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DIREITO

ADMINISTRATIVO

Conceitos iniciais

Material feito predominantemente pela resoluções de questões de concursos (método de estudo reverso).

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CONCEITOS INICIAIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Celso Antônio Bandeira de Hely Lopes Maria Sylvia Zanella


Mello Meirelles Di Pietro
Direito administrativo é o ramo do Conjunto harmônico de princípios Ramo do direito público que tem por
direito público que disciplina a função jurídicos que regem os órgãos, os objeto os órgãos, agentes e pessoas
administrativa, bem como pessoas e agentes e as atividades públicas jurídicas administrativas que integram a
órgãos que a exercem. tendentes a realizar concreta, direta e Administração Pública, a atividade
imediatamente os fins desejados pelo jurídica não contenciosa que exercer e os
Estado. bens de que se utiliza para a consecução
de seus fins, de natureza pública

OUTROS CONCEITOS DE QUESTÕES:


 Um ramo do direito proximamente relacionado ao direito constitucional e possui interfaces com os direitos
processual, penal, tributário, do trabalho, civil e empresarial;
 Conjunto dos princípios que regulam a atividade jurídica não contenciosa do Estado e a constituição dos órgãos
e meios de sua ação em geral.
 Direito administrativo disciplina, predominantemente, relações verticais (Estado acima).
 Trata-se do ramo do direito que disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem.
 O direito administrativo é um ramo do direito público e sofre forte influência do direito constitucional.
 O direito administrativo e os ramos do direito privado podem apresentar soluções diversas para situações
aparentemente semelhantes.
 Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores do exercício da
função administrativa.
 Um dos aspectos primordiais do Direito Administrativo brasileiro é o de ser um conjunto de princípios e normas
limitador dos poderes do Estado.
 O Direito Administrativo possui estreita ligação com o Direito Constitucional, podendo- se dizer que aquele é o
lado dinâmico deste.

Direito Administrativo é ramo do Direito Público Interno.

Direito Administrativo não está codificado, pois sua base normativa decorre de legislação esparsa e
codificações parciais. Portanto, há pluralidade de leis em níveis federal, estadual e municipal. A doutrina
tem papel importante nesse sentido, tendo em vista que unifica a respectiva interpretação dessas normas.

Direito Administrativo é autônomo, tem objeto próprio e a existência de princípios específicos.

Direito Administrativo e Direito Constitucional


SEMELHANÇAS DIFERENÇAS
 Os lineamentos gerais do Estado, instituição dos órgãos  O cuidado do Direito Administrativo com a organização
essenciais, definição dos direitos e garantias individuais. interna dos órgãos da Administração, seu pessoal e o
 A anatomia do Estado, cuidando de suas formas, de sua funcionamento de seus serviços.
estrutura, de sua substância, no aspecto estático.
 O interesse pela estrutura estatal e pela instituição política
do governo.

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EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Critério legalista, exegético, Critério da Escola da Escola do


empírico, caótico, ou francês hierarquia orgâncica puissance publique serviço público
 Direito Administrativo é  Direito Administrativo  Existe atos de império  Direito Administrativo
aquele que resume-se ao rege os órgãos inferiores (AP pratica com resume-se às regras de
conjunto da legislação. do Estado. Direito prerrogativas) e atos de organização e gestão
 Crítica: dele levar em conta Constitucional estuda os gestão (praticados sem dos serviços públicos.
princípios, jurisprudência, órgãos superiores. prerrogativas).  Crítica: exclui poder de
costumes...  Crítica: A Presidência da  Direito administrativo polícia, fomento e
República (órgão superior) trata somente dos atos de atividades de
é órgão de estudo do império. intervenção.
Direito Administrativo.  Crítica: AP pratica atos
de gestão.

