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Índice
Introdução...................................................................................................................4
Âmbito do manual.....................................................................................................4
Objetivos..................................................................................................................4
Carga horária............................................................................................................5
1.Noções básicas de Microbiologia.................................................................................6
1.1.Introdução à microbiologia...................................................................................6
1.2.Morfologia e estrutura de microrganismos.............................................................8
1.2.1.vírus.............................................................................................................8
1.2.2.Bactérias.....................................................................................................10
1.2.3.Fungos........................................................................................................11
1.2.4.Parasitas.....................................................................................................13
1.3.Nutrição de microrganismos................................................................................15
1.4.Meios de cultura de microrganismos....................................................................16
1.5.Crescimento microbiano.....................................................................................16
1.6.Acção de agentes físicos e químicos....................................................................17
2.Epidemiologia da infeção - cadeia epidemiológica.......................................................22
2.1.Microrganismos e patogenicidade........................................................................22
2.2.Reservatórios ou fontes dos microrganismos........................................................24
2.3.Portas de entrada e de saída dos microrganismos................................................25
2.4.Vias de transmissão...........................................................................................26
2.5.Hospedeiro e sua suscetibilidade.........................................................................26
2.6.Resistências antimicrobianas...............................................................................27
3.Princípios da prevenção e controlo da infeção, medidas e recomendações...................29
3.1.Os conceitos de doença, infeção e doença infeciosa.............................................29
3.2.Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção associada aos cuidados de
saúde......................................................................................................................30
1
Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
2
Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
8.5.Vacinação..........................................................................................................68
8.6.Fardamento.......................................................................................................69
9.Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a
Técnico/a Auxiliar de Saúde.........................................................................................71
9.1.Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua
supervisão direta.....................................................................................................71
9.2.Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode
executar sozinho/a...................................................................................................73
Bibliografia.................................................................................................................74
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Introdução
Âmbito do manual
Objetivos
4
Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Carga horária
50 horas
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
1.1.Introdução à microbiologia
A vista humana é incapaz de perceber objetos com diâmetro inferior a cerca de 0,1
milímetro. As células vivas, unidades biológicas da estrutura e função, estão quase sempre
bem abaixo desse limite de tamanho. Portanto, os menores organismos, aqueles
constituídos de uma só célula, são na maioria, invisíveis à vista humana desarmada.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Algumas algas;
Protozoários (d).
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
doenças infeciosas apresentam uma maior importância neste facto, em países mais
desenvolvidos.
Entre 1900 e 2000, três fatores mudaram para que tal disparidade nas taxas de
mortalidade causadas por doenças infeciosas baixasse:
1. Por volta dos anos 30/40 chegaram os antibióticos, por descoberta da Penicilina;
2. As vacinas tiveram um impacto tremendo no tratamento de doenças infeciosas;
3. Foram tomadas medidas higiénicas.
Assim, é fácil compreender que países menos desenvolvidos sejam bastante fustigados
pelas doenças infeciosas, sendo estas a principal causa de morte, apresentando um
panorama idêntico ao do observado no início do século XX.
1.2.1.vírus
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Esta definição por si só aponta já para uma importante característica dos vírus: são
entidades intracelulares obrigatórias. Os vírus não têm metabolismo, não produzem
energia, não crescem e não se dividem. Eles limitam-se a fornecer à célula infetada a
informação genética a ser expressa pelo equipamento celular e todo isto à custa da
energia obtida pela célula.
São considerados, por isso parasitas intracelulares, provocando a infeção viral na célula
hospedeira, causando-lhe um mau funcionamento, podendo, inclusive, levá-la à morte.
Os vírus são exigentes quanto ao tipo de célula que infecta. Por exemplo, os vírus de
plantas não estão equipados para infetar as células dos animais; há também aqueles que
só, atacam bactérias.
Algumas vezes, os vírus podem infetar um organismo e não lhe causar nenhum dano, mas
podem provocar a morte de outro organismo.
Conforme a partícula viral se encontra no espaço intra ou extracelular, é lhe dada uma
diferente designação. Assim quando temos a partícula no interior de uma célula dizemos
tratar-se de um vírus mas quando esta se encontra no meio extracelular devera-se usar o
termo virião ou partícula viral.
Outros vírus tais como o citomegalovírus (CMV), os vírus da gripe, herpes simplex e
varicela-zoster, VIH, Ebola, também podem ser transmitidos.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
1.2.2.Bactérias
O reino Monera é formado pelas bactérias, organismos unicelulares que diferem de outros
seres vivos por serem procariontes, isto é, as suas células não possuem um núcleo
individualizado por uma membrana e elas podem viver isoladas ou reunidas em colónia.
