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PEDAGOGIA

Ensino Fundamental de Missões da


Nove anos Biblioteca Escolar
a A inclusão das crianças
de seis anos no Ensino Fun-
damental, que passa agora
a ter nove anos, tem duas
dimensões: oferecer maiores
oportunidades de aprendiza-
gem no período de escolari-
zação obrigatória e assegu-
rar que, ingressando mais
cedo no sistema de ensino,
as crianças prossigam os es-
tudos, alcançando um nível
maior de escolaridade. A
dança, a música, as ar-
tes.... em ambientes acon-
chegantes, seguros,
encorajadores, desafiado-
res, criativos, alegres e di-
vertidos nos quais as ativi-
dades elevem a auto-esti-
ma, valorizem e ampliem
a leitura de mundo, agu-
çando a curiosidade, a ca-
pacidade de pensar, de
decidir, de atuar, de criar,
de imaginar, de expres-
A literatura especializada
atribui duas missões princi-
pais à biblioteca escolar:

„ ser um organismo de apoio


ao processo ensino-aprendi-
zagem e
„ promover o gosto e o hábito
de leitura entre estudantes.

Entretanto, é preciso discutir a


validade do emprego de termos
teca como ór-
gão dissociado
do planeja-
mento educaci-
onal, pensando-
se apenas em
aulas expositivas,
baseadas na trans-
missão oral dos
conhecimentos.
A educação é um
ato dinâmico, críti-
como apoio, suporte e outros do gê- co, transformador
ampliação significa uma sar. Esses aspectos favore- nero para caracterizar a missão da e a biblioteca deve
possibilidade de qualificação cem a formação de leito- biblioteca escolar. Tal caracterização extrapolar o cará-
do ensino e da aprendiza- res, explorando todas as é insuficiente para mostrar o verda- ter conservador e ar-
gem da alfabetização e do potencialidades, diante do deiro potencial de uso da biblioteca mazenador da informa-
letramento, pois a criança desafio de uma formação na escola. Como apoio ou suporte, ção, passando a agir
terá mais tempo para apro- voltada à cidadania, auto- podemos ter a impressão de que a como um centro de
priação de conteúdos. nomia, liberdade respon- biblioteca escolar é uma dimensão es- aprendizagem dinâmica e
O ingresso da criança no sável de aprender e trans- tática da escola; é como se ela esti- participativa”.
Ensino Fundamental não formar a realidade de ma- vesse sempre aguardado, passiva, Outro aspecto que confe-
pode constituir uma medida neira positiva. imóvel o momento em que professo- re à biblioteca escolar gran-
meramente administrativa. O papel do professor é res e alunos necessitassem do seu de relevância é a visão de que
É preciso atenção ao proces- o de provocar, brincar, apoio. o contato das crianças com os
so de desenvolvimento e apoiar, acolher, estabele- Para além disso preconizamos uma livros deve ocorrer o quanto an-
aprendizagem, o que impli- cer limites, observar, esti- atuação dinâmica, viva, da bibliote- tes e “nunca é demasiado cedo
ca conhecimento e respeito mular a desafiar a curiosi- nar e organizar a leitura, será por seu
