possível que exista um lapso temporal da abertura da sucessão e
a aceitação (por isso que tem efeitos ex tunc).
No direito romano, a aceitação tinha que ser expressa, então não existia a possibilidade
de ser uma aceitação tácita ou presumidamente. Isso ocorria no direito romano porque
não tinha o benefício do inventário. O benefício do inventário deixa claro que a
herança não pode prejudicar os herdeiros, a herança vem como benefício e não como
prejuízo, ou seja, no direito romano não existia a possibilidade de a herança trazer
apenas benefício, existia risco de o herdeiro receber prejuízos.
No direito brasileiro, por conta do benefício do inventário, a aceitação pode ser tácita ou
presumida. Então, ao acolher o benefício do inventário, a aceitação será dividida em 3
espécies: a) aceitação expressa; b) aceitação tácita; c) aceitação presumida.
A aceitação expressa, como o próprio nome diz, é quando o herdeiro manifesta o seu
interesse de ficar com a herança, geralmente é feita de maneira escrita. Na aceitação
tácita, o herdeiro realiza atos compatíveis com a qualidade de sucessor (ex.: o herdeiro
cobra dividas do falecido) – é um comportamento que diz se o herdeiro aceitou ou não a
herança. E a última forma de aceitação é a presumida, o herdeiro é notificado para dizer
se aceita ou não, e lhe é concedido um prazo de 30 dias para dizer se aceita ou não – a
sua não manifestação dentro do prazo presume aceitação.
Ainda classificando a aceitação, será possível dizer que a aceitação pode ser direta e
indireta. A aceitação direta é a regra, o próprio herdeiro o faz, já a aceitação indireta é
quando alguém aceita no lugar do herdeiro (ex.: o avó faleceu, e o pai, antes de dizer se
aceita ou não a herança, veio a falecer também, então o filho, representando o quinhão
do pai irá aceitar a herança do avó no lugar do pai).
Obs.: se o herdeiro vier a falecer antes da aceitação da herança, o direito de aceitar é
transmitido aos herdeiros do herdeiro falecido. Entretanto, a aceitação dos herdeiros do
herdeiro falecido está condicionada ao fato deles também aceitarem a segunda herança.

21
Obs.: a aceitação não pode parcial, condicional ou a termo. Porém, a doutrina trabalha
com duas exceções a essa aceitação total, que seria uma aceitação parcial, condicional
ou a termo: art. 1.808, CC – quando o herdeiro recebe a herança em dois títulos, ele
recebe a título universal e a título singular (recebe a herança tanto como herdeiro como
quanto legatário), nesta hipótese ele poderia aceitar uma e não aceitar a outra, mesmo
sendo do mesmo de cujus; a segunda exceção é que, se por ventura o herdeiro é
chamado na mesma sucessão a mais de um quinhão sob títulos diversos.
A aceitação é irrevogável, ou seja, naquele momento em que houve aceitação da
herança o herdeiro não pode mais voltar atrás.
Outro momento importante que ocorre após a abertura da sucessão é o momento da
renúncia, e essa renúncia gera alguns efeitos.
A renúncia também é um ato unilateral, ou seja, independe de terceiros. A renúncia,
também, vai ser irrevogável. Entretanto, diferente da aceitação que pode ser expressa,
tácita ou presumida, a renúncia tem que ser expressa e formal, não é qualquer
manifestação que pressupõe a renúncia. Tem que ser formal porque o herdeiro está
abrindo mão de um bem imóvel.
Essa formalização é feita por instrumento público ou por termos nos altos. Não se
admite renuncia verbal ou qualquer renúncia que não seja formalizada.
As consequências da renúncia do inventario são: a retirada do herdeiro do âmbito dos
demais herdeiros, ou seja, ele não vai mais ser herdeiro; os herdeiros do renunciante não
herdam no lugar do renunciante. A partir da renúncia, o quinhão do herdeiro
renunciante volta para os outros herdeiros necessários. Essa é a renúncia propriamente
dita, que também é chamada de renuncia abdicativa, é a renúncia que se faz em favor do
monte, ou seja, a herança renunciada volta para o montante total.
Existe outro tipo de renúncia, que a renúncia translativa. Os herdeiros renunciam em
favor de outro herdeiro concorrente, por exemplo, o pai morreu e os 3 filhos querem que
a mãe receba o montante da herança, então os 3 filhos renunciam em favor da mãe,
nesse caso seria uma aceitação com cessão de direitos hereditários, porque eles
aceitariam e cederiam a herança para a mãe.
Assim como na aceitação, a renúncia também tem efeitos ex tunc, ou seja, ao renunciar
isto retroage a data da abertura da sucessão.
Salvo o regime de separação absoluta de bens, a renúncia também depende da anuência
do cônjuge.
É possível, também, que seja feita uma cessão de direitos hereditários, que é uma
espécie de aceitação tácita. Herança é um bem imóvel universal, e por se tratar de um
bem imóvel universal a pessoa não pode, como herdeira, ceder um quinhão/bem
determinado. Se a mão falecer e deixar 3 herdeiros, cada uma irá receber 1/3 da herança,
e só será possível que a pessoa ceda 1/3 da herança. Então a regra é, o herdeiro não pode
ceder um bem determinado, salvo se ele for o único herdeiro ou se ele recebeu a herança
a título de legado.

DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO

22
1. Indivisibilidade da herança

Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será
indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio (CC, art. 1.791,
parágrafo único). Por isso, o coerdeiro pode alienar ou ceder apenas sua quota ideal, ou
seja, o direito à sucessão aberta. É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito
hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente (art. 1.793, § 2º).

2. Preferência do coerdeiro

O art. 1.795 do CC assegura direito de preferência ao coerdeiro, a quem não se der


conhecimento da cessão. Poderá ele, depositado o preço, haver para si a quota cedida a
estranho, exercendo tal direito se o requerer até 180 dias após a transmissão.

3. Cessão de direitos hereditários

O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser
objeto de cessão por escritura pública (CC, art. 1.793, caput). Cessão de direitos
hereditários, gratuita ou onerosa, consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou
testamentário, faz a outrem de todo o quinhão ou de parte dele, que lhe compete após a
abertura da sucessão.

4. Responsabilidade dos herdeiros

O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança (CC, art. 1.792).
Em nosso direito, a aceitação da herança é sempre, por lei, a benefício do inventário.
Incumbe, porém, ao herdeiro a prova do excesso, salvo se houver inventário que a
escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.

5. Administração da herança

O inventário deve ser instaurado no prazo de 60 dias, a contar da abertura da sucessão,


cabendo a administração provisória da herança, até o compromisso do inventariante,
sucessivamente:

1. a) ao cônjuge ou companheiro;
2. b) ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens;  
3. c) a pessoa de confiança do juiz (CC, arts. 1.796 e 1.797).

23
Anotações

. O espólio existe desde o momento da abertura da sucessão (morte) até a partilha final
(fim do processo de inventário) dos bens, sendo um ente despersonalizado com
capacidade processual, podendo ser parte passiva ou ativa em um processo.

A herança, por lei, é um bem imóvel e indivisível (v. art 1791 CC).
- A cessão de bem específico da herança sem a devida autorização judicial é
ineficaz (art 1793 §3º). O que pode acontecer é a cessão do direito hereditário,
e não de um bem específico. Essa cessão deve ser feita por meio de escritura
pública
(com outorga conjugal). Caso contrário, o negócio jurídico é inválido, nulo.
- O quinhão/quota do herdeiro pode ser objeto de negócio jurídico, podendo
ser negociado com qualquer pessoa, desde que respeite o direito de
preferência dos coerdeiros (art 1794). Caso o direito de preferência não seja
respeitado e tenha ocorrido a cessão do quinhão a terceiro sem que algum
coerdeiro tenha tomado ciência, o coerdeiro pode, depositando o preço tanto
por tanto, comprar a quota cedida ao terceiro, contanto que o faça dentro do
prazo de 180 dias contados a partir da transmissão (art 1795).