As bactérias podem formar colónias, pela reunião de vários indivíduos de uma mesma
espécie que permanecem unidos formando uma unidade funcional. Isso acontece
principalmente com os cocos, mas pode ocorrer com os bacilos. Não ocorrendo com os
espirilos nem com os vibriões.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
1.2.3.Fungos
Podemos encontrar fungos nos mais variados ambientes do planeta. É muito comum eles
se desenvolverem em sapatos e roupas que ficam guardados em armários pouco arejados,
nas paredes das casas, em livros velhos, cereais, alimentos expostos ao ar, animais e
vegetais mortos, lixo, fezes etc.
Os esporos são muito pequenos e podem permanecer suspensos no ar por muito tempo,
sendo carregados pelo vento para lugares bem distantes do fungo que os produziu. Dessa
forma, eles espalham-se pelos mais variados ambientes, mas se desenvolvem melhor
quando encontram condições de pouca luminosidade, boa humidade e muita matéria
orgânica.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Os fungos são seres vivos eucariontes, portanto o núcleo de suas células é delimitado por
uma membrana, podem ser unicelulares ou pluricelulares. As suas células são envolvidas
por uma parede que não é feita de celulose como nos vegetais, e sim de quitina, o mesmo
material que reveste o corpo dos artrópodes (insetos, crustáceos, aracnídeos e outros).
Eles não possuem clorofila, sendo por isso incapazes de realizar a fotossíntese, e, para
conseguirem se desenvolver, dependem do alimento que encontram no local onde se
instalam.
Essa foi uma das descobertas mais importantes em toda a história humana. A penicilina
não cura todas as infeções; na verdade, muitas pessoas podem até ter reações alérgicas a
esse medicamento. Contudo, a substância já curou milhões de infeções bacterianas,
incluindo pneumonia, sífilis, difteria e infeção nos ossos.
1.2.4.Parasitas
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Os seres vivos pertencentes ao reino Protista são unicelulares, porém são diferentes das
bactérias porque suas células são eucarióticas, isto é, possuem um núcleo individualizado,
envolvido por uma membrana. Os principais representantes desse reino são os
protozoários e algumas algas.
A única célula que um protista possui pode ser considerada uma “célula organismo”, pois
é capaz de realizar todas as funções vitais que um organismo mais complexo realiza:
alimentação, respiração, excreção e locomoção.
Eles são encontrados nos mais diferentes ambientes: na superfície ou no fundo dos
oceanos, na água doce ou poluída, no solo húmido ou em matéria orgânica em
decomposição. Outros vivem dentro de algumas plantas ou de animais, inclusive o
homem.
Os protozoários por serem heterotróficos dependem de outros seres vivos para obter seus
alimentos. Podem se alimentar de bactérias ou outros protistas ou, então, absorvem
substâncias orgânicas da matéria em decomposição. Alguns são parasitas, vivendo no
corpo de outros seres vivos podendo-lhes causar doenças.
Há aqueles que, embora vivendo dentro do corpo de seres vivos, lhes trazem benefícios,
como é o caso de algumas espécies que vivem no intestino dos cupins fazendo a digestão
da celulose que esses insetos comem.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Alguns protozoários podem causar doenças sérias no homem, muitas delas são de difícil
cura e outras ainda são incuráveis. Algumas merecem mais destaque devido a sua grande
incidência, atingindo um grande número de pessoas no mundo. São elas:
Disenteria amebiana ou amebíase – causada pela Entamoeba histolytica.
Doença de Chagas – causada por um protozoário flagelado, o Trypanosoma cruzi
Malária – o Plasmodio vivax é o protozoário causador da malária
Toxoplasmose – causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
1.3.Nutrição de microrganismos
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Certos organismos, tais como aqueles que causam a sífilis e a lepra, ainda não podem ser
cultivados em meio de laboratório. Devem crescer em culturas que contenham células
vivas oriundas de seres humanos ou de outros animais.
1.5.Crescimento microbiano
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Grande parte dos microrganismos multiplica-se por fissão binária ou por gemulação, em
resultado do que uma célula dará origem a duas ao fim de um certo tempo, tempo de
geração ou de duplicação.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Agentes físicos
1. Calor húmido
2. Autoclavagem
Aquecimento a 121ºC durante 15-20 min a 1.02 atm. Este processo é o mais eficaz, pois o
seu poder de penetração é maior. Numa atmosfera húmida e a uma temperatura elevada
os microrganismos morrem quando se dá a coagulação e desnaturação das enzimas e
proteínas que fazem parte da sua estrutura.
3. Pasteurização
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
4. Ebulição
Consiste no aquecimento a 100ºC durante 5 a 10 minutos. Destrói todas as formas
vegetativas presentes na água e alguns dos endósporos, contudo, alguns esporos resistem
a 100ºC por períodos de tempo superiores a uma hora (ex. Bacillus subtilis).
5. Tindalação
Processo muito antigo, utilizado para esterilização de meios de cultura e soluções
nutritivas. Consiste no aquecimento a 80-100ºC, durante 30-60 min em 3 dias
consecutivos.