Critério do
Critério das Critério Critério negativo
Poder Executivo
relações jurídicas teleológico ou finalista ou residual
(italiano)
 Direito Administrativo tem  Direito Administrativo é o  Direito Administrativo  Direito Administrativo
como objeto somente as conjunto de normas que compreende normas que tem por objeto aquilo
funções exercidas pelo regem as relações entre a disciplinam a atividade que não for pertinente
Executivo. Administração e os concreta do Estado para às funções legislativa e
 Crítica: exclui atividade administrados. consecução de seus fins. jurisdicional.
atípica administrativa do  Crítica: Critério  Crítica: fins públicos é  Crítica: Excluiria a
LEG e JUD. insuficiente, pois outros muito abrangente, atividade atípica
ramos também discipliam poderia abranger a administrativa do JUD
essas relações. jurisdição, por exemplo. e LED.

Critério da distinção entre


atividade jurídica e social Critério da Administração Pública ou funcional
do Estado
 Direito Administrativo  Conjunto de princípios que regem a Administração Pública.
disciplina a atividade  ADOTADO PELA DOUTRINA MAJORITÁRIA.
jurídica não conteciosa e os
órgãos e meios de ação em  Conceito de Hely Lopes: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem
geral.  os órgãos,
 Crítica: atividade jurídica  os agentes e
não contenciosa abrangeria  as atividades públicas,
atividades do Legislativo.  tendentes a realizar concreta e imediatamente os
fins desejados pelo Estado.

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OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

É objeto do seu estudo a Administração Pública em sentido objetivo, ou seja, as funções


administrativas do Estado, a saber, serviço público, polícia administrativa, fomento, intervenção e
regulação.

Objeto imediato Objeto mediato


Princípios e normas que regulam a Atividades, agentes, pessoas e órgãos da
função administrativa. Administração Pública.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Fontes são os fatos jurídicos de onde as normas emanam. São regras ou comportamentos que
provocam o surgimento de uma norma posta.

FONTE FORMAL FONTES MATERIAL


(constituem propriamente o direito aplicável) (promovem ou dão origem ao direito aplicável)
 Constituição;  Doutrina;
 Lei;  Jurisprudência;
 Jurisprudência com efeito vinculante;  Costumes.
 Regulamento e outros atos normativos.

FONTE PRIMÁRIA, IMEDITATA, FONTE SECUNDÁRIA, MEDIATA


MAIOR OU DIRETA MENOR OU INDIRETA
Doutrina
Jurisprudência
Somente a lei.
Costumes
Princípios gerais do direito
 Tem força cogente (deve-se obedecer).  Não tem força cogente.
 Leia-se “lei” no sentido amplo e estrito (CF, leis  Esclarecem sentidos e alcance da lei.
ordinárias, leis complementares, medidas provisórias,
regulamentos, reoluções, decretos).
 Súmula vinculante é considerada fonte primária.

FONTES SECUNDÁRIAS
Doutrina Jurisprudência Costumes
 Lição de estudiosos do Direito,  Reiteração dos julgamentos dos  Representa a prática habitual de
formando o sistema teórico de órgãos do Judiciário, sempre num determinado grupo que o considera
princípios aplicáveis ao Direito mesmo sentido, e tem grande obrigatório.
Positivo. influência na construção do Direito.  Seu uso deve ser sempre secundum
 Não possui força normativa,  Não possui força normativa, legem, ou seja, de acordo com a lei.
servindo como forma de servindo como forma de  O costume não pode ser contrário a
condicionamento ou influência na condicionamento ou influência na lei (contra legem) e nem serve para
produção das normas. produção das normas. preencher lacunas legais, ou seja, ir
além da lei (praeter legem).

Classificação de Diogo de Fiqueiredo Moreira Neto


Fontes organizadas Fontes inorganizada
 Norma jurídica (CF, leis....)  Costume
 Doutrina  Praxe administrativa (para a doutrina majoritária não é
 Jurisprudência fonte)

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do interesse público


sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público pela administração, ou seja, erige-se sobre
o binômio “prerrogativas da administração — direitos dos administrados”.

