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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
AVALIAÇÃO EM PROCESSO
DA APRENDIZAGEM EM PROCESSO
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Língua
Língua Portuguesa
Portuguesa
1ª série do Ensino Médio Turma ___________________
1ª série do Ensino Médio Turma _________________________
3º Bimestre de 2018 Data ______ /______ /______
3º Bimestre de 2018 Data _______ / _______ / _______
Escola ________________________________________________
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Aluno ________________________________________________
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Por Um Pé de Feijão
Antônio Torres
Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom. Pode até haver anos melhores, mas
jamais será a mesma coisa. Parecia que a terra (nossa terra, feinha, cheia de altos e
baixos, esconsos1, areia, pedregulho e massapé2) estava explodindo em beleza. E nós
todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos o dia trabalhando e
cantando e logo depois do pôr do sol desmaiávamos em qualquer canto e adormecíamos
contentes da vida.
Até me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo.
Agora dava gosto trabalhar.
E assim foi até a hora de arrancar o feijão e empilhá-lo numa seva3 tão grande que nós,
os meninos, pensávamos que ia tocar nas nuvens. Nossos braços seriam bastantes
para bater todo aquele feijão? Papai disse que só íamos ter trabalho daí a uma semana
e aí é que ia ser o grande pagode4. Era quando a gente ia bater o feijão e iria medi-lo,
para saber o resultado exato de toda aquela bonança. Não faltou quem fizesse suas
apostas: uns diziam que ia dar trinta sacos, outros achavam que era cinquenta, outros
falavam em oitenta.
No dia seguinte voltei para a escola. Pelo caminho também fazia os meus cálculos.
Para mim, todos estavam enganados. Ia ser cem sacos. Daí para mais. Era só o que eu
pensava, enquanto explicava à professora por que havia faltado tanto tempo. Ela disse
que assim eu ia perder o ano e eu lhe disse que foi assim que ganhei um ano. E quando
deu meio-dia e a professora disse que podíamos ir, saí correndo. Corri até ficar com as
tripas saindo pela boca, a língua parecendo que ia se arrastar pelo chão. Para quem
vem da rua, há uma ladeira muito comprida e só no fim começa a cerca que separa o
1 esconso. Característica do que é inclinado, ou escorregadio. Aulete digital. Disponível em: <http://
www.aulete.com.br/esconso>. Acesso em: 25 maio 2018.
2 massapé. substantivo masculino. [Geologia] Terra preta argilosa, muito fértil Dicionário Pribe-
ram da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/
massap%C3%A9>. Acesso em: 25 maio 2018.
3 seva. substantivo feminino. Ação ou efeito de sevar, de ralar a mandioca para fazer farinha. Dicioná-
rio Online da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/seva/>. Acesso em: 25
maio 2018.
4 Pagode: Pavilhão de construção típica, onde alguns povos do Oriente rendem culto a seus deuses.
Disponível em: https://www.dicio.com.br/pagode/. Acesso em: 25 maio 2018.
Durante uma eternidade, só se falou nisso: que Deus põe e o diabo dispõe.
– Quem será que foi o desgraçado que fez uma coisa dessas? Que infeliz pode ter sido?
À tardinha os meninos saíram para o terreiro e ficaram por ali mesmo, jogados, como uns
pintos molhados. A voz da minha mãe continuava balançando as telhas do avarandado.
Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso nos atormentava um
bocado.
Fui o primeiro a ter coragem de ir até lá. Como a gente podia ver lá de cima, da porta
da casa, não havia sobrado nada. Um vento leve soprava as cinzas e era tudo. Quando
voltei, papai estava falando.
– Ainda temos um feijãozinho de corda no quintal das bananeiras, não temos? Ainda
temos o quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o milho para quebrar, despalhar,
bater e encher o paiol, não temos? Como se diz, Deus tira os anéis, mas deixa os dedos.
E disse mais:
– Agora não se pensa mais nisso, não se fala mais nisso. Acabou.
TORRES, Antônio. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, Editora Objetiva – Rio de Janeiro,
2000, pág. 586. Disponível em:<http://contobrasileiro.com.br/por-um-pe-de-feijao-conto-de-antonio-tor-
res/>. Acesso em: 12 maio 2018. (adaptado)5
5 Publicado originalmente em Meninos, Eu Conto, Editora Record – Rio/São Paulo, 1999, o texto
acima foi selecionado por Ítalo Moriconi e consta do livro Os Cem Melhores Contos Brasileiros do
Século, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 586.