6. Calor Seco
Aquecimento em forno ou estufa a 180ºC durante 1-2 horas. Destrói os microrganismos
por oxidação dos seus constituintes celulares essenciais e coagulação das suas proteínas.
Este método é usado principalmente na esterilização de material de vidro, metal, de certos
produtos nos quais a percentagem de água é muito pequena e não se deixam penetrar
pela humidade (ex.: vaselina), bem como de certos produtos termoestáveis que é
necessário manter no estado seco.
7. Incineração
Utilizado em larga escala para destruição de resíduos hospitalares.
8. Radições
Radiações ionizantes (X e Gama)
São radiações de elevada energia e poder de penetração. Atuam sobre os constituintes da
célula, nomeadamente DNA e proteínas celulares. Usam-se para esterilização de material
plástico (seringas, placas de Petri, etc) e de borracha.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
São radiações de fraca energia e fraco poder de penetração. Atuam a nível do DNA,
impedindo a sua replicação ou alterando-o. Usam-se na desinfeção do ar de gabinetes,
recintos hospitalares (salas de operação), câmaras de fluxo, etc. Estas radiações são
altamente agressivas para a pele e para os olhos, pelo que nunca se deve trabalhar na
sua presença.
Agentes químicos
1.Esterilizantes
Agentes químicos que eliminam de um objeto ou material biológico todas as formas de
vida microbiana.
• Óxido de etileno - é um gás altamente solúvel em água e violentamente
explosivo. Utilizado na esterilização de material termosensível. A
esterilização faz-se em câmaras apropriadas. Atualmente tem vindo a ser
substituído pelo plasma de peróxido e pelo formaldeído a 2% a baixa
temperatura. Estes métodos têm a vantagem de não necessitarem de
período de arejamento exigido pelo óxido de etileno.
• Formaldeído e gluteraldeído
2. Desinfetantes e antissépticos
Os desinfetantes podem ter sobre os microrganismos as seguintes ações:
Bactericida / Bacteriostático (impedindo a célula de se dividir) /
Bacteriolítico (efetuando a lise da parede da célula)
Fungicida / Fungistático
Virucida / Virustático
Esporicida
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
2.1.Microrganismos e patogenicidade
Para que seja possível o aparecimento de infeção é requerido que estejam presentes as
seguintes condições:
1. Número adequado de agentes patogénicos (inoculo microbiano), variável
consoante a espécie e o estado imunitário do hospedeiro
2. Existência de um reservatório ou fonte onde o microrganismo sobreviva e possa
multiplicar-se
3. Via de transmissão do agente para o hospedeiro
4. Porta de entrada do hospedeiro específica para o agente patogénico (há
especificidade entre microrganismos e capacidade de desencadear doença em
órgãos ou sistemas específicos do hospedeiro)
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
5. Que o hospedeiro seja suscetível ao agente microbiano, isto é, que não tenha
imunidade ao agente.
Temos de considerar neste contexto que a infeção pode ocorrer de forma esporádica, sem
um padrão definido, de forma endémica, isto é com uma frequência mais ou menos
regular em períodos de tempo definidos e ainda de forma epidémica, também
denominada por surtos, em que surge com aumento significativo de casos em relação ao
habitual num período de tempo determinado.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Deste modo o reservatório e a fonte de um agente responsável por uma infeção podem
ser os mesmos ou não. Do ponto de vista epidemiológico o conhecimento deste facto é
importante.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
flora cutânea ou, ainda, os agentes da infeção urinária residem geralmente no intestino ou
no períneo do próprio doente.
As secreções da boca e vias aéreas são húmidas e são expelidas sob forma de gotículas
que incluem células descamadas e microrganismos colonizantes ou infetantes. Mais da
metade da biomassa das fezes é composta de microrganismos, além disso as fezes podem
servir como mecanismo de transmissão dos parasitas intestinais através da eliminação de
ovos.
O leite materno, embora possa ser responsabilizado pela transmissão de patologias como
o HIV em bancos de leite, é juntamente com o suor, via de menor importância no
ambiente hospitalar.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
2.4.Vias de transmissão
O mecanismo pelo qual um agente infecioso se propaga e difunde pelo meio ambiente e
atinge hospedeiros suscetíveis constitui a via de transmissão. Esta propagação ou
transmissão do reservatório ou fonte, pode ser direta ou indireta.