O princípio da supremacia do interesse público é intrinsecamente ligado à indisponibilidade, isto é, à


incapacidade da Administração de livremente dispor de bens e do interesse público sob sua tutela.

Apesar de serem supraprincípios do Direito Administrativo, não estão previstas expressamente no


texto constitucional de 1988 e são percebidas como bases fundantes de inúmeros dispositivos
constitucionais, a exemplo dos que tratam do tema da desapropriação.

SUPRAPRINCÍPIOS “PEDRAS DE TOQUE”


Supremacia do interesse público Indisponibilidade do interesse público
 Preponderância do interesse público em detrimento do  Restrições impostas à atividade administrativa que
interesse privado. decorrem do fato de ser a administração pública mera
 A Administração tem posição privilegiada em face dos gestora de bens e de interesses públicos.
administrados, além de prerrogativas e obrigações que  Serve para limitar a atuação do agente público.
não são extensíveis aos particulares.  É um contrapeso ao princípio da supremacia. Nas
 Só existe a supremacia do interesse público primário palavras de Fernada Marinella: “em nome da supremacia
sobre o interesse privado. O interesse patrimonial do do interesse público, o Administrador pode muito, pode
Estado como pessoa jurídica, conhecido como interesse quase tudo, mas não pode abrir mão do interesse público.”
público secundário, não tem supremacia sobre o
interesse do particular.
 É um direito dos administrados.
 É uma prerrogativa da administração.
 Aspecto negativo, pois impõe restricões (sujeições) na
 Aspecto positivo. É uma superioridade jurídica frente ao
atuação estatal para evitar arbitrariedades não condizentes
particular em decorrência do interesse público.
com o interesse da coletividade.
 Está presente na elaboração da lei e no exercício da
 Diretamente presente em toda e qualquer atuação da
função administrativa, esta que sempre deve visar ao
Administração Pública.
interesse público.
EXEMPLOS QUE DECORREM DA “SIP”: EXEMPLOS QUE DECORREM DA “IIP”:
 Desapropriação;  realização de concurso para admissão de pessoal
 Extinção unilateral de contratos administrativos; permanente;
 Cláusulas exorbitantes nos contratos  realização prévia de licitação para celebração de
administrativos.; contratos administrativos;
 Exigibilidade, significando a previsão legal de  não é permitido à administração alienar qualquer
sanções ou providências indiretas que induzem o bem público enquanto este bem estiver sendo
administrado a acatá-los; utilizado para uma destinação pública específica;
 Revogação dos seus próprios atos, quando  não se admite, por exemplo, que a administração
inoportunos ou inconvenientes; pública renuncie ao recebimento das receitas
 Utilização ou uso de propriedade particular, no caso devidas ao Município, salvo se houver
de iminente perigo público; enquadramento em alguma hipótese de renúncia
 Presunção de legitimidade, de autoexecutoriedade e expressamente prevista em lei.
de imperatividade dos atos administrativos.
 Imunidade tributária; A “IIP” NÃO IMPEDE:
 Prazos dilatados em juízo e juízo privativo;  Não impede a administração pública de realizar
 Processo especial de execução; acordos e transações;
 Poder de expropriar, o de requisitar bens e serviços,  Não impede que AP exerça sua função
o de ocupar temporariamente o imóvel alheio, o de administrativa sob o regime de direito privado (atos
instituir servidão, o de aplicar sanções de gestão);
administrativas.  Não impede o reconhecimento espontâneo, pela
administração, de sua obrigação de indenizar por ato
danoso praticado por um de seus agentes.

INTERESSE PÚBLICO
Primário Secundário
 Interesses do Estado, como sujeito de direitos.
 Resultante da soma dos interesses individuais.
 Anseios e as necessidades do Estado como sujeito de
 Composto pelas necessidades da sociedade.
direito.
 Só existe supremacia do primário sobre o privado.
 Não existe supremacia do secundário sobre o privado.