Questão 02
(A) a crença de que o ditado popular “Deus põe e o diabo dispõe” está claramente
comprovada no conto.
(B) a mensagem de que nem sempre se pode contar com os vizinhos para
recuperar a plantação de feijão.
(C) a dúvida sobre um futuro promissor cultivando bananeiras, milho e feijãozinho
de corda no quintal.
(D) a ideia de que se deve acreditar na capacidade de persistência e de
reconstrução do homem.
(E) A certeza de que o ócio contribui para trazer prosperidade, riquezas e
felicidades.
Questão 04
(A) “Para quem vem da rua, há uma ladeira muito comprida e só no fim começa
a cerca que separa o nosso pasto da estrada.”
(B) “Toda a plantação parecia nos compreender, parecia compartilhar de um
destino comum, uma festa comum, feito gente.”
(C) “E nós todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos
o dia trabalhando e cantando [...]”.
(D) “Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso nos
atormentava um bocado.”
(E) “Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta, subindo do chão para o
céu [...]”.
Texto I
POEMA DOS OLHOS DA AMADA
Rio de Janeiro, 1959.
Vinicius de Moraes
Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.
MORAES, Vinicius de. Novos poemas II. Rio de Janeiro, São José: Edições Euterpe LTDA., 1959.
Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/poesia/livros/novos-poemas>. Acesso em: 04 jun.
2018. (adaptado)
Questão 05
Os dois textos têm como inspiração a temática amorosa. Entretanto, nota-se que
No poema (Texto I), Vinícius de Moraes fez uso de uma figura de linguagem
denominada metáfora em:
SÃO PAULO. A competição entre seres humanos e robôs por empregos qualificados e bem
remunerados já começou e deverá se acirrar no futuro. Como as máquinas serão mais
produtivas em todas as profissões, a renda do trabalho deverá crescer muito lentamente
e corre o risco até de encolher. O prognóstico é feito pelo economista Richard Freeman,
da Universidade Harvard, que pesquisa os efeitos do avanço da inteligência artificial sobre
economia, educação e mercado de trabalho.
[...]
Mas, por outro lado, há muito pouca pesquisa sobre qual é o impacto das máquinas
sobre o trabalho, não? Uma das poucas, de (Daron) Acemoglu e (Pascual) Restrepo,
mostra um efeito não tão grande.
Sim, muitos países hoje estão com pleno emprego. Mas a renda está crescendo cada vez
mais devagar. O sinal desse efeito das máquinas não será no emprego, mas nos salários:
não vamos mais conseguir o tipo de emprego que paga bem. A forma como fazemos as
coisas está mudando e não há como impedir isso.
[...]
[...]
Afinal, já lhe não bastava sortir o seu estabelecimento nos armazéns fornecedores,
começou a receber alguns gêneros diretamente da Europa: o vinho, por exemplo, que
ele dantes comprava aos quintos nas casas de atacado, vinha-lhe agora de Portugal às
pipas, e de cada uma fazia três com água e cachaça; despachava faturas de barris de
manteiga, de caixas de conservas, caixões de fósforos, azeite, queijos, louça e muitas
outras mercadorias.
[...]
E toda a gentalha daquelas redondezas ia cair lá, ou então ali ao lado, na casa
do pasto, onde os operários das fábricas e os trabalhadores da pedreira se reuniam
depois do serviço, e ficavam bebendo e conversando até às dez horas da noite, entre
o espesso fumo dos cachimbos, do peixe frito em azeite e dos lampiões de querosene.
Era João Romão quem lhes fornecia tudo, tudo, até dinheiro adiantado, quando
algum precisava. Por ali não se encontrava jornaleiro, cujo ordenado não fosse inteirinho
parar às mãos do velhaco. E sobre este cobre, quase sempre emprestado aos tostões,
cobrava juros de oito por cento ao mês, um pouco mais do que levava aos que garantiam
a dívida com penhores de ouro ou prata.
Questão 08
O trecho, aqui reproduzido, apresenta uma das figuras centrais, João Romão,
cujo caráter se revela e que , sendo um personagem marcante, nos é apresentado
como um tipo humano
Texto I
Disponível em:<http://www.capital.sp.gov.br/noticia/servico-espetaculo-201cgalileu-galilei201d-entra-em-cartaz-no-teatro-joao-caetano>.
