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integração das
fontes renováveis
variáveis no
sistema elétrico
Prioridades para a integração das fontes
renováveis variáveis no sistema elétrico
Diretor Presidente
André Luís Ferreira
Equipe Técnica
André Luis Ferreira
Ana Carolina Alfinito Vieira
Aline Fernandes da Silva
Gabriel de Freitas Viscondi
Kamyla Borges da Cunha
Munir Soares
Autores
Kamyla Borges da Cunha
Munir Soares
Gabriel de Freitas Viscondi
André Luis Ferreira
Aline Fernandes da Silva
Revisão
Rafael Kelman - PSR
Diagramação
Leandro Guima
Apoio
Instituto Clima e Sociedade
Publicado por
IEMA - Instituto de Energia
e Meio Ambiente
energiaeambiente.org.br
Sumário Executivo 06
Introdução 12
2. Alternativas de flexibilidade 25
Considerações finais 35
Referências 37
Fontes flexíveis
O que é. As fontes flexíveis congregam três Contribuições da reunião técnica. Foram
características básicas – são capazes de ajustar apontadas como opções a serem avaliadas para
a geração em diferentes níveis, têm velocidade o contexto brasileiro: (i) maior investimento
na carga em rampa e rapidez no lead time (os em térmicas flexíveis. As opções energéticas
quais, em linhas gerais, significam a rapidez consideradas foram a biomassa e o gás natural.
de acionamento da geração elétrica). São Para alavancar a primeira, é preciso profundar a
inflexíveis as usinas térmicas nucleares e à análise quanto ao seu papel para proporcionar
carvão. São flexíveis alguns tipos de usinas flexibilidade na geração termoelétrica. Quanto
térmicas a gás natural. São altamente flexíveis ao gás natural, destacou-se a importância de
as hidroelétricas. melhorar a integração da regulação do setor
de petróleo & gás com a do setor elétrico. (ii)
Desafios. O Brasil já conta com um parque
aumento da geração termoelétrica na base,
elétrico bastante flexível, muito em função de
de modo a liberar os reservatórios existentes
parte majoritária da capacidade instalada ser
para servirem à modulação do sistema
composta por usinas hidrelétricas. Porém, com
(servindo para gerar energia nos momentos
o crescimento da demanda e o esgotamento
de indisponibilidade das FRND); (iii) revisão
de áreas disponíveis para novas hidrelétricas, a
da regulação de usinas híbridas (eólica-solar,
tendência é que esta fonte perca participação
eólica-biomassa); (iv) aumentar incentivos à
na matriz elétrica brasileira, fazendo com que
geração destinada à ponta (nos momentos de
seja necessário buscar alternativas.
pico de demanda por eletricidade).
Armazenamento
O que é. São todas as tecnologias que Contribuições da reunião técnica. Foram
conseguem absorver energia elétrica por um apontadas como opções a serem avaliadas
período e depois retornar esta energia para o para o contexto brasileiro: (i) análise do
sistema. O armazenamento pode ser mecânico, potencial de adoção das hidroelétricas
eletroquímico, eletrônico e químico. reversíveis, considerando os aspectos
econômicos e socioambientais; (ii) necessidade
Desafios. No Brasil, as hidroelétricas com
de se considerar os impactos ambientais
reservatório têm exercido importante função
das tecnologias de armazenamento como
de armazenamento de energia. Contudo,
insumo para a tomada de decisão quanto à
a expansão da capacidade instalada de
sua adoção no Brasil; (iii) mapeamento prévio
hidroeletricidade a partir de usinas a fio d’água
das capacidades de armazenamento dos
tem progressivamente reduzido o potencial
reservatórios hidroelétricos, bem como dos
de armazenamento do sistema nacional.
potenciais impactos socioambientais a eles
Sem usinas capazes de reservar energia para
associados. Isso inclui inserir, nos inventários
períodos de indisponibilidade das fontes
de bacia, cenários que prevejam reservatórios.
eólica e solar, fica difícil expandir essas fontes
renováveis a todo o país.
Infraestrutura de rede
O que é. No Brasil, o papel da transmissão/ da complementariedade existente entre as
distribuição revela-se crucial, seja porque fontes renováveis, seja porque promove o
permite ao operador do sistema tirar proveito intercâmbio de energia entre as diferentes
Gerenciamento da demanda
O que é. Contempla medidas que buscam país com outras iniciativas nesta área, como as
reduzir a carga, por meio da maior eficiência voltadas à eficiência energética.
energética ou de programas de redução do
Contribuições da reunião técnica. Foram
consumo nos setores industrial, comercial e
apontadas como opções a serem avaliadas
residencial. Isso inclui também responder mais
para o contexto brasileiro: (i) Tarifa horária e
rapidamente a demanda mesmo diante da
mecanismos de estímulo do consumo fora da
variação da oferta de energia. Além, é claro, de
ponta; (ii) adoção de tecnologias, tais como
assegurar respostas mais rápidas da demanda
medidores microprocessadores, inversores de
em função da variação da oferta de energia.