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ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estado Governo Administração Pública


Povo situado em determinado território  Cúpula diretiva investida de poder  Atividade concreta do Estado
e sujeito a um governo soberano. político para a condução dos dirigida a satisfazer as necessidades
interesses nacionais. coletivas em forma direta e imediata
Elementos indissociáveis do Estado:  Núcleo diretivo do Estado, alterável (D’Alessio).
 Povo (subjetivo): conjunto de por eleições e responsável pela  Atividade pela qual as autoridades
indivíduos unidos para formação gerência dos interesses estatais e satisfazem necessidades de
da vontade geral do Estado. pelo exercício do poder político interesse público utilizando
 Território (espacial): base  É a Soberania posta em ação prerrogativas de poder (Rivero)
geográfica do Estado. (Eismein).  É a atividade funcional concreta do
 Governo: dirigentes do Estado.  Direção suprema dos negócios Estado que satisfaz as necessidades
públicos (Duez). coletivas em forma direta, contínua
 Soberania: permite afirmação na
 É toda atividade exercida pelos e permanente, e com sujeição ao
ordem internacional externa.
representantes do Poder (Aderson ordenamento jurídico vigente
de Menezes). (Duez).
 É o instrumento de que dispõe o
Estado para por em prática as
opções políticas do Governo.
 Atividade que executa objetivos do
Estado, conduzindo
administrativamente os negócios
públicos.
Refere-se a uma atividade Refere-se a uma atividade
-
essencialmente política. eminentemente técnica.

NÃO CONFUNDA
Povo População Nação
Conceito demográfico
Conjunto de indivíduos Ligação cultural entre os indivíduos,
que significa contingente de pessoas
unidos para formação da vontade geral não necessariamente dentro do mesmo
que, em determinado momento, estão
do Estado. Estado.
no território do Estado.

ESTADO
Sentido Sentido Sentido Sentido
sociológico político Constitucional Código Civil
Corporação territorial Comunidade de homens Pessoa jurídica territorial Pessoa jurídica de
soberana Direito Público Interno.
Corporação territorial dotada Comunidade de homens
de um poder de mando fixada sobre um território,
originário (Jellineck). com potestade superior de (Biscaretti di Ruffia).
ação, de mando e de coerção.
(Malberg)

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GOVERNO
Sentido funcional, Sentido formal, Sentido
material ou objetivo subjetivo ou orgânico operacional
 Atividade diretiva do Estado.  Dirigentes do Estado responsáveis por  Condução política do
 Complexo de funções. realizar os interesses estatais mediante o Estado.
uso do poder político.
 Conjunto de poderes.

INSTITUTOS CORRELATOS AO GOVERNO PARA NÃO CONFUNDIR:

República é FOGO
FORMA DE Foi escolhida por
GOVERNO plebiscito
Forma de governo = República ou monarquia
SIGO o presidente.
SISTEMA Foi escolhida por
DE GOVERNO Sistema de governo = Presidencialismo ou plebiscito
parlamentarismo
FÉ na federação.
FORMA DE
É cláusula pétrea
ESTADO
Forma de Estado = Federalismo ou Unitário
REGO a democracia.
REGIME DE
GOVERNO
-
Regime de governo = democracia ou autocracia

BRASIL: república; presidencialismo; federalismo; democracia.

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Vamos entender agora um dos assuntos de maior índice de erros nessa primeira parte inicial de direito
administrativo. Parece fácil, mas as bancas dão um jeito de complicar. Atente-se aos sinônimos (FUMOB
E FOSOR). É um mnemônico um pouco forçado, mas você pode criar outro, desde que decore tais
sinônimos.

O sentido objetivo adota como referência a atividade (o que é realizado).


O sentido subjetivo adota como referência o sujeito (quem realiza).
O sentido amplo faz referência à política e administração.
O sentido estrito faz referência apenas à administração.

