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Era o primeiro dia de 2021, o novo ano que começava, depois de tantas tragédias,

depois de tanto sofrimento por conta da pandemia que se alastrou em 2020, e acordei
decidido: iria ser o mais produtivo ser humano na face da Terra naquelas primeiras 24 horas!

Então, acordei às seis da manhã (pode me achar louco por acordar tão cedo nas férias,
mas eu já disse que nem um pingo de lerdeza iria me atingir), e preparei um café do qual você,
leitor, teria inveja só de ver: uma bisnaga com requeijão e um copo d’água. Ora, eu mereço
algum mérito, afinal, aquela foi a primeira – e única, confesso – vez que comi a comida que as
minhas mãos prepararam!

Contradizendo a minha promessa por um breve momento, sentei-me no sofá, apanhei


o controle remoto e comecei a clicar incansavelmente no botão cuja função era trocar de
canal. Canal 001, canal 002, canal 003... de vez em quando, desviava o olhar da tela para o
meu cachorro, e dele para a janela pela qual se via o céu. Ele estava triste, frio, coberto por um
mar de nuvens por trás das quais escondia-se o grande e alegre Sol... por quê? Por que tinha
que ser assim? Por que é sempre o deprimente quem toma a cena, quem cobre o entusiástico
e o deixa de lado – no exemplo das nuvens e do sol, atrás -, e não o contrário? Isso não fazia
sentido para mim! Foi quando, depois de uns 15 minutos naquele estado de reflexão profunda,
ou uma pane no cérebro, como quiser definir aquele tempo, que percebi que ainda estava
pressionando, retirando e pressionando meu dedo sobre aquele maldito botão do controle
remoto, e já me encontrava no canal 672.

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