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Modos Gregos - Parte I

Falae galera! Nesta coluna começaremos a entrar num campo muito interessante: a
improvisação. Para início de conversa, veremos algumas considerações sobre os modos
gregos, que são as escalas básicas para qualquer improvisador. Como este assunto é
bem extenso, vamos dividi-lo em 3 colunas.

A escala maior natural

Para entrarmos este assunto, primeiro precisamos entender a escala maior natural. No
exemplo abaixo, temos a escala de dó maior:

Essa é formada por sete notas, e a distância entre cada uma dessas notas e a nota seguinte
pode ser de um tom ou meio. O intervalo de meio tom ocorre apenas entre o III-IV graus e entre
o VII e I. Vimos assim que a escala maior natural é formadas por T T ST T T T ST, gerando os
intervalos de 2M, 3M, 4J, 5J, 6M e 7M em relação à tônica da escala.

Os modos gregos

Os modos gregos são uma espécie de inversões da escala maior. Se tocarmos a escala de dó
maior, a partir da nota dó, teremos o modo dó jônio, que nada mais é do que a própria escala
natural em seu estado fundamental (continuaremos com a configuração de T T ST T T T ST).
Se tocarmos essa mesma escala a partir do segundo grau, a nota ré, teremos o modo ré
dórico, e obteremos assim uma nova configuração de escala T ST T T T ST T (e
conseqüentemente novos intervalos) , conforme mostra a figura abaixo:

Se quisermos montar o modo de Dó Dórico, por exemplo, basta seguir esta seqüência de
intervalos T ST T T T ST T a partir da nota dó:
Outra maneira de pensar no dó dórico é você imaginar a escala de Bb maior natural
começando no segundo grau.

Veremos na tabela abaixo a seqüência dos sete modos da escala maior natural.

Para uma análise prática, podemos dividir estes 7 modos em 2 grupos, os modos maiores e os
menores. Os modos maiores possuem uma terça maior (3M) e os menores uma terça menor
(3m).

A escala maior natural é o modo jônio e a menor natural é o modo eólio. Usaremos estas duas
escalas para comparar as diferenças entre os modos:
O quadro acima mostra as diferenças entre os modos e as escalas naturais. Os intervalos
diferentes caracterizam a sonoridade de cada modo, estas são as famosas “notas
características”. Ex: A única diferença entre a escala de Sol maior (jônio) e Sol Lídio vai ser a
quarta aumentada, que vem a ser o dó# no modo de Sol Lídio, substituindo o dó natural em Sol
maior / jônio. Dizemos assim que a quarta aumentada é a nota característica do modo lídio. O
mesmo raciocínio vale para os outros modos, com um pequeno porém para o lócrio, que vai
apresentar duas notas diferentes da menor natural (eólio). Consideramos estas duas notas
características, porém a 5º possui maior importância que a 2m.

Pegando a guitarra...

Transpor essa teoria para a guitarra é muito simples, e pode ser feita de várias maneiras.
Para guitarristas de rock/metal proponho utilizar sete “shapes” dos modos, cada um com uma
digitação começando com a tônica de um modo na 6ª corda. Os números indicados são a
digitação da mão esquerda que utilizo para tocar cada shapes:
Todos estes shapes são formados por 3 notas por corda, para facilitar a execução da
palhetada. Você pode optar por duas maneiras de palhetar estes shapes. A primeira é
alternando todas. A segunda é fazendo um sweep, cada vez que mudar de corda,
para aproveitar o sentido da palhetada.

A seguir veremos como estes modos ficam dispostos por todo o braço da guitarra, utilizando a
escala de dó maior como exemplo.
É importante ter na ponta dos dedos estes sete shapes e conseguir tocá-los com fluência em
todos os 12 tons.

Praticando...
O exercício que proponho para esta etapa, é tocar todos os modos sobre a nota dó (Dó jônio,
Dó dórico, Dó Frígio, Dó Lídio, Dó Mixolídio, Dó Eólio e Dó lócrio), começando pela sexta
corda. Localize a nota dó na sexta corda (casa 8), e toque o modo de dó jônio, subindo e
descendo a escala.