Dividi em duas tabelas. São basicamente a mesma coisa, mas aprenda e entenda a I e depois passe
pra II. Sugiro que na hora da prova você escreva os sinônimos, pra não confundir.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I
SENTIDOS

Amplo Estrito
Objetivo Subjetivo Objetivo Subjetivo
Função de governo Órgãos políticos
+ + Função administrativa Órgãos administrativos
Função administrativa Órgãos administrativos

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II
Sentido Sentido
funcional, material ou objetivo Formal, subjetivo ou orgânico
FU M OB FO S OR

 Própria função administrativa que consiste na atividade  Conjunto de agentes, órgãos e entidades públicas que
estatal em defender concretamente o interesse público. exercem a função administrativa.
 administração pública com letras minúsculas.  Não somente do Executivo.
 Administração Pública com Letras maiúsculas.
Amplo Estrito Amplo Estrito
Função de governo Órgãos governamentais
+ Função administrativa + Órgãos administrativos
Função administrativa Órgãos administrativos

Administração Pública introversa Administração Pública extroversa


Poder introverso Poder extroverso
Relações existentes entre o Relações existentes entre o
Poder Público e seus agentes. Poder Público e particulares.

Entes federativos / Entidades


Órgãos
Entidades políticas administrativas
 Possuem personalidade jurídica.  Possuem personalidade jurídica.  Desprovido de personalidade
 União.  Autarquias. jurídica.
 Estados.  Fundações instituídas pelo Poder  Quem responde é o ente ou entidade
 Distrito Federal. Público. que criou o órgão.
 Municípios.  Sociedades de economia mista.  Exemplos: Atos da Presidência da
 Empresas públicas. República quem responde é a União.
 Subsidiárias das empresas públicas.  Veremos com maiores detalhes na
 Consórcios públicos. parte de organização administrativa.

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PODERES DO ESTADO

O Estado é composto de Poderes, segmentos estruturais em que se divide o poder geral e abstrato
decorrente de sua soberania.

A República Federativa do Brasil adota a teoria da tripartição de funções do Estado, sistematizada


por Montesquieu, possuindo três poderes independentes e harmônicos entre si, a saber: o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário.

O poder do Estado se divide por estruturas orgânicas especializadas, que desempenham com
preponderância a sua função típica, mantendo a harmonia e o equilíbrio do sistema. Segundo o
delineamento constitucional, os poderes do Estado são independentes e harmônicos entre si e suas
funções são reciprocamente indelegáveis.

A tripartição dos Poderes do Estado não gera absoluta divisão de poderes, mas sim distribuição de
três funções estatais precípuas, uma vez que o poder estatal é uno e indivisível.

O poder político de um Estado é composto pelas funções legislativa, executiva e judicial e tem por
características essenciais a unicidade, a indivisibilidade e a indelegabilidade.

Cada poder tem sua função típica e atípica. Não exercem tais funções com exclusividade, portanto.

EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO


Função típica: Função típica: Função típica:

Função política Função normativa Julgar com definitividade.


+ (legislar) (jurisdição)
Função administrativa
Legislar Interpretar as leis e julgar os casos de
Administração do Estado, observando
(ou seja, criar e aprovar as leis) acordo com as regras constitucionais e
as normas vigentes no país, além de
e fiscalizar o Executivo leis criadas pelo Legislativo, aplicando
governar o povo, executar as leis,
(função de controle político- a lei a um caso concreto, que lhe é
propor planos de ação, e administrar os
administrativo e o financeiro- apresentado como resultado de um
interesses públicos.
orçamentário). conflito de interesses.
Função atípica de legislar: Função atípica administrativa: Função atípica administrativa:
Decretos autônomos. Organização de pessoal, licitação... Organização de pessoal, licitação...

Função atípica jurisdicional: Função atípica jurisdicional: Função atípica legislativa:


não exerce. julgar Presidente da República nos Elaborar regimentos internos.
crimes de responsabilidade.