sistemas de autoprodução; (iii) planejamento
Desafios. No Brasil, a regulação tarifária integrado de recursos, o qual considera a
estabelecida pela ANEEL já traz mecanismos demanda e a oferta no planejamento; (iv) a
de sinalização econômica ao consumidor eficiência energética, um dos assuntos-chave
com o objetivo de reduzir consumo, como as na discussão desse painel, deve ter maior
tarifas brancas. Porém, tais medidas são ainda prioridade no planejamento do setor.
incipientes. Além disso, pouco se avançou no
CONCLUSÕES
Para o IEMA, uma das mensagens mais relevantes como as renováveis;
do evento foi a de que o enfrentamento dos
• avaliar com cautela a inserção de
desafios para a integração das FRND e desse
térmicas inflexíveis na matriz elétrica, como as
cenário de incerteza pressupõe mudanças
térmicas a carvão, lembrando de seu possível
no modo como o planejamento e a operação
impacto futuro, particularmente no que diz
do sistema elétrico são conduzidos. E isso
respeito aos custos sistêmicos;
significaria, por exemplo:
• mapear o potencial e medidas possíveis
• aprimorar as ferramentas usadas
e necessárias para ampliara eficiência energética
na tomada de decisão, como os modelos
e da geração distribuída.
computacionais e os instrumentos de previsão
climáticas; Esses mapeamentos permitiriam avaliar
mais claramente os limites do atual sistema
• melhor integrar o planejamento da
e as alternativas de integração o país deve
expansão e da geração com o da transmissão,
priorizar. Também ofereceriam insumos mais
elemento fundamental para que se tire o melhor
objetivos para uma necessária discussão aberta,
proveito das potencialidades regionais das fontes
transparente e democrática sobre os prós e
renováveis e também da complementaridade
contras das diferentes opções de integração,
entre eólica e solar. . Isso contribuiria para
incluindo-se aí uma clareza maior sobre impactos
reduzir os impactos negativos da variabilidade.
socioambientais e econômicos.
Para tanto, mostra-se necessário aprofundar a
avaliação sobre sugestões dadas na Reunião Se bem tomadas, as decisões de planejamento
Técnica, dentre as quais a inserção de critérios de e operação fortalecerão as condições ímpares
localização dessas fontes nos leilões de energia; que o país já apresenta para: 1- descarbonizar
ainda mais sua matriz elétrica; 2- ampliar e
• levantar e mapear as reservas operativas
acelerar a integração de fontes renováveis não
do sistema, como, por exemplo, a capacidade
despacháveis; 3- assegurar que os investimentos
de armazenamento dos reservatórios das
necessários em expansão já sejam concebidos e
hidrelétricas e do parque termoelétrico flexível
realizados num contexto de maior variabilidade
existentes no país;
da fonte; 4- reduzir custos sociais e econômicos
• inserir, no planejamento da expansão da necessários para transformar o sistema elétrico
capacidade instalada, critérios socioambientais brasileiro de forma a garantir elevada presença
que permitam a priorização de projetos de de geração renovável.
geração com menor impacto socioambiental
1 Utilizamos no texto variabilidade de maneira similar a intermitência, pois assumimos que em um sistema com grandes percentuais de FRNDs a
intermitência, característica individual, implicará em maior variabilidade quando inseridas no sistema (IEA,2014)
250 227
+50
200 177
+40
138
150 +38
Gigawatts
100
+29
100
70
+30
40
50 23 +17
5,1 6,7 9 16 +8 Capacidade
+1,4 +1,4 +2,5 +6,5
0 Adições anuais
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Gráfico 1 - Capacidade mundial e adições anuais de energia solar FV, 2005–2015. Fonte: REN21, 2016, p.62.
500 433
+63
370
400 +52
318
283 +36
300 +45
Gigawatts
238
+41
198
159 +39
200
121 +38
94 +27
74 +20
100 59 +15
+12
Capacidade
0 Adições anuais
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Gráfico 2 - Capacidade mundial e adições anuais de energia eólica, 2005–2015. Fonte: REN21, 2015, p.77.
700 657
153
600 150
500 125
105
400
Gigawatts
100
86
300 75
255
206
200 50 Heliotérmica e maremotriz
32 32 31 31 Geotérmica
100 25 Bioenergia
Solar fotovoltaica
0 0 Eólica
Total EU-28 BRICS China EUA Alemanha Itália Espanha Japão Índia
Mundial
Grafico 3 - Capacidade instalada de renováveis por fonte em 2014. Fonte: REN 21, 2015, p.33
40%
30%
20%
10%
0%
Noruega Canadá Finlândia México Japão EUA França China Índia Brasil Australia Suécia Itália Reino Espanha Alemanha Dinamarca
Unido
Gráfico 4 - Participação da geração a partir de solar fotovoltaica e eólica em 2014 e 2020 em países selecionados. Fonte: IEA, 2016, p.9.