É aceite por toda a comunidade científica que as mãos são o principal veículo de
transmissão. As gotículas constituem uma forma particular de transmissão por contacto,
pois, quando há proximidade excessiva (inferior a um metro), estas partículas podem
atingir diretamente uma porta de entrada dum hospedeiro recetor e também ao
depositarem-se no ambiente a curta distância do emissor, são indiretamente transferidas
para o recetor através de um veículo animado, o principal sendo as mãos dos profissionais
prestadores de cuidados de saúde ou dos próprios doentes.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Outro dos elementos da cadeia epidemiológica da infeção é o hospedeiro. Para que ocorra
infeção é necessário que o agente entre em contacto com uma porta de entrada específica
no hospedeiro, para a qual o agente tenha afinidade e capacidade de nesse local poder
manifestar os seus mecanismos de infecciosidade, desencadeando o processo infecioso.
Em síntese, para que seja possível surgir um quadro infecioso, o microrganismo tem que
ter acesso a uma porta de entrada que lhe seja favorável, que tenha afinidade para o
tecido em causa e que o inoculo seja suficiente para desencadear a infeção. Para que
ocorra a infeção é necessário que exista um desequilíbrio entre o inoculo e virulência do
microrganismo e as defesas do hospedeiro.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
2.6.Resistências antimicrobianas
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Doença
Ocorre quando se verifique uma alteração do estado normal do organismo.
Infeção
Implica a colonização, multiplicação, invasão ou a persistência dos microrganismos
patogénicos no hospedeiro.
Doença Infeciosa
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Patologia ou patogénese
Modo como se originam e desenvolvem as doenças.
Patogenicidade
É a habilidade com que um microrganismo causa infeção, através dos seus mecanismos
estruturais ou bioquímicos.
Virulência
É o grau de patogenicidade de um microrganismo.
O Programa Nacional de Controlo da Infeção (PNCI) foi criado em 14 de Maio de 1999 por
Despacho do Diretor-geral da Saúde no âmbito das suas competências técnico-normativas.
Objetivo:
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Missão:
O PNCI tem por missão melhorar a qualidade dos cuidados prestados nas unidades
de saúde, através de uma abordagem integrada e multidisciplinar para a vigilância,
a prevenção e o controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde.
O Grupo coordenador do PNCI tem dado apoio às CCI, mediante solicitação das CCI e
Conselhos de Administração/Direção. Este apoio/consultadoria tem sido feito a diversos
níveis:
Visitas aos Hospitais em casos de surtos de infeção, discussão de temáticas
relevantes para as instituições;
Atividades de formação na área do controlo de infeção – em colaboração com
Hospitais, Administrações regionais de Saúde, Escolas de Enfermagem e Escola
Superior de Tecnologias da Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública entre outros;
Apoio a profissionais na fase académica em cursos de complemento, de
especialização, pós-graduação e mestrado – orientações, tutoria, bibiliografia
relevante nos contextos dos diversos cursos;
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Os membros do PNCI estão disponíveis para colaborar com as Unidades de Saúde sempre
que solicitados, em pareceres técnicos, esclarecimento de dúvidas, aconselhamento e
fornecimento de bibliografia relevante. As solicitações e/ou pedidos de colaboração
deverão ser dirigidos formalmente ao Diretor-geral da Saúde.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
4.1.Adquirida na comunidade
Uma infeção seria classificada como adquirida na comunidade se o paciente não esteve
recentemente em instituições de saúde ou não esteve em contato com alguém que esteve
recentemente em instituições de saúde.
Neste sentido, não é considerada infeção hospitalar, uma doença infeciosa adquirida na
comunidade, ou que foi diagnosticada só quando o paciente foi internado através de sinais
que indiquem que o período de incubação daquela doença seja incompatível com a data
de sua admissão no hospital.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
4.2.Nosocomial
Entende-se portanto, de uma maneira muito simplificada, por infeção nosocomial como
aquela que é contraída no hospital, provocada pela flora exógena, proveniente do meio
ambiente, pessoal e/ou inerte.
Existem critérios para identificar infeções nosocomiais em locais específicos (p. ex.,
urinárias, pulmonares). Estes critérios derivaram dos publicados pelos CDC nos Estados
Unidos da América ou de conferências internacionais e são usadas na vigilância
epidemiológica das infeções nosocomiais.
As infeções nosocomiais podem ser tanto endémicas, como epidémica, sendo as mais
comuns as endémicas. As infeções epidémicas ocorrem durante surtos, definidos como um
aumento inusual, acima da média, de uma infeção específica ou de um microrganismo
infetante.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
4.3.Infecção Cruzada
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Entende-se por agentes biológicos, os que resultam da ação de agentes animados como
vírus, bacilos, fungos e bactérias, ou microrganismos (bactérias, vírus, fungos), incluindo
os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos e
outros suscetíveis de provocar infeções, alergias ou intoxicações.
O risco ocupacional associado aos agentes biológicos é conhecido desde a década de 1940
e pode atingir não só os profissionais de saúde, como outros profissionais e ainda todos os
visitantes das unidades de saúde e familiares que coabitam no domicílio dos doentes.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
As potenciais e principais fontes deste risco são o contacto pessoal com os doentes e o
manuseamento de produtos biológicos: sangue e seus componentes, fezes, exsudados,
secreções e vómitos, bem como os materiais contaminados por estes.