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SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS

É uma forma de controle de um Poder sobre o outro. São limitações ao Poder estabelecidos pela
própria CF.

Existem diversas formas pelas quais o controle é efetivado no âmbito da administração pública. Uma
delas é o sistema de freios e contrapesos representado pela divisão e independência dos Poderes e pelos
diferentes níveis de governo da Federação.

O sistema checks and balances, criado por ingleses e norte-americanos, consiste no método de freios
e contrapesos adotado no Brasil. Nesse sistema, todos os poderes do Estado desempenham funções e
praticam atos que, a rigor, seriam de outro poder, de modo que um poder limita o outro.

SISTEMA DE
FREIOS E CONTRAPESOS
(Leia-se: Exemplos de freio e contrapeso que o Executivo exercer osobre o Legislativo e o Judiciário).

EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO

LEGISLATIVO JUDICIÁRIO EXECUTIVO JUDICIÁRIO EXECUTIVO LEGISLATIVO

Chefe do Poder Ministros Compete Ministros Judiciário poderá Poder Judiciário


Executivo pode do STF privativamente do STF declarar a pode rever atos de
sancionar ou (Judiciário) ao SF processar (Judiciário) inconstitueionalidade determinada CPI
vetar projetos serão e julgar o PR e o serão de lei (Legislativo) que
de lei aprovados nomeados pelo Vice nos crimes nomeados pelo (Legislativo) extrapolem o
pelo Parlamento Presidente da de Presidente da ou ato normativo do postulado d a reserva
(Legislativo); República responsabilidade; República Poder Público constitucional de
(Executivo), (Executivo), (inclusive, como jurisdição,
Presidente da depois de Competência depois de exemplo, de quando, por
República aprovada a exclusiva do CN aprovada a decretos autônomos exemplo, o seu
(Executivo) escolha pela em julgar escolha pela elaborados pelo presidente expede
poderá solicitar maioria anualmente as maioria Executivo); um mandado de
urgência absoluta do contas prestadas absoluta do busca e apreensão
para o Senado Federal pelo PR e Senado Federal em total violação ao
Parlamento (Legislativo). apreciar os (Legislativo). art. 5.°, XI;
(Legislativo) relatórios sobre a
apreciar os execução dos
projetos de sua planos de Compete ao STF
iniciativa. governo. (Judiciário) declarar
a
Competência inconstitucionalidade
exclusiva do CN de lei ou ato
em sustar os normativo federal ou
atos normativos estadual
do Poder (Legislativo).
Executivo que
exorbitem do
poder
regulamentar.

As comissões
parlamentares de
inquérito são
conseqüência do
sistema de freios
e contrapesos
adotado pela
Constituição
Federal.

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FUNÇÃO EXECUTIVA DO ESTADO

A função executiva, por meio da qual o Estado realiza atos concretos voltados para a realização dos
fins estatais e da satisfação das necessidades coletivas, compreende:

FUNÇÃO FUNÇÃO
ADMINISTRATIVA DE GOVERNO
 É a atividade concreta do Estado dirigida a satisfazer as  Atividade de ordem superior referida à direção suprema e
necessidades coletivas em forma direta e imediata geral do Estado em seu conjunto e em sua unidade,
(D’Alssio). dirigida a determinar os fins da ação do Estado, a
 Compreende: intervenção, fomento, polícia assinalar as diretrizes para as outras funções, buscando a
administrativa e serviço público. unidade da soberania estatal” (Renato Alessi).
 É objeto do direito administrativo.  Estão mais próximas ao objeto do direito constitucional.
 Voltada para a tarefa de executar as diretrizes traçadas  Um de seus objetivos estabelecer diretrizes políticas.
pela função de governo.