2 A esse respeito, é válido citar: o Energiewende, conjunto de medidas regulatórias e de incentivo determinadas pelo governo alemão com
vistas ao atingimento de uma meta de 80% do consumo bruto de energia elétrica a partir de renováveis em 2050; o plano governamental
Bluprint for a Secure Energy Future, que consolida as diretrizes para o setor de energia do Governo Obama, estabelecido em 2011; e o 13o
Plano Quinquenal da China, a prever metas de aumentar a capacidade instalada de solar fotovoltaica para 150-200 GW e a de eólica para
250 GW até 2020 (White House, 2011, BMWi, 2010, Carbontracker, 2016).
3 Sigla vem do inglês intended National Determined Contributions. 4 Segundo a IEA (2014), os desafios da integração das renováveis variáveis
no sistema começam a se tornar relevantes quando estas chegam a 5 a 10% da geração anual.
CURVA DE MÉRITO E CUSTO MARGINAL DE OPERAÇÃO. A decisão do ONS sobre qual usina acionar para o atendimento da
carga segue uma regra baseada na curva ou ordem de mérito. A ordem de mérito econômico configura um critério que o ONS
deve seguir para decidir a ordem de autorização de despacho das usinas hidrelétricas e térmicas, tendo como diretriz macro
a necessidade de garantia da modicidade tarifaria. Este critério baseia-se no Custo de Operação Marginal (CMO), sendo este
conceituado como “custo por unidade de energia produzida para atender a um acréscimo de carga no sisteŵma” (Resolução
da ANEEL 109/2004, anexo). O CMO é calculado a partir do processamento dos programas computacionais (NEWAVE, DE-
COMP), os quais consideram dados referentes aos custos e disponibilidade do combustível (Loureiro, 2009).
GERAÇÃO ELÉTRICA NA BASE E NA PONTA. NÍVEIS INTERMEDIÁRIOS DE CAPACIDADE. Capacidade das usinas de
Costuma-se denominar como geração “na se adaptar aos diferentes patamares de carga de maneira modular, ou
base” aquela que se destina a suprir o mon- seja, operar em diferentes níveis de potência. Desta forma, as usinas
tante de carga que é permanente ao longo com esta característica podem auxiliar o sistema de maneira dinâmi-
do dia. Já a geração “na ponta” refere-se ao ca, respondendo às diferentes variações de oferta de energia elétrica
despacho que tem por objetivo atender os ou de carga. Um exemplo seria uma usina de potência instalada de
picos de carga, os quais, na média do Brasil, 100MW que consegue operar em faixas de potência intermediárias,
ocorrem no início da manhã e final da tarde. por exemplo 40, 80 e 100MW.
5 Este efeito tem sido observado em países com predominância de geração de energia a partir de termelétricas inflexíveis e com a demanda
de energia elétrica estável – mercados maduros. 6 Este efeito tende a ser inexistente ou pouco significativo no âmbito nacional, devido a
demanda crescente e a capacidade de adaptação do sistema elétrico brasileiro (IEA, 2014).
8
0.60
7.0 6.8
7
Área Inundada/Potência Instalada (km2/MW)
0.51 6.5
6.3
0.50 5.9
6 5.7 5.7 5.4
5.2 5.2
4.9 4.8
0.40 5 4.7 4.5 4.4 4.3 4.2 4.0
3.9 3.7
4
0.30
3
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
0.20
Baguari
S. João
Foz do
Chapecó
Santo
Antônio
Mascarenhas
Capim Branco I
Jirau
Picada
14 de Julho
Belo Monte
Castro Alves
Simplicio
Dardanelos
Monte Claro
S. José
Salto Pilão
Monjolinho
4.500
Variações próximas a 1.000 MW em poucos dias
4.000
3.500
3.000
Variação de 1.500 MW
1.000 em tempo real
500
Fonte: ONS (HOGC)
0
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Gráfico 6 – Variação da disponibilidade do vento no período entre 1o e 17 de junho de 2016. Fonte: PSR, 2016.
1000
800
1000 MW
600
1200 Diferença de 900 MW entre
programado e verificado
400
1000
200
800
900 MW
600
600 MW
200
0
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
Gráfico 7 – Diferença entre a geração eólica estimada (programada pelo ONS) e a verificada,
ocorrida na Região Sul do país, nos dias 06 e 07 de abril de 2016. Fonte: PSR, 2016.