Se não for possível evitar a exposição, esta deverá ser reduzida ao mínimo através da
limitação do número de trabalhadores expostos e da duração da exposição. As medidas de
controlo deverão ser adaptadas ao processo de trabalho e os trabalhadores deverão estar
bem informados no sentido de cumprirem as práticas seguras de trabalho.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Muitos agentes biológicos são transmitidos através do ar, como é o caso das
bactérias exaladas ou das toxinas de grãos bolorentos. Evitar a formação de
aerossóis e de poeiras, mesmo durante as atividades de limpeza ou manutenção.
Uma boa higiene doméstica, procedimentos de trabalho higiénicos e a utilização de
sinais de aviso pertinentes são elementos-chave da criação de condições de
trabalho seguras e saudáveis.
Muitos microrganismos desenvolveram mecanismos de sobrevivência ou resistência
ao calor, à desidratação ou à radiação através, por exemplo, da produção de
esporos.
Adotar medidas de descontaminação de resíduos, equipamento e vestuário, bem
como medidas de higiene adequadas dirigidas aos trabalhadores. Dar instruções
sobre a eliminação com segurança de resíduos, procedimentos de emergência e
primeiros socorros.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
• Formação e informação.
5.3.Tuberculose
Ainda segundo este autor, o risco de infeção pela bactéria Mycobacterium tuberculosis
(tuberculose) entre os profissionais de saúde está relacionado com os seguintes fatores:
prevalência da doença, perfil dos casos atendidos, área de trabalho, grupo ocupacional,
tempo de trabalho na área da saúde e medidas de controlo adotadas pela instituição.
É nos grandes centros urbanos como Lisboa, Porto e Setúbal que se verifica a maior
concentração de casos, espelho de uma realidade recente: a associação da tuberculose à
infeção pelo VIH/SIDA, para além dos imigrantes, os sem-abrigo e os consumidores de
drogas injetáveis, cuja estatística demonstra também terem risco acrescido.
5.4.Hepatite A, B e C
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Apesar de o VIH ter assumido primordial notoriedade relativamente aos riscos de infeções
virais, é de ter em conta que o risco de adquirir a infeção pelo vírus da hepatite B, após
exposição a sangue contaminado, é cerca de 10 a 35% ao passo que o risco de adquirir o
VIH é de apenas 0,4%.
O risco de infeção por transmissão percutânea com agulha oca contaminada por VIH é de
0,3%, diminuindo esse risco para 0,09% no caso das membranas mucosas.
Hoje dispõe-se de eficazes medidas para a prevenir, mediante o recurso a barreiras físicas
(luvas, agulhas e seringas descartáveis), químicas e biológicas (gamaglobulina hiperimune
e vacinas).
Desde a descoberta do vírus da hepatite B, por Baruch, Blumberg e Coll, nos anos 1960,
muito se aprendeu a seu respeito, porém, até aos dias atuais, muitos estudos
demonstraram a existência de uma elevada prevalência da doença em vários segmentos
da população em geral, e especialmente entre os profissionais de saúde expostos a
acidentes com objetos perfurantes e cortantes, envolvendo material biológico.
Em Portugal, todas as formas clínicas de hepatites víricas fazem parte da lista das doenças
profissionais e são consideradas como tal para os profissionais de saúde, sem necessidade
de fazer prova.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
5.5.HIV
O risco de infeção por transmissão percutânea com agulha oca contaminada por VIH é de
0,3%, diminuindo esse risco para 0,09% no caso das membranas mucosas.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Nos hospitais concentram-se doentes infetados e colonizados por microrganismos, que são
fontes de infeção e que podem contaminar outros doentes e profissionais.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Na maioria dos casos, as mãos dos profissionais de saúde constituem o veículo mais
comum para a transmissão de microrganismos da pele do doente para as mucosas (como
no trato respiratório) ou para locais do corpo habitualmente estéreis (sangue, líquido
céfalo-raquidiano, líquido pleural, etc.) e de outros doentes ou do ambiente contaminado.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
A informação e a formação aos profissionais de saúde são fundamentais para esse efeito.
A ignorância obstaculiza e bloqueia o desenvolvimento de estratégias e medidas racionais
e eficazes no combate das infeções hospitalares.
O profissional de saúde deve saber avaliar os riscos para os doentes e para si próprio
sobre a transmissão das IACS e atuar de acordo. A par do rápido desenvolvimento técnico
e farmacológico e de ferramentas importantes para o entendimento das IACS, é o
elemento fundamental na prevenção e controlo deste tipo de infeção.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Em 1996, o CDC publicou um novo guia com três tipos de isolamento em que a forma de
transmissão de doenças dependia e baseava-se essencialmente na porta de entrada no
doente, na suscetibilidade do doente e nas vias de eliminação do agente microbiano pelo
doente.
