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A MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO COMO MÉTODOS ALTERNATIVOS


DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

MEDIATION AND CONCILIATION AS ALTERNATIVE METHODS OF


CONFLICT RESOLUTION

RESUMO

O presente artigo visa abordar os métodos alternativos de resolução de conflitos que vem sendo utilizados no
judiciário brasileiro. Sendo exposto a realidade da situação do judiciário brasileiro, que a nos se encontra
abarrotado de processos em busca de um a solução. Serão abordadas as formas, autocompositivas e
heterocompositivas de formação da lide, entre elas a conciliação e mediação. O procedimento metodológico
utilizado foi a pesquisa biográfica

Palavras-chave: Conflitos. Litigio. Mediação. Conciliação. Solução.

ABSTRACT

This article aims to address the alternative methods of conflict resolution that has been used in the Brazilian
judiciary. Being exposed to the reality of the situation of the Brazilian judiciary, which is full of processes in search
of a solution. The forms, self-compositionand heterocompositive forms of formation of the course, will be
addressed, including conciliation and mediation. The methodological procedure used was biographical research

Keywords: Conflicts. Litigio. Mediation. Conciliation. Solution.

Victória Maria Mendes Sobrinho. Direito. B6/DN1. 41186


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1.INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil existem mais de 80 milhões de processos que tramitam no sistema


judiciário brasileiro aguardando alguma solução definitiva do litigio nas diversas instâncias da
justiça brasileira, isso é o que aponta o relatório Justiça em Números 2018.

Nesse mesmo relatório é apontado ainda que, se mais nenhum processo adentrasse no
judiciário, e que se os magistrados e servidores mantivesse a mesma produtividade levaria ainda
cerca de 2 anos e 7 meses de serviço para que o acervo processual fosse zerado, isso contando
com os 18.168 magistrados que atualmente estão em atuação.

Nesse sentido, podemos considerar como um dos fatores do Estado/Juiz estar abarrotado
de demandas judiciais é o fato de que culturalmente os brasileiros tem como visão que a forma
mais segura e eficaz de solucionar litígios é o meio judicial, por meio da d ecisão de um
magistrado, solução essa que segundo o princípio do processo legal (inciso LXXVIII do art. 5º)
deveria ocorrer em um prazo razoável.

Munidos de todas essas informações fica mais fácil entender a “crise” que o judiciário
brasileiro vem enfrentado a muitos anos, seja pela quantidade de processos, a morosidade do
judiciário, o número de magistrados que não tem sido suficiente, uma vez que se tem em média
5.918 processos por ano para cada magistrado, ou mesmo a insatisfação das partes quanto a
solução definida pelo magistrado.

Diante de tudo isso e com o adentro do Novo Código de Processo Cível, os meios
alternativos de solução de conflitos vem ganhando cada vez mais espaço no judiciário
brasileiro, tendo sido inserido no NCPC de 2015. Essa inserção se inicial na petição inicial,
onde deve ser indicado a vontade das partes pela audiência de conciliação e mediação, ou não,
segundo o artigo 319, inciso VII, do CPC.

Expostos esses fatos, o estudo se volta inicialmente as formas de composição da lide,


sendo elas a autocomposição, a heterocomposição e a autotutela; num segundo momento o
abordaremos os principais meios de solução de conflitos, sendo eles a arbitragem e mediação,
bem como suas características e a figura do mediador e conciliador.

Como procedimento metodológico foi utilizado à pesquisa bibliográfica, com a


finalidade de proporcionar precisas informações sobre o tema.

Victória Maria Mendes Sobrinho. Direito. B6/DN1. 41186


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O objetivo geral do presente artigo é analisar os meios alternativos de solução de litígios,


sua eficácia, e como esses meios tem diminuído a demanda processual do sistema judiciário
brasileiro.