17,000
16,000
15,000
14,000
MWh/h
13,000
12,000
11,000
10,000
Despacho Termelétrico SIN
9,000 Média móvel semanal
8,000
Jun 15 Jul 15 Ago 15 Set 15 Out 15 Nov 15 Dez 15
Gráfico 8 – Comportamento do despacho térmico entre junho e dezembro de 2015 (MWh/h). Fonte: PSR, 2016.
7 Cabe ressaltar que o aumento do despacho térmico também foi uma decorrência da baixa pluviosidade nas regiões Sudeste
e Nordeste nos últimos anos, com maior agravamento dessa situação no Nordeste.
Coeficiente
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
-0.25
-0.50
-0.75
-1.00
Mapa 1 – Correlações entre a geração eólica dentro e entre regiões. Fonte: PSR, 2016.
PREÇOS DE LIQUIDAÇÃO DAS MERCADO DE CURTO PRAZO (MCP). Éo ambiente, gerido pela Câmara de Comerciali-
DIFERENÇAS (PLD). É utilizado zação de Energia Elétrica (CCEE), onde são contabilizadas as diferenças entre os mon-
para valorar a compra e venda tantes de energia elétrica que foram gerados além da garantia física ou abaixo da ga-
de energia no mercdeterminado rantia física dos geradores participantes do setor elétrico brasileiro. É que, neste, todos
semanalmente para cada pata- os contratos de fornecimento de energia, seja no âmbito de contratação regulada, seja
mar de carga e por submercado, no âmbito de contratação livre, são firmados tendo como base a garantia física de cada
limitado por um preço mínimo usina, ou seja, o mínimo que tecnicamente esta pode gerar de forma segura. Como o
e máximo determinado pela despacho é determinado de forma centralizada pelo ONS, é comum ocorrer situações
ANEEL. Para saber mais deta- em que as usinas precisam gerar a mais ou a menos do que foram contratadas (ou
lhes, acesse: http://www.ufjf.br/ seja, em montantes maiores ou menores do que sua garantia física). No MCP, a CCEE,
andre_marcato/files/2010/06/ que tem acesso à informação de todos os contratos firmados no setor elétrico, faz a
Visao_Geral_das_Operacoes_ contabilização, de modo que as geradoras que foram despachadas a mais, possam ser
CCEE_2010.pdf. compensadas, e as que foram despachadas a menos devam pagar o déficit de geração.
ENERGIA DE RESERVA. É a energia contrata- CONTRATOS POR DISPONIBILIDADE. Os empreendedores dos proje-
da por meio dos leilões de energia de reserva, tos de geração vencedores dos leilões de energia, realizados no am-
que têm como objetivo contratar a usinas que biente de contratação regulada, precisam firmar contratos de forne-
podem elevar a segurança no suprimento de cimento da energia com as distribuidoras. Tais contratos podem ser
energia ao SIN. Por meio destes leilões, podem de dois tipos – por quantidade e por disponibilidade. A maior diferença
ser contratados empreendimentos à biomas- entre eles é que, nos contratos por disponibilidade, o risco hidrológico
sa, solar, eólica ou PCHs, cujo fornecimento é arcado pelas distribuidoras e não pelos geradores. E isso é feito divi-
de energia é formalizado por contratos firma- dindo a remuneração do gerador em dois componentes. O primeiro é
dos entre os empreendedores de geração e uma receita fixa anual, destinada a cobrir os custos fixos da usina, as
a CCEE, a qual entra representando todos os despesas de depreciação e os custos do capital investido, bem como
consumidores (distribuidoras, consumidores todos os gastos relativos à inflexibilidade da usina (ou seja, os custos
livres e especiais). O custo da geração de re- associados à necessidade de a usina manter uma geração elétrica
serva é rateado entre todos os consumidores mínima, seja por restrições técnicas ou contratuais). Essa receita é
na proporção de seu consumo, e transforma- estabelecida no próprio leilão de energia. O segundo componente da
dos num encargo (encargo de energia de re- remuneração é variável e cobre os custos variáveis de operação e ma-
serva – EER), que, no caso das distribuidoras, nutenção (como, por exemplo, aquisição do combustível), devendo ser
entra no cálculo da tarifa ao consumidor final. arcado pela distribuidora. Por exemplo, como o despacho das térmicas
O recolhimento do EER destina-se a uma con- pode variar muito em função da necessidade de complementação da
ta, gerenciada pela CCEE, e da qual são retira- geração hidrelétrica (e crescentemente da eólica), todo o custo que
dos os valores a serem pagos aos geradores. advém dessa geração variável deve ser pago pela distribuidora.