Maxima intra vires hereditatis: não se herda dívidas. As dívidas do de cujus serão
pagas com o patrimônio por ele deixado aos herdeiros até o limite do que foi herdado,
ou seja, a dívida só pode ser paga até o limite da quota herdada e dentro de sua
proporção. (art
1792).

O inventário deve ser aberto no prazo de dois meses (art 611 CPC) da abertura da
sucessão, caso esse prazo não seja respeitado incidirá multa sobre o ITCMD (imposto
sobre transmissão causa mortis ou doação).

24
Unidade V – Vocação Hereditária

• Na falta de testamento válido e eficaz, a lei determina quais serão as pessoas capazes
de receber os bens do de cujus e o faz através de uma ordem Vocacional que indica
quais serão os herdeiros chamados a suceder a herança, uns na falta dos outros em
ordem preferencial, e até mesmo estabelecendo, em alguns casos a concorrência.
• O chamamento é feito por classes, sendo que a mais próxima exclui a mais remota.
Por isso diz-se que tal ordem é preferencial.
• A primeira classe é a dos descendentes. Havendo alguém que a ela pertença, afastados
ficam todos os herdeiros pertencentes às subsequentes.
• Dentro de uma mesma classe, a preferencia estabelece-se pelo grau: o mais afastado é
excluído pelo mais próximo. Se, por exemplo, concorrerem descendentes, o filho
prefere ao neto.
• Como herdeiro necessário o cônjuge pode ser excluído por deserdação.
• O cônjuge concorre com os descendentes e com os ascendentes.
 Legitimação para suceder:
• Regra Geral: para suceder ne necessário que seja pessoa, ou seja, é necessário ter
personalidade.
Art. 1.798: - Tem que ter personalidade;
- Pessoa pode ser nascida ou concebida no momento da morte
(princípio da coexistência)
- O herdeiro precisa sobreviver ao de cujus, ou seja, não é possível a
comoriência. Nascituro nasce morto: transmissão condicional a vida
do nascituro, porque a vida é quando a pessoa adquire personalidade
(art. 2º).
Obs.: o herdeiro que está vivo já recebe o direito a herança; o
nascituro só adquire o direito à herança após o nascimento com vida
(é uma condicional);
Obs.: Comoriência: é o caso de mortes simultâneas, em que não se pode verificar a
ordem cronológica dos falecimentos – entender-se-á que faleceram conjuntamente os
diversos herdeiros, não transmitindo, pois, a herança um para o outro. é sempre uma
ficção jurídica, pois o legislador não consegue determinar, com precisão que morreu
primeiro. > abertura de mais de uma cadeia sucessória.
 Legitimação para suceder por testamento:
Ampliação da regra geral: herança testamentária;

25
• Prole Eventual (art. 1.799): o de cujus pode deixar em testamento herança para uma
prole que ainda não foi concebida.
Obs.: prazo- 2 anos a contar da abertura da sucessão, art. 1.800, §4 (questão de
segurança jurídica aos bens deixados pelo de cujus).
• Pessoas jurídicas já formalmente constituídas.
• Pessoas jurídicas ainda não existente: fundação (o de cujus já deixa descrita como
deve ser feito o uso dos seus bens para a constituição da fundação).
 Legitimação testamentária passiva:
Não pode ter direito a legitimação, ou não pode suceder:
Art. 1.801
• Pessoa que escreve o testamento, o seu cônjuge ou seus ascendentes ou descentes.
• As testemunhas do testamento.
• Concubino.
• Tabelião ou escrivão (autoridade perante quem é feito o testamento).

