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CURSO DE DIREITO

Débora Soares Ramos

DIREITOS HUMANOS

LONDRINA
2019
Débora Soares Ramos

DIREITOS HUMANOS

Trabalho de adaptação/ dependência do


Curso de Direito da Faculdades Londrina,
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Direito.

LONDRINA
2019
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo abordar os aspectos gerais dos direitos
humanos enquanto fenômeno mundial, e sua inserção e propagação dentro do
ordenamento jurídico pátrio. Para tanto, será abordado a evolução dos direitos
humanos, e os direitos humanos na Constituição de 1988. Serão pontuados também,
aspectos gerais dos direitos das minorias e relações ético-raciais.

Palavras- Chave: direitos humanos; direitos das minorias; direitos humanos na


Constituição Federal.

Introdução

Direitos inatos pela condição de pessoa humana sempre foi debatido ao longo
do tempo. A cada momento histórico protagonizou uma aspiração e ideal que refletia a
vivencia da respectiva conjectura social.
Na legislação atual, é sedimentada na Declaração Universal dos Direitos
Humanos compactuada por diversos países componentes da Organização das Nações
Unidas. O escopo da referida Lei trás como pressupostos objetivação de promover o
bem de todos sem distinção, quaisquer que sejam preservando-se a dignidade que
lhes são inatas, pelos simples fato de serem pessoas humana.
A geração dos direitos humanos é a instrumentalização dos direitos humanos
ao decorrer do tempo, resumida pelo ideal da revolução francesa, liberdade, igualdade
e fraternidade.
Na atualidade, as aspirações desta seara do direito centra-se na composição
dos direitos das minorias e vulneráveis como índios e negros. No presente trabalho
passaremos a análise da evolução histórica dos direitos humanos, a positivação de tais
ideais na Constituição Federal de 1988, e os desafios atuais de inclusão das minorias e
extermínio das indiferenças como o racismo.

A Evolução Histórica dos Direitos Humanos

Não há exato marco histórico de quando se iniciou as aspirações sobre os


direitos humanos, pode-se afirmar que sua acepção se confunde com a própria ideia de
dignidade humana, despontando-se a priori como luta ao bem-estar do indivíduo. É o
que se têm dos mais remotos documentos normativos.
O direito humano, como em toda seara do direito, a cada momento histórico-
social protagonizou a função que sua época lhe exigia, passando-se por variadas fases
até se consolidar em conceitos e regime jurídico propriamente dito. Assim, para melhor
compreendê-la, é necessário passar a análise de suas fases.
Na antiguidade oriental antes de Cristo, era debatida enquanto especulação
pelos filósofos, o que acabou por influenciar o sistema normativo mais importante da
época, o Código de Hamurabi o qual preceitua esboços dos que temos na atualidade
como direitos individuais. (CARVALHO, 2014).
Na democracia grega ganha força. A estruturação dos direitos políticos na
democracia ateniense é a mais expressiva manifestação de direitos humanos da
época. Devido a ela, os debates da pólis (cidade-estado) são comuns entre os
considerados cidadãos, passando-se a indagar a superioridade de determinadas
normas. Têm-se como herança artística vivaz a dramaturgia de Sofoclés: Antígona, a
qual corriqueiramente é mencionada em debates quando se questiona o espirito de
justiça das Leis.

Antígona, a protagonista, e a sua luta para enterrar seu irmão Polinice, mesmo
contra a ordem do tirano da cidade, Creonte, que havia promulgado uma lei
proibindo que aqueles que atentassem contra a lei fossem enterrados. Para
Antígona, não se pode cumprir as Leis humanas que se choquem com as leis
divinas. O confronto de visões entre Antígona e Creonte é um dos pontos altos
da peça. Uma das ideias centrais dos direitos humanos, que já é encontrada
nessa obra de Sófocles, é a superioridade de determinadas regras de conduta,
em especial contra a tirania e injustiça. (CARVALHO, 2014. n.p).