1.2.3 Distribuição locacional desigual bidirecional. Isso significa que a energia exce-
Em geral, os potenciais eólicos e de irradia- dente também pode voltar à rede de distribui-
ção não se encontram homogeneamente dis- ção. Existem ainda aspectos econômicos como
tribuídos no território, havendo “hotspots” de a mudança de relação entre consumidores e for-
geração, os quais, nem sempre, coincidem com necedores de energia, já que os primeiros tam-
os centros de carga. Este é o caso do Brasil, par- bém podem produzi-la.
ticularmente, no que toca à fonte eólica, con- No Brasil, o potencial de exploração da energia
centrada no Nordeste e em parte da Região Sul, solar fotovoltaica na modalidade mini e microge-
conforme dados do Atlas do Potencial Eólico ração distribuída é significativo. Dados apresen-
Brasileiro (Amarante et al., 2001). tados por Ricardo Gorini, em sua exposição na
Conforme tratado no item 1.2.1, esta carac- Reunião Técnica promovida pelo IEMA indicam
terística pode ser atenuada pela constituição de uma potência instalada projetada para 2050 que
bons portfólios também pelo aproveitamento pode chegar a 118 GWp, considerando um cenário
modular dos recursos e pela otimização de li- de “novas políticas” (ver Gráfico 9).
nhas de transmissão. FLUXO BIDIRECIONAL DE ENERGIA. Com a inserção da
geração distribuída no Brasil, inclusive nas modalidades
1.2.4 Modularidade mini e microgeração, as empresas distribuidoras preci-
As plantas de geração solar e eólica têm uma sam adequar as suas redes de distribuição, de modo a
permitir que a energia elétrica possa ser transportada
característica modular, podendo ser instaladas da central distribuidora até o consumidor final e vice-
em unidades extremamente pequenas, de bai- -versa. Isso pressupõe a instalação de medidores aptos
xíssimas capacidades instaladas, o que as torna a captar o fluxo de energia nas duas direções, bem como
a reestruturação dos procedimentos de segurança das
atrativas para a geração distribuída. Acontece distribuidoras e adequação dos controles da tensão. De-
que a expansão dessa modalidade de geração manda também o desenvolvimento de mecanismos de
pode provocar impactos nos sistemas de distri- comunicação da informação sobre a geração/consumo
destinados a tornar essa relação mais eficiente, o que faz
buição. Há questões técnicas como, por exem- parte das denominadas redes inteligentes (CGEE, 2012)
plo, o o fato de o fluxo de energia passa a ser
100
80 78 GWp
60
40
Referência
20
Novas Políticas
0
2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032 2034 2036 2038 2040 2042 2044 2046 2048 2050
Gráfico 9 – Potência instalada fotovoltaica distribuída acumulada (GWp). Fonte: EPE, 2016c.
SERVIÇOS ANCILARES. São outros serviços prestados pelas geradores de energia para além da geração elétrica em si, que
têm, em linhas gerais, a finalidade de garantir a segurança do sistema elétrico. Incluem, por exemplo: o autorrestabelecimen-
to integral (capacidade de uma central geradora de sair de uma condição de parada total para uma condição de operação,
independentemente de fonte externa para alimentar seus serviços auxiliares, contribuindo para o processo de recomposição
do sistema elétrico), o controle secundário de frequência (controle realizado por unidades geradoras e destinado a restabe-
lecer ao valor programado a frequência de um sistema e/ou o montante de intercâmbio de potência ativa entre subsistemas),
o Sistema Es pecial de Proteção (abrange os Esquemas de Controle de Emergência –ECE e Esquemas de Controle de Segu-
rança – ECS, que a partir da detecção de condição de risco para o sistema elétrico, realiza ações automáticas para preservar
a intesistema de transmissãoade do SIN ou dos seus equipamentos), e o sincronismo (Resolução ANEEL 697/2015).
Armazenamento
Infraestrutura de Rede
1
Produção de Eletricidade Relativa
Ciclo Combinado
Hidráulica com Flexível Carvão
Reservatório Mineral
Carvão
Gás Natural Ciclo Combinado Mineral
Ciclo Aberto Padrão
Partida
0 30min 60min 90min 120min
Gráfico 10 – Comparação da carga em rampa de diferentes tecnologias de geração térmica. Fonte: baseado em IEA, 2014b, p.131.
São, assim, consideradas inflexíveis as usinas geração com carvão, biomassa, biogás, solar con-
nucleares, as térmicas a carvão8, algumas turbi- centrada. Para que tenham flexibilidade adequada,
nas que usam óleo ou gás natural como combus- estas plantas precisam ser desenhadas e tecno-
tível para caldeira, bem como aquelas que, por logicamente adaptadas para estarem aptas para
contratos de suprimento de combustível (take- ajustar o nível de geração às flutuações da carga e
-or-pay), precisam manter uma operação míni- para ter rapidez de acionamento (IEA, 2014b).
ma. Também são inflexíveis as usinas a base de São altamente flexíveis as hidrelétricas com
energia geotérmica (Cavados, 2015). reservatórios, as térmicas a combustão a gás
São flexíveis alguns tipos de térmicas de ciclo natural (GN), as turbinas a GN aeroderivativas e
combinado (gás natural) e algumas tecnologias de térmicas rodando com ciclo Brayton (IEA, 2014b).