ca escolar, cuja ação pode ser desen- para se iniciar no uso das bibliotecas
às suas características dade e a criatividade do lado, instrumento vago e incerto”.
volvida de forma a se articular com a e desenvolver a capacidade para con-
etárias, sociais, psicológicas aluno, reconhecendo con- Democratizar o acesso ao conhe-
ação do professor, ambas de caráter tinuar servindo-se das fontes de infor-
e cognitivas. Há necessida- quistas individuais e cole- cimento na escola significa entre ou-
pedagógico. Se não for assim, a bi- mação durante o resto de seus dias”.
de de uma nova concepção tivas, promovendo autono- tros sentidos, lutar contra o ensino
blioteca se tornará como afirmou No Brasil, para a maioria das crian-
de estrutura, organização mia, responsabilidade e so- dogmático e a transmissão do saber
Abramo (1986), um “elefante bran- ças, o primeiro contato com os livros
dos conteúdos que conside- lidariedade. escolar à realidade da clientela aten-
co” na escola. acontece na biblioteca escolar. Por isso
re o perfil específico do aluno e as ori- sua singularidade, não podendo dei- Faz-se necessário uma reflexão, dida; significa enfim, fazer do aluno
Nessa direção são significativas as é muito importante que esse contato
entações pedagógicas devem ser co- xar de ser assegurado esse espaço sobre práticas pedagógicas com base um produtor e não apenas um consu-
palavras de Lourenço Filho (1944:3- seja marcado positivamente, pois as
erentes com a realidade, as possibili- privilegiado do lúdico como um dos no conhecimento e na atenção espe- midor do saber, o que abre a nosso
4): representações que as pessoas têm da
dades e necessidades da faixa etária. princípios da prática pedagógica. cial às características da faixa etária, ver, amplos espaços para a inserção
“Ensino e biblioteca são instrumen- biblioteca estão em geral, impregna-
A reflexão de alguns aspectos é Não podemos esquecer que, para mobilizando-nos para encontrar me- da biblioteca escolar no processo en-
tos complementares (....); ensino e das pelas suas experiências enquanto
indispensável para compreensão da favorecer a aprendizagem, precisa- lhores maneiras de atuar em um novo sino-aprendizagem assim concebido.
biblioteca não se excluem, usuários. Logo, se, na escola, a rela-
nova proposta pedagógica para a cri- mos dialogar com a criança em todas contexto. Nesse sentido escreve Araújo
complementam-se. Uma escola sem ção do aluno com a biblioteca for ca-
ança de seis anos. Lembramos que o as dimensões e possibilidades de ex- (1986:106);
biblioteca é um instrumento imperfei- racterizada por local de castigos, im-
brincar é da natureza de ser criança, pressão. A escola deve garantir tem- “Não se pode pensar em democra-
Maria Helena Rodrigues Faria to. A biblioteca sem ensino, ou seja,
é indispensável na fase da infância e pos e espaços para o movimento, a Coord. da Ed. Infantil do CMI - Brasília tização do ensino encarando a biblio- CONTINUA
sem a tentativa de estimular, coorde-