Agora toque o modo dó dórico, e em seqüência o frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio.
Se você realmente quiser assimilar esta etapa, pratique em todos os 12 tons:

C – G – D – A – E – B – F# - Db – Ab – Eb – Bb – F

Lembre-se sempre de manter a clareza e definição das notas, assim como praticar com o
metrônomo.

Na próxima coluna, veremos como improvisar sobre uma harmonia utilizando esses modos.

Continuem escrevendo e mandando suas dúvidas.


Abraços, bom estudo e até!

Fonte: Modos Gregos - Parte


I http://whiplash.net/materias/guitarshred/000598.html#ixzz2B5aIDxRD

Modos Gregos - Parte II


Falae galera! Veremos nesta segunda parte da coluna alguns exercícios para a
improvisação sobre os modos gregos.

Cada modo possui um acorde característico, ou uma cadência de acordes que representam
sua sonoridade. Esta sonoridade pode ser obtida pela tríade da tônica do modo, mais sua nota
característica. Utilizaremos somente tríades nestes exemplos, mas sinta-se à vontade para
adicionar todas as extensões diatônicas que quiser.

Jônio

A sonoridade do modo jônio é a mesma da escala maior natural. Uma cadência IV - V – I define
bem esta sonoridade.
A sonoridade do jônio é dada, basicamente, pelo repouso da harmonia no I grau do campo
harmônico. Podemos citar Let It Be, dos Beatles e a primeira parte de Always With Me, Always
With You do Satriani como exemplos deste modo.

Dórico

O modo dórico possui uma sonoridade “jazzística”, um acorde menor com uma sexta maior
(nota característica) define o modo. Uma cadência bem comum mostrando a sonoridade do
dórico é um IIm – V. (cadência do inicio de Wave de Tom Jobim).

No caso acima, Cm é o segundo grau do campo harmônico de Sib Maior natural e F é o quinto
grau desta mesma escala. O acorde de Cm isolado não define a sonoridade do dórico, pois não
apresenta a sexta maior. A sexta maior de Cm (a nota Lá) aparece no próximo acorde (F) como
sua a terça maior. Nesta cadência, poderíamos substituir o acorde de F por qualquer outro
acorde do campo harmônico de Sib maior para obtermos a sonoridade do dórico, desde que
este acorde apresente a nota Lá em sua formação.

Uma boa maneira de pensar em sonoridades modais é tocando a tríade da tônica do modo
seguido de um outro acorde contendo as extensões do acorde anterior. Ex: ré dórico: Toca-se
o acorde de Dm e em seqüência Em. Podemos aplicar no Dm os modos de ré dórico, ré frígio
ou ré eólio. Porém o próximo acorde mostra algumas notas que caracterizam o ré dórico: a
tônica de Em, que vem a ser a segunda maior do acorde de Dm, portanto não podemos ter o
modo frígio neste caso. A nota si, quinta do acorde de Em, é a sexta maior de Dm, indicando
que este Dm é dórico e não eólio ou frígio.

Assim afirmamos que o acorde característico do modo dórico é o m6. Ex: Cm6. O som isolado
deste acorde nos remeterá a este modo. Sempre que encontrar um acorde m6, utilize o modo
dórico para improvisar sobre ele.

OBS: o acorde m6 isolado também pode ser encarado como o primeiro grau da escala menor
melódica.

Frígio

O modo frígio é um modo menor, com a segunda menor como nota característica. É
empregado com alguma freqüência no Heavy, como nas músicas Wherever I May Roam
do Metallica e Trust do Megadeth.

Uma cadência de acordes que caracteriza o modo frígio é a IIIm – IV.


No caso acima temos Cm, que é terceiro grau da escala de Ab maior, e Db que vem a ser o
quarto grau desta escala. A tônica de Db, é uma segunda menor em relação a Cm,
caracterizando o frígio.

O modo frígio também é caracterizado pelo acorde sus4(b9).

Lídio

O Lídio é o único modo que apresenta a quarta aumentada e uma quinta justa ao mesmo
tempo. Cadência comum deste modo é IV – V.

C é o quarto grau da escala de Sol Maior e D é o quinto grau. A terça maior do acorde de D, a


nota fá#, é uma quarta aumentada em relação ao acorde de C.