26
Anotações

Para suceder precisa ser pessoa (física ou jurídica - no caso de sucessão testamentária).
Animais e santos não podem suceder.
Princípio da coexistência: o sucessor deve coexistir com o de cujus, ou seja, quando
o de cujus morrer, o sucessor deve estar vivo ou, pelo menos, concebido. O nascituro
tem apenas uma expectativa de direito, herdará apenas quando nascer com vida (nascer
e respirar pela primeira vez).
A legitimação para suceder por testamento é um pouco mais ampla que a legítima,
estando disposta no artigo 1799,CC, abrangendo:
- Prole eventual. Filho ainda não concebido de alguém que está vivo. Prazo de 2
anos contados a partir da abertura da sucessão para essa prole eventual ser
concebida, caso isso não aconteça, os bens reservados à prole eventual deverão
ser destinados aos herdeiros legítimos, salvo disposição em contrário no próprio
testamento.
- Pessoas jurídicas. Devem estar devidamente registradas (conforme o princípio
da coexistência). Caso seja empresa de fato, só vai herdar quando for
devidamente regularizada.
- Fundação. O de cujus pode ter deixado, em seu testamento, que deseja que, com
sua morte, seja criada uma fundação e seus bens sejam destinados a ela.

Não se legitimam para suceder por testamento, entretanto, aqueles considerados


suspeitos, que possam ter interferido na liberdade de testar.

27
Anotações

Legado no direito sucessório brasileiro: conceito, aspectos, espécies e efeitos


1.CONCEITO E ASPECTOS DO LEGADO

Em primeiro plano, importante fazer distinção entre herança e legado. Enquanto a


herança compreende a totalidade ou parte ideal dos bens do de cujus, o legado
compreende um bem determinado ou um conjunto de bens determinados, que são
especificados em testamento, deixado a alguém denominado de legatário.

O legado é instituto próprio da sucessão testamentária. A sucessão do legatário ocorre a


título singular.

O legado guarda semelhança com a doação, diferindo no fato de este ser ato unilateral, e
produzir efeitos com a morte do de cujus, ao passo que a doação é ato bilateral.

Há no legado a presença de três figura, quais sejam: I-) o testador, também denominado
legante, que é aquele que outorga o legado; II-) o legatário, aquele que é o beneficiário
do legado. Destaca Carlos Roberto Gonçalves (2016, p.369) que “qualquer pessoa,
parente ou não, natural ou jurídica, simples ou empresária, pode ser contemplada com o
legado”; III-) o onerado, que é aquele responsável por prestar o legado.

Vale destacar ainda que conforme preleciona Silvio de Salvo Venosa (2014, p.275)
“sempre é oportuno recordar que o legatário, ao contrário do herdeiro, não possui a
saisine, isto é, não ingressa na posse da coisa quando ocorre a morte do testador. No
entanto, desde a abertura da sucessão, a coisa legada já pertence ao legatário.”

É o que dispõe o artigo 1.923 do Código Civil, vejamos:

Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao


legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado
estiver sob condição suspensiva.
§ 1o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode
o legatário entrar por autoridade própria

2. OBJETO DO LEGADO

O artigo 1.857 do Código Civil, dispõe que:

Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da


totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua
morte.
Observa-se que o Código Civil confere ampla liberdade de testar, em decorrência do
princípio da autonomia da vontade. Assim, pode o objeto do legado consistir em bens
corpóreos ou bens incorpóreos, devendo ainda, ser lícito e possível.
28
3. ESPÉCIES DE LEGADO QUANTO A MODALIDADE

Quanto a sua modalidade pode o legado ser: puro e simples, condicional, a termo,
subcausa ou modal.

O legado puro e simples é aquele que produz efeitos normalmente, sem depender de
qualquer fato, sendo importante compreender que a entrada na posse da coisa legada
pelo legatário, como preceitua o já citado artigo 1.923, não configura condição para que
o legado produza seus efeitos.

O legado condicional é aquele que tem seu efeito atrelado a evento futuro e incerto,
desde que não seja captatório.

O legado a termo é aquele que sua eficácia é limitada pelo tempo, tornando-se perfeito
ou extinguindo-se no prazo instituído.

O legado de subcausa é aquele que ao instituí-lo o legante declara o motivo que deu
causa a tal liberalidade.

Por fim, o legado modal é aquele que pode conter uma obrigação ou encargo. Vale
destacar aqui, que se o legatário aceita-lo, anui também com a o ônus que o acompanha.
Caso o legatário não cumpra o encargo a liberalidade poderá ser revogada.