Isolamento de contacto
Isolamento de partículas
Isolamento de gotículas
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Os microrganismos transportados desta forma podem ser disseminados para longe, pelas
correntes de ar podendo ser inalados por um hospedeiro suscetível, dentro do mesmo
quarto ou em locais situados a longa distância do doente. Por este motivo, impõe-se
ventilação especial para prevenir esta forma de transmissão. A dimensão destes agentes
permite o atingimento alveolar num indivíduo suscetível.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
A limpeza constitui o núcleo básico de todas as ações referentes aos cuidados de higiene
com o material e áreas do hospital e o primeiro passo nos procedimentos técnicos de
desinfeção e esterilização:
O importante é que todo o material usado seja considerado como de risco para o
pessoal e só seja manuseado com a devida proteção (luvas, avental impermeável
e, quando se prevê salpicos, máscara e óculos de proteção).
Se se tratar de material não crítico a limpeza pode, por si só, ser suficiente. A
limpeza deve ser efetuada de preferência em máquinas próprias, por dois motivos:
por um lado, porque estes métodos permitem associar à limpeza a desinfeção
térmica ou química e asseguram a secagem final e, por outro, constituem
processos que podem ser validados e controlados.
Para a desinfeção são sempre preferíveis métodos físicos como o calor. As
temperaturas do processo variam de 65ºC a 100ºC mas, regra geral, quanto mais
elevada for a temperatura menor será o tempo de exposição necessário. O calor
não é seletivo e não é afetado pela presença de matéria orgânica, assegurando os
melhores resultados.
Utilização racional de desinfetantes, de acordo com a política instituída pela CCI,
de modo a uniformizar o consumo dos produtos e a utilizá-los de modo eficaz e
sem riscos para doentes e profissionais. Esta utilização racional baseia-se nos
seguintes pressupostos:
o O chão e as superfícies que não contactam diretamente com o doente não
necessitam de aplicação de desinfetantes sendo suficiente a sua lavagem
com água quente e detergente. Contudo, quando se verte sangue ou
matéria orgânica, para a proteção do pessoal, deve-se utilizar desinfetante
para a sua remoção. Esta operação deve ser executada com luvas de
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Os fatores que influenciam a frequência de infeções da ferida cirúrgica são, entre outros:
A técnica cirúrgica;
A extensão da contaminação endógena da ferida na altura da cirurgia (p. ex.,
limpa, limpa-contaminada)
Duração da cirurgia;
Condição de base do doente;
Ambiente do bloco operatório;
Microrganismos libertados pela equipa a trabalhar no bloco operatório.
Um programa sistemático para a prevenção das infeções da ferida cirúrgica inclui a prática
da técnica cirúrgica ótima, um ambiente do bloco operatório limpo, com restrição à
entrada de profissionais e vestuário adequado, equipamento estéril, preparação pré-
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Todos os instrumentos usados dentro do campo estéril devem ser estéreis. O doente e
qualquer equipamento que entre na área estéril devem ser cobertos com panos estéreis;
estes devem ser manuseados o menos possível. Uma vez colocado o pano estéril na sua
posição, este não devem ser movido já que isso pode comprometer a sua esterilidade.
No caso de cirurgias eletivas, qualquer infeção existente deve ser identificada e tratada
antes da intervenção. A estadia pré-operatória deve ser minimizada. Nos doentes
desnutridos deve ser melhorado o estado de nutrição antes da cirurgia eletiva.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Antes de ir para o Bloco operatório e após o banho, a roupa da cama deve ser mudada
(se for dado banho antes da cirurgia, deve ser com pelo menos duas horas antes da
mesma).
O local onde se vai fazer a incisão deve ser lavado com água e sabão e depois deve ser
aplicado um antisséptico para a pele, do centro para a periferia. A área preparada deve
ser suficientemente ampla para englobar a incisão na sua totalidade e suficiente pele
adjacente para que o cirurgião possa trabalhar sem tocar na pele não preparada.
O doente deve ser coberto com panos estéreis; só devem estar descobertos o campo
operatório e as áreas necessárias para a administração e manutenção da anestesia.
Regras a considerar:
Os doentes só devem sair da área/quarto de isolamento, em caso de absoluta
necessidade;
Sempre que sair do quarto o doente deve usar máscara cirúrgica e pijama lavado.