Na idade média, sob forte influência do Cristianismo, contribui para a matéria


ao pregar a igualdade e solidariedade. Em especial São Tomás de Aquino, defende a
igualdade dos seres humanos e aplicação justa das leis, “aquilo que é justo é aquilo
que corresponde a cada ser humano, na ordem social, o que reverberará no futuro em
especial na busca da justiça social”. (CARVALHO, 2014. n.p).
Nos primórdios da modernidade, Benajmin Constante foi o maior eloquente dos
direitos humanos. Entendia a liberdade como a possibilidade de atuar na vida privada
sem amarras, o que resultou no debate sobre a limitação dos mandos do Estado, visto
que, no período pré-constitucional, não há normas que assegurem ao indivíduo direitos
de contenção daquele. Enquanto na idade média os mandos do Rei era a própria
vontade de Deus, e, portanto, o objetivo do Estado. Com a reforma protestante
vislumbra-se uma quebra de paradigmas questionando-se o poder absolutista.
A busca pela limitação do poder já incipiente, aflora na Magna Carta de 1628
na Inglaterra, quando, elencam o parlamento como mecanismo a conter o absolutismo
e impor os desejos do povo, o que acaba de vez a acontecer com a revolução gloriosa.
No campo da filosofia, Thomas Hobes defendeu em sua obra Leviatã que, o
Estado é um “monstro” usado para impor seu poder livremente para preservação da
vida, vez que, o homem seria o lobo do homem. Jhon Lock em contrapartida, defendeu
os direitos dos indivíduos frente ao Estado, sendo o objetivo deste salvaguardar os
direitos naturais destes, que lhe são inerentes a condição de humano, o que fora a
posteriori reproduzido para se alcançar os interesses da classe burguesa na
consolidação da burguesia.
Foi com a eclosão das revoluções Inglesa, Americana e Francesa que
declarações de direitos marcam a primeira e clara a firmação histórica dos direitos
humanos. (CARVALHO, 2014). No entanto, só passou a ser fortemente debatida,
questionando-se as violações de tais direitos ao termino da segunda grande guerra.
O desastre da Segunda Guerra Mundial foi de tamanha proporção que,
passou-se questionar as atrocidades ali cometidas. Milhares de mortes e desastres
ambientais era o cenário por ela deixado. Assim sendo, na intenção de não mais
permitir a eclosão de outras atrocidades, mais de 49 países se reuniram na conferencia
de San-Francisco cheios de esperança e otimismo para formar o corpo internacional de
prevenção a guerras. A Conferência de San- Francisco de 1945 culminou na Carta da
nova Organização das Nações Unidas.
Tornando-se a atenção mundial, ganhou novos adeptos. Com a entrada de
novos integrantes, nova aliança foi firmada, o acordo internacional dos Direitos
Humanos proclama inequivocamente os direitos inerentes de todos os seres humanos
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A evolução dos acordos multilaterais referentes a direitos humanos tem sido


lenta. Mas progride. Historicamente, o ponto de partida foi a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, de 10 de dezembro de 1948, focada em
aspectos conceituais, voltados exclusivamente para os indivíduos, para a
pessoa. (CASTILHO, 2018, n.p).

Na atualidade, temos o que se concebe por gerações dos direitos humanos, ou


fundamentais. São classificados em gerações, devido à época em que surgiram,
conhecidas pelo dito popular liberdade, igualdade e fraternidade, havendo consenso
sobre a três, em que pese despontar-se demais gerações na atual conjuntura política-
social.
A primeira geração de direitos humanos surge com as aspirações iluministas, e
eclode com a revolução Francesa. A nobreza, em resposta ao estado autoritário que se
tinha até então, unem-se em movimento de revolta para não mais seguir os mando do
clero. A luta da burguesia era pela salvaguarda de direitos individuais básicos tais
como a vida, a liberdade e a propriedade, com ênfase ao viés econômico de tais
direitos.
A segunda geração de direitos humanos surge como movimento
contrário aos desejos da primeira geração. Se nesta o que se almejava era a inércia do
Estado em relação ao individuo, a liberdade para transigir principalmente
economicamente, na segunda geração, se almejava ação positiva deste, a igualdade
era a palavra de ordem. A consolidação do Capitalismo faz surgir a luta de classes,
desemprego requerendo a classe menos favorecida a intervenção do ente criado pelo
pacto social para a promoção do bem de todos, ou seja, que agisse em prol aos
interesses sociais como, educação, saúde, lazer, adequadas condições de trabalho,
entre outros.
Após a Segunda Guerra Mundial já não se admitia mais o Estado nos moldes
liberais clássicos de não intervenção. O Estado passa a ser um administrador
da sociedade e neste momento deve aproveitar os laços internacionais para
estabelecer um núcleo fundamental de Direitos Humanos Internacionais. Dessa
forma, elabora a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, a
Declaração Americana dos Direitos do Homem. (SILVA, 2016. n.p).