4. ESPÉCIES DE LEGADO QUANTO AO OBJETO


4.1. LEGADO DE COISAS
4.1.1. LEGADO DE COISA ALHEIA

Por força do disposto no artigo 1.912 do Código Civil, “é ineficaz o legado de coisa
certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão.”

Entretanto, tal regra possui exceções.

A primeira delas ocorre se o bem legado não pertencia ao testador quando testou, porém
lhe pertence quando da abertura da sucessão. Assim a aquisição posterior do bem,
produz efeito, tornando válida a liberalidade desde a elaboração do testamento.

Outra hipótese ocorre quando o legante determina ao herdeiro que entregue ao legatário
a coisa alheia. É a hipótese de sublegado. É um ônus que se impõe ao herdeiro para
adquirir o bem e entregá-lo ao legatário.

Há também a hipótese do que consiste no testador ordenar ao herdeiro ou legatário que


entregue coisa de sua propriedade ou de outrem. Tal hipótese encontra amparo no artigo
1.913, vejamos:

Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário


entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo
ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.
Dispõe ainda o artigo 1.935:

29
Art. 1.935. Se algum legado consistir em coisa pertencente a
herdeiro ou legatário (art. 1.913), só a ele incumbirá cumpri-
lo, com regresso contra os co-herdeiros, pela quota de cada
um, salvo se o contrário expressamente dispôs o testador.
Por fim, outra exceção ao disposto no referido artigo 1.912 do Código Civil, consiste no
legado de coisa genérica, determinada somente quanto ao seu gênero, qualidade e
quantidade, mesmo que esta não mais integre o patrimônio do legante.
Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo
gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista
entre os bens deixados pelo testador.
4.1.2. LEGADO DE COISA COMUM

É possível que a coisa legada seja comum, pertencendo ao legante apenas em parte.
Neste caso, o legado valerá em parte, sendo que no restante, a coisa será alheia,
regendo-se conforme o mencionado no item anterior.

Figura-se portanto o que aduz o artigo 1.914: “Art. 1.914. Se tão-somente em parte a
coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao
legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.”

Vale ressaltar quanto as disposições feitas pelo cônjuge casado no regime da comunhão
universal de bens, que terá eficácia o legado de coisa certa, se não houver atribuição ao
cônjuge sobrevivente na partilha, a seu pedido.

4.1.3. LEGADO DE COISA SINGULARIZADA

O legado de coisa singularizada consista na individualização da coisa, pelo testador que


a especificará por suas características. Observa-se aqui, que tal legado terá eficácia se a
coisa for encontrada ou pertencer ao de cujus, caso ainda exista, porém em quantidade
inferior à que foi legada, sua eficácia será quanto ao existente.

Assim dispõe o artigo 1916:

Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só


terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se
achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir
entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do
legado, este será eficaz apenas quanto à existente.
Importante lembrar que é entregue ao legatário o que existir, o remanescente, portanto
não se vendem bens do espólio para repor a quantidade não mais existente.

4.1.4. LEGADO DE COISA LOCALIZADA

Neste legado a coisa legada deve encontrar-se no local designado pelo testador à época
da abertura da sucessão, para que tenha eficácia.

Vejamos o que preceitua o artigo 1.917:

30
Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em
determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se
removida a título transitório.
Caso a coisa legada tenha sido removida temporariamente e retorne oportunamente ao
local designado, prevalecerá o legado. Entretanto, se a remoção for realizada pelo
testador em caráter definitivo o legado perderá sua eficácia. Nesta hipótese, para que a
disposição testamentária tenha eficácia, o testador deverá refazer seu testamento após a
remoção do bem.

4.2. LEGADO DE CRÉDITO OU DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA

O legado pode ter por objeto um crédito. Neste legado, o legatário substitui o legante
podendo promover a cobrança de tal crédito. Dessa forma, prevê o Código Civil:

Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá


eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao
tempo da morte do testador.
§ 1o Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o
título respectivo.
§ 2o Este legado não compreende as dívidas posteriores à data
do testamento.
Não havendo disposição contrária, ao crédito se incorporam juros não pagos.