1. AS FORMAS DE COMPOSIÇÃO DA LIDE

2.1. Autotutela

Quando falamos das formas de composição da lide, tendemos a imaginar que a única
forma de resolução de conflitos séria o judiciário, porém existem sim outros caminhos para que
seja realizada essa prestação. Diante das formas de composição de litigo, a que se tem
conhecimento como sendo a mais antiga é a autotutela, que foi utilizada nos primórdios da
civilização, mas que ainda pode ser encontrada nas sociedades mais rudimentares. Nessa forma
de resolução de conflitos há uma imposição da vontade de umas das partes, geralmente pela
força, onde a outra parte abre mão de forma integral dos seus interesses. Atualmente essa forma
de composição pode ser admitida em casos excepcionais, como no caso de legitima defesa
(artigo 188, I, CC), porém essa forma de resolução de conflitos pode sempre ser revisada pelo
Poder Judiciário.

2.2. Autocomposição

A autocomposição é mais uma forma de solução de litigio, nela não há interferência do


judiciário, e a solução ocorre de forma parcial, uma vez que há sacrifício para ambas as partes,
seja de forma parcial ou integral, mas que a solução ocorre por vontade de ambas as partes.

Nesse campo da autocomposição temos duas vertentes para se alcançar a solução do


conflito, sendo elas: autocomposição direta, que ocorre sem o auxílio de terceiros, ou seja, as
próprias partes se organizam para a resolução da lide, ou a autocomposição assistida, onde há
um auxílio de um terceiro imparcial para que haja a dissipação do conflito. Esse facilitador
colabora para a resolução da lide, porém ser impor sua opinião, sendo utilizada duas técnicas,
a mediação e conciliação, que serão expostas de maneira isolada em outro momento nesse
artigo.

Ainda sobre a autocomposição diretas podemos observar que ocorre de duas formas:

1. Transação: quando ocorre um sacrifício reciproco entre as partes, onde cada um abre
mão parcialmente de suas pretensões para a solução do conflito;
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2. Renúncia: ocorre com a renúncia de uma ou de ambas as partes do objeto do conflito;


3. Submissão: ocorre com a desistência de uma das partes em favor da outra com o
reconhecimento jurídico do pedido;

2.3. Heterocomposição

Na heterocomposição a resolução do conflito ocorre por meio de um terceiro imparcial,


que não tem relação com o conflito, porém que tem o poder de solucionar a lide através do seu
entendimento e vontade que substituirá a das partes.

A heterocomposição pode ocorrer de duas maneiras:

1. Heterocomposição judicial: quando ocorre a resolução do conflito por meio de uma


decisão judicial proferida por um juiz,
2. Arbitragem: é uma forma de solução de conflito de maneira extrajudicial, mas que poder
para gerar uma sentença, é acionada pela vontad e das partes, exercida por uma pessoa
capaz;

3. MEDIAÇÃO

Na mediação o objetivo principal é restabelecer o diálogo entre as partes, isso ocorre


com o auxílio de um terceiro imparcial, que não interfere diretamente no mérito do problema,
sendo assim, são as partes que decidem qual será a resolução do mérito. Para isso acontecer o
trabalho do mediador é restabelecer a comunicação das partes, que por vezes não existe, só após
isso é se discutido o mérito feito um acordo entre as partes.

Sobre a mediação podemos encontrar na Lei 1340/15, artigo 1°, parágrafo único a sua
definição:

Art.1º: [...]

Parágrafo único: Considera -se mediação a atividade técnica exercida por terceiro
imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e
estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.

Ainda sobre, ensina Vezzulla que:


“..mediação é a técnica privada de solução de conflitos que vem demonstrando, no
mundo, sua grande eficiência nos conflitos interpessoais, pois com ela, são as próprias
partes que acham as soluções. O mediador somente as ajuda a procurá -las,

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introduzindo, com suas técnicas, os critérios e os raciocínios que lhes permitirão um


entendimento melhor.” (VEZZULLA, 1998, p.15 e 16.).

José Cretella Neto, leciona em sua obra Curso de Arbitragem, que o mediador “propõe
as bases das negociações e intervém durante todo o processo, com o objetivo de conciliar as
partes a aproximar seus pontos de vista sem, contudo, impor solução”. (CRETELLA, 2004).

4. CONCILIAÇÃO

A conciliação é mais indicada quando o principal problema é realmente o conflito em


questão, de forma que o diálogo entre as partes existe. Nessa situação o conciliador atua de
forma a incentivar a resolução de forma consensual entre as partes, porém tem prerrogativas
para propor uma solução, mas jamais impor à vontade sobre as partes.
A respeito da conciliação a ilustre doutrinador Maria Helena Diniz conceitua que:
a) Encerramento da lide feito pelas partes, no processo, por meio da autocomposição
e hetero composição daquela; b) é o método de composição em que um especialista
em conflito faz sugestões para sua solução entre as partes; não é adversarial e pode
ser interrompida a qualquer tempo. (DINIZ, 2005, p.887) .