A terceira geração é identificável após a década de 1960, emergiu dos apelos


de uma sociedade massificada, visando a preservação dos interesses coletivos ou
difusos relacionados com a proteção do meio ambiente, preservação do patrimônio
histórico e cultural, qualidade de vida no ambiente urbano e rural, tutela sobre a
comunicação social, a bioética, ampliação dos direitos políticos, autodeterminação dos
povos, o amplo acesso a informação e preservação da privacidade. (SILVA, 2016).

A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos


Direitos Humanos

A Carta Constituinte de 1988 em decorrência do momento histórico que adveio,


é caracterizada por ser garantista e protecionista por ser promulgada após um período
ditatorial de supressão de direitos ditos fundamentais. Foi “elaborada por uma
Assembleia Constituinte legalmente convocada e eleita.” (CASTILHO, 2018, n.p).
Conhecida por Constituição Cidadã, é adepta e entusiasta dos direitos
humanos. Em seu texto utiliza a expressão direitos fundamentais para aqueles que
considera como direitos inatos ao indivíduo. Elenca um exaustivo rol de direitos em seu
art. 5º do titulo “Direitos e Garantias Individuais”, muito embora mencione
expressamente em seu parágrafo segundo do referido artigo que, aqueles arrolados
não excluem demais direitos que o Brasil seja signatário ou firme acordo.
A Constituição Federal foi zelosa em estabelecer em seu texto o procedimento
para se regularizar e instrumentalizar a aplicabilidade dos tratados de direitos
humanos.
O Brasil é um dos países signatários da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, bem como, ratificador de diversos outros documentos que empodere o ser
humano como fim de todo o aparato estatal e normatividade, em decorrência da sua
intrínseca dignidade humana. Muito embora não exista definição que possa abarcar
toda a acepção que se tenha por dignidade humana, entende-se que “todo ser racional
existe como um fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou
daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações [...] ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como um fim”. (TAVARES. 2015 n.p).
A internacionalização dos Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos é
estabelecida pelo parágrafo terceiro do art. 5º pela seguinte redação “Os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”, com
aplicabilidade imediata. (BRASIL, 219. n.p).

Direito das Minorias

Os direitos da minorias são os direitos destinados especificamente a dada


parcela da sociedade. Difícil é a sua conceituação, pois, veria de acordo com a
identificação de minoria ou vulnerável referente a um ser ou a algo. Muito embora seja
difícil sua conceituação, para que se possa entender o que se trata minoria, é
necessário o conhecimento e análise de três elementos constitutivos. Primeiramente a
identidade, grupos sociais e
Vivenciamos a pluralidade de identidades, assim a sociedade se compõe. Com
o princípio da dignidade humana e a norma de igualdade, quando uma parcela da
sociedade se encontra em situação de desequilíbrio, temos o que entende por
vulnerabilidade. A proteção deste grupo em detrimento de outros é o objetivo das
políticas públicas voltadas as minorias.
Os grupos sociais é a nomenclatura criada pelo direito internacional para
caracterizar as pessoas com o status de refugiado. (CASTILHO, 2018).
Um terceiro possível elemento de direitos das minorias seria a vulnerabilidade.
Por vulnerabilidade pode-se compreender como o ponto fraco de uma questão,
“aplicada a temática minoria, como a situação em que pessoas estão em uma posição
na qual podem ser atacadas, ofendidas feridas ou ainda que se comparada as demais
em uma posição mais fraca”. (TAVARES. 2015 n.p).
Diante dos argumentos acima expostos, diz-se que a análise do que venha a
ser minoria por si só demonstra sua necessidade que é autoevidente, e se justifica pela
proteção dos direitos humanos, de todos os humanos, inclusive os das minorias.

Direitos Indígenas e Comunidades Tradicionais

Muito se discute sobre os direitos indígenas, questionando o motivo pelo qual


possuem normatização própria no direito internacional e nacional.
Ao se levantar o questionamento perante a Organização das Nações Unidas,
houve dissenso sobre o que cada país pensava. Na verdade, o Direito Internacional,
desde sua fundação, sempre esteve voltado à normatização das relações entre
diferentes povos, atendendo hoje a população indígena. Essa evolução se deu
principalmente a partir do Direito Internacional dos Direitos Humanos e do princípio da
não-discriminação.
A proteção aos indivíduos, suas culturas e modos de vida, assim como a
proteção às terras indígenas tradicionais e gerencia indígena, dentro do modelo político
dos Estados soberanos, foram incorporadas como proteções de direitos humanos.