Um conceito válido para a função administrativa é o que a define como a função que o Estado, ou
aquele que lhe faça às vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que, no sistema
constitucional brasileiro, se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos
infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais vinculados, submissos ao controle de legalidade pelo
Poder Judiciário.

Não confunda:

ADMINISTRAÇÃO
EXECUTIVO
PÚBLICA
 Conjunto de órgãos que realizam a direção política do  Conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da
Estado dirigida a alcançar os fins estatais. função administrativa.
 São os órgãos políticos e agentes políticos.
 Abrange Presidente da República, Governadores,  Abrange Executivo e os demais poderes em suas funções
Prefeitos.... atípicas administrativas.

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

Dentro da função administrativa estão compreendidas 4 atividades ou tarefas precípuas realizadas


pela Administração Pública:

Poder de Serviços Atividades de Atividades de


polícia públicos fomento intervenção
Atividade material prestada
pelo Estado (diretamente ou
Limitação e no
por delegação), com o
condicionamento, pelo Intervenção do Estado na
objetivo de satisfazer Incentivo de setores sociais
Estado, da liberdade e propriedade privada, no
concretamente às específicos, estimulando o
propriedade privadas em domínio econômico
necessidades coletivas, sob desenvolvimento da ordem
favor do interesse público. (regulação) e domínio
regime jurídico total ou social e econômica.
social.
parcialmente público.
Função negativa e
Função positiva.
limitadora.

Características essenciais da função administrativa:

 Parcial: o órgão que a exerce é parte nas relações jurídicas que decide, diferente do que ocorre na jurisdição.
 Concreta: aplica a lei aos casos concretos, faltando-lhe a característica de generalidade e abstração.
 Subordinada: está sujeita a controle jurisdicional
 Objetiva: está relacionada ao conceito de administração pública objetivo.

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SISTEMAS ADMINISTRATIVOS

Está relacionado ao controle judicial de legalidade dos atos da Administração Pública.

Sistema da jurisdição una Sistema do contencioso administrativo


(modelo inglês); (modelo francês).
 Todas as causas são julgadas pelo Judiciário.  Repartição da função jurisdicional.
 Reconhece-se a inafastabilidade do Poder Judiciário para  Poder judiciário: decide as causas comuns.
dirimir conflitos.  Tribunais administrativos: decidem causas que envolvam
 Adotado no Brasil. interesse da Administração Pública.
 Art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”.

Apesar de o o sistema de jurisdição una ser adotado, existem determinados casos em que o
ordenamento jurídico exige que o administrado recorra à esfera administrativa primeiro antes de ir pra
judicial, o que a doutrina chama de contencioso administrativo atenuado, esgotamento da via administrativa
ou utilização primária da via administrativa.

O esgotamento da via administrativa como possibilidade de recorrer ao Judiciário ocorre por uma
questão lógica relacionada a própria instituição de um órgão e seu poder de autotutela, ou seja, poder
conferido aos órgãos públicos de revisar ou anular seus próprios atos. Se o próprio órgão pode modificar
suas decisões, não é razoável exacerbar o Poder Judiciário com inúmeros conflitos que podem ser resolvidos
entre a Administração Pública e o particular.

São casos em que se exige a utilização primária da via administrativa ou o esgotamento da via
administrativa:

 Justiça desportiva;
 Ato administrativo que contrarie Súmula Vinculante;
 Requerimento prévio à Administração antes do ajuizamento do habeas data;
 Requerimento prévio ao INSS para pedidos previdenciários.