Acesso em: 07 jun. 2018.
6 contrarregragem – Função exercida pelo contrarregra. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.
Disponível em:<http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=contrarregragem> Acesso em: 07 jun. 2018.
contrarregra – Técnico cujo trabalho consiste em acompanhar o desenvolvimento de um espetáculo teatral, show, filmagem
ou programa de televisão, cabendo-lhe cuidar das peças móveis do cenário e demais elementos cênicos, das entradas
e saídas dos atores, da supervisão do trabalho da equipe técnica, da aplicação dos efeitos sonoros complementares etc.
Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=
0&palavra=contrarregra>. Acesso em: 07 jun. 2018.
Questão 09
Numa tarde do mês de março, entrava no Hotel Ravot um velho mineiro que, nesse
mesmo dia chegara de Mar de Espanha7. Trazia um camarada consigo e alojou-se num
dos apartamentos do hotel, tendo o cuidado de restaurar as forças com um excelente
jantar.
O velho representava ter cinquenta anos, e eu peço perdão aos homens que têm
essa idade, sem, todavia, estarem velhos. O viajante de quem se trata, posto viesse de um
clima conservador, estava alquebrado. Via-se pela cara que não era homem inteligente,
mas tinha nos traços severos do rosto os sinais positivos de uma grande vontade. Era alto,
um pouco magro, tinha os cabelos todos brancos. No entanto, era alegre, e desde que
chegara à corte divertia-se muito com os espantos do criado que pela primeira vez saía da
sua província para vir ao Rio de Janeiro.
Quando acabaram de jantar, amo e criado entraram a conversar amigavelmente e
com aquela boa franqueza mineira tão apreciada pelos que conhecem a província. Depois
de rememorarem os incidentes da viagem, depois de comentarem o pouco que o criado
conhecia do Rio de janeiro, entraram ambos no principal assunto que trouxera o amo ao
Rio de Janeiro:
- Amanhã, José, disse o amo, precisamos ver se descobrimos meu sobrinho. Não vou
daqui sem levá-lo comigo. [...]
ASSIS, Machado de. Nem uma, nem outra. Contos fluminenses. São Paulo: Clube do livro, 1960. p. 85.
(adaptado)
Questão 11
(A) “[...] eu peço perdão aos homens que têm essa idade, sem todavia estarem velhos.”
(B) “O viajante de quem se trata, posto viesse de um clima conservador, estava
alquebrado.”
(C) “[...] divertia-se muito com os espantos do criado que pela primeira vez saía da sua
província para vir ao Rio de Janeiro.”
(D) “Numa tarde do mês de março, entrava no Hotel Ravot um velho mineiro que,
nesse mesmo dia chegara de Mar de Espanha.”
(E) “Trazia um camarada consigo e alojou-se num dos apartamentos do hotel, tendo o
cuidado de restaurar as forças com um excelente jantar.”
7 Mar de Espanha, cidade município e comarca do Estado de Minas Gerais, na zona cafeeira da mata,
e servida pela Estrada de ferro Leopoldina. (Nota do “Clube do Livro”).
XLI
Cantem outros a clara cor virente8
Do bosque em flor e a luz do dia eterno…
Envoltos nos clarões fulvos9 do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. p. 351.
Questão 12
(A) metáfora.
(B) aliteração.
(C) assonância.
(D) metonímia.
(E) sinestesia.
8 virente: Verde, viçoso, que verdeja. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://www.
priberam.pt/dlpo/virente>. Acesso em: 02 jul. 2018.
9 fulvo: Ruivo, de cor meio avermelhada; amarelo-tostado, louro-dourado. Dicionário Online da Língua
Portuguesa. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/fulvo/>. Acesso em: 02 jul. 2018.
10 imoto: Que não se consegue mover; desprovido de movimento; imóvel. Dicionário Online da Língua Portuguesa.
Disponível em:<https://www.dicio.com.br/imoto/>. Acesso em: 02 jul. 2018.
11 clemente: que tem clemência; indulgente, bondoso, benigno. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/clemente>. Acesso em: 02 jul. 2018.
12 Decantar: Exaltar, engrandecer, celebrar. Dicionário Online da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://
www.dicio.com.br/decantar/. Acesso em: 02 jul. 2018.