5. ARBITRAGEM

Existe ainda, no processo civil o instituto da arbitragem que era regulada pelo Código
de Processo Civil do ano de 1973, porém no ano de 1996 ela ganhou sua própria legislação com
a criação da Lei 9.307, que consiste na resolução de litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis (aqueles em que as partes podem dispor, usar, vender, ceder, doar, gozar, ou seja,
transacionar de forma livre, sem qualquer proibição).
O arbitro podem ser uma ou duas pessoas de confiança das partes que de maneira
imparcial deve dirigir a solução de conflito a fim de se encontrar uma solução que seja agradável
para ambas as partes.
A diferença para as outras formas de resolução de conflitos citadas a cima a decisão do
árbitro é munida de força de sentença, porém ele não tem poder para mandar executar a sua
sentença, como um juiz pode fazer.
Vale ressaltar ainda que a decisão tomada pelo árbitro não pode ser contestada e levada
ao judiciário a fim de ser reformulada, porém caso o judiciário constate que não f oi utilizado o
devido procedimento legal para a solução daquele conflito tem poder para fazer a sua anulação.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ante a tudo que foi exposto podemos ter erroneamente a ideia de que a conciliação ou
mediação poderiam ser usadas como forma de solução de grande parte dos conflitos
processuais, porém isso não pode acontecer, pois conforme ensina Pellegrini, na sua obra..., o
próprio CPC afirma que somente os litígios transacionáveis podem ser submetidos a justiça
conciliativa, afinal não são todos os conflitos que encontram a solução mais adequada por meio
dos meios alternativos de conflitos, isso porque existem conflitos que necessitam de
investigação, realização de pericias e pesquisas mais complexas, que os métodos alternativos
não tem a possibilidade de realizar.
Por fim, podemos perceber que existem sim formas extrajudiciais de resoluções de conflitos, e
que elas têm sido excelentes alternativas para solucionar conflitos, segundo o Relatório Justiça
em Números 2020 do CNJ, cerca de 90% dos acordos firmados por meio de Mediação e
Conciliação são cumpridos pelas partes.
Podemos concluir então que a conciliação e mediação vem efetivamente auxiliando no
desafogamento do judiciário brasileiro, afinal os conflitos são solucionados de forma mais
eficiente, com menos morosidade, e principalmente com soluções que agradem todas as partes
do conflito, além de economizar recursos públicos, ou seja, as formas alternativas de conflitos
são soluções que trazem benefícios para a população, judiciário e Estado.

Victória Maria Mendes Sobrinho. Direito. B6/DN1. 41186


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REFERÊNCIAS

CRETELLA NETTO, José. Curso de Arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2ª ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2005, p. 887.

JUSTIÇA EM NÚMEROS 2018: ano-base 2017/Conselho Nacio- nal de Justiça - Brasília:


CNJ, 2018. Disponível em: Justiça em Números 2018.indd (conjur.com.br). Acesso em: 22 de
set. 2021.

JUSTIÇA EM NÚMEROS 2020: ano-base 2019/Conselho Nacio- nal de Justiça - Brasília: CNJ,
2020. Disponível em: ARTE_V2_SUMARIO_EXECUTIVO_CNJ_JN2020.indd. Acesso em: 22 de set.
2021.

LEI 13.140 DE 26 DE JUNHO DE 2015. Planalto. Brasília, 26 de junho de 2015. Disponível


em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso
em 23 de set. 2021.

PELLEGRINI, Ada. Os métodos consensuais de solução de conflitos no Novo Código de


Processo Civil. Estado de Direito. Porto Alegre, 04 de novembro de 2015. Disponível em: <
http://estadodedireito.com.br/conflitosnonovo/>. Acesso em 19 de set. 2021.

VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e Prática da Mediação. Paraná: Instituto de Mediação e Arbitragem
do Brasil, 1998, p.15 e 16.

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