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PEDAGOGIA

posições, proibições, desconfortos, pa-


dronização de gosto ou buscas fracas-

A importância dos
sadas, ele poderá carregar consigo,
talvez para sempre, as marcas dessa
convivência negativa.
Lamentavelmente, observa-se que,
na grande maioria das escolas, o es-

Momentos Didáticos
paço não é apropriado para o funcio-
namento da biblioteca. O livro didáti-
co e algumas poucas obras de refe-
rência são as fontes de consultas mais
utilizadas, há dificuldades para acessar
a internet e complementar a pesquisa
desejada. Os títulos de literatura
infanto-juvenil, não têm atrativos su-

Por que jogar


xadrez?
ficientes para motivar a maioria dos
alunos para a leitura.
É possível a mudança desta reali-
Educar não se resume
dade na medida em que a comunida-
de escolar – bibliotecários, educado- no cumprimento de
res, educandos, administradores, pais
e funcionários se mobilizarem e atua- tarefas, mas em
rem em ações concretas acreditando
oportunizar

o
na força dinamizadora e transforma-
dora da leitura. momentos de
O Xadrez é o segundo esporte mais praticado no mundo, abaixo apenas crescimento pessoal e
do futebol. É um grande impulsionador da imaginação, e também contribui
de interação.

o
para o desenvolvimento da memória, da capacidade de concentração e da
velocidade de raciocínio. Foi constatado que o Xadrez desempenha um im-
portante papel socializante, por ensinar a lidar com a derrota e com a vitória,
mostrando que a derrota não é sinônimo de fracasso, nem vitória é sinônimo Os fundamentos didático-pedagó-
de sucesso. gicos da Educação Concepcionista ins-
O Xadrez é capaz de mostrar as conseqüências de atitudes displicentes, piram-se na pedagogia de Carmen
que não tenham sido previamente calculadas e, por conseguinte, estimula o Sallés, fundamentalmente na atenção
hábito de refletir antes de agir, além de ensinar a arcar com as responsabili- individualizada e personalizada aos
dades dos próprios atos. educandos, apontando os caminhos a A Aula Coletiva é o espaço participação e a capacidade de ex-
O Xadrez é também uma arte de grande beleza e apresenta imensa ri- seguir com o aluno, na intenção de dedicado às aprendizagens pressão dos alunos. Também desen-
queza de possibilidades. É um passatempo agradável e instrutivo que entre- contribuir para sua formação plena e direcionadas ao grupo. Tem a volve o espírito comunitário.
teve grandes personalidades de nossa história como Napoleão, Einstein, integral. finalidade de desenvolver aspectos do
Voltaire, Goethe, Montesquieu, Benjamin Franklin, Victor Hugo, Machado Assim, o processo educativo deve processo ensino-aprendizagem mais A Tomada de consciência é o
de Assis e Monteiro Lobato – para citar alguns. E hoje é um esporte que contemplar momentos didáticos em caracteristicamente comunitários: in- momento que favorece o desen-
pode ser jogado não presencialmente, através de redes de computadores que o aluno possa atuar e construir trodução de conteúdos, correção ou volvimento da capacidade de
como a Internet, estando o adversário em qualquer lugar do planeta, e por sua ação, no intuito de se tornar uma fixação de noções, entre outros. percepção, reflexão e avaliação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS isso é o que mais cresce em adeptos, sendo já considerado o esporte do pessoa livre, autônoma, com iniciati- do aluno, sobre seu próprio processo
novo milênio. va, consciência crítica e responsabili- A Partilha tem a finalidade de crescimento. Pode ser feita coleti-
ABRAMO, C. Cuidado com o ele- No caso das crianças e jovens, o Xadrez estimula o desenvolvimento inte- dade. de socializar as descobertas va ou individualmente.
fante branco. Boletim ABDF Nova lectual; no caso dos adultos e idosos, o Xadrez contribui preservando por
Série, Brasília, v.9, nº 2, pp.119-120,
e construções feitas pelos alu-
mais tempo a agilidade mental. O Trabalho Pessoal é o mo- nos durante a aula. Deve ser um mo- “O que esperamos da criança é que
abr/jun. 1986.
ARAUJO, A . SISBEC - Uma pro- Se quiserem também uma explicação científica que mostre os benefícios mento de atividades diversifi- mento de atitudes de acolhida, aber- ela trabalhe por si mesma e para que
posta pedagógica. Boletim ABDF práticos que podem ser alcançados pela prática desse esporte, poderemos cadas nas várias disciplinas, tura e respeito. Os acontecimentos do caminhe em direção ao outro, num
Nova Série, Brasília, v. 9 pp. 106-110, apresentar opiniões e pesquisas de pedagogos, psicólogos, intelectuais e previamente elaboradas pelo profes- dia a dia, extra escolares, novidades, contínuo crescimento. Pouco a pouco
abr./ jun.1986. instrutores de xadrez que nos levam a concluir que o Xadrez contribui para o tomará consciência de seu trabalho,
LOURENÇO FILHO, M. A . O ensino e sor, em que o aluno tem a oportuni- entre outros, também podem ser abor-
desenvolvimento das faculdades mentais. dade de escolher e desenvolver com dados, trabalhados e enriquecidos nes- e isso vai criar uma continuidade
a biblioteca. Rio de Janeiro: Impren-
sa Nacional, 1944. Vamos todos praticar esta ginástica da mente? consciência suas tarefas diariamente, t a partilha. mental.”
dentro de um tempo pré-estabeleci-
Sheila Faccin
Maria Cristina Pereira Dias Michela das Graças Resende Ribeiro – Educação Física do. Este trabalho ajuda a desenvolver O Trabalho em grupo estimu- Coordenadora Pedagógica do Seg. I -
Bibliotecária do CIC/Machado Professora de xadrez CIC-Passos/MG a autonomia e a responsabilidade. la o interesse, a criatividade, a CMCS – D.F

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