8 Conforme esclarece a PSR, a Alemanha tem conseguido dar flexibilidade ao seu parque termoelétrico a carvão e nuclear, por meio da venda
do excesso de oferta no balancing market compensando venda menor de energia no day-ahead wholesale Market (PSR, 2016).
Papel da termoeletricidade. A maior parte das con- cionadas na Reunião Técnica foram a biomassa e
tribuições dadas na Reunião Técnica também girou o gás natural. No que diz respeito à primeira, pon-
em torno do papel que a termoeletricidade tende a tuou-se a necessidade de aprofundamento da aná-
ocupar como principal fonte flexível. A esse respei- lise quanto ao seu papel para proporcionar flexibi-
to, levantou-se dois caminhos possíveis (e que não lidade na geração termoelétrica. Relativamente ao
se colocam como excludentes): segundo, destacou-se a importância de melhorar a
• Inserção de térmicas na base, de forma a libe- integração da regulação do setor de petróleo & gás
rar as hidroelétricas para modulação do siste- com a do setor elétrico.
ma, ou seja, estas passariam a ser usadas para
o despacho nos momentos de indisponibilidade Mudanças regulatórias. Também foram colocadas
das FRND, dada sua alta flexibilidade. Também algumas medidas regulatórias que já podem ser
diminuem necessidade de regularização do sis- tomadas:
tema, o que pode compensar a perda relativa da • Regulação específica para usinas híbridas (so-
capacidade das novas hidrelétricas, que operam lar/eólica, eólica/biomassa, etc.), de modo a
a fio d´água (sem operação de níveis). tornar o processo de autorização mais eficien-
• Investimento em térmicas flexíveis, cuja capacida- te. Tais usinas permitem tirar o máximo proveito
de de partida rápida lhes permitiria serem aciona- da diversidade na disponibilidade dos recursos
das nos momentos de indisponibilidade das FRND. energéticos, diminuindo os picos de variação
dessa disponibilidade.
Opções energéticas. As opções energéticas men- • Incentivos à geração elétrica destinada à ponta.
Pumped
Hydropower
Hydrogen & Fuel Cells Storage
Hours
Compressed Air
Flow Batteries Energy Storage
Sodium-Sulphur Battery
of Storage
Hydrogen-
related
Lead-Acid Battery
Mechanical
Nickel Cadmium Battery
Electrochemical
Nickel Metal Hydride Battery
Electrical
Seconds
Thermal
Flywheels
Super Conducting
High-Power Supercapacitors Magnetic Energy Storage
25000
20000
15000
10000
Crescimento Energia
Armazenável Máxima 2014-2024:
5000 2.634 MWmed (0.91%)
0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
Gráfico 11 – Crescimento do mercado de energia do SIN e energia armazenável máxima. Fonte: Tolmasquim, 2016.
Adaptações nos leilões. Apareceram muitas suges- Um ponto muito discutido foi a necessidade de ma-
tões de modificações no leilão em um contexto de pear e avaliar, por meio de estudos e ferramentas, as
aprimoramento de regulação/políticas públicas. Foi necessidades dos setores de distribuição e trans-
discutida, inclusive, a possibilidade de leilões de in- missão visto o novo cenário do setor elétrico – en-
fraestruturas internacionais, que envolvam transfe- trada da geração distribuída, redes inteligentes e
rência de mercados entre países, assim como leilões possibilidade de armazenamento. Os participantes
casados de geração e transmissão. enxergaram como crucial o desenvolvimento des-
tes estudos para embasar futuras e indispensáveis
Atributos locacionais. Sugeriu-se a inserção de atri- mudanças/criações de regulação e/ou políticas
butos locacionais que permitam tirar melhor provei- públicas. Nesta perspectiva, considerou-se muito
to da diversidade regional das fontes energéticas, importante compreender os impactos na rede de
diminuindo o efeito da concentração de empreendi- distribuição com a inserção de geração distribuída,
mentos de geração em poucos lugares do país e con- bem como criar ferramentas para simular o impacto
tribuindo para a redução da variância da produção de novas tecnologias no sistema de transmissão.
agregada pelo “efeito portfólio”.