4.3. LEGADO DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA

Ainda pelo disposto no artigo 1.918, pode o legado ter por objeto a quitação de uma
dívida. Neste caso, a disposição testamentária confere quitação de uma dívida que o
legatório possui com o testador. Aplica-se ainda a este legado o previsto no artigo
1.919: “Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará
compensação da sua dívida o legado que ele faça ao credor. Parágrafo único. Subsistirá
integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de
morrer.”

4.4. LEGADO DE ALIMENTOS

O Código Civil traz a previsão de que o testador pode deixar legado de alimentos.

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura,


o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
educação, se ele for menor.
Há que se observar, que tal legado abrange os alimentos indispensáveis a subsistência e
vivência do beneficiado.

De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2016, p.378, 379), “se não houver
disposição expressa quanto ao período que abrange o legado de alimentos, entende-se
que são vitalícios. As prestações devidas em cumprimento ao do dever de educação e de
instrução têm a duração necessária para que se eduque e instrua o beneficiado, tendo em
vista a profissão escolhida.”

31
Os alimentos decorrentes do legado, não se confundem com os legais.

4.5. LEGADO DE USUFRUTO

 De acordo com Silvio de Salvo Venosa (2014, p.277) pode o testador legar o usufruto,
deixando a nua-propriedade com o herdeiro ou com outrem. Destaca-se ainda que o
Código Civil dispõe o seguinte: “Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de
tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.”

A responsabilidade pela conservação do bem recai sobre o legatário. Insta salientar


também que não caberá a disposição de legado de usufruto sucessivo, porém poderá ser
estabelecido o usufruto simultâneo.

4.6. LEGADO DE IMÓVEL

Nos termos do artigo 1.922 do Código Civil:

Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois


novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se
compreendem no legado, salvo expressa declaração em
contrário do testador.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio
legado.
Desta forma, a coisa legada abrange os acessórios, todavia não se compreende no
imóvel legado se houver acréscimos ao mesmo. No entanto, em obediência ao princípio
de que o acessório segue o principal, as benfeitorias, necessária, úteis ou voluptuárias,
pertencem ao legatário.

 5. EFEITOS DO LEGADO

Nos termos do artigo 1.784 do Código Civil, o herdeiro, sendo legítimo ou


testamentário, adquire a propriedade e a posse da herança desde a abertura da sucessão.

O mesmo não ocorre quanto ao legatário, devendo pedir o legado aos herdeiros. Com a
morte do testador, surge para o herdeiro o direito de pedir o legado, já que, nos termos
do artigo 1.923, § 1º do Código Civil, o legatário não tem a posse da coisa legada de
imediato.

Dispõe ainda o artigo 1.924 do Código Civil:

Art. 1.924. O direito de pedir o legado não se exercerá,


enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, nos
legados condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a
condição ou o prazo não se vença.
Assim por transmitir ao legatário o domínio na abertura da sucessão, pertencem a ele os
frutos desde a morte do testado, observando-se, portanto, se depende de condição
suspensiva, ou de termo inicia. A coisa será entregue ao legatário tal como se encontre,
excluindo-se, portanto, os frutos colhidos antes do falecimento do autor da herança.
32
Quanto ao pagamento do legado, este encargo pertence ao herdeiro, salvo se o testador
encarregar expressamente certos herdeiros.

Vale ressaltar que as despesas e os riscos da entrega do legado pertencem ao legatário,


salvo disposição testamentária em contrário. É o que preceitua o artigo 1.936 do Código
Civil: “Art. 1.936. As despesas e os riscos da entrega do legado correm à conta do
legatário, se não dispuser diversamente o testador.”

Por fim, importante frisar que, nos termos do artigo 1.937 do Código Civil, a coisa
legada será entregue com seus acessórios, no local e no estado em que se encontre
quando da morte do testador, pertencendo ao legatário seus encargos.

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