A roupa da cama deve ser mudada a fim de reduzir a possibilidade de
contaminação;
A saída dos doentes deve ser programada de forma a reduzir ao mínimo os
períodos de espera, por exemplo, a marcação de exames para o final da lista,
deslocando-se o doente diretamente para o exame sem permanecer na sala de
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espera. Para o efeito, o serviço de destino deve ser informado de que o doente vai
a caminho;
Se o doente for transferido de hospital ou de serviço, é importante que os
profissionais que o vão receber sejam avisados previamente e que seja enviada
informação escrita (carta de alta/transferência) do serviço donde o doente provém;
Se o doente se deslocar de ambulância ou outro carro de transporte, os
funcionários deverão ser informados e instruídos acerca das medidas de
proteção/prevenção (uso de barreiras protetoras, limpeza/desinfeção das
superfícies e cuidados com o material e equipamento);
Equipamento e superfícies com os quais o doente contacta durante o transporte
(marquesa, cadeira, outro equipamento) devem ser lavados com água e
detergente, seguido de desinfeção por fricção com álcool a 70º. Entre doentes e
em situações de urgência/emergência, pode ser apenas higienizado por fricção
com álcool a 70º desde que não exista matéria orgânica visível. O chão e paredes
da ambulância/carro de transporte devem ser lavados com água e detergente e
desinfetados com hipoclorito de sódio (ver características das superfícies e
instruções do fornecedor).
Todos os profissionais que manipulem e/ou transportem produtos para análise devem:
Considerar como contaminados todos os produtos a manipular;
Colocar os produtos colhidos em sacos fechados que serão posteriormente
introduzidos em contentores inquebráveis e estanques para o transporte em
segurança (não juntar as requisições aos recipientes de colheita dos produtos
biológicos – evitar contaminação das requisições);
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Procedimentos a seguir:
Todos os procedimentos com os cadáveres devem ser executados com uso de EPI
(incluindo máscaras, luvas, bata, touca e óculos ou viseira);
Pode ser efetuada preparação higiénica do falecido;
Na exposição do corpo devem ser cumpridas as Precauções Básicas;
Os familiares se assim o desejarem podem ver o corpo. Caso o doente tenha
falecido no período de contágio, a família deve usar os EPI atrás referidos;
Antes da transferência para a morgue (o mais cedo possível), o corpo deve ser
selado num saco específico para colocação de cadáveres;
Na morgue, minimizar a produção de aerossóis evitando:
o Usar serra
o Procedimentos com água
o Salpicos ao remover tecido pulmonar.
Devem ser criadas condições nas morgues, para a higienização das mãos dos
profissionais, após retirarem os EPI: lavatório com sabão, toalhetes, dispensador
de solução antisséptica alcoólica e contentor para recolha dos EPI e dos toalhetes
de secagem das mãos;
No Serviço de Autópsias devem também ser cumpridas as Precauções Básicas.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Entende-se por equipamento de proteção individual (EPI) todo o equipamento, bem como
qualquer complemento ou acessório, destinado a ser utilizado pelo trabalhador para se
proteger dos riscos, para a sua segurança e para a sua saúde.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
O uso de equipamento de proteção faz parte integrante desse conceito assim como do
mais recente conceito de precauções básicas (padrão) que estabelece que determinados
tipos de cuidados devem ser adotados em qualquer doente, independentemente da sua
patologia ou do seu status infecioso.
O uso de EPI constitui-se uma das precauções padrão indicada para reduzir o risco de
transmissão de microrganismos de fontes de infeção, conhecidas ou não, devendo ser
adotado na assistência a todo e qualquer doente e/ou na manipulação de objetos
contaminados ou sob suspeita de contaminação.
A decisão de usar ou não EPI e quais os equipamentos a usar, deve ser baseada numa
avaliação de risco de transmissão de microrganismos ao doente, o risco de contaminação
da roupa, pele ou mucosas dos profissionais com o sangue, líquidos orgânicos, secreções
e excreções do doente.
Dois aspetos importantes relativos aos EPI são a seleção e os requisitos na utilização. A
seleção dos EPI deverá ter em conta os riscos a que está exposto o trabalhador, as
condições em que trabalha, a parte do corpo a proteger e as características do próprio
trabalhador. Devem ainda obedecer aos requisitos: comodidade, robustez, leveza e
adaptabilidade.
Estão incluídos na categoria de EPI as luvas, máscaras, batas, aventais, óculos, viseiras,
cobertura de cabelo, calçado, entre outros.
Para que qualquer política relacionada com o uso de EPI tenha eficácia é necessário que
os respetivos equipamentos estejam disponíveis, sejam apropriados às condições de
trabalho e risco da instituição, sejam compatíveis entre si (quando usados
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
A lavagem das mãos tem uma dupla função na medida em que por um lado, protege o
utente e por outro protege o profissional de saúde de adquirir microrganismos prejudiciais
à sua saúde.