Reestruturação do ambiente de negócio das distri-
Prospecção e desenvolvimento de novas tecno- buidoras e adaptação dos processos internos. Ainda
logias. Abordou-se a capacidade de inserção de na perspectiva de transição do setor elétrico com a
tecnologias auxiliares como sensores, sistemas de expansão acelerada da geração distribuída, levan-
transmissão de dados em tempo real, medidores in- tou-se diversas mudanças necessárias para adaptar
teligentes, dentre outros, que permitam a operação o setor de distribuição. O maior consenso se deu na
das redes de transmissão e distribuição de maneira necessidade de aperfeiçoamento das capacidades
mais inteligente, econômica e que, também, facilite e corporativas das distribuidoras, por meio de novos
forneça insumos para o planejamento da expansão. processos que incorporam eficiência energética, re-
Neste contexto, discutiu-se as possibilidades de des inteligentes e geração distribuída. Outro ponto
transferência de tecnologia ou capacidade de de- discutido ressalta a necessidade de reestruturação
senvolvimento nacional. do ambiente de negócios das concessionárias dis-
tribuidoras e mudanças na regulamentação para
Mapeamento das necessidades e impactos das no- eliminar a resistência das distribuidoras às alterna-
vas tecnologias na infraestrutura de rede. tivas que diminuam seus mercados.
• Serviços de interrupção
do fornecimento
Gerenciamento Programas de • Controle direto
da demanda controle de carga da carga
Baseado em
• Pagamento por resposta
incentivos
de emergência
Integração por
meio da demanda • Mercados de capacidade
(DSI) Programas no • Leilões de demanda
mercado livre
• Mercados para
serviços ancilares
Resposta
da demanda
• Preços diferenciados
sinal de preço
No Brasil, a regulação tarifária estabelecida é mais barata. Nos feriados nacionais e nos fi-
pela ANEEL já traz mecanismos de sinalização nais de semana, o valor é sempre fora de ponta
econômica ao consumidor. Para os usuários in- (ANEEL, 2016b). O consumidor deve requerer
dustriais, trabalha-se com diferentes bandas solicitação formal à distribuidora para aderir à
tarifárias (azul, verde, convencional binômia), tarifa branca.
as quais, de forma geral, buscam desestimular Por tratar-se de medida editada recente-
o consumo de energia elétrica nos horários de mente, em 2012, a adesão à tarifa branca ainda
pico. Para os demais usuários (baixa tensão), não se configurou efetiva. Em parte, isso se deve
recentemente, foi instituída a tarifa branca, ao atraso na normalização os medidores, neces-
cujo valor varia em três horários: ponta, inter- sários para a checagem do consumo conforme
mediário e fora de ponta. Na ponta e no inter- as bandas tarifárias. Há também desconheci-
mediário, a energia é mais cara. Fora de ponta, mento pela maior parte dos consumidores.
Tarifa horária e mecanismos de estímulo do consumo tivas do lado da oferta. Um ponto levantado ao longo
fora da ponta. Esse foi um dos assuntos mais comenta- da discussão foi quanto a demanda reprimida que
dos na discussão, surgindo a necessidade de se ter uma existe no Brasil devido ao custo da eletricidade. Se o
regulação que defina uma tarifa que varia de forma ho- preço da energia elétrica fosse reduzido, a demanda
rária, além da revisão dos mecanismos que incentivam o com certeza aumentaria, e isso deve ser considerado
consumo fora dos horários de ponta, fazendo com que se como cenário no planejamento.
tenha uma menor variação do consumo ao longo do dia.
Eficiência energética. A eficiência energética foi
Redes inteligentes. Ao longo da discussão foi levanta- considerada um dos assuntos chave na discussão
da a importância da tecnologia para que seja possível desse painel, colocando que esse assunto deve ter
realizar a gestão da demanda, como medidores micro- maior prioridade no planejamento do setor. Algumas
processadores. Outro ponto foi a utilização dos dados considerações feitas foram:
dos inversores de sistemas de autoprodução para que • Necessidade de avaliar a implantação de leilões
se tenha uma estimativa de demanda que considera o de eficiência energética;
autoconsumo, já que com a entrada da geração distri- • Elaboração de plano de eficiência energética
buída, a fronteira entre consumidor e gerador fica tur- com medidas de comando e controle e medidas
va e se torna necessário redefinir a distribuição. Nesse de incentivo econômico, com prazos, responsa-
ponto, também surgiu a questão da necessidade e im- bilidades, investimentos, entre outros;
portância de aproveitar a oportunidade para desenvol- • Necessidade de políticas e programas de efi-
vimento tecnológico nacional, fortalecendo as capaci- ciência energética específicos para população
dades científicas, tecnológicas e produtivas. com baixo poder aquisitivo, respeitando suas
especificidades;
Estudo de planejamento integrado de recursos. • Fomento a mercados de serviço de eficiência
Como ferramenta e estudo para uma melhor gestão energética;
de demanda foi levantado o planejamento integrado • Redução de perdas tanto na indústria como no
de recursos, o qual considera a demanda e a oferta segmento residencial e perdas não técnicas.
no planejamento. Muitas vezes a demanda tem pa- Foi levantada também a necessidade de estudo
pel secundário no planejamento, não considerando a para levantamento da flexibilidade de consumo
incerteza da demanda e possibilidades de diferentes e “carga em rampa” de grandes consumidores,
cenários. Com o planejamento integrado, alternati- aumenta a flexibilização desses consumidores e
vas do lado da demanda são contrapostas a alterna- aumentando a eficiência.