Encontramos o modo lídio freqüentemente no rock e afins. Answears e The Riddle do Steve
Vai, assim como o início de Overture 1928 do Dream Theater são bons exemplos deste modo.

O acorde característico do modo lídio é o maj7(#11). Ex: Cmaj7(#11)

Vale também ressaltar que este modo pode ser aplicado em qualquer acorde maior com sétima
maior.

Mixolídio

O mixolídio é o quinto grau da escala maior natural. Uma cadência V – IIm é um bom exemplo
da sonoridade do mixolídio.

C e Gm são respectivamente o quinto e o segundo graus do campo harmônico de Fá maior. A


terça menor de Gm (a nota Sib) é a sétima menor de C, a nota característica do modo
mixolídio.

O acorde característico do modo mixolídio é o acorde dominante “7” (ex: C7) . Estes acordes
estão presentes em qualquer blues de tonalidade maior. Ex: Scuttle Buttin e Pride and Joy do
Stevie Ray Vaughan.

Eólio
Modo característico do metal... para mostrar a sonoridade deste modo, utilizaremos a famosa
cadência VIm – IV – V, que consagrou a sonoridade “Iron Maiden”. Fear of the dark, Hallowed
be thy name, Running Free e Still Life são alguns exemplos que utilizam esta cadência.

Cm, Ab e Bb são respectivamente VI IV e V graus do campo harmônico de Mib Maior. O acorde


de Ab em relação ao Cm define a uma sexta menor e o acorde de Bb define uma segunda
maior em relação ao acorde de Cm, caracterizando o modo eólio.

O acorde m(b6) é o acorde característico deste modo.

Lócrio

O modo lócrio é o único modo que possui uma quinta diminuta, dando a este modo uma
sonoridade bem peculiar. No rock, o único exemplo que me vem na cabeça é a primeira parte
da música Painkiller, do Judas Priest. Podemos sentir a sonoridade do lócrio na seqüência
VIIIm(b5) - V.

O sétimo grau do campo harmônico de Db Maior é Cm(b5). Este acorde sozinho já gera toda a
sonoridade do modo lócrio, o outro acorde (Ab) foi colocado para não criar um movimento de
tensão – resolução.

O acorde m7(b5) é o acorde característico do modo lócrio.

Tocando...

A primeira parte do exercício consiste em improvisar sobre os sete modos de dó, utilizando a
harmonia característica de cada modo vista anteriormente. Grave um playback com a cadência
de acordes de dó Jônio, crie um loop e improvise sobre eles com a escala de dó maior. Depois
faça o mesmo sobre o modo dó dórico, utilizando a escala de Bb maior. No dó frígio, toque a
escala de Ab maior e assim por diante.

Um erro freqüente dos estudantes é ficar preso ao “shape do modo”. Os shapes geram a


sonoridade do modo quando tocados sozinhos. Nesta parte do processo você já está
improvisando sobre uma harmonia, o que importa é a relação de cada nota que você toca em
relação ao(s) acorde(s) da harmonia.

Ex: as notas da escala de ré mixolídio (ré, mi, fa#, sol, la, si, dó), são as mesmas notas que
compõem a escala de dó lídio, que também são as mesmas de fa# lócrio. Estas notas
“funcionam” perfeitamente sobre todos os acordes do campo harmônico de Sol Maior natural
(G Am Bm C D Em F#m(b5)).

Portanto a grande jogada neste exercício é você “passear” pelo braço inteiro da guitarra,
utilizando todos os shapes dentro da escala.
Um software-seqüenciador bem interessante para fazer este exercício é o Band in a Box. Caso
você não tenha como gravar as progressões manualmente, você pode utilizar este programa
para seqüênciar as cadências de cada modo.

Pratique bastante os exemplos, e se realmente quiser ir fundo no assunto, toque os exemplos


em todos os tons.

Na próxima coluna veremos a última parte sobre os modos, que é o improviso utilizando
diferentes centros tonais.

Abraço pra vocês... e bons sons!

Fonte: Modos Gregos - Parte


II http://whiplash.net/materias/guitarshred/000628.html#ixzz2B5bRTevc

Modos Gregos - Parte III

Nesta última coluna sobre os modos, veremos como funciona a improvisação sobre
diferentes centros tonais numa única seqüência harmônica.