Os “cinco momentos” para a higiene das mãos na prática clínica são os seguintes:
1. Antes do contacto com o doente;
2. Antes de procedimentos limpos/assépticos;
3. Após risco de exposição a fluidos orgânicos;
4. Após contacto com o doente e
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Princípios gerais:
Quer seja usada água e sabão com ou sem antisséptico, quer seja usada SABA, é
muito importante cumprir os seguintes princípios:
Retirar jóias e adornos das mãos e antebraços antes de iniciar o dia ou turno de
trabalho, guardando-as em local seguro (por exemplo, acondicionado em alfinete
pregado por dentro do bolso da farda);
Manter as unhas limpas, curtas, sem verniz. Não usar unhas artificiais na prestação
de cuidados;
Aplicar corretamente o produto a usar;
Friccionar as mãos respeitando a técnica, os tempos de contactos e as áreas a
abranger de acordo com os procedimentos a efetuar;
Ter atenção especial aos espaços interdigitais, polpas dos dedos, dedo polegar e
punho;
Secar/deixar secar bem as mãos;
Evitar recontaminar as mãos após a lavagem. Se a torneira for manual não tocar
com as mãos na torneira após a higienização, encerrando a mesma com um
toalhete;
Usar regularmente protetores da pele (creme dermoprotetor) e
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
As luvas são, sem dúvida, na área da saúde, o equipamento de proteção individual mais
utilizado e amplamente divulgado, sendo o seu uso correto, capaz de evitar a
contaminação das mãos, evitar a transmissão de microrganismos das mãos aos doentes e
evitar a contaminação do ambiente circundante.
O uso de luvas está apenas indicado, salvo quando existe indicação para medidas de
isolamento de contacto, para as situações onde é previsível que exista a possibilidade de
contacto das mão do PS com: sangue ou fluidos orgânicos, membranas mucosas, pele não
intacta, e superfícies visivelmente contaminadas.
O uso de luvas não modifica as indicações para higiene das mãos e, sobretudo, não
substitui a necessidade de higiene das mãos, e se apropriado, a indicação para higiene
das mãos pode implicar a remoção das luvas para efetuar a ação.
Recentemente, o uso de máscara passou a ser aceite também com o objetivo de proteger
os profissionais de saúde através da contenção da projeção de secreções das vias aéreas
superiores ou de saliva contendo agentes infeciosos transmissíveis, através de gotículas ou
núcleos de gotículas.
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
Em síntese, pode dizer-se que “o objetivo da máscara é, por um lado, proteger os doentes
da libertação potencial de partículas contendo microrganismos e, por outro, proteger os
profissionais contra a exposição mucocutânea a gotículas e salpicos”.
Relativamente às proteções oculares, que grande parte das vezes se encontram acopladas
às máscaras (máscaras com viseira), devem ser também utilizadas sempre que se preveja
que o procedimento a realizar possa produzir salpicos, gotículas ou aerossóis de sangue
ou outros líquidos orgânicos potencialmente infetantes e, que possam afetar as mucosas
dos olhos.
No que diz respeito à utilização de batas (limpas, não esterilizadas), deve verificar-se
sempre que os profissionais de saúde permaneçam nas instalações. Devem ser usadas
proteções descartáveis adicionais sempre que seja previsível a possibilidade de ocorrer
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Prevenção e controlo da infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde
derrame de sangue ou outros líquidos orgânicos, e também porque a parte da frente, que
contacta mais diretamente com os doentes e o ambiente imediato, tem mais tendência a
ser contaminada.
Mais amplo, compreende todos os hábitos e condutas que nos auxiliem a prevenir doenças
e a manter a saúde e o nosso bem-estar, inclusive o coletivo.
Para uma prestação adequada e segura é necessário ter em conta alguns aspetos relativos
à higiene pessoal:
Qualquer tipo de odor será repelente para os colegas e clientes. Os banhos
frequentes são aconselhados, contudo a utilização de produtos demasiado
perfumados deve ser evitado.
Os dentes devem ser escovados com regularidade e cuidados através de
observações médicas regulares. O mau hálito deve ser combatido com pastilhas ou
sprays refrescantes.
Não usar adornos (anéis, brincos, relógio, pulseiras, colares, piercing, etc. –
aliança)
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8.5.Vacinação
Os profissionais de saúde estão expostos a diversos agentes biológicos nas suas atividades
diárias, pelo que a proteção adquirida pela vacinação e a monitorização do estado vacinal
é essencial.
Cabe ao empregador, o coordenador sub-regional/diretor da Unidade de Saúde,
assegurar, através dos Serviços de Segurança e Saúde no Trabalho / Serviço de Saúde
Ocupacional, dos Serviços de Saúde:
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O registo dos atos vacinais de cada profissional deverá ser efetuado em suporte
informático que será disponibilizado a todas as Equipas de Saúde Ocupacional.
8.6.Fardamento
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Bibliografia
AA VV., Orientação de Boa Prática para a Higiene das Mãos nas Unidades de Saúde:
Circular Normativa, Ed. Direcção-Geral de Saúde
Sites Consultados
Ministério da saúde
http://www.min-saude.pt
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