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e


Africana
Também atrelado ao princípio da não-discriminação, a questão do racismo é
fortemente debatida.
É de conhecimento geral que, por muitos anos, em diversos países o regime
escravocata concebia a raça negra como inferior a braça devendo ser a este destinado
tratamento de res, ou seja, coisa, para o fim de servidão.
Como o passar dos anos, o desenvolvimento do direito humano como ciência
e, principalmente com a solidificação da ONU, ações de racismo são reprimidas em
praticamente todo o mundo. No Brasil, a escravidão teve fim somente no ano de 1888,
sendo um dos últimos países a aderir a abolição, transpondo a herança de uma
sociedade preconceituosa e racista até mesmo nos dias atuais.
A Carta Constituinte de 1988, imbuída dos valores que assevera, como a
dignidade d pessoa humana, igualdade, elenca em seu art. 4º a política de repúdio ao
terrorismo. Assim positivando em seu art. 5º que, a pratica de racismo configura crime
inafiançável e imprescritível, punido com pena de reclusão.
Pode-se dizer que, a rigorosidade com que a Carta Constituinte aborda o tema
racismo é devido a preocupação com que tem com a igualdade pela sua condição de
humano, não importando etnia ou raça, é a normatização punitiva do dissenso que
almeja ao firmar a dignidade da pessoa humana, como direito a ser tratada de forma
condizente com esta, segurando a paridade de tratamento a todos.

Considerações Finais

Acerca da temática direitos humanos conclui-se que:


Da evolução histórica dos direitos humanos pode-se dizer que, muito embora
não haja um marco histórico de quando se começou a pensar sobre os direitos dos
humanos, é remota a sua preocupação. Na antiguidade fora questionada pelos
filósofos gregos na polis, cuja suas maiores preocupações eram sobre o direito
intrínseco do homem em contribuir com os assuntos da cidade-estado, ou seja, a
democracia. Na idade media fora concebida como o direito do homem atribuído pela
divindade.
Com a solidificação da Declaração dos Direitos Humanos pela Organização
das Nações Unidas consolidaram-se as três dimensões de direitos humanos, muito
embora haja aspirações para mais gerações. A 1ª esta diretamente ligada à acepção
de liberdade rente aos mandos do Estado autoritário, a ênfase era sobre a liberdade
econômica. A 2ª geração em contrapartida da primeira exigia a intervenção do estado
como agente a promover o bem comum a todos, concretizando os direitos sociais de
educação, saúde, trabalho e etc... A 3ª geração trás aspirações de direitos difusos e
coletivos, ou seja, direitos que embora sociais são extremamente abrangentes, como o
meio ambiente que envolve presentes e futuras gerações.
Da Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção
dos Direitos Humanos pode-se afirmar que a Carta Constituinte de 1988 é grande
entusiasta dos direitos humanos. Elenca em seu art.3º como fundamento da republica
a dignidade da pessoa humana e estabelece que, as normas de tratado internacional
que devidamente aprovadas, possuem aplicabilidade imediata.
Do direito das minorias afirma-se que, trata da problemática da seara do direito
humano internacional que se preocupa com os sujeitos mais frágeis de uma dada
estrutura, assim como a preocupação dos direitos humanos para proteção dos
indígenas e erradicação da discriminação dos negros. São eles, vinculados ao princípio
da não-discriminação, objetivando-se a equivalência de todos os humanos.
REFERÊNCIAS

_______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF: Senado


Federal. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso
em: 25 out 2019.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos. 5ª edição. São Paulo. Saraiva. 2018.


Disponívelem<https://forumdeconcursos.com/wpcontent/uploads/wpforo/default_attach
ments/1537404592-DIREITOS-HUMANOS-CASTILHO-2018.pdf> Acesso em 25 de out
de 2019.

RAMOS, André Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo. Saraiva
2014. Disponível em < https://app.saraivadigital.com.br/leitor/ebook:580758 > Acesso
em 24 de out de 2019.

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 13ª edição. São Paulo.
Saraiva. 2015. Disponível em < https://app.saraivadigital.com.br/leitor/ebook:580756 >
Acesso em 25 out. 2019.

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