Jônio

A progressão abaixo mostra quatro centros tonais diferentes para improvisar numa unica
progressão harmônica (C Jônio, B Jônio, Bb Jônio e A Jônio). As escalas estão indicadas pelas
linhas pontilhadas. O Mesmo raciocínio seque para os outros exemplos.
Improvise sobre estas cadências, prestando muita atenção na hora de mudança de modo. Evite
saltos nestes momentos, prefira os graus conjuntos. Tente desenvolver suas idéias nas
modulações.

No início estas harmonias podem parecer muito difíceis e complexas para desenvolver suas
idéias musicais, mas vale sua perseverança e empenho para adquirir fluência nestas situações.
Há material para vários meses de estudo nestes exemplos.

O próximo exercício é uma junção de todos os modos em um único exemplo. Aqui a principal
dificuldade é nas mudanças de escalas, que ocorrem irregularmente.
Pratiquem com muita calma e com um playback num andamento lento, siga aumentando a
velocidade progressivamente. Outra opção é utilizar somente uma nota por compasso, depois
duas, três, quatro...

Bom estudo para vocês!

Fonte: Modos Gregos - Parte


III http://whiplash.net/materias/guitarshred/000778.html#ixzz2B5dTTAF5
Pentatônicas com tapping

Oi pessoal! Nesta primeira coluna irei passar algumas idéias sobre como utilizar a boa e
velha pentatônica. Para quem não sabe, esta é a escala mais utilizada no rock e é
formada por cinco notas.

Essas cinco notas são derivadas da escala diatônica. São excluídas as duas notas da escala
diatônica que geram o intervalo de 5º diminuta ou 4º aumentada, o trítono. Na escala de Dó
maior / Lá menor são excluídas as notas Fá e Si. A pentatônica desta escala é formada pelas
notas: Dó Ré Mi Sol e Lá.

Abaixo seguem duas possíveis digitações para esta pentatônica:

Sobrepondo estes dois desenhos obteremos uma pentatônica com 3 notas por corda, como
mostra a figura abaixo:

Podemos perceber na figura acima que há a repetição da última nota tocada em cada corda, o
que cria um efeito bem interessante. Porém, exige uma abertura de mão um tanto incômoda.
Outra maneira de executar esse exemplo, é tocar a última nota de cada corda com um tapping
da mão direita (T).
O exemplo abaixo mostra um padrão para a utilização deste artifício. Veja que a primeira nota
tocada é o tapping da mão direita, as outras duas notas são tocadas com ligaduras da mão
esquerda. Sugiro a utilização do dedo médio na mão direita para o tapping. Na mão esquerda
os dedos 1 e 4 para as cordas 1, 2 e 6; e, os dedos 1 e 3 para as cordas 3, 4 e 5.

O próximo exemplo é uma variante do anterior. Subimos e descemos a escala com os


tappings. No final do compasso 2, utilizamos um tempo outside: a pentatônica deslocada meio
tom acima. Este recurso gera uma sonoridade bem interessante, você pode deslocar qualquer
digitação meio tom acima ou abaixo para gerar este efeito outside. O outside cria tensões na
melodia, que podem ser resolvidas voltando ao tom original ou criando modulações. Utilizei
este tempo outside para “ligar” a pentatônica de Lá menor com a de Si menor e depois repeti o
mesmo padrão em Si menor.
Comece estudando bem devagar, sempre com o metrônomo e aumente progressivamente a
velocidade. Trace uma velocidade-meta para atingir e pratique até atingi-la.

Os três exemplos em MP3 foram gravados em 80bpm, 120bpm e 120bpm com uma base de
guitarra em Sol.

Ex. 1: 80bpm (clique para download)


Ex. 2: 120bpm (clique para download)
Ex. 3: Sol - 120bpm (clique para download)

Experimente tocar esse exemplo em cima dos acordes de C, D, Dm, Em, F#m7b5, G, Am, Bm,
C, D e Dm. Sobre cada acorde, o exemplo soara de uma maneira diferente. Crie também suas
variações baseadas nesse exercício: mude o ritmo, os intervalos. Use sua criatividade!

Fonte: Pentatônicas com
tapping http://whiplash.net/materias/guitarshred/000552.html#ixzz2B5eTQevD

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