Justiça Súmula Habeas Ações


Desportiva Vinculante data previdenciárias
CF/88 Lei 11.417/2006 Lei 9.507/1997 RE 631.240 (03.09.2014),
Art. 217. Art. 8º. o Supremo Tribunal
Art. 7º Da decisão judicial ou Federal (STF) decidiu, em
§ 1º - O Poder Judiciário do ato administrativo que Parágrafo único. A petição inicial sede de repercussão geral
só admitirá ações contrariar enunciado de deverá ser instruída com prova: (portanto, com caráter
relativas à disciplina e às súmula vinculante, negar-lhe vinculante), que é preciso
competições desportivas vigência ou aplicá-lo I - da recusa ao acesso às requerer previamente na
após esgotarem-se as indevidamente caberá informações ou do decurso de mais via administrativa os
instâncias da justiça reclamação ao Supremo de 10 dias sem decisão; benefícios
desportiva, regulada em Tribunal Federal, sem previdenciários, como
lei. prejuízo dos recursos ou II - da recusa em fazer-se a condição para poder
outros meios admissíveis de retificação ou do decurso de mais questioná-los na Justiça.
impugnação. de 15 dias, sem decisão; ou (...)

A mora injustificada do órgão também pode ser considerada como motivo para ingressar no
Judiciário. Não precisa da recusa propriamente dita.

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MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração Pública Administração Pública Administração Pública


Patrimonialista Burocrática Gerencial
 Apoia-se na noção geral de interesse  Apoia-se na noção específica de
 Apoia-se no interesse privado
público interesse público.
Época: Durante a era do Época: Na era Vargas, mas surgiu com o Época: Fase mais recente que está sendo
Império. Estado Liberal. implementada.

Foco: interesse pessoal do Foco: Foco:


governante.  Controle voltado para os meios  Controle voltado para os
(processo). resultados, isto é, a posteriori.
 A preocupação era tornar a AP  Conquistada a impessoalidade,
impessoal. passa-se a se preocupar com o
controle dos resultados.
 Processos rígidos.  Processos flexíveis.

Base: Hierarquia, forma e processo. Base: Colaboração, eficiência e parceria.

Orientação: própria Administração Orientação: para o cidadão.


(autorreferente).
 Tinha tudo quanto é tipo de  Características: Características:
ismo: nepotismo,  Profissionalismo;  Accountability (prestação de
clientelismo, corruptismo,  Impessoalidade; contas dos governantes);
enfim, todo tipo de  Formalismo.  Transparência;
favoritismos.  Participação popular / controle
social;
 Criação de regimes temporários de
emprego;
 Procura comparar o cliente da
administração empresarial com o
usuário do serviço público.
 Confusão entre patrimônio  Distinção de patrimônio.  Distinção de patrimônio.
publico e patrimônio do
governante.

 Ausência de eficiência e  Não havia eficiência positivada na CF,  A EC 19/98 positivou o o princípio da
planejalmento. mas não se pode dizer que a AP eficiência.
burocrática era totalmente ineficiente.  Na AP burocrática inova buscando
Era de certa forma ineficiente porque eficiência, eficácia e efetividade.
não se preocupava com o fim, que é o  Eficiência reforça a ideia de melhor
cidadão. rendimento das atividades estatais.
 Base no sistema racional-legal,  EC Nº 19/98, realizou-se a chamada
preocupada com a moralidade e com a reforma administrativa, que buscava,
legalidade. segundo anunciado pelo governo da
-
 Combate aos “ismos” da época, substituir o modelo burocrático
Patrimonialista. de administração pública pelo modelo
gerencial.
Críticas: Excesso de formalismo; Perda
- da noção básica de servir à sociedade; -
ineficiência já que é autorrreferente.

Mudanças promovidas pela EC 19/1998:


 Inclusão do princípio da eficiência na Constituição;
 Previsão de uma Lei que trate da participação do usuário na administração pública;
 Maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira através do uso de contratos de gestão (acordo
programa), visando maior foco em resultados;
 Parceria público-privada.
 Fim do regime jurídico único dos servidores civis (mas foi derrubado pelo STF, voltando, portanto,
o regime jurídico único.Criação de novas possibilidades de perda do cargo público pelo servidor:
Por meio de avaliação periódica de desempenho; Exoneração dos servidores públicos em virtude de
excesso de gastos de pessoal a serem definidos em Lei Complementar.

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