2.6 Planejamento e operação do sistema porque pode gerar situações de grande flutuação dos
Como visto nos itens anteriores, todas as opções custos de geração, seja porque desloca fontes pla-
de flexibilidade demandam planejamento e investi- nejadas para operar em níveis intermediários ou na
mento. Isso representa um duplo desafio para o pla- base, criando distorções na alocação de custos, seja
nejador e o operador – estruturar o sistema de modo porque demanda investimentos adicionais em trans-
a organizar o investimento e, concomitantemente, missão e adaptação dos sistemas de distribuição.
gerenciar as diferentes opções de modo a garantir o Por outro lado, nos sistemas elétricos mais flexíveis,
menor custo operacional possível. É o que foi ilustra- e, portanto, mais amigáveis à expansão das FRND, sen-
do na Figura 4. do este o caso do Brasil, pode-se obter maior eficiência
Em sistemas pouco flexíveis, a crescente inserção econômica do sistema, já que se tenta tirar o melhor
das FRND pode significar aumento de custos, seja proveito da localização e do período de maior abun-
Variabilidade
e incerteza Mecanismos Sistema de Geração
regulatórios transmissão despachável
Pequena escala e distribuída e de mercado
Uso de conversores Gerenciamento
para conexão ao sistema de demanda Armazenamento
de transmissão
As discussões que se deram em torno do planejamento e Aprimoramento dos instrumentos de previsão clima-
da operação do sistema elétrico foram as mais ricas, par- tológica. Discutiu-se a necessidade de tecnologia que
ticularmente porque colocaram questões que extrapo- permita melhor previsão solar e de ventos e a decorren-
laram a temática específica da integração e abordaram te integração entre os diferentes sítios de geração e o
pontos estruturais da política energética brasileira. As Operador Nacional do Sistema.
principais questões estruturais colocadas foram:
Ferramentas e modelos de planejamento e opera-
Papel do CNPE. Foi dado destaque à necessidade de o ção do sistema. Necessidade de avanço no desen-
CNPE ser mais atuante e incorporar a discussão sobre o volvimento e na adequação dos modelos compu-
planejamento e operação do sistema e os caminhos para tacionais usados para o planejamento e decorrente
a integração das FRND. Falou-se na importância de se operação do sistema bem como a formação de pre-
ampliar os espaços de participação nessas discussões. ços. Tais modelos precisam representar de maneira
adequada as características das FRND. Dentre as
Atributos locacionais que sinalizam critérios técnicos, adequações necessárias deve-se aproximar os pe-
econômicos e ambientais. A discussão sobre inserção ríodos de tempo às características destas fontes au-
de critérios locacionais no processo de contratação foi mentando o nível de detalhamento da informação
ampliada, colocando-se a necessidade de incorporar, para representar o comportamento destas fontes.
no planejamento da expansão da capacidade instalada,
restrições socioambientais, técnicas e econômicas das Transição da configuração do setor elétrico. Discu-
diferentes opções energéticas. Para tanto, mostra-se tiu-se também que as mudanças que já se operam
necessário avançar com estudos e avaliações relativos no sistema elétrico, com destaque para a geração
aodesenvolvimentodeferramentasquepermitemiden- distribuída e a inserção de tecnologias de redes in-
tificar tais atributos, tendo sido mencionado: zoneamen- teligentes, podem representar, no médio e longo
to ecológico-econômico, avaliações ambientais estraté- prazo, uma completa redefinição da maneira como
gicas/integradas, inserção de cenários nos PDES, etc. os mercados de energia brasileiros serão estrutu-
rados. Neste sentido, reafirmou-se a necessidade
Mitigação e adaptação às mudanças climáticas globais. de análise quantitativas para reforçar e facilitar o
Foi colocada a necessidade de maior clareza sobre como processo de transição necessário. Soma-se a este
as INDCs deverão ser consideradas no planejamento do aspecto a maior aproximação entre o planejamento
setor elétrico. Também foi pontuada a necessidade de dos diferentes segmentos presentes no setor.
se começar a pensar medidas de adaptação no setor
elétrico, fortemente dependente da hidroeletricidade. Regulação. No âmbito da regulação, citou-se a neces-
sidade de revisar a regulação para permitir precificação
As principais questões diretamente relacionadas à das reservas operativas e também, como ponto impor-
integração das FRND no planejamento e na opera- tante. Falou-se também sobre a necessidade de redu-
ção do sistema elétrico focaram em: ção de subsídios para todas as diversas fontes.
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Contato
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